Buscar

Fios e Nós Cirúrgicos

Prévia do material em texto

Fios e Nós Cirúrgicos
Fios Cirúrgicos
Fundamentais na Prática Cirúrgica
Funções
· Sutura – aproximação de bordas de tecidos para acelerar cicatrização
· Anastomose
· Hemostasia
Características
Origem do material para sua fabricação
· Naturais/biológicos ou sintéticos
Possibilidade de assimilação pelo organismo
· Absorvíveis e não-absorvíveis
Propriedades físicas
· Configuração básica, capilaridade, calibre, força tênsil, força do nó, memória
Manuseio
· Flexibilidade, coeficiente de fricção, arrasto tecidual, visibilidade do fio no campo operatório
Desencadeamento de reação tecidual
· Reação celular inflamatória e fibrosa, potencial para desenvolvimento de infecção e alergia, facilidade para esterilização
Origem
· Biólógicos ou naturais (Origem vegetal – algodão, linho/ Origem animal – categute, seda)
· Sintéticos
· Metálicos – aço inoxidável
Assimilação pelo organismo – absorvíveis e não-absorvíveis
Fios Absorvíveis
· Curtíssimo espaço de tempo – Categute Simples – 07 a 10 dias
· Curto espaço de tempo – Categute Cromado – 15 a 20 dias
· Médio espaço de tempo – Ácido Poliglicólico (Dexon) e Poliglicatina 910 (Vycril) – 50 a 70 dias
· Moderado espaço de tempo – Poliglecaprona (Monocril, Caprofyl) – 90 a 120 dias
· Longo espago de tempo – Polidioxanona (PDS) – 90 a 180 dias, Poligliconato (Maxon) – 150 a 180 dias
Propriedades Físicas
Estrutura Física	
· Monofilamentares
- Produzidos com um único filamento
- Geralmente menos maleáveis
· Multifilamentares
- Vários fios torcidos ou trançados entre si
- Maior flexibilidade e mais fácil manuseio
- Mais traumatizantes e ásperos ao passarem pelos tecidos – maior arrasto tecidual
- Maior risco de infecção
Diâmetro
· Padrão de partida – 0 – 0,40 mm de diâmetro
· Maior diâmetro – 1, 2, 3, 4, 5 e 6
· Menor diâmetro – 2-0 até 12-0
· Deve se escolher o fio de sutura mais fino possível para o tecido em que se está trabalhando sem prejuízo do trabalho
Agulha
· Cilíndrica
- Menos traumática – tecidos delicados
- Marca - círculo
· Cortante
- Mais traumática – tecidos grosseiros
- Marca – triângulo invertido
Força ou Resistência Tênsil
· Capacidade de um fio em suportar a tensão de um tecido submetido a uma sutura ou ponto
· Fios de material biológico – menor força tênsil
· Aço inoxidável – maior força tênsil
· Fios sintéticos entre esses dois extremos
Força e Segurança dos Nós – Coeficiente de Fricção – Arrasto Tecidual
· Coeficiente de Fricção – facilidade com que a sutura desliza atráves dos tecidos e nós
· Quanto maior é o Coeficiente de Fricção de um fio, maior é a estabilidade do nó e o arrasto tecidual
Memória
· Capacidade de um material para retornar a sua forma original depois de manuseado e deformado
· Plasticidade – possibilidade de expansão quando submetido a estiramento
· Elasticidade – capacidade de retornar a forma e comprimento originais quando estirado
· Polipropileno e náilon – fios que apresentam maior memória
Manuseio
· Flexibilidade e facilidade de manuseio
· Coeficiente de fricção
· Arrasto tecidual
· Visualização do fio no campo operatório
Características Relativas à Reação Tecidual
· Intensidade da Reação Inflamatória Tecidual Desencandeada
- Fios multifilamentares acarretam maior reação tecidual
- Fios absorvíveis naturais – reação do tipo corpo estranho
- Fios absorvíveis sintéticos – pouca reação tecidual
· Absorção x Não-Absorção
- Fio absorvível – se degrada e desaparece do tecido onde foi implantando
- Atividade enzimática ou hidrólise
- Fio não-absorvível – encapsulados ou isolados pelo tecido ao redor
- Naílon e seda são fios não-absorvíveis, porém são biodegradáveis em 2 a 3 anos
· Potencial para Multiplicação Bacteriana
- Fios multifilamentares – maior risco de multiplicação de microorganismos
- Permite o assentamento de microorganismos entre seus filamentos
· Antigenicidade e Alergenicidade
- Fios cirúrgicos manufaturados a partir do Ácido Glicólico – pouco antigênicos e alergênicos
- Polipropileno, náilon e aços filamentares – pouco antigênicos e alergênicos
- Catgut simples e catgut cromado – mais antigênicos e alergênicos
· Esterilização
Características Ideais para um Fio Cirúrgico
· Ser flexível
· Grande resistência a tração e torção
· Fácil manuseio
· Calibre fino e regular
· Facilidade para o nó cirúrgico
· Pouca reação tecidual
· Facilmente esterilizável
· Sem proliferação microbiona
· Baixo custo
· Absorvível, com período adequado de absorção
Absorvíveis
Categute
Simples ou Cromado
Tempo de absorção 
· Simples – 7 a 10 dias
· Cromado – 18 a 20 dias
Grande reação tecidual, pouca força tênsil, causa edema de ferida operatória
Absorção se dá por proteólise
Ácido Poliglicólico (Dexon)
Primeiro fio absorvível sintético lançado
Tempo de absorção – 50 a 70 dias
Mono e multifilamentar
Absorção se dá por hidrólise
Força tênsil praticamente inalterada por 21 dias
Pequena capilaridade, baixa memória e segurança regular nos nós
Mínima reação inflamatória tecidual
Deve ser evitada em anastomoses sob ação direta do suco pancreático
Poliglactina 910 (Vycril)
90% de ácido glicólico e 10% de ácido lático
Tempo de absorção – 50 a 70 dias
Multifilamentar
Absorção se dá por hidrólise
Força tênsil moderada
Pequena capilaridade, baixa memória e segurança moderada nos nós
Mínima reação inflamatória tecidual
Deve ser evitada em anastomoses sob ação direta do suco pancreático
Poliglecaprona (Monocryl, Caprofil)
Ácido glicólico e épsilon-caprolactona
Tempo de absorção – 90 a 120 dias
Monofilamentar
Fácil manuseio, pouco arrasto tecidual, força tênsil regular, pequeno fenômeno de memória, segurança regular dos nós, pequena reação tecidual
Polidioxanona (PDS)
Polimerização da Paradioxanona
Tempo de absorção – 180 dias
Fio sintético monofilamentar
Grande e duradoura força tênsil
Pequena reação tecidual
Boa segurança dos nós e memória baixa
Pode ser utilizada em qualquer anastomose do sistema digestório
Poligliconato (Maxon)
Polimerização da Paradioxanona
Tempo de absorção – 150 a 180 dias
Fio sintético monofilamentar
Fio que apresenta a melhor e mais duradoura força tênsil dentre os fios sintéticos absorvíveis
Fácil manuseio e pequena reação tecidual
Melhor segurança dos nós e memória baixa
Pode ser utilizada em qualquer anastomose do sistema digestório
Não-absorvíveis
Seda
Fio biológico multifilamentar trançado
Fabricado a partir do casulo da larva do bicho-da-seda
Fácil manuseio, flexível, pequena memória e grande força tênsil
Boa segurança dos nós
Grande reação tecidual
Risco de infecção
Baixo custo
Algodão
Fio biológico multifilamentar torcido
Fabricado a partir do algodão
Fácil manuseio, flexível, pequena memória e grande força tênsil
Boa segurança dos nós
Grande reação tecidual
Risco de infecção
Baixo custo
Nylon
Fio sintético, monofilamentar ou multifilamentar
Polímero da poliamida
Grande força tênsil
Rígido, pouco flexível e com alta memória
Baixa segurança dos nós, necessitando vários nós e contra-nós
Baixo coeficiente de fricção e arrasto tecidual
Pequena reação tecidual, praticamente inerte
Baixo risco de infecção
Na verdade geralmente é absorvido, com início de absorção em torno de 2 anos
Polipropileno (Prolene)
Fio sintético, monofilamentar 
Polímero do propileno
Grande força tênsil
Rígido, pouco flexível e com alta memória
Baixa segurança dos nós, necessitando vários nós e contra-nós
Baixo coeficiente de fricção e arrasto tecidual
Pequena reação tecidual, praticamente inerte
Baixo risco de infecção
Poliéster
Fio sintético, multifilamentar trançado
Dacron
Reação de ácido carboxílico e álcool 
Após o aço inoxidável, é o fio mais forte existente
Podem ser revestidos para diminuir arrasto tecidual
Média segurança dos nós e memória
Pequena reação tecidual
Politetrafluoroetileno (PTFE)
Fio sintético monofilamentar
Ainda pouco utilizado em nosso meio
Pequena reação tecidual
Aço
Mono ou multifilamentar 
Torcido ou trançado
Liga de ferro e carbono 
Fio de maior força tênsil e menor reação tecidual
Pouco maleável, nó impraticável
Utilizado em algumas cirurgias ósseas
Nós Cirúrgicos
Nó Cirúrgico: Entrelaçamento do fio cirúrgico,no intuito de realizar a hemostasia ou a união entre duas bordas teciduais
Partes do Nó Cirúrgico: Primeiro seminó ou laçada de contenção (que aproxima, aperta) e um segundo seminó fixador (que fixa o entrelaçamento do fio cirúrgico)
Princípios Gerais na Confecção do Nó Cirúrgico
Ao se completar deve ser firme, minimizando a possibilidade de deslizamento
Deve apresentar o menor volume possível para prevenir excessiva reação tecidual e minimizar reação de corpo estranho
As extremidades dos fios devem ser cortadas tão curtas quanto possível, sem que haja prejuízo na efetividade
A fricção excessiva entre as partes do fio nos nós deve ser evitada, pois enfraquece a integridade da sutura 
Tensão excessiva pode causar a quebra do fio
Após a realização do primeiro seminó, é preciso manter a tração em uma das extremidades do fio para evitar a perda da laçada, se realizada sob qualquer tensão
Seminós extras (mais do que os necessários) adicionam volume ao nó, não aumentando a resistência do nó cirúrgico propriamente dito
Tipos de Nós Cirúrgico 
Nó Antideslizante ou “Quadrado” (nó de ancorar ou nó achatado, com seminós assimétricos)
Tipo básico de nó mais utilizado nas operações
Dois seminós simples em que as duas meias-voltas são posicionadas em direções opostas
Nó Deslizante, Comum ou Torto (seminós simétricos)
Um seminó é sobreposto ao outro, sem inversão da meia volta em relação ao anterior (ambas as laçadas são realizadas na mesma direção) 
É um nó menos seguro que o nó antideslizante, necessitando a realização de mais seminós
Nó Duplo ou “Nó do Cirurgião”
Duas voltas primárias na primeira meia volta seguida por posicionamento da segunda meia-volta em direção oposta
Volta dupla no primeiro seminó evita que o nó “corra” ou deslize
Nó com grande segurança
Nó em Roseta
Utilizado para ancorar as extremidades dos fios em suturas intradérmicas
Realizado com auxílio de instrumento cirúrgico
Nó por Torção
Utilizado em fios metálicos
Torção helicoidal de suas extremidades
Técnica para a Execução dos Nós Cirúrgicos
Divididas em:
· Manuais
· Instrumentais 
· Mistas
Leis dos Nós ou Lei de Livingston
Movimentos iguais de mãos opostas executam um nó perfeito
A ponta do fio que muda de lado após a execução do primeiro seminó deve voltar ao lado inicial para realizar o outro seminó
Técnica de Pauchet
Pode ser realizada utilizando o terceiro quirodáctilo ou o dedo indicador na formação da alça que levará o seminó
O fio da mão ativa deve estar posicionado por baixo do fio seguro pela mão de apoio
Seminó do dedo indicador pode ser utilizado como segundo seminó para o primeiro seminó realizado com o terceiro quirodáctilo, e vice-e-versa
· Primeiro seminó
· Segundo seminó
· Primeiro seminó
· Segundo seminó
· “Nó do Cirurgião” - Técnica bimanual de Pauchet
Técnica Mista
Utilização de instrumento cirúrgico auxiliar – geralmente o porta-agulhas
Fio que vai ser utilizado para realizar a alça do primeiro seminó com o instrumento cirúrgico não pode ser cruzado
Segundo seminó pode ser realizado utilizando a outra extremidade do fio para realizar a alça ou utilizando a mesma extremidade do fio, porém fazendo a alça no sentido contrário em relação a alça do primeiro seminó (sentido horário e anti-horário)
Passagem do instrumento cirúrgico duas vezes pelo eixo do fio faz uma alça dupla, com a formação de um Nó do Cirurgião
· Primeiro seminó
· Segundo seminó
· Seminó duplo ou Nó do Cirurgião
Técnica do Sapateiro
Permite a realização de seminós sem diminuição da tensão do fio
Permite a confecção de alça dupla ou seminó do cirurgião
· Primeiro seminó
· Segundo seminó

Continue navegando