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Fratura de MMII

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O colo conecta a cabeça femoral ao restante do fêmur. É uma 
estrutura muito importante, porque através dessa região do colo femoral é que 
ocorre a nutrição da cabeça femoral, a vascularização num adulto da cabeça do 
fêmur ocorre através dessas artérias que ascendem pelo colo femoral que são as 
chamadas artérias retinaculares. Essas artérias retinaculares elas vêm através de 
um ramo do ramo da artéria femoral profunda. Na verdade, são 2 ramos são as 
artérias circunflexas femoral lateral e medial, elas vão circundar essa região 
intertrocantérica e delas irão surgir esses ramos que irão vascularizar a cabeça 
femoral. Na criança a maior parte da vascularização da cabeça femoral vem 
através de uma artéria que passa por esse ligamento (ligamento redondo), esse 
ligamento ele vai conectar a cabeça do fêmur ao acetábulo que é o osso da bacia 
no qual a cabeça do fêmur se articula. E numa criança o padrão de vascularização é muito maior por essa artéria do 
ligamento redondo do que por esses ramos da artéria femoral profunda. Então ocorre uma mudança do padrão de 
vascularização conforme a criança vai crescendo. Por que é importante falar disso? Quando o paciente apresenta 
uma fratura do colo femoral esses vasos podem ser rompidos e isso vai repercutir diretamente na vascularização da 
cabeça do fêmur. 
Por ser importantíssimo para nossa marcha e manutenção da posição de ortostase e para locomoção, essa região 
vai ser submetida a forças de intensidade bem elevada. Quando estamos deambulando ou ficamos em pé para 
sustentar o corpo em equilíbrio essa região do colo femoral sofre um vetor de força resultante que vai sempre 
tender a causar um estresse nessa região. Vamos observar também que essas fraturas elas ocorrem principalmente 
em pacientes idosos por traumas de baixa energia, então é muito comum um paciente idoso sofrer uma queda da 
própria altura e cair por cima da região do trocanter maior, o paciente cai de lado e faz uma fratura dessa região do 
colo femoral. Vamos observar que na maioria das vezes vai ter o processo de osteoporose associada, então é muito 
comum em mulheres idosas que sofreram uma queda da própria altura e faz uma fratura do colo femoral. 
Principalmente em mulheres, porque estatisticamente as mulheres são mais acometidas por osteoporose do que os 
homens, dentre alguns dos fatores a gente observa a mudança do padrão hormonal após a menopausa. Temos uma 
certa dificuldade para tratar essas fraturas, tanto pelo perfil do paciente (são pacientes idosos) como também a 
qualidade óssea (ossos osteoporóticos) e também esse padrão de vascularização associados com as forças que agem 
nessa região vão dificultar o nosso tratamento. 
Precisamos lembrar que o quadril é uma articulação sinovial (articulação coxofemoral), 
é formado entre a cabeça do fêmur e o acetábulo. Como é uma articulação sinovial ela 
vai ser revestida por uma cápsula articular e ela vai ser banhada pelo líquido sinovial. 
Então quando a gente tem uma fratura do colo do fêmur a gente vai observar que boa 
parte do colo femoral vai estar dentro por essa cápsula articular, ou seja, boa parte do 
corpo femoral vai estar banhado pelo líquido sinovial. Apesar do colo do fêmur não 
participar diretamente dessa articulação, quem participa é a cabeça femoral, mas 
mesmo assim a cápsula do quadril como é uma cápsula grande ela vai abraçar também 
o colo do fêmur. Isso vai fazer com que quando o paciente tem uma fratura do colo 
femoral esse líquido sinovial ele vai penetrar no foco de fratura, qual a importância disso? O líquido sinovial ele tem 
um PH que ele vai dificultar o processo de consolidação óssea, então é outro fator que vai interferir, vai dificultar no 
tratamento. 
Em relação aos aspectos epidemiológicos 
 é uma fratura muito mais comum em pacientes idosos do que em jovens, pode acontecer em paciente mais jovem 
mas geralmente ocorre por mecanismos de alta energia (acidente de trânsito, capotamento, colisão frontal com uma 
energia muito alta), pode acontecer em pacientes jovens, mas é bem menos comum na nossa prática clínica. 
O mecanismo de trauma: geralmente é um paciente idoso que sofre uma queda da própria altura e faz essa fratura 
do colo femoral e em alguns casos a gente pode ter lesões associadas, principalmente nesses pacientes mais jovens, 
 
 
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pacientes que sofrem acidente de trânsito além de fratura de colo femoral a gente pode 
ter fraturas associadas, principalmente fraturas da diáfise do fêmur. 
SEMPRE quando você tiver um paciente vítima de trauma de alta energia tem que pesquisar lesões associadas. 
Como lesões traumáticas às vezes impactam muito, muitas vezes você vê um paciente sofrer um acidente tem uma 
fratura exposta dos ossos da perna, então a tendência natural é a gente fixar atenção naquela fratura exposta, mas 
às vezes o paciente tem outra lesão, pode ter uma fratura de punho, pode ter uma fratura de cotovelo, pode ter 
uma fratura no joelho. Então a gente tem que fazer exame físico e além do exame físico a gente tem que lembrar 
que sempre quando for radiografar um membro englobar a articulação proximal e a articulação distal aquele 
membro. 
Então se você está com uma lesão na coxa, na diáfise do fêmur tem que radiografar incluindo quadril e 
incluindo joelho. 
O idoso sofre uma queda apoiando o quadril sobre o solo e 
isso aí pode impactar o colo femoral e fazer uma fratura. 
Outra maneira é o paciente sofrer um trauma com o joelho 
fletido, seja ele uma queda da própria altura (ocorre uma 
transmissão de energia até fraturar o colo do fêmur) e 
também esse é o mesmo mecanismo daquela colisão do 
joelho de encontrar painel do veículo, nesses casos nós 
podemos ter uma fratura do colo femoral. 
Em relação ao diagnóstico, na maioria das vezes a gente suspeita através do exame físico, porém infelizmente nesse 
caso o exame físico em si ele não é suficiente para a gente confirmar o diagnóstico. Até porque existem outros 
diagnósticos diferenciais para fratura do colo femoral e a gente só consegue realmente é confirmar através da 
radiografia. No diagnóstico clínico vamos observar um paciente que, na maioria das vezes, sofre uma queda da 
própria altura chega ao pronto-socorro com queixa de dor, limitação funcional no quadril, na maioria das vezes o 
membro que ele vai ter queixa vai estar encurtado em relação ao membro contralateral e na maioria das vezes 
também o membro vai estar em uma atitude rotação externa. Quando o paciente chega com esse aspecto o 
diagnóstico de fratura é certeza, a gente só não sabe exatamente se a fratura é do colo do fêmur ou se é outra 
fratura de fêmur proximal. 
O principal diagnóstico diferencial vai ser as fraturas transtrocantérica (são aquelas fraturas que o traço vai estar 
compreendido entre o trocanter maior e o trocanter menor do fêmur), a radiografia nesses casos típicos seria 
basicamente para diferenciar se a fratura é do colo femoral ou se é transtrocantérica e principalmente para a gente 
classificar a fratura. É importante demais a gente classificar uma fratura de colo de fêmur, porque essa 
classificação vai ditar o tratamento do paciente. A classificação juntamente com o perfil do paciente, com a idade, 
com a demanda funcional junto com a radiografia elas vão definir o tratamento do paciente, qual o tipo de 
tratamento. 
Apesar da maioria dos pacientes apresentarem esse quadro típico (dor, encurtamento, limitação funcional, rotação 
externa), a gente tem pacientes que sofrem fraturas do colo do fêmur, mas se apresentam clinicamente de uma 
maneira atípica = tem paciente que sofre um trauma, fratura o colo femoral e chega no pronto socorro 
deambulando. Eles conseguem deambular, claudicando, mancando mas consegue. Outros pacientes conseguem 
chegar sentado numa cadeira, não é a regra. A regra é chegar numa maca deitado sem conseguir nem movimentar o 
quadril. Mas alguns conseguem deambular com dificuldade, mas conseguem eoutros chegam sentadinho na cadeira 
e você não percebe fáceis de dor nenhuma. Então tem que ter cuidado com esses casos atípicos. Existem alguns 
casos de fratura de colo de fêmur que são bem desafiadores, que além de o paciente chegar deambulando você 
radiografa e não consegue ver a fratura (lembrar que isso é exceção, não é a regra!) 
 
 
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Para confirmar o diagnóstico, vai radiografar a bacia do paciente apesar da fratura ser do 
colo do fêmur, o ideal é que você radiografe a bacia para você numa mesma imagem conseguir identificar os 2 
quadris. 
Na maioria das vezes uma incidência em AP da bacia já é suficiente para a gente fechar o diagnóstico. Em alguns 
casos a gente radiografa a bacia em AP e a gente fica com alguma dúvida ainda, nesses casos a gente pode fazer uma 
radiografia tracionando o membro que está acometido. Na sala de Rx você faz uma leve tração no membro e faz um 
movimento de rotação interna e faz a radiografia. Com essa manobra de tração e rotação interna vamos conseguir 
identificar a fratura. Porém, em alguns casos mesmo com essa manobra não conseguimos identificar, então nessa 
situação temos que indicar um exame de imagem mais acurado, pode fazer uma tomografia ou uma ressonância 
magnética, principalmente para fraturas por estresse. 
 
 
Quando ocorre uma ascensão do trocanter maior por conta de uma fratura é essa ascensão que faz com que o 
membro fique encurtado. 
 
 
 
 
Essa é a vantagem da ressonância nesses casos em que o paciente persiste com dor mesmo sendo tratado com 
medicamentos e aí a gente suspeita de fratura por estresse, que é uma fratura que ocorre por uma sobrecarga 
mecânica no osso, pode ocorrer no colo do fêmur, pode ocorrer na tíbia, pode ocorrer em outros ossos e 
geralmente acomete pacientes jovens que têm uma sobrecarga mecânica muito intensa. Geralmente jovens atletas 
Raio X de paciente idoso que sofreu uma queda da própria altura, chegou no PA com queixa 
de dor no quadril direito, encurtamento do membro (se você traçar uma linha paralela ao 
solo tangenciado o trocanter vai ver que o D está mais alto) e atitude de rotação externa. Foi 
feito uma radiografia da bacia do paciente em AP. Comparando com o lado E, na anatomia 
normal nós conseguimos formar duas curvas (cortical lateral e cortical medial), são duas 
linhas contínuas. Quando tentamos traçar no lado D, elas não são contínuas. 
Paciente sofreu trauma da própria altura, dor no quadril + limitação funcional, mas o 
paciente não tinha encurtamento do membro, não teve a ascensão do trocanter maior. 
Fratura do colo do fêmur, fratura praticamente sem desvio. 
Radiografia em AP e perfil do quadril acometido. Observamos que existe um traço de 
fratura bem discreto, é bem difícil identificar no AP, mas no perfil ficou + fácil. Fratura 
sem desvio, clinicamente o paciente não vai apresentar encurtamento do membro. 
 
Corte coronal de uma RM da bacia, paciente jovem atleta corredor que começou a 
intensificar de maneira súbita os treinos e isso fez com que ele apresentasse dor no quadril 
de maneira que ele começou a ter incapacidade para treinar, ele continuava deambulando, 
mas sempre com dor no quadril. Procurou consultório, foi realizado um Rx de bacia, mas 
não foi identificado fratura, ele foi medicado e orientado retornar após uma semana. 
Quando retornou apesar da medicação e do repouso persistiu com dor e aí foi suspeitado 
de fratura por estresse. Foi realizada uma RM e nela conseguimos ver que na região do 
colo do fêmur tem uma infiltração = líquido = sangue. Dentro da estrutura óssea não é 
para ter líquido, isso significa que ele fez uma fratura do colo femoral, o traço era tão 
discreto que não foi possível observar pelo Rx, porém a RM consegue mostrar o sangue 
dentro do foco de fratura, que nada mais é do que o hematoma fraturário. 
 
 
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que treinam muito acaba que ocorrem micro traumas ao longo do tempo e esses micro 
traumas em um determinado momento podem se transformar numa fratura. 
 
 
Resumindo as indicações de fazer uma ressonância magnética que é ainda mais acurada do que a tomografia, só em 
pacientes que já tem a clínica de um trauma que possa ter levado a uma fratura do colo femoral e que a radiografia 
convencional não mostra fratura. Geralmente esses pacientes na primeira consulta dificilmente a gente já solicita 
ressonância, quando a gente radiografa e não vê fratura geralmente medicamos o paciente, orienta ele ficar em 
repouso, não fazer carga naquele membro e após uns 4-5 dias retornar para reavaliação. Quando ele vem para a 
reavaliação nós repetimos o Rx se ele persistir com dor, se ele voltar com 4-5 dias sem dor = não precisa mais 
prosseguir com investigação. Mas se ele retornar com dor (mesma dor ou intensificado) = repetimos Rx, porque as 
vezes a fratura ela não tem desvio, mas com 4-5 dias ela vai desviar um pouco e aí repetindo o Rx conseguimos ver. 
Porém, se nessa nova radiografia continuar sem mostrar alterações = solicitamos RM. Dificilmente solicitamos RM na 
primeira consulta. 
Confirmado o diagnóstico do paciente, nós vamos classificar a fratura. 
• Garden 
• Pauwels 
• AO 
Para fraturas de colo de fêmur a mais utilizada é a classificação de Garden, apesar da classificação AO ser uma 
classificação que tende a ser utilizada em todas as fraturas, por ser uma classificamos alfanumérica e bem menos 
susceptível a uma interpretação errada ou uma interpretação divergente entre os ortopedistas, mesmo assim, para 
as fraturas de colo do fêmur a mais utilizada ainda é a de Garden. 
A classificação de Garden ela leva basicamente em consideração: o grau de desvio das fraturas. Vamos ter Garden 1, 
2, 3 e 4 a depender do desvio dessa fratura do colo femoral. 
A fratura Garden tipo 1: é uma fratura impactada em valgo (o 
fragmento distal ele tende a se afastar da linha média). É aquela 
em que a cortical lateral impacta um fragmento no outro e na 
cortical medial ocorre uma abertura da fatura. 
Garden tipo 2: é uma fratura que não tem desvio, fez uma 
fratura aqui no colo do fêmur só que os fragmentos ficaram na 
mesma posição, não ocorreu esse movimento de impacção que 
ocorrem na Garden tipo 1. 
Radiografia de bacia de um paciente que tem uma fratura por 
estresse, em que não conseguimos observar o traço de fratura no 
Rx 
Nesse caso aqui até que dá para identificar pelo Rx, mas é bem difícil. É um 
paciente que sofreu trauma de baixa energia, estava com dor no quadril, 
conseguia deambular, porém claudicava. Foi orientado realizar uma RM. Na RM 
conseguimos ver o hematoma fraturário. 
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A Garden tipo 3: é aquela que tem um desvio 
parcial dos fragmentos e geralmente ela tende a desviar 
em varo, o fragmento distal tende a desviar para a linha 
média. 
Garden tipo 4: são aquelas fraturas totalmente desviadas, 
os fragmentos perdem o contato um em relação ao outro. 
 
Essa classificação ela é importante, porque além da gente 
conseguir definir o tratamento do paciente ela também vai ditar o prognóstico. O prognóstico vai piorando 
conforme a classificação vai progredindo. Então a tipo 1 tem um prognóstico melhor do que a tipo 2, que tem 
melhor do que a tipo 3, que por sua vez o prognóstico é melhor do que a do tipo 4. 
Ao longo dos anos foi observado que essa classificação de Garden 1, 2, 3 e 4 ela podia ser simplificada, porque se o 
objetivo dela é ditar prognóstico e orientar o tratamento, foi observando que as Garden tipo 1 e 2 o tratamento 
para elas era semelhante. Por conta disso, agrupou-se as 2 em um subconjunto que nós chamamos de Grupo 1 de 
Garden. O grupo 1 de Garden vai incluir as fraturas com classificação Garden tipo 1 e Garden tipo 2. E o grupo 2 de 
Garden vai incluir as Garden tipo 3 e Garden tipo 4, que também do ponto de vista de tratamento vai ser 
semelhante para as duas. O grupo 1 de Garden são as fraturas sem desvio ou com desvio mínimo e o grupo 2 de 
Garden são as fraturas queapresentam desvio. 
Tratamento 
Existem 2 maneiras de a gente tratar. Lembrar que essas fraturas nós vamos tratar sempre de forma cirúrgica. Não 
existe indicação de tratamento conservador para fratura do colo femoral. Toda fratura do colo femoral a indicação 
formal é tratamento cirúrgico. Mesmo que a gente tenha um paciente idoso, o fato dele ser muito velhinho não 
quer dizer que a gente não vai indicar a cirurgia para ele. Então o paciente sofreu uma fratura do colo femoral a 
indicação é de tratamento cirúrgico. 
Como a maioria dos pacientes são idosos, obviamente a maioria deles também vai ter alguma doença de base. Boa 
parte das vezes o paciente é hipertenso de longa data, pode ser diabético também e que não controla os índices 
glicêmicos. As vezes o paciente já tem um passado de infarto, já fez revascularização, fez angioplastia, as vezes é 
sequelado de AVC, tem Alzheimer bem avançado. Isso não são motivos para a gente contraindicar cirurgia dele. O 
que precisamos entender é que esses pacientes requerem um cuidado clínico diferenciado. Não vamos pegar um 
velhinho que sofreu uma queda da própria altura e fraturou o colo femoral, um velhinho com hipertensão 
totalmente descontrolada com índices pressóricos lá no céu, não vamos pegar ele no dia que ele chegou no hospital 
e colocar no centro cirúrgico. Então o ideal é operar esses idosos o mais rápido possível, desde que a gente tenha 
compensado as patologias de base. 
Exemplo: paciente 90 anos chegou no PA, demos o diagnóstico de uma fratura do colo femoral. Paciente é 
diabético, hipertenso descompensado. Nós vamos internar o paciente e o ideal é que no máximo em 24 h a gente 
consiga controlar a hipertensão dele e a glicemia. Controlou isso aí, cardiologista já deveria ter avaliado o paciente 
no ato do internamento, a gente interna e já pede avaliação do cardio, solicita os exames laboratoriais (hemograma, 
coagulograma, glicemia, função renal) e dependendo do status clínico dele, se é um idoso que chega um pouco 
desidratado o ideal é fazer um ionograma e hidratar o paciente. E no máximo em 24-48 h estar operando, porque se 
a gente deixar esse paciente muito tempo internado, 100% deles vão complicar, vão fazer uma ITU, vão fazer 
pneumonia, vão fazer escaras de decúbito, porque eles ficam acamados e nem sempre a equipe ou acompanhante 
conseguem estar mobilizando ele no leito, infecta a escara. Então, a mortalidade de um paciente idoso se ele ficar 
muito tempo no hospital aumenta muito. Do mesmo modo se a gente deixar ele em casa com essa fratura, a 
mortalidade também aumenta muito. Quando falamos que sempre indicamos cirurgia não estamos dizendo que a 
cirurgia não tem risco, ela tem. Só que é um benefício que supera o risco do paciente não ser operado. 
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Tratamento conservador é uma exceção. 
 Exemplo: Paciente com uma doença terminal, como o câncer em que o paciente não tem prognóstico de 
passar uma semana vivo, então não tem sentido você operar um paciente desse. Um paciente terminal (paciente 
moribundo), aquele paciente que não tem perspectiva de nada. Nesses casos a gente acaba não operando o 
paciente não porque a fratura não seja cirúrgica, mas porque o paciente não tem a menor perspectiva de nada. 
Quando a gente opera o paciente a gente tem 2 opções ou faz osteossíntese (fixar fratura) ou faz artroplastia 
(substituir o quadril do paciente por uma prótese que pode ser parcial ou total). 
 Desenho esquemático mostrando como a gente faz 
uma osteossíntese numa fratura do colo do fêmur. 
Fratura com pequeno desvio, ela foi reduzida, foi 
alinhada e fixada com 3 parafusos. Geralmente 
quando indicamos a osteossíntese fixação com 3 
parafusos. 
Imagem feita no transoperatório de um paciente 
que tinha uma fratura do colo do fêmur, a fatura foi 
reduzida e fixada com 3 parafusos. A redução da fratura, o alinhamento está excelente, 
conseguimos traçar as linhas na cortical lateral e medial. Nem fratura conseguimos identificar mais, ficou perfeito 
essa redução. 
Fotografia de uma prótese parcial de quadril e uma prótese total. A diferença entre 
uma prótese parcial e total: na prótese total a gente vai substituir toda a articulação 
do quadril (acetábulo + cabeça do fêmur). Então na prótese total a gente vai ter uma 
prótese que vai revestir o acetábulo e vai ter uma prótese que vai substituir a cabeça 
do fêmur = vai ser prótese articulada com prótese. 
A prótese parcial ela não substitui o acetábulo, ele continua sendo o próprio osso do 
paciente e a cabeça femoral vai passar a ser uma cabeça metálica. E aí o paciente 
tem um quadril formado entre osso + metal. Geralmente essas próteses parciais 
indicamos para pacientes velhinhos, paciente que tem uma demanda funcional 
muito baixa, porque se você fizer uma prótese parcial num paciente jovem (50-60 anos), paciente que ainda tem 
uma demanda alta, como ele vai ter o acetábulo ósseo em contato com a cabeça metálica, esse impacto constante 
vai acabar destruindo o acetábulo do paciente. Então num paciente mais jovem o ideal é uma prótese total, porque 
vai ter prótese em contato com prótese e esse desgaste vai ser bem menor. 
Do lado esquerdo: uma radiografia pós artroplastia parcial. A prótese substitui a 
cabeça e o colo do fêmur, o acetábulo continua sendo o acetábulo do paciente. 
Do lado direito: artroplastia total, onde a prótese substitui a cabeça do fêmur e o 
colo e também tem uma prótese no acetábulo fixada através de um parafuso. 
 
 
Para saber tratar uma fratura de colo de fêmur você tem que saber 
classificar. Lembrar que a gente pode dividir as fraturas em 2 grandes 
grupos: Grupo 1 de Garden (Garden 1 e 2) e Grupo 2 de Garden 
(Garden 3 e 4- são as fraturas que tem mais desvio). 
Por que as fraturas do Grupo 2 de Garden tem um prognóstico pior? 
Porque como ocorre um desvio maior da fratura, a probabilidade de 
ocorrer uma ruptura mais extensa dos vasos retinaculares é bem maior e isso faz com que a chance daquela 
 
 
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cabeça femoral deixar de receber o suprimento sanguíneo seja bem maior, podendo 
evoluir para osteonecrose. Fraturas Garden 3 e 4 a chance de ocorrer uma osteonecrose da cabeça femoral por um 
déficit vascular devido a ruptura daqueles vasos é muito grande. Por isso que quando o paciente é idoso, geralmente 
indicamos de cara uma artroplastia, porque se fizermos uma osteossíntese (fixar a fratura), a chance dela falhar é 
grande, porque a cabeça do fêmur do paciente ela vai entrar em necrose e com o passar do tempo o próprio 
organismo vai reabsorvendo aquela cabeça e depois de um tempo aquela cabeça do fêmur desaparece, ela vai ser 
reabsorvida. Nos tipos 1 e 2 pode ocorrer osteonecrose, mas a chance é bem menor, porque o desvio da fatura foi 
pequeno e provavelmente a ruptura de vasos retinaculares foi numa quantidade bem menor, de maneira que a 
cabeça femoral consegue manter sua viabilidade. 
Quando você está diante de um paciente que fez uma fratura do colo do fêmur Garden 1 e 2, ou seja, aquele 
grupo 1 de Garden, a indicação de tratamento é osteossíntese. SEMPRE QUE VOCÊ TEM GARDEN 1 E 2 A 
INDICAÇÃO É VOCÊ FIXAR AQUELA FRATURA COM PARAFUSO. Independente da idade!!! 
Quando você tem Garden 3 e 4, grupo 2 de Garden, que são as fraturas mais desviadas, o tipo de tratamento vai 
depender da idade do paciente. Se o paciente for um paciente mais jovem (até 65 anos de idade) a gente vai 
indicar osteossíntese. Se o paciente for mais velhinho (>65 anos) a indicação vai ser artroplastia, porque eles têm 
osteoporose associado, na maioria das vezes. Então esses pacientes mais idosos eles têm uma qualidade óssea 
muito ruim, para fazer uma osteossíntese (fixar fratura com parafuso) a gente depende muito da qualidade óssea, se 
o paciente tem um osso osteoporótico dificilmente aqueles parafusos vão conseguir fixar a fratura, porque o osso é 
muito ruim. NESSES PACIENTES MAIS IDOSOS, FRATURAS TIPO 3 E 4 DE GARDEN, INDICAMOSDE CARA UMA 
ARTROPLASTIA. 
Se ele for mais jovem, menos de 65 anos a gente tenta fazer uma osteossíntese, tentamos porque você sempre é 
obrigado a quando tiver um paciente com fratura de colo de fêmur explicar para ele que mesmo se a indicação for 
osteossíntese, ele apresenta uma chance de no pós-operatório, depois de alguns meses, ele vir a evoluir com 
osteonecrose da cabeça do fêmur. Se isso acontecer vamos ter que reoperar e fazer uma artroplastia. Mas a 
indicação inicial para pacientes com fratura de colo de fêmur G3 e G4 em menos de 65 anos a indicação inicial é a 
osteossíntese, é tentar preservar a cabeça do fêmur. 
Quando eu vou indicar artroplastia parcial e artroplastia total? Vai depender da demanda funcional do paciente. 
Se o paciente ele tem 70 anos de idade, mas é um paciente de 70 anos que faz atividade física, que ainda trabalha, 
que não só deambula em casa aí a gente vai indicar uma artroplastia total. Quanto maior a demanda funcional = 
mais a gente tende a indicar uma artroplastia total. 
Se for um paciente de 70 anos que praticamente só deambula dentro de casa, não faz atividade física você pode 
indicar uma artroplastia parcial. 
Não é a idade em si que vai fazer com que a gente indique se é artroplastia total ou parcial, e sim a demanda 
funcional do paciente. 
 Se você pega um paciente de 95 anos, qual é a chance desse paciente ter uma atividade física muito intensa, 
de fazer caminhada, fazer algum impacto no quadril, essa chance é muito pequena. Então geralmente pacientes 
muito velhinhos já descartamos uma artroplastia total e já indica artroplastia parcial. 
Ter cuidado com pacientes que estão em cima do muro, 70-75 anos, as vezes até 80 anos tem que ver qual é o grau 
de demanda funcional para poder saber qual artroplastia fazer. 
Complicações 
• Úlceras de pressão 
o Muito tempo acamado 
• Pulmonares 
o Pneumonia aspirativa ou até mesmo pneumonia bacteriana 
 
 
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• Tromboembolismo 
o Pode fazer um TEP por conta do tempo acamado 
o Mais um motivo para tentar operar o paciente o mais rápido possível 
• Pseudoartrose 
o Quando a fratura não consolida 
• Consolidação viciosa 
o Quando a fratura consolida com desvio 
• Infecção pós artroplastia 
o Uma das piores complicações 
o Se infectou vai ter que tirar a prótese, o tratamento é muito difícil

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