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INSTITUTO Phorte EDUCAÇÃO PHORTE EDITORA Diretor-Presidente Fabio Mazzonetto CONSELHO EDITORIAL Educação Física Francisco Navarro José Irineu Gorla Paulo Roberto de Oliveira Reury Frank Bacurau Roberto Simão Sandra Matsudo Educação Marcos Neira Neli Garcia Fisioterapia Paulo Valle Nutrição Vanessa Coutinho Guia Prático de Avaliação Física: uma abordagem didática, abrangente e atualizada Copyright © 2008, 2013 by Phorte Editora Rua Treze de Maio, 596 CEP: 01327-000 Bela Vista – São Paulo – SP Tel./fax: (11) 3141-1033 Site: www.phorte.com.br E-mail: phorte@phorte.com.br Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma, sem autorização prévia por escrito da Phorte Editora Ltda. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ F772g Fontoura, Andréa Silveira da, Guia prático de avaliação física [recurso eletrônico] : uma abordagem didática, abrangente e atualizada / Andréa Silveira da Fontoura, Charles Marques Formentin, Everson Alves Abech. – 1. ed. – São Paulo : Phorte, 2013. recurso digital : il. Formato: ePub Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia ISBN 978-85-7655-465-3 (recurso eletrôp) 1. Aptidão física - Avaliação. 2. Aptidão física - Testes. 3. Diagnóstico físico. I. Formentin, Charles Marques. II. Abech, Everson Alves. III. Título. 13-05842 CDD: 613.7 CDU: 613.71 ph2159 Este livro foi avaliado e aprovado pelo Conselho Editorial da Phorte Editora. (www.phorte.com.br/conselho_editorial.php) Sobre os autores Andréa Silveira da Fontoura Doutora em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2012. Docente da Universidade Luterana do Brasil desde 2001, nas disciplinas de Treinamento e Avaliação Física, Musculação, Avaliação Postural e Metodologia do Ensino, e orientadora de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e estágios. Sócia-proprietária da Steffen & Fontoura Treinamento Físico Ltda. E-mail: deafontoura@globo.com Charles Marques Formentin Graduado em Educação Física pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA); Especialista em Cinesiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Mestre em Ciências Aplicadas à Atividade Física e ao Esporte pela Faculdade de Medicina da Universidade de Córdoba, na Espanha. Docente da ULBRA. E-mail: charlesformentin@live.com Everson Alves Abech Graduado em Educação Física pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA); Especialista em Cinesiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Professor da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre - RS. E-mail: everson.a.a@ibest.com.br Dedicamos esta obra a todos os estudantes e professores de Educação Física que buscam desenvolver um trabalho consciente, correto e aprimorado. Àqueles que se dedicam ao conhecimento e entendem seu aluno como um indivíduo integral. Os autores Agradecimentos Agradeço, primeiramente, a minha mãe e a meu pai, Nelza Silveira da Fontoura e Sidney Silva da Fontoura, pelo amor, pela criação e pelo estudo que sempre me deram, e também pelo incentivo e pela confiança que até hoje me dedicam. Espero nunca decepcioná-los. Se eu sou essa pessoa hoje, devo a vocês. Eu os amo muito. Agradeço ao meu filho, Gabriel Fontoura Rosa, por ser a luz da minha vida. Depois dele, minha vida só teve alegrias, e este livro foi idealizado depois da sua vinda. Obrigada pela inspiração, meu amado filho. Muito grata por ter me escolhido. Eu te amo. Obrigada a meu companheiro, amigo, marido e incentivador, Daniel Ramos de Souza, por toda luz, paz e amor que trouxe à minha vida e de meu filho. Te amo. Agradeço aos colegas Everson Alves Abech e Charles Marques Formentin, que me incentivaram e participaram efetivamente na construção deste livro. Agradeço a todos os amigos, colegas e alunos que constantemente me auxiliam, me incentivam e me apoiam em toda a minha caminhada. Não vou citar nomes, pois, com certeza, não caberiam todos aqui. Graças a Deus e à Deusa, sou abençoada e tenho muitas pessoas especiais na minha vida. Sintam-se todos referenciados. Andréa Silveira da Fontoura Agradeço a Deus por todas as bênçãos em minha vida. Obrigado a minha família pelo apoio incondicional; a meus pais, Joraci e Leotério, e a minha mulher e amiga, Letícia. Muito obrigado também a todos os professores e alunos que contribuem constantemente em minha trajetória acadêmica. “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.” (Cora Coralina) Charles Marques Formentin Agradeço, primeiramente, a Deus. Obrigado aos meus pais e professores, que me incentivaram e deram força durante a minha vida. Everson Alves Abech Gostaríamos de agradecer à Professora Ms. Rosilene Moraes Diehl, pela grande colaboração na elaboração do Capítulo 10 desta obra. Os autores Apresentação A prática regular de exercícios físicos requer previamente o que conhecemos por avaliação física. Nela podemos identificar pontos fracos e fortes do avaliado, suas características físicas e fisiológicas, sua aptidão geral. Do mesmo modo, é possível conhecer seus hábitos, como a prática de exercícios diários, atividades laborais, alguma doença já diagnosticada por especialista, dores eventuais ou constantes, traumas físicos recentes ou passados. Enfim, em uma avaliação, podemos ter instrumentos importantíssimos a respeito do avaliado, para que prescrevamos o exercício físico com segurança e eficácia, independentemente do praticante e de seus objetivos. Não existe prescrição sem avaliação. O processo de avaliação pode ser desenvolvido em diferentes locais e métodos: em laboratórios, no campo, de maneira direta ou indireta. Este livro oferece testes que podem, na sua grande maioria, ser executados em campo, ou seja, não necessitam de equipamentos especializados; podem ser feitos em escolas, praças, clubes, academias, entre outros locais. No âmbito da Educação Física, fala-se muito em “inclusão”, mas, até o momento, nenhum livro de avaliação contemplou portadores de necessidades especiais. Muitas vezes, é necessário fazer apenas pequenas adaptações para realizarmos uma boa avaliação desse público; não precisamos ser especialistas em prescrição e avaliação de pessoas especiais. Devemos, realmente, incluí-las no processo de avaliação, mesmo o professor não sendo um especialista na área. Este livro não visa direcionar a avaliação especificamente para esse público; apenas tem o objetivo de abrangê-lo no processo de avaliação. Tratamos aqui de pequenos detalhes que podem ajudar o professor e o estudante de Educação Física na avaliação dessas pessoas. Outro foco deste livro é a avaliação física escolar. Alguns detalhes apresentados aqui podem ajudar o professor e o estudante de Educação Física a inserir o processo de avaliação em escolas. É de fundamental importância que façamos avaliações periódicas nos escolares, tendo em vista que estão em processo de desenvolvimento e são indivíduos com os quais podemos trabalhar questões como adesão ao exercício físico e hábitos saudáveis, entre outras, e a avaliação pode contribuir para tudo isso. A avaliação do idoso também é contemplada nesta obra, que traz testes de fácil execução. Esse público deve ser um foco bastante observado, tendo em vista que cresce cada vez mais nas academias e nos clubes, buscando um exercício físico de qualidade e bem elaborado. Para isso, uma avaliação física adequada é primordial. Este livro apresenta uma distribuição de conteúdos que se inicia pela anamnese, de fundamental importância e seção introdutória de uma avaliação; passa pela avaliação antropométrica, na qual são apresentados os procedimentos de verificação das medidas antropométricas básicas, assim como as equações e normativas para diferentes populações. Em seguida, são abordadas a avaliação neuromotora, trazendo testes motores simples e direcionados à população em geral; a avaliação metabólica,com testes aeróbicos e anaeróbicos, contemplando diferentes públicos; e, o que é um diferencial em relação a outros livros de avaliação, a importância da avaliação postural para a prescrição adequada e segura dos programas de exercícios. Seguem-se, ainda, um capítulo que trata de pontos importantes sobre a avaliação de portadores de necessidades especiais, um capítulo sobre a avaliação de escolares e, por fim, um capítulo acerca da avaliação de idosos. A obra destina-se, principalmente, a estudantes de Educação Física ou àqueles que têm pouca ou nenhuma experiência com avaliação física, não excluindo os profissionais já formados e atuantes na área. O processo de avaliação física deve anteceder qualquer tipo de prescrição. A avaliação não é uma área específica da Educação Física; todo professor dessa disciplina deve avaliar seu aluno e selecionar os instrumentos, testes e protocolos que mais retratam aquilo que se busca descobrir. A avaliação é fundamental, não importa o objetivo do exercício, e deve estar presente independentemente de qualquer coisa. O profissional deve escolher o teste ou a técnica mais adequada para o seu avaliado, ou seja, algumas vezes, temos testes específicos para populações distintas, ou até mesmo para indivíduos que estejam apresentando características peculiares. Por exemplo, um indivíduo obeso tem de ser submetido a um teste aeróbico adequado à sua condição; um indivíduo sedentário não deve fazer um teste de corrida máxima ou carga máxima; uma criança de 10 anos não pode ser submetida ao mesmo teste que um adulto de 40 anos. Outro aspecto muito relevante é a interpretação dos resultados. Ela deve ser clara e objetiva. Devemos levar em consideração que, muitas vezes, nosso avaliado é leigo e não conseguirá interpretar corretamente os resultados sem a explicação de um profissional. Devemos lembrar que nenhum software ou gráfico mirabolante substituem a interpretação e explicação de um profissional; isso qualifica nosso trabalho. A avaliação física é uma ferramenta importantíssima do profissional da Educação Física, e deve ser realizada com critérios científicos, éticos e morais, para que o treinamento físico possa ser orientado e prescrito com eficácia e profissionalismo. Os autores Prefácio Sabemos, há muito tempo, que a atividade física regular ou o exercício sistemático fazem bem para a saúde e previnem várias doenças crônico- degenerativas. Contudo, faz pouco tempo que sabemos que a avaliação física é importante para o acompanhamento e a segurança do indivíduo que fará exercício. Discutem-se bastante os diferentes testes e protocolos de avaliação. Este guia prático aborda, de maneira muito simples, clara e atualizada, os diver-sos procedimentos da avaliação física, desde a anamnese, avaliação cineantropométrica, somatótipo, força, resistência muscular e flexibilidade, até a avaliação cardiovascular e postural. A avaliação em portadores de necessidades especiais, assim como em crianças e idosos, também é abordada. Os autores, Andréa Silveira da Fontoura, Charles Marques Formentin e Everson Alves Abech, são altamente credenciados para justificar a importância dessas avaliações e orientar sua realização. A simplicidade e a clareza da linguagem com que este guia foi escrito, sua objetividade e qualidade das ilustrações permitem que a mensagem seja por todos entendida e executada. A publicação desta obra representa um passo importante a todas as áreas da Saúde e, principalmente, à educação física de nossa comunidade. Flavia Meyer, Ph.D. Professora Associada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Sumário Cobrir Página de Título Sobre os autores Agradecimentos Apresentação Prefácio 1 - Avaliação: Procedimentos Básicos Por que fazer uma avaliação física? Objetivos das medidas e avaliações na Educação Física Quando devemos fazer uma avaliação física? O que é avaliação multidisciplinar? Onde fazer uma avaliação física? O que podemos medir? Prazos de reavaliação Laudos 2 - Medidas e Avaliação em Educação Física: Conceitos Tipos de avaliação Princípios das medidas e avaliações Critérios para seleção de testes Precisão das medidas 3 - Começando a Avaliação Física: Anamnese PAR-Q Questionário sobre fatores de risco Exemplo de anamnese Avaliação física e avaliação médica kindle:embed:0006?mime=image/jpg 4 - Variáveis Cineantropométricas Antropometria Instrumentos necessários Pontos anatômicos Classificação das medidas antropométricas básicas em Educação Física 5 - Técnicas para determinação da composição corporal Pesagem hidrostática Bioimpedância elétrica Dobras cutâneas Índices e proporções Índices de referência 6 - Somatótipo Métodos utilizados para descrever os somatótipos 7 - Variáveis Neuromusculares Procedimentos dos testes neuromotores Força muscular Força dinâmica Força explosiva (potência) Força isocinética Força isométrica Resistência de força muscular Flexão de braços (Canadian Standardized Test of Fitness) Flexibilidade 8 - Variáveis Metabólicas Avaliação da capacidade cardiorrespiratória ou capacidade aeróbica Testes metabólicos Classificação dos testes Testes de campo Capacidade anaeróbica lática Concentração de lactato 9 - Avaliação Postural Posição do avaliado Posição do avaliador Fotografias O que podemos avaliar 10 - Avaliação para Portadores de Necessidades Especiais Deficiência Visual (DV) Anomalias Congênitas e Amputações (AC/A) Testes recomendados Tabelas normativas e classificatórias dos testes 11 - Avaliação Física Escolar Educação Física Educação Física escolar O professor de Educação Física A avaliação na Educação Física escolar Avaliação da aptidão física na escola Conclusões e recomendações 12 - Avaliação do Idoso Quais são as necessidades de cada nível funcional? Avaliações Referências Capítulo 1 Avaliação: Procedimentos Básicos Qualquer planejamento de uma atividade ou exercício físico requer uma avaliação. Nela detectaremos como um indivíduo está naquele momento, assim como, com os resultados dessa avaliação, poderemos prescrever intensidades e volumes de treino específicos para ele. Por que fazer uma avaliação física? Para verificar a condição inicial do aluno, atleta ou cliente; Para obter dados para a elaboração de prescrição adequada de atividade; Para incluir, excluir e indicar um exercício físico; Para programar o treinamento; Para acompanhar a progressão do avaliado durante o treinamento (reavaliações); Para verificar se os objetivos estão sendo atingidos. Objetivos das medidas e avaliações na Educação Física Avaliar o estado do indivíduo ao iniciar a programação; Detectar deficiência(s), permitindo uma orientação para superá-la(s); Auxiliar o indivíduo na escolha de um exercício físico que, além de motivá-lo, desenvolva suas aptidões; Impedir que o exercício seja um fator de agressão; Acompanhar o progresso do indivíduo; Selecionar elementos de alto nível para integrar equipes de competição; Desenvolver pesquisa em Educação Física; Acompanhar o processo de crescimento e desenvolvimento dos nossos avaliados; Saber adequar avaliação voltada para saúde e para performance: os objetivos e testes são diferentes. Quando devemos fazer uma avaliação física? No início de qualquer programa de exercício físico; No decorrer do período de treinamento; Ao final de um ciclo de treinamento ou quando for necessário reformulá-lo. O que é avaliação multidisciplinar? Avaliação multidisciplinar é um processo no qual profissionais da Educação Física e da Medicina Desportiva unem conhecimentos para avaliar um indivíduo. Quando encaminhar para uma avaliação multidisciplinar? Quando, por algum motivo, seja fisiológico ou físico (detectado na anamnese), o indivíduo não puder ser submetido a uma avaliação sem auxílio de uma equipe multidisciplinar (médicos, professores etc.) em local específico; Quando o indivíduo tiver 50 anos de idade ou mais e possuir um ou mais fatores de risco (sedentarismo, fumo, colesterol e pressão arterial elevados, percentual de gordura fora dosníveis normais e histórico familiar) associados à coronariopatias; Quando indivíduos, independentemente da idade, possuírem um ou mais fatores de risco. Nesses casos, seria interessante que a pessoa procurasse um médico e realizasse uma avaliação médica. Onde fazer uma avaliação física? As avaliações podem ser feitas em qualquer lugar, desde que saibamos o que queremos medir, qual nosso público, quais os objetivos que temos em mente para avaliar e quais os instrumentos que possuímos. Aí, então, é só selecionar o local: Laboratório; Campo; Academia; Escola; Outros locais. Para cada local, necessitaremos de equipamentos específicos. Por exemplo, uma avaliação laboratorial envolve uma série deles, por ser uma avaliação mais complexa. Como o objetivo deste livro é direcionar a avaliação para os locais mais simples, ou seja, que não necessitem de equipamentos especializados, as avaliações de campo, em academias e escolas serão nosso foco principal. Pontos importantes Instrumentos: a escolha correta garantirá êxito nas medidas. Escolher instrumentos válidos, fidedignos, adequados à população e atualizados; Comparação de dados: ao compararmos dados, devemos observar se foram coletados pelo mesmo avaliador e se foi utilizado o mesmo método; Local adequado e limpo; Orientar o aluno/cliente quanto à utilização da roupa adequada para a avaliação e quanto aos procedimentos dos testes; Seguir rigorosamente as indicações, normas e padrões dos testes. O que podemos medir? Podemos medir quase tudo que existe e, na Educação Física, há algumas variáveis que é importante conhecermos, para fazermos um bom trabalho. O que podemos medir chamamos de variáveis, as quais podem ser: Quantitativas:expressam quantidade, ou seja, são representadas por valores numéricos, por exemplo: peso, estatura etc. Qualitativas:expressam qualidade, ou seja, são representadas por categorias que, algumas vezes, podem receber atributos de algarismos numéricos, mas não com valor de quantidade. Dentre as variáveis quantitativas, podemos destacar: •Variável Cineantropométrica Medidas antropométricas (peso, estatura, dobras cutâneas etc.), composição corporal, somatótipo, proporcionalidade, crescimento e desenvolvimento. •Variável Neuromuscular Força, resistência muscular, velocidade, flexibilidade, coordenação, equilíbrio etc. •Variável Metabólica Sistemas aeróbico e anaeróbico. Dentre as variáveis qualitativas,podemos destacar: •Variável Psíquica Ansiedade, motivação, inteligência, personalidade etc. Prazos de reavaliação Tão importante quanto avaliar é reavaliar. A reavaliação nos fornece a evolução do nosso aluno, além de nos ajudar a equacionar e elaborar melhor o nosso processo de treinamento. Tem-se que 90 dias seria um prazo interessante para fazermos uma reavaliação, mas esse período depende e está diretamente relacionado a alguns fatores: Frequência de treinamento; Objetivos do treinamento; Idade do indivíduo; Grau de condicionamento inicial do indivíduo. Tudo isso deve ser levado em consideração para uma reavaliação. Lembramos sempre que a avaliação e as reavaliações servem como um instrumento motivador. No entanto, quando muito frequentes (semanais), podem fazer que o processo de avaliação seja fator desmotivador, ou seja, o aluno não consegue verificar seus resultados, pois não melhora. No entanto, o problema não está no treinamento e nos exercícios, mas, no fato de realizarmos avaliações em excesso. Então, tome cuidado ao avaliar e reavaliar seus alunos. Use o bom senso na hora de determinar esses prazos. Laudos Quando realizamos um processo de avaliação, devemos nos preocupar também como forneceremos os resultados aos nossos alunos e como os professores prescreverão os exercícios a essas pessoas. Hoje em dia, existem muitos programas informatizados de avaliação física. Em sua grande maioria, são muito bons e suficientes para desenvolvermos uma excelente avaliação. Eles fornecem laudos-padrão, mas devemos estar atentos para saber interpretá-los. Os laudos devem ser explicados de maneira clara e detalhada aos alunos. Isso os faz ficar a par das próprias condições físicas e, assim, possam acompanhar a sua própria evolução. Os resultados das avaliações são ferramentas importantes para a prescrição de exercícios; portanto, devem ser utilizados nesse momento. Pontos importantes Postura como avaliador: seriedade e ética; Respeitar e seguir os procedimentos dos testes; Procurar estar sempre atualizado; Escolher os testes e técnicas apropriados para a população que se está avaliando: saber adequar; Interpretar os resultados e laudos de maneira correta e passar essas informações claramente ao avaliado. Capítulo 2 Medidas e Avaliação em Educação Física: Conceitos A avaliação é um processo de fundamental importância na Educação Física, seja escolar, esportiva, de rendimento, entre outras. Sendo assim, há algumas definições importantes, segundo Marins e Giannichi (1998): Medida Caracteriza-se por uma determinação de grandeza, e é o primeiro instrumento para se obter informação sobre algum dado pesquisado. É uma técnica que fornece, por meio de processos precisos e objetivos, dados quantitativos, que exprimem, em bases numéricas, as quantidades daquilo que se deseja medir. Avaliação A avaliação é um processo pelo qual, utilizando as medidas, podemos, subjetiva e objetivamente, exprimir e comparar critérios. Ela determina a importância ou o valor da informação coletada e classifica os avaliados. Avaliação-análise Entende-se por avaliação-análise as técnicas que permitem visualizar a realidade do trabalho que se desenvolve, criando condições para se entender o grupo e situar um indivíduo dentro desse grupo. Indica se os objetivos estão ou não sendo atingidos, se a metodologia de trabalho está sendo satisfatória, ou seja, avalia a prescrição do treinamento ou os exercícios prescritos e sua eficiência. Teste É um instrumento, procedimento ou técnica usada para se obter uma informação; é o que usamos para obter um dado, uma medida. Bateria de testes É um conjunto de testes destinado a quantificar as variáveis de performance. É a seleção de vários testes e instrumentos para que verifiquemos as medidas de cada variável escolhida para a avaliação. Tipos de avaliação Segundo Marins e Giannichi (1998), temos três tipos de avaliação, e elas estão ligadas aos períodos em que avaliamos nosso aluno e ao tipo de informação que nos é fornecido. São elas: Avaliação diagnóstica Identifica pontos fortes e fracos do(s) avaliado(s). Normalmente, é efetuada no início do programa. Ajuda o profissional a calcular as necessidades dos indivíduos e a elaborar o seu plano de atividades, tendo como base essas características, ou, então, a dividir a turma (quando em escolas ou exercícios de grupo) em grupos (homogêneos ou heterogêneos), visando facilitar o processo de assimilação da tarefa proposta. Avaliação formativa Informa sobre o progresso dos indivíduos no decorrer do processo de ensino-aprendizagem ou de treinamento; fornece informações tanto para os avaliados quanto para os avaliadores; indica ao profissional se ele está ensinando o conteúdo certo, da maneira certa, para as pessoas certas e no tempo certo, e se o programa de exercícios está sendo bem planejado. Avaliação somativa É a que fornece o quadro geral da evolução do indivíduo; é a soma de todas as avaliações realizadas no fim de cada unidade do planejamento. Ajuda o professor a identificar a melhora de seu avaliado e se seu planejamento foi eficaz. Princípios das medidas e avaliações Ao avaliarmos, devemos ter em mente alguns princípios. Isso facilita muito todo o processo. Podemos destacar os seguintes (Marins e Giannichi, 1998): Para avaliar efetivamente, todas as medidas devem ser conduzidas com os objetivos do programa em mente; Deve ser sempre lembrada a relação existente entre teste, medida e avaliação; Os testes devem ser conduzidos e supervisionados por pessoas treinadas; Os resultadosdevem ser interpretados em termos do indivíduo como um todo: social, mental, física e psicologicamente; Tudo que o existe pode ser medido; Nenhum teste ou medida é perfeito; Não há teste que substitua o julgamento profissional; Deve sempre existir o reteste para se observar o desempenho; Usar os testes que mais se aproximam da situação da atividade. Critérios para seleção de testes Para que nossos resultados sejam confiáveis, devemos sempre escolher testes e instrumentos adequados. Para isso, todos estes devem passar pelo rigor científico, usarmos testes e instrumentos seguros, eficazes e adequados àquilo que queremos medir. Ao escolher um teste, um instrumento ou utilizar uma técnica (por exemplo, uma equação para calcular percentual de gordura), devemos sempre garantir que estes apresentem alguns critérios conhecidos como critérios de autenticidade científica. São eles: Validade A validade determina se o teste mede o que está destinado a medir. Se estabelecermos uma correlação entre o resultado de um teste válido realizado por uma pessoa e o resultado colhido em um teste que queremos validar com a mesma pessoa, o coeficiente de correlação deve ser elevado. Normalmente, para um teste ou instrumento ser considerado válido, ele é comparado com o que chamamos de Padrão Ouro, que é uma forma direta de verificar um resultado. Por exemplo, as equações e testes para determinar o consumo máximo de oxigênio foram desenvolvidos e comparados com a medida direta de consumo de oxigênio, ou seja, um teste com coleta direta de oxigênio. Confiabilidade ou fidedignidade Esse critério está ligado à consistência da medida, ou seja, a medida repetida duas ou mais vezes em um curto intervalo de tempo, sem que tenha havido, entre os testes, atividades que possam ter alterado as respostas, deve apresentar os mesmos resultados, ou estes devem ser altamente correlacionados. Objetividade A objetividade também está ligada à consistência. O teste deve produzir resultados consistentes quando aplicado por diversos avaliadores; não pode depender de uma única pessoa. Recomendamos que os profissionais busquem sempre testes, instrumentos e técnicas em literatura especializada. Isso leva os avaliadores a terem em mãos testes válidos, fidedignos e objetivos. Não utilizem testes que não apresentem referências (protocolos); isso pode fazer que seus resultados não sejam confiáveis. Precisão das medidas Seguindo um dos princípios de medidas e avaliação, “nenhum teste ou medida é perfeita”, os testes e instrumentos assumem certa margem de erro, pois não estamos fazendo medidas diretas, mas indiretas e, na maioria dos casos, o que conhecemos como duplamente indireta; as medidas de dobras cutâneas são um bom exemplo disso. A precisão das medidas depende de alguns fatores, por exemplo: a exatidão dos instrumentos, a aplicação correta da técnica de medida, a seleção dos instrumentos e testes mais adequados para a população que está sendo avaliada. Tudo isso pode nos ajudar a minimizar os erros existentes nesse processo. Segundo Marins e Giannichi (1998), existem dois tipos de erro: 1 -Erro de medida: esse tipo de erro está relacionado a três fatores. São eles: Erro de equipamento: quando o equipamento não é aferido previamente; Erro de medidor: quando o avaliador erra ao fazer uma leitura; erra a leitura do cronômetro, do estadiômetro, a contagem do número de repetições de execução, a identificação de uma unidade de medida (cm, m, km) etc. Erro administrativo: quando existe algo errado na administração, nos procedimentos metodológicos do teste, por exemplo: aquecimento prévio para a execução do teste, quando, em suas normas, isso não estava previsto. 2 -Erro sistemático: o erro sistemático é aquele em que o avaliador não pode interferir, como, por exemplo, fatores climáticos, ou seja, avaliar a flexibilidade no verão e reavaliar no inverno, ou medir a estatura pela manhã e, na reavaliação, medir à noite. Isso pode interferir nos resultados. Os erros de medida podem ser evitados, pois dependem exclusivamente do avaliador e do cuidado com a metodologia aplicada. Por sua vez, o erro sistemático não podemos controlar. Capítulo 3 Começando a Avaliação Física: Anamnese Ao fazermos uma avaliação, é interessante que, como ponto de partida, façamos uma anamnese (questionário). Nesta, constarão perguntas simples, mas de fundamental importância. É na anamnese que o professor conhecerá os hábitos, ou seja, o histórico do seu aluno/cliente, munindo-se de informações pertinentes para elaboração de seu treinamento. É interessante que o aluno/cliente assine essa anamnese e que ela seja arquivada pelo avaliador. Segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2000), em uma anamnese, é importante constar alguns aspectos: Hábitos de atividade física, alimentar, ingestão de álcool, fumo; Profissão (isso pode nos fornecer dados importantes a respeito da postura laboral e futuras compensações que podemos trabalhar nos exercícios); Histórico de sintomas (dores e desconfortos musculares e/ou articulares); Diagnósticos clínicos; Exames físicos e clínicos anteriores; Histórico familiar de doenças importantes, como: diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, entre outras; Enfermidades recentes diagnosticadas; Problemas ortopédicos; Uso de medicamentos; Alergias. PAR-Q Um exemplo de questionário muito utilizado é o PAR-Q, ou Prontidão para Atividade Física (Physical Activity Readiness Questionnaire). Originalmente desenvolvido pelo Ministério da Saúde de Colúmbia Britânica, foi revisado por um Comitê Consultivo Técnico congregado pela Sociedade Canadense de Fisiologia do Exercício e Fitness, em 1994. Esse questionário tem sido recomendado para pessoas entre 15 e 69 anos, para a sua entrada em programas de exercício de intensidade branda e moderada. Não se deve utilizar somente esse questionário, pois ele está associado apenas aos fatores de risco e doenças, e não abrange informações importantes, como hábitos de exercício, dores, desconforto, entre outras. O questionário consta de sete perguntas simples e, se o aluno responder “sim” a uma ou mais questões, ele deve ser encaminhado a uma avaliação multidisciplinar ou médica (Clínicas de Medicina do Exercício). É indicado que você tenha algumas cópias do PAR-Q na íntegra para aplicar em seus alunos e clientes. Nos meios em que ele é vinculado, sempre é incentivada a cópia na íntegra para aplicação. Você pode adquiri-lo nos Guias do ACSM (Manual do Colégio Americano de Medicina do Esporte – Testes de Esforço e Prescrição de Exercício – ACSM – American College of Sports Medicine, 2000) e também neste livro. Ao aplicá-lo, devemos evitar que o avaliado saiba previamente que, se responder “sim” a alguma das perguntas, será encaminhado ao médico. Essa informação prévia pode fazê-lo mascarar os resultados. É indicado entregar- lhe apenas o PAR-Q e, logo após as respostas, pedir-lhe que assine o questionário. Logo a seguir, o avaliador lhe fornecerá as demais informações. Podemos também elaborar um questionário para uso próprio, com questões simples, para usarmos em nossa academia, escola etc. Ao elaborarmos um questionário próprio, devemos construí-lo com questões simples e diretas, e priorizar respostas fechadas (com alternativas). Isso facilita a análise dos resultados e torna a avaliação mais rápida. Cabe salientar que, para fins de pesquisa, o questionário deverá ser um instrumento validado, como é o PAR-Q e o questionário sobre fatores de risco, que será apresentado adiante. PAR-Q 1- Seu médico já mencionou alguma vez que você tem uma condição cardíaca e que você só deve realizar atividade física recomendada por um médico? ( ) Sim ( ) Não 2- Você sente dor no tórax quando realiza atividade física? ( ) Sim ( ) Não 3- No mês passado, você teve dor torácica quando não estava realizando atividade física? ( ) Sim ( ) Não 4- Você já perdeu o equilíbrio por causa detontura ou alguma vez perdeu a consciência? ( ) Sim ( ) Não 5- Você tem algum problema ósseo ou de articulação que poderia piorar em consequência de uma alteração em sua atividade física? ( ) Sim ( ) Não 6- Seu médico está prescrevendo medicamentos para sua pressão ou condição cardíaca? ( ) Sim ( ) Não 7- Você conhece alguma outra razão que o impeça de realizar atividade física? ( ) Sim ( ) Não Se você respondeu: Li, entendi e completei este questionário. Quaisquer dúvidas que eu tenha tido foram esclarecidas de forma completamente satisfatória. Nome: _________________________________________ Data: _________________ Assinatura: _________________________________ Assinatura do pai ou responsável (para menores de idade): ____________ Testemunha: ___________________________________ Nota: Se o PAR-Q for respondido por uma pessoa antes do seu ingresso em um programa de atividade física ou da realização de avaliação de aptidão física, esta seção pode ser usada para fins legais ou administrativos. Questionário sobre fatores de risco Outros exemplos de questionários que podemos aplicar são aqueles que verificam os fatores de risco, ou seja, todos os que estão associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e a outras doenças graves. Esses fatores de risco são: sedentarismo, colesterol elevado, hipertensão arterial, fumo, idade, histórico familiar e porcentual de gordura elevado (ACSM, 2000). Um modelo de questionário bem simples e de fácil análise é o que foi desenvolvido e adaptado da Sociedade de Cardiologia de Michigan, no qual a análise é feita a partir do registro numérico de determinação de valores aos referidos fatores de risco (Tabela 3.1). Após as respostas, o avaliador faz o somatório dos valores registrados pelo avaliado em cada item. O valor obtido nesse somatório é verificado na tabela de classificação (Tabela 3.2), na qual verificamos o risco que este avaliado está apresentando. Tabela 3.1- Fatores de risco para desenvolvimento de doenças coronarianas Tabela 3.2 - Classificação do perfil de risco coronariano Exemplo de anamnese 1) Quais são seus objetivos com a prática de atividades físicas? ( ) Prevenção ( ) Condicionamento físico ( ) Estética ( ) Lazer ( ) Indicação médica Outros __________________________ 2) Onde prefere praticar atividade física? ( ) Em casa ( ) Na academia Outros ___________________________ 3) Quais esportes você já praticou? ( ) Futebol ( ) Vôlei ( ) Basquete ( ) Handebol Outros ___________________________ 4) Quais esportes você pratica? ( ) Futebol ( ) Vôlei ( ) Basquete ( ) Handebol Outros ___________________________ 5) Tem praticado exercício físico regularmente? ( ) Sim ( ) Não 6) Quantos dias da semana você tem disponível para a prática de exercício físico? ( ) 2 dias ( ) 3 dias ( ) 4 dias ( ) 5 dias ( ) 6 dias 7) Quais os dias da semana de sua preferência para praticar exercício físico? ( ) Segunda-feira ( ) Terça-feira ( ) Quarta-feira ( ) Quinta-feira ( ) Sexta-feira 8) Você fuma? ( ) Sim ( ) Não 9) Você bebe? ( ) Sim ( ) Não 10) Você sente algum tipo de dor ou desconforto (muscular ou articular)? ( ) Sim ( ) Não Onde? _________________________________ 11) Você apresenta alguma(s) dessas doenças (já diagnosticadas por médico)? ( ) Colesterol elevado ( ) Diabetes tipo I ( ) Diabetes tipo II ( ) Hipertensão arterial ( ) Cardiopatias ( ) Outras Quais? ________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 12) Se você apresenta alguma dessas doenças, usa medicamentos? ( ) Sim ( ) Não 13) Seu médico sabe que você está ingressando num programa de exercícios físicos? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não frequento regularmente o médico 14) Outras informações relevantes: ___________________________________________ ______________________________________________________________________ Avaliação física e avaliação médica Cabe salientar que é importante que nosso aluno tenha o hábito de consul-tar um médico, no mínimo anualmente para fazer o controle e a avaliação de sua saúde. Com essa avaliação física, podemos estimulá-lo a fazer o controle. Sempre que ele fizer esse acompanhamento médico, é interessante que façamos uma inter-relação com o outro profissional, o que torna nossa prescrição cada vez mais segura e eficaz. Um trabalho interdisciplinar só contribui para o enriquecimento de nosso conhecimento, além de ser uma segurança para nosso aluno. Nós, professores de Educação Física, devemos estimular a avaliação médica, que contribui – e não exclui – a avaliação física. A avaliação médica serve como um recurso a mais para a segurança da prescrição, mas, mesmo que nosso aluno já venha com um resultado desse tipo de avaliação, devemos, ainda, fazer a avaliação antropométrica e neuromuscular (se não existir alguma restrição feita pelo médico). Se nos for apresentado um laudo de uma avaliação ergométrica ou ergo- espirométrica, devemos usá-lo para a prescrição dos exercícios aeróbicos. Não há necessidade de fazermos uma avaliação cardiorrespiratória, pois esta já foi feita pelo médico, mas as demais avaliações nós podemos – e devemos – fazer. Capítulo 4 Variáveis Cineantropométricas Cineantropométricas O marco inicial para o crescimento internacional da cineantropometria ocorreu em 1976, nos Jogos Olímpicos de Montreal. Naquele ano, Ross e De Rose descreveram pela primeira vez o termo cineantropometria, e o definiram como o estudo dos aspectos humanos relacionados a tamanho, forma, proporcionalidade, composição corporal e maturação biológica (Ross e De Rose, 1982 apud Silva, Trindade e De Rose, 2003; Beune e Borns, 1990); é a interface quantitativa entre anatomia e fisiologia ou entre estrutura e função (Glender, 2003). Objetiva-se entender o processo de crescimento, treinamento e rendimento esportivo. Dentro do extenso conteúdo do método cineantropométrico, há dois pontos de grande utilização e praticidade na avaliação funcional em academias, escolas, programas de saúde e treinamento: a antropometria e a composição corporal. Antropometria A palavra antropometria deriva do grego anthropos (antropo ou antropia), que significa homem, e metron (metria ou metro), que equivale a medida. Por isso, poderíamos defini-la como a parte da antropologia que estuda as proporções e medidas do corpo humano (Michels, 2000). A origem da antropometria remete-se à Antiguidade, pois egípcios e gregos já observavam e estudavam a relação das diversas partes do corpo. O reconhecimento dos biótipos remonta a tempos bíblicos, e o nome de muitas unidades de medida utilizadas hoje em dia é derivado de segmentos do corpo (Rodriguez-Añez, 2001). Segundo Heyward e Stolarczyk (2000), antropometria é a medida do tamanho corporal e suas proporções, incluindo espessura de dobras cutâneas, circunferências (ou perímetros), diâmetros e comprimentos ósseos, estatura e peso corporal. Preocupa-se em determinar características e propriedades do aparelho locomotor, como as dimensões das formas geométricas de segmentos, distribuição de massa, braços de alavanca, posições articulares etc. (Amadio et al., 1999). Os modelos antropométricos estabelecem propriedades geométricas do corpo humano, tais como: comprimento, área e volume dos segmentos, ossos e músculos, origem, inserção, linha de ação dos músculos sob investigação e suas propriedades de inércia: massa, centro de gravidade e impulsão dos segmentos (Amadio e Baumann, 2000). Conforme Ross (1976 apud Marins e Giannichi, 1998), a antropometria é a aplicação de medições para o estudo do tamanho, forma, proporção, composição, maturação e crescimento, com o objetivo de ajudar a entender o movimento humano no contexto do crescimento, exercício, performance e nutrição, com aplicação direta na medicina,educação e administração. A antropometria nos ajuda a identificar o quanto cada componente corporal (gordura, ossos, músculos e órgãos internos) representa na nossa massa total, ou o que conhecemos como peso corporal. Instrumentos necessários Para avaliarmos, necessitamos de instrumentos específicos para as variáveis que queremos medir. Para mensurarmos essas variáveis, podemos citar alguns instrumentos básicos, de fácil utilização e que apresentam um custo relativamente baixo. Cabe salientar ao profissional e estudante de Educação Física que façam uma pesquisa de preços antes de adquiri-los, e também que, ao comprarem algum instrumento, prestem atenção a alguns detalhes: Nem sempre o mais caro é o melhor; procure informações com relação ao fabricante; Tenha em mãos sempre o manual, pois nele constam informações importantes, como: prazo de aferição do instrumento, como utilizá-lo, como conservá-lo, aonde levar em caso de conserto, entre outras; Se comprar material de segunda mão, solicite que ele venha com o manual de instrução (às vezes, o barato sai caro); Os instrumentos digitais são muito bons, mas requerem cuidados especiais, pois são sensíveis a quedas, umidade, calor excessivo e, quando a bateria está fraca, devemos trocá-la, pois a medida já fica comprometida. Se você transportará com muita frequência os instrumentos (por exemplo, fazer avaliação na casa dos alunos, o que é comum em treinamento individualizado), lembre-se desses detalhes ao comprá-los. Prefira os mais resistentes. Devemos atentar para alguns cuidados: Adequar o instrumento ao indivíduo e à população; Atentar para a leitura do instrumento; Treinar o manuseio do instrumento antes de iniciar uma avaliação. Para uma avaliação antropométrica, necessitamos dos seguintes instrumentos: Balança As balanças podem ser digitais ou analógicas; ambas são precisas. Convém utilizar modelos que permitam medidas com precisão de até 100 gramas (resolução de 100 gramas). Esse instrumento é utilizado para determinar a massa ou o peso corporal total. FIGURA 4.1 - Balança digital. FIGURA 4.2 - Balança de cilindros. Estadiômetro O estadiômetro é uma escala métrica vertical instalada perpendicularmente a um plano de base, e é utilizado para medir estatura. Podem ser encontrados adaptados em alguns tipos de balança (balanças de cilindros) ou fixos em uma parede. Normalmente, utilizamos leitura em centímetros. Exemplo: 170 cm em vez de 1,70 m. Estadiômetros portáteis também são bastante utilizados. FIGURA 4.3 - Estadiômetro portátil. Antropômetro ou paquímetro Esses instrumentos medem diâmetros ósseos. A leitura é feita em centímetros.Para medir os diâmetros maiores (biacromial, biiliocristal e bitrocantérico), usamos o antropômetro (1), e, para medir os diâmetros menores, usamos o paquímetro (2). FIGURA 4.4 - 1: Antropômetro; 2: Paquímetro. Compasso de dobras Também conhecido como plicômetro, espessímetro ou adipômetro. Mede a espessura do tecido adiposo em regiões específicas do corpo. A precisão da leitura depende do modelo (geralmente 1 mm). A leitura é feita em milímetros.No item dobras cutâneas, abordaremos compassos clínicos e científicos. FIGURA 4.5 - Compassos: 1: Científico (Cescorf); 2: Clínico (Cescorf); 3: Científico (Lange); 4: Clínico (Slim Guide). Fita métrica A fita métrica é utilizada para a determinação dos perímetros ou circunferências. Observar que o ponto zero da fita será sempre o ponto fixo. A leitura é feita em centímetros.Normalmente, as fitas antropométricas são metálicas, flexíveis, para facilitar a medida, e têm maior durabilidade. FIGURA 4.6 - Fita métrica metálica. Pontos anatômicos Em uma avaliação antropométrica, necessitamos de certas referências, e al-guns pontos anatômicos são de fundamental importância para o início de uma avaliação. Os pontos anatômicos servem para uma avaliação subjetiva (visual; por exemplo, a avaliação postural) e para uma avaliação objetiva (dobras cutâneas, circunferências etc.). São inicialmente localizados por meio da palpação e identificação das estruturas que os caracterizam e, posteriormente, marcados com lápis dermográfico ou adesivos (avaliação postural), para facilitar a colocação correta do instrumento de medida. Para identificarmos os pontos anatômicos, devemos passar por três etapas: Identificação visual do local a ser marcado; Palpação: deve ser firme e segura, mas não bruta, para não machucar o avaliado. Devemos ter cuidado, pois em algumas regiões o avaliado pode sentir cócegas. Nesse caso, marcamos apenas pela identificação visual; Marcação: deve ser feita com lápis dermográfico específico para avaliação, ou mesmo lápis de maquiagem (adquiridos em farmácias). Podemos, ainda, usar etiquetas adesivas para a avaliação postural; para as avaliações antropométricas, devemos usar o lápis. Mesmo que o interesse do pesquisador/avaliador se limite a uma ou duas medidas, convém que todos os pontos sejam demarcados e a rotina de medição antropométrica seja feita de forma completa. Com isso, será propiciada uma série de dados que servirão, no futuro, para a elaboração de novas pesquisas. Vértex É o ponto mais superior da cabeça, estando o Plano de Frankfurt (uma linha imaginária traçada sobre o meato auditivo, que deve estar horizontalizado com o solo; também significa o alinhamento do plano visual ao horizonte) rigorosamente posicionado. É usado para determinar estatura e altura sentado. Cervical Situa-se na porção mais posterior do processo espinhoso da sétima vértebra cervical. Usa-se para medir a altura do tronco. Acromial Ponto mais lateral do bordo superior e externo da espinha da escápula (processo acromia). Essa referência é usada para determinar o diâmetro biacromial, para o comprimento do membro superior e do braço e para determinar o local da dobra do tríceps e a circunferência do braço. Mesoesternal Ponto médio do esterno. É a referência para os diâmetros ântero- posteriores e transverso do tórax. Podemos identificá-lo três dedos acima do processo xifoide, e, nos homens, normalmente usamos a linha mamilar como referência. Úmero Localiza-se nos epicôndilos lateral e medial do úmero. Deve ser verificado com o cotovelo fletido, pois facilita a identificação dos processos ósseos. Usamos esses pontos para medir o diâmetro do úmero. Radial Ponto mais alto da borda superior e lateral da cabeça do rádio. Usa-se na determinação do comprimento do braço e do antebraço. Estiloidal Localiza-se no ponto mais distal da apófise estiloide do rádio. É a referência utilizada para estabelecer o comprimento do antebraço e da mão e o diâmetro biestiloidal do rádio. Identificamos o ponto com o punho fletido. Dactiloidal Ponto mais distal da extremidade do dedo médio da mão direita. Utiliza-se na medida da altura total e do comprimento do membro superior e da mão. Iliocristal Ponto mais lateral da borda superior da crista ilíaca. É a referência utilizada para a medida do diâmetro bi-iliocristal e da dobra cutânea suprailíaca. Trocantério Situa-se no ponto mais alto do trocanter maior do fêmur. Como referência, usa-se na determinação do diâmetro bitrocantérico, do comprimento do membro inferior e da coxa. Para identificar melhor o ponto por meio da palpação, solicitamos ao avaliado que faça o movimento de rotação externa ou flexão e extensão do quadril. Quando mobilizamos a articulação, identificamos melhor o ponto. Femoral Situa-se na extremidade inferior (distal) do fêmur, e devemos marcar os epicôndilos medial e lateral. O avaliado deve estar sentado para facilitar a identificação do ponto. Tibial Ponto localizado na borda superior da tuberosidade medial da tíbia. É usado na medida do comprimento da coxa e da perna. Para a identificação do ponto, o avaliado deve estar sentado. Acropodial Ponto mais anterior dos dedos dos pés, que eventualmente poderá ser a extremidade do primeiro ou do segundo dedo, dependendo do indivíduo. Usa-se para medir o comprimento do pé. Maleolar Situa-se no ponto mais projetadodo maléolo lateral e medial. Essa referência é usada para determinar o comprimento da perna e o diâmetro bimaleolar. Pternial Ponto mais posterior do calcanhar. Usa-se para medir o comprimento do pé. FIGURA 4.7 - Pontos anatômicos. Fonte: Pitanga (2004, p. 62). Classificação das medidas antropométricas básicas em Educação Física Segundo Marins e Giannichi (1998), podemos classificar as principais medidas utilizadas em Educação Física em: medidas lineares longitudinais (alturas e comprimentos) e transversais (diâmetros e envergaduras); medidas circunferenciais (circunferências ou perímetros); e medidas de massa ou peso. Medidas lineares longitudinais Alturas Correspondem às medidas tiradas de um ponto antropométrico ao solo no sentido longitudinal (por meio de um antropômetro ou altímetro). As principais alturas são: Estatura É a distância entre o ponto vértex e a região plantar (com o avaliado em pé ou deitado). A posição deitada do avaliado faz que haja um aumento de 0,5 a 1 cm em seu comprimento (Miranda, 2000). Para situar adequadamente a cabeça na posição anatômica, foi estabelecido o Plano de Frankfurt (Figura 4.8). Esse plano, utilizado, sobretudo, na determinação do vértex, é gerado a partir de uma linha imaginária que passa pelo ponto mais baixo do bordo inferior da órbita direita e pelo ponto mais alto do bordo superior do meato auditivo externo correspondente. Podemos solicitar ao avaliado que mantenha o olhar no horizonte. Isso facilita a determinação do Plano de Frankfurt e, consequentemente, do vértex, sobre o qual a trena é posicionada. FIGURA 4.8 - Plano de Frankfurt. Fonte: Pitanga (2004, p. 61). FIGURA 4.9 - Medida da estatura. Altura total É a distância do ponto dactiloidal até a região plantar, estando o avaliado com o membro superior direito na vertical, elevado a 180° por sobre a cabeça e com o cotovelo estendido. FIGURA 4.10 - Medida da altura total. Altura sentado Com o avaliado sentado em um banco regulável, para que se obtenha um ângulo reto nas articulações de tornozelo, joelho e coxo-femoral, mede-se a distância do ponto vértex ao assento do banco. Altura do membro superior Acromial, radial, estiloidal e dactiloidal. Caracterizam a distância entre esses pontos anatômicos e a região plantar. Usamos um antropômetro vertical para mensurar essas medidas. Altura do membro inferior Trocantérica, tibial e maleolar. Caracterizam as distâncias entre os respectivos pontos anatômicos e a região plantar. Usamos um antropômetro vertical para mensurar essas medidas. Ao efetuar as medidas longitudinais, determinados cuidados devem ser levados em consideração para diminuir a margem de erro. FIGURA 4.11 - Alturas de membros superiores e inferiores. Fonte: Pitanga (2004, p. 68). Cuidados O avaliado deve estar descalço. O avaliado deve manter-se em pé, com os pés unidos e voltados à frente, ombros relaxados e braços ao longo do corpo, com o Plano de Frankfurt rigorosamente posicionado. A haste do antropômetro deve estar perpendicular ao solo. Alguns autores recomendam, para determinadas medidas, que o avaliado faça uma inspiração, procurando compensar o achatamento dos discos intervertebrais, ocorrido durante o dia. Comprimentos Os comprimentos estão relacionados às distâncias entre dois pontos antropométricos medidos longitudinalmente (por meio de um antropômetro ou pela diferença (–) entre suas alturas). Com base na determinação das alturas, podemos calcular os comprimentos dos membros inferiores e superiores e de alguns segmentos corporais. Com o estabelecimento de alguns indícios, somos capazes de analisar o físico do avaliado, além de observar o crescimento, a maturação e o desenvolvimento longitudinal dos ossos, também para uma avaliação postural. Os principais comprimentos são: Comprimento do MS (membro superior) = (altura acromial – altura dactiloidal) ou o comprimento entre o acrômio e o dactiloidal. Comprimento do braço = (altura acromial – altura radial) ou o comprimento do acrômio até o ponto radial. Comprimento do antebraço = (altura radial – altura estiloidal) ou o comprimento do ponto radial até o estiloidal. Comprimento da mão = (altura estiloidal – altura dactiloidal) ou o comprimento do ponto estiloidal até o dactiloidal. Comprimento do MI (membro inferior) = (estatura – altura sentado) ou altura trocantérica ao solo. Comprimento da coxa = (altura trocantérica – altura tibial) ou o comprimento do trocânter até o tibial. Comprimento da perna = (altura tibial – altura maleolar) ou o comprimento do ponto tibial até o maleolar. Comprimento do pé = do ponto pternial ao acropodial. Medidas transversais Envergadura É a distância entre dois pontos dactiloidais, estando o avaliado em pé com os braços abduzidos, formando um ângulo de 90° com o tronco. Os cotovelos devem estar estendidos e os antebraços, supinados. Diâmetro ósseo Caracteriza a distância entre duas estruturas de determinado osso, localizada transversalmente. É medida com um paquímetro e antropômetro, e, normal-mente, é estudada apenas no lado direito, de acordo com as normas metodológicas atuais. Sua aplicação está relacionada à determinação do peso ósseo e do somatótipo. Diâmetro biacromial Distância entre os pontos acromiais direito e esquerdo. O avaliador coloca-se atrás do avaliado. FIGURA 4.12 - Diâmetro biacromial. Diâmetro bi-iliocristal Distância entre os pontos iliocristais direito e esquerdo. É também chamado de bicrista ou bicristal. Avaliado em posição ortostática, de frente para o avaliador. FIGURA 4.13 - Diâmetro bi-iliocristal. Diâmetro bitrocantérico Distância entre os pontos trocantéricos direito e esquerdo. O avaliado deve ficar de frente para o avaliador, e seus pés devem permanecer unidos. FIGURA 4.14 - Diâmetro bitrocantérico. Diâmetro biepicondiliano do úmero Distância entre os epicôndilos medial e lateral do úmero, com o avaliado em posição ortostática, braço flexionado em 90° com o tronco e antebraço formando 90° com o braço. A medida deve ser feita no lado direito. FIGURA 4.15 - Diâmetro biepicondiliano do úmero. Diâmetro biestiloide Distância entre as apófises estiloides do rádio e da ulna, estando o avaliado em posição ortostática, com braço flexionado em 90° com o tronco e antebraço pronado, formando ângulo de 90° com o braço, e punho fletido. A medida deve ser feita no lado direito. FIGURA 4.16 - Diâmetro biestiloide. Diâmetro biepicondiliano do fêmur Distância entre os côndilos medial e lateral do fêmur, estando o avaliado sentado com os pés apoiados no chão, a coxa formando um ângulo de 90° com o tronco, e a perna, 90° com a coxa. FIGURA 4.17 - Diâmetro biepicondiliano do fêmur. Diâmetro bimaleolar Distância entre os dois maléolos (medial e lateral), estando o avaliado sentado e com os pés apoiados no chão. FIGURA 4.18 - Diâmetro bimaleolar. Cuidados O paquímetro não deve ficar frouxo nem com pressão excessiva. O paquímetro deve ser colocado perpendicularmente ao diâmetro medido. Respeitar os procedimentos e posição do avaliado e avaliador. Medidas circunferenciais Os termos circunferência e perímetro vêm sendo usados para definir a medida circunferencial de vários locais do corpo, ou seja, para descrever algumas características antropométricas. Em decorrência da utilização de muitos protocolos (Americano e Australiano, entre outros), ocorrem algumas divergências em relação ao uso dessas terminologias. Na geometria euclidiana, o termo circunferência é o lugar geométrico dos pontos de um plano que equidistam de um ponto fixo. Esse ponto fixo é o centro e a equidistância, o raio da circunferência. Por sua vez, perímetro (c), na geometria euclidiana, é a extensão da circunferência, e pode ser calculado por meio da equação: c = π d = 2r π onde d é o diâmetro da circunferência, ou seja, o dobro do raio. Em Antropometria, podemos usar o termo circunferência para determinar a medida circular dos segmentos; isso não é errado. Alguns protocolos – como o Australiano, por exemplo,da The International Society for the Advancement of Kinanthropometry (ISAK) (Norton e Olds, 2005), que vem sendo adotado como referência por muitos profissionais – usam o termo perímetro (que é um tipo de medida circunferencial) para descrever as medidas que, neste livro, chamamos de circunferências. O termo perímetro sempre foi mais utilizado para referirmos os perímetros musculares, ou seja, uma estimativa por meio de equações específicas que identificavam a medida circunferencial (perímetro) muscular, desprezando a pele e o tecido de gordura. Tal medida também pode ser feita de maneira direta, por meio da avaliação de imagem (uma ecografia, por exemplo). Existem algumas diferenças na padronização das medidas circunferenciais ao compararmos o protocolo de Lohman, Roche e Martorell (1991), seguido neste livro, com o da ISAK. O importante é que o profissional e o estudante das áreas da Saúde mantenham-se informados e atualizados, e sigam uma padronização em suas avaliações, garantindo, assim, excelência em suas atividades. A ISAK fornece cursos de formação e certificação em diferentes níveis. As circunferências ou perímetros são medidas que determinam os valores de circunferência de um segmento corporal perpendicular ao eixo longitudinal do mesmo segmento. As circunferências mais utilizadas em Educação Física, segundo Lohman, Roche e Martorell (1991), são: Ombros Essa medida é feita no meio do músculo deltoide, no qual, normalmente, encontra-se o maior volume muscular. O avaliado deve estar em pé, com o peso distribuído igualmente entre os segmentos e com os braços ao lado do corpo. A medida é feita ao final de uma expiração normal. FIGURA 4.19 - Circunferência de ombros. Braço Essa medida é feita no ponto médio entre o acrômio e a base do olécrano (o ponto deve ser marcado com o cotovelo fletido em 90°). A medida pode ser feita com o braço relaxado ao longo do corpo, e também contraído, no qual o tronco e o antebraço formam um ângulo de 90°. FIGURA 4.20 - Circunferência do braço. Antebraço Essa medida é feita no ponto de maior volume muscular (maior perímetro), com os braços estendidos ao longo do corpo e com o avaliado de frente para o avaliador. Devemos fazer a medida com o antebraço supinado. FIGURA 4.21 - Circunferência do antebraço. Tórax Homens: sobre a linha dos mamilos e sobre o ponto mesoesternal. FIGURA 4.22 - Circunferência do tórax masculino. Mulheres: sobre a linha subaxilar. O avaliado deve ficar de frente para o avaliador. FIGURA 4.23 - Circunferência do tórax feminino. Cintura A cintura é verificada sobre o ponto de menor perímetro. O avaliado fica em pé, de frente para o avaliador, e com o abdômen relaxado. Podemos identificar o ponto de medida utilizando as costelas como ponto de referência (última flutuante). FIGURA 4.24 - Circunferência da cintura. Abdômen Essa medida é verificada sobre a cicatriz umbilical. O avaliado deve manter respiração normal e peso distribuído nos dois pés; braços ao lado do corpo. FIGURA 4.25 - Circunferência abdominal. Quadril Essa medida é feita sobre o trocânter maior de cada fêmur. O avaliado deve estar com os pés unidos, em pé e de lado para o avaliador. FIGURA 4.26 - Circunferência do quadril. Coxa A circunferência da coxa pode ser medida em três pontos: Proximal: 1 cm abaixo da prega glútea. Medial: no ponto médio entre o vinco inguinal e o bordo superior da patela. Distal: 10 cm acima do bordo superior da patela. O avaliado fica em pé, com o peso distribuído em um dos lados para que a medida seja feita no outro segmento. Alguns protocolos sugerem que o peso deve ser distribuído igualmente entre os dois pés. FIGURA 4.27 - Circunferência proximal da coxa. FIGURA 4.28 - Circunferência medial da coxa. FIGURA 4.29 - Circunferência distal da coxa. Perna (panturrilha) Essa medida é feita no ponto de maior volume muscular. O avaliado se senta em uma mesa para que a perna que será medida fique pendurada livremente, ou ele fica em pé, com os pés mais ou menos 20 cm afastados um do outro e com o peso em um dos segmentos (medimos o outro). A fita métrica é posicionada horizontalmente em volta da perna e movida para cima e para baixo para localizar a máxima circunferência, em um plano perpendicular ao eixo da panturrilha. O local de maior circunferência é marcado, pois a dobra cutânea da panturrilha será medida no mesmo nível. FIGURA 4.30 - Circunferência da perna. Cuidados Medir sempre sobre a pele nua; Nunca usar fita elástica ou de pouca flexibilidade; Não deixar o dedo entre a fita e a pele; Não dar pressão excessiva, nem deixar a fita frouxa; a fita deve ficar aderida à pele; Não medir após exercício físico; O ponto zero da fita sempre será o ponto fixo; ficará posicionado embaixo. Medida de massa ou peso corporal total A medida de massa (chamada popularmente de “peso corporal”) é uma das mais utilizadas na Educação Física. Entretanto, devemos considerar o fato de que, isoladamente, esse dado não é adequado para afirmar se uma pessoa é obesa ou magra, e tampouco é o elemento de controle de esforço. Quando utilizamos a balança de cilindro, a técnica para medir consiste em: Após a calibragem, travar a balança; O avaliado sobe na balança pisando no centro, mantendo-se ereto e de costas para a escala de medida; Movimentar o cilindro maior para o encaixe correspondente à grandeza de peso do avaliado; Destravar a balança; Movimentar o cilindro menor até que ocorra o nivelamento dos ponteiros-guias; Travar a balança; Pedir que o avaliado desça da balança; Fazer a leitura; Retornar os cilindros ao ponto zero. FIGURA 4.31 - Medida massa corporal (peso corporal). Para as balanças digitais, devemos solicitar que o aluno suba na balança e fique sem se movimentar, e assim faremos a medida. Dobras cutâneas As medidas de dobras cutâneas não se enquadram na classificação descrita anteriormente, mas são um importante instrumento para a análise da composição corporal. Existe uma relação entre gordura subcutânea e gordura corporal total, além do porcentual de gordura obtido com a medida das dobras. Podemos também utilizar a soma de algumas dobras cutâneas para estimar a gordura corporal total. A técnica das dobras cutâneas é uma das mais utilizadas para a verificação da composição corporal. Ela é mais acessível (custo e tempo), mais rápida e seus resultados podem ser plenamente adaptados para faixa etária, sexo etc. É com base no porcentual de gordura que podemos estabelecer os demais componentes corporais (músculos, ossos etc.). Essa técnica requer prática do avaliador, para que, cada vez mais, se reduza o erro. A utilização de equações adequadas é um fator muito importante para que os resultados sejam consistentes. Conforme destacado no item Instrumentos necessários, o equipamento necessário para medir as dobras cutâneas é chamado comumente compasso de dobras. O compasso pode ser clínico ou científico. Normalmente, o compasso científico apresenta uma precisão de escala mais fracionada (0,1 mm), enquanto o compasso clínico apresenta uma escala de 0,5 mm. Isso não compromete a medida de maneira a impedir a utilização dos compassos clínicos. Quando fazemos um trabalho científico com a intenção de publicá- lo em revistas especializadas, necessitamos utilizar um instrumento científico. Técnicas de medida e manuseio do instrumento Tire todas as medidas do lado direito do corpo; Cuidadosamente, identifique e marque os locais de medidas; Segure a dobra cutânea firmemente entre o polegar e o indicador (podendo também pegar com o dedo médio) esquerdos. Esses dedos devem ter um afastamento, formando a letra “L”; Os dedos devem sempre ficar apontados para baixo quando a dobra for vertical, apontados para a esquerda quando for horizontal e apontados para baixo na diagonal quando a dobra for diagonal; O compasso deve ser segurado com a mão direita e colocado 1 cm abaixo do pinçamento com os dedos, na mesma profundidade destes; Mantenha a dobra segurada enquanto a medida é feita; Deixe o compasso naposição de medida cerca de, no máximo, 4 segundos; Evite duas medidas consecutivas no mesmo local; Preferencialmente, faça três tomadas em circuito e utilize a mediana (ou seja, exclua os valores maior e menor e utilize como resultado final o valor mediano); Atenção ao direcionamento das dobras: elas podem ser verticais, horizontais e diagonais (ou oblíquas). O direcionamento é da dobra, e não do compasso. Nas dobras verticais, por exemplo, o compasso assume uma posição horizontal, mas devemos dar importância à direção da dobra. Normalmente, esta está relacionada à direção das fibras musculares em que a dobra está sendo medida; Evite mensurar as medidas do avaliado após este ter realizado atividade física; Cabe ressaltar que não existe diferença nos procedimentos técnicos de medida das dobras em crianças, adultos ou idosos. Os procedimentos são os mesmos; o que difere é a equação a ser utilizada para o cálculo de percentual de gordura. FIGURA 4.32 - Posição dos dedos. Como minimizar o erro utilizando a técnica do compasso de dobras? Pratique, no mínimo, entre 50 e 100 clientes; Treine sempre com um técnico bem capacitado e experiente; Siga os procedimentos-padrões; Marque todos os pontos antes de medir; Use as equações específicas para encontrar os resultados; Esteja atento a novas informações sobre esse assunto. Técnicas para medição Tricipital A dobra do tríceps é medida na linha média da parte posterior do braço, sobre o músculo tríceps, no ponto médio entre o acrômio e o nível inferior do processo olécrano da ulna; é uma dobra vertical. Usando uma fita métrica, com o cotovelo flexionado em 90°, marque o ponto médio. A dobra é medida com o braço estendido e relaxado. O avaliador fica em pé, atrás do avaliado, e segura a dobra com a mão esquerda, ficando com os dedos polegar e indicador apontados para baixo. FIGURA 4.33 - Local da dobra do tríceps. FIGURA 4.34 - Dobra do tríceps. Subescapular É uma dobra diagonal inclinada ínfero-lateralmente, aproximadamente 45° do plano horizontal. O ponto é, em média, 1 cm abaixo do ângulo inferior da escápula. O avaliado fica em pé, com o peso distribuído em ambos os pés. Para localizar o ponto, deve-se palpar a borda lateral da escápula (de cima para baixo) até localizar o ângulo inferior. Essa dobra é próxima à do tríceps. FIGURA 4.35 - Local da dobra subescapular. FIGURA 4.36 - Dobra subescapular. Axilar média É uma dobra horizontal, localizada na junção xifoesternal (ponto onde a cartilagem costal das costelas 5-6 articulam-se com o esterno), levemente acima do processo xifoide, na linha média axilar do tronco. Devemos identificar o processo xifoide e, aproximadamente, um dedo acima dele é o ponto a ser medido. Então, transferimos o ponto para a lateral do tronco. O avaliado pode fazer uma leve abdução do ombro (até 90°) para facilitar o acesso ao ponto. FIGURA 4.37 - Local da dobra axilar média. FIGURA 4.38 - Dobra axilar média. Peitoral ou torácica No homem,o ponto é a distância média entre a prega axilar anterior e o mamilo; é uma dobra diagonal.Na mulher, o ponto se localiza um pouco mais acima que no homem, 2 cm abaixo da linha axilar. O indivíduo fica com os braços relaxados ao lado do corpo para que o ponto seja identificado e devidamente marcado. FIGURA 4.39 - Local da dobra peitoral feminina. FIGURA 4.40 - Dobra peitoral feminina. FIGURA 4.41 - Local da dobra peitoral masculina. FIGURA 4.42 - Dobra peitoral masculina. Bíceps Para medir a dobra do bíceps, podemos usar a marca do tríceps. A medida do bíceps deve ser 1 cm acima do tríceps, e também é uma dobra verticalna parte anterior do braço. FIGURA 4.43 - Local da dobra do bíceps. FIGURA 4.44 - Dobra do bíceps. Abdominal Para medir a dobra abdominal, o avaliado, em pé, com o peso distribuído em ambos os pés, deve relaxar a musculatura abdominal e a respiração deve se manter normal. O ponto fica 3 cm ao lado e 1 cm abaixo da cicatriz umbilical, do lado direito, e é uma dobra horizontal. FIGURA 4.45 - Local da dobra abdominal. FIGURA 4.46 - Dobra abdominal. Suprailíaca A dobra cutânea suprailíaca é medida na linha média axilar imediatamente (aproximadamente 1 cm) acima da crista ilíaca. O avaliado fica com os pés juntos em uma posição ereta, com os braços pendentes ao lado. Se necessário, faz uma leve abdução do ombro para melhor acesso ao ponto. É uma dobra diagonal, a aproximadamente 45° da horizontal. As partes do compasso são aplicadas a mais ou menos 1 cm de onde os dedos estão segurando. FIGURA 4.47 - Local da dobra suprailíaca. FIGURA 4.48 - Dobra suprailíaca. Supraespinhal A dobra supraespinhal é medida imediatamente acima (1 cm) da espinha ilíaca. É uma dobra diagonal. O avaliado posiciona-se em pé, com os braços relaxados ao lado do corpo. FIGURA 4.49 - Local da dobra supraespinhal. FIGURA 4.50 - Dobra supraespinhal. Coxa O ponto está localizado na linha média da parte anterior da coxa, entre o vinco inguinal e a borda proximal da patela. O indivíduo flexiona o quadril para ajudar a localização do vinco inguinal. É uma dobra vertical. O peso do corpo é transferido para o outro pé, enquanto a perna do lado da medida fica relaxada, com o joelho levemente flexionado e o pé no piso plano. O avaliado pode segurar-se nos ombros do avaliador ou no encosto de uma cadeira. FIGURA 4.51 - Local da dobra da coxa. FIGURA 4.52 - Dobra da coxa. Suprapatelar É uma dobra verticallocalizada na linha média da coxa, 2 cm acima da borda proximal da patela. O avaliado fica em pé, com o peso do corpo dire- cionado para a perna esquerda. FIGURA 4.53 - Local da dobra suprapatelar. FIGURA 4.54 - Dobra suprapatelar. Perna (panturrilha) A dobra vertical é feita na face medial da perna, no ponto de maior circunferência. O avaliado deve estar sentado com os pés apoiados no solo ou suspenso. FIGURA 4.55 - Local da dobra da perna. FIGURA 4.56 - Dobra da perna. Como mencionado anteriormente, há diferenças entre a padronização das medidas conforme os protocolos adotados. Atualmente, a padronização da ISAK tem sido adotada como referência. Nela, por exemplo, a dobra cutânea abdominal é feita 5 cm ao lado direito da cicatriz umbilical (ponto médio do umbigo), e é uma dobra vertical, diferentemente da descrita neste livro, que adota a padronização de Lohman, Roche e Martorell (1991). Também existem diferenças na determinação de alguns pontos anatômicos e em algumas circunferências (perímetros), entre outros itens. O importante é que o profissional busque informações e treinamento adequado, e siga um protocolo que se ajuste às suas necessidades e ao seu público. Um ponto fundamental é que se mantenha informado e atualizado. Isso pode ajudar, e muito, na qualidade dos serviços prestados a seus clientes e alunos, assim como nos resultados futuros. Nota: As medidas antropométricas aqui citadas (diâmetros, circunferências e dobras cutâneas) foram descritas com base na tradução da obra de Lohman, Roche e Martorell (1991), referência para avaliação antropométrica adotada nesta obra. Capítulo 5 Técnicas para Determinação da Composição Corporal Com base nas medidas antropométricas coletadas, poderemos estimar o quanto cada um dos componentes corporais (ossos, músculos, gordura e órgãos internos) representa no corpo humano. A composição corporal pode ser fracionada em dois ou quatro compartimentos. São eles: Dois compartimentos: peso gordo e peso magro. O peso gordo é a gordura corporal, e o peso magro está relacionado a todos os outros tecidos (ossos, músculos, pele e órgãos internos). Quatro compartimentos: peso gordo, peso muscular, peso ósseo e peso residual. Conseguimos estabelecer esses componentes por meio de equações específicas, que veremos a seguir. A composição corporal pode ser medida basicamente através de três técnicas: pesagem hidrostática, bioimpedância elétrica e antropometria (dobras cutâneas). Pesagem hidrostática Esse método é conhecido como Gold Standard (Padrão Ouro), utilizado comoreferência, no qual obtemos o volume corporal e calculamos a densi- dade corporal. Segundo Arquimedes, o peso perdido dentro da água é proporcional ao volume de água removido pelo volume corporal; então: VC = PC – PESO PERDIDO NA ÁGUA Onde: VC = volume corporal PC = peso corporal Ex. 80 kg – peso dentro da água (4 kg) = 76 DC = 80 kg/76 kg = 1,05263 g/cc Esse é um método pouco utilizado (apenas em pesquisas), por ser caro e pouco prático. Hoje em dia, a densitometria óssea (absorciometria de feixe duplo) tem sido investigada com vistas à possibilidade de ser adotada como padrão ouro; porém, mais estudos devem ser feitos para tal determinação. Bioimpedância elétrica O princípio da bioimpedância se baseia no conceito de que o fluxo elétrico é facilitado através do tecido hidratado e isento de gordura, assim como a água extracelular, em comparação com o tecido adiposo, em virtude do maior conteúdo de eletrólitos. Consequentemente, a resistência ao fluxo da corrente elétrica estará relacionada diretamente ao nível de gordura corporal. Temos métodos tetra e bipolar, que se relacionam ao número de eletrodos posicionados no avaliado, por exemplo, no método tetrapolar, dois eletrodos são colocados na mão e no pé. Os eletrodos distais emitem a corrente e os proximais recebem. Atualmente, não é o método mais caro, mas seu custo é relativamente alto. Além disso, para o método ter resultados consistentes, deve-se observar uma série de recomendações antes da avaliação, como, por exemplo, não ter ingerido água ou líquido uma hora antes; não ter feito exercício físico até três horas antes do teste; não estar tomando medicamento diurético (na verdade, existem alimentos que assumem esse papel, e podem interferir no teste); para as mulheres que estão no período pré-menstrual, não é aconselhável fazer o teste; o avaliado não deve (no momento do teste) deixar que as pernas e os braços encostem no tronco ou uns nos outros (dificulta a corrente), além de outras recomendações. É um método interessante, pois seu resultado traz a quantidade de água no organismo e o metabolismo aproximado. FIGURA 5.1 - Aparelho de bioimpedância elétrica Dobras cutâneas Essa técnica já foi destacada no capítulo anterior. Índices e proporções Utilizamos as medidas antropométricas para determinar os componentes corporais e para estabelecermos alguns índices e relações (também conhecidos como proporções). Entre eles, destacam-se os seguintes: Índice de massa corporal (IMC) O índice de massa corporal (IMC), também conhecido como Índice Quetelet, é usado para avaliar o peso relativo à estatura, e é calculado dividindo-se o peso corporal em quilos pela estatura em metros quadrados (peso/h²). O IMC é um indicador relativamente bom da composição corporal total, mas não deve ser a única técnica aplicada, pois pode não expressar bem a realidade. Por exemplo, se aplicarmos o IMC em um fisiculturista, ele provavelmente apresentará um índice muito alto, isso porque sua massa magra é muito grande. Mas em sedentários essa técnica pode ser usada, porém em conjunto com outra. Podemos utilizar com crianças. O método de IMC apresenta limitações bem descritas na literatura (Franken-field, 2001). No entanto, este índice tem sido recomendado pela Organização Mundial de Saúde como um indicador da gordura corporal, por ser obtido de forma rápida e praticamente sem custo nenhum. Mais recentemente, uma discussão foi gerada após a publicação, na revista Economist, de um artigo do matemático Lloyd N. Trefethen, professor da Universidade de Oxford, que levantou a discussão de que o corpo é tridimensional, e não bidimensional, razão pela qual o expoente da equação não poderia ser 2. Contudo, Trefethen salienta que não é epidemiologista, e sim matemático, mas que, mesmo assim, acredita que a equação clássica do IMC deveria ser repensada. Em seus estudos, Trefethen identificou que as pessoas mais baixas podem ser subestimadas com a equação clássica, elevada ao expoente 2, e assim sugere a seguinte equação: IMC = 1,3 x peso (kg) / estatura (m)2,5 Trefethen salienta também que o Prof. Alain Goriely, também de Oxford, em uma Carta ao Editor, mencionou em sua defesa que o próprio Quetelet, inventor da equação clássica, já tinha identificado que o expoente não deveria ser 2, e que tal constatação foi publicada na obra Tratado sobre o homem e o desenvolvimento de suas faculdades (1842); porém, o próprio autor não acre-ditava que essa equação seria mundialmente utilizada e uma referência nas questões epidemiológicas. Muitos pesquisadores, porém, defendem que a equação clássica está correta e deve ser utilizada, mesmo com restrições em seu uso, e não acreditam que o expoente 2,5 ou 3 possa resolver tais limitações (Heymsfield et al., 2007). Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) também vêm estudando esse assunto. A nutricionista Mirele Savegnago Mialich Grecc, por exemplo, estuda o desenvolvimento de uma equação que leva em conta o percentual de gordura do indivíduo: IMC = (3 x peso (kg) + 4 x % gordura) / estatura (cm) Talvez o maior inconveniente dessa proposta de equação seja o fato de usar o percentual de gordura, o que torna necessário a mensuração e o cálculo de outra variável, e o IMC foi adotado mundialmente por necessitar apenas do peso e da estatura, o que facilita muito os estudos epidemiológicos em grandes populações. Essas questões ainda serão amplamente discutidas. O importante é que nós, professores, estejamos sempre atentos e informados sobre os avanços da ciência. Independentemente da equação adotada, a classificação é a mesma (Tabela 5.1). Tabela 5.1 - Padrões de IMC para adultos 20-24,9 kg/m2 Desejável para homens e mulheres 25-29,9 kg/m2 Obesidade grau 1 ou sobrepeso 30-40 kg/m2 Obesidade grau 2 >40 kg/m2 Obesidade grau 3 (obesidade mórbida) Fonte: adaptado de Bray e Gray (1988, p. 432). Para a avaliação de crianças, podemos utilizar o IMC como uma forma de verificar a sua composição corporal e a classificação nutricional. Normalmente trabalhamos com percentis para identificar a condição da criança. Essas tabelas estão disponíveis no Capítulo 11. Relação da cintura para o quadril (RCQ) A relação (ou proporção) da cintura para o quadril (RCQ) é fortemente associada à gordura visceral e parece ser um índice aceitável de gordura intra- abdominal. Medimos as circunferências da cintura e do quadril (em centímetros), aplicamos a equação abaixo e, assim, classificamos em uma tabela de normalidade (Tabela 5.2). Esse tipo de medida está muito associada ao desenvolvimento de doenças cardiocirculatórias, por isso relacionamos os resultados com riscos baixo, moderado, alto e muito alto de desenvolver algum tipo de doença dessa natureza. Tabela 5.2 - Normas para a RCQ de homens e mulheres Equações Para selecionarmos uma equação, devemos levar em conta alguns fatores. São eles: Idade (faixa etária); Sexo; Etnia; Grau de condicionamento (sedentários, atletas etc.). Para calcularmos o percentual de gordura, podemos usar as equações, determinando os componentes corporais. Para encontrarmos o percentual de gordura utilizamos também as equações que nos fornecem a DC, e após aplicamos uma equação para o percentual de gordura. O mais importante é fazer a seleção adequada da equação, o que garante os resultados. Quando selecionamos equações que nos fornecem a DC, devemos aplicar uma outra para determinarmos o percentual de gordura. Hoje em dia, os programas informatizados têm substituído os cálculos manuais, mas mesmo assim é interessante que o avaliador conheça como os métodos funcionam. Sempre que você for adquirir um programa informatizado de avaliação, certifique-se de quais protocolos o software é munido, e se este é funcional para você. Abaixo seguem tabelas indicativas de alguns protocolos de percentual de gordura e DC para várias características de indivíduos. Tabela 5.3 - Equações de DC (g/cm3) para mulheres Tabela 5.4 - Equações de DC (g/cm3) para homens Tabela 5.5 - Equações para idade e gênero,
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