Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
• • Introdução Processo inflamatório do pâncreas. Classificação Pancreatite aguda (leve, moderada, grave) Pancreatite crônica: calcificante (associada ao alcoolismo crônico), hereditária, tropical, idiopática; obstrutiva (pancreas divisum, tumor pancreático). Pancreatite Aguda Processo inflamatório com sinais e sintomas relacionados com a ativação intrapancreática de enzimas. Os principais dados histopatológicos são edema intersticial, hemorragia, necrose celular e gordurosa. O infiltrado inflamatório habitualmente é de pequena intensidade (Figuras 285.1 e 285.2). Figura 285.1 Pancreatite aguda. Observamse focos de necrose do parênquima e infiltrado inflamatório de polimorfonucleares. (Cortesia de Brasileiro Filho, 2011.) • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Figura 285.2 Pancreatite aguda. Observamse lesões multifocais difusas, de coloração esbranquiçada, padrão em pingo de vela, zona de necrose enzimática, isenta de células inflamatórias. Causas Sem causa aparente em alguns pacientes Colelitíase/coledocolitíase (mais frequente no sexo feminino) Alcoolismo Hipertrigliceridemia Hipercalcemia metabólica Traumatismo Cirurgia (particularmente do estômago e do trato biliar) Infecções virais (parotidite) Lúpus eritematoso sistêmico (LES) Colangiopancreatografia retrógrada Medicamentos (azatioprina, sulfassalazina, furosemida, ácido valproico). As doenças do trato biliar e o alcoolismo respondem por cerca de 80% das internações hospitalares por pancreatite aguda. Manifestações clínicas Dor epigástrica intensa de início súbito; pode irradiar para a região dorsal Náuseas e vômitos Sudorese Distensão abdominal Febre Hipotensão postural Icterícia Movimentos peristálticos diminuídos ou ausentes Derrame pleural Taquicardia Sinal de Grey Turner e de Cullen (indicam extravasamento de exsudato hemorrágico para os flancos ou região umbilical, respectivamente). Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Exames complementares Amilase e lipase sérica: elevadas Alaninaaminotransferase (AST) e/ou aspartatoaminotransferase (ALT): elevadas – quando a pancreatite está associada a hepatite alcoólica ou coledocolitíase Fosfatase alcalina elevada: quando associada a hepatite alcoólica ou coledocolitíase Hiperbilirrubinemia: quando associada a hepatopatia alcoólica ou coledocolitíase Glicemia aumentada: nos casos graves Tripsina aumentada Cálcio diminuído: nos casos graves Hemograma: o achado relevante é 10.000 a 25.000 leucócitos/μℓ. Exames de imagem Radiografia simples do abdome: pode revelar cálculos nos ductos pancreáticos Radiografia do tórax: pode revelar atelectasia ou derrame pleural Ultrassonografia abdominal: evidência de cálculos biliares, dilatação do colédoco, edema do pâncreas TC do abdome: permite visualizar o pâncreas RM de pâncreas (ver Figura 285.3) Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE): em casos selecionados. Diagnóstico diferencial Úlcera péptica penetrante ou perfurada Colecistite aguda Coledocolitíase Infarto mesentérico Perfuração de víscera oca Diverticulite Oclusão intestinal Dissecção aórtica aguda. Figura 285.3 Pancreatite aguda. Ressonância magnética (RM) de abdome – exame de estagiamento de pancreatite aguda sendo caracterizada coleção anteriormente à transição cabeçacorpo (setas) e densificação da gordura ao redor sem áreas de necrose parenquimatosa. Comprovação diagnóstica Dados clínicos + exames laboratoriais + exames de imagem. Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • ■ ■ ■ • Complicações Pseudocisto pancreático: a elevação persistente da amilase sugere possibilidade de pseudocisto Choque Derrame pleural Insuficiência renal aguda Insuficiência respiratória Pseudocisto pancreático Abscesso pancreático. Tratamento Alívio da dor (ver Capítulo 15, Dor) Hospitalizar o paciente (a menos que se trate de pancreatite leve com possibilidade de manter alimentação oral) Dieta zero: recomeçar a alimentação somente depois que a dor, a sensibilidade abdominal e a obstrução tiverem sido solucionadas (pequenas quantidades de alimentos hipolipídicos, hipoproteicos e com elevado teor de carboidratos) Sonda nasogástrica (no caso de vômitos intensos e distensão abdominal) Manutenção do equilíbrio hidreletrolítico (ver Capítulo 332, Desidratação, e Capítulo 337, Distúrbios Hidreletrolíticos). Monitoramento dos níveis de cálcio Avaliação da função renal e função pulmonar Oxigênio umidificado através de máscara ou cateter nasal Havendo hipotensão arterial, oligúria, hemoconcentração, o paciente deve ser internado em UTI Não ingerir bebidas alcoólicas. Tratamento medicamentoso Bloqueadores H2: cimetidina ou ranitidina (ver Capítulo 259, Úlcera Péptica) Gliconato de cálcio, a 10%, IV, 10 a 20 mℓ em 1 ℓ de soro fisiológico glicosado (se houver hipocalcemia) Sulfato de magnésio a 50%, IV, 2 mℓ (se houver hipomagnesemia) Antibioticoterapia profilática (imipiném). Tratamento cirúrgico Cirurgia ou procedimentos especiais em casos selecionados. Nos casos de pancreatite aguda após traumatismo Drenagem de pseudocisto pancreático pode ser necessária. Evolução e prognóstico De 85 a 90% dos pacientes melhoram com medidas gerais. Taxa de mortalidade de 3 a 5% Fatores indicativos de mau prognóstico (sinais prognósticos de Ranson): Na internação: idade > 55 anos; leucograma > 16.000/mm3; glicemia > 200 mg/dℓ; LDH sérico > 350 UI/ℓ; (AST) TGO sérica > 250 U Dentro de 48 h: diminuição do hematócrito > 10%; cálcio sérico < 8 mg/dℓ; aumento da ureia > 5 mg/dℓ; PO2 arterial < 60 mmHg; déficit de base > 4 mEq/ℓ; retenção de líquido > 6 ℓ A mortalidade aumenta com o número de sinais positivos (se menos de 3, taxa de mortalidade < 5%; se 3 ou 4 sinais forem positivos, 15 a 20% da mortalidade) Taxa de mortalidade de 10 a 50% nos casos de pancreatite com necrose e hemorragia (comprovado por TC). Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User • • • • • • • Pancreatite Crônica Processo inflamatório crônico, podendo haver episódios de reagudização que levam à progressiva deterioração funcional do pâncreas, resultando em deficiência exócrina e endócrina. O padrão histopatológico confirma a cronicidade da condição (Figuras 285.4 e 285.5). Os principais achados histopatológicos são alterações degenerativas, fibrose e calcificações. As alterações histológicas na pancreatite crônica são irreversíveis e tendem a progredir com perdaprogressiva da função pancreática. A pancreatite crônica calcificante associada ao alcoolismo predomina no sexo masculino, na faixa etária dos 35 a 45 anos. A pancreatite crônica calcificante hereditária é mais frequente no sexo feminino, dos 18 aos 23 anos. Causas Alcoolismo (90% dos casos) Microlitíase Obstrução do ducto pancreático principal (estenose, cálculo, neoplasia) Sem causa aparente em alguns pacientes. Manifestações clínicas Nos períodos de reagudização ocorrem manifestações clínicas semelhantes às da pancreatite aguda Dor epigástrica costuma ser menos intensa e mais prolongada Esteatorreia. Figura 285.4 Pancreatite crônica com infiltrado inflamatório, atrofia e fibrose. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Figura 285.5 Pancreatite crônica. Observamse ilhotas de Langerhans remanescentes e hiperplásicas em meio a fibrose. (Cortesia de Brasileiro Filho, 2011.) Exames complementares Intolerância à glicose Amilase e lipase: frequentemente normais Marcadores de inflamação (contagem leucocitária): pouco elevados Testes de função pancreática endócrina (glicemia) Teste de função pancreática exócrina (casos selecionados) Radiografia simples do abdome: calcificações pancreáticas Ultrassonografia e/ou TC do abdome: alterações da forma do pâncreas; formação de pseudocisto; calcificações Colangiopancreatografia retrógrada (CPRE): deformidade do ducto pancreático, cálculo retido no ducto biliar comum, cálculos e estenose do ducto pancreático. Diagnóstico diferencial Câncer pancreático Síndrome de má absorção de outras causas Obstrução biliar. Comprovação diagnóstica Dados clínicos + exames laboratoriais + exames de imagem. Complicações Pseudocisto Abscesso Obstrução biliar/duodenal Trombose da veia porta/esplênica Diabetes. Tratamento Nos episódios de reagudização, tratamento semelhante ao da pancreatite aguda Refeições de pequenas quantidades, com restrição de gordura Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User • • • • • • • • Supressão de bebidas alcoólicas Tratamento do diabetes. Tratamento medicamentoso Bloqueadores H2 ou inibidores da bomba de prótons (ver Capítulo 259, Úlcera Péptica) Suplementos de enzimas pancreáticas (Pancrelipase®) nos casos de má digestão. Tratamento cirúrgico Esfincterotomia endoscópica: retirada de cálculo ou calcificações melhora a evolução em casos graves. Prevenção Não consumir bebidas alcoólicas. Evolução Episódios recorrentes de “pancreatite aguda”, de resolução lenta Risco de câncer pancreático. Bibliografia Brasileiro Filho, G. Bogliolo patologia, 8a ed. Guanabara Koogan, 2011. Dani, R. Gastroenterologia essencial, 4a ed. Guanabara Koogan, 2011. Porto, J.D. Pâncreas. In: Porto, C.C.; Porto, A.L. Semiologia médica, 7a ed. Guanabara Koogan, 2014. Prado, F.C.; Ramos, J.; Valle, J.R. Atualização terapêutica, 20a ed. Artes Médicas, 2001. Parte 17 - Doenças do Pâncreas Capítulo 285
Compartilhar