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Atresia de esofago

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ATRESIA DE ESÔFAGO 
 
1 
 
ATRESIA DE ESÔFAGO (AE) 
É considerada a malformação mais comum do trato 
gastrointestinal no RN na qual a porção media do esôfago é 
ausente. 
Além disso, o terço distal do esôfago, além da malformação 
anatômica, também apresenta uma dismotilidade (alteração 
funcional) e a maioria dos pacientes apresenta ainda uma 
comunicação anormal entre a traqueia e o esôfago inferior – 
FTE (fístula traqueoesofágica) 
Incidência: 1 caso/3000-45000 nascidos vivos, com uma 
discreta predominância no sexo masculino. 
CLASSIFICAÇÃO 
É determinada pela presença de AE e FTE associadas ou não 
e a relação da fístula com o segmento do esôfago 
▪ TIPO A (I) → atresia sem a fístula 
o O coto distal é muito pequeno e a ausência 
de trânsito do líquido amniótico faz o 
estômago ser pouco desenvolvido 
▪ TIPO B (II) → atresia com fistula proximal com a 
traqueia 
▪ TIPO C (III) → atresia com fistula distal com a 
traqueia (mais comum) 
▪ TIPO D (IV) → atresia com fistula proximal e distal 
com a traqueia 
▪ TIPO E → fistula traqueoesofágica sem atresia 
(fístula em H) 
 
A parte proximal do esôfago (coto proximal): 
▪ Termina em um fundo cego ao nível da terceira 
vertebra torácica, podendo ser curto (quando 
termina na sétima vertebra cervical) ou longo 
quando termina na quinta vértebra torácica. 
 
▪ A irrigação é feita pelo tronco tireocervical e tem 
uma rica rede transmural, permitindo uma grande 
mobilização, sem comprometimento vascular. 
▪ A musculatura do segmento proximal é 
hipertrofiada, e o diâmetro é muito maior que o 
segmento distal, permitindo técnicas de 
alongamento, possibilitando anastomose entre os 
cotos 
▪ Sempre existe um espaço entre o coto proximal e a 
fístula 
O segmento distal do esôfago (Coto distal): 
▪ Tem origem na traqueia 
▪ Sua irrigação segmentar (terminal) vem das artérias 
intercostais, podendo ficar comprometido mesmo 
com mobilizações mínimas. 
ETIOLOGIA 
Inicialmente, há um tubo endodérmico comum ao intestino 
primitivo e ao esboço respiratório, e por volta do 21º ao 23º 
dia de vida intrauterina surge uma septação lateral 
separando a porção traqueobrônquica da esofágica. 
Ao mesmo tempo, há uma intensa proliferação epitelial com 
obliteração de toda a luz que, em seguida, é restabelecida 
pela disposição linear de vacúolos. 
Existem várias teorias para explicar a atresia de esôfago, 
sendo que as principais envolvem a isquemia intrauterina e 
predisposição genética 
QUADRO CLÍNICO 
Quando o RN nasce, os sintomas iniciam logo após o parto e 
são: 
▪ Secreção salivar espumosa e arejada, saindo pela 
boca e narinas 
▪ Desconfortos respiratórios: 
o Tosse, cianose, dispneia e sufocação 
o Pneumonias aspirativas e atelectasia 
o Ausculta pulmonar: roncos disseminados 
e estertores subcrepitantes, 
principalmente em lobo superior direito 
o Nos casos de atresia sem fistula, o quadro 
respiratório é menos intenso e de início 
mais tardio. 
o Quando a AE tiver a fistula distal para a 
traqueia: pneumonite química com lesão 
parenquimatosa pulmonar (devido ao 
refluxo do conteúdo ácido do estomago 
ATRESIA DE ESÔFAGO 
 
2 
 
para o esôfago e arvore 
traqueobrônquica) 
▪ Abdômen: 
o Distendido (com fistula) 
o Escavado (sem fístula) 
o Impossibilidade de progressão da sonda 
orogástrica 
▪ Presença de outras malformações: 
o V → vertebral – mais comuns 
o A → anal (más rotações intestinais são as 
mais comuns) 
o C → cardiovascular (mais graves) 
o T → traqueal 
o E → esôfago 
o R → renal 
o L → limbs (membros superiores ou 
inferiores) 
 Notar: salivação 
intensa e areada 
 
 
 
 
 
DIAGNOSTICO 
PRÉ-NATAL 
É encontrado polidrâmnio → líquido amniótico em excesso, 
está presente na maioria dos casos. É observado na USG e 
exame físico da gestante 
Na ultrassonografia: 
▪ Malformações (VACTERL) 
▪ Pode ainda identificar o coto esofágico superior 
dilatado e com líquido no interior 
▪ ausência da bolha gástrica 
▪ Estomago diminuído em casos de AE sem fístula 
AO NASCIMENTO 
▪ História clínica + Exame físico do RN 
▪ Se depois da amamentação, o RN apresentar 
regurgitação, tosse, cianose e insuficiência 
respiratória aguda deve-se colocar uma sonda 
nasogástrica → Interrupção da passagem da sonda 
N8 ou N10 de 8 a 12 cm da narina é diagnostico de 
AE 
Complementa com exame de imagem → radiografia simples 
torocoabdominal (após colocar a sonda, injetar 10-20 mL de 
ar para fazer a radiografia) onde se observa: 
▪ Visualização e altura do coto esofágico proximal 
contrastado pelo ar (bolha de ar supraesternal) 
▪ Presença de ar no intestino delgado (indica a 
existência de fístula no esôfago distal na traqueia) 
▪ Ausência de ar no abdome revela AE sem fistula ➔ 
É importante diferenciar com ou sem fístula para 
diferenciar o tratamento 
Outra opção de diagnóstico é o esofagograma: estudo do 
esôfago contrastado com bário no coto proximal. Deve-se 
introduzir no máximo 0,5 mL do líquido e, imediatamente 
depois, aspirar o contraste injetado. Volumes maiores 
podem provocar aspiração e comprometimento pulmonar 
Esofagograma 
com atresia de 
esôfago e 
fistula distal 
(ar no 
abdome) 
 
 
 
 
 
 
ATRESIA DE ESÔFAGO 
 
3 
 
 
Além do diagnostico de AE, deve-se procurar outras 
anomalias associadas, sendo que os exames mais pedidos 
são: 
▪ Radiografia toracoabdominal 
▪ Ultrassonografia (US) 
▪ Ecocardiograma: determinação da posição da aorta 
torácica. Em caso de dextroposição da aorta, deve‐
se considerar a via de acesso para a correção 
cirúrgica por toracotomia esquerda. 
▪ Ecocardiografia 
▪ Eventualmente, urografia excretora. 
TRATAMENTO 
PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO 
O objetivo é a melhora das condições gerais e pulmonares, a 
fim de diminuir o número e a gravidade de complicações pré-
operatórias. Os cuidados são: 
▪ RN mantido em incubadora, aquecido com 
hidratação e oferta calórica adequadas 
▪ Sonda nasoesofágica de duplo lume (Replogle), 
submetida a aspiração constante, para evitar a 
aspiração de saliva. 
▪ RN em posição elevada (pelo menos 30°), em 
decúbito dorsal ou lateral direito, para diminuir o 
refluxo gástrico nos casos com fistula. Se não 
houver fistula, a criança pode ficar em posição de 
Trendelemburg. 
▪ Ventilação com ar do ambiente ou oxigênio com 
umidificação, a fim de mobilizar a secreção 
pulmonar e facilitar a sua eliminação. 
▪ Intubação pode ser indicada em casos de: 
o Insuficiência respiratória por pneumonia 
aspirativa (por saliva ou secreção gástrica 
que reflui pela fístula traqueoesofágica) 
o Traqueomalácia grave ou malformações 
extensas 
o Cardiopatia congênita que necessite de 
ventilação mecânica 
▪ A antibioticoterapia deve ser introduzida 
precocemente (penicilina ou ampicilina e amicacina 
ou gentamicina) 
 
TRATAMENTO CIRURGICO 
Só deve ser feito quando o quadro geral, hemodinâmico e 
respiratório permitires, ou seja, não é uma emergência 
cirúrgica. 
Casos de atresia do esôfago com fistula do segmento distal: 
1. Via de acesso preferencial: toracotomia posterior 
no espaço interescapulovertebral, no nível do 
triângulo auscultatório extrapleural (não há secção 
da musculatura torácica, apenas sua divulsão, 
gerando menos dor pós-operatória e menos 
deformidade) 
2. Ligadura da fistula 
3. Anastomose primaria do esôfago 
a. Existem várias técnicas para a realização 
da anastomose primária, sendo que o 
fator mais influente no resultado cirúrgico 
é o primor técnico da sutura 
b. A mais utilizada em alguns hospitais é a 
anastomose em plano único, esôfago-
esôfago anastomose terminoterminal com 
ATRESIA DE ESÔFAGO 
 
4 
 
pontos separados de prolene 6,0. Deve-se 
ter atenção especial para abranger a 
mucosa do coto proximal, pois ela pode 
estar retraída. 
4. No final da cirurgia: drenagem do espaço 
extrapleural dependendodo cirurgião 
Evita-se fazer gastrostomia (tubo (sonda ou cateter) é 
colocado no estômago e fica acessível através da pele do 
abdome (implantação percutânea) para fornecer dieta ao 
paciente) 
Casos de atresia de esôfago sem fistula → Geralmente, a 
distância entre os cotos nesses casos é muito grande, ao 
contrario do que ocorre na atresia com fistula, então a 
anastomose primária não é possível. 
Primeiramente, realiza-se gastrostomia com 
laringotraqueobroncoscopia visando afastar uma fístula 
proximal e permitir a dieta alimentar (o que aumenta o 
estomago pequeno e o coto distal) 
Geralmente, espera-se a algumas semanas a três meses para 
realizar a cirurgia. 
Durante esse período o esôfago proximal é mantido em 
aspiração contínua com a sonda de Replogle 10 ft e é feita 
uma investigação da distância entre os cotos (estudo 
contrastado simultâneo do esôfago proximal e distal, ou pela 
inserção de uma sonda radiopaca por via transoral no coto 
proximal e outra através da gastrostomia atingindo o coto 
distal. As extremidades das sondas devem se sobrepor antes 
de tentar uma anastomose primária): 
▪ Indivíduos com dois ou menos corpos vertebrais de 
distância entre os cotos → Esôfago-esôfago 
anastomose primária termino-terminal 
▪ Indivíduos com mais de dois corpos vertebrais de 
distância → Esofagostomia do lado esquerdo 
(abertura do esôfago) + reconstrução em segundo 
tempo após a compensação clinica do paciente 
A reconstrução mais utilizada é a Esôfago-Coloplastia (subir 
o colón para refazer a distância da atresia). Outra opção é a 
esofagogastroanastomose 
AS COMPLICAÇÕES mais comuns: 
1. Deiscência da anastomose: 
a. Mais precoce (segundo e quarto dia pós-
operatório) e grave 
b. Em casos mais graves: reoperação 
2. Estenose da anastomose 
a. Complicação tardia mais frequente 
b. Geralmente ocorre devido a maior tensão 
no nível da anastomose por isquemia, por 
pequenas deiscências bloqueadas ou 
devido ao pequeno calibre do segmento 
inferior 
c. Tratamento: Dilatações com pequenos 
balões ou sondas 
3. Recidiva da fistula esofagotraqueal 
a. É rara nos dias atuais 
b. Suspeita-se em casos de 
broncopneumonia de repetição 
c. Correção: 5-8 semanas após o diagnostico 
4. Outras complicações: refluxo gastroesofagico e 
traqueomalácia (alteração funcional e estrutural da 
traqueia que leva à obstrução e dificuldades 
respiratórias)

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