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SAI III – Otorrinolaringologia Aula 2 Cecilia Antonieta 82 A 1 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA BASES ANATOMOFISIOLÓGICAS DA AUDIÇÃO APARELHO ESTATO-ACÚSTICO cápsula ótica envolvida em um só conjunto com função auditiva e de equilíbrio. AUDITIVA orelha externa, média e orelha interna (cóclea). Cóclea parte ativa da audição, onde o estímulo mecânico é realmente transformado em sensorial. Recebe o som e gera potenciais elétricos, que serão transmitidos via nervo coclear até o tronco cerebral, onde está o núcleo auditivo. Qualquer alteração na parte auditiva, até a malformação do pavilhão auditivo externo, altera a audição. ESTÁTICA vestíbulo, sáculo, utrículo e canais semicirculares dentro da orelha interna – responsáveis pelo equilíbrio. ORELHA EXTERNA PAVILHÃO AURICULAR formato de concha para captar melhor o som. MEATO ACÚSTICO EXTERNO estreitamente para que haja maior foco sonoro e aumente a intensidade do som. O som é captado através das conchas e aumenta sua ressonância dentro do conduto audito externo, alcançando até 20 decibéis. ORELHA MÉDIA Amplificação sonora. MEMBRANA TIMPÂNICA vibra e passa o som. OSSÍCULOS martelo, bigorna e estribo. A base do estribo vibra na janela oval. ORELHA INTERNA Vibração da janela oval gera movimentação na perilinfa e na endolinfa, o que faz com que as células ciliadas do órgão de Corti toquem a membrana tectórica, levando à desfibrilação e modificação da onda sonora em onda elétrica (potencial elétrico) que será enviado ao cérebro pelo nervo coclear. CÓCLEA atua de maneira frequência específica. A orelha humana é capaz de perceber ondas de 16-20.000 Hz. Base estimulada por frequências agudas (2.000-20.000 Hz). Parte média estimulada por frequências médias (512-2.000 Hz). Ápice estimulada por frequências graves (16- 512 Hz). O estímulo elétrico chega à cóclea e movimenta as células externas, que passam o estímulo para as internas e criam o potencial elétrico responsável pelo estímulo auditivo. ÓRGÃO DE CORTI estrutura formada por várias partes, imersas na endolinfa. A membrana tectórica e as células ciliadas externas são estruturas conectadas. A célula ciliada externa se contrai e aproxima a membrana tectorial das células ciliadas internas, que são as codificadoras e continuam ao nervo auditivo e ao núcleo auditivo, que fica no encéfalo. TIPOS DE DISACUSIAS DE TRANSMISSÃO/CONDUÇÃO Som não chega ao aparelho auditivo pois há prejuízo na condução sonora. Costuma apresentar ótimo prognóstico, visto que a função do aparelho auditivo está preservada. CAUSAS afecções da orelha externa e/ou média. Rolha de cerume, corpo estranho, otite externa difusa (processo inflamatório com edema) e localizada (furúnculo), perfuração timpânica, otite média aguda e secretora, otite média crônica. Na presença de corpo estranho ou edema (otite externa) haverá dificuldade na audição. Em casos de agenesia de pavilhão há déficit auditivo pela não captura de som. SAI III – Otorrinolaringologia Aula 2 Cecilia Antonieta 82 A 2 NEUROSSENSORIAIS Problema/lesão na cóclea (órgão de Corti) ou no nervo coclear. Dificilmente há recuperação da audição, tendo um prognóstico ruim. CAUSAS COMUNS uso de antibióticos e ototóxicas (ami- noglicosídeos – gentamicina), doenças da cóclea, pres- biacusia (perda auditiva relacionada ao envelhecimen- to), PAIR (perda auditiva induzida por ruídos – trabalhos insalubres e barulhentos), infecções (meningite), doenças neurológicas e neurodegenerativas, tumores do tronco cerebral que atinjam o NC VII, trauma cranioencefálico. MISTAS Os dois mecanismos de disacusia (condução e neurossensorial) estão presentes. PRINCIPAIS CAUSAS OTITE MÉDIA CRÔNICA provoca perda condutiva pela ruptura da membrana timpânica e ao se cronificar, há uma liberação de substâncias ototóxicas, que compro- metem a cóclea, levando à perda sensorial. Ocorre principalmente quando há colesteatoma. OTOESCLEROSE/OTOESPONGIOSE doença congên- ita em que há uma calcificação da base do estribo, acomete principalmente mulheres por volta dos 20 anos. Além da perda auditiva, a paciente pode apresentar zumbidos e tonturas. ANAMNESE OTALGIA HIPOACUSIA caracterizar se a perda de audição é aguda ou crônica, progressiva ou estável. Se for uma perda abrupta, questionar se houve manipulação ou uso de cotonete, se houve quadro infeccioso/viral recente, qual a ocupação do paciente (se há muito barulho). OTORREIAS secreção pela orelha média após uma perfuração da membrana timpânica. Nesse caso, obviamente há perda da audição porque a membrana está comprometida. ZUMBIDO OU TINNITUS provenientes de alterações auditivas ou não. Vários fatores determinam o aparecimento, inclusive a perda auditiva. TONTURA também é uma queixa que se pensa em avaliar a audição. EXAME FÍSICO Atentar-se para possíveis características sindrômicas. Indivíduos com Síndrome de Down apresentam estrutura do conduto mais curta que o normal, o que predispões a otites médias secretoras e otites externas. Eles têm perda auditiva de caráter mais condutivo. EXAME OTORRINOLARINGOLÓGICO OROSCOPIA atentar-se para hipertrofia de adenoide, que pode comprometer a aeração do ouvido. Na adenoidite a secreção pode ir para o ouvido e causar hipoacusia por otite secretora (faixa etária mais acometida entre 2-6 anos). RINOSCOPIA observar se o paciente possui hipertrofia de corneto e/ou desvio de septo, que causam dificuldade em respirar. Se ao assoar o nariz a secreção for para a orelha interna, pode atrapalhar a movimentação dos ossículos. A vibração diminui e consequentemente há hipoacusia temporária, enquanto houver secreção. A dificuldade de respiração nasal compromete a aeração auditiva e dificulta a passagem sonora. OTOSCOPIA membrana timpânica normal é sinal de que não há nada na orelha média que esteja atrapalhando a amplificação sonora e a vibração. Já se encontrada uma rolha de cerume ou um corpo estranho, pode ser esta a causa de hipoacusia – deve-se retirar e perguntar se o paciente está ouvindo normalmente. PESQUISA DO REFLEXO CÓCLEO-PALPEBRAL Contração do músculo orbicular do olho, que pode ser observada por meio da movimentação palpebral (piscada) após estímulo sonoro de alta intensidade e curta duração. Deve ser o primeiro a ser realizado – muito útil em bebês cuja mãe refere problema na audição. Idealmente, deve ser realizado com os olhos parados e músculos faciais relaxados, não devendo ser realizado quando a criança estiver chorando. Presente em indivíduos com audição normal ou com perdas auditivas leves e moderadas, e ausente em perdas auditivas severas e profundas. ACUMETRIA OU TESTE DO DIAPASÃO Realização de testes auditivos utilizando diapasões para avaliar principalmente a condução óssea da audição. SAI III – Otorrinolaringologia Aula 2 Cecilia Antonieta 82 A 3 Utiliza-se diapasões com frequência de 512-1024 Hz – faixa de som onde a fala humana está. Acumetria alterada em pacientes sem queixa não tem nenhum significado patológico. Um teste de Weber com lateralização para um dos lados pode ocorrer uma alteração temporária da tuba auditiva, como por exemplo em um paciente que mastigou/engoliu pouco no dia. CONDUÇÃO AÉREA o som passa pela membrana timpânica, vibra os ossículos até chegar à perilinfa. ÓSSEA vibração direta da perilinfa. Ao escutar sua própria voz gravada, percebe-se que ela é diferente da que é escutada normalmente ao falar. Isso ocorre, pois ao falar e escutar a voz ao mesmo tempo, ouve-se simultaneamente pela via aérea e pela via óssea. TESTE DE WEBER Toca-se o diapasão na linha média do paciente (glabela, centro superior do crânio, entre os olhos ou nos dentes incisivos). Há estimulação óssea e o som passa através desse meio para o aparelhoauditivo. RESULTADOS PERDA CONDUTIVA lateralização para orelha pior. Transmissão aérea está impedida, células ciliadas estão em repouso, quando há o estímulo por via óssea o som é melhor escutado. EXAME NORMAL indiferente. PERDA SENSORIAL lateralização para a orelha melhor. CAUSAS DE ERRO má informação do paciente, couro ca- beludo espesso, malformação craniana, doença unilate- ral dos seios paranasais (lateraliza para esse lado). TESTE DE SCHWBACH Compara a condução óssea do paciente com a do examinador. Na surdez condutiva começa-se colocando o diapasão na mastóide do examinador. PROLONGADO surdez condutiva. ENCURTADO surdez neurossensorial. TESTE DE RINNE Coloca-se o diapasão ao lado do mastoide e, em seguida, ao lado da orelha. O paciente responde se escuta melhor pela via aérea ou pela óssea. RESULTADOS NEGATIVO sensação maior por via óssea do que por aérea – perda condutiva. POSITIVO normal, escuta melhor pela via aérea do que pela óssea. POSITIVO PATOLÓGICO rebaixamento das duas vias – perda neurossensorial. EXAMES COMPLEMENTARES AUDIOMETRIA TONAL LIMINAR Realizado dentro de cabine acústica, e consiste na pes- quisa do limiar mínimo de audição que o paciente escuta, por via aérea (fones) e por via óssea (vibrador na mastoide) – nem sempre se faz a pesquisa da via óssea. Utiliza tons puros gerados eletronicamente pelo audiômetro (como apitos) e orienta-se o paciente a levantar a mão quando estiver escutando-os. Pesquisa-se no teste frequências (tonalidades – sons agudos e graves) de 250-8.000 kHz. Infrassons e ultrassons não pesquisados, pois eles praticamente não são utilizados por nós no dia-a-dia. A intensidade sonora, medida em decibéis (dB), diz respeito à amplitude das ondas sonoras que são enviadas ao paciente. SÍMBOLOS PADRONIZADOS – ORELHA DIREITA vermelho. Via aérea “O” e via óssea “<”. ESQUERDA azul. Via aérea “X” e via óssea “>”. O profissional que realiza o exame inicialmente coloca o som de 250 kHz em uma intensidade mais alta, vai abaixando a intensidade e o paciente levanta a mão quando não conseguir mais ouvi-lo. O processo se repete com todas as frequências e pode ser feito também ao contrário (inicia-se no silencia e vai aumentando a intensidade, até o paciente ser capaz de ouvi-lo, levantando a mão). LIMIAR AUDITIVO menor quantidade de energia sonora a qual o paciente é capaz de responder. O valor de 0 dB (zero audiométrico) é o limiar mínimo de audibilidade média normal. Pacientes hiperacúsicos ouvem mais (-5 e – 10 dB), comum em maestros. SAI III – Otorrinolaringologia Aula 2 Cecilia Antonieta 82 A 4 AUDIÇÃO ESTATISTICAMENTE NORMAL até cerca de 25 dB. SOCIALMENTE NORMAL até 40 dB. COMPROMETIMENTO SOCIAL DA AUDIÇÃO CONSIDERÁVEL limiares maiores que 40 dB. DIACUSSIAS DE TRANSMISSÃO/CONDUÇÃO MODERADA NEUROSSENSORIAL geralmente as perdas auditivas se dão dos sons agudos para os graves, pois as lesões costuma se iniciar pela base da cóclea. Curvas se sobrepõe. No caso de diacussia neurossensorial bilateral com perda dominante das frequências agudas, deve-se investigar Schwannoma, tumor do SNP originado nas células de Schwann que acomete frequentemente o NC VIII. MISTA perda dos dois tipos de condução, as curvas não se sobrepõe. AUDIOMETRIA/DISCRIMINAÇÃO VOCAL OU LOGOAUDIOMETRIA Fonoaudióloga fala palavras e o paciente dentro da cabine acústica as escuta e deve repeti-las. As palavras utilizadas são mono e dissilábicas, com equilíbrio fonético, seguindo um protocolo específico. LIMIAR DE RECEPÇÃO DE FALA (SRT) ÍNDICE DE RECONHECIMENTO DE FALA (IRF) LIMIAR DE DETECÇÃO DE FALA (DST) POSSÍVEIS RESULTADOS 100-80% o paciente compreende 8-9 palavras das 10 faladas – detecção da fala normal. 60-88% paciente compreende de 6-7 palavras faladas, sugerindo lesão coclear (na cóclea ou no início do nervo auditivo). < 60% se o paciente compreender 5 ou menos das palavras faladas, sugere-se lesão retrococlear, no SNC. A prótese auditiva sempre deve ser utilizada na orelha em que o paciente possui um SRT maior (consegue compreender melhor a fala), pois a capacidade de compreensão das palavras, uma habilidade essencial para a comunicação humana, é muito mais importante que a intensidade da perda auditiva em si. IMITANCIOMETRIA OU IMITÂNCIA ACÚSTICA Avalia a integridade da orelha média, detectando se há indícios de secreção na caixa timpânica, avaliando a mobilidade (vibração) do tímpano e dos ossículos e a função da tuba auditiva. Exame objetivo, não depende da interação do paciente. Para imitanciometria ser realizada, a membrana timpânica precisa estar íntegra, pois se estiver perfurada há escape de pressão. Emite-se um som em diferentes pressões (entre a pressão de -200 e de +200). O som é melhor captado conforme aproxima-se da pressão zero, pois nela há uma passagem tranquila das ondas sonoras. Em pressões muito altas ou muito baixas, diminui-se a percepção auditiva, pois o tímpano fica retraído e os ossículos paralisados. TIMPANOMETRIA avalia-se o sistema timpanossicular e a tuba auditiva (que altera o sistema se estiver obstruída). A sonda auditiva veda completamente a orelha do paciente. A sonda possui três componentes: tubo de ar que gera pressão dentro da orelha, gerador de som que emite ondas sonoras, que ao bater no tímpano e voltar são captadas pelo microfone. Na pressão muito negativa, a membrana timpânica encontra-se retraída, enquanto na pressão muito positiva ela está abaulada. Dessa forma, é possível avaliar a mobilidade da membrana e dos ossículos. Frequências muito baixas ou muito altas podem não ser pesquisadas, pois há a possibilidade do indivíduo de perceber o som conduzido pela via óssea do crânio na orelha oposta à avaliada. SAI III – Otorrinolaringologia Aula 2 Cecilia Antonieta 82 A 5 REFLEXOS TIMPÂNICOS OU ESTAPEDIANOS (RE) os reflexos do músculo estapédio ocorrem simultaneamente nas duas orelhas após um som alto - 70-90 dB acima da audibilidade mínima na orelha testada. No dia-a-dia, isso ocorre quando o indivíduo está em um ambiente calmo e ouve-se um som muito alto abruptamente. O músculo estapédio é acionado e contrai, segurando o estribo para impedir a passagem das ondas sonoras intensas, evitando lesões da cóclea (mecanismo de proteção). Mede-se então a mudança da complacência da membrana timpânica e a integridade das vias auditivas aferentes e eferentes. LIMIAR AUDITIVO o reflexo ocorre 70-90 dB acima do limiar auditivo (audibilidade mínima), basta subtrair esse valor da intensidade em que foi obtida o reflexo – assim, chega-se ao limiar. EMISSÃO OTOACÚSTICA (TESTE DA ORELHINHA) Objetivo, rápido, indolor e de fácil execução. Estuda a função coclear. Produção de estímulo sonoro e captação do seu retorno por meio de sonda introduzida no conduto auditivo externo. Avalia função das células ciliadas externas. A partir do momento em que o som é emitido pelo aparelho, ele passa pelo canal auditivo externo, vibra a membrana timpânica e a cadeia ossicular, estimulando a perilinfa e, consequentemente, a endolinfa. As células ciliadas externas se contraem e emitem um som, que é detectado pelo aparelho. Não avalia a função das células ciliadas internas, nervo auditivo e tronco cerebral. Pode-se dizer somente que a cóclea está íntegra, e não se pode afirmar com certeza que ela escuta. Idealmente feita nas primeiras 48h de vida, mas pode ser realizado até o 3º mês de vida. Quando o RN não passa no teste deve-se acompanhar de perto, pois a maturidade do SN ainda está se desenvolvendo ao nascimento e nos primeiros meses de vida, e o exame pode normalizar. Avaliação de 3-3 meses. FATORES DE RISCO PARA SURDEZ NA CRIANÇA indicam acompanhamento de perto do RN, mesmo que passe no teste daorelhinha. Pré e peri-natais Pós-natais História familiar de perda auditiva na infância Infecções bacterianas (meningite, pneumonia, otite média) Nascimento prematuro ou parto complicado Infecções virais (caxumba, sarampo) Infecções durante a gestação (toxoplasmose, rubéola, herpes, citomegalovírus) Traumatismo na região da cabeça Malformações de cabeça e pescoço Uso de medicamentos ototóxicos AUDIOMETRIA DO TRONCO CEREBRAL (BERA) Mistura técnicas do eletroencefalograma com um estímulo sonoro. Analisa todo o percurso do som, desde a cóclea até o tronco encefálico, sendo então um exame de topodiagnóstico. Após a emissão do som, há a formação de 5 ondas, que se formam em diferentes regiões da via auditiva. É possível identificar o limiar auditivo do paciente, a velocidade com que o estímulo sonoro chega à cada região da via auditiva, e se existe alguma lesão nesse trajeto. Substitui a eletrococleografia, que funcionava de forma similar. Importante para detectar tumores das vias auditivas e doenças neurodegenerativas que afetem o nervo auditivo (VIII par). Solicitado em quadros de perdas auditivas importantes, antes da colocação de implante coclear, em RNs com teste da orelhinha alterado, dentre outras situações. SINAIS DE ALERTA PARA DISACUSIAS EM CRIANÇAS RN não se assusta quando alguém bate palmas a 2 m de distância (ausência do reflexo cócleo-palpebral), não para de chorar quando ouve a voz da mãe. 8 MESES A 1 ANO não vira a cabeça na direção dos sons familiares (pode ser problema neurológico ou auditivo), não murmura ou reage (sorri) quando é estimulado pela voz humana. 2 ANOS não é capaz de falar palavras simples (se a criança foi estimulada, com essa idade já deve falar), SAI III – Otorrinolaringologia Aula 2 Cecilia Antonieta 82 A 6 não consegue identificar partes do corpo quando alguém pergunta. 3 ANOS não consegue localizar de onde vêm os sons, não compreende e não usa palavras simples sem “dicas visuais”, é incapaz de repetir frases. 4 ANOS não é capaz de contar com coerência alguma experiência recente, como um passeio ou dia na creche, não consegue obedecer a duas ordens verbais ao mesmo tempo. 5 ANOS não consegue manter uma conversa simples, sua fala pode ser difícil de compreender. IDADE ESCOLAR distração constante, desempenho escolar abaixo da média, resfriado e dores de ouvido frequentes. A partir de 1 ano e meio, se for identificada alguma deficiência auditiva, deve-se iniciar o uso da prótese. Quanto mais cedo a criança faz uso do aparelho auditivo, melhor o prognóstico – pode ocorrer até mesmo o desenvolvimento da audição. Em crianças um pouco maiores, por volta dos 4-5 anos, já é possível realizar uma audiometria comportamental, realizada em campo aberto (ou seja, sem cabine acústica). Mostra-se para a criança brinquedinhos que emitem diversos sons. Se a criança conseguir identificar de onde vem o som, localizá-lo com o olhar, sabe-se que ela escuta o som naquela intensidade. PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL (PCA) Exame longo (cerca de 2h), que consiste em uma audiometria com leitura de textos. Avalia a parte cognitiva, que muitas vezes é comprometida – o indivíduo escuta, mas não consegue compreender o que é dito. O som chega, a audiometria é normal, mas degenerações no tronco cerebral não deixam a pessoa interpretar o som. CASO CLÍNICO Paciente do gênero feminino, 26 anos, natural de Maceió-AL, acompanhada de sua irmã mais velha, foi encaminhada para avaliação no ambulatório de ORL do HU por apresentar hipoacusia, zumbidos e otalgia bilateral há dois dias, depois de uma viagem aérea realizada para a cidade de Porto Alegre-RS. Na consulta sua irmã informou que esse quadro teve início no retorno da viagem, no aeroporto de São Paulo onde fizeram uma conexão, e piorou durante o voo de volta para Maceió. No momento da consulta, a paciente apresentava-se em bom estado geral, nervosa, negou história de febre, otorreia ou otorragia recente. 1. Faça um diagnóstico hipotético do que está acontecendo com a paciente. Disfunção tubária por barotrauma. Pressão da cabine tem que ser compensada pela tuba auditiva. Mudança de temperatura tb pode causar dificuldade de adaptação da tuba. Mascar chiclete – ajuda a abrir a tuba (passagem de ar) e estimula a produção de saliva. 2. Com esse diagnóstico, identifique o provável tipo de disacusia. Hipoacusia de condução. 3. Baseado nestes dados, qual seriam os possíveis achados no exame ORL, incluindo a otoscopia do paciente. Otoscopia – membrana timpânica hiperemiada, retraída. ausência do triângulo – artéria evidentes (barotrauma) – secreção (otite média serosa aguda). 4. De acordo com o diagnóstico selecionado, como seria esperado os achados na avaliação audiológica. Timpanometria – curva C ou B (história prévia de alergia). ***glue ear