Prévia do material em texto
Conhecendo o Transporte de Cargas e de Passageiros SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 656025 59 p. :il. – (EaD) Curso on-line – Conhecendo o Transporte de Cargas e de Passageiros – Brasília: SEST/SENAT, 2017. 1. Transporte de carga. 2. Transporte de passageiros. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 5 Unidade 1 | O Transporte de Cargas 6 1 Histórico do Transporte de Cargas 7 2 Responsabilidades do Transportador 8 2.1 Responsabilidade Legal 8 2.2 Responsabilidade Fiscal 8 2.3 Responsabilidade Social e Ambiental 8 2.4 Responsabilidade Patrimonial 9 2.5 Responsabilidade no Transporte de Pessoas 9 3 Legislação Brasileira para o Transporte de Cargas 10 4 Tipos de Cargas 12 5 Principais Características das Cargas 13 6 Principais Riscos no Transporte de Cargas 14 7 Importância do Controle do Peso da Carga 15 7.1 Prejuízos Causados pelo Excesso de Peso no Transporte de Cargas 16 7.2 Limites Legais do Peso de Cargas 17 8 Eixos 19 9 Fatores que Impactam no Valor do Frete 20 10 Transporte de Produtos Perigosos 21 10.1 Tipos de Produtos Considerados Perigosos 22 10.2 Marcas e Rotulações de Produtos Perigosos 23 10.3 Equipamentos de Proteção Individual para Transporte de Cargas Perigosas 25 10.4 Documentos Necessários para o Transporte de Cargas Perigosas 26 11 Transporte de Cargas Excepcionais e Indivisíveis 28 4 12 Transporte de Cargas Vivas 29 Atividades 30 Referências 31 Unidade 2 | O Transporte de Passageiros 34 1 O Transporte de Passageiros no Brasil 35 2 Formas do Transporte Rodoviário de Passageiros 37 3 Condições do Veículo para Transporte de Passageiro 42 4 Uso do Cinto de Segurança 43 5 Condições de Saúde do Motorista 43 6 Transbordo 44 6.1 Casos de Transbordo Previstos em Lei 44 7 Direitos e Garantias no Transporte de Passageiros 45 7.1 Crianças e Adolescentes 45 7.2 Idosos 46 7.3 Pessoas com Necessidades Especiais 46 8 Desistência da Viagem ou Transferência do Bilhete de Passagem 47 9 Transporte de Bagagem 48 10 Lei do Descanso 49 11 Direção Defensiva 50 12 Uma Aula de Física 51 13 Convívio Social no Trânsito 52 Atividades 54 Referências 55 Gabarito 58 5 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Conhecendo o Transporte de Cargas e de Passageiros! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. Este curso possui carga horária total de 25 horas e foi organizado em 2 unidades, conforme a tabela a seguir. Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br. Bons estudos! Unidades Carga Horária Unidade 1 | O Transporte de Cargas 13h Unidade 2 | O Transporte de Passageiros 12h 6 UNIDADE 1 | O TRANSPORTE DE CARGAS 7 Unidade 1 | O Transporte de Cargas 1 Histórico do Transporte de Cargas No passado, até o final do século XVIII, usavam-se os rios para o transporte de cargas em longas distâncias, e carroças com tração animal para o transporte em pequenas distâncias ou para a distribuição local de produtos. No transporte fluvial, os caminhos ficavam restritos às bacias hidrográficas, sem conseguir transpor os relevos. Já no século XIX, com a invenção da máquina a vapor, surge o transporte ferroviário, que mudou o cenário dos sistemas de transportes, tanto de cargas como de pessoas. Os trens cortavam os vales e montanhas, como serpentes de aço, trazendo uma grande facilidade de locomoção. Esse século ficou conhecido como o século da ferrovia, pois as linhas férreas cortaram as terras interiores dos países, trazendo desenvolvimento em regiões ainda não habitadas e um eficiente transporte de produtos e pessoas. No início do século XX, com a invenção dos motores a explosão, outro cenário se abre aos transportes de cargas. Em um primeiro momento, o que era distribuído por carroças com tração animal, começa a ser distribuído por pequenos veículos motorizados, mas preservando o uso dos trens como meio de transporte de longa distância. Demorou ainda cerca de 50 anos para que os veículos motorizados fossem explorados na sua real capacidade e comandassem os transportes, mesmo em longas distâncias. As facilidades de cargas e descargas, agilidade nos deslocamentos, flexibilidade nas rotas, transformaram o transporte rodoviário no principal meio de transporte logístico. 8 2 Responsabilidades do Transportador Todo condutor profissional tem responsabilidades perante a sociedade pelo que transporta em seu veículo, e tais responsabilidades podem ser classificadas como: 2.1 Responsabilidade Legal O condutor não deve transportar produtos que sejam considerados ilícitos perante as leis do país (exemplo: drogas, contrabando de mercadorias etc.). O condutor e o proprietário do veículo arcarão com as consequências de haver cargas ilegais no veículo. 2.2 Responsabilidade Fiscal Transportar com o pagamento de impostos e taxas em dia, referentes ao produto que transporta. 2.3 Responsabilidade Social e Ambiental Transportar cargas explosivas, tóxicas, radioativas, ou outras cargas, de forma que não provoquem danos à saúde das pessoas, ao meio ambiente e ao patrimônio público (exemplo: o transporte de animais portadores ou transmissores de doenças que possam colocar em risco a defesa sanitária do país). 9 2.4 Responsabilidade Patrimonial Transportar com a consciência de que compartilha as mesmas estradas que outras pessoas trafegam e que não pode provocar paralisia no trânsito ou danificar bens públicos. O condutor profissional será responsabilizado por qualquer dano ao patrimônio rodoviário. 2.5 Responsabilidade no Transporte de Pessoas Transportar pessoas com respeito e segurança atentando às normas previstas na legislação específica para esse tipo de transporte. a) Categorias de Habilitação As categorias para habilitações de condutores de veículos no Brasil são: • Categoria A Destinada ao condutor de veículo motorizado de 02 (duas) ou 03 (três) rodas, com ou sem carro lateral, que tenha a idade mínima de 18 (dezoito) anos. • Categoria B Destinada ao condutor de veículo motorizado cujo peso bruto total não ultrapasse a 3.500kg e cuja lotação não exceda a 08 (oito) lugares, excluído o do motorista, e que tenha a idade mínima de 18 (dezoito) anos. • Categoria C Destinada ao condutor de veículo motorizado voltado ao transporte de carga, cujo peso bruto total ultrapasse a 3.500kg, e que tenha a idade mínima de 18 (dezoito) anos, e ainda, que esteja habilitado há, no mínimo, um ano na categoria B e não tenha cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou seja reincidente em infrações 10 médias, durante os últimos doze meses. O condutor habilitado nesta categoria poderá dirigir veículos com cargas inflamáveis e perigosas desde que seja maior de 21 (vinte um) anos e tenha o curso MOPP (Curso de Movimentação de Produtos Perigosos). • Categoria D Destinada ao condutor de veículo motorizado utilizado no transporte de passageiros, cuja lotação exceda a 08 (oito) lugares, excluído o do motorista, que tenha idade mínima de 21 (vinte e um) anos, e ainda, esteja habilitado há, no mínimo, dois anos na categoria B, ou, no mínimo, há um ano na categoria C e não tenha cometido nenhuma infraçãograve ou gravíssima, ou seja reincidente em infrações médias, durante os últimos 12 (doze) meses. O condutor habilitado nesta categoria poderá dirigir veículos com cargas inflamáveis e perigosas desde que tenha o curso MOPP (Curso de Movimentação de Produtos Perigosos). • Categoria E Destinada ao condutor de veículo conjugado em que a unidade tratora se enquadre nas categorias B, C ou D e cuja unidade acoplada, tenha 6.000kg ou mais de peso bruto total, ou cuja lotação exceda a 08 (oito) lugares, ou seja, enquadrada na categoria “trailer” e que não tenha cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, ou ser reincidente em infrações médias, durante os últimos 12 (doze) meses. O condutor habilitado nesta categoria poderá dirigir veículos com cargas inflamáveis e perigosas desde que tenha o curso MOPP (Curso de Movimentação de Produtos Perigosos). 3 Legislação Brasileira para o Transporte de Cargas A legislação que regulamenta o transporte rodoviário de cargas prevê que todos os transportadores que realizam essa atividade econômica no Brasil, por terceiros e mediante remuneração, devem estar registrados no RNTRC (Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas). 11 Segundo esta legislação, os transportadores são classificados em: • Transportador Autônomo de Cargas – TAC; • Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas – ETC; • Cooperativa de Transporte Rodoviário de Cargas – CTC. O transportador que tenha a posse de veículo automotor de carga registrado no órgão de trânsito na categoria “particular” é identificado como Transportador de Carga Própria (TCP). É vedada a essa categoria a cobrança de frete ou de qualquer valor discriminado, que caracterize a remuneração pelo transporte, considerando que transporta mercadorias de sua propriedade e os custos dos transportes deverão estar nos custos dos produtos. Os benefícios relacionados aos registros no RNTRC são: • Aos trabalhadores: regulamentação e permissão do exercício da atividade; identificação da participação no mercado; conhecimento do grau de competitividade e inibição da atuação de atravessadores não qualificados. • Aos usuários: maior informação sobre a oferta de transporte; maior segurança ao contratar o transportador; redução de perdas e roubos de cargas e redução de custos dos seguros. • Ao país: conhecimento da oferta do transporte rodoviário de cargas; identificação da localização de transportadores; composição e idade média da frota; delimitação das áreas de atuação (urbana, estadual e regional) dos transportadores; tipo de transportadora (empresa, cooperativas e autônomos) e fiscalização da atividade. 12 g Mais informações podem ser obtidas no portal oficial da ANTT, confira através do link a seguir. http://www.antt.gov.br 4 Tipos de Cargas Existem várias classificações de cargas, mas as comumente usadas são: • Carga em geral: Refere-se a cargas de natureza generalizada e que podem ser acondicionadas em sacos, “bags”, fardos, caixas, engradados, amarrados, tambores metálicos ou plásticos, bobinas e outros. Podem conter vários volumes ou volumes unitários de grande porte e sem embalagem, tais como veículos, máquinas, blocos de pedras, contêineres, cofres, entre outros. • Carga refrigerada: Refere-se à carga que exige condições especiais de temperatura para manutenção de suas características orgânicas. Geralmente requer maior cuidado por ser passível de deterioração ou ter composição que exija esses cuidados. • Carga viva: Refere-se ao transporte de animais, tais como, bois, porcos, aves etc. Exigem acondicionamento especial para a preservação da vida, das condições de higiene e do bem-estar dos animais. Além disso, para esse tipo de transporte, é necessário que não se coloque em risco terceiros e o patrimônio público rodoviário. • Carga de produtos a granel: Refere-se a cargas sólidas, como cereais e fertilizantes, necessitando de carrocerias apropriadas e providas de mecanismos de carregamento e descarregamento adequados. Soma-se também, nesse grupo, carga líquida a granel com a utilização de tanques ou cisternas apropriadas, compreendendo transporte de água, leite, óleos alimentícios, entre outros líquidos considerados inofensivos. • Carga perigosa: São cargas que colocam em risco pessoas e o patrimônio público e que necessitam de autorizações especiais para transporte. Compreendem cargas tóxicas, inflamáveis, explosivas, entre outras. 13 • Cargas excepcionais e indivisíveis: São as que requerem condições especiais de deslocamento, como horário especial do trânsito, velocidade, sinalizações, acompanhamento, ou medidas específicas de segurança nas estradas, bem como de segurança de propriedade de terceiros e da própria rodovia. Compreende o transporte de implementos e máquinas agrícolas, partes estruturais, máquinas ou parte de máquinas e equipamentos, cujas dimensões e/ou peso excedam os limites fixados pelos órgãos competentes de trânsito, requerendo, geralmente, a utilização de veículos especiais. 5 Principais Características das Cargas Para determinar os custos do transporte e de valores de frete, é importante para o condutor conhecer e diferenciar as características abaixo: • Peso: A quantidade de eixos do veículo determina o peso da carga a ser transportada que ele pode suportar, de acordo com a legislação existente. • Volume: É o espaço volumétrico nas carrocerias dos veículos que poderá ser ocupado com as cargas/produtos. • Fragilidade: São as características das cargas que determinam os fatores que serão relevantes para a escolha do tipo de transporte. Por exemplo: produtos perecíveis; rapidez na carga e descarga; possibilidade de avaria; contaminação; danos ao veículo (produtos corrosivos) etc. • Periculosidade: São características de cargas que exigem habilitações diferenciadas do condutor, sinalizações no veículo, manuseio especial para carga e descarga, entre outros. • Características especiais: Mesmo sem possuir peso unitário e volume excessivo, existem cargas que exigem cuidados especiais com movimentações e armazenamento no veículo. 14 6 Principais Riscos no Transporte de Cargas Para fins de seguro, os principais tipos de riscos sofridos pelas cargas durante os procedimentos de movimentação e transporte podem ser enquadrados nos seguintes grupos: • Riscos Mecânicos: São resultados de vibrações, trepidações, frenagens, compressões, oscilações, atritos e impactos. • Riscos Físicos: Embora também apresentem riscos mecânicos, deles se diferenciam pelo fato de essa classe de riscos advirem de manuseio, movimentação, ou uso de equipamento inadequado, além de práticas incorretas de empilhamento e armazenamento. • Riscos Químicos: Causados pela possibilidade de reações químicas que alterem as características da mercadoria, tais como combustão espontânea devido ao baixo ponto de fulgor, oxidação, incompatibilidade, combinação, aderência etc. • Riscos Climáticos: Resultado da ação de agentes ambientais externos, tais como calor, frio, condensação, salinidade, umidade e mofo. • Riscos de Contaminação: São riscos provenientes de agentes contaminantes, ou de deterioração causada por elevada perecibilidade ou final da vida útil, ou de putrefação, manchas e agregação de odores. 15 • Riscos Humanos: São causados devido à imperícia, imprudência ou negligência do transportador ou de terceiros, ou devido ao dolo, roubo ou furto. • Riscos Imponderáveis: São decorrentes de acidentes ou causados por ação da natureza (raios, tempestades, furacões, enchentes etc.). • Riscos de Avaria: São ocasionados devido à embalagem insuficiente ou inadequada realizada pelo transportador, pela movimentação inadequada da carga ou de algum problema oculto que possa aparecer durante a troca de responsabilidade do transportador para o fornecedor/recebedor da mercadoria. 7 Importância do Controle do Peso da Carga Alguns transportadorestendem a burlar o peso máximo permitido para o transporte de cargas, já que na maioria das vezes o valor do frete é condicionado ao peso transportado. Quanto maior o peso, maior o valor do frete. Essa motivação em trafegar com excesso de peso prejudica a qualidade das rodovias e põe em risco a segurança do condutor e das demais pessoas que trafegam nas vias. Por isso há fiscalização para que as cargas transportadas não excedam o peso. Os condutores precisam se conscientizar que excesso de cargas nos veículos, ao danificar as vias, também prejudica os veículos, aumentando as despesas com manutenção. O asfalto é somente uma capa para impermeabilizar o pavimento e impedir que água chegue à parte do solo, que está compactado abaixo da capa do asfalto. Quando um veículo trafega com excesso de peso, acarretará a destruição da capa de asfalto e a água da chuva irá atingir as partes abaixo do leito da estrada, enfraquecendo o solo. Portanto, um veículo que trafega com excesso de peso vai deixando para trás falhas que atingirão outros, ou a si mesmo quando retornar à rodovia. 16 7.1 Prejuízos Causados pelo Excesso de Peso no Transporte de Cargas O excesso de peso, além de se constituir em infração de trânsito, com penas e sanções previstas em lei, traz uma série de outras consequências negativas, tais como: • Ao condutor: a incômoda situação de, ao ser detectado pela fiscalização, ter a sua viagem retardada para a lavratura de auto de infração, além da possibilidade de ter que providenciar a regularização do excesso por meio de remanejamento ou transbordo, o que ocasiona uma série de desgastes. • Ao transportador/proprietário do veículo: prejuízos com o ônus da multa, o atraso na entrega, elevação do custo de manutenção e diminuição da vida útil do veículo, provocada pelo excesso de peso. • Ao patrimônio público: redução drástica da vida útil dos pavimentos das rodovias pelo constante tráfego de veículos com sobrepeso aos limites estabelecidos pelos fabricantes, pela lei e pelo projeto de tráfego da rodovia. • Aos proprietários/embarcadores das cargas: desgaste e aborrecimentos com o atraso de suas mercadorias, com o ônus da multa e com o aumento dos custos de transporte que o excesso de peso pode acarretar. • Aos demais usuários: redução da segurança da via, pois veículos trafegando com excesso de peso, oferecem maiores riscos de acidente em função da danificação da via, reduzem a fluidez do tráfego, devido à extrapolação dos limites de peso/potência indicados pelo fabricante, e causam um impacto nas tarifas de pedágio, devido aos custos de manutenção do pavimento e de socorro aos veículos danificados pelo excesso de peso (veículos quebrados guinchados). 17 7.2 Limites Legais do Peso de Cargas O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), por meio da Resolução nº 210/2006 e da Resolução nº 21/2006, e suas alterações, regulamentou os limites de dimensões, peso bruto total e peso máximo por eixo que devem ser observados para todos os veículos de carga que circulam nas vias terrestres brasileiras. Estas regulamentações são aplicadas pelos órgãos fiscalizadores rodoviários e que podem ser tanto de origem federal como estadual. Conhecer estes limites é fundamental para não ter problemas com o transporte. Nas estradas, existem vários pontos de fiscalização de excesso de peso de veículos e sua evasão pode gerar multas de acordo com lei vigente. A Lei nº 7.408/85, atualizada pela Lei nº 13.103/2015, determinou que fosse atribuída uma tolerância de 5% ao limite de 45.000 kg para o PBT (peso bruto total), passando para 47.250 kg o limite para a autuação. Por meio da Resolução nº 258/2007 e suas alterações, o CONTRAN normatizou os limites de dimensões e pesos dos veículos de transportes de cargas. Pesos Máximos para Veículos de Carga (Resolução CONTRAN nº 210 e 211 e suas alterações): a) Peso Bruto Total por unidade ou combinação de veículos: 45 t (toneladas) 18 b) Pesos Máximos por Eixo: (1) Para rodas com diâmetro inferior ou igual a 830 mm. (2) Observada a capacidade e os limites de peso pelo fabricante dos pneumáticos e diâmetro superior a 830 mm. (3) Aplicável somente a semirreboques. (4) Pneu single (385/65 R 22,5) aplicável somente a semirreboques e reboques conforme a Resolução nº 62 de 22/05/98 do CONTRAN. A utilização de outros tipos de pneumáticos “single” estará sujeita à Autorização Provisória Experimental (APEX) (art. 2º da Resolução nº 62). A atividade de pesagem normalmente é exercida pela ANTT no Posto Geral de Fiscalização, local onde são fiscalizadas todas as exigências do Transporte Rodoviário de Cargas e Passageiros, em especial a fiscalização do Registro Nacional do Transportador Rodoviário de Cargas – RNTRC, do Vale Pedágio Obrigatório, do Pagamento Eletrônico do Frete, do transporte de produtos perigosos, além da aferição do peso do veículo. EIXO / CONJUNTO DE EIXOS RODAGEM SUSPENSÃO ENTRE EIXOS (M) CARGA (KG) TOLERÂNCIA (7,5%) Isolado simples - - (1) 6.000 6.450 Isolado simples - - (2) 6.000 6.450 Isolado dupla - - 10.000 10.750 Duplo simples direcional - 12.000 12.900 Duplo dupla tandem >1,20 ou 2,40 17.000 18.280 Duplo dupla não em tandem >1,20 ou 2,40 15.000 16.130 Duplo simples + dupla especial 1,20 9.000 9.680 Duplo simples + dupla especial >1,20 ou 2,40 13.500 14.520 Duplo Extralarga (4) especial >1,20 ou 2,40 13.500 14.520 Triplo (3) Dupla tandem >1,20 ou 2,40 25.500 27.420 Triplo (3) Extralarga (4) pneumática >1,20 ou 2,40 25.500 27.420 19 8 Eixos Eixo – é a interface entre a roda e o chassi de um veículo. Normalmente localiza-se entre as rodas, ligado ao centro delas. Os eixos podem ser classificados em: • Eixos Isolados – é o conjunto de 2 (dois) ou 3 (três) eixos, cuja distância entre eles é maior que 2,40 m. Os eixos isolados são acoplados em suspensão do tipo direcional ou distanciado (suspensão que possui um sistema de molas para cada eixo). • Eixos Duplos – é o conjunto de 2 (dois) ou 3 (três) eixos, não-tandem cuja distância entre eles é menor que 2,40 m. Os eixos duplos são acoplados em suspensão do tipo tandem (suspensão cujos eixos compartilham um único sistema de molas). A Resolução CONTRAN nº 210/2006 e suas alterações, estabelece os limites de peso e dimensões para veículos que transitam por vias terrestres e dá outras providências, traz, em seu artigo 4º, o detalhamento sobre o eixo em tandem. Art. 4º Considerar-se-ão eixos em tandem dois ou mais eixos que constituam um conjunto integral de suspensão, podendo qualquer deles ser ou não motriz. §1º Quando, em um conjunto de dois ou mais eixos, a distância entre os dois planos verticais paralelos, que contenham os centros das rodas for superior a 2,40m, cada eixo será considerado como se fosse distanciado. §2º Em qualquer par de eixos ou conjunto de três eixos em tandem, com quatro pneumáticos em cada, com os respectivos limites legais de 17t e 25,5t, a diferença de peso bruto total entre os eixos mais próximos não deverá exceder a 1.700kg. (BRASIL, 2006) 20 Os veículos que apresentarem excesso em qualquer um dos limites de dimensões ou peso, descritos acima, deverão portar obrigatoriamente uma AET (Autorização Especial de Trânsito). Figura: Eixo tandem 9 Fatores que Impactam no Valor do Frete A prática para o cálculo do valor dos fretes se restringe, muitas vezes, às distâncias percorridas. Mas há outros fatores para podem influenciar nos custos de uma viagem e que devem ser considerados pelo condutor. Veja abaixo alguns desses fatores: • Distância percorrida; • Possibilidade de carregamento no retorno da viagem; • Tempo para carga e descarga; • Sazonalidade da demanda por transporte; • Perdas e avarias da carga; • Aspecto geográfico da via utilizada; • Alternativas de vias que podem ser utilizadas; • Pedágios e fiscalização; • Prazo de entrega; • Descarregamento único ou distribuído; 21 •Especificidade da carga transportada e do veículo utilizado. O condutor profissional deve considerar esses aspectos para a composição dos valores dos fretes cobrados. Apesar de muitas vezes ser impossível praticar valores diferentes, o condutor deve ter em mente quando seus custos são mais altos e quando são mais baixos, mesmo que o valor do frete seja o mesmo. 10 Transporte de Produtos Perigosos Considera-se perigoso todo produto que representa risco à saúde das pessoas, ao meio ambiente, ao patrimônio público ou à segurança pública, seja ele encontrado na natureza ou produzido por qualquer processo. O transporte de produtos perigosos deve atender a todos os requisitos exigidos na regulamentação referente ao manuseio da carga, marcação e rotulagem de embalagens, sinalização das unidades de transporte, documentação, entre outros. Assim, são exigidas atenções especiais em operações de carregamento, arrumação, descarregamento, manipulação, estivagem, trânsito e tráfego, atentando também às características dos veículos e equipamentos utilizados e à natureza das cargas, para a prevenção de acidentes que podem acarretar danos à vida humana ou a bens de terceiros ou do próprio transportador. 22 10.1 Tipos de Produtos Considerados Perigosos Produtos Químicos Agressivos (A Granel – Líquidos e Gasosos) – são produtos transportados sob pressão ou não, em veículos tanques ou cisternas, dotados de dispositivos de segurança necessários ao carregamento, tráfego e descarregamento. Compreende os produtos oxidantes, corrosivos, petroquímicos, substâncias tóxicas, venenosas e similares. Produtos Inflamáveis (A Granel) – são produtos transportados em caminhões tanque, que devem possuir autorização especial concedida pelos órgãos competentes que estipulam e normatizam os requisitos de segurança para este tipo de produto. Compreendem os derivados de petróleo, óleos combustíveis, gasolinas, querosene, solventes, nafta e combustíveis para aeronaves, álcool e outros produtos similares. Produtos Radioativos – são materiais que emitem radiação atômica e que podem ser transportados em veículos de pequeno porte ou de grande porte, desde que respeitadas as normatizações se segurança da legislação vigente, pois as embalagens e o tipo de transporte devem atender aos requisitos para cada material. Compreende elementos químicos como o urânio – utilizado em usinas nucleares, e o césio – utilizado em equipamentos hospitalares. Produtos Explosivos – são produtos que, por sua natureza e características, estão sujeitos ao risco de explosão, pela ação do calor, do atrito ou de choque e que representam risco à vida humana e bens materiais, e requer embalagens adequadas, bem como normas rígidas de segurança, de quantificação, de manuseio e arrumação, de carregamento e descarregamento. Compreende os explosivos propriamente ditos, munições, artifícios pirotécnicos, entre outros produtos. Gás Liquefeito (A Granel e Engarrafado) – são produtos transportados sob pressão, a granel, em caminhões-tanque, ou fracionado em botijões sujeitos à norma de segurança adequada relativa aos tipos de recipientes e carrocerias utilizadas. Compreende o gás natural liquefeito (GNL). Produtos Perigosos Fracionados (Líquidos, Sólidos e Gasosos) – são produtos transportados em embalagens ou recipientes específicos, observadas as normas de segurança, de prevenção e compatibilização com outras cargas, podendo ser utilizados veículos convencionais para carga geral fracionada. 23 10.2 Marcas e Rotulações de Produtos Perigosos De acordo com a normatização para Transporte de Produtos Perigosos, as unidades de transporte devem possuir rótulos de risco afixados no seu exterior (nas laterais e na traseira do reboque ou semirreboque) para advertir que seu conteúdo é composto por produtos perigosos e apresenta riscos. Algumas exceções podem ser dadas ao transporte em quantidades limitadas. A classificação de um produto considerado perigoso para o transporte deve ser feita pelo seu fabricante ou expedidor, orientado pelo fabricante. A classificação do produto é feita tomando como base as características físico-químicas do produto, alocando-o em uma das classes ou subclasses descritas na Resolução 420 da ANTT e suas alterações. Existem 9 classes possíveis para classificação de produtos perigosos. Veja a seguir. CLASSES DE RISCO CLASSE SUBSTÂNCIAS OU ARTIGOS 1 Explosivos. 2 Gases. 3 Líquidos inflamáveis. 4 Sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas a combustão espontânea e substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis. 5 Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos. 6 Substâncias tóxicas e substâncias infectantes. 7 Material radioativo. 8 Substâncias corrosivas. 9 Substâncias e artigos perigosos diversos, incluindo substâncias que apresenta risco para o meio ambiente. 24 Esses números devem ser exibidos em um rótulo disposto em vários pontos do veículo, de acordo com o desenho da página abaixo: NÚMERO DE RISCO ALGARISMO SIGNIFICADOS 1 Desprendimento de gás devido a pressão ou a reação química 2 Inflamabilidade de líquidos (vapores)e gases ou líquido sujeito ao auto aquecimento. 3 Inflamabilidade de sólidos ou sólidos sujeitos ao auto aquecimento 4 Efeito oxidante (intensifica o fogo) 5 Toxidade ou risco de infecção 6 Radioatividade 7 Corrosividade 8 Risco de violenta reação espontânea 9 A substância reage perigosamente com água (utilizado como prefixo do código numérico) Símbolo do risco Nome Classe Subclasse Número Classe Subclasse LÍQUIDO INFLAMÁVEL 25 E deve ser fixado na frente, na lateral e na parte de trás do veículo, conforme mostram as figuras abaixo: 10.3 Equipamentos de Proteção Individual para Transporte de Cargas Perigosas O condutor do veículo deve ter, à sua disposição, acessórios definidos como EPI (Equipamento de Proteção Individual). Os EPI básicos são: • Máscara; • Luvas; • Filtro; • Capacete; • Óculos de segurança. Se o veículo utilizado estiver transportando mais pessoas além do motorista, deverá haver um conjunto de EPI para cada pessoa envolvida na operação de transporte. LÍQUIDO INFLAMÁVEL LÍQUIDO INFLAMÁVEL 33 1999 LÍQUIDO INFLAMÁVEL 33 1999 33 1999 33 1999 26 Além dos EPI obrigatórios, o condutor deverá possuir os seguintes equipamentos para situação de emergência: • Dois calços de madeira; • Jogo de ferramentas contendo alicate, chave de fenda ou Philips, chave de boca e dispositivos para sinalização e isolamento de área (fita); • Material de advertência com a orientação: “Perigo! Afaste-se”; • Quatro cones para sinalização; • Lanterna comum. 10.4 Documentos Necessários para o Transporte de Cargas Perigosas Os documentos necessários para o transporte de produtos perigosos, que são exigidos pelos agentes de fiscalização são: a) CNH, RG e Documentos do(s) Veículo(s) – a primeira verificação se refere à documentação e identificação do condutor e do(s) veículo(s), de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro. Sendo constatada infração, o condutor será enquadrado em artigos do CTB. b) Habilitação para Movimentação de Produtos Perigosos (MOPP) – deverá constar no campo de observações da CNH a informação que o condutor realizou curso de MOPP. Caso não haja essa comprovação ou a habilitação do condutor encontrar-se vencida, caracterizará infração do artigo 232 do CTB ou do artigo 162, inciso V, do CTB. c) Capacitação para o Transporte de Produtos Perigosos a Granel – o condutor deverá portar o certificado expedido pelo INMETRO que habilita os veículos a transportarem produtos a granel. Além do certificado, deverá ser observado 27 se o veículo possui plaqueta de inspeção afixada no veículo, devidamente lacrada. Os dados do Certificado deverão estar de acordo com o contido na plaqueta. d) Ficha de Emergência – A Ficha de Emergência contém informações pertinentes ao tipo de produto transportado e atitudes quedevem ser tomadas em casos de acidentes ou vazamentos. Deverá haver uma Ficha de Emergência para cada produto transportado. Geralmente, a ficha é emitida pelo expedidor do produto, devendo conter nome e telefone do expedidor para os casos de emergências. e) Envelope para o Transporte – Envelope em papel Kraft que acondicionará em seu interior a Ficha de Emergência. Na parte posterior do Envelope, deverão estar os dados relativos ao nome e telefone do Transportador para acionamento em casos emergenciais. f) Documento Fiscal (Nota Fiscal) – Documento que possua as informações sobre a quantidade do produto transportado, remetente e destinatário do produto, bem como informações sobre o número ONU (padrão internacional da Organização das Nações Unidas) e declaração que o produto foi “acondicionado para suportar os riscos normais das etapas necessárias a uma operação de transporte”. g) Guia de Tráfego – documento específico para materiais explosivos ou produtos cuja circulação é controlada pelo Exército Brasileiro. h) Declaração do Expedidor de Materiais Radioativos e Ficha de Monitoração da Carga e do Veículo Rodoviário – documentos específicos para o transporte de materiais radioativos. O Departamento de Instalações e Materiais Nucleares (DIN), da Comissão Nacional de Energia Nuclear, é responsável pela expedição de autorização para o transporte desses tipos de produtos. 28 11 Transporte de Cargas Excepcionais e Indivisíveis São consideradas cargas excepcionais aquelas que excedem as dimensões e/ou os pesos fixados pelos órgãos competentes de trânsito e que não podem ser divididas em cargas menores para o transporte. Compreende o transporte de blocos de rochas, toras de madeira, implementos agrícolas, partes estruturais, máquinas ou parte de máquinas e equipamentos. Conforme vimos anteriormente, o transporte desse tipo de carga requer condições especiais de trânsito, pois muitas vezes atrapalham o fluxo de veículos na rodovia e devem ter condições especiais de tráfego. Assim, são exigidos: horário especial de transporte, velocidade apropriada, sinalizações e acompanhamento de serviço de carga por outros veículos para garantir os trabalhos do transporte e segurança do tráfego. As condições do transporte para cargas excepcionais e indivisíveis estão descritas nas resoluções do CONTRAN nº 210 e 211 e suas alterações. Nessas instruções são apresentadas todas as orientações para o transporte de cargas, como as velocidades máximas, condições de tráfico, sinalizações entre outros, para cargas que excedem os limites de pesos ou de dimensões dos veículos. Para estes modelos de transportes são necessários a Autorização Especial de Trânsito – AET, que é fornecida pelo Órgão Executivo Rodoviário da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, e terá o percurso estabelecido e aprovado pelo órgão com circunscrição sobre a via. 29 12 Transporte de Cargas Vivas O transporte de animais é regido pelo Decreto nº 5.741/2006 e suas alterações, do Ministério da Agricultura, que visa, entre outras providências, a fiscalização do trânsito de animais. O documento oficial para transporte de animal no Brasil é a Guia de Trânsito Animal (GTA), que contém as informações sobre o destino e condições sanitárias, bem como a finalidade do transporte animal. A comprovação da sanidade animal é expedida por um médico veterinário e compõe- se de atestados de vacinação, rastreamento animal, condições de higiene do veículo, densidade de peso por metro quadrado e outras exigências. Essas normas podem variar de região para região e é necessário que o condutor verifique tais exigências antes do embarque e transporte desse tipo de carga. Ao rigor das normas, até para transportar um cachorro doméstico em um automóvel é necessário atestado de sanidade animal e será considerada infração caso o condutor do veículo não cumpra as exigências previstas. É necessária a regularização prévia para o transporte de animais, antes do embarque, para evitar transtornos, pois não é correto deixar os animais confinados esperando por elaboração documental. Para o caso de plantas contendo terra (mudas e plantas ornamentais), é necessário rigor para não transportar nematoides e outras infecções que podem contaminar solos de outras regiões do país. Para plantas sem uso de terra é necessário atestado de sanidade das plantas para não haver translocação de doenças. Há uma série de documentos que regulamentam o transporte de cargas vivas. Além dos documentos do veículo, da carteira de habilitação do condutor e da nota fiscal da carga, existem outros documentos necessários que atestam a sanidade dos animais (GTA) ou plantas que serão transportados. Consulte uma Agência de Defesa Agropecuária em seu Estado e verifique, na íntegra, a conduta a ser seguida. 30 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. O transportador que tenha a posse de veículo automotor de carga registrado no órgão de trânsito na categoria “particular” é identificado como Transportador de Carga Própria (TCP). Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Os riscos físicos no transporte de carga, são resultados de vibrações, trepidações, frenagens, compressões, oscilações, atritos e impactos. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 31 Referências ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. Resolução nº 233/2003. Regulamenta a imposição de penalidades ao transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros. Brasília, 2003. _______. Resolução nº 420/2004. Aprova as Instruções Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos. Brasília, 2004. _______. Resolução nº 1166/2005. Dispõe sobre a regulamentação da prestação do serviço de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, sob o regime de fretamento. Brasília, 2005. _______. Resolução nº 1383/2005. Dispõe sobre direitos e deveres de permissionárias e usuários dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros e dá outras providências. Brasília, 2005. _______. Resolução nº 1432/2006. Estabelece procedimentos para o transporte de bagagens e encomendas nos ônibus utilizados nos serviços de transporte interestadual e internacional de passageiros e para a identificação de seus proprietários ou responsáveis, e dá outras providências. Brasília, 2006. _______. Resolução nº 1692/2006. Dispõe sobre procedimentos a serem observados na aplicação do Estatuto do Idoso no âmbito dos serviços de transporte rodoviário interestadual de passageiros, e dá outras providências. Brasília, 2006. _______. Resolução nº 4287/2014. Estabelece procedimentos de fiscalização do transporte clandestino de passageiros. Brasília, 2014. _______. Resolução nº 5232/2016. Aprova as Instruções Complementares ao Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos Perigosos. Brasília, 2016. BRASIL. Lei 8987, de 13 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de concessão e permissão de prestação de serviços públicos, previsto no art. 175 da Constituição Federal. Brasília, 1995. _______. Lei nº 9503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Brasília, 1997. 32 _______. Decreto nº 2.521, de 20 de março de 1998. Dispõe sobre a exploração, mediante permissão e autorização, de serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros. Brasília, 1998. _______. Lei nº 10233, de 05 de junho de 2001. Dispõe sobre a reestruturação dos transportes aquaviário e terrestre, cria o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte, a Agência Nacional de Transportes Terrestres, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, e dá outras providências. Brasília, 2001. _______. Lei nº 10741, de 01 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília, 2003. _______.Lei nº 11.975 de julho de 2009. Dispõe sobre a validade dos bilhetes de passagem no transporte coletivo rodoviário de passageiros e dá outras providências. Brasília, 2009. _______. Lei nº 13103, de 2 de março de 2015. Dispõe sobre o exercício da profissão de motorista. Brasília, 2015. CAIXETA-FILHO, J. V.; MARTINS, R. S. Gestão Logística do Transporte de Cargas. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2011. CONTRAN. Resolução nº 258, de 30 de novembro de 2007. Regulamenta os artigos 231, X e 323 do Código Trânsito Brasileiro, fixa metodologia de aferição de peso de veículos, estabelece percentuais de tolerância e dá outras providências. Disponível em: <http://www.deloitte.com.br/publicacoes/2007all/122007/Diversos/res258.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2017. _______. Resolução nº 104, de 21 de dezembro de 1999. Dispõe sobre tolerância máxima de peso bruto de veículos. Disponível em: <https://www.legisweb.com.br/ legislacao/?id=96708>. Acesso em: 4 jul. 2017. _______. Resolução nº 210, de 13 de novembro de 2006. Estabelece os limites de peso e dimensões para veículos que transitem por vias terrestres e dá outras providências. Disponível em: <http://www.deinfra.sc.gov.br/download/aet/leis/resolucao-210.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2017. 33 _______. Resolução nº 211, de 13 de novembro de 2006. Requisitos necessários à circulação de Combinações de Veículos de Carga – CVC, a que se referem os arts. 97, 99 e 314 do Código de Trânsito Brasileiro-CTB. Disponível em: <http://www.deinfra. sc.gov.br/download/aet/leis/resolucao-211.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2017. DENATRAN. Direção defensiva Trânsito seguro é um direito de todos. Fundação Carlos Chagas, 2005. Disponível em: <http://www.vias-seguras.com/comportamentos/ direcao_defensiva_manual_denatran>. Acesso em: 4 jul. 2017. FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEREDO, K. F. Logística Empresarial. Coleção Coppead de Administração. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2000. NOVAES, A. G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. 3. ed. São Paulo: Campus; 2007. RODRIGUES, P. R. A. Gestão Estratégica da Armazenagem. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2011. 34 UNIDADE 2 | O TRANSPORTE DE PASSAGEIROS 35 Unidade 2 | O Transporte de Passageiros 1 O Transporte de Passageiros no Brasil O serviço de transportes rodoviário interestadual e internacional de passageiros no Brasil é regulamentado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Este órgão tem a competência de dar outorgas, fiscalizar as permissões e autorizações para a operação desse tipo de serviço à população. De acordo com este órgão, o transporte rodoviário de passageiros é responsável por uma movimentação superior a 130 milhões de usuários no ano. Não contemplado neste total os dados de transportes urbanos e semiurbanos. O grau de importância desses serviços pode ser medido quando se observa que o transporte rodoviário por ônibus é o principal meio de transporte coletivo. Atualmente são aproximadamente 18 mil ônibus habilitados para a prestação dos serviços convencionais, que transportam anualmente mais de 119 milhões de passageiros. No transporte fretado são mais 25 mil veículos habilitados, que transportam anualmente mais de 11 milhões de passageiros. A malha rodoviária brasileira tem atualmente 1,7 milhões de quilômetros, sendo 203 mil km asfaltados (em rodovias federais e estaduais). Além destes números, existe uma quantidade muito maior de estradas municipais e intermunicipais interligando cidades do Brasil. É por toda esta extensão de vias e estradas que circulam os veículos que transportam passageiros diariamente. 36 À ANTT também compete a gestão e controle do transporte rodoviário interestadual semiurbano, que é o serviço de transporte público coletivo entre municípios de diferentes Unidades Federativas que possuem características de transporte urbano. O serviço semiurbano também pode ser do tipo internacional, quando ultrapassa as fronteiras do país. Dicas aos motoristas de ônibus: • Respeite os passageiros e evite conversas desnecessárias que possam tirar a atenção no trânsito. • A postura exemplar do motorista profissional lhe dá autoridade para intervenções quando necessárias junto aos passageiros. • As paradas para embarque e desembarque devem ser realizadas apenas nos pontos determinados. O contrário poderá colocar em risco a integridade e a segurança dos usuários, além de causar atrasos desnecessários na viagem. • Cuidado na direção! Para garantir uma viagem tranquila, sempre mantenha a distância de segurança entre os veículos e total atenção para que as ultrapassagens sejam feitas apenas em locais permitidos, na mão correta e observando se a faixa no sentido contrário está livre, devendo ainda considerar se o motor tem potência para superar a velocidade do veículo que está a sua frente e ainda respeitar a velocidade máxima permitida para a via. e O transporte de passageiros é essencial para a economia e o desenvolvimento do país, um direito do cidadão para poder se deslocar e o Estado tem o dever de prestar esse serviço direta ou indiretamente. Portanto, uma empresa privada somente pode realizar essa prestação de serviço mediante permissão ou autorização da União, Estado ou Município. 37 2 Formas do Transporte Rodoviário de Passageiros a) Transporte Urbano/Semiurbano O transporte urbano ou semiurbano é o transporte coletivo de passageiros, devidamente autorizado, realizado em áreas urbanas ou entre municípios de diferentes Unidades Federativas. Há cobrança no veículo e o pagamento pode ser realizado diretamente por dinheiro, vale-transporte e/ou outros meios. Neste tipo de transporte admite-se passageiros em pé, os assentos não são numerados, usa-se catraca ou roleta, e os veículos têm duas ou mais portas. A Lei nº 11.975, de 7 de julho de 2009 (BRASIL), estabelece condições gerais para este modelo de transporte, e são complementadas por normatizações estaduais e municipais que envolvem: das permissões de empresas, ou autônomos, legislações sobre idade de frota, tempos e periodicidade das linhas, lotação, tamanhos e tipos de veículos, passes escolares e outras. e O passageiro tem o direito de estar protegido pelo Seguro de Responsabilidade Civil que a empresa de ônibus é obrigada a contratar. O seguro é a garantia da cobertura dos danos causados em virtude de acidentes, independente da cobertura do seguro obrigatório de danos pessoais (DPVAT). O seguro facultativo complementar é oferecido pela empresa no momento da compra do bilhete de passagem, mas sua aquisição não é obrigatória. 38 b) Transporte Convencional em Linhas Regulares O Decreto nº 5.934, de 18 de outubro de 2006 (BRASIL), em seu Parágrafo Primeiro, relaciona como serviço “convencional” de transporte de passageiros: I – os serviços de transporte rodoviário interestadual convencional de passageiros, prestado com veículo de características básicas, com ou sem sanitários, em linhas regulares. Popularmente conhecido como “ônibus de linha”, o transporte convencional é o serviço de transporte de passageiros que funciona com outorga pela ANTT e pode ser intermunicipal (dois municípios de um mesmo estado), interestadual e internacional. É operado entre dois pontos (terminais rodoviários), podendo, no trajeto, ser autorizada a passagem em outros pontos que são chamados de seccionamentos. Esta linha deve ter datas e horários certos, os veículos devem ter poltronas numeradas, bagageiro externo, porta embrulho interno. O uso de bilhete de passagem é individual e não é permitido o transporte de passageiros em pé. Documentos específicos para o Transporte Convencional • Quadro de Tarifas; • Ofício de Autorização para operação simultânea de linhas, quando for o caso; • Ofício de Autorização para utilização de motoristas e/ou veículos de terceiros, quando for o caso; • Contrato de arrendamento ou comodato de veículos de terceiro, averbado pelo órgão detrânsito, quando pela impossibilidade de registrar no Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo, quando for o caso; • Formulário para registro de reclamações de danos ou extravio de bagagens; • Formulário de Restituição de Tarifas; 39 • Bilhete ou Cupom de Embarque. Quadro de Tarifas é um documento que contém informações da linha de serviço, contendo o Código da Empresa, número do prefixo da linha, seccionamentos permitidos – caso houver e preço da passagem autorizado pelo órgão competente. c) Transporte Fretado Contínuo: É o serviço de transporte prestado para a locomoção dos empregados de uma empresa, ou para Instituições de Ensino/ Agremiações Estudantis para o transporte de alunos e professores. É feito mediante contrato com duração máxima de um ano, com a relação dos passageiros e autorização do órgão competente. Eventual ou Turístico: É o serviço de transporte realizado em circuito fechado, contratado por uma pessoa ou grupo de pessoas para fazer uma viagem ou um passeio turístico. O serviço tem caráter ocasional e não pode configurar a prestação de serviços regulares ou permanentes. Circuito Fechado: É a viagem em que um grupo de passageiros parte de um local de origem a um ou mais locais de destino e, após percorrer e/ou permanecer em todo o itinerário programado, o grupo retorna novamente à origem no mesmo veículo. Documentos específicos para o Transporte Fretado • Certificado de Registro para Fretamento – CRF (Interestadual); • Autorização de viagem e lista de passageiros; • Nota fiscal do serviço; • Apólice de seguro de responsabilidade civil, e o respectivo comprovante do pagamento; • Laudo de Inspeção Técnica (LIT) ou Certificado de Inspeção Técnica Veicular – CITV; 40 • Formulário para registro de reclamações de danos ou extravio de bagagens; • Comprovante de vínculo empregatício dos motoristas. Documentação exigida para o Transporte de Passageiros (todos) • Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo – CRLV; • Carteira Nacional de Habilitação – Categoria D ou E; • Certificado de Curso de Condutor de Veículo Transporte Coletivo de Passageiros, quando não observado no campo específico da CNH; • Documento que comprove a jornada de trabalho e descanso do motorista; • Documentos específicos de cidades e estados para transportes urbanos e semiurbanos. Transporte Clandestino “Considera-se serviço clandestino o transporte remunerado de pessoas, realizado por pessoa física ou jurídica, sem autorização ou permissão do Poder Público competente.” (Resolução ANTT 4.287/14). A Legislação prevê a aplicação de multa e a apreensão do veículo por no mínimo 72 horas, pagamento dos custos pela guarda em depósito público ou privado credenciado e indicado pela fiscalização, da remoção do veículo, dos bilhetes de passagens para os passageiros em ônibus regulares até ao destino final de sua viagem ou a critério dos passageiros do retorno à origem e também do pagamento das despesas de alimentação e estadia, quando for o caso. A atividade irregular de transporte de passageiros é crime e é quase sempre agravada pelo uso de veículos em péssimas condições de conservação e segurança, motoristas sem capacitação, ausência de seguros, além de implicar em concorrência desleal com as empresas devidamente estabelecidas, pois os clandestinos praticam preços de passagens menores por não pagarem impostos. 41 Quem opera o transporte clandestino não atende aos direitos trabalhistas, usa rotas alternativas para fugirem dos pedágios e da fiscalização, não possui um programa de manutenção preventiva do veículo, entre outros. Características dos ônibus As principais características que diferenciam os tipos de ônibus são: Convencional: 50 lugares, banheiro, pode ou não possuir ar-condicionado; Executivo: 46 lugares, banheiro, frigobar, assentos reclináveis, ar-condicionado; Leito: 36 lugares, assento mais largo e totalmente reclinável, frigobar, TV/DVD com fones de ouvido, disponibiliza travesseiro e coberta. Uma mesma empresa pode ser habilitada para realizar o Transporte Regular e também o Transporte Fretado. Certificado de Registro para Fretamento (CRF) é o documento que comprova o cadastro da empresa de transporte na ANTT, com prazo de validade limitado, e que credencia a empresa. O Certificado de Inspeção Técnica Veicular (CITV) é exigido para o Transporte Internacional de Passageiros e substitui o Laudo de Inspeção Técnica (LIT) se o ônibus também realiza o Transporte Interestadual. Veículos novos (0 Km) são dispensados de apresentar o LIT ou CITV pelo período de um ano, desde que comprovado por meio de declaração da concessionária, bem como cópia autenticada da nota fiscal da compra do veículo. Documentos fiscais emitidos por órgãos municipais para recolhimento de Imposto Sobre Serviços – o ISS – não são aceitos como nota fiscal do serviço prestado. São documentos que comprovam o vínculo empregatício do motorista: - Carteira de trabalho; - Contrato individual de trabalho; - Carteira funcional ou contracheque, ou caso o motorista seja o proprietário do veículo: contrato social, ata de constituição ou alteração da empresa. 42 3 Condições do Veículo para Transporte de Passageiro Não importando se o transporte é urbano, semiurbano, convencional ou outro tipo de transporte, durante uma viagem recaem sobre o condutor todas as responsabilidades sobre as condições do veículo. Mesmo que estas atribuições sejam de outros quando o veículo se encontra na garagem, cabe ao condutor recusar a iniciar uma viagem caso o estado dos pneus estiverem em situação precária, se componentes mecânicos anunciem problemas, falte combustível, ente outros. Portanto, o condutor, antes de iniciar a viagem, deve ter o cuidado de fazer a devida checagem preventiva no veículo e observar principalmente os seguintes itens: • Abastecimento: combustível de boa procedência e qualidade; • Nível de óleo do motor e o vencimento; • Limpeza geral do veículo, e em especial a higienização do banheiro; • Nível de óleo da caixa de marcha e diferencial, da direção hidráulica, de freio; • Nível de água do radiador e do sistema do limpador de para-brisa; • Funcionamento dos freios, embreagem, caixa de marchas, limpador do para- brisa, suspensão, amortecedores, direção, bateria, correias e mangueiras; • Equipamentos obrigatórios, sistema de iluminação e de sinalização; • Pressão de ar dos pneus e seu perfeito estado de conservação. h O pneu deve ser trocado quando o desgaste chegar ao nível do TWI ou a profundidade do sulco de qualquer banda de rodagem for inferior a 1.6 mm ou apresentar bolhas, deformações, perfurações, rasgos, quebras, recapagem solta. O TWI (Tread Wear Indicator) é o ressalto de borracha no interior do sulco do pneu. 43 4 Uso do Cinto de Segurança É obrigatório o uso do cinto de segurança aos passageiros, motoristas e tripulantes de ônibus e micro-ônibus. Exceções: • Veículos destinados ao transporte de passageiros em percurso em que seja permitido viajar em pé; • Passageiros, nos ônibus e micro-ônibus produzidos antes de 1º de janeiro de 1999. 5 Condições de Saúde do Motorista Para que o motorista de transporte de passageiros possa realizar suas atividades diárias de forma saudável e segura, alguns fatores devem ser observados e algumas ações devem ser evitadas: • Consumo de bebidas alcoólicas, drogas ou medicamentos que afetam o comportamento; • Insônia ou não dormir o tempo necessário para o descanso adequado; • Situações de stress que o afeta psicologicamente; • Mal-estar, indigestão, dores ou outras complicações de saúde física ou mental. Todos esses fatores são prejudiciais à saúde do motorista e aumentam significativamente os riscos de acidentes no trânsito. O motorista, consciente de seus direitos e deveres, ao se deparar com quaisquer sintomas de alteração de saúde, deve se recusar a iniciar ou prosseguira viagem e informar imediatamente a empresa para providenciar a sua substituição. 44 6 Transbordo O transbordo é uma medida administrativa adotada pela ANTT quando é constatada alguma infração nos transportes de passageiros, seja nos modelos de transportes suburbanos/urbanos, convencional regular de linha, ou nos transportes fretados. Será de responsabilidade do transportador infrator a transferência dos passageiros para outro veículo ou a aquisição de passagens em outras linhas regulares. 6.1 Casos de Transbordo Previstos em Lei Vejamos alguns casos de transbordo previstos pela legislação, cujas medidas administrativas aplicadas pelos órgãos competentes, são diversas: • Transporte clandestino de passageiros; • Empresa de ônibus regular embarcando passageiros em Ponto ou Terminal Rodoviário no trajeto não autorizado ou sem prévia autorização do órgão competente; • Empresa de ônibus regular ou turística, executando serviço sob regime de fretamento sem autorização do órgão competente; • Empresa de fretamento, efetuando serviço com características de linha (cobrança de bilhete de passagem individual), com ou sem autorização de viagem e /ou embarcando ou desembarcando em mais de um município; • Empresa turística não possuir a apólice do seguro de responsabilidade civil, ou não portar os comprovantes do pagamento do seguro; • Empresa de ônibus portar documentos de porte obrigatório adulterados; 45 • Quando a empresa de ônibus não sanar as irregularidades no local da infração e/ ou que implique na segurança viária, como por exemplo: veículo apresentando defeito em equipamento obrigatório. 7 Direitos e Garantias no Transporte de Passageiros 7.1 Crianças e Adolescentes Cada passageiro, maior de idade e responsável, tem o direito de transportar, sem pagamento, uma criança de até seis anos incompletos (transporte interestadual), desde que não ocupe poltronas (transportadas no colo). A identificação da criança deverá ser comprovada por meio de carteira de identidade ou certidão de nascimento. O Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) estabelece que nenhuma criança (menor de 12 anos) pode viajar para fora da comarca (região, estado, país) em que reside desacompanhada dos pais ou responsável, sem uma autorização judicial, exceto se for uma comarca vizinha ou dentro de uma região metropolitana e num mesmo Estado, e/ou ainda se a criança estiver acompanhada de um parente (ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau) devidamente comprovado por documentos ou acompanhado de pessoa maior, autorizado documentalmente pelo pai, mãe ou responsável. Adolescentes a partir dos 12 anos poderão viajar desacompanhados, desde que portem cédula de identidade ou certidão de nascimento. Em viagens internacionais deve-se atender às legislações dos países de destino. 46 7.2 Idosos No Transporte de Passageiros Interestadual, em cada viagem, a empresa de ônibus tem que reservar duas vagas gratuitas para idosos. Tem direito a gratuidade o idoso com idade mínima de 60 anos e com renda igual ou inferior a dois salários mínimos. Se houver mais idosos, eles têm direito ao desconto de 50% no preço do bilhete de passagem. Os documentos que comprovam a renda do idoso são: carteira de trabalho com anotações atualizadas, contracheque de pagamento, carnê de contribuição para o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), extrato de pagamento de benefício. O idoso que não possui comprovante de renda deve solicitar a “Carteira do Idoso” nas Secretarias Municipais de Assistência Social. Conforme a legislação municipal de cada cidade, nos ônibus urbanos o acesso gratuito do idoso está garantido com a identificação pela cédula de identidade ou de apresentação de cartão específico. 7.3 Pessoas com Necessidades Especiais As pessoas com necessidades especiais (física, mental, visual ou auditiva) e comprovadamente carentes (com renda familiar mensal per capita de até um salário mínimo) também têm direito à gratuidade em dois assentos em cada veículo, desde que apresentem o passe livre fornecido pelo Ministério dos Transportes. Os ônibus urbanos ou interestaduais devem ter espaço acessível, sinalizado e preferencial para o uso desse público. 47 g O benefício federal vale para o transporte coletivo interestadual convencional por ônibus, incluindo o transporte interestadual semiurbano. Existem outros benefícios específicos de estados e municípios. Acesse o portal Guia de Direitos, através do link a seguir e saiba mais sobre este assunto. http://www.guiadedireitos.org/ 8 Desistência da Viagem ou Transferência do Bilhete de Passagem O passageiro tem o direito de desistir da viagem e de ser reembolsado, tanto para viagens interestaduais como nas internacionais, desde que compareça com uma antecedência mínima de três horas antes do embarque. Porém serão descontados 5% a título de comissão de venda e multa compensatória. O bilhete de passagem pode ser remarcado, desde que esteja dentro do prazo de validade e até três horas antes do embarque. Lembrando que, faltando menos de três horas, a empresa poderá cobrar uma multa de até 20% do valor da passagem. O bilhete de passagem é nominal, e em caso de perda, furto ou roubo, o passageiro tem o direito à emissão de 2ª via, desde que compareça no guichê da empresa munido dos documentos pessoais. O bilhete poderá ser transferido a outra pessoa desde que o passageiro que esteja cedendo o bilhete se apresente no guichê da empresa ou o beneficiado, portando seu documento de identidade original, munido dos bilhetes de passagem. 48 9 Transporte de Bagagem No Transporte Convencional Interestadual é direito do passageiro transportar, gratuitamente: • Até 30 Kg de bagagem no bagageiro (externo) e a dimensão da bagagem não pode ultrapassar 1 metro na maior dimensão; • 5 Kg na porta embrulho (interior do ônibus), desde que encaixem corretamente e não comprometa a segurança e a higiene dos passageiros. O passageiro poderá pagar 0,5% (meio por cento) do preço da passagem por quilograma de excesso, se a linha for convencional. No Transporte Turístico a empresa pode negociar diretamente com os passageiros sobre o peso e volume das bagagens, observando que existe legislação específica para regulamentar esta atividade e o veículo não pode exceder o peso bruto total. O passageiro tem direito de receber indenização no caso de dano ou extravio de bagagem. O passageiro deve fazer a reclamação imediatamente após o término da viagem, por meio de formulário próprio e de porte obrigatório no veículo ou diretamente na empresa. A empresa tem 30 dias para efetuar o pagamento. 49 10 Lei do Descanso A Lei nº 13.103, sancionada pela Presidência da República em 02 de março de 2015, delibera sobre normas de conduta para os trabalhadores de transporte. De acordo com a nova regra o condutor profissional só poderá ter uma jornada de trabalho de oito horas, admitindo- se uma prorrogação de até duas horas extraordinárias. Mediante a convenção ou acordo coletivo entre o sindicato e a empresa as horas extraordinárias podem se estender em até quatro horas. As horas consideradas extraordinárias serão pagas com o acréscimo estabelecido na Constituição. É considerado como jornada de trabalho o tempo que o condutor estiver a disposição do empregador, excluindo os intervalos para refeições, repouso e descanso e o tempo de espera. O intervalo assegurado para refeições é no mínimo de uma hora, podendo esse período coincidir com o tempo de parada obrigatória. São asseguradas onze horas de descanso para cada período de vinte e quatro horas de jornada de trabalho. Podendo este tempo ser fracionado ou coincidir com os períodos de parada obrigatória. Nas viagens de longa distância o repouso diário pode ser feito no veículo ou em alojamento. São consideradas viagens de longas distâncias aquelas que o condutorprofissional permanece mais de 24 horas longe da base da empresa, matriz ou filial e de sua residência. 50 11 Direção Defensiva Direção defensiva, ou direção segura, é a melhor maneira de dirigir e de se comportar no trânsito. É uma forma de conduzir o veículo preservando a vida, a saúde e o meio ambiente. Ela pode ser entendida como a forma de dirigir que permite ao condutor reconhecer antecipadamente as situações de perigo e prever o que pode acontecer com os passageiros do veículo, com o veículo que está conduzindo, com os outros veículos e demais usuários da via, procurando, assim, evitar a ocorrência de acidentes. Existem algumas práticas preventivas que o motorista de transporte de passageiros deve conhecer e obedecer: • Conhecer todas as funções e operacionalidades do veículo; • Ter habilidade, perícia, e total domínio do veículo; • Evitar usar, enquanto conduz o veículo, objetos como celulares, televisão, som em volume alto, pois reduzem a concentração. • Checar constante e habitualmente todos os equipamentos obrigatórios do veículo e seu perfeito estado de conservação; • Obedecer às regras do trânsito; • Evitar se envolver ou se deixar comover por problemas individuais de passageiros; • Estar atento durante toda a viagem, de forma a ter condições de tomar decisões adequadas diante de situações inesperadas. 51 Exemplos de condições adversas encontradas durante a condução do veículo: • Comportamentos indevidos ou inesperados dos outros motoristas, pedestres e animais; • Falta ou excesso de luz (penumbra ou ofuscamento); • Condições do tempo: chuva, neblina, serração, vento, granizo; • Alterações nas vias: traçado das curvas, aterro, ponte, túnel, largura da pista, lombada, queda de barreira, buracos, cruzamentos, presença de objetos ou lama na pista, aclive ou declive acentuado, fumaça. 12 Uma Aula de Física As formas como o motorista conduz o veículo pode alterar a sensação de conforto ou desconforto no passageiro. Isto se explica pela Lei da Inércia da Física. Um corpo em repouso, ou com velocidade constante, tende a permanecer nesta condição se nenhuma força é aplicada nele. Para mudar o estado de repouso em um corpo, ou alterar sua velocidade, é necessário aplicar uma força. Esta lei pode ser observada nos transportes. Quando o veículo acelera, os passageiros tendem a se deslocar para trás. Ao contrário, quando freia, os passageiros tendem a se deslocar para frente. O mesmo vale para curvas. Os corpos dos passageiros tendem sempre a se deslocar para o lado contrário à curva. Se esta lei é comprovada e não há como revogá-la, pode-se tentar minimizar seus efeitos. Quanto mais bruscas forem as alterações das velocidades, ou curvas, maior a sensação de desconforto. 52 Desta forma, o condutor deve conduzir o veículo sem acelerações rápidas, aumentando lentamente a velocidade do veículo e começar a diminuir a velocidade em distâncias maiores evitando freadas bruscas. Fazer curvas com velocidades menores que as usadas em trechos retos da estrada. Lembre-se sempre: você está transportando pessoas, que podem estar presas a cintos de segurança, mas suas sensações são de corpos livres no espaço. E uma viagem tranquila e confiável para um passageiro é fundamental para a qualidade do transporte. 13 Convívio Social no Trânsito Os seres humanos, pela sua natureza, são diferentes uns dos outros, seja física ou psicologicamente. O meio ambiente em que vivem influencia na sua postura, crenças, alimentação, situação econômica, educação, entre outros aspectos. O motorista precisa ser consciente de que, por força do ofício, estabelecerá contato com diversas pessoas durante toda a jornada de trabalho, cada uma delas agindo e pensando distintamente, e que o bom relacionamento está intimamente ligado a aceitar o comportamento individual e a natureza de cada um. 53 Resumindo Atualmente, no Brasil, a maior parte dos produtos circula por meio do transporte rodoviário de cargas. Existem rodovias ligando quase todos os pontos do país, com exceção somente de algumas cidades da região amazônica. O Brasil também está interligado à América do Sul, principalmente com países que assinaram o acordo do MERCOSUL, que compartilham dos mesmos princípios de transportes. Existem milhares de produtos que poderiam ser desconhecidos pela população caso não houvesse as ligações logísticas feitas por meio do transporte rodoviário de cargas entre as diversas regiões. O Brasil conta com umas das maiores frotas de veículos de transportes de cargas e criam milhares de empregos todos os anos, em todas as regiões, sejam diretos (condutores, ajudantes) ou indiretos (mecânicos, fiscalizadores, operadores de estradas). A economia brasileira depende do transporte rodoviário de carga e dificilmente sobreviveria sem os veículos automotivos para fazer circular bens e produtos. Neste curso, tratamos de algumas das questões importantes sobre o transporte de cargas e buscamos conscientizar os condutores da importância de sua função e da necessidade de especialização para desempenharem com excelência e responsabilidade o nobre trabalho de transportar riquezas, propiciando o progresso ao Brasil, sempre atentos à legislação de trânsito e às regras de conduta e convívio social. Vimos também que o condutor de veículo de transporte de passageiros precisa estar atento às condutas normativas dos órgãos competentes que regulamentam esse tipo de transporte no Brasil. Todo condutor precisa conhecer o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e as regulamentações que o complementam. Não é admitido pelas autoridades o argumento de falta de conhecimento e a responsabilidade pelo ato praticado será imposta a quem o praticou. É necessário que conheça também os direitos e deveres que possui desempenhando esta função e que são previstos em lei. O condutor profissional deve procurar sempre atualizar-se sobre as novas tecnologias que buscam trazer qualidade e conforto aos passageiros e melhorar a segurança no trânsito. 54 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Entre as formas de transporte rodoviário de passageiros, pode ser citado o transporte urbano/ semiurbano, conhecido popularmente como “ônibus de linha”. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. O transbordo é uma medida administrativa adotada pela ANTT quando é constatada alguma infração nos transportes de passageiros, seja nos modelos de transportes suburbanos/urbanos, convencional regular de linha, ou nos transportes fretados. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 55 Referências ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. Resolução nº 233/2003. Regulamenta a imposição de penalidades ao transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros. Brasília, 2003. _______. Resolução nº 420/2004. Aprova as Instruções Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos. Brasília, 2004. _______. Resolução nº 1166/2005. Dispõe sobre a regulamentação da prestação do serviço de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, sob o regime de fretamento. Brasília, 2005. _______. Resolução nº 1383/2005. Dispõe sobre direitos e deveres de permissionárias e usuários dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros e dá outras providências. Brasília, 2005. _______. Resolução nº 1432/2006. Estabelece procedimentos para o transporte de bagagens e encomendas nos ônibus utilizados nos serviços de transporte interestadual e internacional de passageiros e para a identificação de seus proprietários ou responsáveis, e dá outras providências. Brasília, 2006. _______. Resolução nº 1692/2006. Dispõe sobre procedimentos a serem observados na aplicação do Estatuto do Idoso no âmbito dos serviços de transporte rodoviário interestadual de passageiros, e dá outras providências. Brasília, 2006. _______. Resolução nº 4287/2014.Estabelece procedimentos de fiscalização do transporte clandestino de passageiros. Brasília, 2014. _______. Resolução nº 5232/2016. Aprova as Instruções Complementares ao Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos Perigosos. Brasília, 2016. BRASIL. Lei 8987, de 13 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de concessão e permissão de prestação de serviços públicos, previsto no art. 175 da Constituição Federal. Brasília, 1995. _______. Lei nº 9503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Brasília, 1997. 56 _______. Decreto nº 2.521, de 20 de março de 1998. Dispõe sobre a exploração, mediante permissão e autorização, de serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros. Brasília, 1998. _______. Lei nº 10233, de 05 de junho de 2001. Dispõe sobre a reestruturação dos transportes aquaviário e terrestre, cria o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte, a Agência Nacional de Transportes Terrestres, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, e dá outras providências. Brasília, 2001. _______. Lei nº 10741, de 01 de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília, 2003. _______. Lei nº 11.975 de julho de 2009. Dispõe sobre a validade dos bilhetes de passagem no transporte coletivo rodoviário de passageiros e dá outras providências. Brasília, 2009. _______. Lei nº 13103, de 2 de março de 2015. Dispõe sobre o exercício da profissão de motorista. Brasília, 2015. CAIXETA-FILHO, J. V.; MARTINS, R. S. Gestão Logística do Transporte de Cargas. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2011. CONTRAN. Resolução nº 258, de 30 de novembro de 2007. Regulamenta os artigos 231, X e 323 do Código Trânsito Brasileiro, fixa metodologia de aferição de peso de veículos, estabelece percentuais de tolerância e dá outras providências. Disponível em: <http://www.deloitte.com.br/publicacoes/2007all/122007/Diversos/res258.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2017. _______. Resolução nº 104, de 21 de dezembro de 1999. Dispõe sobre tolerância máxima de peso bruto de veículos. Disponível em: <https://www.legisweb.com.br/ legislacao/?id=96708>. Acesso em: 4 jul. 2017. _______. Resolução nº 210, de 13 de novembro de 2006. Estabelece os limites de peso e dimensões para veículos que transitem por vias terrestres e dá outras providências. Disponível em: <http://www.deinfra.sc.gov.br/download/aet/leis/resolucao-210.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2017. 57 _______. Resolução nº 211, de 13 de novembro de 2006. Requisitos necessários à circulação de Combinações de Veículos de Carga – CVC, a que se referem os arts. 97, 99 e 314 do Código de Trânsito Brasileiro-CTB. Disponível em: <http://www.deinfra. sc.gov.br/download/aet/leis/resolucao-211.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2017. DENATRAN. Direção defensiva Trânsito seguro é um direito de todos. Fundação Carlos Chagas, 2005. Disponível em: <http://www.vias-seguras.com/comportamentos/ direcao_defensiva_manual_denatran>. Acesso em: 4 jul. 2017. FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEREDO, K. F. Logística Empresarial. Coleção Coppead de Administração. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2000. NOVAES, A. G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. 3. ed. São Paulo: Campus; 2007. RODRIGUES, P. R. A. Gestão Estratégica da Armazenagem. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2011. 58 Gabarito Questão 1 Questão 2 Unidade 1 V F Unidade 2 F V