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1. Arboviroses (classificação, agentes etiológicos, epidemiologia, manifestações clínicas, diagnóstico, prognóstico e tratamento). “Arboviroses são as doenças causadas pelo chamados arbovírus, que incluem o vírus da dengue, Zika, febre Chikungunya e febre amarela. A classificação “arbovírus” engloba todos aqueles transmitidos por artrópodes,ou seja, insetos e aracnídeos (como aranhas e carrapatos).” → Todas as arboviroses são doenças de notificação compulsória. DENGUE Definição A dengue é uma doença infecciosa causada por qualquer um dos vírus dengue transmitidos a indivíduos suscetíveis por meio da picada de fêmeas infectadas de mosquitos do gênero Aedes. Para completar o ciclo de transmissão da doença, a fêmea do mosquito deve ingerir o vírus encontrado no sangue de um paciente durante a fase aguda, e o vírus deve ser capaz de se replicar no organismo do mosquito e migrar para as glândulas salivares, para então ser inoculado em indivíduo suscetível e nele induzir a doença Características Gerais Os vírus dengue (DENV) são transmitidos por mosquitos do gênero Aedes , sorologicamente classificados, com base em ensaios de neutralização, em quatro sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Os sorotipos são antigenicamente distintos, mas apresentam a mesma epidemiologia e causam doenças similares, não havendo imunidade protetora cruzada permanente entre eles, ainda que evidências indiquem que, imediatamente após a infecção por um dos sorotipos, o indivíduo estará imune à infecção pelos outros sorotipos por período variável ➔ Assim, indivíduos que vivem em áreas consideradas endêmicas, com a cocirculação dos quatro sorotipos, podem, teoricamente, adquirir a infecção pelos quatro sorotipos virais ao longo de sua vida Os DENV pertencem à família Flaviviridae e ao gênero Flavivirus, e a maioria deles é transmitida por mosquitos e carrapatos, embora não se saiba o mecanismo de transmissão de alguns deles. Assim, a maioria dos membros desse gênero são arbovírus (arthropod-borne virus), vírus que necessitam de artrópodes hematófagos para completar o seu ciclo biológico de transmissão. OBS: Sendo assim, acredita-se que a proteína NS1, assim como a proteína E, seja alvo importante durante a indução da imunidade humoral, podendo desempenhar papel significativo na patogênese da doença. Níveis elevados dessa proteína detectados no início da doença têm sido associados ao desenvolvimento das formas graves da doença com a febre hemorrágica da dengue (FHD) Epidemiologia Doença viral sistêmica, ocorre em áreas tropicais e subtropicais em mais de 125 países (é a doença viral transmitida por mosquitos de mais rápida disseminação no globo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS). A emergência global da dengue como problema de saúde pública tem sido associada a diversos fatores relacionados à rápida urbanização, aos novos padrões de deslocamentos humanos (aumento das viagens aéreas nacionais e internacionais, migração etc.) e à carência de programas eficientes de combate ao vetor transmissor da doença. A dispersão geográfica da doença e o aumento da cocirculação dos quatro sorotipos do dengue têm sido relacionados ao aumento da frequência dos deslocamentos humanos. A OMS estima a ocorrência de 50 a 100 milhões de casos de dengue por ano em todo o globo, com aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas em risco iminente de serem infectadas. ★ Dentre esses casos de dengue clássica (DC), aproximadamente de 500 mil a 1 milhão evoluem para as formas graves da doença com FHD. De acordo com a OMS, mais de 70% da população de risco para aquisição da doença vivem nas regiões do Sudeste Asiático e do oeste do Pacífico Patogênese Assim que o paciente é contaminado pelo mosquito, o vírus penetra na corrente sanguínea e nesse primeiro momento ele vai se deslocar preferencialmente para 3 locais: - monócitos - linfonodos - musculatura esquelética O objetivo nessa etapa é se multiplicar, então o RNA viral vai ser interpretado nos lisossomos para que sejam produzidas proteínas virais e, daí, a maturação dos vírions irá ocorrer dentro de organelas como o Complexo de Golgi ou o Retículo Endoplasmático, o que permitirá a liberação dos mesmos novamente na corrente sanguínea após um determinado período. É nesse momento que o vírus irá se disseminar por todo o corpo do paciente estimulando a produção de citocinas pró-inflamatórias Uma das estruturas mais afetadas pela inflamação é a PAREDE VASCULAR , que acaba aumentando a permeabilidade dela e com isso pode desencadear hemorragias ou a perda de plasma para o terceiro espaço 1) Teoria da facilitação dependente de anticorpos “A hipótese de maior aceitação se refere a fenômeno denominado aumento da infecção mediado pelos anticorpos” → preconiza a associação entre infecções secundárias e o aparecimento de FHD. O fato de as infecções secundárias levarem ao aumento da viremia e a maior risco de doença grave, em comparação com as infecções primárias, sugere que a imunidade preexistente ao DENV é fator de risco para FHD. Basicamente os anticorpos se ligariam ao sorotipo responsável pela infecção secundária, mas não o neutralizariam, formando complexos vírus anticorpo que, ao serem reconhecidos e internalizados por fagócitos mononucleares, através dos receptores dirigidos à porção Fc das imunoglobulinas, facilitariam a penetração do vírus em células monocitárias, o que resultaria em maior carga viral e maior intensidade da resposta imune, com maior liberação de citocinas e mediadores inflamatórios, o que poderia levar a doença mais grave. Quadro Clínico Após um período de incubação variável de 4 a 8 dias, a infecção por qualquer um dos sorotipos dos vírus dengue resulta em amplo espectro de doença, com parcela considerável de infecções assintomáticas. A maioria dos pacientes se recupera depois de uma doença autolimitada, enquanto alguns evoluem para doença grave, cuja característica fisiopatológica predominante é o extravasamento de líquido para o interstício OBS: Importante lembrar que a fase mais grave da doença ocorre em torno do quarto dia, quando o aumento na permeabilidade capilar, mensurada pelo aumento do hematócrito, pode resultar em choque hipovolêmico e consequente falência de múltiplos órgãos, acidose metabólica, coagulação intravascular disseminada e hemorragias de grande porte. DENGUE CLÁSSICA Na grande maioria dos casos, costuma ser benigna, com manifestações variadas quanto ao tipo e à intensidade dos sintomas, segundo características do vírus e da população acometida QUADRO CLÍNICO ● tem início súbito ● temperatura de 39° a 40° ● cefaleia intensa ● dor retro-ocular ● mialgia ● artralgia ● manifestações gastrointestinais (vômito e anorexia) ● exantema intenso no terceiro dia, no qual salientam pequenas áreas de pela sã , acompanhado de prurido com difícil controle ● petéquias A febre costuma ceder em até 6 dias, iniciando-se a convalescença, que pode durar semanas, com astenia e depressão EXAME HEMATOLÓGICO ● leucopenia ● neutropenia ● número de plaquetas é NORMAL FASE FEBRIL A fase febril é a mais conhecida por nós já que corresponde ao período sintomático clássico da doença, então ela se apresenta com uma febre alta (39-40aC) de início súbito e duração de 2 a 7 dias, frequentemente associada àqueles sintomas pouco específicos como a cefaléia, adinamia, mialgia, artralgia e dor retro-orbitária. FASE CRÍTICA Após a fase febril, boa parte dos pacientes evoluem direto para a recuperação, havendo melhora dos sintomas e do estado geral. Contudo, uma parte das pessoas podem entrar no que chamamos de fase crítica, a qual se caracteriza por uma melhora da febre entre o 3o e o 7o dia de doença, associada ao desenvolvimento de sinais de alarme, os quais são: ● dor abdominal intensa ● vômitos persistentes ● acúmulo de líquidos ● letargia/irritabilidade ● Hipotensão postural ● Hepatomegalia ● Sangramento de mucosa ● Aumento de Ht O que a presença de algum(ns) deles quer dizer para a gente? Isso indica que o paciente está deteriorando e temuma chance maior de evoluir com complicações da doença, sendo a principal: choque. CHOQUE Dengue provoca um quadro de inflamação sistêmica afetando especialmente as paredes dos vasos, o que leva a um aumento da permeabilidade vascular e favorece a perda de líquido para terceiro espaço, podendo causar choque , sendo que é válido a gente destacar que essa deterioração para o choque normalmente se dá dentro de um intervalo de 24-48h, costumando evoluir para o óbito em até 24h se nada for feito. OBS : Na avaliação dos pacientes com DC, é importante procurar sinais de alarme que apontem para quadro mais grave; pacientes apresentando tais sinais devem ser internados e avaliados frequentemente. Os sinais de alerta/alarme mais frequentemente observados na dengue são: dor abdominal, vômitos persistentes, evidência clínica de acúmulo de fluidos (p. ex., derrame pleural), letargia/irritabilidade, sangramento de mucosas, hepatomegalia maior do que 2 cm e aumento do hematócrito associado a trombocitopenia. FASE DE RECUPERAÇÃO Por fim, a última fase da doença é a de recuperação, que é quando o paciente começa a ter uma melhora progressiva dos sintomas e do estado geral, mas isso não significa que vamos ficar tranquilos e pronto. Nada disso. Lembra que a fase crítica começa do mesmo jeito, então é importante continuar acompanhando o paciente por um tempo e mantê-lo orientado de que deve retornar aos serviço caso identifique algum dos sinais de alarme. È nessa fase que o paciente irá começar a reabsorver o líquido perdido para terceiro espaço, de modo que nós devemos nos preocupar também com o risco de hiper-hidratação. Diagnóstico O diagnóstico laboratorial de dengue pode ser realizado por meio de métodos virológicos e sorológicos. 1) Diagnóstico Virológico Os métodos virológicos compreendem: o isolamento viral por inoculação em culturas celulares, animais e mosquitos; a detecção de antígenos virais por meio de testes imunoenzimáticos e imunocromatografia; O diagnóstico virológico pode ser efetuado a partir do sangue ou de outros fluidos orgânicos, fragmentos de órgãos e, também, macerados de mosquitos. Durante observação das células infectadas, a alteração morfológica (efeito citopático) faz suspeitar da presença viral, mas este achado não é constante. A confirmação do isolamento viral na cultura celular costuma ser feita de 6 a 10 dias após a inoculação, utilizando-se anticorpos monoclonais tipoespecíficos em teste de imunofluorescência indireto 2) Diagnóstico Sorológico Os métodos sorológicos indiretos se baseiam na pesquisa de anticorpos específicos contra o vírus dengue infectante. Embora existam técnicas de neutralização por redução de placas em culturas celulares, fixação do complemento e inibição da hemaglutinação (HAI) para a detecção de anticorpos contra os vírus dengue, esses testes não são usados na rotina diagnóstica, pois essas técnicas não permitem discriminar anticorpos oriundos de infecções prévias (IgG) daqueles de infecção aguda (IgM). Tratamento O tratamento da dengue consiste na hidratação precoce, da maneira mais agressiva possível, sempre levando em consideração a existência de cardiopatias e da capacidade dos pacientes de suportar a administração de grandes volumes de líquido. Como o aumento da permeabilidade capilar, com consequente extravasamento de plasma para o interstício e as cavidades, é o principal evento fisiopatológico da dengue, a hidratação é o único tratamento disponível, pois até o momento não há fármacos antivirais que tenham ação específica e efetiva contra os vírus dengue Nos casos benignos de febre indiferenciada e da DC, além da hidratação, o tratamento sintomático de febre, cefaleia, mialgias e artralgias é suficiente. ★ Entretanto, o uso de salicilatos deve ser evitado, pois esses fármacos podem causar hemorragias digestivas altas e acidose, além de atuarem sobre a agregação plaquetária, podendo agravar ainda mais os quadros graves da dengue. ★ Prefere-se utilizar o paracetamol ou a dipirona, tomando-se o cuidado com doses elevadas de paracetamol (acima de 4 g/dia, no adulto), já que é hepatotóxico ★ A OMS também recomenda evitar o uso dos anti-inflamatórios não hormonais (AINH), especialmente o ibuprofeno A reposição de sangue e concentrado de plaquetas não é preconizada, exceto em casos de hemorragias de grandes proporções. O tratamento deverá ser suspenso ao se iniciar a reabsorção do plasma extravasado, sendo necessário cuidado com o possível estado hipervolêmico do paciente. A partir desse momento, as condições hemodinâmicas se normalizam, retorna o apetite do paciente e o hematócrito cai a níveis abaixo de 40% Controle e prevenção Atualmente, as melhores ferramentas de prevenção e controle contra os DENV são as políticas públicas, que viabilizam o combate ao principal vetor das áreas urbanas, o Aedes aegypti. FEBRE CHIKUNGUNYA Tem sido detectada expansão geográfica do vírus Chikungunya (CHKV) e da infecção por ele causada, a febre Chikungunya o agente etiológico foi isolado e caracterizado como vírus da família Togaviridae, gênero alfavírus Patogenia Após a picada do mosquito infectado, existe um período de incubação que se estende por 2 a 12 dias (comumente entre 4 e 7 dias). Considera-se que as infecções assintomáticas sejam relativamente incomuns em relação às demais arboviroses, ocorrendo em 3,8 e 27,7% do total de casos. O início da doença costuma ser abrupto, com temperatura elevada (38,5°C), dor lombar, cefaleia, fadiga, mialgia e poliartralgia (87 a 98% dos pacientes, sendo mais frequentemente bilateral, simétrica, acometendo pulsos, tornozelos e falanges; mais raramente, acomete ombros, cotovelos e joelhos). Também é comum ocorrer edema articular Pode ocorrer ainda acometimento cutâneo, com rash macular ou maculopapular em cerca de metade dos casos (membros superiores e inferiores, tronco e face), prurido e descamação. Além disso, podem ocorrer diarreia e vômitos (menos frequentes), desânimo intenso e impossibilidade de realizar as tarefas comuns do dia a dia. A fase inicial ou aguda dura aproximadamente 1 semana. A partir desse momento, a doença pode evoluir para fase de convalescença ou mesmo crônica, que pode se estender por anos. Nessa fase, predominam a artralgia e dores musculoesqueléticas, que podem durar meses ou até anos. Esse quadro pode preencher os critérios estabelecidos para o diagnóstico de artrite reumatoide e espondiloartrite. Diagnóstico O diagnóstico é laboratorial. Inicialmente, é feita avaliação com exames gerais, mais inespecíficos, mas que já fornecem indícios da infecção pelo CHKV e procuram estabelecer diferenças entre essa infecção e a dengue, uma vez que ambas as viroses costumam ter circulação simultânea em várias localidades. Assim, o diagnóstico específico pode ser feito pela detecção do RNA viral, em plasma ou soro, onde se encontra em níveis bastante elevados na primeira semana da doença, caindo ao longo do tempo, quando passa a ser possível detectar anticorpos, inicialmente da classe IgM e, a seguir, da classe IgG. HEMOGRAMA: ● leucopenia ● contagem NORMAL de plaquetas EXAMES - RT-PCR (até o 8o após início dos sintomas); - IgM anti-CHIKV (a partir do 5o dia de doença); - Sorologia pareada de IgG anti-CHIKV (uma a partir do 6o dia e outro 15 dias depois) FASE AGUDA Na fase aguda, o paciente apresenta um quadro de febre alta de até 40oC e que dura no máximo 10 dias e, associado a isso, é muito frequente (mais de 90% dos pacientes) a queixa de poliartralgia intensa e incapacitante (comumente com edema periarticular), que acomete principalmente mãos, punhos e tornozelo – apesar de que em cerca de 40% dos casos também há comprometimento do esqueleto axial. Além disso tudo, o paciente também pode cursar com vários daqueles sintomas inespecíficos, inclusive o rash eritematoso maculopapular, FASE SUBAGUDA Após cerca de 10 dias a febre desaparece marcando o fim da fase aguda e o início da fase subaguda, a qual pode se estender por até 3 meses e que é marcada persistência da dor articular,normalmente nas mesmas articulações previamente acometidas, mas que agora pode começar a cursar com rigidez matinal, edema e tenossinovite hipertrófica, podendo levar a complicações como a Síndrome do Túnel do Carpo. Por fim, depois de 3 meses os pacientes costumam evoluir para a recuperação mesmo, no entanto, uma pequena parcela acaba entrando numa 3a fase da doença que é a fase crônica. FASE CRÔNICA A fase crônica é marcada por uma evolução do quadro articular, podendo apresentar deformação (como na Artrite Reumatoide) e, em 20% dos casos, o fenômeno de Raynaud. Mas além disso, o paciente pode voltar a apresentar vários dos sintomas inespecíficos como fadiga, cefaleia, prurido, alopecia, dor neuropática, distúrbio do sono, DENGUE X CHIKUNGUNYA Característica CHIKUNGUNYA DENGUE Febre +++ ++ Artralgia +++ +/- Artrite + - Cefaleia ++ ++ Erupção cutânea ++ + Mialgia + ++ Hemorragia +/- ++ Choque - + Linfopenia +++ ++ Neutropenia + +++ Trombocitopenia + +++ Hemoconcentração - ++ Tratamento Com relação à terapêutica, ainda não existem tratamentos específicos, apesar das várias tentativas já realizadas. São usados vários medicamentos na tentativa de reduzir o processo inflamatório e a dor intensa resultante. Em resumo, não há fármacos minimamente bem avaliados em seres humanos. Usar ribavirina eventualmente, muito embora as doses e o tempo de tratamento ainda não estejam definidos. ZIKA VÍRUS O Zika virus (ZIKV) é um arbovírus (arthropod borne virus) do gênero Flavivirus, família Flaviviridae Epidemiologia No Brasil, os primeiros casos de uma nova doença exantemática foram descritos no final de fevereiro de 2015 na Bahia. Logo se deflagrou grande epidemia afetando outros estados do Nordeste, principalmente Pernambuco e Paraíba, e alastrando-se por outras regiões do país. Até o final de abril de 2016 pouco mais de 120.000 casos já haviam sido notificados ao MS, com aproximadamente 40.000 casos confirmados laboratorialmente. Até o final de março de 2017 haviam sido notificados à Secretaria de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde do Brasil pouco mais de 220.000 casos suspeitos, sendo cerca de 215.000 em 2016 e cerca de 5.000 em 2017. Patogenia Seu ciclo reprodutivo é semelhante ao de outros flavivírus. Resumidamente, primeiro o vírion se liga à célula hospedeira através da glicoproteína E, o que induz a endocitose da partícula viral. A seguir, a membrana viral se funde com a membrana do endossoma e o ssRNA do genoma viral é liberado no citoplasma da célula hospedeira. Quadro clínico A infecção por ZIKV tem um período de incubação de 3 a 12 dias, após o qual iniciam-se as manifestações clínicas. Acredita-se que aproximadamente 80% das infecções sejam assintomáticas MANIFESTAÇÕES CLÍNICA: ● febre baixa e de curta duração ● erupção cutânea maculopapular e pruriginosa ● conjuntivite não purulenta ● artralgia ● edeme de penas articulações de pés e mãos ● cefaleia ● mialgia ● astenia Sintomas menos frequentes incluem anorexia, náuseas e vômitos, dores abdominais, diarreia, vertigem e sensação de queimação nas regiões palmo-plantares Raramente podem ocorrer dor retro-orbital, surdez transitória e zumbidos, além de sangramento subcutâneo. O sintoma principal é a erupção cutânea intensamente pruriginoso, de distribuição centrifuga, originando-se em geral na face e atingindo todo o corpo em poucos dias. Sinal característico é a presença de áreas epiteliais preservadas, sem exantema, que aparecem como zonas esbranquiçadas ao exame ➔ Os sintomas são autolimitados e em geral não perduram por mais de 4 a 7 dias Mas então, qual é o grande problema da Zika que justifique o fato dela precisar de notificação compulsória? É que esse vírus possui o que chamamos de “neurotropismo”, ou seja, é um vírus que gosta do tecido nervoso e isso pode levar a uma série de complicações graves, sendo as mais comuns: a) Síndrome de Guillain-Barré, uma doença desmielinizante que cursa com dor e fraqueza muscular progressiva, além de perdas motoras e paralisia flácida; b) Microcefalia, que é uma má formação do sistema nervoso central devido ao ataque do vírus a células ainda em fase de migração e diferenciação, de modo que a criança se apresenta com redução do perímetro cefálico, Diagnóstico O diagnóstico de ZIKA deve ser confirmado por meio da dosagem de RT-PCR que pode ser feita no soro (até o 7o dia) ou na urina (até o 14o dia), sendo que no caso do teste na urina é recomendado associar esse achado à dosagem de IgM anti-ZIKA e ao teste de PRNT. Agora, uma vez passado os 14 primeiros dias da doença, aí nossa saída será investir apenas no IgM anti-ZIKA e no PRNT. 1) Clínico O diagnóstico clínico deve ser sempre suspeitado na presença dos quadros descritos anteriormente se o paciente esteve em área endêmica ou com evidência de circulação ativa do vírus. Para fins de vigilância epidemiológica, o Ministério da Saúde adota as seguintes definições de casos ● Caso humano suspeito: pacientes que apresentem exantema maculopapular pruriginoso acompanhado de dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: Febre ou Hiperemia conjuntival sem secreção e prurido ou Poliartralgia ou Edema periarticular ● Caso humano confirmado: caso suspeito com um dos seguintes testes positivos/reagentes específicos para diagnóstico de Zika: Isolamento viral Detecção de RNA viral por reação da transcriptase reversa (RT-PCR) Sorologia IgM. 2) Laboratorial Inespecífico Os parâmetros bioquímicos e hematológicos são em geral normais, porém alguns pacientes podem apresentar: ● leucopenia ● neutropenia ● linfocitose com atipias ● monocitose ● elevação de ferritina proteína C Específico A comprovação laboratorial fundamenta-se na identificação do ZIKV ou de seus componentes por técnicas diretas ou indiretas. Os principais exames para a confirmação da infecção por ZIKV são: ● Isolamento do vírus ● Testes moleculares ● Testes sorológicos Tratamento Não existe tratamento antiviral específico para ZIKV ou outros flavivírus, à exceção do vírus da hepatite C. Assim, o tratamento é sintomático e de suporte geral, dependendo da gravidade do quadro clínico e disfunções ou insuficiências orgânicas presentes (felizmente bastante raras no caso de infecções por ZIKV). Favor verificar as seções sobre dengue e febre amarela para discussão mais pormenorizada do tratamento sintomático Profilaxia As medidas profiláticas baseiam-se no combate ao vetor e na proteção da transmissão sexual para as mulheres (particularmente gestantes) pela prática de sexo protegido por pelo menos 28 dias com parceiro que teve a infecção ou esteve em área com circulação ativa do vírus, uma vez que 80% das infecções em adultos podem ser assintomáticas. As medidas de combate ao vetor nas áreas urbanas estão descritas na seção sobre dengue e, resumidamente, consistem na eliminação de criadouros (coleções de águas paradas – latas velhas, pneus, vasos de plantas etc.) e no uso de inseticidas organofosforados, como o temefós, ou biológicos, como o Bacillus thurigiensis israelensis, aplicados aos criadouros de alto rendimento, como cisternas, caixas d’água comunitárias e outros grandes reservatórios. FEBRE AMARELA A febre amarela é uma doença infecciosa não-contagiosa, provocada por um arbovírus da família Flaviviridae, mesma família do vírus da dengue. O vírus é contraído pela picada dos mosquitos Haemagogus sp e Aedes aegypti, principalmente, além de outras espécies de Aedes, que se infectam ao ingerir sangue de humanos ou de macacos infectados, passando adiante o vírus. Epidemiologia A febre amarela é enzootia que acomete humanos por acidente. Periodicamente, podem ocorrer surtos epidêmicos de transmissão inter-humana em cidades, mediada pelo Aedes aegypti, denominada ciclo urbano Esse modo de transmissão foi o responsável pelas grandes epidemias de febre amarela do passado, que levaram ao reconhecimento da doença como entidade nosológica de grande repercussão em saúde pública. Para a manutenção do ciclo enzoótico natural, é necessário que hajauma população de hospedeiros suscetíveis e fontes de infecção (principalmente primatas não humanos), e uma população vetora grande o suficiente para manter a cadeia de transmissão. O comportamento da enzootia amarílica é bastante diverso entre a África, local de origem da doença, e as Américas do Sul e Central, onde a doença se instalou bem mais recentemente, com o tráfego negreiro e comercial implantado a partir do século 16. Patogenia Após a inoculação pelo vetor, as partículas virais são fagocitadas pelas células dendríticas da pele e transportadas pelo sistema linfático até o linfonodo adjacente, onde se multiplica inicialmente e ganha acesso à corrente sanguínea. A viremia aumenta rapidamente até 96 h, declinando também rapidamente a seguir, sendo praticamente indetectável após 120 h da infecção. O fígado é o órgão primariamente afetado na febre amarela. O vírus chega às células de Kupffer em menos de 24 h após a infecção original, lá se multiplicando e voltando à corrente sanguínea, através da qual infecta e afeta também o baço, o coração e os rins, principalmente O vírus amarílico, à semelhança do vírus da dengue, provoca intensa vasculite infecciosa, caracterizada por dano na microcirculação, que resulta em lesão tecidual por hipoxia de baixo fluxo, agravada pelas alterações hemodinâmicas e extravasamento de plasma observados. Quadro clínico A febre amarela apresenta-se com amplo espectro de manifestações clínicas, desde as formas oligossintomáticas ou assintomáticas até as graves, ictéricas, com manifestações de coagulação intravascular disseminada, choque e oligúria, que podem levar ao óbito Após período de incubação de 3 a 6 dias, que pode eventualmente se estender para até 10 dias, surge a primeira fase da doença, denominada fase de infecção ou virêmica . Caracterizada por febre alta, de início súbito, com cefaleia, mal-estar geral, tonturas, prostração e mialgia, principalmente lombossacral Após algumas horas podem aparecer: ● náuseas ● vômitos ● hiperemia conjuntival ● taquipneia Após 2 a 3 dias ocorre: ● regressão espontânea dos sintomas ● 70 a 80% dos casos evoluem para recuperação e cura, caracterizando as formas leves ou benignas da doença As alterações laboratoriais também são inespecíficas, com leucopenia, neutropenia, aumento de transaminases, proteinúria e viremia positiva (técnicas moleculares ou de isolamento viral positivas). Nas formas graves, após período de 2 a 48 h de remissão ou melhora parcial do quadro inicial, ocorre recrudescimento dos sintomas, rapidamente progressivo, com retorno da febre ainda mais elevada, toxemia, cefaleia e prostração intensas, acompanhadas por icterícia e vômitos, em geral, incoercíveis. Trata-se da fase denominada de intoxicação, toxemia ou de localização, em que não se detecta o vírus amarílico no sangue periférico, embora o mesmo ainda possa ser detectado no fígado, baço, coração, nos rins e linfonodos, principalmente ★ O óbito ocorre entre o sétimo e o oitavo dia, por hemorragias incontroláveis seguidas de colapso circulatório e choque. Por fim, na forma maligna (íctero-hemorrágica-renal), que é a menos comum, todos os sintomas aqui descritos podem estar presentes, porém intensificados. E além das alterações laboratoriais já descritas, na forma maligna da febre amarela pode ocorrer coagulação intravascular disseminada. Nesses quadros, os pacientes sempre apresentam os sintomas clássicos de falência hepato-renal, como anúria, icterícia. Diagnóstico 1) diagnóstico clínico O diagnóstico clínico deve ser sempre suspeitado quando os quadros descritos anteriormente envolverem paciente que esteve em área endêmica ou com sinais de circulação ativa do vírus amarílico, detectada principalmente pela ocorrência de epizootias em primatas não humanos ou por casos clínicos com diagnóstico confirmado anteriormente em laboratório Para fins de vigilância epidemiológica, o Ministério da Saúde adota as seguintes definições de casos de febre amarela: ● Caso humano suspeito: “Indivíduo com quadro febril agudo (até 7 dias), de início súbito, acompanhado de icterícia e/ou manifestações hemorrágicas, residente ou procedente de área de risco para febre amarela ou de locais com ocorrência de epizootias em primatas não humanos ou isolamento de vírus em vetores nos últimos 15 dias, não vacinado ou com estado vacinal ignorado para febre amarela” ● Caso humano provável: “Indivíduo com critério de caso suspeito e com exame laboratorial preliminar reagente, aguardando conclusão da investigação e contraprova laboratorial.” 2) Diagnóstico laboratorial O hemograma apresenta: ● leucopenia ● neutropenia ● eosinopenia ● linfocitose Tratamento Não existe tratamento antiviral específico para febre amarela ou outros flavivírus, à exceção do vírus da hepatite C (VHC). Assim, o tratamento é sintomático e de suporte geral, dependendo da gravidade do quadro clínico e das disfunções ou insuficiências orgânicas encontradas. Os anti-inflamatórios não hormonais (AINH) podem ser usados para controle da febre, mialgia e do mal-estar geral observado nas formas leves e moderadas. Porém, os salicilatos devem ser evitados, por aumentarem o risco de hemorragias potencialmente fatais. → Para o controle de hipertermia e cefaleia, pode-se usar dipirona → A metoclopramida pode ser usada por via oral (VO) nos casos mais leves, e por via parenteral (VP) ou por supositórios nos casos de vômitos incoercíveis Nos casos graves, deve-se manter oferta adequada de oxigênio e controle estrito das condições hemodinâmicas, com reanimação volêmica conforme necessário. Também se devem monitorar cuidadosamente as condições de hidratação, diurese, equilíbrio hidroeletrolítico e os gases arteriais. Para a reanimação volêmica, a reidratação parenteral deve ser feita com soluções cristalóides ou soro glicofisiológico de preferência, de modo intenso e criterioso Vacinação e Controle As medidas profiláticas para a febre amarela baseiam-se no combate ao vetor e na proteção da população humana exposta pela vacinação. As medidas de combate ao vetor nas áreas urbanas estão descritas na seção sobre Dengue e, resumidamente, consistem na eliminação de criadouros (coleções de águas paradas – latas velhas, pneus, vasos de plantas etc.) e no uso de inseticidas A vacinação é a principal medida de proteção individual e de populações expostas à febre amarela. Atualmente, as vacinas de febre amarela são vacinas de vírus vivo atenuado em embriões de galinha. No Brasil, seu uso está indicado dos 9 meses aos 60 anos de idade, para residentes em áreas com recomendação de vacinação – desde que não portadores de doenças ou condições que acarretem imunossupressão – e viajantes que se dirijam a essas regiões ou para países que exigem a certificação internacional de vacina de febre amarela (devendo, neste caso, ser realizada com 10 dias de antecedência, nos casos de primovacinação). 2. Discorra sobre a fisiopatologia da febre. “ Febre é o aumento na temperatura corporal + aumento no ponto de ajuste hipotalâmico” A temperatura dos tecidos internos do organismo (temperatura interna) permanece constante dentro de ±0,6°C, apesar da grande flutuação da temperatura ambiente. Acredita-se que a temperatura corporal média normal geralmente situa-se entre 36,7°C e 37°C, quando medida oralmente, e é cerca de 0,6°C maior quando medida retalmente. A Temperatura Corporal é Controlada pelo Equilíbrio entre a Produção e Perda de Calor A produção de calor é um subproduto do metabolismo. O calor extra pode ser gerado pela contração muscular (calafrio) a curto prazo ou pelo aumento de tiroxina a longo prazo. A maioria do calor produzido no organismo é gerada nos tecidos internos. A taxa de perda de calor é determinada pela taxa de condução de calor até a pele e a taxa de condução de calor entre a pele e o ambiente ao redor. Regulação da temperatura corporal – o papel do hipotálamo A região pré-óptica hipotalâmica anterior contém um grande número de neurônios sensíveis ao calor, enquanto o septo e a substânciareticular do mesencéfalo contêm um grande número de neurônios sensíveis ao frio. Quando os centros de temperatura detectam que o organismo está muito quente ou muito frio, essas áreas estabelecem mecanismos apropriados e familiares de aumento ou diminuição de temperatura. Mecanismos de Diminuição de Temperatura • A vasodilatação dos vasos sanguíneos da pele pode aumentar a quantidade de transferência de calor para a pele até oito vezes. • A sudorese aumenta a taxa de perda de calor por evaporação. Um aumento de 1°C acima do nível normal de 37°C induz sudorese suficiente para remover 10 vezes a taxa basal de produção de calor. Mecanismos de Aumento da Temperatura Quando o organismo está muito frio, os sistemas de controle de temperatura iniciam mecanismos para reduzir a perda de calor e aumentar a produção de calor: • A vasoconstrição dos vasos sanguíneos da pele diminui a transferência de calor do centro do organismo. • A piloereção levanta os pelos para prender o ar perto da pele e criar uma camada de ar quente que atua como um isolante. Esse mecanismo funciona melhor em animais que tem uma camada completa de pelos. Os vestígios desse sistema estão presentes em seres humanos na forma de arrepios, mas a eficácia desse mecanismo em humanos é limitada por causa da relativa escassez de pelo corporal. • Mais calor é produzido pelos sistemas metabólicos, como excitação simpática de produção de calor, aumento da secreção de tiroxina e calafrios. Os calafrios podem aumentar a taxa de produção de calor em quatro a cinco vezes. O centro motor primário de calafrios está localizado na parte dorsomedial do hipotálamo posterior; essa área é inibida pelo aumento da temperatura corporal e estimulada pela diminuição de temperatura corporal. Os sinais de saída dessa área não são rítmicos e não causam um tremor muscular real; em vez disso, eles causam aumento generalizado do tônus muscular. Esse aumento do tônus muscular configura uma oscilação no reflexo de estiramento do músculo, que produz um tremor muscular. Durante o calafrio máximo, a produção de calor corporal pode subir quatro a cinco vezes acima do normal. O Ponto de Ajuste para o Controle da Temperatura O organismo mantém uma temperatura central crítica de aproximadamente 37,1°C. Quando a temperatura corporal aumenta acima desse nível, os mecanismos de perda de calor são iniciados. Quando a temperatura corporal cai abaixo desse nível, os mecanismos de geração de calor têm início. Essa temperatura crítica é chamada de ponto de ajuste do sistema de controle de temperatura. Todos os mecanismos de controle de temperatura tentam continuamente trazer a temperatura corporal de volta a esse nível. Anormalidades da regulação da temperatura corporal A Febre é uma Temperatura Corporal Acima do Normal Uma elevação da temperatura corporal pode ser causada por uma anormalidade no cérebro ou por substâncias tóxicas que afetem os centros de regulação da temperatura. A febre resulta de uma mudança no ponto de ajuste pelo controle da temperatura; essa reconfiguração pode resultar de proteínas, de produtos da degradação de proteínas ou toxinas bacterianas (lipopolissacarídios), chamados coletivamente pirogênios. Alguns pirogênios atuam diretamente no centro de controle de temperatura, mas a maioria atua indiretamente. Quando partículas bactérias ou virais estão presentes no organismo, elas são fagocitadas por leucócitos, macrófagos teciduais e grandes linfócitos exterminadores granulares. Em resposta às partículas fagocitadas, essas células liberam citocinas, um grupo diversificado de moléculas peptídicas sinalizadoras envolvidas nas respostas imunes inata e adaptativa. Uma das citocinas mais importantes que causam a febre é a interleucina 1. A interleucina 1 induz a formação de prostaglandina E2, que atua no hipotálamo para induzir a reação febril. Quando a formação de prostaglandina é bloqueada por medicamentos, a febre é completamente anulada ou pelo menos reduzida. Esse é o mecanismo proposto para a ação do ácido acetilsalicílico e outros antipiréticos que reduzem o nível da febre e explica por que esses compostos não reduzem a temperatura corporal em uma pessoa normal e saudável (que não tem níveis elevados de interleucina 1). Quando o mecanismo da interleucina 1 redefine o ponto de ajuste do controle de temperatura, a temperatura corporal é mantida em um nível mais elevado. A elevação do ponto de ajuste da temperatura corporal induz a sensação subjetiva de estar frio e os mecanismos nervosos iniciam o calafrio e a piloereção. Uma vez que a temperatura corporal tenha alcançado o novo ponto de ajuste, o indivíduo não tem mais a sensação subjetiva de estar frio e a temperatura corporal está elevada acima do normal. Quando o organismo elimina os pirogênios, o ponto de ajuste do controle de temperatura volta ao normal. Nesse ponto, a temperatura corporal está muito quente, o que induz as sensações subjetivas de estar muito quente e os mecanismos nervosos iniciam a vasodilatação dos vasos sanguíneos da pele e a sudorese. Essa mudança brusca de eventos em um estado febril é conhecida como “crise” ou, mais apropriadamente, “rubor” e normalmente sinaliza que a temperatura irá diminuir em breve Mecanismos da FEBRE Muitas proteínas, produtos de degradação de proteínas e algumas outras substâncias liberadas pelas membranas celulares bacterianas podem provocar a elevação do set point termostático do centro hipotalâmico. A febre desaparece quando é removida a condição que provocou a elevação do set point termostático do centro hipotalâmico. De modo geral, as febres reguladas pelo hipotálamo não ultrapassam 41°C, sugerindo um mecanismo de segurança termostático intrínseco. Temperaturas acima desse nível são, habitualmente, resultado de atividade superposta, como convulsões, estados de hipertermia ou comprometimento direto do centro de controle da temperatura. Pirógenos são substâncias exógenas ou endógenas que induzem febre. Pirógenos exógenos são provenientes de fora do corpo e incluem substâncias como produtos bacterianos, toxinas bacterianas ou microrganismos integrais. Pirógenos exógenos induzem as células hospedeiras a produzir mediadores indutores de febre denominados pirógenos endógenos. Quando existem bactérias ou produtos da degradação de bactérias nos tecidos ou no sangue, as células fagocíticas do sistema imune entram em ação. Essas células fagocítica digerem os produtos bacterianos e, depois, liberam citocinas pirogênicas, principalmente interleucina 1 (IL-1), interleucina 6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), para a corrente sanguínea e, daí, para o hipotálamo, onde exercem suas ações. Essas citocinas induzem prostaglandina E2 (PGE2), que é um metabólito do ácido araquidônico (um ácido graxo intramembrana). Aventa-se que PGE2 é liberada para o hipotálamo quando a interleucina 1B (IL-1B) interage com as células endoteliais da barreira hematencefálica nos capilares da lâmina terminal do órgão vascular (OVLT), que se localiza no terceiro ventrículo acima do quiasma óptico. Nesse ponto a PGE2 se liga a receptores no hipotálamo e induz elevações do set point no centro termorregulador via segundo mensageiro monofosfato cíclico de adenosina (cAMP). Em resposta a essa elevação do set point no centro termorregulador, o hipotálamo inicia calafrios e vasoconstrição para elevar a temperatura central do corpo até um novo ponto e ocorre febre Manifestações clínicas comuns da febre São anorexia, mialgia, artralgia e fadiga. Essas manifestações são piores quando a temperatura corporal se eleva rapidamente ou excede 39,5°C. A frequência respiratória aumenta e, em geral, a frequência cardíaca também. A desidratação ocorre por causa da sudorese e do aumento da perda hídrica consequente da frequência respiratória aumentada. Muitas das manifestações clínicas estão relacionadas com a elevação da taxa metabólica, com o aumento das demandas de oxigênio e do uso das proteínas corporais como fonte de energia. Quando a febre é prolongada existe degradaçãoaumentada das reservas endógenas de gordura. Se a degradação da gordura for rápida, pode ocorrer acidose metabólica. Cefaleia é um sintoma que comumente acompanha a febre e acredita-se que resulta da dilatação dos vasos cerebrais. Delirium é possível quando a temperatura corporal ultrapassa 40°C, contudo, em adultos mais velhos confusão mental e delirium podem ocorrer mesmo com elevações moderadas da temperatura corporal. Por causa da captação de oxigênio progressivamente menor pelos pulmões de pessoas mais velhas, a função pulmonar pode ser um fator limitante no hipermetabolismo que acompanha a febre nos idosos. Confusão, perda da coordenação e agitação psicomotora comumente refletem a hipoxemia cerebral. Padrões da FEBRE Os padrões de alteração da temperatura corporal nas pessoas com febre são variáveis. Além disso, a variação diurna média da temperatura corporal resulta em elevação no final da tarde ou no início da noite. Esses padrões podem ser descritos como intermitente, remitente, contínuo ou recorrente . OBS: Sistema de isolamento do corpo A pele, os tecidos subcutâneos e, em especial, o tecido adiposo atuam em conjunto como um isolante. O tecido adiposo é importante, pois conduz um terço do calor produzido em relação aos outros tecidos. O isolamento debaixo da pele é meio eficiente de manter a temperatura central interna normal Regulação da Temperatura Corporal – O Papel do Hipotálamo A variação de temperatura atmosférica de 13 a 54,5ºC pode fazer a temperatura corporal variar de 36,1 a 37,8ºC. A temperatura é regulada por um feedback pelo centro regulatório da temperatura (hipotálamo). O papel da área pré-óptica-hipotalâmica anterior na detecção termostática da temperatura: em experimentos com termódio (aquecido ou resfriado), este afetava duas áreas principais: núcleos pré-óptico e hipotalâmico anterior do hipotálamo. Concluíram que a área hipotalâmica anterior pré-óptica contém grande número de neurônios sensíveis ao calor, bem como um terço de neurônios sensíveis ao frio. O��: Esses neurônios atuam como sensores de frio e calor. Quando ocorre um aumento de temperatura corporal a pele e corpo produzem sudorese profusa, enquanto os vasos sanguíneos se dilatam. Assim tem como objetivo retornar os valores de temperatura normais Excitação química simpática de produção de calor É denominada de termogênese química ou termogênese sem calafrios. Ocorre um aumento do metabolismo celular por meio de uma estimulação simpática de epinefrina ou norepinefrina. Ou seja, é resultante da capacidade da epinefrina ou da norepinefrina de desacoplar a fosforilação oxidativa, que significa a oxidação do excesso de alimentos liberando energia em forma de calor, mas não causa a formação de ATP. A termogênese se encontra proporcional a quantidade de gordura marrom (tecido adiposo) que a pessoa tem, uma vez que neste tecido tem uma quantidade grande de mitocôndrias especiais, onde pode ocorrer o desacoplamento dos processos oxidativos. Além disso, a gordura marrom é inervada pelas fibras simpáticas que liberam a norepinefrina, que estimula a expressão tecidual da proteína desacopladora das mitocôndrias, podendo aumentar a termogênese. A termogênese aumenta de forma significativa com a aclimação e com o aumento correspondente a ingestão dos alimentos A gordura marrom nos adultos é pouca, podendo contribuir em torno de 10-15% de produção de calor, mas em lactentes tem uma quantidade de gordura interescapular que pode aumentar a produção de calor por 100% (mecanismo importante na manutenção da temperatura normal nos neonatos). ‘’Ponto de ajuste’’ para o controle da temperatura" É o ponto fixo (37,1C), ou seja, é o ponto crítico de ajuste onde que a produção e a inibição precisam se ajustar para ficar próximo a esse ponto. Quando passa do ponto de ajuste (acima de 37,1C), o corpo começa inibir a produção de calor, e quando se encontra menor que 37,1C, o corpo começa a produzir mais calor. Em casos de calor: O normal seria ocorrer a sudorese com o objetivo de eliminar o calor. Logo, na medida em que ocorre a diminuição da sudorese, liberação de calor, o ponto de ajuste vai aumentando para manter o equilíbrio. Em suma: Muita sudorese em elevadas temperaturas, logo tem um ponto de ajuste baixo para tentar compensar muito calor. Na medida em que for diminuindo a sudorese (ou seja, diminuindo a temperatura corporal, logo sem necessidade de ter sudorese, vai aumentando o ponto de ajuste. O��: Caso não tivesse esse ajuste, a perda de calor seria muito intensa devido a sudorese ser um fator a mais na eliminação do calor Mecanismos Pode ser causada por anormalidades do cérebro ou por substâncias tóxicas que afetam os centros reguladores da temperatura. Reajuste do centro de regulação hipotalâmico da temperatura nas doenças febris – efeito dos pirogênios: O ponto de ajuste do termostato hipotalâmico se eleva com a presença de proteínas, produtos da degradação das proteínas, e outras substâncias como toxinas de lipossacarídeos oriundas das membranas das bactérias. O��: Tais substâncias são denominadas de pirogênicas. Quando ocorre o aumento do ponto de ajuste, o nosso corpo vai conservar o calor e produzir mais calor para tentar chegar ao nível do ponto fixo (ou ponto de ajuste). Dessa forma, pode causar a febre. Mecanismo de ação dos pirogênicos na causa da febre – o papel das citocinas: Os pirogênicos podem atuar de forma direta (vai para o hipotálamo e gera um efeito imediatamente) ou na forma indireta (precisa de um período de latência até poder gerar o efeito – Acontece em bactérias gram-negativas). Sendo assim, ocorre a seguinte forma: bactérias ou produtos da degradação das bactérias são fagocitados por Leucócitos, Macrófagos teciduais e Linfócitos NK. Ao serem digeridas, ocorre a liberação de respostas por meio das citocinas. Para a febre a mais importante é a interleucina-1 (chamada de pirogênio leucocitário ou pirógeno endógeno). A IL-1 é liberada pelos macrófagos e entra nos líquidos corporais e vai até o hipotálamo. A IL-1 induz na formação de prostaglandina, principalmente a prostaglandina E2, que atua no hipotálamo para desencadear a febre. O��: Em alguns fármacos são usados a inibição da PG, a exemplo da aspirina que inibe a formação da PG a partir do ácido araquidônico. Caracterização da febre em intensidade (caso tenha sido aferida). De acordo com a temperatura axilar: 1. Febrícula (até 37,5ºC); 2. Febre moderada (de 37,6ºC à 38,5ºC); 3. Febre elevada (acima de 38,6ºC) Caracterização da febre em duração: 1. Febre aguda (menos de 7 dias de duração); 2. Febre prolongada (mais de 7 dias de duração). Caracterização da febre em término: 1. Crise (desaparecimento súbito, geralmente seguido de intensa sudorese e prostração); 2. Lise (desaparecimento gradual, que demora de horas a dias, até atingir a temperatura normal). RESUMINDO O hipotálamo pode ser anatomicamente dividido em duas áreas: anterior e posterior. A porção anterior, também chamada de centro dissipador de calor, age de forma para aumentar o “desperdício” de calor e, consequentemente, a “saída” dele do corpo. Para que isso ocorra, depois de estimulado, suas vias eferentes irão promover a vasodilatação vascular periférica e aumento da sudorese. Enquanto isso, se a porção posterior do hipotálamo (centro promotor de calor) for ativada promoverá a produção e conservação de calor por meio da vasoconstrição periférica, aumento da atividade metabólica e aumento do tônus muscular. Esse último explica o porquê dos calafrios quando se tem febre. O que acontece de fato quando se tem febre é que o nível de termorregulação do hipotálamo – geralmente prefixado para 36,5ºC – é elevado, desencadeando a ativação do centro promotor de calor. Essa elevação do termostato humano é dependente, provavelmente, da prostaglandina E2. Para que haja produção desse agente, o organismo precisa primeiro ser induzido a produzir citocinas (pirógenos endógenos) a partir das células de defesa que estão lutando contra um pirógeno exógeno.Essas citocinas irão interagir com elementos sensoriais no órgão vascular da lamina terminal e outras regiões do cérebro, promovendo a síntese da prostaglandina E2. Ela consegue, então, atravessar a barreira hemato-encefálica e ascender o ponto prefixado, estimulando os mecanismos do centro promotor. Depois de aumentado o calor corporal, o centro dissipador de calor é ativado para tentar reestabelecer a temperatura normal. Fenômeno denominado de crises, que ocorre por desaparecimento do fator indutor ou administração de antipiréticos. Destacam-se as citocinas: interleucina-1 (IL-1), interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral (caquetina, TNF), interferon alfa e beta (FNT), proteína α1 inflamatória do macrófago (PIM), entre outras que são produzidas especialmente por células capazes de realizar a fagocitose, como os macrófagos. Além desses, estima-se que outras células sejam capazes de produzi-las, tais como, granulócitos, monócitos, linfócitos, eosinófilos, hepatócitos, etc. Os estímulos para que essas células produzam pirógenos endógenos são inúmeros, endotoxinas de microorganismos, vírus, bactérias, hormônios (esteróides, progesterona, etiocolanolona), pólen, vacinas, proteínas ou produtos de sua desintegração, etc. Os pirógenos endógenos, além de causarem a febre, desencadeiam a resposta de fase aguda, com modificações metabólicas como mialgias, artralgias, anorexia e sonolência. No entanto, deve-se lembrar que o sintoma nem sempre é causado por mediação de pirógenos exógenos estimulando os endógenos. Venenos de escorpião, DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano, usado em pesticidas no combate aos mosquitos da malária e do tifo) e a radiação podem influenciar diretamente no hipotálamo desregulando todo o sistema térmico corpóreo. ● Febre intermitente é aquela na qual a temperatura corporal retorna ao valor normal pelo menos uma vez a cada 24 h ● Febre remitente a temperatura corporal não retorna ao normal e varia alguns graus para cima e para baixo. ● Febre contínua a temperatura corporal permanece acima do normal com variações mínimas (geralmente < 0,55°C). ● Febre recorrente é aquela na qual há um ou mais episódios de febre, cada um deles com vários dias de duração, com um ou mais dias de temperatura corporal normal entre os episódios. 3. Qual o manejo e a investigação de um paciente com febre? Os comportamentos fisiológicos que ocorrem durante o desenvolvimento de febre podem ser divididos em quatro estágios sucessivos : 1.Pródromo 2.Calafrios, quando a temperatura corporal se eleva 3.Rubor cutâneo 4.Defervescência. Durante o primeiro período (prodrômico) existem queixas inespecíficas, tais como cefaleia e fadiga discretas, mal-estar geral e dores fugazes. Durante o segundo período (calafrio) existe a sensação desconfortável de frio e o início de tremores generalizados, embora a temperatura corporal esteja subindo. De modo geral, vasoconstrição e piloereção precedem o aparecimento de tremores. Nesse ponto, a pele está pálida e arrepiada. Existe a sensação de frio e urgência para colocar mais roupa ou cobertas e se encolher em uma posição que conserve o calor corporal. Quando os tremores fazem a temperatura corporal alcançar o novo set point do centro de controle da temperatura, os tremores desaparecem e surge a sensação de calor. Nesse momento começa o terceiro estágio (rubor cutâneo) – ocorre vasodilatação cutânea e a pele se torna quente e ruborizada. O quarto estágio (defervescência) da resposta febril é caracterizado pelo início da sudorese. Nem todas as pessoas passam pelos quatro estágios de desenvolvimento da febre. Pode não ocorrer sudorese e a febre pode se instalar gradativamente sem calafrios ou tremores. Diagnóstico A maioria das doenças febris consiste em infecções comuns e seu diagnóstico é relativamente fácil. Todavia, em determinados casos é difícil estabelecer a causa da febre. Febre prolongada cuja causa é difícil de determinar é, com frequência, denominada febre de origem indeterminada (FOI) ou febre persistente inexplicada. A FOI é definida como elevação da temperatura corporal para 38,3°C, ou mais elevada, durante 3 semanas ou mais e inclui 1 semana de investigação diagnóstica abrangente que não identifica a causa. Entre as causas de FOI estão processos malignos (p. ex., linfomas, metástases para o fígado e o SNC); infecções como tuberculose, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou abscessos, e febre medicamentosa. Processos malignos, sobretudo linfoma não Hodgkin, são causas importantes de FOI em pessoas idosas. Cirrose hepática é outra causa de FOI. Tratamento Os métodos de tratamento da febre focalizam em modificações do ambiente externo para aumentar a transferência de calor do ambiente interno para o ambiente externo, suporte para o estado hipermetabólico associado a febre, proteção dos órgãos e sistemas de órgãos vulneráveis e tratamento da infecção ou condição responsável pela febre. Como a febre é uma manifestação clínica, é necessário fazer o diagnóstico e tratar a causa primária. A modificação do ambiente facilita a transferência de calor para fora do corpo. Banhos com esponjas embebidas com água fria ou solução alcoólica podem ser dados para aumentar a perda de calor por evaporação, embora seja necessário cuidado para não resfriar a pessoa rápido demais. É melhor levar a pessoa para uma unidade de saúde para determinar se ela precisa de medicação intravenosa (hidratação, antitérmicos) e assistência médica. Resfriamento mais vigoroso pode ser conseguido com o uso de mantas ou colchão de resfriamento, que facilitam a condução de calor do corpo para a solução de refrigeração que circula no colchão. É preciso ter cuidado e evitar que o método de resfriamento não provoque vasoconstrição e tremores que reduzem a perda de calor e aumentam a produção de calor. Hidratação e carboidratos simples são necessários para manter o estado hipermetabólico e evitar a degradação tecidual que são característicos da febre. Hidratação adicional é necessária por causa da sudorese e para contrabalançar a perda insensível de água pelos pulmões em decorrência do aumento da frequência respiratória. A administração de soluções apropriadas é crucial para manter o volume vascular adequado para o transporte de calor para a superfície cutânea. Agentes antipiréticos, como ácido acetilsalicílico, ibuprofeno e paracetamol, são frequentemente usados para aliviar o desconforto provocado pela febre e para proteger órgãos vulneráveis como o encéfalo das elevações extremas da temperatura corporal. Acredita-se que esses fármacos redefinem o set point do centro termorregulador no hipotálamo para um nível mais baixo, presumivelmente pelo bloqueio da atividade da COX, uma enzima que é necessária para a conversão de ácido araquidônico em PGE2. Febre em crianças Febre ocorre com frequência em lactentes e crianças pequenas, sendo um motivo comum de atendimento em pronto-socorro. Lactentes e crianças pequenas têm função imunológica menos bem desenvolvida e são mais comumente infectados por microrganismos virulentos. Além disso, os mecanismos de controle da temperatura corporal não são tão bem desenvolvidos nos lactentes como nas crianças maiores e nos adultos. Embora lactentes com febre possam não parecer doentes, isso não implica na ausência de doença bacteriana. Em lactentes com menos de 3 meses de vida uma elevação discreta da temperatura corporal (ou seja, temperatura retal de 38°C) pode indicar infecção grave. Embora o diagnóstico diferencial de febre seja muito amplo e inclua causas infecciosas e não infecciosas, a maioria das crianças com febre tem uma infecção subjacente. As causas mais comuns são infecções leves ou mais graves do sistema respiratório, do sistema digestório, do sistema urinário ou do SNC. A epidemiologia da doença bacteriana grave foi drasticamente modificada pela implementação das vacinas contra Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae em países desenvolvidos. Haemophilus influenzae do tipo b foi quase eliminadoe a incidência de doença pneumocócica causada por sorotipos vacinais e por sorotipos com reação cruzada diminuiu substancialmente. Febre em lactentes e crianças pode ser classificada como de baixo ou alto risco, dependendo da probabilidade da infecção evoluir para bacteriemia ou meningite e sinais de toxemia. Recém-nascidos (1 a 28 dias de vida) com febre devem ser considerados portadores de infecção bacteriana que pode causar bacteriemia ou meningite. Sinais de toxemia incluem letargia, alimentação insatisfatória, hipoventilação, comprometimento da oxigenação tecidual e cianose. De modo geral, são solicitadas contagem de leucócitos (total e diferencial) e hemoculturas em lactentes e crianças de alto risco para determinar a causa da febre. Radiografia de tórax deve ser solicitada no caso de lactentes com menos de 3 meses de vida que apresentem pelo menos um sinal de doença respiratória (p. ex., taquipneia, estertores, diminuição do murmúrio vesicular, sibilos, tosse). A abordagem terapêutica da criança pequena com febre sem causa conhecida depende da idade da criança. Recém-nascidos e lactentes são, com frequência, hospitalizados para investigação e tratamento da febre Febre em adultos mais velhos Nos adultos mais velhos, até mesmo elevações discretas da temperatura corporal podem indicar doença ou infecção grave, causada mais frequentemente por bactérias. Isso ocorre porque os idosos têm, com frequência, temperatura corporal basal mais baixa e, embora a temperatura corporal deles se eleve durante uma infecção, não atinge níveis considerados altos. A temperatura corporal normal e o padrão circadiano de variação da temperatura estão, com frequência, modificados nos idosos. Febre nos adultos mais velhos realmente aumenta a resposta imunológica deles, mas geralmente a resposta é muito mais fraca do que nas pessoas mais jovens. Outro fator que pode retardar o reconhecimento de febre em adultos mais velhos é o método de aferição da temperatura corporal. Já foi sugerido que a aferição da temperatura retal e da temperatura timpânica é mais efetiva nesses indivíduos porque condições como respiração bucal, tremores da língua e agitação psicomotora frequentemente dificultam a aferição acurada da temperatura oral. https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-do-estado-do-para/febre-inflamacao- e-infeccao/tutoria-ase11p01-resumo-guyton-e-hall-fisiologia-medica-13-ed/4734316 4. Quais são as doenças febris que cursam com exantema e mialgia (diagnóstico diferencial)? CLASSIFICAÇÃO DOS EXANTEMAS Exantema maculopapular: manifestação cutânea mais comum nas doenças infecciosas sistêmicas. Mais comumente associado a vírus, porém também observado em várias doenças de etiologia bacteriana, parasitária, riquetsioses, micoplasmose e intoxicações medicamentosas ou alimentares. Pode ser caracterizado em diversos tipos: • Morbiliforme: pequenas maculo-pápulas eritematosas (3 a 10 mm), avermelhadas, lenticulares ou numulares, permeadas por pele sã, podendo confluir. É o exantema típico do sarampo, porém pode estar presente na rubéola, exantema súbito, nas enteroviroses, riquetsioses, dengue, leptospirose, toxoplasmose, hepatite viral, mononucleose, síndrome de Kawazaki e reações medicamentosas. https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-do-estado-do-para/febre-inflamacao-e-infeccao/tutoria-ase11p01-resumo-guyton-e-hall-fisiologia-medica-13-ed/4734316 https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-do-estado-do-para/febre-inflamacao-e-infeccao/tutoria-ase11p01-resumo-guyton-e-hall-fisiologia-medica-13-ed/4734316 • Escarlatiniforme: eritema difuso, puntiforme, vermelho vivo, sem solução de continuidade, poupando a região perioral e áspero (sensação de lixa). Pode ser denominado micropapular. É a erupção típica da escarlatina; porém, pode ser observada na rubéola, síndrome de Kawazaki, reações medicamentosas, miliária e em queimaduras solares. • Rubeoliforme: semelhante ao morbiliforme, porém de coloração rósea, com pápulas um pouco menores. É o exantema presente na rubéola, enteroviroses, viroses respiratórias e micoplasma. • Urticariforme: erupção papuloeritematosa de contornos irregulares. É mais típico em algumas reações medicamentosas, alergias alimentares e em certas coxsackioses, mononucleose e malária. Exantema papulovesicular: presença de pápulas e de lesões elementares de conteúdo líquido (vesicular). É comum a transformação sucessiva de maculo-pápulas em vesículas, vesico-pústulas, pústulas e crostras. Pode ser localizado (ex. herpes simples e zoster) ou generalizado (ex. varicela, varíola, impetigo, estrófulo, enteroviroses, dermatite herpetiforme, molusco contagioso, brucelose, tuberculose, fungos, candidíase sistêmica). Exantema petequial ou purpúrico: alterações vasculares com ou sem distúrbios de plaquetas e de coagulação. Pode estar associado a infecções graves como meningococcemia, septicemias bacterianas, febre purpúrica brasileira e febre maculosa. Presente também em outras infecções como citomegalovirose, rubéola, enteroviroses, sífilis, dengue e em reações por drogas. SARAMPO Etiologia e forma de transmissão: Doença viral aguda, causada pelo Morbilivirus (família Paramixoviridae). A transmissão ocorre através de aerossóis respiratórios. Grupo etário: Todos. Pessoas não vacinadas e/ou que não tiveram a doença são suscetíveis. Quadro Clínico: Febre alta, acima de 38,5ºC, exantema maculopapular generalizado, tosse, coriza, conjuntivite e manchas de koplik (enantema patognomônico de aspecto esbranquiçado localizado na mucosa bucal, antecedendo o exantema). As manifestações clínicas são divididas em três períodos. Período de infecção: Dura cerca de sete dias, iniciando com período prodrômico, quando surge a febre, acompanhada de tosse produtiva, coriza, conjuntivite e fotofobia. Do 2º ao 4º dia desse período surge o exantema, quando se acentuam os sintomas iniciais. O paciente apresenta prostração, exantema cutâneo maculopapular de coloração vermelha, iniciando na região retro auricular. Imagem que identifica manchas de KOPLIC. Remissão: Caracteriza-se pela diminuição dos sintomas, com declínio da febre. O exantema torna-se escurecido, em alguns casos surge descamação fina lembrando farinha (furfurácea). Transmissibilidade: De 4 a 6 dias antes do exantema, o período de maior transmissibilidade ocorre entre dois dias antes e dois dias após o inicio do exantema. O vírus vacinal não é transmissível. Diagnóstico laboratorial: Sorologia para anticorpos específicos (Elisa) em amostra coletada até 28 dias após o início do exantema. Prevenção e tratamento: Não há tratamento específico, sinais e sintomas apresentados devem ser tratados de acordo com a sintomatologia e a terapêutica adequada. A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência de casos. DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA RUBÉOLA Etiologia e forma de transmissão: Doença exantemática aguda causada pelo Rubivirus (família togaviridae). Apresenta curso benigno, mas sua importância epidemiológica está relacionada à síndrome de rubéola congênita (SRC). Quando a infecção ocorre durante a gestação pode causar aborto, natimorto e malformações congênitas, tais como cardiopatias, catarata e surdez. Transmissão: Contato com secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas. A transmissão indireta, mesmo sendo pouco frequente, ocorre mediante contato com objetos contaminados com secreções de nasofaringe nas fezes, sangue e urina. Grupo Etário: São suscetíveis todas as pessoas não vacinadas e/ou que não tiveram a doença. Quadro clínico: É caracterizado por exantema maculopapular e puntiforme difuso, com início na face, couro cabeludo e pescoço, espalhando-se posteriormente para tronco e membros. Febre baixa e linfadenopatia retroauricular, occiptal e cervical posterior também são possíveis de ocorrer. Geralmente antecedem o exantema, no período de 5 a 10 dias, e podem perdurar por algumas semanas. Formas inaparentes são frequentes, principalmente em crianças. Adolescentes e adultos podem apresentar um período prodrômicocom febre baixa, cefaleia, dores generalizadas (artralgias e mialgias), conjuntivite, coriza e tosse. A leucopenia é comum e raramente ocorrem manifestações hemorrágicas. Diagnóstico laboratorial: Sorologia para anticorpos específicos (Elisa) em amostra, coletada até 28 dias após o inicio do exantema. Prevenção e tratamento: Não há tratamento específico. Sinais e sintomas apresentados devem ser tratados de acordo com sintomatologia e terapêutica adequada. A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência de casos. DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA ESCARLATINA Etiologia e forma de transmissão: Causada pelo Streptococcus pyogenes, uma bactéria beta hemolítica do Grupo A, produtora de toxina eritrogênica. A transmissão ocorre através do contato com secreções respiratórias. Grupo etário: Acomete principalmente crianças de 2-10 anos de idade. Quadro Clínico: Período de incubação de 2-5 dias. Concomitante ou após faringoamigdalite membranosa, apresenta-se com febre alta e mal-estar, exantema eritematoso puntiforme (pele áspera como uma lixa), palidez peribucal (Sinal de Filatov), linhas marcadas nas dobras de flexão (Sinal de Pastia) e língua em framboesa. Descamação extensa em mãos e pés (em dedos de luva), inicia após uma semana. Transmissibilidade de 10-21 dias em pacientes não tratados e sem complicações. Complicações podem ocorrer dentro de 1-5 semanas e incluem glomerulonefrite aguda e febre reumática aguda. Complicações tardias incluem coreia de Sydenham e cardiopatia reumática Diagnóstico Laboratorial: O diagnóstico laboratorial pode ser realizado através de teste rápido (aglutinação de Látex) em secreção colhida de orofaringe. Prevenção e tratamento: Tratamento específico com antibióticos. Não há vacina. Contactantes portadores devem ser tratados. MONONUCLEOSE INFECCIOSA (EPSTEIN-BARR) Etiologia e forma de transmissão: Doença viral causada pelo vírus Epstein-Barr, um herpesvírus. A transmissão ocorre principalmente de pessoa a pessoa por meio de contato com saliva de pessoas infectadas. Crianças pequenas podem infectar-se por contato com saliva em objetos ou mãos. Em adultos jovens, o beijo facilita a transmissão. Grupo etário: Atinge crianças e adolescentes. Quadro Clínico: Em 50% dos casos a infecção é sub-clínica ou assintomática. Em pacientes com a forma clínica, o pródromo é muito discreto ou ausente. O quadro clínico característico é de febre, linfoadenopatia, amigdalite membranosa e esplenomegalia. Pode apresentar exantema, variável e inconstante que está associado ao uso de antibióticos (penicilinas, cefalosporinas e seus derivados). O período de incubação é de 4-6 semanas. O Período de transmissibilidade é prolongado, podendo estender-se por um ano ou mais. ERITEMA INFECCIOSO-PARVOVÍRUS B19 Etiologia e forma de transmissão: Doença viral de evolução benigna, causada pelo parvovírus humano B19. Transmissão: A via respiratória é a mais importante, principalmente em comunidades fechadas. A transmissibilidade máxima ocorre antes do exantema. Grupo etário: acomete preferencialmente crianças de 2 a 14 anos. Quadro clínico: Geralmente sem pródromos, podendo surgir alguns sinais inespecíficos, como febrícula, mialgia e cefaleia. O exantema inicia-se pela face sob a forma de eritema difuso, com distribuição em “vespertilho” e edema de bochechas (fácies esbofeteada). As outras regiões da face são poupadas. O exantema é tipo maculopapular, com palidez central que confere rendilhado à lesão. Acomete o tronco e a face extensora dos membros, podendo regredir em até 3 semanas. Pode haver recorrência da doença pela ação de estímulos como o sol, o estresse e variação de temperatura. 5. Antitérmicos (mecanismo de ação, classificação, indicação, efeitos colaterais geral e efeitos adversos em doenças hemorrágicas ou potencialmente hemorrágicas). Anti-inflamatórios não-esteróides(AINES) Todos os AINES são antipiréticos, analgésicos e anti-inflamatórios, com exceção do paracetamol que tem ação antipirética e analgésica, mas praticamente não possui atividade anti-inflamatória. - paracetamol - dipirona Mecanismo de ação: Demonstrou inibir a ação de pirógeno endógeno no centro termorregulador por bloqueio da produção e liberação de prostaglandina no sistema nervoso central. A febre ocorre quando a PGE elevada atua na área pré-óptica do hipotálamo anterior, resultando em diminuição da perda de calor e aumento do ganho de calor. Em alguns fármacos são usados a inibição da PG, a exemplo da aspirina que inibe a formação da PG a partir da inibição do ácido araquidônico, mais precisamente a COX-2. No entanto, alguns AINES possuem mecanismos de ação adicionais como, inibição da quimiotaxia, infra-regulação da produção de interleucina1, diminuição na produção de radicais livres e superóxido e interferência nos eventos intravasculares mediados pelo cálcio Efeitos: Há dois sítios de ação no qual os fármacos podem agir: ● Em primeiro instante, perifericamente, diminuindo a produção de PG sensibilizando os mediadores químicos da inflamação e seus eventos vasculares. ● Sua segunda ação é central, menos caracterizada possivelmente na medula espinhal. As lesões inflamatórias aumentam a liberação de PG na medula, o que facilita a transmissão de dor através de neurônios Reações adversas: As complicações gastrintestinais podem estar associadas ao uso dos AINES, e não se pode esquecer que o uso crônico dessas medicações pode acarretar esofagite, gastrite ou duodenite, úlcera gástrica ou duodenal. Os efeitos no sistema renal por AINES se atribui à inibição da síntese de PG, o que leva a isquemia renal reversível, declínio da pressão hidrostática e insuficiência renal aguda. Alguns AINEs são contraindicados para o tratamento destas doenças, como ácido acetilsalicílico (aspirina), por aumentar o risco de hemorragias, já que têm atividade anti- gragante plaquetária. Alterações da coagulação Durante o período febril, observam-se reduções variáveis da atividade de diferentes fatores da coagulação, como fibrinogênio, fator V, fator VII, fator VIII, fator IX e fator X, além da antitrombina e da α2 -antiplasmina. Essas alterações justificam os prolongamentos discretos do tempo de protrombina e tempo de tromboplastina parcial ativada. São descritas elevações das concentrações dos produtos de degradação do fibrinogênio/fibrina (PDF) e dos dímeros-D5 Em decorrência dessas alterações da hemostasia, o uso do ácido acetilsalicílico, de antiinflamatórios não-hormonais e administração de grandes quantidades de expansores de volume (Dextran 40 e Haemacel) são considerados fatores de risco para sangramentos 6. Descreva a dengue hemorrágica (fisiopatologia e manifestações clínicas). DENGUE HEMORRÁGICA QUADRO CLÍNICO: ● tem inicia-se abruptamente , similar a forma clássica de dengue ● febre alta ● náuseas ● vômitos ● mialgias ● artralgias ● Fenômenos hemorrágicos surgem próximo ao período de defervescência da doença, por volta do quarto ou quinto dia, com petéquias na face, véu palatino, axilas e extremidades Fisiopatologia da dengue hemorrágica A dengue hemorrágica é manifestação rara e ocorre quase que exclusivamente em pacientes com experiência anterior, sugerindo fisiopatologia associada a hiper-resposta imune mediada por anticorpos heterólogos. Aumento de TNF, IL-2 e CD8 solúvel sugerem hiperativação de células CD4 e CD8 de memória. Há evidência de hiperexpressão de receptores Fc e antígenos MHC classes I e II e aumento sérico de vários mediadores inflamatórios como consequência de lise de células endoteliais e mononucleares. O resultante da hiperresposta imunológica é uma combinação de vasculopatia e coagulopatia de consumo. A diátese hemorrágica da dengue é causada por vasculopatia, trombocitopenia e coagulopatia leve, que são responsáveis pelos sangramentos cutâneos e mucosos . O aumento da fragilidade vascular é provavelmente decorrente da ação direta do vírus, que já ocorreria na fase de viremia ou estágio inicial febril. Alterações da coagulação Durante o período febril, observam-se reduções variáveisda atividade de diferentes fatores da coagulação, como fibrinogênio, fator V, fator VII, fator VIII, fator IX e fator X, além da antitrombina e da α2 -antiplasmina. Essas alterações justificam os prolongamentos discretos do tempo de protrombina e tempo de tromboplastina parcial ativada. São descritas elevações das concentrações dos produtos de degradação do fibrinogênio/fibrina (PDF) e dos dímeros-D5 Em decorrência dessas alterações da hemostasia, o uso do ácido acetilsalicílico, de antiinflamatórios não-hormonais e administração de grandes quantidades de expansores de volume (Dextran 40 e Haemacel) são considerados fatores de risco para sangramentos Se inadequadamente tratado, o quadro pode evoluir para o aparecimento de púrpuras e grandes equimoses na pele, epistaxes, gengivorragias, metrorragias e hemorragias digestivas moderadas Ao exame físico, observa-se fígado palpável e doloroso, 2 a 4 cm abaixo do rebordo costal, e, em alguns casos, esplenomegalia. Hepatomegalia, hematêmese e dor abdominal indicam mau prognóstico, com provável evolução para choque. A SCD costuma surgir entre o quinto e o sétimo dia de doença, quando a plaquetopenia também tende a ser mais acentuada, mantendo-se este estado crítico por 12 a 24 h. Os pacientes se mostram agitados e em alguns casos referem dor abdominal. Posteriormente, tornam-se letárgicos, afebris e com sinais de insuficiência circulatória: pele fria e pegajosa, cianose perioral, pulso rápido e sudorese fria. A pressão arterial se mostra convergente, baixa ou imensurável. Instalam-se acidose metabólica e coagulação intravascular disseminada (CIVD). Com ausência de tratamento, o óbito costuma ocorrer em 4 a 6 h. Entretanto, após recuperação, o paciente geralmente não apresenta sequelas. → Portanto, o diagnóstico de FHD/SCD deve ser lembrado sempre que o paciente apresentar quadro clínico compatível com DC e, após 5 dias do início do quadro, houver prova do laço positiva, equimoses, petéquias ou púrpuras, sangramento de mucosas, hematêmese ou melena, plaquetopenia (plaquetas abaixo de 100.000/mm3 ), alteração do hematócrito superior a 20% ou sinais de perda plasmática(p. ex., derrame pleural, ascite ou hipoproteinemia) Os parâmetros clínicos da FHD são doença febril com sintomas característicos da dengue e duração de aproximadamente 1 semana, e manifestações hemorrágicas, sejam elas provocadas, como no caso da prova do laço, ou espontâneas, como as petéquias, equimoses ou hemorragias de grande monta. Como critério laboratorial de FHD/SCD utilizam-se dois importantes parâmetros: o hematócrito deve estar 20% ou mais acima do nível habitual do paciente ou diminuir em 20% ou mais após hidratação vigorosa, e a plaquetopenia (observada em 70 a 80% dos casos) deve apresentar níveis abaixo de 100.000/mm3 . http://www.arquivosonline.com.br/2007/8902/pdf/8902015.pdf 7. Diferencie HIV de Aids. HIV e aids não são sinônimos. HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus causador da aids, que ataca células específicas do sistema imunológico (os linfócitos T-CD4+), responsáveis por defender o organismo contra doenças. Ter HIV não significa que a pessoa desenvolverá aids; porém, uma vez infectada, a pessoa viverá com o HIV durante toda sua vida. Não existe vacina ou cura para infecção pelo HIV, mas há tratamento. Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é a doença causada pelo HIV, que ataca células específicas do sistema imunológico, responsáveis por defender o organismo de doenças. Em um estágio avançado da infecção pelo HIV, a pessoa pode apresentar diversos sinais e sintomas, além de infecções oportunistas (pneumonias atípicas, infecções fúngicas e parasitárias) e alguns tipos de câncer. Sem o tratamento antirretroviral, o HIV usa essas células do sistema imunológico para replicar outros vírus e as destroem, tornando o organismo incapaz de lutar contra outras infecções e doenças. A transmissão do HIV se dá por meio de relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas, materiais perfurocortantes contaminados e não esterilizados e por meio da transmissão vertical durante a gravidez, parto e/ou amamentação, quando não tomadas as devidas medidas de prevenção. Aproximadamente 866 mil pessoas vivem com HIV no Brasil e, a cada ano, são registrados cerca de 40 mil novos casos de HIV, principalmente entre os jovens. Muitas pessoas ainda desconhecem o seu status sorológico; por isso, é necessário que todos os indivíduos com vida sexual ativa façam a testagem regular para o HIV. Além disso, é importante conhecer as formas de transmissão e prevenção ao HIV. http://www.arquivosonline.com.br/2007/8902/pdf/8902015.pdf 8. HIV (diagnóstico, fisiopatologia, janela imunológica, manifestação clínica, tratamento) O sistema de classificação atual do CDC para a infecção pelo HIV e Aids categoriza os pacientes com base nas condições clínicas associadas à infecção pelo HIV junto com o nível da contagem de linfócitos TCD4+. Um caso confirmado de HIV pode ser classificado em um de cinco estágios clínicos da infecção pelo HIV (0, 1, 2, 3 ou desconhecido). Se tiver havido um teste de HIV negativo dentro de 6 meses do primeiro diagnóstico da infecção pelo HIV, o estágio é 0 e permanece 0 até 6 meses depois do diagnóstico. A doença avançada pelo HIV (Aids) é classificada como estágio 3 se uma ou mais doenças oportunistas específicas forem diagnosticada Os critérios de definição e estadiamento da Aids são complexos e abrangentes, estando bem estabelecidos para propósitos de vigilância em vez da prática clínica com os pacientes. Assim, o médico não deve preocupar-se com o fato de o paciente adequar-se ou não à definição estrita de Aids, mas considerar a doença causada pelo HIV como um espectro que inclui infecção primária com ou sem a síndrome aguda, período relativamente assintomático e doenças oportunistas avançadas AGENTE ETIOLÓGICO O agente etiológico da Aids é o HIV, que pertence à família dos retrovírus humanos (Retroviridae) e à subfamília dos lentivírus. Os retrovírus que comprovadamente causam doença nos seres humanos pertencem a dois grupos distintos: o vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV)-1 e o HTLV-2, os quais são retrovírus transformadores; e os vírus da imunodeficiência humana, HIV-1 e HIV-2, que causam efeitos citopáticos diretos ou indiretos TRANSMISSÃO O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais (heterossexuais e homossexuais masculinas); pelo sangue e hemocomponentes; e pelas mães infectadas aos seus filhos nos períodos intraparto e perinatal, ou durante o aleitamento materno. TRANSMISSÃO SEXUAL Basicamente, a infecção pelo HIV é uma infecção sexualmente transmissível (IST) de distribuição mundial. Sem dúvida, principalmente nos países em desenvolvimento, o mecanismo de infecção mais comum é a transmissão heterossexual, embora em muitos países ocidentais a transmissão homossexual masculina predomine. Embora diversos fatores, como carga viral e coexistência de doenças genitais ulcerativas, afetem a eficiência da transmissão heterossexual do HIV, esse mecanismo geralmente é ineficiente. Uma revisão sistemática recente encontrou um baixo risco por evento de transmissão heterossexual na ausência de antirretrovirais: 0,04% para transmissão da mulher para o homem e 0,08% para a transmissão do homem para a mulher durante relação sexual vaginal na ausência de terapia antirretroviral ou uso de preservativos TRANSMISSÃO POR USO DE DROGAS INJETÁVEIS O HIV pode ser transmitido para UDIs expostos ao HIV pelo compartilhamento de equipamentos de injeção, como as agulhas, as seringas, a água em que as drogas são misturadas ou o algodão com o qual as drogas são filtradas. A transmissão parenteral do HIV durante o uso de drogas injetáveis não requer punção intravenosa; as injeções subcutâneas (pico na pele) ou intramusculares (pico no músculo) também podem transmitir o HIV, embora essas práticas às vezes sejam erroneamente consideradas de baixo risco. TRANSMISSÃO POR TRANSFUSÃO DE SANGUE E DERIVADOS O HIV pode ser transmitido
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