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Virologia Clínica Curta e, se possível, salve este material! Vai me ajudar bastante :) Roseolovírus (HHV-6) VIROLOGIA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 5° SEMESTRE Roseolovirus (HHV-6) Definição É um beta-herpes vírus de humanos, subfamília Herpesvirinae É um vírus linfotrófico [infecta células T [principalmente TCD4] e B]; também cresce em células de origem glial [neuronal], fibroblastoide e megacariocítica Isolado inicialmente de culturas de células mononucleares do sangue periférico de pacientes c/ distúrbios linfoproliferativos, c/ síndrome da imunodeficiência adquirida [AIDS] ou infectados c/ o vírus linfotrópico p/ células T de humanos [HTLV] O DNA apresenta homologia de sequência limitada [30 – 50%]; não aparece antigenicamente relacionado c/ outros HHV – à exceção de reatividade cruzada limitada c/ HHV-7 Segregam-se em 2 grupos antigênicos, HHV-6A e HHV-6B [90% de similaridade antigênica], distinguidos por padrões imunológicos, tropismo por células cultivadas in vitro e por digestão do DNA através de endonucleases A molécula CD46 humana é o receptor celular do HHV-6 Morfologia Apresenta capsídeo icosaédrico, envelope viral trilaminar lipídico [adquirido da cél. infectada] contendo glicoproteínas superficiais [gB, gH, gL – formam heterodímeros –, gM e gQ [gQ1 e gQ2] – glicoproteínas G só estão presentes nos Roseolovírus], além do tegumento [camada amorfa de proteínas reguladoras da biossíntese], DNA de fita dupla apresentando uma sequência longa única [U] contendo sequências de leitura aberta [ORF, de U1 a U100], elementos internos de repetição [R, principalmente R0 [somente no HHV- 6B], R1, R2A, R2B, 23 – regulam as taxas de transcrição de genes virais, sinais p/ clivagem e empacotamento do genoma] Presença da proteína ORF U94 – possui 24% de identidade de aminoacidos c/ a proteína REP68/78 do adenoassociated vírus type 2 [AAV-2], uma proteína não estrutural essencial p/ integração do vírus ao cromossomo 19 humano, possuindo capacidade de ligação a DNA, atividade de endonuclease e helicase- ATPase Epidemiologia Encontrado mundialmente; até 80% dos indivíduos são soropositivos, entre crianças [> 1 ano] e adultos HHV-6B predominante nos linfócitos do sangue periférico, cérebro e pulmões; HHV-6ª no soro e líquor Transmissão Transmissão horizontal; pode ocorrer transmissão transplacentária [baixa probabilidade] e através do transplante de órgãos Ocorre tipicamente no início da infância Via aerossol [porta de entrada: trato respiratório] Encontra-se principalmente na saliva ou lavado de garganta de crianças e mães; também pode ser encontrado no sistema genital feminino [inclui a cérvice uterina de gestantes, sugerindo transmissão perinatal] Por se integrarem ao cromossoma de células infectadas, pode haver transmissão entre gerações, uma vez que a integração dos vírus acontece em células somáticas e germinativas [taxa de transmissão de >50% aos descendentes – integração cromossômica [CIHHV-6]; representam 1% da taxa mundial]; crianças concebidas a partir de gametas positivos p/ CIHHV-6 possuem ao menos 1 cópia em cada célula nucleada do organismo 3 estágios da infecção natural; 1° - infecção natural em lactentes; 2° - crianças mais velhas e adultos saudáveis [fase da biossíntese nas glândulas salivares]; 3° [menos frequente] – pessoas imunodeprimidas [ligados à reativação da latência/reativação] Sintomatologia | Quadro clínico A primo-infecção provoca exantema súbito (roséola infantil) – comum em lactentes e crianças pequenas [< 3 anos]; causa febre alta por 3 – 7 dias, seguida de erupção macular ou maculopapular transiente c/ duração de 3 – 5 dias, algumas vezes acompanhada de convulsões breves [devido a persistência do vírus no SNC]; após a queda repentina da febre, aparece o exantema rosado que desaparece em 1 – 2 dias; o HHV-6B é o agente etiológico do exantema súbito Diarreia, tosse, linfonodos edemaciados e fontanelas protuberantes associados ao exantema Pneumonia viral – mais frequente em imunocomprometidos e pacientes que sofrem transplante de medula óssea; VIROLOGIA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 5° SEMESTRE Meningite e/ou encefalite em casos de persistência deliberada [invasão viral direta devido à susceptibilidade das células gliais] do vírus no SNC pós-convulsões; possíveis sequelas, tanto em imunodeprimidos quanto em saudáveis; Cofator p/ leucoencefalopatia multifocal progressiva Síndrome da fadiga crônica; memória ou concentração prejudicada, dor de garganta, infarto dos linfonodos cervicais e/ou axilares, dor muscular, dores nas juntas, cefaleia, sono não reparador, mal-estar pós-exercício e mal-estar constante e febre podem ou não estar presentes Infecção semelhante à mononucleose infecciosa e à síndrome hemofagocítica em adultos Supressão da medula óssea em pacientes transplantados; afeta os precursores hematológicos e, principalmente, os precursores de macrófagos/granulócitos Tireoidite de Hashimoto Púrpura trombocitopenica e hepatite fulminante em crianças c/ infecção aguda Hipersensibilidade a drogas; desenvolvimento de erupções, eosinofilia, sintomas de infecção semelhante à mononucleose, erupções na pele, leucocitose c/ leucócitos atípicos, disfunção hepática e linfadenopatia Cardiomiopatia inflamatória em imunocompetentes; insuficiência cardíaca inexplicável Possibilidade de desenvolvimento de doenças neoplásicas [doença de Hodgkin, linfoma não Hodgkin, leucemia mieloblástica aguda, carcinoma oral e cervical]; possibilidade de infecção por CIHHV-6 Possível relação c/ a esclerose múltipla [indivíduos que apresentam EM, também possuem DNA de HHV-6 no cérebro, fluidos da medula espinhal ou no soro] Biossíntese O ciclo de biossíntese ocorre em células epiteliais [sugere que as secreções contribuem p/ infecção] Adsorção ao receptor CD46 [HHV6A] ou CD134 [HHV6B, expressa somente em células T ativadas] – HHV6; heparana ou sulfato de heparana → penetração da célula via endocitose mediada por receptores via complexo gH/gL/gQ1/gQ2 → desenvelopamento → o nucleocapsídeo [associado a proteínas tegumentares] é transportado p/ núcleo → liberação do genoma linear através do poro nuclear → transcrição dos genes iniciais imediatos [IE; regulam a expressão de outros genes] pela RNA-polimerase II → síntese de proteínas IE → transcrição dos genes iniciais [E; codificam as proteínas necessárias p/ replicação do DNA] → síntese de proteínas E [participam da síntese do DNA viral] → transcrição dos genes tardios [L; formam o capsídeo viral e o tegumento] → síntese de proteínas L → empacotamento do DNA viral no capsídeo → nucleocapsídeo liberados no núcleo → envelopamento s/ glicoproteínas citoplasmáticas → remoção do envelope → associação das proteínas virais à proteínas tegumentares → substituição por envelope secundário na rede trans-Golgi [TGN], contendo glicoproteínas adquiridas em vesículas do complexo de Golgi [possíveis sítios de glicosilação de proteínas virais e envelopamento]; o processo de maturação e saída do vírus parece envolver sucessivos envelopamentos e desenvelopamento à medida que o vírion se locomove na célula A biossíntese leva de 4 – 5 dias, quando é possível a detecção do vírus no interior de vacúolos citoplasmáticos e extracelularmente; em 3 dias de infecção, é possível observar o capsídeo e o DNA viral no núcleo Os HHV-6 codificam enzimas que participam do metabolismo de nucleotídeos, fornecendo precursores necessários a síntese do ácido nucleico viral [ribonucleotídeo-redutase, nucleotídeo fosfotransferase, exonuclease alcalina e uracil-DNA glicosidases]; não codificam timidilato-sintetase ou timidino-cinase [codificado por outros herpes vírus] Em cultura de astrócitos, o HHV6A estabelece infecção produtiva lítica, enquanto o HHV-6B produz pouco efeito citopatogênico,estabelecendo infecção permanente crônica c/ pouca produção de vírus O HHV6A pode mediar fusão célula-célula na ausência de proteínas virais; dependente da expressão de CD46 Patogênese A infecção permanece por toda a vida [inclui monócitos, macrófagos, glândulas salivares, cérebro e rins] – pode estar associado ao domínio TAACCC, o qual auxilia a replicação e na manutenção da latência, na capacidade da integração do genoma viral às regiões teloméicas da cél. hospedeira – há integração do DNA viral ao cromossoma celular; chromossome integrated-HHV-6 ou CIHHV-6 O produto do gene U94 inibe a angiogênese, a migração, invasão e proliferação celular, e genes como o BRCA1 [envolvidos no reparo do DNA] – permite o estabelecimento/manutenção da infecção latente; expresso em baixos níveis durante a propagação lítica Latência viral dentro dos linfócitos [mecanismo de evasão da resposta imune; não pode ser detectado pelas células de defesa, mas também não há replicação e transmissão], podendo ser reativados em VIROLOGIA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 5° SEMESTRE imunocomprometidos, transplantados [varia de acordo c/ o órgão; 48 – 62% em pacientes receptores de medula óssea, 50% em transplante de células germinativas] e gestantes frequentemente [ocasiona doenças oportunistas e de gravidade variável] – o uso de OKT3 [muronomabe CD3] e de globulina antilinfocítica p/ prevenção de rejeição, esta associado ao aumento da reativação do HHV-6 em receptores de órgãos, devido à imunossupressão associada a essas medicações Importante papel imunológico; ao infectar as células CD46, há o aumento de células NK, inibição de proliferação de células T, indução da liberação de citocinas [como TNF e I-Ib], modificação na expressão de receptores celulares [como CD3, CD4 e CXCR4 [receptor de quimiocinas C-X-C tipo 4] Possível associação como cofator no desenvolvimento da AIDS in vitro por terem tropismo por linfócitos TCD4 [a infecção lítica pode contribuir p/ diminuição dos TCD4 em pacientes HIV+], além de conter proteínas capazes de transativar a região promotora LTR [estimuladora da síntese do HIV], capacidade de indução à proteínas CD4 [fazendo c/ que células não permissivas tornem-se suscetíveis ao HIV] e influenciar a expressão de mediadores da imunidade, como TNF-alfa [ativa a expressão do HIV]; necessário comprovação Tratamento Em imunocompetentes geralmente a infecção é autolimitada, consequentemente não exige terapia antiviral Em imunocomprometidos, casos c/ síndromes órgão-específicas [ex: encefalite] necessitam de terapia específica In vitro, Ganciclovir, fosfonoformato e brincidofovir [pró-fármaco do Cidofovir; reduz a incidência cumulativa de viremia em pacientes de alto risco] são ativos contra HHV-6; Acidovir não apresenta efeitos Profilaxia c/ altas doses de Aciclovir diminui a quantidade de DNA do HHV-6 em pacientes que sofreram transplante de medula óssea; diminui a supressão Resposta imunológica O aparecimento de anticorpos é inversamente proporcional no aumento da idade A maioria dos RN apresenta anticorpos maternos, com títulos do tipo IgG no sangue do cordão umbilical, tão altos quanto os do sangue materno; enquanto houver Ac maternos no sangue do RN, existe proteção contra a infecção Inativação Anticorpos contra a glicoproteína gH neutralizam a infecciosidade e inibem a formação de sincícios [demonstra que há desenvolvimento de gH na entrada do vírus na cél. hospedeira] Éter e solventes lipídicos, além de ciclos múltiplos de congelamento/descongelamento [destrói a integridade física do vírus] Diagnóstico IgM anti-HHV-6 em crianças > 6 meses, detectada entre 5 e 7 dias após o aparecimento do exantema, c/ o pico entre 2 semanas e declínio após 2 meses IgG anti-HHV-6 detectável após o aparecimento da febre, 7 – 10 dias após a infecção PCR p/ HHV-6; detecção de DNA livre no soro ou plasma na fase aguda RT-PCR p/ pesquisa de RNA mensageiro viral, utilizando células sanguíneas ou fluidos – detecta infecção ativa Em casos de encefalite, o diagnóstico é feito através da detecção do DNA do HHV-6 no líquor ou nos espécimes de autopsias cerebrais, na ausência de outras etiologias Isolamento do vírus em amostras de lavado broncoalveolar, escarro, linfócitos do sangue periférico, PCR quantitativa em biópsias do tecido pulmonar e exclusão de outras etiologias no caso de suspeita de pneumonia viral Em casos de suspeita de cardiomiopatia [principalmente em crianças no pico de infecção primária [4 – 24 meses] ou c/ erupção cutânea semelhante a exantema], deve ser avaliado c/ métodos histológicos, imuno- histoquímicas, sorológicos e moleculares O DNA do HHV-6B é detectado somente em linfócitos do sangue periférico; deve ser feito teste de antigenemia [também aplicado em pacientes transplantados] Teste Tipo de infecção Primária Latente Reativação/reinfecção Pesquisa de IgG + [durante convalescência] + + Pesquisa de IgM + - +- Isolamento de vírus + +- +- PCR qualitativa + + + PCR quantitativa + + + PCR [soro, fluídos] + - + RT-PCR + - + Imuno-histoquímica + - + Hibridização in situ [DNA] + + + Hibridização in situ [RNA] + - +
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