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1 
 
SERVIÇO SOCIAL E GESTÃO DE PROJETOS SOCIAIS 
Natassis Souza de Abreu1 
RESUMO 
 
O presente artigo tem como objetivo analisar os passos principais na elaboração 
de projetos sociais, vistos como ferramentas de gestão coletiva na solução de 
problemas de interesse do Serviço social e outras áreas. Para tanto, enfatiza as 
implicações da implementação e impactos dos projetos sociais, considerando a 
desigualdade social. Por outro lado, argumenta quanto à necessidade de 
analisar integralmente a formulação e o desenvolvimento dos projetos, 
enfatizando especialmente a inclusão participativa dos atores envolvidos, bem 
como maior confiança e legitimidade das ações de enfrentamento da 
desigualdade ou de promoção do desenvolvimento. Ainda, sugere pautas e 
recomendações no processo de gestão de projetos sociais que podem ser úteis 
para o enfrentamento da desigualdade e o desenvolvimento social, que é um dos 
grandes pilares do Serviço Social. Através de pesquisa bibliográfica exploratória 
e qualitativa, conclui que no âmbito da gestão social, portanto, é essencial 
superar a burocratização no planejamento e operação de projetos para atribuir-
lhes dinamicidade e versatilidade, transitando para esquemas de gestão de 
projetos com maior flexibilidade e, ainda, garantindo sua continuidade, sua 
autossutentabilidade através de modelos inovadores de avaliação. Ainda, é 
necessário criar mecanismos de transparência em torno da elaboração de 
projetos e sua execução, o que é mais do que um dever democrático e uma 
responsabilidade nos processos de construção do desenvolvimento social – é 
também uma condição sem a qual o planejamento e a gestão de projetos sociais 
deixa de cumprir com suas finalidades e não contribui para com o fortalecimento 
da cidadania daqueles aos quais se destina. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Projetos sociais, Gestão. Participação, Desenvolvimento 
social; Serviço Social. 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
Os projetos são considerados ferramentas estratégicas para a tomada de 
decisões sobre agendas e programas sociais e governamentais; são a 
expressão técnica de soluções para problemas de interesse social e um meio 
para modificar situações de desigualdade e problemas diversos, em benefício da 
sociedade. 
No planejamento de projetos sociais são exploradas as melhores opções 
para alcançar metas e objetivos, programando etapas e caminhos para seu 
alcance, são elaboradas propostas para satisfazer necessidades sociais e 
modificar condições problemáticas na vida das pessoas, para melhorar o 
cotidiano da sociedade em seu conjunto ou, ao menos, dos grupos mais 
desfavorecidos, buscando a melhoria de sua qualidade de vida, de trabalho, 
enfim, de seu entorno em geral. 
Muitos destes projetos buscam a geração de renda para grupos 
vulneráveis, o empoderamento de minorias, etc., sendo projetos que a partir de 
uma escala menor, combatem a pobreza, a fome, a violência, promovem a 
saúde, difundem a cultura ou a arte, resgatam tradições e costumes, 
impulsionam ações em prol do meio ambiente, etc. 
Diante destas considerações, o problema de pesquisa deste estudo é: De 
que forma os projetos sociais devem ser gerenciados para potencializar seus 
impactos positivos? 
 Esta questão, vinculada à gestão de projetos sociais, parte de uma 
motivação de grande relevância acadêmica, justificada pela necessidade de 
refletir sobre a gestão de projetos sociais fornecendo subsídios que contribuam 
para o aperfeiçoamento do processo de tomada de decisões para o 
planejamento e a operação de projetos sociais, enriquecendo a análise 
metodológica da gestão social e aprofundando a dinamização de comunidades 
e grupos excluídos e/ou marginalizados socialmente. 
O objetivo geral do estudo é analisar os passos principais na elaboração 
de projetos sociais, vistos como ferramentas de gestão coletiva na solução de 
problemas de interesse geral. 
3 
 
Seus objetivos específicos são: enfatizar as implicações da 
implementação e impactos dos projetos sociais, considerando a desigualdade 
social e as demandas de grupos e comunidades; destacar a necessidade de 
analisar integralmente a formulação e o desenvolvimento dos projetos, 
enfatizando especialmente a inclusão participativa dos atores envolvidos, maior 
confiança e legitimidade das ações de enfrentamento da desigualdade ou de 
promoção do desenvolvimento; sugerir pautas e recomendações no processo de 
gestão de projetos sociais que podem ser úteis para o enfrentamento da 
desigualdade e o desenvolvimento social. 
A metodologia do estudo é a pesquisa bibliográfica e exploratória em 
diversos meios impressos e digitais, em uma abordagem qualitativa dos dados 
e informações coletados, para elaborar uma conclusão que responda 
efetivamente ao problema de pesquisa. 
 
AS IMPLICAÇÕES DA IMPLEMENTAÇÃO E IMPACTOS DOS PROJETOS 
SOCIAIS 
 
 Os projetos sociais são ferramentas que permitem induzir mudanças a 
partir das iniciativas dos atores que interagem em um território ou setor 
específico. A transformação social através de projetos envolve uma gestão local 
que constrói novas estruturas e oportunidades e maiores espaços para a ação e 
a atuação das pessoas, criando assim um entorno favorável para o 
desenvolvimento. Trata-se, conforme Woller e Mathias (2015), de reverter 
situações desfavoráveis que impedem o desenvolvimento local, conceituado 
como a capacidade endógena de gerar bem estar econômico e social. 
 Por isso, parte-se do pressuposto de que a mudança estrutural a partir da 
base social pode iniciar com projetos estratégicos integrais de caráter local e 
comunitário, que envolvam a participação dos diversos atores nos processos de 
criação de valor e de geração de bem estar econômico e social, em uma 
perspectiva microssocial e regional que pode crescer e abranger diferentes 
níveis territoriais, de acordo com a evolução dos processos de gestão. 
(WOLLER; MATHIAS, 2015). 
4 
 
 Na mesma perspectiva, Contador (2014) observa que a gestão de 
projetos sociais comporta um processo de microplanejamento local, ou seja, um 
planejamento originado nos atores envolvidos, harmonizando, tanto quanto 
possível, seus objetivos com os planejamentos governamentais ou institucionais. 
Este esquema de microplanejamento demanda ação coletiva e mobilização 
social e, por isso, a participação da população local nos projetos é um requisito 
imprescindível, constituindo-se em um fator crucial para o desenvolvimento 
integrado, já que a necessidade de mudanças na estrutura social a máxima 
mobilização dos recursos humanos e naturais locais é pré-requisito para o êxito 
de projetos sociais. 
 Carmo (2013), a partir de considerações semelhantes aos autores acima, 
afirma que os projetos sociais voltados a comunidades, implantados em pequena 
escala, situados no espaço local, que podem ser evidenciados em pequenos 
negócios, unidades de produção familiar, microempresas, comunidades rurais, 
grupos específicos de minorias, agrupados, podem potencializar o 
desenvolvimento local para zonas em que a desigualdade social seja mais 
evidente. Assim, comportam estratégias produtivas em tempos de globalização 
econômica, em uma cultura centrada no consumo e que pode tanto inibir as 
capacidades empreendedoras como comprometer seriamente a subsistência de 
grupos específicos. 
 Complementa: 
5 
 
Diversas iniciativas e projetos de pequena escala em espaços locais 
podem criar círculos virtuosos de prosperidade que podem ser 
observáveis na articulação de cadeias produtivas regionais, 
vinculações institucionais ou mercantis que geram e retêm a riqueza 
em um território específico. Alguns casos relevantes neste contexto de 
articulações locais para o desenvolvimento foram estudados a partir da 
linha dos sistemas produtivos locais, sistema agroalimentares 
localizados, corredores produtivos, etc. De qualquer modo, a 
viabilidade dos projetos sociais e das inciativascidadãs se encontra, 
em boa medida, influenciada por múltiplos fatores que determinarão 
seu êxito ou fracasso. Se requer um balanço inicial que pondere as 
fortalezas do projeto quanto a fatores de ordem social, econômica, 
política, ambiental, entre outros; ou seja, se deve realizar uma 
aproximação e análise multidimensional às próprias circunstâncias do 
projeto. (CARMO, 2013, p. 27). 
 Woller e Mathias (2015) compreendem que a intenção de um projeto que 
tende à integralidade busca agregar diversos aspectos que determinarão sua 
viabilidade. Com isso, busca-se, a partir de uma visão sistêmica, responder aos 
problemas de uma comunidade ou região. Por isso, desde o início a população 
local deve ter uma participação ativa no projeto, pois os cidadãos são quem 
conhece de forma próxima suas problemáticas e necessidades mais urgentes. 
 A vinculação do projeto com a comunidade implica articular, ativar a 
“energia social” e criar redes territoriais. Isso representa um desafio para a 
extensão de serviços ligados ao projeto. Assim, como assinalam Woller e 
Mathias (2015), os facilitadores, extensionistas, prestadores de serviços 
profissionais, promotores comunitários, técnicos ou outras figuras envolvidas na 
promoção de projetos sociais podem trabalhar de maneira coordenada para 
obter maior impacto em suas iniciativas ou demandas institucionais. 
 De qualquer modo, adverte Carmo (2013) que em todo o processo de 
planejamento é crucial que, ao finalizar o projeto, as comunidades assumam o 
papel de autogestão para que os resultados sejam autossustentáveis. Isso 
depende do grau de apropriação do projeto por parte das comunidades, pois em 
muitos casos o próprio projeto não gera os mecanismos necessários para fazer 
com que as comunidades envolvidas promovam as mudanças essenciais que 
foram estabelecidas nos objetivos do projeto. 
6 
 
 Esta engenharia social deficiente no planejamento e no prosseguimento 
em longo prazo faz com que, pelo fato dos projetos não serem cuidadosamente 
desenvolvidos, se convertam em simples mecanismos subsidiários ou unidades 
desarticuladas de investimento nas comunidades, reforçando o controle público 
destes grupos sociais excluídos/marginalizados através de transferências 
monetárias. Os projetos sem bases técnicas e sociais adequadas se convertem, 
no entendimento de Carmo (2013), em instrumentos que perpetuam a 
dependência estatal. Políticas assistencialistas inibem o crescimento das 
comunidades se os projetos sociais não incorporam em seu planejamento e 
operação diversos mecanismos de liberadores do potencial que as comunidades 
e grupos possuem para seu desenvolvimento integral. 
 
 
 
A FORMULAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS 
 
No contexto de projetos inovadores para grupos e comunidades sociais, 
um diagnóstico analítico e participativo é essencial. O diagnóstico, conforme 
Nunes et al. (2017), de um modo geral implica reconhecer a natureza de uma 
problemática através da observação e da análise integral. O diagnóstico de um 
problema pretende detectar um conjunto de fatos ou circunstâncias que 
dificultam a consecução de alguma finalidade. 
Um bom projeto deve partir de um bom diagnóstico, de uma boa análise 
de quais são os problemas, quais as características específicas dessa 
problemática. Deve iniciar determinando a situação geral a ser melhorada, os 
prováveis beneficiários e outras partes interessadas, o alcance geográfico, a 
série de questões que serão abordadas e a duração e gastos prováveis do 
projeto. Ainda, é preciso determinar quais são os interesses da comunidade e os 
possíveis organismos/instituições de financiamento do projeto. Durante esta 
etapa inicial é importante determinar se o conceito básico no qual se fundamenta 
o projeto é viável e se os principais interessados proporcionam apoio suficiente 
para que o projeto tenha seguimento. (NUNES et al., 2017). 
7 
 
A elaboração o diagnóstico para projetos sociais adquire uma conotação 
pública muito importante, pois, de acordo com Rabechini Júnior e Carvalho 
(2011), o planejamento dos projetos, desde sua fase inicial, deve integrar a 
participação cidadã, ou seja, fazer prevalecer um enfoque de planejamento 
participativo e incorporar as ideias, interesses e expectativas da população local 
para determinar a legitimidade do projeto e os aportes sociotécnicos ao mesmo. 
No diagnóstico com participação cidadã, a precisão da análise e das 
oportunidades é fator chave aos quais os facilitadores devem prestar especial 
atenção, já que os atores interessados no projeto destinarão tempo e trabalho a 
serviço deste. Por isso, é importante que a comunicação assertiva seja o eixo 
para articular a elaboração do diagnóstico e os participantes não considerem as 
atividades ligadas ao projeto como algo que não seja significativo para sua vida 
cotidiana. (RABECHINI JÚNIOR, CARVALHO, 2011). 
No enfoque participativo, de acordo com Armani (2009), o diagnóstico 
inicial é também um instrumento de conscientização e mobilização das pessoas. 
Inscreve-se na ação e não pode ser totalmente dissociado dela, o que significa 
também que cria maiores expectativas que um diagnóstico tradicional. O 
diagnóstico participativo também é um processo interativo, ou seja, que não 
termina com o início da implementação do projeto, mas precisa ser completado 
e ajustado durante todo o processo, segundo as necessidades das pessoas e do 
próprio projeto. 
O diagnóstico, segundo Baptista (2010), ordena a realização de estudos 
e investigações que derivem em uma análise das problemáticas existentes, o 
que é um exercício altamente contextual. Isso requer uma análise das múltiplas 
dimensões envolvidas para evitar a exclusão de elementos importantes que, 
direta ou indiretamente, representam as causas ou consequências dos 
problemas. Como exemplo, observa que uma das metodologias possíveis 
contempla as seguintes etapas do diagnóstico para a resolução de problemas 
sociais: análise de atores participantes; análise da problemática; análise de 
objetivos e análise de alternativas de solução. 
8 
 
Estas etapas fazem parte do diagnóstico e são fundamentais para a 
definição posterior de outras etapas. A informação que deriva da análise proverá 
os insumos necessários para elaborar o projeto e, portanto, o diagnóstico se 
converte na base para estabelecer os fundamentos da intervenção. (BAPTISTA, 
2010). 
Como parte do diagnóstico também se faz uma descrição do contexto do 
problema, enfocando as dimensões mais representativas do setor, comunidade, 
grupo e região em que se pretende desenvolver o projeto. Para isso, podem ser 
tomados dados de fontes de informação diretas e secundárias. Neste aspecto, 
Baptista (2010) comenta que também são valiosos os estudos, notícias e o 
conhecimento cientifico-tecnológico que possa ser de interesse para determinar 
o núcleo central do problema. 
Woller e Mathias (2015) afirmam que a localização do projeto e seus 
beneficiários demanda estabelecer critérios para determinar sua viabilidade 
territorial, o que pode ser realizado a partir dos interesses e conveniências do 
projeto. Ainda, nos projetos sociais os gestores devem ter presente a 
continuidade territorial das problemáticas para além de uma demarcação 
político-administrativa do território. Embora a localização geográfica do projeto 
implique elaborar um recorte do espaço-local onde será implementado, é 
essencial considerar a natureza da problemática e suas interconexões com 
diferentes escalas geográficas e governamentais nas quais se gesta a 
problemática social. 
Territorializar o projeto significa focalizar a ação social em uma localidade 
específica, em uma determinada região que, por suas características, é 
importante para o desenvolvimento do projeto. Sempre se deve considerar que 
o território é multidimensional e os sujeitos, como parte dele, devem ser 
considerados em seu contexto situacional.Assim se poderá evitar uma 
intervenção que não considere a dimensão social do desenvolvimento, não 
concentrando os recursos em função de prioridades definidas exteriormente, não 
atendendo apenas unidades segmentadas da população, não formando 
limitações para o desenvolvimento de atividades produtivas e, sobretudo, não 
restringindo ou limitando os prazos de assistência sem avaliar sua continuidade 
no futuro. (WOLLER; MATHIAS, 2015). 
9 
 
A localização de determinado projeto em um território específico, para Woller 
e Mathias (2015), pode trazer benefícios para a população, mas também podem 
afetá-la negativamente de forma severa. Por isso, o diagnóstico é fundamental. 
Outra questão quanto à formulação de projetos é evocada por Baptista 
(2015), enfatizando que todo projeto requer uma análise do perfil de seus 
beneficiários diretos ou indiretos. A gestão do projeto deve ser sensível e 
compreender que embora a gestão social seja um trabalho de caráter técnico, 
não se pode omitir que essencialmente se trabalha com sujeitos sociais, ou seja, 
o gestor enfrentará, invariavelmente, a intrincada vida subjetiva dos seres 
humanos. Portanto, não será o mesmo trabalhar com adultos, com crianças, com 
jovens, com mulheres, com homens, com idosos, etc. 
Ao mesmo tempo, a condição de beneficiários pode ser uma limitação ou 
motivo de fracasso para projetos que não incorporem a perspectiva de gênero 
em suas análises. Além disso, não se pode perder de vista que embora as 
pessoas possam ser beneficiárias de um projeto, antes de mais nada são 
sujeitos de direitos humanos, dotados de inteligência e dignidade, não simples 
dados estatísticos que apoiam o cumprimento de metas. (BAPTISTA, 2015). 
Para Woller e Mathias (2014), para elaborar o perfil dos beneficiários é 
importante captar, através de questionários, características como gênero, idade, 
estado civil, nível de escolaridade, entre outras questões. Do mesmo modo, 
quando se deseja aprofundar mais a caracterização dos beneficiários, é possível 
servir-se de ferramentas como as histórias de vida ou as entrevistas detalhadas, 
que ajudam a obter mais informações sobre o perfil das pessoas. Esta etapa de 
caracterização dos beneficiários é fundamental, na medida em que ajuda a 
perfilar (construir e reconhecer) o sujeito, com informações sobre sua condição 
sociodemográfica, econômica e, geralmente, a dimensão subjetiva daqueles que 
se beneficiarão com o projeto. 
10 
 
Keeling (2019) acrescenta a essa reflexão a ideia de que a gestão de um 
projeto social implica na conformação e na aplicação de uma série de métodos, 
técnicas e, por vezes, algoritmos necessários para o deslocamento de uma 
estratégia no território ou dentro de um setor. A gestão, nesse sentido, implica 
coordenar os esforços dos atores a partir da gerência do projeto, para cumprir 
com as metas estabelecidas e alcançar o impacto esperado em determinado 
setor, comunidade ou grupo. 
Sob esse prisma, para alcance das metas de um projeto (o que não é fácil e 
não comporta uma única resposta, já que cada projeto tem uma perspectiva 
metodológica diferente) o importante será selecionar as ferramentas adequadas 
para alcançar objetivos e metas. Como parte da estratégia metodológica busca-
se obter a comunicação adequada entre os integrantes do projeto e seus 
beneficiários, para trabalhar de forma coordenada em função de uma estratégia 
planejada previamente entre todos os participantes. (KEELING, 2019). 
Assinala Baptista (2015) que, tradicionalmente, a metodologia tem sido uma 
fase ou componente dos projetos que recebe pouca atenção, apesar da 
importância estratégica que possui tanto em projetos aplicados como em 
investigações realizadas em diversos contextos sociais. A omissão metodológica 
é um erro que pode ser fatal para o projeto, pois ela é o enlace principal entre a 
teoria e a prática, já que pode haver ideias brilhantes, mas se não existe uma 
orientação sobre como torná-las concretas, o projeto não terá eficácia. 
Comentam também Nunes et al.: 
A metodologia tem sua origem na filosofia do projeto (teoria, modelo 
de desenvolvimento ou ideologia política). Neste contexto, aspectos 
como valores, missão e visão são os elementos que permitem 
visualizar o tipo de metodologia a utilizar. Na investigação dentro das 
ciências sociais, por exemplo, os métodos qualitativos são mais afins 
a teorias que se compõem de preceitos mais flexíveis, os quais 
permitem o diálogo e a discussão das ideias, como a fenomenologia, a 
dialética ou a hermenêutica. Pelo contrário, há teorias rígidas que, para 
serem provadas, requerem um controle de variáveis em um 
experimento e, por isso, estas terão maior afinidade e harmonização 
com metodologias quantitativas, as quais garantem em maior medida 
o controle numérico e estatístico dos processos de investigação. 
(NUNES et al., 2017, p. 69). 
11 
 
 
 Ao mesmo tempo, a metodologia no contexto dos projetos sociais 
obedece à necessidade de identificar e aperfeiçoar procedimentos, técnicas e 
instrumentos que permitam vincular a análise da realidade social com a 
intervenção nessa realidade, para identificar e utilizar espaços estratégicos para 
a ação. Assim, para Nunes et al. (2017), cada projeto é um espaço de 
conhecimento e aprendizagem para a formulação de modelos de 
desenvolvimento social. 
 Deste modo, conforme Nunes et al. (2017), a estratégia metodológica de 
gestão ou de desenvolvimento local, regional, de comunidades ou grupos 
contempla uma série de ações para materializar os resultados do projeto, para o 
que existe uma sequência de tarefas. Isto é conhecido como as fases do projeto 
– preparação–negociação –execução ou implantação, operação e etapas de 
preparação para a identificação da ideia, os anteprojetos preliminares (estudo 
prévios de factibilidade), o anteprojeto definitivo (estudo de factibilidade) e o 
projeto completo (de engenharia e de execução). 
 Esta estruturação metodológica em fases ou etapas da implementação do 
projeto, como assinalam Nunes et al. (2017), encontram suas bases na filosofia 
do projeto, para dar origem a ações programadas. Isso implica uma combinação 
de valores, ferramentas, técnicas e procedimentos que orientam o projeto. A 
estratégia que busca um desenvolvimento é colocada em prática através de uma 
série de instrumentos, que operam em diferentes níveis, escalas e horizontes 
temporais. A aplicação desses instrumentos a grupos de atividades homogêneas 
ou interrelacionadas conduz à preparação de programas (e projetos) que 
envolvem um conjunto de tarefas ligadas espacial ou setorialmente. 
 Por outro lado, como evoca Keeling (2019), no planejamento 
metodológico do projeto também é relevante a perspectiva teórica de 
planejamento a partir da qual se pretende implementar o projeto, pois não é a 
mesma coisa partir de um enfoque de planejamento externamente pensado 
(verticalizado) e de um enfoque no qual primam relações horizontais. Este 
conjunto de situações deve levar aqueles que pensam o projeto a questionar a 
eficácia do mesmo e, nesse sentido, elaborar uma metodologia que apresente 
resultados por considerar a consonância com os valores que emanam do projeto. 
12 
 
 Explicando essa afirmativa, Keeling (2019) observa que a constituição 
metodológica dos projetos sociais deve ser equilibrada e harmônica entre ambos 
os enfoques de planejamento, pois colocar a planificação em um ou outro 
sentido (vertical ou horizontal) fixa o conjunto de parâmetros sobre os quais se 
basearão as varáveis cuja análise constitui o estudo e a ação dentro dos 
projetos. Assim, se pode ter um desenho teórico muito adequado à problemática, 
mas se este não contempla processos específicos que operem em campo, com 
um bom desenho institucional que torne possível essa operação, é muito difícil 
que os resultados desejados possam ser alcançados. 
 
PAUTAS E RECOMENDAÇÕES NO PROCESSODE GESTÃO DE 
PROJETOS SOCIAIS 
 
Uma das recomendações principais quanto ao processo de gestão de 
projetos é compreender que as metas representam a materialização dos 
objetivos, embora seja muito comum a utilização indistinta de conceitos como 
metas e objetivos. Uma forma de diferenciá-los, de acordo com Bertollo (2016), 
é ter claro que os objetivos orientam uma ação genérica ou específica, são o 
alvo, ponto ou finalidade que se pretende alcançar. Por seu turno, as metas são 
um fim tangível e mensurável para o qual se dirigem as ações do projeto. 
As metas, para Bertollo (2016), são formuladas de forma realista e, além 
disso, é importante assumir em seu planejamento um sentido crítico e razoável 
sobre a viabilidade de seu cumprimento, pois para alcançá-las devem ser 
incorporados recursos, tempo e processos eficientes de gestão. Da mesma 
forma, não manejadas de maneira adequada, as metas podem comprometer 
quando são muito ambiciosas e/ou, na prática, impossíveis de serem cumpridas 
ou alcançadas. 
13 
 
A isso Bertollo (2016) acrescenta que em todo projeto são geradas 
tensões normais entre os tempos propostos e os tempos do coletivo social no 
cumprimento dos objetivos e das metas, especialmente quando o projeto adquire 
uma função mais tecnocrática e carece de trabalho social de base participativa 
em sua elaboração. Dessa forma, os tempos das instituições e gestores se 
restringe a procedimentos normativos, fiscais ou de administração institucional 
que não consideram os lapsos nos quais as pessoas aceitam e assimilam as 
mudanças promovidas no interior das comunidades e grupos. 
Portanto, embora entre as principais características das metas seja o fato 
de serem tangíveis, verificáveis e poderem ser cumpridas em um prazo razoável, 
é importante considerar que tanto em seu desenho como na estratégia para o 
seu alcance é recomendável que haja maior participação dos atores do projeto, 
para determinar conjuntamente entre a gestão do projeto e os demais atores os 
tempos em que se pode alcançar as metas. (BERTOLLO, 2016). 
Outra recomendação, trazida por Armani (2009), é relativa às atividades, 
uma vez que um bom planejamento programático destas atividades e uma 
logística adequada permitirão o cumprimento eficiente das metas, sendo muito 
importante alertar para os detalhes das atividades, caso contrário coloca-se em 
risco o êxito do projeto. 
Armani (2009) afirma que o projeto considera que cada atividade 
representa um ato específico, o qual, somado a outras atividades, potencializa 
seu desenvolvimento integral. Nesse sentido, o capital humano deverá ser 
desempenhado em tarefas específicas que cada colaborador cumprirá, com uma 
atitude proativa que forneça valor agregado à atividade. 
É importante que um projeto social seja integrado por uma equipe 
multidisciplinar. Os grupos de trabalho onde colaboram pessoas de diferentes 
formações profissionais e experiência diversas costumam ter uma visão mais 
completa de uma problemática. A partir disso, as equipes podem exercitar seus 
talentos em função de metas e objetivos específicos, como são as atividades do 
projeto. As capacidades dos integrantes serão determinantes na eficácia, 
motivação e compromisso daqueles que estão à frente de cada atividade. 
14 
 
Outra pauta a ser considerada, como ensina Cohen (2013), é que em toda 
iniciativa de desenvolvimento social o financiamento é crucial. Portanto, 
inevitavelmente devem ser identificadas fontes financeiras de recursos 
econômicos para colocar em prática o projeto. Muitas vezes isso implica em 
investimentos monetários e não monetários necessários, inclusive desde as 
etapas prévias ao início do projeto como, por exemplo, para realizar estudos de 
factibilidade, diagnósticos e para elaborar o próprio projeto, bem como gastos 
associados a reuniões de trabalho ou de planejamento, entre outros. 
Disso deriva que é importante conhecer as regras de operação dos 
programas públicos, orçamentos de despesas governamentais, as 
contrapartidas, dinâmica de licitações, convocações públicas, recursos e demais 
opções de financiamento do setor privado ou social existentes no ambiente 
financeiro e que podem ser aproveitadas para a operação de um projeto social, 
especialmente quando se está operando projetos governamentais, empresariais, 
privados ou coletivos. (COHEN, 2013). 
Enfatiza Cohen (2013) que o leque de possibilidades de acesso a recursos 
é cada vez maior na medida em que não apenas se restringe a recursos 
governamentais. Sem discutir exaustivamente sobre os tipos ou modalidades de 
financiamento existentes nas finanças públicas ou empresariais para projetos 
sociais, destaca o autor que é importante que o orçamento responda e se oriente 
para atender os problemas da comunidade ou grupo ao qual se destina o projeto. 
Ainda, em um esquema de planejamento vertical é indispensável 
encontrar mecanismos de inclusão e participação cidadã na modelação e 
operação dos orçamentos através de projetos bem definidos. Em termos da 
literatura convencional, Keeling (2019) afirma que um orçamento participativo é 
um mecanismo onde os cidadãos intervêm de forma ativa na elaboração do 
orçamento do projeto – em que e como serão gastos os recursos financeiros. É 
importante considerar, quanto a esse ponto, que o orçamento seja realista, não 
muito grande para as necessidades do projeto nem tão pequeno que não alcance 
as metas propostas. Em um contexto de eficiência e austeridade no uso dos 
recursos públicos, é imperativo que os orçamentos se apliquem corretamente, 
para evitar vícios que usualmente são cometidos, tais como: 
15 
 
a) O orçamento não responde às necessidades ou problemáticas da 
sociedade/comunidade/grupo. 
b) Não contar com um projeto atrativo para os possíveis financiadores. 
c) Superestimar o custo dos recursos materiais ou humanos destinados 
ao projeto. 
d) Programar o exercício de recursos em períodos muito curtos. 
e) Desconhecer as implicações e consequências legais, políticas, fiscais 
e mercantis no uso dos recursos públicos. 
f) Não distinguir entre as modalidades de apoio econômico ao projeto 
(crédito, subsidio, doações, etc.). 
g) Não utilizar o recurso outorgado ao projeto. 
h) Atribuir pouca importância à transparência no uso dos recursos ou 
desvios dos fundos para finalidades distintas àquelas buscadas pelo projeto. 
i) Não contar com evidências suficientes e verazes sobre os gastos 
realizados. 
j) Solicitar apoio financeiro para rubricas ou conceitos não autorizados por 
parte das instâncias financiadoras. 
Para Cohen (2013) um orçamento é acompanhado das possíveis fontes 
de financiamento, já que em uma estratégia de concorrência de recursos é 
determinante contar com as prováveis fontes alternativas de recursos financeiros 
para o projeto. É importante atentar para os tempos na execução dos recursos 
e aplicar corretamente o orçamento para evitar devoluções ou descumprimento 
de metas. 
Destaca ainda Cohen (2013) que os gestores do projeto devem prever 
que quando os recursos são insuficientes e escassos as fontes financeiras 
apenas podem contribuir em porcentagens específicas. Isso implica que cada 
projeto, dependendo de suas necessidades financeiras, pode fazer uma gestão 
concorrente de recursos para cobrir totalmente o seu custo, o que requer um 
trabalho incansável de articulação dos atores financeiro em torno do projeto. 
16 
 
É necessário, também, alertar para o fato de que nem todos os valores 
contemplados em um orçamento são passíveis de financiamento, pois existem 
políticas especiais a esse respeito. Por exemplo, Cohen (2013) cita que algumas 
fontes financeiras excluem a compra de terrenos ou veículos; outras, 
dependendo de seus programas, poderão ou não financiar determinados 
pagamentos; outras excluem o pagamento de dívidas ou impostos... Disso 
decorre a necessidade de revisar com atenção as políticas definanciamento de 
cada entidade financeira. 
Moura e Barbosa (2017), referindo-se a projetos educacionais, oferecem 
uma contribuição importante quanto às pautas dos projetos sociais quando 
afirmam que a evidência sobre os efeitos de um projeto em termos de geração 
de bem estar social, crescimento, desenvolvimento ou combate a desigualdades 
é fundamental nas estratégias posteriores de melhoramento de programas ou de 
continuidade de novos projetos. Além disso, oferece maior certeza aos 
beneficiários sobre a importância dos projetos, outorgando legitimidade aos 
gestores que fomentam tais iniciativas. 
Neste contexto e como parte integral da formulação de projetos, o 
exercício da avaliação é um processo permanente de observação e análise do 
valor agregado do projeto a uma comunidade ou grupo. Trata-se de estimar os 
conhecimentos, atitudes, avanços trazidos pelo projeto e, por isso, é uma 
atividade permanente e transversal ao logo do projeto e que permitirá avaliar sua 
eficiência, qualidade, economia e eficácia, entre outros aspectos de interesse 
avaliativo. (MOURA; BARBOSA, 2017). 
Cohen (2013) analisa que a avaliação dos programas sociais tem seu 
impacto medido através da avaliação de cada projeto, porque isso permite 
melhorar tanto o seu esboço como a sua implementação. Uma boa avaliação 
não será apenas quantitativa em relação às consequências do projeto, mas 
também deve explicar por que ocorreram, de forma a gerar maior compreensão 
em torno de todos os processos. 
17 
 
Cohen (2013) acrescenta a estas pautas o fator da transparência com que 
se desenvolvem, enfatizando que a avaliação pode se manifestar de diversas 
formas: segundo o momento da avaliação, que pode ser antes, durante o 
seguimento do projeto ou posterior; segundo o financiador, podendo ser privada 
(financeira), econômica e social; segundo os resultados do projeto, quanto aos 
seus efeitos e impactos. 
Em sentido estrito, para Cohen (2013) a avaliação deve ser permanente, 
como uma somatória de ações de monitoramento e seguimento que permitem 
ao projeto ir cumprindo passo a passo as metas propostas. Por isso existe uma 
avaliação prévia, que se caracteriza por colocar à prova sua viabilidade. No caso 
da avaliação intermediária, implica na revisão e atualização das ações do projeto 
como estratégia de melhoria da gestão e funcionamento. A avaliação posterior 
indica que uma vez concluído o projeto são avaliados tanto os resultados como 
os impactos. 
A avaliação privada ou financeira implica em uma análise de pré-
investimento, ou seja, a rentabilidade dos recursos investidos. Para quantificar 
os ganhos são utilizados indicadores de rentabilidade e essa avaliação ocorre 
quando os projetos têm como foco questões relativas a negócios ou à 
rentabilidade de investidores particulares, que precisam provar a eficiência 
financeira do projeto em um contexto de competitividade econômica. (COHEN, 
2013). 
Cohen (2013), afirmando que a ideia de todo projeto é gerar bens ou 
serviços úteis para a sociedade, de um modo geral se propõe a produzir 
resultados e, ao mesmo tempo, gerar impactos e efeitos positivos no entorno. 
Esses impactos são visíveis especialmente em longo prazo, uma vez que o 
projeto rende os frutos esperados quando produz efeitos (comportamento ou 
acontecimento do qual se pode, razoavelmente, dizer que o projeto influenciou 
em algum aspecto). 
18 
 
A avaliação procura saber se um projeto cumpriu ou não com as 
expectativas geradas, o que é feito através da medição da eficácia. Também 
pode ser um meio de melhoria contínua, ajudando a eliminar a simulação e a 
autocomplacência nos resultados. Portanto, para Cohen (2013), a avaliação 
requer uma nova cultura que aceite, reconheça e elimine erros e, ao mesmo 
tempo, que capitalize a experiência para aperfeiçoar as intervenções em futuros 
projetos, com maior qualidade. A autoavaliação também representa uma 
oportunidade para melhorar o controle e o acompanhamento, aspectos 
fundamentais para a funcionalidade e eficácia do projeto. Tais questões 
permitem cumprir com as responsabilidades que se tem para com os 
beneficiários, para os financiadores, para o cumprimento de certificações de 
qualidade e, inclusive, para legitimar a ação pública. 
Baptista (2015) acrescenta que existem várias formas de avaliar os 
resultados e os impactos de um projeto. Em princípio, determinar conjuntamente 
com os envolvidos as dimensões (variáveis) a serem avaliadas. Neste caso, as 
variáveis permitem registrar a mudança em relação a um ponto de partida (linha 
base) e identificar um dado de referência estatística ou um dado qualitativo que 
sirva como referência para mudanças na implementação do projeto. 
Para Baptista (2015) as variáveis são mutáveis e, consequentemente, 
instáveis e podem se modificar a partir da intervenção de um projeto. Fazem 
parte de dimensões mais amplas, como o meio ambiente, o meio social, a 
política, a economia e a cultura. Em termos mais quantitativos, representam a 
magnitude que pode ter um valor especifico entre todos os valores 
compreendidos em conjunto. Exemplos de variáveis podem ser a pobreza, 
produtividade, emprego ou qualidade educativa. No caso dos indicadores, estes 
são mais específicos e precisos e por isso facilitam a avaliação da mudança em 
uma variável que, por sua vez, faz parte de uma variável superior. 
Os índices são expressões matemáticas ou estatísticas mais elaboradas 
que permitem aos avaliadores aproximarem-se a um dado estatístico de 
referência sobre o comportamento global de um grupo de indicadores. Desta 
forma, pode-se estabelecer índices de desenvolvimento, índices de pobreza ou 
de competitividade. (BAPTISTA, 2015). 
19 
 
Os indicadores de efeitos ou resultados, segundo Baptista (2015), estão 
vinculados a variáveis significativas que medem algumas das dimensões 
estabelecidas pelo projeto. Estas variáveis podem ser qualitativas ou 
quantitativas e são medidas ao final do projeto. Em termos gerais, a avaliação 
registra o ‘antes” e o “depois” do projeto e para isso requer informação de uma 
linha base que marca o ponto de partida do projeto, calculando a diferença entre 
a condição observada em um beneficiário após o projeto e a condição estimada 
desse beneficiário anteriormente ao projeto. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Este estudo abordou o tema da gestão de projetos sociais e cumpriu com 
o objetivo de analisar os passos principais na elaboração de projetos sociais, 
vistos como ferramentas de gestão coletiva na solução de problemas de 
interesse geral. 
Abordou, no cumprimento desse objetivo, as implicações da 
implementação e impactos dos projetos sociais, a formulação e o 
desenvolvimento de projetos e pautas e recomendações no processo de gestão 
de projetos sociais. 
Em conclusão, indica inicialmente que a gestão de projetos sociais é parte 
da atividade do Serviço Social e seu planejamento e operação é uma arte e uma 
atividade que combina estratégias, valores e ações que tendem ao alcance de 
objetivos que efetivamente melhorem a qualidade de vida de comunidades ou 
grupos sociais. 
Desta forma, a gestão de projetos sociais envolve mais do que o simples 
alcance de objetivos e metas, pois contempla também a revisão dos impactos 
do projeto em distintas escalas e dimensões, exigindo uma formulação integral, 
com especial atenção aos detalhes operativos e às estratégias traçadas. 
20 
 
Por estas razões, afirma-se que um projeto social jamais pode ser uma 
atividade desenvolvida verticalmente, por uma instituição ou um profissional de 
forma isolada e solitária, pois a ideia é articular esforços e construir alternativas 
em conjunto com a comunidade, setor ou grupo abrangido. Isso demanda 
estabelecer um diálogo entre os saberes dos destinatários e o conhecimento 
científico e teórico do profissional. A tendência a construir propostas integrais 
requer, necessariamente,a participação de equipes interdisciplinares, em 
diálogo permanente com os destinatários, para que seja possível atender à 
problemática específica. 
Também se conclui que os projetos sociais possuem um forte 
componente operativo em seu desenvolvimento e, em geral, também são 
reflexões da mística ou da filosofia de seus promotores. A execução eficiente e 
a combinação apropriada entre o técnico e o social, que é inerente aos projetos, 
podem auxiliar a melhorar as condições de vida dos destinatários, contribuindo 
assim para a superação de problemas diversos, como a desigualdade, 
conjuntamente com outras múltiplas ações de ordem estrutural. 
Outra conclusão do estudo é que alcançar a coesão dos atores envolvidos 
em torno de projetos sociais é um desafio que implica melhorar os mecanismos 
de concorrência e articulação de esforços e recursos destinados ao público-alvo. 
Para isso é necessário profissionalizar os gestores de projetos para que sejam 
capazes de promover um planejamento participativo eficiente, o qual não apenas 
proporcionará maior certeza no cumprimento das metas como também 
contribuirá para fortalecer a legitimidade social dos projetos que sejam 
propostos. 
No âmbito da gestão social, portanto, é essencial superar a 
burocratização no planejamento e operação de projetos para atribuir-lhes 
dinamicidade e versatilidade, transitando para esquemas de gestão de projetos 
com maior flexibilidade e, ainda, garantindo sua continuidade, sua 
autossutentabilidade através de modelos inovadores de avaliação. 
21 
 
Finalmente, é necessário criar mecanismos de transparência em torno da 
elaboração de projetos e sua execução, o que é mais do que um dever 
democrático e uma responsabilidade nos processos de construção do 
desenvolvimento social – é também uma condição sem a qual o planejamento e 
a gestão de projetos sociais deixa de cumprir com suas finalidades e não 
contribui para com o fortalecimento da cidadania daqueles aos quais se destina.
22 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARMANI, Domingos. Como elaborar projetos: guia prático para elaborar e 
gestão de projetos sociais. 2. ed. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2009. 
 
BAPTISTA, Myrian Veras. Planejamento social: intencionalidade e 
instrumentação. 3. ed. São Paulo: Veras Editora, 2015. 
 
BAPTISTA, Myrian Veras. Planejamento Social. São Paulo: Cortez: 2010. 
 
BERTOLLO, Kathiuça. Planejamento em Serviço Social: tensões e desafios no 
exercício profissional. Temporalis, n. 31, a. 16, Brasília, jan/jun./2016, p. 333-
356. 
 
CARMO, Hermano. Desenvolvimento Comunitário. 3. ed. Lisboa: 
Universidade Aberta, 2013. 
 
COHEN, Ernesto. Avaliação de projetos sociais. 11. ed. São Paulo: Vozes, 
2013. 
 
CONTADOR, Claudio Roberto. Projetos sociais: benefícios e custos sociais, 
valor dos recursos naturais, impacto ambiental, externalidades. 5. ed. São 
Paulo: Atlas, 2014. 
 
KEELING, Renato Henrique. Gestão de projetos: uma abordagem global. São 
Paulo: Saraiva, 2019. 
 
MOURA, Dácio G.; BARBOSA, Eduardo F. Trabalhando com projetos: 
planejamento e gestão de projetos educacionais. Petrópolis: Vozes, 2017. 
 
NUNES, Maria Natália; VIANA, Ana Maria; AMARO, Rogério Roque; SERRA, 
Nuno Intervenção Comunitária: conhecimentos e práticas. Lisboa: Editora 
SCML, 2017. 
23 
 
 
RABECHINI JÚNIOR, Roque; CARVALHO Marly Monteiro. Fundamentos em 
Gestão de Projetos: construindo competências para gerenciar projetos. São 
Paulo. Atlas, 2011. 
 
WOLLER, Samsão; MATHIAS, Washington Franco. Projetos: planejamento, 
elaboração e análise. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
 
 
1 Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense. Pós-graduada em Serviço social e 
Gestão de Projetos e Serviço social Militar pelo Instituto Brasileiro de Formação. Rio de Janeiro. E-mail: 
natassis_abreu@id.uff.br

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