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Fibromialgia · Definição É uma síndrome dolorosa crônica, não inflamatória, que se manifesta no sistema musculoesquelético. · Caracteriza-se por diversos sintomas: Dor musculoesquelética difusa;Sintomas prejudicam o bem-estar e qualidade de vida. Menor limiar para dor; Maior sensibilidade em pontos localizados (tender points); Fadiga intensa; Alterações do padrão do sono; Cefaléia e rigidez; Alterações cognitivas (ansiedade e depressão); · Diagnóstico Não há exames laboratoriais ou radiológicos para diagnóstico, pois a fibromialgia não promove alterações evidentes em órgãos ou sistemas. Primeiro desafio: reconhecimento correto da síndrome. · Epidemiologia Principalmente em mulheres 30 a 60 anos Podendo afetar também homens, crianças, adolescentes e idosos. · Etiopatologia Desconhecida Provavelmente multifatorial, como em outras síndromes Pode estar associada a outras doenças reumáticas – Mecanismos centrais estão fortemente implicados, incluindo anormalidades na estrutura, função e química molecular do sistema nervoso central (SNC) – Achado comum para explicar a dor crônica: Sensibilização central: aumento na resposta do SNC a uma variedade de estímulos (pressão, temperatura, luminosidade e medicação). Hiperexcitabilidade central que causa hiperalgesia, alodínia e dor em múltiplos segmentos da coluna. – Pacientes com fibromialgia mostraram altos níveis anormais de excitabilidade no córtex somatossensorial, mas atividade reduzida no córtex frontal, cingulado, medial temporal e cerebelar. – Fatores psicossociais podem ter um papel negativo no desenvolvimento de resiliência (fator protetor que torna a pessoa menos vulnerável a eventos adversos) em pessoas com fibromialgia. Mulheres com fibromialgia sofreram mais violência doméstica que mulheres sem fibromialgia. – Fatores imunológicos (gatilho autoimune) Traumas e infecções são eventos frequentes que precedem o início da fibromialgia. – Eficiência neuromuscular parece estar comprometida em pacientes com fibromialgia Mecanismos centrais relacionados ao recrutamento apropriado de fibras musculares com o objetivo de produzir determinada resposta estão comprometidas. Ineficiência neuromuscular observada em pessoas com fibromialgia parece ser devido a alterações no drive motor central. Se há comprometimento de mecanismos centrais no recrutamento de fibras musculares: o sintoma de fadiga muscular pode não ser devido a um problema muscular propriamente dito. – Alterações como depressão, ansiedade, distúrbios do sono: podem diminuir o nível de atividade física. Causando diminuição da força muscular. – Hipóteses: Alteração do sistema musculoesquelético -> gerando DOR Hipóxia local sob os tender points por vasoconstrição -> gerando DOR Interação entre fatores ambientais e sistêmicos -> diminuindo o limiar da dor Fatores exógenos (estresse) Fatores endógenos (neuroendócrino) Alteração do SNC em indivíduos geneticamente predispostos – Sistema neuroendócrino Interação entre SNC (córtex e hipotálamo) e os sistemas corporais (através da liberação de hormônios, os quais agem sobre os demais tecidos corporais) – Fibromialgia: pode ter alteração do sistema neuroendócrino. Gerando os sintomas de fadiga, distúrbio do sono e psicológicos. Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal -> coordena as respostas fisiológicas mediante o estresse Corticotropina (produzida pelo hipotálamo) -> Estimula o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e inibe a dor Pacientes com fibromialgia tem deficiência de corticotropina. – Outra hipótese: Estímulo nociceptivo periférico -> Promove liberação da substância P pelos nervos aferentes (dor) Serotonina (neurotransmissor) -> Função na modulação da dor -> Inibe a liberação da substância P (neurotransmissor inibitório). Pacientes com fibromialgia tem diminuição de serotonina. – Estudos têm mostrado alteração no fluxo sanguíneo em regiões do tálamo e núcleo caudado -> Gerando resposta anormal aos estímulo nociceptivos. – Diminuição do limiar da dor -> Hipersensibilidade a estímulos térmicos, mecânicos e químicos. · Classificação – Fibromialgia Primária: Apresenta quadro clínico da doença sem haver qualquer outra patologia simultaneamente. – Fibromialgia Secundária: Ocorre quando o paciente possui outra patologia concomitante. · Quadro clínico Dificuldade para localizar a dor Dor é variável Aumenta com mudança climática, tensão emocional ou esforço físico Os sintomas se iniciam em uma determinada região, principalmente na coluna cervical Alguns pacientes alegam que o quadro doloroso se inicia de forma difusa Sintomas centrais que acompanham a dor: sono não reparador e fadiga (maioria dos pacientes) Outro sintoma é a sensação de inchaço nas mãos, antebraços e trapézios 30 a 50% possuem outros distúrbios psicológicos · Diagnóstico Obs: 4kgf é a pressão necessária para desaparecer leito sanguíneo do terço distal da unha; 1) região occipital 2) borda médio-superior do trapézio 3) músculo supra-espinhoso 4) quadrante superior externo do glúteo 5) trocânter maior do fêmur 6) região equivalente entre os espaços vertebrais de C5-C7 7) junção da segunda costela 8) 2cm abaixo do epicôndilo lateral 9) borda medial do joelho · Critérios diagnósticos de fibromialgia 1) Índice de Dor Difusa (IDD) 2) Índice da Escala de Gravidade dos Sintomas (SS) O valor final será de 0 a 12 O valor da Escala SS é a soma da gravidade dos 3 sintomas (fadiga, sono não-restaurador e sintomas cognitivos) mais a extensão (gravidade) dos sintomas somáticos em geral. – Diagnóstico de fibromialgia se as 3 condições forem encontradas: 1) IDD > ou igual a 7 e SS > ou igual a 5 ou IDD de 3-6 e SS > ou igual a 9 2) Sintomas presentes com a mesma intensidade por pelo menos 3 meses 3) Ausência de outra condição que poderia explicar o quadro doloroso · Avaliação Anamnese com histórico da dor do paciente Sensibilidade dolorosa em determinados sítios anatômicos, chamados de tender points Dolorímetro que mede o limiar da dor à pressão – Sobre os 18 tender points) Escala de dor (EVA) Palpação dos tender points: pode não haver alterações estruturais, ou seja, não necessariamente há tensão palpável na região, porém, ao pressionar o ponto, o paciente refere apenas dor local. – Avaliação física-funcional Teste de preensão palmar Timed Up and Go Teste de levantar e sentar da cadeira 5 vezes consecutivas ou por 30 seg Teste de caminhada de 6min – Avaliação - Questionário Avaliação dos pacientes com fibromialgia: FIQ (fibromyalgia impact questionnaire) Avaliação da qualidade de vida: SF-36 (Medical Outcomes Study 36-item short-form health survey) e FIQ · Tratamento – Objetivo geral Reduzir sintomas e manter a capacidade funcional do indivíduo – Objetivo específico Melhorar a dor Manter e/ou aumentar a ADM Manter e/ou aumentar a força muscular Manter e/ou aumentar as atividades funcionais Diminuir as manifestações que causam sofrimento ao paciente Melhorar condicionamento cardiorrespiratório – Terapia medicamentosa Antidepressivos Relaxantes musculares Analgésicos e anti-inflamatórios – Terapia não-medicamentosa Fisioterapia Terapia cognitivo-comportamental · Terapia não-medicamentosa Devido à presença de dor crônica, pessoas com fibromialgia têm dificuldade em iniciar e manter exercício físico Exercícios físicos devem ser bem planejados para não causar piora dos sintomas da fibromialgia Exercícios físicos devem ser encorajados, uma vez que existe alto nível de evidência para a melhora da dor, função geral e qualidade de vida – Tratamento Consciência postural: melhorar a mecânica muscular para reduzir fadiga e dor Alongamento: reduzir tensão muscular; aumentar a flexibilidade -> diminuição de dor Relaxamento Exercícios aeróbicos de baixa intensidade ou até o limite da dor (caminhada, bicicleta, exercícios aquáticos) · Fisioterapia A fisioterapia desempenha um papel importante na diminuição das consequências da síndrome sobre as AVDs dos pacientes. Sendo que os exercícios de baixa intensidade ou aqueles em queo paciente é capaz de identificar o limite de seu esforço e dor são os mais efetivos. Valim (2006) avaliou os benefícios do exercício físico na fibromialgia Exercícios aeróbicos: diminuição da dor; pontos dolorosos; melhorou qualidade de vida e depressão. Marques et al. (1994) analisaram o alongamento muscular (RPG) Dos 20 pacientes, 18 relataram algum tipo de melhora Berti et al. (2008) analisaram os efeitos da hidroterapia em 40 pacientes com fibromialgia Observados benefícios no controle da dor, e melhora nas atividades de vida diária (AVDs) Silva et al. (2008) compararam os benefícios da TENS com a hidroterapia Os dois tratamentos apresentaram efeitos benéficos, sendo que a TENS apresentou melhores respostas no tratamento da dor. Exercícios físicos são eficazes para: Redução da dor Redução da fadiga Redução da depressão Bem-estar psicológico Melhora da capacidade funcional · Tratamento – Terapia cognitiva comportamental é eficaz para: Aceitação da fibromialgia Fortalecimento da autoestima Redução da depressão – Educação em dor também auxilia no tratamento da fibromialgia, tanto nos aspectos psicológicos quanto físicos – Terapia combinada de exercício físico (principalmente exercício aeróbico) e terapia cognitiva comportamental Tratamento não farmacológico mais efetivo para pacientes com fibromialgia
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