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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - DEPARTAMENTO DE DIREITO JUR 1340 Turma 2HX – G1 PROCESSO TRIBUTÁRIO – 2021.2 Prof.ª Francis Waleska Aluna: Ana Clara Benevenuto Mattos de Andrade 1) A Fábrica de Refrigerantes Super Refri Ltda. recolheu a maior o IPI incidente sobre a saída dos respectivos produtos vendidos à Distribuidora de Bebidas Delta Ltda. Verifi- cado o equívoco, a Distribuidora de Bebidas postulou em juízo o creditamento relativo ao IPI indevidamente pago pela fabricante, mas embutido no preço do produto. Nesse caso, tem a distribuidora legitimidade para requerer a repetição do indébito? Quais os aspectos jurídicos que envolvem a matéria postam em debate? Justifique, com base na legislação tributária pertinente Às vistas do art. 166 do Código Tributário Nacional, “A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la. XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) (Vide Lei nº 13.259, de 2016)” Deste modo, a restituição da quantia paga a título de tributo indireto deve ser feita ao potencial sujeito passivo da obrigação correspondente, sempre este acabe por demonstrar que não repas- sou o encargo respectivo ou que também tenha existido uma transferência de ônus para algum terceiro, que é contribuindo de fato, sendo que este deve ser autorizado a receber a quantia a maior que tiver sido paga. No caso do IPI, que se trata de um tributo de natureza indireta, legitimada a requerer a repetição do indébito tributário, será o indivíduo que está no polo da relação obrigação correspondente, caso a tributação tivesse ocorrido de forma regular (contribuinte direito), na hipótese da ques- tão, a Fábrica de Refrigerantes Super Refri Ltda. Em resumo, a fábrica que industrializa o refrigerante se enquadra plenamente como contribuinte do IPI, visto praticar o fato gerador deste imposto resultante do processo de industrialização com posterior venda ao passo que o IPI compõe o preço final do produto que deve ser vendido e, portanto, tem seu repasse para um terceiro (contribuinte de fato). Isto devidamente registrado, pode-se entender então que a distribuidora de Bebidas não tem legitimidade para propor ação de repetição do indébito tributário, pois não se enquadra como contribuinte de direito, na forma da legislação tributária do art. 46, parágrafo único c/c art.51, ambos do CTN, que ficam expostos abaixo: “O contribuinte de fato é aquele que arca com o pagamento do tributo, que está embutido no preço do produto. A Distribuidora efetivamente não pode assim ser qualificada, visto que não está no fim do ciclo de produção, mas sim o consumidor final. A distribuidora não tem com o Fisco qualquer relação jurídica, não participa da relação jurídica tributária”. 2ª) Xisto da Silva, brasileiro, administrador, solteiro, portador da carteira de identidade no. xxxx e CPF no. xxx, residente e domiciliado na Rua X, no. xxx, bairro Z, Município Y, Estado F, recebeu cobrança simultânea, por meio de uma mesma guia de documento fis- cal, de dois tributos: IPTU e Taxa de Conservação das Vias e Logradouros Públicos (TCVLP). No caso da referida taxa, certo é que o contribuinte não concorda com sua PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - DEPARTAMENTO DE DIREITO JUR 1340 Turma 2HX – G1 PROCESSO TRIBUTÁRIO – 2021.2 Prof.ª Francis Waleska Aluna: Ana Clara Benevenuto Mattos de Andrade cobrança, o que o levou, por meio de seu advogado, a ajuizar ação judicial a fim de decla- rar sua inconstitucionalidade, havendo pedido liminar, ainda não apreciado, para afastar a obrigatoriedade do recolhimento da referida exação fiscal. Por outro lado, em relação à cobrança do IPTU, pretende o contribuinte efetuar o seu pagamento. No entanto, a guia de pagamento é única e contém o valor global dos referidos tributos, tendo o banco rejei- tado o pagamento parcial relativo somente ao IPTU. Nesse caso, considerando que o IPTU ainda não está vencido, bem como o contribuinte não obteve êxito para solucionar seu problema na esfera administrativa, indique a peça adequada para efetuar o pagamento do imposto municipal, com base no direito material e processual pertinente. Utilize todos os argumentos e fundamentos pertinentes à melhor resposta. O caso em questão se forma por uma ação de consignação em pagamento que tem legalidade prevista no art. 164, I, do CTN, haja vista que a Fazenda Municipal se recusa a receber a pres- tação tributária apenas quanto ao valor do imposto devido, e que o contribuinte não tem ne- nhuma recusa nos pagamentos cabíveis. . Neste horizonte, levando em consideração que o Fisco condicionou o recebimento do paga- mento do imposto ao pagamento da taxa de conservação de vias e logradouros públicos, a ação se tornou de consignação por meio hábil para liberação da dívida fiscal relativa ao IPTU, pre- tendendo o contribuinte eximir-se de pagar a taxa, que reputa inconstitucional. Com base neste prospecto, abaixo se apresentam os itens da peça tributária. Estrutura da Peça: Saudação – Apresentação da Comarca. Informações Pessoas/Gerais Dos Fatos – Fazenda Municipal subordinando o pagamento do IPTU a taxa, o que torna, repu- tando o contribuinte inconstitucional a segunda exação. Direito – O Fisco não pode subordinar o pagamento de um tributo a outro, eis que são obriga- ções autônomas, oriundas de fatos geradores distintos, conforme dispositivos do CNT 164. Caso assim proceda, deverá o contribuinte consignar em Juízo o valor devido. Solução – O contribuinte deverá recolher apenas o valor do IPTU, mediante a propositura da ação de consignação em pagamento, de acordo com o artigo 164, I do CTN, liberando-se da obrigação tributária existente. Pedidos: (a) citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta (b) Deferimento o depósito do valor do IPTU devido, (c) Inexigibilidade do crédito tributário corespectivo; (d) seja julgado procedente o pedido, declarando-se extinta a obrigação tributária d) seja o réu condenado em custas e honorários advocatícios; PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - DEPARTAMENTO DE DIREITO JUR 1340 Turma 2HX – G1 PROCESSO TRIBUTÁRIO – 2021.2 Prof.ª Francis Waleska Aluna: Ana Clara Benevenuto Mattos de Andrade (e) Protesto pela produção de todas as provas em direito admitidas. (f) Valor da Causa – R$... (valor total do IPTU a ser consignado). Assinatura – Anexos – 3 Julgada procedente a ação de repetição de indébito de imposto recolhido em 2016, pro- posta em face da Fazenda Estadual, José da Silva recorreu da decisão que lhe foi favorá- vel, pretendendo alterar o marco temporal de aplicação dos juros moratórios constante da decisão judicial. O julgado determinou como devida a incidência dos juros moratórios na ordem de 1% ao mês, a contar do trânsito em julgado da sentença, contrariando a pretensão autoral, que pleiteava o início do cômputo a partir da realização do pagamento indevido. Considerando que a legislação do Estado em questão não possui nenhuma norma própria a regular os índices de juros do imposto a ser restituído, responda aos itens a seguir: A) O contribuinte tem razão? Resposta fundamentada. O art. 161 § 1º, do CTN afirma que “O crédito não integralmente pago no vencimento é acres- cido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária”, além de sobrescrever que “a taxa de jurosmoratórios a que se refere o artigo 406 é a do artigo 161, parágrafo 1º, do Código Tributário Nacional, ou seja, 1% (um por cento) ao mês". Neste sentido, o pleito de José da Silva na ação de repetição tem fundamento legal, todavia, é necessário avaliar o prazo de formulação, divergência entre as partes que fora informado acima. Neste horizonte, segundo a Súmula 188 do Supremo Tribunal Federal, “os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir do trânsito em julgado da sentença, quando considerados; e no mesmo contexto jurídico, a Súmula 162 afirma que “na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido”. Neste caso, levando em consideração que José busca a aplicação de juros moratórios, tendo em vista que, ao Estado, submete-se um tratamento que lhe é mais benéfico, o contribuinte não apresenta razão legal e nem jurisprudencial de caso. Assim, assume-se que: não, o contribuinte não tem razão conforme empossado na Súmula 188 do STJ e o artigo 167, parágrafo único, do CTN: “A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a deter- minar. B) Acaso a ação repetitória tratasse de um tributo federal, a contagem acerca da incidên- cia dos juros seria diferente? Resposta fundamentada. Justifique utilizando todos os fun- damentos jurídicos aplicáveis à espécie PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - DEPARTAMENTO DE DIREITO JUR 1340 Turma 2HX – G1 PROCESSO TRIBUTÁRIO – 2021.2 Prof.ª Francis Waleska Aluna: Ana Clara Benevenuto Mattos de Andrade Sim, seria. A Lei nº 9250/1995 estabelece, em seu artigo 39º §4º, determina: “a partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa refe- rencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais, acumu- lada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada. Neste sentido ao tributo propriamente federal, não se tem aplicabilidade previsto nas súmulas referidas acima, haja vista que o processo de liquidação se dá pela Selic e, objetiva- mente, importa no cálculo a partir do pagamento indevido. 4 O depósito preparatório previsto no art. 38 da Lei nº 6.830/80 é imprescindível? Quais as principais vantagens de se efetuar o respectivo depósito? Considerando que o art. 38 trazia consigo fundamentos de inconstitucionalidade quando afronta o princípio constitucional de acesso à justiça, reconhecido no art. 5º, inciso XXXV, da Consti- tuição Federal, o Superior Tribunal de Justiça, de modo ajustado, entendeu que este (depósito preparatório) não constitui condição de procedibilidade da ação anulatória e, por consequência, obrigatoriedade. Neste sentido, para fins de suspensão da exigibilidade do crédito e impedimento da propositura da execução o depósito preparatório é uma medida facultativa, que pode ser tomada pelo con- tribuinte segundo seu interesse. Todavia, cabe entender que muitas são as vantagens desta rea- lização ao passo que a mesma corte configurou a utilização da faculdade como uma motivação para suspender a exigibilidade do crédito tributário, ante o teor do art. 151 do CTN, e, inclusive, para impedir o ajuizamento da execução fiscal, com um posicionamento indicado sob o rito do art. 543-C do CPC/1973.
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