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Problema 1- SOI V (APG) Beatriz Oliveira Artralgias DEFINIÇÃO Caracterizada pro ocorrer na região de uma articulação, se relacionando com a mobilização ativa e passiva, melhorando com repouso. Pode ser decorrente de processos traumáticos, degenerativos ou inflamatório. Geralmente, a artralgia se associa com o comprometimento da função articular que varia desde uma simples restrição dos movimentos até sua completa incapacidade. EPIDEMIOLOGIA • A artralgia ou dor articular está entre os tipos mais frequentes de dor. • As principais causas de dor são o traumatismo e a inflamação (artrites aguda e crônica). • Aos 65 anos mais de 90% da população tem pelo menos uma articulação com Osteoartrose (OA). Com o avançar da idade mais articulações são acometidas. • A incidência de artrite reumatoide É de aproximadamente 1%. • A incidência de artrite gotosa e de aproximadamente 1%. FISIOPATOLOGIA Nas doenças articulares a dor se produz com maior frequência durante o exercício ou mesmo durante as atividades cotidianas habituais. Este aumento da sensibilidade dolorosa é atribuída a: • Sensibilização periférica: aumento da sensibilidade dos nociceptores articulares a estímulos mecânicos aplicados na articulação. É induzida por mediadores inflamatórios tais como a bradicinina, prostaglandinas e citocinas; • Sensibilização central: aumento da sensibilidade dos neurônios relacionados com as informações das sensibilidades dolorosa e mecânica das articulações. É induzida pela informação dos receptores dolorosos articulares e mantida pelos mecanismos centrais de amplificação. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS • A artralgia pode ser aguda (duração de dias) ou crônica (duração de meses a anos); • Dependendo da doença de base pode ser sentida em apenas uma articulação (após traumatismos ou durante osteoartrite) ou em diversas articulações (por exemplo: poliartrite reumatoide); • Normalmente, a dor atinge a articulação ou as articulações afetadas, porém pode ser referida a distância (por exemplo, a osteoartrite de quadril pode causar dor referida no joelho); • A artralgia em geral é surda e vaga, diferente da dor cutânea que é aguda e de localização mais precisa; • A dor pode ocorrer com hiperalgia ou mesmo com alodínea (causada por um estímulo que normalmente não provoca dor): em uma articulação normal somente os movimentos contra a resistência do tecido ocasiona dor, no entanto, a articulação lesada ou inflamada a dor pode ocorrer mesmo durante os movimentos comuns e normalmente indolores; • A artralgia tem como resultado deterioração física, claudicação, restrição de movimento, e perda de força; • A dor articular costuma piorar com o uso (levantamento de peso ou movimento), e melhorar com o repouso, mas, pode também ser constante; • Um tipo particular de dor articular é a que ocorre em repouso durante a noite; • A dor pode ser associada com outros sintomas como a rigidez, a instabilidade ou o calor. Critérios diagnósticos; • Uma articulação lesada ou inflamada pode ser fonte de dor decorrente de uma leve ou moderada pressão localizada (palpação), Problema 1- SOI V (APG) Beatriz Oliveira enquanto uma pressão forte pode causar dor muito intensa; • Durante a enfermidade articular (artropatia), a dor pode ser causada por movimentos passivos dentro da amplitude normalmente utilizada, ou pelo alongamento articular, e a movimentação pode ficar limitada; • Uma articulação inflamada pode ficar inchada, quente e avermelhada; • A artropatia crônica pode ser caracterizada por deformidade articular e crescimento ósseo; • A artralgia pode ser acompanhada por uma redução de amplitude de movimento, e até mesmo por um aumento de amplitude de movimento (por exemplo após rupturas ligamentares). CLASSIFICAÇÃO De acordo com o número de articulações acometidas: • Monoarticular: 1 articulação envolvida ( osteoartrose ou gota/pseudo gota) • Oligoarticular: até 3 ( osteoartrose ou gota/pseudo gota) • Poliarticular: mais que 3 POLIARTICULARES Detecção de anormalidades em outros órgãos ou sistema é útil, pois umas possíveis causas das poliartropatias envolvem doenças sistêmicas; Causas mais frequentes: • Gota em fase crônica (1-15%); • Osteoartrose (4%); • Reacionais a infecções virais; • Artrite reumatoide; • Febre reumática; • Espondiloartrites. Divididas em: inflamatórias ou não inflamatórias; Divididas pelo tipo de apresentação: aguda ou crônica ( + de 6 semanas) Poliartropatia aguda não inflamatória Afastar a possibilidade de lesões traumáticas, sem evidências pode se tratar de uma apresentação atípica das PANI; Poliartropatia aguda inflamatória → Febre reumática: • Em adultos a artrite é mais aditiva e duradoura • Cardite pode não ser evidente no início • A febre flutua, não retornando a temperatura normal por 1 semana ou + • A febre e artrite respondem a aspirina e AINES • Pedir evidência sorológica de exposição ao estreptococo deve ser feita → Artrite asséptica: • Normalmente afeta 1 articulação • 10% dos pacientes podem acometer + de 1 Problema 1- SOI V (APG) Beatriz Oliveira • Fatores de risco para esse acometimento: imunossupressão, drogas injetáveis e doença articular prévia → Artrites gonocócica e meningocócica: • Costumam ser poliarticulares e com padrão migratório • Mais comum artrite infeciosa em jovens • Lesões de pele típicas, vesiculopustulares em base eritematosa ajudam no diagnóstico; • Líquido sinovial em geral é estéril nas infecções por neisseria. → Outras causas infeciosas: • Endocardite bacteriana: febre, dor lombar e artralgias. Normalmente causa oligoartrite de pequenas articulações • Artrite micobacteriana/fúngica: normalmente monoarticular com manifestações sistêmicas da tuberculose pode ocorrer poliartrite reacional, em grandes articulações – doença de Poncet • Artrite parasitária: paciente apresenta poliartrite, semelhante a reumatoide, mas oligoartrite também pode ocorrer • Atropatias virais: a poliartrite é considerada reacional à infecção viral sistêmica. Principais vírus são parvovírus B19 e rubéola, principalmente em mulheres. Exceto pela duração dos sintomas articulares (geralmente até 6 semanas), se assemelham à artrite reumatoide, rigidez matinal, em ambas mãos e punhos. Não causam danos articular estrutural • Artrites induzidas por cristais: costuma ser monoarticular e aguda ( as vezes oligoartrite). As articulações são quentes e eritematosas e o edema se estende às partes moles adjacentes às articulações. O paciente tende à incapacidade para suportar carga. Geralmente afeta os pés, principalmente articulação metatarsofalângica. O cristal envolvido é o manourato de sódio. Achado de cristais no líquido sinovial confirma diagnóstico. Poliartropatia crônica não inflamatória → Osteoartrose (osteoartrite) : • Degeneração progressiva da cartilagem e neoformação óssea na margem articular • Dor agravada por carga ou movimento e aliviada em repouso • Exame: aumento do volume ósseo ( nódulos de Heberden e Bouchard, nas falanges distais) e crepitação confirma a presença de irregularidades na superfície cartilaginosa • Líquido sinovial sem característicasinflamatórias • Articulações envolvidas: quadril, joelho, acromioclavicular, 1° metatarsofalângica, carpometacapal e interfalângicas da mão • Osteoartrose erosiva inflamatória das articulações proximais e distais dos dedos causa mais dor, sensibilidade e aumento de volume das partes moles. Os sinais intermitentes inflamatórios lembra a reumatoide, mas a erosiva é limitada as mãos • Osteoartrose 1° generalizada: pode ter base genética, artrite envolve muitas articulações e se inicia com idade inferior a osteoartrose comum. Pacientes sofrem de inflamação aguda induzida por cristal (pseudogota) → Hemocromatose • Incialmente a poliartropatia é comum • Acomete as mãos (metacarpofalângeas) • Exame da membrana sinovial revela deposição de ferro e não células inflamatórias Problema 1- SOI V (APG) Beatriz Oliveira → Artrite por depósito amiloide • Dentro e ao redor das articulações (sintoma isolado) • Pode ser 1° ou 2° ao mieloma múltiplo • Maioria dos pacientes tem acometimento renal e acometimento de outros órgão • Edema do ombro marcado (sinal da ombreira) → Artrite por depósito amiloide • Causada por muitos distúrbios torácicos ou abdominais, carcinoma de pulmão mais comum • Principais achados: baqueteamento dos dedos, dor osteoarticular e evidencias radiológicas de neoformação periosteal Poliartropatia crônica inflamatória Principais formas de artrite crônica da reumatologia. → Artrite reumatoide • Mais importante desse grupo • É uma poliartrite • Normalmente afeta pequenas articulações ( metacarpofalângeas e interfalângicas proximais) • Alguns pacientes têm padrão aditivo com início mono o oligoarticular • Sintomas: piores ao acordar (rigidez matinal) ou após períodos de inatividade • Exame: primeiramente temos dor a palpação e edema articular e posteriormente a limitação de movimentos → Outras doenças difusas do tecido conjuntivo • Lupos eritematoso sistêmico: sintomas variam e podem ser migratórios /intermitentes. A rigidez matinal não é tão marcada quanto na artrite reumatoide. manifestações extra- articulares: fenômeno de Raynaud (frio) e espessamento cutâneo, fraqueza muscular proximal e sistêmica, purpura, neuropatia e isquemias, dor e rigidez de cinturas escapular e pélvica. • Espondiloartrites: a espondilite anquilosante pode apresentar sintomas articulares periféricos, mas as articulações do esqueleto axial (quadril e ombro)são mais afetadas que na reumatoide. Possui dor dorsolombar de ritmo inflamatório (piora em repouso e melhora com exercício). A artrite psoriáca normalmente é oligoarticular, acomete articulações interfalângicas distais e tem o surgimento de “unha em dedal”. A artrite reativa pode se desenvolver através de infecções entéricas ou geniturinárias, como uma oligoartrite estéril de membros inferiores. A oligoartrite de grandes articulações também pode ocorrer nas enteropatias inflamatórias crônicas AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA Problema 1- SOI V (APG) Beatriz Oliveira • História clínica e exame físico completo são os principais meios diagnósticos; • Informações importantes: doenças prévias/trauma, episódios anteriores de dor articular e história familiar de doenças reumáticas, padrão e evolução do acometimento articular EXAME FÍSICO Buscar edema de partes moles e derrame articular, pois apontam para doença inflamatória ( com presença de sinovite), mesmo com eritema, calor local e dor intensa estão ausentes. Porem edema e derrame articular também ocorrer em doenças primárias não inflamatórias. Se o exame articular estiver normal em pacientes com dor generalizada, causas não articulares devem ser consideradas. • Examine da pele: em busca de exantemas, nódulos subcutâneos e outras lesões associadas a doenças reumáticas • Exame musculoesquelético: coluna vertebral, músculos e articulações EXAMES COMPLEMENTARES • Exames laboratoriais: testes hematológicos, bioquímicos, indicadores inespecíficos de inflamação (PCR) e autoanticorpos específicos para a suspeita. • VSG ( marcador inespecífico de inflamação): aumentada em infecções, inflamações e malignidade. É inespecífica em quadro de poliartralgia e exame articular indefinido. • Fator reumatoide (FR): solicitado com pelo menos uma suspeita de presença de artrite Problema 1- SOI V (APG) Beatriz Oliveira reumatoide: quadro de poliartrite simétrica acometendo pequenas articulações. • FAN (fator antinúcleo): não deve ser pedido para pacientes com problemas localizados, como dor lombar ou tendinite, que não apresentem sintomas sistêmicos. • O líquido sinovial: deve ser sempre obtido e submetido à analise a partir da punção de derrames articulares, principalmente pacientes com febre ou agudamente doentes. Pode indicar se a Artropatia é ou não inflamatória. • Exames de imagem: pacientes com condrocalcinose causada pela doença de posição de cristais de pirofosfato de cálcio, pacientes com dor em esqueleto axial típica do envolvimento de articulações sacroilíacas ou erosões ósseas típicas da artrite reumatoide. Entretanto, devem ser pedidos com cautela • Biopsia: diagnóstico de doença incomum ENCAMINHAMENTO A avaliação diagnostica dos pacientes com poliartrite, principalmente de evolução crônica, complexa. Especificamente na artrite reumatoide, o tratamento inicial tem importância decisiva na prevenção de incapacidade funcional futura. Assim, caberiam ao médico de APS as seguintes tarefas: - • Identificar presença de artropatia inflamatória e que não se resolve dentro de 1 a 2 meses, distinguindo os pacientes com quadros degenerativos, periarticulares e fibromiálgicos; • Encaminhar os pacientes com artropatia inflamatória ao reumatologista; • Acompanhar o paciente após definição do plano terapêutico, facilitando a adesão, identificando efeitos adversos dos fármacos em uso e dando suporte educacional e emocional mais próximo ao paciente, em cooperação com o reumatologista. Deve-se encaminhar ao reumatologista pacientes com mais de três articulações edemaciadas, com envolvimento de articulações metacarpofalângeas e/ou metatarsofalângica e com mais de 30 minutos de rigidez matinal. TRATAMENTODEPENDE DO DIAGNÓSTICO Depende do diagnóstico. ARTRITE REUMATOIDE Objetivos: • Prevenir/controlar dano articular; • Prevenir a perda de capacidade funcional; • Controlar dor e desconforto do paciente. • Pacientes com início recente de artropatia inflamatória em geral são tratados com AINEs; • O tratamento inicia-se com a educação do paciente sobre a doença e sobre os riscos de evolução com dano articular e comprometimento da função, assim como sobre os benefícios das terapias atuais; • Para o controle da dor e do processo inflamatório articular, enquanto se aguarda a ação mais lenta dos fármacos modificadores, o uso de AINEs, doses baixas de glicocorticoides (máximo de 15 mg de prednisona/dia)3 e infiltrações com glicocorticoides nas articulações mais resistentes está indicado. ARTRITE GONOCÓCICA • Os pacientes com suspeita devem ser sempre internados para confirmação do diagnóstico e para início de antibioticoterapia intravenosa • A escolha do antibiótico, se penicilina (100.000 a 200.000 U/kg divididasem seis doses diárias) ou se uma cefalosporina (ceftriaxona 1 a 2 g/dia, ou cefotaxima 1 g a cada 8 horas); • Além do tratamento antimicrobiano, o uso de analgésicos e de AINEs é indicado. ARTRITE REATIVA A terapia depende do clínico (agudo ou crônico), agente desencadeante, incapacidade funcional articular e envolvimento extra-articular. O planejamento terapêutico do paciente com artrite Problema 1- SOI V (APG) Beatriz Oliveira reativa compreende os seguintes objetivos básicos comuns: • Controle da sinovite; • Preservação da função articular; • Prevenção de deformidades; • Erradicação do patógeno agressor desencadeante. Esses objetivos são obtidos pelo tripé básico de educação do paciente, terapia medicamentosa e reabilitação curativa ou preventiva. • Medicamentosa: controle sintomático da artrite, tem como principal indicação o uso de AINEs ELIX com resposta satisfatória em tomo de 80% dos casos, com uso restrito até a melhora, em média de 3 a 4 semanas. Outra base do tratamento medicamentoso das artrites reativas é a antibioticoterapia, indicada nos casos pós-infecção. Os antibióticos não são usados para tratar especificamente a artrite, mas podem ser indicados para o tratamento da infecção subjacente, em especial na evidência de infecção do trato geniturinário. • Reabilitação: também é importante. O repouso e a terapia física preservam a função articular e muscular.
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