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Anamnese psiquiátrica na infância: É necessário um conhecimento do desenvolvimento normal na infância para uma boa investigação diagnóstica; Crianças muito pequenas podem – abordagem lúdica; Crianças maiores são excelentes informantes para sintomas de humor e sentimentos – porém podem não ser tão boas informantes sobre a cronologia; Dados específicos sobre desenvolvimento: fala, motricidade, interação social (riso social); História familiar e genitores; Informações objetivas podem ser coletadas com genitores, avós, educadores, etc. Instrumentos diagnósticos: Entrevista clínica – consulta psiquiátrica; Entrevistas semi-estruturadas; Questionários específicos diversos – lista de verificação do comportamento infantil, SNAP IV – TDAH na infância, etc.; Exames complementares. DSM IV versus DSM V: O DSM V não tem uma classificação específica para transtornos da infância; O capítulo “Transtornos psiquiátricos geralmente diagnosticados na infância” foi excluído. Quais são os transtornos? Retardo mental / deficiência intelectual; Transtornos do Espectro Autista; TDAH; Transtorno de Ansiedade de Separação; Mutismo seletivo; Transtornos de Humor; Esquizofrenia de início precoce; Transtornos de Aprendizagem; Transtornos da Linguagem;; Transtornos disruptivos do controle de impulsos e conduta; Transtornos de tique; Transtornos da excreção. Deficiência intelectual: Segundo a AAMR – American Assocation for Mental Retardation: É uma disfunção da interação do indivíduo com o meio ambiente; O indivíduo necessita de “apoio ambiental” intermitente, limitado, adaptado às suas habilidades nas áreas de: comunicação, autocuidado, uso de recursos da humanidade, habilidades acadêmicas, lazer, saúde e segurança; Pelo DSM V é considerado um transtorno do desenvolvimento intelectual; Caracteriza-se por: alteração do desenvolvimento normal, déficits funcionais – intelectuais, adaptativos, sociais. Etiologias do período pré-natal: Sífilis; Rubéola; CMV; Toxoplasmose; AIDS; Síndrome Alcoólica Fetal; Exposição fetal a outras drogas; Complicações na gestação. Algumas etiologias genéticas que podem estar associadas: Síndrome de Down; Síndrome do X-frágil; Síndrome de Prader-Willi; Transtorno de Rett; Neurofibromatose. Diagnóstico: História clínica; Testagem neuropsicológica; Avaliação de QI; Exames complementares – investigar etiologias. Tratamentos e prognóstico: Prognóstico variável de acordo com a etiologia e tratamentos desenvolvidos; Fonoaudiologia; Psicoterapias – comportamental, cognitiva e psicodinâmica; Educação da família; Psicofármacos – controle comportamental com estabilizadores de humor e/ou antipsicóticos. Transtorno do Espectro Autista: Antigamente chamado de Transtorno Global do Desenvolvimento; Nos EUA: 1 para cada 68 crianças; OPAS – Brasil: 1 para cada 160 crianças; 4:1 em meninos. Atualmente, as características essenciais são: Prejuízo persistente na comunicação social recíproca e na interação social (critério A); Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades (critério B); Esses sintomas estão presentes desde o início da infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário (critérios C e D). Os comportamentos muitas vezes se manifestam pelo interesse intenso e focalizado em um assunto em particular; Movimentos corporais e estereotipados; Sensibilidade aumentada a sons ou texturas; Manipulação repetitiva de objetos; Insistência em aderir a rotinas; Interesses sensoriais incomuns. Dificuldades de comunicação: Alguns falam fluentemente, outros podem ter alteração de fala. Em muitos a linguagem pode ser limitada ou incomum; Repetição de frases ou palavras de forma a fazer as mesmas perguntas; Só falam de temas que são de interesse para eles mesmos, o que torna difícil a troca de experiências na comunicação – hiperfoco. Alteração comportamental: Comportamento incomum. O seu comportamento é geralmente uma tentativa de comunicar os seus sentimentos ou para lidar com uma situação; Maior sensibilidade a um som ou algo que pode ter visto ou sentido; As pessoas com transtorno do espectro autista, aderem rigidamente a rotinas e podem passar seu tempo com comportamentos repetitivos. Interação social: As pessoas com TEA tem dificuldade em estabelecer e manter relacionamentos; Eles tem dificuldades para entender algumas formas de comportamentos não-verbais típicos como expressões faciais, gestos físicos e contato visual; Eles são muitas vezes incapazes de compreender e expressar as suas necessidades, assim como eles podem ter dificuldades de interpretar e compreender as necessidades dos outros. Causas: Há muitos fatores ambientais e genéticos; Não há evidência de uma associação causal entre a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola e o transtorno do espectro autista; Também não há evidências de que qualquer outra vacina infantil possa aumentar o risco do transtorno do espectro autista. Tratamentos: Não há cura para o transtorno; Intervenções psicossociais: o tratamento comportamental e programas de treinamento de habilidades para pais e outros cuidadores; Reduzir as dificuldades de comunicação e comportamento social; Necessidades: promoção da saúde, cuidados, serviços de reabilitação e colaboração com outros setores, tais como os da educação, emprego e social. Guia ABA: Análise do Comportamento Aplicada. Tratamentos: Psicofármacos: controle de impulsividade e comportamental – automutilações, agressões, hiperatividade, TOC e estereotipias; Antipsicóticos preferencialmente atípicos – Risperidoda, Olanzapina, Aripiprazol; Antidepressivos: ISRS, Clomipramina. TDAH: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade; Padrão persistente de desatenção e/ou comportamento hiperativo e impulsivo; Sintomas diagnosticados geralmente aos 5-8 anos de idade; Há prejuízos e há interferência na vida social, acadêmica, etc. Critérios diagnósticos A – Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento, conforme caracterizado por (1) e/ou (2): 1. Desatenção: 6 ou mais dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento: a. Não presta atenção em detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras; b. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades; c. Parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente; d. Não segue instruções até o fim e não consegue terminar trabalhos escolares; e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades; f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado; g. Perde coisas necessárias para tarefas ou atividades; h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos; i. Com frequência é esquecido em relação às atividades. 2. Hiperatividade e impulsividade: 6 ou mais dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento: a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na cadeira; b. Levanta da cadeira em situações em que se espera que permaneça sentado; c. Frequentemente corre ou sobre nas coisas em situações em que isso é inapropriado; d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente; e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado”; f. Frequentemente fala demais;g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha sido concluída; h. Frequentemente tem dificuldade para esperar sua vez; i. Frequentemente interrompe ou se intromete. B – Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade- impulsividade estavam presentes antes do 12 anos de idade; C – Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade- impulsividade estão presentes em dois ou mais ambientes (p. ex., em casa, na escola, no trabalho; com amigos ou parentes; em outras atividades; D – Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento social, acadêmico ou profissional ou de que reduzem sua qualidade; E – Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são mais bem explicados por outro transtorno mental. Etiologia: As causas são desconhecidas; Fatores relacionados: exposições tóxicas perinatais, prematuridade, aditivos, corantes, conversantes alimentares, fatores genéticos; Fatores neurofisiológicos: atraso maturacional no estirões de crescimento; PETscan: metabolismo da glicose mais baixo em região frontal cerebral – lobos frontais não realizam controle inibitório de forma eficaz. Diagnóstico: Observação direta da criança – situações que requerem atenção; Sintomas persistentes e prejudiciais geralmente na escola e em casa; Período de atenção curto; Fácil distratibilidade; Costumam não obedecer comandos simples e sequenciais dos pais; Hiperatividade – mais comum na infância; Desatenção – pode ser o único sintoma em crianças maiores e adultos; 15-20% dos casos persistem até a idade adulta; Comorbidades mais comuns: transtornos de aprendizagem; transtorno opositor desafiante; transtornos de conduta. Tratamento: Psicoterapia; Psicofármacos: estimulantes do SNC – metilfenidato liberação rápida ou prolongada; antidepressivos de segunda linha – venlafaxina, bupropiona, imipramina; Clonidina – ideal quando há também transtorno de tique. Ansiedade de ansiedade de separação: É um fenômeno do desenvolvimento humano universal em bebês com menos de 1 ano de idade – consciência de separação da mãe ou de outro cuidador primário; É considerado fenômeno normal adaptativo – sobrevivência; O transtorno ocorre quando a ansiedade é inadequada ou excessiva; Sintomas comuns: evitação escolar, medo, sofrimento no momento da separação, ansiedade antecipatória, sintomas físicos recorrentes – cefaleia, dor de estômago, pesadelos; Eles vivenciam sofrimento excessivo e recorrente antes a ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de figuras importantes (critério A1); Eles se preocupam com o bem-estar ou a morte de figuras de apego, particularmente quando separados delas (critério A2); Também se preocupam com eventos indesejados consigo mesmos, como perder-se, ser sequestrado ou sofrer um acidente, que os impediriam de se reunir à sua figura importante de apego (critério A3); Os indivíduos com transtorno de ansiedade de separação são relutantes ou se recusam a sair sozinhos devido ao medo de separação (critério A4); Elas tem medo ou relutância persistente e excessiva em ficar sozinhos ou sem as figuras importantes de apego; Podem não conseguir permanecer ou ir até um quarto sozinhas e tem comportamento de agarrar-se, ficando perto ou “sendo a sombra” dos pais (critério A5); Elas tem relutância ou recusa persistente em dormir à noite sem estarem perto de uma figura importante de apego ou em dormir fora de casa (critério A6). Tratamentos: Psicoterapia cognitivo comportamental; Educação familiar com intervenções psicossociais; Psicofármacos – estratégia adicional a terapia. Mutismo seletivo: Condição clínica na qual a criança fica completamente muda ou quase muda em situações sociais, geralmente na escola; Costuma ocorrer na faixa etária dos 5 anos; Fatores desencadeantes: situações de estresse, traumas e abusos; Em ambiente “protegido” sua fala é fluente e normal; Ocorre em 0,5% dos escolares; Mais prevalente no sexo feminino; 90% preenchem critérios também para fobia social; Geralmente tem história familiar de transtornos de ansiedade; Não é uma recusa em falar; É quase que uma incapacidade em falar em algumas situações sociais. Tratamentos: Idem ao transtorno de ansiedade de separação.
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