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Obstetrícia – Kelvin Martins. (MED UNISL 7ºP) 1 13. Hipertensão na gravidez DRA. CLAUDETE MARTINS (TRASCRIÇÃO DE AULA E RESUMO 2020.2) SÍNDROMES HIPERTENSIVAS – TIPOS CLÍNICOS IMPACTO MATERNO FETAL SINDROMES HIPERTENSIVAS • 1ª Causa de mortalidade materna no Brasil; • Mundo: 10 a 15% das mortes maternas diretas; • HAC (Hipertensão Arterial Crônica): 6 a 0% das gestações: o 13 a 40% com pré-eclâmpsia sobreposta; • Pré-eclampsia: 1ª causa de prematuridade eletiva – (RCIU (Restrição do Crescimento)/ Oligoâmnio); • 4,6% das gestações; • 2 a 3% das pré-eclampticas → evoluem para eclampsia. AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL • Repouso; • Paciente sentada; • Antebraço direito elevado – altura do coração; • Repetida em intervalo de 5 minutos. • Manguito adequado; • Hipertensão arterial o PAS ≥ 140 ou PAD ≤ 90. SÍNDROMES HIPERTENSIVAS TIPO CLÍNICOS: • Hipertensão arterial crônica (HAC); • Hipertensão gestacional; • Pré-eclâmpsia; • HAC sobreposta por pré-eclâmpsia. HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA (HAC) Diagnóstico: • Antes da gestação; • Até 20 semanas; • Persiste além de 12 semanas pós-parto. • Hipertensão essencial >90%; • Doença renal, feocromocitoma, coarctação da aorta, lúpus, diabetes, tireotoxicose etc. • Sem edema ou proteinúria; • Alterações de órgão-alvo; • Multíparas; • Obesas; • História familiar. DIAGNÓSTICO PROBLEMA • 1ª Consulta após 20 semanas; • Desconhecimento dos níveis pressóricos prévios; CLASSIFICAÇÃO • Complicada o IRC, cardiopatia; o PE sobreposta. • Não complicada. HIPERTENSÃO GESTACIONAL • Hipertensão após 20ª semana; • Nenhum sinal, sintoma ou alteração laboratorial que caracterize a pré-eclampsia; o Plaquetas, enzimas hepáticas, proteinúrias, NADA. • Evolução para pré-eclampsia → até 25% pode evoluir; • Persistência após 12 semanas de parto → HAC; PRÉ-ECLÂMPSIA CONCEITO Após as 20 semanas a gestante evolui com um quadro de hipertensão associada a proteinúria. Pode haver sobreposição a outros DX de hipertensão. Em geral desaparece em até 12 semanas pós-parto. PROTEINÚRIA • 300mg/dL ou 1g/L ou mais em 24h. • Proteinúria/ creatinúria > 0,3/ amostra isolada; • Fita 1+; (Usada quando não tem os outros exames). • ISOLADA: não define prognóstico materno nem decisões. Se sinais de iminência de eclampsia (cefaleia, epigastralgia e alterações visuais) ou alterações laboratoriais sugestivas de Obstetrícia – Kelvin Martins. (MED UNISL 7ºP) 2 disfunções orgânicas maternas (hemólise, diminuição de plaquetas, elevação de enzimas hemáticas), a proteinúria deixa de ser necessária. • Se hipertensão + um desses dois quadros não é necessário proteinúria. FISIOPALTOLOGIA • Placenta deficiente. Não infiltra adequadamente no miométrio; • Predisposição genética; • Quebra de tolerância imunológica; • Resposta inflamatória sistêmica; • Desequilíbrio angiogênico; • Deficiência do estado nutricional; FISIOPATOLOGIA PRÉ-CLÍNICA • Alterações do desenvolvimento placentário; • Insuficientes modificações na circulação uterina; → HIPÓXIA → Fatores inflamatórios e antiangiogênicos. CLÍNICO • Fatores inflamatórios e antiangiogênicos → + disfunção placentária → Lesão endotelial → Hipertensão e comprometimento órgão-alvo. FATORES DE RISCO • Primiparidade (2x); • História prévia (aumenta em 8x) ou familiar de PE (3x); • Nefropatias; • HAC; • Diabetes mellitus; (Porque ela já tem um quadro de vasculopatias e fatores inflamatórios); • Colagenoses (LES e outras); • Obesidade; • Trombofilias; • Idade Materna Avançada; • Doença trofoblástica gestacional; • Gemelaridade; • Hidropsia fetal; Hidropsia fetal é uma condição grave que acomete o feto , definida como acumulação anormal de líquido em tecidos fetais, com consequente edema ou derrames cavitários. DISFUNÇÕES ORGÂNICAS MATERNAS PERDA DA FUNÇÃO RENAL • Cr ≥ 1,2 mg/dL; AUMENTO DE TRANSAMINASES • TGO ou TGP>70; • Epigastralgia. COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS • Estado mental alterado; • Cegueira; • Hiper-reflexia com clônus; • Escotomas; • Turvamento visual; • Diplopia; • Doppler da a. oftálmica com peak/ratio > 0,78. COMPLICAÇÕES HEMATOLÓGICAS • Plaquetopenia < 100.000 • CIVD (Coagulação Intravascular Disseminada – quadro grave). • Hemólise CONCEITO RESUMO: Hipertensão arterial após 20 semanas. + Proteinúria significativa. Ou Disfunções orgânicas maternas. Ou Sinais de Iminência de eclampsia. SINAIS DE GRAVIDADE PAS ≥ 160 PAD ≥ 110 • Creatinina ≥ 1,2 mg/dL; • Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais); • Eclâmpsia (convulsões tônico/clônicas generalizadas); • Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito; • Evidência clínica ou laboratorial de coagulopatia; • Plaquetopenia < 100.000; • Aumento de AST/ALT/DHL/bilirrubinas; Confirmada após 10 a 15 minutos. (Repouso é importante) Obstetrícia – Kelvin Martins. (MED UNISL 7ºP) 3 • Presença de esquizócitos em sangue periférico (está evoluindo para hemólise); • AVE; • Dor torácica; • Sinais de insuficiência cardíaca ou cianose; • Edema agudo de pulmão; • Dificuldade de controle pressórico com três drogas; • Oligúria (<500mL/dia ou 25mL/h); • Presença de RCIU e/ou oligoâmnio; • Proteinúria > 2g/24h. Pela FEBRASGO não se considera níveis de proteinúria como sinais de gravidade. PRÉ-ECLÂMPSIA: • PRECOCE < 34 semanas – até 40% dos casos; o Pior prognóstico (+RCIU, resultados materno-fetais piores); • TARDIA ≥ 34 semanas. o Mais tranquila na grande maioria. HIPERTENSÃO CRÔNICA SOBREPOSTA POR PRÉ- ECLAMPSIA Mais GRAVE! • Agravamento da PA; • Surgimento de proteinúria; • Ou 3X valor inicial de proteinúria; • Disfunção de órgãos-alvo após a 20ª semana. SÍNDROMES HIPERTENSIVAS – CONDUTA • Hipertensão arterial crônica (HAC); • Hipertensão gestacional; • Pré-eclâmpsia; • HAC sobreposta por pré-eclampsia. HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA PRÉ-NATAL • Equipe multidisciplinar; • Orientações de hábitos de vida; • Suspensão e/ou adequações das medicações; • Cuidados: ganho de peso, altura uterina e aparecimento de edema; • Atenção: se piora da hipertensão, suspeita de pré- eclâmpsia sobrepostas ou sinais de iminência de eclampsia. DROGAS ANTI-HIPERTENSIVAS QUE PODEM SER UTILIZADAS NA GESTAÇÃO, PARA HAC. • Inibidor adrenérgico central; • Bloqueador de canal de cálcio; o Anlodipizo, nifedipina. • Diurético tiazídico → Essa droga só vai ser utilizada se a mesma já fazia uso. Não vai ser introduzida primariamente aqui, só não precisa suspender. PROPEDÊUTICA • Relação proteinúria/ creatinúria; • Outros (individualizar); o Fundo de olho; o ECG/ ecocardiograma; o RX tórax; o Avaliação renal; ▪ USG; ▪ Ureia; ▪ Creatinina; ▪ Ácido úrico. (Utilizado pois traduz de forma precoce uma alteração renal por conta de uma pré- eclampsia). AVALIAÇÃO FETOPLACENTÁRIA • Avaliação do líquido amniótico (pois pode fazer oligo amnio); • USG mensal após 24 semanas – crescimento fetal; • Dopplerfluxometria – quinzenal se RCIU o (RCIU – Restrição de crescimento IU) MS diz que são critérios de GRAVIDADE. Obstetrícia – Kelvin Martins. (MED UNISL 7ºP) 4 • Avaliação da vitalidade fetal – PBF – 34 sem. PREVENÇÃO PRÉ-ECLAMPSIA GRUPO DE RISCO • Cálcio 1 a 2g/dia → 20ª semana; • AAS 60-150mg/dia → 12ª semana; Grau A de recomendação! • Heparina BPM, repouso, restrição de sal, uso de vitaminas, ômega 3. → NENHUM SE MOSTRA EFICAZ COMO PREVENÇÃO! PÓS-PARTO ANTI-HIPERTENSIVOS Se compensada previamente – mesmas medicações: • Metildopa; • Clonidina; • Captopril; • Nifedipina; • Amlodipina; • Losartana; • Evitar diuréticos; • Atenolol – excretado no leite. PRÉ-ECLAMPSIA PRÉ-NATAL • Monitorização de pressão (acompanhar mais de perto); • Controle de peso (edema mãos e face); o Edema não é critério mas pode sugerir gravidade. • Sinais e sintomas de comprometimentode órgão- alvo; EXAMES AO DIAGNÓSTICO • Hb/ Ht; • Plaquetas; • Proteinúria; • Ácido úrico; o Apresenta alterações precoces. CONDUTA • Hospitalização (independente de gravidade); • Dieta normossódica; • Repouso relativo; • Avaliação de condições maternas; • PA 4/4h; • Peso diário; • Terapia anti-hipertensiva precoce (PE grave e HAC); o Trial CHIPS – a partir de 140x90mmHg. ANTI-HIPERTENSIVOS • Metildopa 750mg a 2g/dia; • Clonidina 0,2 a 0,6 mg/dia; • Nifedipina Retard 20 a 60mg/dia; • Amlodipina 5 a 20mg/dia; • Metoprolol 50 a 200mg/dia. CONDUTA LABORATORIAL • Hematócrito e hemoglobina; • Plaquetas; • DHL; • Bilirrubinas; • Creatinina; • AST. • Proteinúria – não entra em critérios de conduta apenas diagnóstico, contribui para critérios de gravidade. HIPERTENSÃO ARTERIAL AGUDA (≥160X110MMHG) • Nifedipina 10mg VO 30/30min até 30mg. o Não dar sublingual, pois desce muito a pressão. • Hidralazina 5mg EV 20/20min até 30mg. • Mais graves: Nitroprussiato de Na+ (encefalopatia hipertensiva ou quando não responsiva); • Decubito lateral esquerdo (DLE); • SG5%; • CTB (cardiotoco) por 20min após medicação; → para observar a vitalidade fetal evitando hipofluxo placentário; • PA 5/5min por 20min após a medicação; • Meta: <160x110mmHg e > 135x85 mmHg; TERAPIA ANTICONVULSIVANTE SULFATO DE MAGNÉSIO (imediato) • Se sinais de iminência de eclampsia: o Cefaleia frontal ou occiptal persistente; o Distúrbios visuais (escotomas, diplopia, amaurese); ▪ Amaurese – cegueira. o Dor epigástrica ou hipocôndrio direito; • Durante TP (trabalho de parto) e antes da cesárea; • Mantido 24h após o parto (eclampsia e sinais de gravidade); SEM AN AL Obstetrícia – Kelvin Martins. (MED UNISL 7ºP) 5 • Se epigastralgia persistente → USG ou TC; • Hematoma = controle rigoroso de PA e realização de PC. • DOSE de ATAQUE o 4g de MgSO4 (8mL MgSO4 50% + 12mL AD) IV 5 a 10 minutos; • DOSE de MANUTENÇÃO IV o 1-2g/h IV (10mL MgSO4 50% + 240mL SF 0,9% - BIC 50mL/h (2g/h) continuamente por 24h pós-parto; • DOSE de MANUTENÇÃO IM* o 10mL MgSO4 50% IM 4/4h. • RISCOS da sulfatação: sinais que precedem uma depressão respiratória. SITUAÇÕES ESPECIAIS: • Mais que 6horas entre doses de manutenção; • Função renal comprometida → dosar magnésio; o 4-7 mEq/L – terapêuticos; o 8-10 mEq/L – inibição dos reflexos tendinosos; o >12 mEq/L – risco de parada respiratória; • Comprometimento da função respiratória; • ANTÍDOTO → GLUCONATO DE CÁLCIO a 10% -1g. (E suspensão do sulfato de Mg) → deixar na beira de leito. IG ENTRE 34 E 37 SEMANAS • Internação (hospital com UTIs) • Tratamento hipertensão aguda; • Prevenção de eclampsia; • Avaliação materno-fetal: o USG, Doppler, PBF completo. • Após 24h: o Sem sinais ou sintomas ou alterações de vitalidade → CONSERVADORA o Com sinais e/ou sintomas e/ou alterações de vitalidade → RESOLUTIVA IG ENTRE 34 E 37 SEMANAS – CONSERVADORA • Repouso relativo; • Dieta normossódica; • Peso gestante a cada 2 dias; • Controle de PA: o Anti-hipertensivos (>160x110) • Avaliação laboratorial e bem-estar fetal semanal ou antes, SN. o PBF e CTB quando Doppler alterado; • Mobilograma e BCF diários; • USG a cada 10 dias (PFE – risco de RCIU); IG ENTRE 34 E 37 SEMANAS – RESOLUTIVA INDICAÇÕES MATERNAS • Síndrome HELLP; • Eclâmpsia; • Edema pulmonar; • PA sem controle apesar de medicações; • Cr Sérica > 1,2 mg/dL; • Suspeita de DPP; • RPMO; • TPP (trabalho de parto prematuro); INDICAÇÕES FETAIS • Desacelerações tardias repetidas na CTB; • Diástole zero ou reversa na umbilical; • Ducto venoso com IP> P95; (índice de pulsatilidade maior que o percentil 95); • Doppler venoso com onda A patológica; • Morte fetal; • Suspeita de DPP; • RPMO (Rotura prematura de membranas ovarianas); • Início TPP. IG ENTRE 24 E 34 SEMANAS Mesma conduta que a de 34 a 37 semanas mas: • Conservadora se condição materno-fetal estável; • Atenção à plaquetopenia; • Corticoterapia; o Betametazona 12mg IM a cada 24hq48h; o Dexametasona 6mg IM a cada 12h/48h; • Sulfato de magnésio também como neuroproteção < 32semanas REFLEXOS PATELARES E DIURESE. RESOLUÇÃO: 37 ou 40 semanas, no máximo, se possibilidade de controle materno Obstetrícia – Kelvin Martins. (MED UNISL 7ºP) 6 IG <24 SEMANAS (FORA DA VIABILIDADE) • Risco de complicação materna MUITO alto; • Controvérsias na literatura; • Expectante: o Avaliação diária; • Interrupção: o Termo de consentimento. TRATAMENTO DEFINITIVO VIA DE PARTO OBSTÉTRICA: • Se PN: o Atenção para risco de DPP; o Vigilância de BCF; • Se cesariana: o Evitar hipotensão grave, se raquianestesia; o Avaliar anestesia geral em urgências; o MgSO4 – efeito curarizante (paralisante); PÓS-PARTO • PA 4/4h; • Evitar AINEs e supressoras da lactação; • Manter MgSO4 por 24h; • Manter anti-hipertensivos; • Reavaliação pelo menos até 3º dia pós parto); • Reavaliação em 7 dias; • Orientações quanto ao risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e renais. HIPERTENSÃO CRÔNICA SOBREPOSTA POR PRÉ- ECLAMPSIA QUANDO SUSPEITAR? • Aumento dos níveis tensionais; • Ganho de peso acima de 1kg por semana; • Edema de mãos e face; • Cefaleia persistente; EXAMES NORMAIS • Alta com orientações (medir pressão diariamente e PS se sintomas); • Ajuste de dose de medicação; • Retorno precoce ao pré-natal 1 a 2 vezes por semana; • Rotina de exames e testes de proteinúria semanais ou 2 vezes por semana. RESOLUÇÃO DA GESTAÇÃO, pois é uma doença que tem a ver com a placenta, tirou a placenta resolve o quadro. Obstetrícia – Kelvin Martins. (MED UNISL 7ºP) 7
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