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Farmacologia Por que estudar farmacologia? A farmacologia para os nutricionistas deve ressaltar as interações fármaco-nutriente, levando-se em consideração que este é o principal fator estudado pelos mesmos. Como a principal via de administração é a via oral, essas interações são facilitadas. Devemos, dessa forma, considerar as mesmas que podem surgir antes ou durante a absorção gastrintestinal, no processo de biotransformação ou mesmo durante a excreção. Uma das razões para a ocorrência de tais interações é o fato de que tanto a absorção dos nutrientes como os dos fármacos ocorrem por mecanismos semelhantes e muitas das vezes, competitiva. Para tal profissional, o conhecimento dos fármacos que têm sua velocidade de absorção e quantidade absorvida alteradas com a ingestão concomitante de alimentos, bem como aqueles que não são afetados, é de suma importância. Esta medida favorece a escolha de terapias mais eficazes. Histórico Farmacologia: ciência jovem que passou a ser reconhecida no final do século XIX Áreas da farmacologia Farmacocinética: É o caminho que o medicamento faz no organismo. Não estuda o mecanismo de ação, mas sim as etapas que a droga sofre desde a administração até a excreção: absorção, distribuição, biotransformação e excreção. Obs.: etapas simultâneas, divisão apenas didática. Farmacodinâmica: Estuda os efeitos fisiológicos dos fármacos nos organismos; Mecanismos de ação; Relação entre concentração do fármaco e efeito; O efeito da droga nos tecidos. Farmacotécnica: Estuda o preparo, a manipulação e a conservação dos medicamentos. O desenvolvimento de novos produtos, relação com o meio biológico, técnicas de manipulação, doses, formas farmacêuticas, interações físicas e químicas entre os princípios ativos, visando conseguir melhor aproveitamento dos seus efeitos benéficos no organismo. Farmacognosia: Cuida da obtenção, identificação e isolamento de princípios ativos a partir de produtos naturais de origem animal, vegetal ou mineral, passiveis de uso terapêutico. Farmacoterapêutica: Refere-se ao uso de medicamentos para o tratamento das enfermidades (Farmacologia Clínica). Terapêutica -envolve não só o uso de medicamentos, como também outros meios para a prevenção, diagnóstico e tratamento das enfermidades. Esses meios envolvem cirurgia, radiação e outros. Imunofarmacologia: Área nova que tem se desenvolvido muito graças à possibilidade de se interferir, através do uso de drogas, na realização dos transplantes e de se utilizar com fins terapêuticos substâncias normalmente participantes da resposta imunológica. Conceitos em farmacologia Medicamento ou Droga “Toda substância contida em um produto farmacêutico, empregado para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos em benefício da pessoa a que se administra e que tem por finalidade prevenir, diagnosticar e tratar enfermidades.” (OMS) “Produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico (Lei nº 5.991, de 17/12/73). É uma forma farmacêutica terminada que contém o fármaco, geralmente em associação com adjuvantes farmacotécnicos.” (ANVISA, RDC nº135 de 29/05/2003) Produto farmacêutico “Forma farmacêutica que contém um ou mais medicamentos juntamente com outras substâncias adicionadas ao curso do processo de fabricação.” •Medicamento: droga ou preparação com drogas usadas terapeuticamente •Remédio: palavra usada pelo leigo como sinônimo de medicamento e especialidade farmacêutica •Nome químico: diz respeito à constituição da droga •Forma Farmacêutica: forma de apresentação do medicamento - comprimido, drágea, pílula, xarope, colírio, entre outros •Farmacopeia: livro que oficializa as drogas/medicamentos de uso corrente e consagrada como eficazes •Dose: quantidade a ser administrada de uma vez a fim de produzir efeitos terapêuticos •Dose letal: leva o organismo a falência (morte) generalizada •Dose máxima: maior quantidade de uma droga capaz de produzir efeitos terapêuticos •Dose mínima: menor quantidade de uma droga capaz de produzir efeitos terapêuticos (eficácia) •Dose tóxica: maior quantidade de uma droga que causa efeitos adversos •Posologia: é o estudo das doses •Pró-droga: substância química que precisa transformar- se no organismo afim de tornar-se uma droga ativa •Placebo: Em farmacologia significa uma substância inativa administrada para satisfazer a necessidade psicológica do paciente •Reações Adversas: qualquer resposta prejudicial ou indesejável e não intencional que ocorre com medicamentos para profilaxia, diagnóstico, tratamento de doença ou modificação de funções fisiológicas •Efeito Colateral: efeito diferente daquele considerado como principal por um fármaco. Esse termo deve ser distinguido de efeito adverso, pois um fármaco pode causar outros efeitos benéficos além do principal Tipos de medicamentos Lei nº 9.787/99 – Lei dos Genéricos •Medicamento de referência •Genérico: contém o mesmo princípio ativo - na mesma dose e forma farmacêutica - de um medicamento de referência. É administrado pela mesma via e tem indicação idêntica. E o mais importante: é tão seguro e eficaz quanto o medicamento de marca, mas em geral custa menos •Similares: vendidos sobre o nome de uma marca comercial. As embalagens não têm nem terão a frase "medicamento genérico” •Dose: é a quantidade de droga administrada •Biodisponibilidade: é a fração de um fármaco administrado que é levado à circulação sistêmica •Bioequivalência: quando um fármaco pode ser substituído por outro sem consequências clínicas adversas •Tempo 1/2 vida: é o tempo necessário para que a concentração plasmática do fármaco chegue em 50 %. É utilizado para o cálculo da posologia •Estado de equilíbrio estável: indica quando o fármaco atinge a concentração terapêutica. •Especificidade: Recíproca entre substâncias e ligantes (substância se liga somente em determinados alvos e os alvos só reconhecem determinada substância) •Nenhum fármaco é totalmente específico: o aumento da dose faz com que ele atue em outros alvos diferentes provocando efeitos colaterais •Agonistas: causam alterações na função celular, produzindo vários tipos de efeitos •Antagonistas: Substância que se liga ao receptor sem causar ativação impedindo consequentemente a ligação do agonista. Farmacocinética Absorção É o processo do movimento da droga do local da administração para a corrente sanguínea. Este processo é dependente de: via de administração; da substância química da droga e a sua capacidade de cruzar membranas biológicas; da taxa de esvaziamento gástrico (para drogas administradas oralmente) e movimento gastrointestinal; da qualidade da formulação do produto. O alimento, componentes alimentares e suplementos nutricionais podem interferir no processo de administração, principalmente quando a droga é administrada oralmente. Distribuição Ocorre quando a droga deixa a circulação sistêmica e se desloca para várias regiões do corpo. As áreas corporais de distribuição variam com as diferentes drogas (depende da substância química e da capacidade de cruzar as membranas biológicas). A taxa e extensão de fluxo sanguíneo para um órgão e tecido afetam a quantidade de droga que atinge a área; Muitas drogas são altamente ligadas a proteínas plasmáticas (p.ex. albumina). A fração ligada a droga não deixa a vasculatura; não produz efeito farmacológico. Apenas a fração não ligada é capaz de produzir um efeito no órgão-alvo. Alguns tecidos funcionam como reservatórios do medicamento, prolongando a distribuição. Ex.: medicamentos que se acumulam no tecido adiposo, deixam esses tecidos lentamente e, em consequência, circulam pela corrente sanguínea durante váriosdias após a administração. Alguns ligam-se firmemente a proteínas do sangue: abandonam a corrente sanguínea de forma muito lenta e atingem rapidamente outros tecidos Interferem na distribuição das drogas; Presença de barreiras - entre sangue e tecidos. Barreira hematoencefálica: Presença de capilares não fenestrados Barreira placentária: Por ela passam somente drogas lipossolúveis Barreira hematotesticular: Por ela só passam substâncias pouco polares Biotransformação (=metabolismo) Ocorre principalmente no fígado, apesar de outros órgãos contribuírem em menor grau. Ativação da droga (ativar drogas originalmente inativas; alterar perfil farmacocinético; formar metabólitos ativos); Inativação da droga (detoxificar; inativar compostos ativos); Facilitar a excreção (formar produtos mais polares; formar produtos menos lipossolúveis). Citocromo P450: Alimentos ou suplementos dietéticos que aumentam ou inibem a atividade deste sistema enzimático podem alterar a taxa ou extensão do metabolismo da droga. Reações do Metabolismo dos fármacos; Isoenzimas microssomais P-450 (CYP) - têm pouca especificidade, catalisam o metabolismo da maioria dos fármacos (CYP 1, 2 e 3), reações de Fase I e Fase II. Reações do Metabolismo dos fármacos Reações de Fase I - Reações não sintéticas: Reações de oxidação, redução e hidrólise; Introduzem um grupo funcional mais reativo na molécula; Produtos mais reativos e mais tóxicos que as moléculas originais; Preparam para as reações de Fase II. Reações de Fase II - Reações sintéticas: Reações de conjugação com ácido glicurônico, sulfato ou acetato; Produzem metabólitos menos reativos e menos tóxicos; Aumentam a polaridade, hidrofília e hidrossolubilidade. “Ocorrem no plasma, pulmão, intestino e principalmente no fígado”. Fatores que afetam a biotransformação dos fármacos Excreção Ocorre principalmente por via renal, seja por filtração glomerular ou secreção tubular. Em menor grau, as drogas podem ser eliminadas na bile e em outros fluidos corporais: Em certos casos, uma alteração no pH da urina pode fazer com que drogas que atingiram o túbulo renal retornem à corrente sanguínea (reabsorção tubular). A dose recomendada de uma droga pressupõe função normal do fígado e rim. Clearance: Representa o volume (ml/L) de sangue que é eliminado pelos rins num determinado período (min/ h). Meia vida (t ½): É o tempo necessário para que a concentração plasmática de determinado fármaco seja reduzida até a metade do seu nível de estado de equilíbrio. Eliminação – Excreção Excreção pela bile e circulação enterohepática: Sistema semelhante e tão importante quanto a secreção renal. Na formação da bile, o sistema hepatobiliar transfere para a bile uma série de substâncias que se encontram no plasma, dentre elas, as drogas. Fármacos não reabsorvidos (polares) são eliminados nas fezes. Fármacos reabsorvidos desta forma têm seu t1/2 aumentado. Medicamento: É toda a substância que, introduzida no organismo humano, vai preencher uma das seguintes finalidades: Preventiva ou Profilática: quando evita o aparecimento de doenças ou reduz a gravidade da mesma. Diagnóstica: localiza a área afetada. Terapêutica: quando é usada no tratamento da doença. Paliativa: quando diminui os sinais e sintomas da doença, mas não promove a cura. Medicamentos Simples: Aqueles usados a partir de um único fármaco. Ex. Xarope de Vitamina C. Medicamento Composto: São aqueles preparados a partir de vários fármacos. Ex.: Comprimido de Ácido Salicílico + Cafeína. Medicamentos de Manipulação: São aqueles preparados na própria farmácia, de acordo com normas e doses estabelecidas por farmacopeia ou formulários e com uma designação uniforme. Medicamentos Homeopáticos: são preparados a partir de substâncias naturais provenientes dos reinos animal, vegetal e mineral, e não apenas plantas como muitos acreditam. Medicamento Fitoterápico: São medicamentos obtidos a partir de plantas medicinais. Eles são obtidos empregando-se exclusivamente derivados de droga vegetal (extrato, tintura, óleo, cera, exsudato, suco e outros). Agonistas Totais: Têm afinidade pelo receptor; Produzem efeito máximo (alfa= 1); Podem produzir efeito máximo ocupando pequeno número de receptores. Mesmo em pequenas doses podem produzir resposta máxima (de acordo com sua eficácia). Agonistas Parciais: Têm afinidade pelo receptor; NÃO produzem efeito máximo (0<alfa<1); Também são denominados antagonistas parciais, porque impedem que um agonista total se ligue ao receptor desencadeando seu efeito máximo. Drogas antagonistas: Quando a droga se liga ao receptor, bloqueia o acesso ou a ligação dos agonistas a seus receptores. São utilizados principalmente no bloqueio ou diminuição das respostas celulares aos agonistas (comumente neurotransmissores) normalmente presentes no corpo. Ex. agonista dos receptores adrenérgicos albuterol (relaxa os músculos lisos dos bronquíolos) - antagonista dos receptores colinérgicos ipratrópio (bloqueia o efeito broncoconstritor da acetilcolina). Apresenta AFINIDADE. Pouca ou nenhuma ATIVIDADE INTRÍNSECA (sua função consiste em impedir a interação das moléculas agonistas com seus receptores). Dessensibilização e Taquifilaxia: Diminuição do efeito de um fármaco que ocorre gradualmente quando administrado de modo contínuo ou repetidamente. Mecanismos envolvidos o Alterações nos receptores o Perda de receptores: exposição prolongada reduz o número de receptores expressos na superfície celular o Aumento do metabolismo da substância. Substâncias como etanol e barbitúricos quando administradas repetidamente, aparecem em concentrações plasmáticas reduzidas. Adaptação fisiológica: Pode ocorrer uma diminuição do efeito de um fármaco, devido à sua anulação por uma resposta homeostática. Ex: Redução de efeitos colaterais como náuseas e sonolência de alguns fármacos quando se dá a administração contínua. Fatores que podem influenciar os processos farmacocinéticos Fatores relacionados ao paciente: idade, sexo, tabagismo, consumo de álcool e uso de outros medicamentos. Estados fisiopatológicos: anemias, disfunção hepática, doenças renais, insuficiência cardíaca, infecção, queimaduras e febre. Tipos de medicamentos - Quanto à forma farmacêutica Líquidos: soluções, emulsões, xaropes, elixires e loções. Sólidos: em pó ou em formatos sob a compressão – comprimido, drágea, pílula, cápsula e supositório. Pastosos: normalmente de uso tópico – geleias, cremes, pomadas etc. Gasosos: recipientes cilíndricos especiais: balas e em geral são administrados por inalação. Vias de administração Caminho pelo qual uma droga é colocada em contato com o organismo. A biodisponibilidade interfere nas propriedades farmacocinéticas de uma droga. Vai depender das circunstâncias: Condições do paciente, aceitabilidade, necessidade, doença etc. Dependendo da VA uma mesma droga pode produzir diferentes resultados. Tópica: efeito local, aplicação diretamente onde deseja- se a sua ação •Epidérmica: aplicação sobre a pele •Colírios: sobre a conjuntiva •Gotas otológicas: antibióticos e corticoides para otite externa •Intranasal: spray descongestionante nasal Enteral: efeito sistêmico (não local) - via trato digestivo •Pela boca: drogas na forma de tabletes, cápsulas ou gotas •Por tubo gástrico: gastrostomia, diversas drogas e nutrição enteral •Pelo reto: em forma de supositório. Paraenteral: efeito sistêmico, por outra forma que não seja pelo trato digestivo •Injeção: intravenosa, intra-arterial, intramuscular, intracardíaca, subcutânea, intradérmica e intraperitoneal. Administração Pela boca (via oral) - Vantagens: mais conveniente, segura e barata. Absorvidos pelo trato gastrointestinal.Econômica, fácil, administração. Confortável, Indolor. Possibilidade de remover o medicamento. Efeitos locais e sistêmicos. Formas farmacêuticas: cápsulas, comprimidos, elixir etc. Desvantagens: absorção variável (ineficiente), ação dos sucos digestivos, interação com alimentos, pacientes não colaboradores (inconscientes), sabor, pH do trato gastrintestinal. Ex. sulfato ferroso, após ingestão não digerir leite, café, refrigerante. Por injeção: sob a pele (via subcutânea) - a agulha é inserida por baixo da pele. Depois de injetada, a droga chega aos pequenos vasos e é transportada pela corrente sanguínea. É utilizada para muitos medicamentos proteicos, como a insulina, que poderiam ser digeridos no trato gastrointestinal se fossem tomados pela boca. No músculo (via intramuscular) - é preferível à via subcutânea quando há necessidade de maiores volumes do medicamento. Na veia (via intravenosa) - Seja em dose única ou em infusão contínua, é o melhor modo de administrar medicamentos com rapidez e precisão. Via endovenosa – vantagens: efeito farmacológico imediato, controle da dose e admite grandes volumes (venoclise). Desvantagens: efeito farmacológico imediato, material esterilizado, pessoal competente, irritação no local da aplicação, facilidade de intoxicação e acidente tromboembólico. Via intra-muscular – vantagens: efeito rápido com segurança e fácil aplicação. Desvantagens: dolorosa, substâncias irritantes ou com pH diferente, não suporta grandes volumes. Absorção relacionada com tipo de substância: sol. aquosa - absorção rápida, sol. oleosa - absorção lenta. Formas farmacêuticas são injeções. Músculos: deltóide, glúteo, vasto lateral, ventro glúteo. Via sublingual: absorção direta pelos pequenos vasos sanguíneos ali situados. Atinge a circulação geral, sem passar através da parede intestinal e pelo fígado, porém apresentam absorção incompleta e errática. Inseridos no reto (via retal): medicamento + substância cerosa - dissolvem-se depois da inserção no reto. Rápida absorção (revestimento delgado do reto e de abundante irrigação sanguínea). Utilizado para pessoas que não podem tomar o medicamento por via oral em razão de náuseas, impossibilidade de engolir ou alguma restrição à ingestão (p.ex. após cirurgia). Via bucal/ sublingual – vantagens: mucosa oral e sublingual; Fácil acesso e aplicação; Circulação sistêmica; Emergência; Formas farmacêuticas: comprimidos, pastilhas, soluções, etc. Desvantagens: Pacientes inconscientes; Irritação da mucosa; Dificuldade em pediatria. Instilados no olho (via ocular) Aplicados à pele: para efeito local (tópico) ou para efeito sistêmico (transdérmica): * aplicação de um emplastro à pele; penetração na pele - corrente sanguínea; liberação lenta e contínua (horas ou dias). Por borrifação: dentro do nariz (via nasal) ou dentro da boca (inalação). Formas farmacêuticas Comprimidos: princípio ativo + excipiente, são submetidos à compressão em um molde geralmente cilíndrico. Uso: Via Oral (Ingeridos Ou Sublingual) Implantes (Subcutâneo): Para Ação Prolongada Drágeas: são comprimidos revestidos por uma camada de substância açucarada com ou sem principais formas farmacêuticas corante. Utilidade: Evitar A Desagregação, Proteção, Mascarar Propriedades Organolépticas. Uso: Via Oral (Não Podem Ser Partidos) Pílulas: geralmente são pequenos comprimidos em forma esférica (podendo ser ou não revestida de substância. Cápsulas: medicamentos em pó, grânulos ou líquido, envolvido em gelatina solúvel, que deve ser dissolvido no intestino. Uso: via oral (não podem ser abertas) Supositórios: forma alongado, sendo sua base de glicerina, gelatina ou manteiga de cacau. Xarope: medicamento + açúcar + água. Elixir: medicamento + açúcar + álcool. Emulsão/Suspensão: medicamento obtido pela associação de dois componentes que não se misturam. Deve ser agitado antes de usar. Interação Droga x Nutriente A interação fármaco-nutriente é definida como uma alteração da cinética ou dinâmica de um medicamento ou nutriente, ou, ainda, o comprometimento do estado nutricional como resultado de administração de um medicamento (Heldtetal,2013). A maioria das interações clinicamente significativas ocorrem no processo de absorção: Modificação do pH do conteúdo gastrointestinal; Velocidade de esvaziamento gástrico; Aumento do trânsito intestinal; Competição por sítios de absorção; Ligação direta do fármaco com componentes dos alimentos. Efeitos dos alimentos /nutrientes sobre a absorção do fármaco •Diminuição da taxa absorção ou extensão da absorção: ALENDRONATO – redução 60% adm com café ou suco/ Absorção ótima quando tomado 2h antes da refeição. •Quelação entre fármacos e cátions (Ca, Mg, Al, Fe e Zn): CIPROFLOXACINO forma complexo insolúvel com Ca em alimentos e suplementos de Ca, Zn, Mg, Zn. •A presença de alimentos no estômago pode aumentar absorção de alguns fármacos: CEFUROXIMA absorção > em presença de alimentos. Efeitos dos alimentos/nutrientes sobre a distribuição do fármaco •Hipoalbuminemia (<3g/dL) Eleva a fração livre de fármacos ligados à proteína: Fenitoína e Varfarina (efeito aumentado). Efeitos dos alimentos /nutrientes sobre o metabolismo do fármaco •O alimento pode alterar o metabolismo dos fármacos: Propanolol + Alimentos reduz metabolismo de 1º. Passagem elevando níveis do fármaco. Farmacogenômica: efeitos individuais na disposição do fármaco •Taxas de metabolismo, sensibilidade farmacorreceptor e eficácia do transporte do fármaco determinarão a resposta. •Variações genéticas nas enzimas metabolizadoras do fármaco: Enzima CYP2D6 x fluoxetina, codeína; Enzima CYP2C9 x omeprazol e fenitoína. •Variações genéticas nos receptores do fármaco. •Variações genéticas nos transportadores do fármaco. Efeitos dos medicamentos na cinética dos nutrientes •Efeito do fármaco na ABSORÇÃO do nutriente: Tetraciclina e Ciprofloxacino quelam-se com Ca, Mg, Fe e Zn. •Efeito do fármaco no metabolismo do nutriente: Alteração da acidez gástrica –Cimetidina pode reduzir a absorção de Vit B12, tiamina ou Fe. •Dano à superfície da mucosa: Isoniazida inibe a conversão da piridoxina em sua forma ativa. Deficiência deve ser suplementada. •Efeito do fármaco na EXCREÇÃO do nutriente: Furosemida aumenta a excreção de Na, Cl, Mg. Modificação da ação dos medicamentos •Alimentos ou aditivos – Cafeína e tiramina: Efeitos similares ao do fármaco - nervosismo, tremor, insônia. •Antagonismo na ação do fármaco: Lovastatina é limitada por efeito de dieta hiperlipídica; Vit K X Varfarina. Efeitos dos medicamentos sobre a ingestão alimentar e estado nutricional •Efeitos orais/paladar/olfato: boca seca, candidíase, disgeusia, alteração do fluxo salivar, estomatite, glossite -Amitriptilina e Metronidazol paladar metálico. •Mudanças do apetite - Diminuição do apetite inibidores da recaptação da serotonina – anorexia. Aumento do apetite antidepressivos e antipsicóticos - amitriptilina, olanzapina e clozapina. Efeitos gastrointestinais: •Destruição flora bacteriana natural: Tetraciclina - crescimento excessivo de fungos -candidíase oral. •Irritação gástrica, desconforto, náuseas: AINE -ác. Acetilsalicílico, ibuprofeno e naxopreno. •Diminuição da peristalse intestinal: anti-colinérgicos - antihistamínicos, antidepressivos e antipsicóticos - obstipação. Suplementação medicamentosa de vitaminas e minerais •Minerais em geral: biodisponibilidade influenciada pelos componentes da dieta – espaço de 2 horas. •Cálcio: não tomar junto a refeições - bloqueia a absorção e o transporte de Zn e Fe. •Vitaminas hidrossolúveis: complexo B e C – com alimentos. •Ácido fólico: isolado de qualquer refeição. •Vitaminas lipossolúveis: com refeições. Água: solvente universal Ingerir medicamentos comágua (em geral): Melhora a absorção; Diminui tempo de contato com paredes esofágicas; Reduz acidez e viscosidade do suco gástrico (>dissolução e <tempo de esvaziamento gástrico); Recomendação enfatizada para: AAS, alendronato, amoxicilina, clindamicina, tetraciclina, teofilina e sais de ferro. O que informar? •Administração: quando e como tomar •Alimentos e bebidas a serem evitados •Interações com vitaminas/minerais •Efeitos colaterais significativos para a nutrição e como contorná-los •Efeitos gastrointestinais •Efeitos que podem alterar a ingestão nutricional •Possíveis deficiências nutricionais •Excipientes que podem causar reações: lactose, amido, tartrazina, álcool, aspartame. Fármacos anti-hipertensivos Hipertensão arterial (HA): é uma doença crônica não transmissível (DCNT) definida por níveis pressóricos, em que os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ ou medicamentoso) superam os riscos. Trata-se de uma condição multifatorial, que depende de fatores genéticos/epigenéticos, ambientais e sociais, caracterizada por elevação persistente da pressão arterial (PA), ou seja, PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti- hipertensiva. Objetivos do tratamento medicamentoso Proteção cardiovascular (CV) consiste no objetivo primordial do tratamento anti-hipertensivo. A redução da pressão arterial (PA) é a primeira meta, com o objetivo maior de reduzir desfechos CV e mortalidade associados à hipertensão arterial (HA). Fármacos As 5 principais classes de fármacos anti-hipertensivos são: Diuréticos (DIU); Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC); Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA); Bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA); Betabloqueadores (BB). Demonstraram reduções significativas da PA comparadas com placebo, acompanhadas de diminuições consideráveis dos desfechos CV fatais e não fatais, benefício relacionado fundamentalmente com a redução da PA; Os BB são úteis quando há certas condições clínicas específicas: pós-infarto agudo do miocárdio (IAM) e angina do peito, IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr), para o controle da frequência cardíaca (FC) e em mulheres com potencial de engravidar. Diuréticos O mecanismo da ação anti-hipertensiva dos DIU relaciona-se inicialmente a seus efeitos natriuréticos (excreção de Na ou NaCl), com a diminuição do volume circulante e do volume extracelular. São substâncias com uma ação sobre os rins, atuando de forma a aumentar a taxa do débito e volume urinário, consequentemente há excreção urinária de solutos, em especial o sódio e cloreto. Seu efeito primário consiste em diminuir a reabsorção de sódio pelos túbulos, causando natriurese (maior débito de sódio), o que por sua vez causa diurese (maior débito de água), sendo o aumento da perda de água secundário à excreção aumentada de sódio, já que o sódio remanescente nos túbulos age de forma osmótica, diminuindo a reabsorção de água. Deve-se dar preferência aos DIU tiazídicos (hidroclorotiazida) ou similares (clortalidona e indapamida) em doses baixas, pois são mais suaves e com maior tempo de ação, reservando-se os DIU de alça (furosemida e bumetanida) às condições clínicas com retenção de sódio e água. Os DIU poupadores de potássio (espironolactona e amilorida) costumam ser utilizados em associação aos tiazídicos ou DIU de alça. Diuréticos de Alça: a furosemida e bumetanida são diuréticos potentes que diminuem a reabsorção ativa no segmento ascendente espesso da alça de Henle ao bloquear o cotransportador de sódio, cloreto, potássio, localizado na membrana luminal das células epiteliais. Ao bloquear o cotransporte ativo de sódio, cloreto e potássio na membrana luminal da alça de Henle, os diuréticos de alça aumentam o débito urinário desses eletrólitos e de outros, bem como o de água. Esse mecanismo pode ocorrer por duas razões: primeiramente eles aumentam muito as quantidades de solutos liberados para as partes distais dos néfrons, atuando como agentes osmóticos e evitando a reabsorção de água, ou interrompendo o sistema multiplicador de contracorrente, diminuindo a absorção de íons da alça de Henle para o interstício medular, reduzindo assim a osmolaridade do líquido intersticial medular, o que compromete a capacidade dos rins de concentrar ou diluir a urina. Diuréticos Tiazídicos: os diuréticos tiazídicos foram os primeiros anti-hipertensivos disponíveis para uso em larga escala. Os derivados tiazídicos, como a clortalidona e hidroclorotiazida, atuam basicamente na parte proximal dos túbulos contorcidos distais, bloqueando o cotransportador de sódio-cloreto na membrana luminal das células tubulares. Inibidores competitivos da aldosterona (poupadores de K): temos como antagonistas da aldosterona a espironolactona e esplerenona, que competem com esse hormônio pelos sítios receptores nas células epiteliais do túbulo coletor cortical, reduzindo a absorção de sódio e secreção de potássio nesse segmento tubular. Consequentemente, o sódio permanece no túbulo agindo como diurético osmótico e causando aumento da excreção de água e sódio. Na medida em que esses fármacos bloqueiam os efeitos da aldosterona de promover a secreção de potássio pelos túbulos, eles diminuem a excreção desse íon, aumentando sua concentração no líquido extracelular, e por isso são referidos como diuréticos poupadores de potássio. Diuréticos que bloqueiam canais de sódio nos túbulos coletores: a amilorida é um exemplo de fármaco que inibe a reabsorção de sódio e secreção de potássio de modo semelhante à espironolactona. Entretanto, no nível celular agem diretamente, bloqueando os canais de sódio da membrana luminal das células epiteliais do túbulo coletor. Devido a essa menor entrada de sódio nas células epiteliais do túbulo coletor, ocorre também um menor transporte desse íon pelas membranas basolaterais e, consequentemente, menor atividade da atepase Na/K. Essa diminuição de atividade reduz o transporte de potássio para as células e, por fim, diminui a secreção de potássio para o líquido tubular. Por essa razão, os bloqueadores dos canais de sódio são também considerados diuréticos poupadores de potássio. Efeitos Adversos dos Diuréticos: Os principais efeitos adversos dos DIU são fraqueza, cãibras, hipovolemia e disfunção erétil. A hipopotassemia é o efeito metabólico mais comum e, frequentemente acompanhada de hipomagnesemia, que podem provocar arritmias ventriculares, sobretudo a extrassistolica. A hipopotassemia também reduz a liberação de insulina, aumentando a intolerância à glicose e o risco de desenvolver diabetes melito tipo 2. O aumento do ácido úrico é um efeito quase universal dos DIU, podendo precipitar crises de gota nos indivíduos com predisposição. Bloqueadores dos Canais de Cálcio (BCC) Esta classe de medicamentos bloqueia os canais de cálcio na membrana das células musculares lisas das arteríolas, reduz a disponibilidade de cálcio no interior das células dificultando a contração muscular e, consequentemente, diminui a RVP por vasodilatação. Os BCC são classificados em dois tipos básicos: os di-hidropiridínicos e os não di-hidropiridínicos. Os dihidropiridínicos (anlodipino, nifedipino, felodipino, manidipino, levanlodipino, lercanidipino, lacidipino) exercem efeito vasodilatador predominante, com mínima interferência na FC e na função sistólica, sendo, por isso, mais frequentemente usados como medicamentos anti-hipertensivos. Os BCC não di-hidropiridínicos, como as difenilalquilaminas (verapamila) e as benzotiazepinas (diltiazem), têm menor efeito vasodilatador e agem na musculatura e no sistemade condução cardíacos. Por isso, reduzem a FC, exercem efeitos antiarrítmicos e podem deprimir a função sistólica, principalmente nos pacientes que já tenham disfunção miocárdica, devendo ser evitados nessa condição. Efeitos Adversos dos Bloqueadores de Canal de Cálcio: O edema maleolar costuma ser o efeito colateral mais registrado e resulta da própria ação vasodilatadora. A cefaleia latejante e as tonturas são comuns. O rubor facial é mais comum com os BCC di-hidropiridínicos de ação rápida. A hipercromia do terço distal das pernas (dermatite ocre) e a hipertrofia gengival são efeitos adversos ocasionais. Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina (IECA) São medicamentos anti-hipertensivos eficazes que têm como ação principal a inibição da enzima conversora de angiotensina I, responsável a um só tempo pela transformação de angiotensina I em angiotensina II (vasoconstritora) e pela redução da degradação da bradicinina (vasodilatadora). São eficazes no tratamento da HA, reduzindo a morbidade e mortalidade. Efeitos Adversos dos IECA: Habitualmente, são bem tolerados pela maioria dos pacientes hipertensos, sendo a tosse seca seu principal efeito colateral, acometendo 5 a 20% dos usuários. O edema angioneurótico e a erupção cutânea ocorrem mais raramente. Os IECA e outros bloqueadores do sistema renina angiotensina- aldosterona (SRAA) podem provocar hiperpotassemia em pacientes com insuficiência renal, sobretudo nos diabéticos, e o uso é contraindicado na gravidez, pelo risco de complicações fetais. Bloqueadores dos Receptores AT1 da Angiotensina II (BRA) Os BRA antagonizam a ação da angiotensina II pelo bloqueio específico dos receptores AT1, responsáveis pelas ações próprias da angiotensina II (vasoconstrição, estímulo da proliferação celular e da liberação de aldosterona). Efeitos Adversos dos Bloqueadores dos Receptores AT1 da Angiotensina II: São incomuns os efeitos adversos relacionados com os BRA, sendo o exantema raramente observado. De forma semelhante aos IECA, os BRA podem promover a redução inicial da filtração glomerular por vasodilatação das arteríolas eferentes, diminuindo a pressão de filtração glomerular, mas esse efeito é nefroprotetor a longo prazo. Pelas mesmas razões dos IECA, podem causar hipercalemia, especialmente na presença de insuficiência renal, e são contraindicados na gravidez, devendo os mesmos cuidados ser tomados em mulheres em idade fértil. Betabloqueadores (BB) Promovem a diminuição inicial do débito cardíaco e da secreção de renina, com a readaptação dos barorreceptores e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas. 1) inibição dos receptores β pré-sinápticos → < liberação de Noradrenalina. 2) ↓ produção de renina. 3) ↓ débito cardíaco. 4) modulação da regulação da PA no SNC. 5) readaptação dos barorreceptores (pressorreceptores) → < influxo eferente simpático. Eles podem ser diferenciados em três categorias, de acordo com a seletividade para ligação aos receptores adrenérgicos: Não seletivos: bloqueiam tanto os receptores adrenérgicos beta-1, encontrados principalmente no miocárdio, quanto os beta-2, encontrados no músculo liso, nos pulmões, nos vasos sanguíneos e em outros órgãos (propranolol, nadolol e pindolol, este último apresentando atividade simpatomimética intrínseca, agindo como um agonista adrenérgico parcial e produzindo menos bradicardia). Cardiosseletivos: bloqueiam preferencialmente os receptores beta-1 adrenérgicos (atenolol, metoprolol, bisoprolol e nebivolol, que é o mais cardiosseletivo). Com ação vasodilatadora: manifesta-se por antagonismo ao receptor alfa-1 periférico (carvedilol) e por produção de óxido nítrico (nebivolol). OBS: O propranolol mostra-se também útil em pacientes com tremor essencial, prolapso de válvula mitral, síndromes hipercinéticas (hipertireoidismo e síndrome do pânico), cefaleia de origem vascular e hipertensão portal. Efeitos Adversos dos Betabloqueadores: Broncoespasmo, bradicardia, distúrbios da condução atrioventricular, vasoconstrição periférica, insônia, pesadelos, depressão, astenia e disfunção sexual. Os BB são contraindicados em pacientes com asma, DPOC e bloqueio atrioventricular de segundo e terceiro graus. Podem acarretar intolerância à glicose, induzir ao aparecimento de novos casos de DM, hipertrigliceridemia, elevação do colesterol-LDL e redução do colesterol-HDL. O impacto sobre o metabolismo da glicose é potencializado quando são utilizados em combinação com DIU. Os BB de terceira geração (carvedilol e nebivolol) têm impacto neutro ou até podem melhorar o metabolismo da glicose e lipídico, possivelmente pelo efeito vasodilatador, com diminuição da resistência à insulina e melhora da captação de glicose pelos tecidos periféricos. Simpatolíticos de Ação Central Os alfa-agonistas de ação central agem por meio do estímulo dos receptores alfa-2 que estão envolvidos nos mecanismos simpatoinibitórios. Os efeitos bem definidos dessa classe são: diminuição da atividade simpática e do reflexo dos barorreceptores, o que contribui para a bradicardia relativa e a hipotensão notada na posição ortostática (de pé); discreta diminuição na RVP e no débito cardíaco; redução nos níveis plasmáticos de renina; e retenção de fluidos. São representantes desse grupo: metildopa, clonidina e o inibidor dos receptores imidazolínicos rilmenidina. A clonidina age também nos receptores alfa-2 présinápticos, que impedem a liberação de norepinefrina. Os medicamentos dessa classe não apresentam efeitos metabólicos e não interferem na resistência periférica à insulina nem no perfil lipídico. A metildopa encontra sua principal indicação na HA durante a gestação, pois é usada por um curto período da vida, com grande experiência clínica em sua utilização nesse tempo, e apresenta o melhor perfil de segurança para a gestante e para o feto. Efeitos Adversos dos Simpatolíticos de Ação Central: A metildopa pode provocar reações autoimunes, como febre, anemia hemolítica, galactorreia e disfunção hepática, que, na maioria dos casos, desaparecem com a interrupção do uso. No desenvolvimento de uma reação adversa, a metildopa pode ser substituída por outro alfa- agonista central. A clonidina apresenta risco do efeito rebote com a descontinuação, especialmente quando associada aos betabloqueadores, e pode ser perigosa em situações pré-operatórias. Os medicamentos dessa classe apresentam reações adversas decorrentes da ação central, como sonolência, sedação, boca seca, fadiga, hipotensão postural e disfunção erétil. Alfa-bloqueadores Os medicamentos dessa classe agem como antagonistas competitivos dos receptores alfa-1 pós-sinápticos, reduzindo a resistência vascular pulmonar (RVP) sem mudanças no débito cardíaco. Promovem maior redução pressórica quando na posição ortostática e na taquicardia reflexa. Por isso, é comum a hipotensão postural, comumente descrita na primeira dose. O efeito hipotensor mostra-se discreto como monoterapia, sendo a preferência pelo uso associado. Apresentam contribuição favorável e discreta no metabolismo lipídico e glicídico. Os representantes dessa classe utilizados como medicamentos anti-hipertensivos são a doxazosina e a prazosina. Efeitos Adversos dos Alfabloqueadores: Podem provocar hipotensão sintomática na primeira dose. O fenômeno de tolerância é frequente, necessitando aumento da dose para manter o efeito anti-hipertensivo (taquifilaxia). A incontinência urinária em mulheres pode ser causada pelo uso de alfa-bloqueadores. Há evidência de que os pacientes tratados com doxazosina têm maior risco de incidência de IC. Vasodilatadores Diretos Os medicamentos dessa classe, ativos por via oral, são a hidralazina e o minoxidil. Hidralazina: tem ação direta sobre a musculaturalisa dos vasos de resistência, produzindo vasodilatação, queda da resistência periférica e redução da PA. Como consequência da vasodilatação direta ocorre liberação de catecolaminas, de renina e taquicardia reflexa. Geralmente utilizada como droga de 2a ou 3a escolha associada à diurético ou β-bloqueador. Minoxidil: tem ação direta sobre a musculatura lisa dos vasos de resistência, modulando os canais de K+ na musculatura lisa dos vasos. É mais potente que a hidralazina. É utilizado associado a outras drogas, principalmente simpatolíticos e diuréticos. Efeitos Adversos dos Vasodilatadores Diretores: Os efeitos colaterais da hidralazina são cefaleia, flushing (pele avermelhada), taquicardia reflexa e reação lupus- like (dose-dependente). Seu uso pode também acarretar anorexia, náusea, vomito e diarreia. Os vasodilatadores podem provocar retenção de sódio e água, com o aumento do volume circulante e da taquicardia reflexa. Um efeito colateral frequente do minoxidil é o, hirsutismo (aumento de pelos) que ocorre em aproximadamente 80% dos pacientes. Inibidores Diretos da Renina O alisquireno, único representante da classe disponível comercialmente, promove a inibição direta da ação da renina com a consequente diminuição da formação de angiotensina II. Outras ações podem contribuir para a redução da PA e a proteção tissular, como redução da atividade plasmática de renina, bloqueio de receptor celular próprio de renina/pró-renina e diminuição da síntese intracelular de angiotensina II. Efeitos Adversos dos Inibidores Diretos da Renina: Apresentam boa tolerabilidade. Rash cutâneo (lesões vermelhas na pele), diarreia (especialmente com doses elevadas, acima de 300 mg/dia), aumento de creatinafosfoquinase e tosse podem ocorrer em menos de 1% dos usuários. Seu uso é contraindicado na gravidez pelas mesmas razões dos IECA e BRA. Dislipidemia Conceito e Definição: Alterações no metabolismo das lipoproteínas plasmáticas, levando a defeitos no transporte dos lipídeos (colesterol e triglicerídeos). Também inclui as condições nas quais não se pode evidenciar aumento ou diminuição nos lipídeos, e sim alterações nas proporções relativas entre uma lipoproteína plasmática e outra. Na Síndrome Metabólica, a dislipidemia caracteriza-se pela presença de níveis baixos de HDL-c e níveis elevados de TG. Lipoproteínas Permitem a solubilização e o transporte dos lipídeos: compostas por lipídeos e proteínas denominadas apolipoproteínas (Apos). Apos: “identificam” e dão “função” às lipoproteínas. Formação intracelular das partículas lipoproteicas (B100 e B48); Ligantes a receptores de membrana (B100 e E); Cofatores enzimáticos (CII, CIII e AI). Classes de lipoproteínas (conforme a densidade – peso molecular): Quilomícrons: Ricas em TG (85%), maiores e menos densas, origem intestinal. Carregam TG no sangue. VLDL: Carrega TG (50%) e colesterol (20%) - densidade muito baixa, origem hepática. LDL: Ricas em colesterol (50%) e pouco TG (8%), densidade baixa. HDL: Densidade alta. Quantidade de proteína é maior que TG e colesterol. Tipos de Dislipidemia: Classificação etiológica Primária: são aquelas nas quais o distúrbio lipídico é de origem genética. o Hipercolesterolemia familiar. o Hipercolesterolemia familiar combinada. o Hipertrigliceridemia familiar. o Síndrome de hiperquilomicronemia. Bases fisiopatológicas das dislipidemias primárias Acúmulo de quilomícrons e/ou de VLDL: o Hipertrigliceridemia. o Decorre da diminuição da hidrólise dos TAGs pela lipase lipoproteica (LPL) ou do aumento da síntese de VLDL. Acúmulo de LDL: o Hipercolesterolemia. o Doenças monogênicas: no gene do LDL-R (hipercolesterolemia familiar) ou no gene do apo B100 (identifica o LDL). o Hipercolesterolemias poligênicas: mais comuns, interação entre fatores genéticos e ambientais. Secundária: a dislipidemia é decorrente de estilo de vida inadequado, de certas condições mórbidas, ou de medicamentos (DIU e BB). Avaliação laboratorial Coleta de sangue: jejum de 08- 12 horas (TG e LDL). Cálculo do (LDL-C): fórmula de Friedewald. (válida se TG <400mg/dL). Colesterol total (CT), apo B, apo A-I e HDL-C podem ser coletadas sem jejum prévio Perfil lipídico deve ser feito em indivíduos com dieta habitual, estado metabólico e peso estáveis por pelo menos 2 semanas antes da realização do exame. Devem-se evitar ingestão de álcool e atividade física vigorosa nas 72 e 24 horas que antecedem a coleta de sangue, respectivamente. Classificação das dislipidemias Hipercolesterolemia isolada: elevação isolada do LDL-C (LDL-c ≥ 160 mg/dL). Hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado dos triglicérides (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum). Hiperlipidemia mista: aumento do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL) e dos TG (TG ≥ 150mg/dL ou ≥ 175 mg/ dL, se a amostra for obtida sem jejum). Se TG ≥ 400 mg/dL, o cálculo do LDL-c pela fórmula de Friedewald é inadequado, devendo-se considerar a hiperlipidemia mista quando o não HDL-c ≥ 190 mg/dL. HDL-c baixo: redução do HDL-c (homens < 40 mg/dL e mulheres < 50 mg/dL) isolada ou em associação ao aumento de LDL-c ou de TG. Tratamento Medicamentoso Colesterolemia: Resinas; Vastatinas; Ezetimiba; Estatinas. São os medicamentos clássicos. Trigliceridemia: Fibratos; Ácido Nicotínico (niacina). Inibidores da proteína de transferência de ésteres de colesterol; Inibidor da proteína de transferência de triglicérides microssomal; Inibidores da síntese de apolipoproteína B; Inibidores da síntese de apolipoproteína C-III; Lipase ácida lisossômica recombinante humana. Tratamento Farmacológico A decisão para o início da terapia medicamentosa das dislipidemias depende do: Risco cardiovascular do paciente: em pacientes de muito alto ou alto risco cardiovascular, o tratamento da dislipidemia deve incluir medicamentos já em associação com as modificações do estilo devida a serem propostas. Para os pacientes de risco moderado ou baixo, o tratamento será iniciado apenas com as medidas do estilo de vida, com a associação, em uma segunda etapa, de medicamentos, se necessário, para obtenção das metas definidas do LDL-c. Tipo de dislipidemia presente: define a escolha da classe terapêutica. Os medicamentos hipolipemiantes costumam ser divididos nos que agem predominantemente nas taxas séricas de colesterol e naqueles que agem predominantemente nas taxas de TG. Medicamentos com ação predominante na colesterolemia Na hipercolesterolemia isolada, os medicamentos recomendados são as estatinas, que podem ser administradas em associação à ezetimiba, à colestiramina e, eventualmente, aos fibratos ou ao ácido nicotínico. Os principais fármacos desta classe são: Estatinas, Ezetimiba, Resinas. Estatinas A redução do LDL-c por inibidores da HMG-CoA redutase ou pelas estatinas permanece a terapia mais validada por estudos clínicos para diminuir a incidência de eventos cardiovasculares. Agem por meio da afinidade com o sítio ativo da enzima, ocasionando em redução do colesterol tecidual e um consequente aumento na expressão dos receptores de LDL na superfície dos hepatócitos que, por sua vez, resulta em aumento da remoção do LDL do sangue e redução dos níveis plasmáticos de LDL-c. Esta inibição é reversível e competitiva com o substrato HMG-CoA (enzima). As estatinas também apresentam uma sútil eficácia na concentração de HDL e redução dos triglicerídeos e VLDL, atuando positivamente no controle do perfil lipídico. Atualmente, somente 6 estatinas são empregadas clinicamente no Brasil, com destaque para Lovastatina, Pravastatina, Sinvastatina (derivado semissintético), Fluvastatina (Lescol) e, por fim, Atorvastatina e Rosuvastatina que são de estatinas sintéticas e enantiomericamentepuras (CONITEC, 2019). As estatinas devem ser administradas por via oral, em dose única diária, preferencialmente à noite para os fármacos de curta meia-vida. Uma vez que a intensidade da síntese endógena de colesterol é mais elevada no período noturno (ritmo circadiano do organismo), momento em que a absorção intestinal de gorduras é mais baixa. Para fármacos de meia vida mais curta, como a sinvastatina e a pravastatina, a administração noturna é recomendável para que se tenha seu pico de ação no período de maior atuação da HMG-CoA. Para as estatinas mais modernas, como atorvastatina e rosuvastatina, que apresentam meia-vida maior, a efetividade independente do momento de administração, podendo ser administradas em qualquer horário. Efeitos adversos: são raros no tratamento com estatinas. Dentre estes, os efeitos musculares são os mais comuns e podem surgir em semanas ou anos após o início do tratamento. Variam desde mialgia, com ou sem elevação da Creatinoquinase (CK), até arabdomiólise (degradação fibras musculares). A dosagem de CK deve ser avaliada no início do tratamento, principalmente em indivíduos de alto risco de eventos adversos musculares, como pacientes com antecedentes de intolerância à estatina; indivíduos com antecedentes familiares demiopatia; o uso concomitante de fármacos que aumentem o risco de miopatia. A avaliação basal das enzimas hepáticas (ALT e AST) deve ser realizada antes do início da terapia com estatina. Durante o tratamento, deve-se avaliar a função hepática quando ocorrerem sintomas ou sinais sugerindo hepatotoxicidade (fadiga ou fraqueza, perda de apetite, dor abdominal, urina escura ou aparecimento de icterícia). Ezetimiba A ezetimiba inibe a absorção de colesterol na borda em escova do intestino delgado, atuando seletivamente nos receptores NPC1-L1 e inibindo o transporte intestinal de colesterol. A inibição da absorção de colesterol leva à diminuição dos níveis de colesterol hepático e ao estímulo à síntese de LDLR, com consequente redução do nível plasmático de LDL-c de 10 a 25%. A ezetimiba é empregada na dose única de 10 mg ao dia. Pode ser administrada a qualquer hora do dia, com ou sem alimentação, não interferindo na absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis. Raros efeitos colaterais têm sido apontados e estão em geral relacionados com o trânsito intestinal. Resinas As resinas, ou sequestradores dos ácidos biliares, atuam reduzindo a absorção enteral de ácidos biliares. Como resultado, ocorre depleção do colesterol celular hepático, estimulando a síntese de LDLR e de colesterol endógeno. Como consequência deste estímulo à síntese, pode ocorrer aumento da produção de VLDL e, consequentemente, de TG plasmáticos. Três resinas foram desenvolvidas: a colestiramina, o colestipol e o colesevelam. No entanto, no Brasil, somente a colestiramina está disponível. A adição de colestiramina ao tratamento com estatinas pode ser recomendada quando a meta de LDL-c não é obtida apesar do uso de estatinas potentes em doses efetivas. A redução do LDL-c é dose-dependente e pode variar de 5% a 30% nas doses de 4 a24 g ao dia. Por não ser absorvida para a circulação sistêmica, tem sido recomendada para crianças hipercolesterolêmicas, isoladamente ou em associação com estatinas, e é o único fármaco liberado para mulheres no período reprodutivo sem método anticoncepcional efetivo, e durante os períodos de gestação e amamentação. Efeitos adversos: Os principais efeitos colaterais relacionam-se ao aparelho digestivo, por interferir na motilidade intestinal: obstipação (particularmente em idosos), plenitude gástrica, náuseas e meteorismo, além de exacerbação de hemorroidas preexistentes. Raramente, pode ocorrer obstrução intestinal e acidose hiperclorêmica em idosos e crianças, respectivamente. Diminui, eventualmente, a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, K e E) e de ácido fólico. Medicamentos que atuam predominantemente nos triglicérides No tratamento da hipertrigliceridemia isolada são prioritariamente indicados os fibratos e, em segundo lugar, o ácido nicotínico ou a associação de ambos. Pode-se ainda utilizar, nesta dislipidemia, os ácidos graxos ômega 3, isoladamente ou em associação com outros fármacos. Fibratos São fármacos derivados do ácido fíbrico, tendo fenofibrato, ciprofibrato, etofibrato e bezafibrato como principais representantes. Agem estimulando os receptores nucleares denominados “Receptores Alfa Ativados da Proliferação dos Peroxissomas” (PPAR-α). Este estímulo leva ao aumento da produção e da ação da LPL (degrada TG), responsável pela hidrólise intravascular dos TG, e à redução da ApoC-III, responsável pela inibição da LPL. O estímulo do PPAR-α pelos fibratos também leva a maior síntese da ApoA-I e, consequentemente, de HDL. Reduz as taxas séricas de TG de 30 a 60%. Efeitos adversos: Distúrbios gastrintestinais, mialgia, astenia, litíase biliar (mais comum com clofibrato), diminuição de libido, erupção cutânea, prurido, cefaleia e perturbação do sono. Raramente, observa-se aumento de enzimas hepáticas e/ou CK, também de forma reversível com a interrupção do tratamento. Casos de rabdomiólise têm sido descritos com o uso da associação de estatinas. Ácido nicotínico (niacina) (B3) Ligam-se a um receptor de membrana plasmática para o ácido niacínico que está acoplado a uma proteína Gi (inibitória), denominado HM74A ou GPR109A cuja ativação causa inibição da adenilatociclase, provoca aqueda no teor de AMPc e consequente redução na fosforilação da proteína quinase A (PKA). Isso provoca a inibiçã de lipases intracelulares, causando redução da hidrólise de TG no TA, resultando na redução da quantidade de ácidos graxos não esterificados plasmáticos com concomitante redução na síntese de VLDL, LDL e Lipoproteína a e aumento na síntese de HDL. Efeitos adversos: O mais evidente é o “flushing”, ou seja, calor e rubor geralmente acompanhados de prurido motivado pela liberação de prostaglandinas durante a formação do ácido nicotinúrico, afetando principalmente o rosto, pescoço e parte superior do tronco, mas por vezes, se prolonga para a parte inferior do corpo. Além disso, pode haver surgimento de erupção cutânea, hipotensão e tonturas. Estes efeitos adversos podem ser melhorados quando a niacina é ingerida juntamente com as refeições, evitando a ingestão concomitante de álcool, alimentos condimentados e bebidas quentes. Ácidos graxos ômega 3 Em altas doses (4 a 10g ao dia), reduzem os TG e aumentam discretamente o HDL-c, podendo, entretanto, aumentar o LDL-c. Seus efeitos no perfil lipídico são dose dependentes e resultam de uma variedade de mecanismos, entre os quais a diminuição da produção de VLDL e o aumento de seu catabolismo. O ômega 3 (n-3) é efetivo na redução dos níveis plasmáticos de TG visto que a ativação do PPAR-α aumenta a lipólise intravascular e o clearance das partículas ricas em triglicerídeos. Reduzem os TG por diminuir a produção de VLDL no fígado. A dose mínima recomendada é de 4 g/dia sendo utilizado como adjuvantes aos fibratos na terapia das hipertrigliceridemias ou em substituição a esses em pacientes intolerantes. Novos fármacos Inibidores da proteína de transferência de ésteres de colesterol (CETP) A CETP é responsável pela transferência de ésteres de colesterol da HDL para lipoproteínas que contêm ApoB, em troca equimolar por TG. A inibição da CETP aumenta a concentração de colesterol na HDL e diminui nas lipoproteínas que contêm ApoB, incluindo VLDL e LDL. Inibidores da PCSK-9 A PCSK9 é uma enzima que desempenha um papel importante no metabolismo lipídico, modulando a densidade de LDLR. Sintetizada no núcleo celular e secretada pelos hepatócitos, liga-se aos LDLR na circulação, favorecendo suadegradação. Estudos realizados em animais e mutações em seres humanos demonstraram que o ganho de função da PCSK9 ocasionava aumento da degradação dos LDLR com elevações nas concentrações de LDL. Em contrapartida, mutações com perda de função da PCSK9 têm o efeito oposto: aumentam a densidade do LDLR na superfície dos hepatócitos com consequente aumento da remoção de partículas de LDL e redução do LDL-c (ocorre devido maior transporte para o fígado). Dois inibidores da PCSK9 foram aprovados no Brasil para comercialização em 2016, o alirocumabe e o evolocumabe. Ambos são aplicados por meio de injeção subcutânea − o alirocumabe a cada 2 semanas, na dose de 75 mg ou 150 mg, enquanto o evolucumab com injeção de 140mg, a cada 2 semanas, ou 420 mg, uma vez ao mês. Esta classe farmacológica reduz de forma bastante intensa as concentrações de LDL-c em comparação ao placebo (redução média de 60%). Efeitos adversos: O uso dos inibidores da PCSK9 em geral é seguro e bem tolerado. É descrita a ocorrência de nasofaringite, náuseas, fadiga e aumento da incidência de reações no local da injeção (vermelhidão, prurido, edema ou sensibilidade/dor). Inibidor da proteína de transferência de triglicérides microssomal A lomitapida é um fármaco que inibe a MTP (proteína de transferência de TG microssomal), reduzindo a formação de quilomícrons no intestino e VLDL pelo fígado. Pelo fato de a VLDL ser um precursor metabólico da LDL, as concentrações plasmáticas de LDL são reduzidas. Efeitos adversos: mais comuns são gastrintestinais, como náuseas, flatulência e diarreia. Estes efeitos podem ser minimizados pela redução da ingesta de gordura ou pela titulação escalonada do medicamento. Tem sido descrito, em alguns pacientes, aumento das transaminases, em geral reversível com a redução ou a descontinuação do fármaco, ou mesmo, transitório com a manutenção do tratamento. Na maioria das vezes, não foram descritos elevação concomitante das bilirrubinas, fosfatase alcalina e nem surgimento de sintomas. Inibidores da síntese de apolipoproteína C-III (antissenso anti-ApoC-III) A ApoC-III é um importante modulador do metabolismo das lipoproteínas e possui um papel crucial regulando as concentrações de TG plasmáticas. É sintetizada principalmente pelo fígado e é um componente das lipoproteínas ricas em TG. A ApoC-III inibe a hidrólise de TG mediada pela LPL e prejudica a captação hepática dos remanescentes de lipoproteínas ricas em TG. Em altas concentrações, a ApoC-III inibe a atividade da LPL, enzima que participa do catabolismo das lipoproteínas ricas em TG e no remodelamento das HDL. Concentrações elevadas de ApoC-III no plasma comprometem não só a lipólise, como a remoção da circulação das lipoproteínas ricas em TG, com acúmulo de lipoproteínas aterogênicas, sendo consideradas fator de risco independente para a DAC (Doença aterosclerótica do coração). Anticonvulsivantes Epilepsia Transtorno neurológico crônico que atinge 0,5 – 1% da população. Caracterizada por crises súbitas e espontâneas associadas à descarga anormal, excessiva e transitória de células nervosas. O sítio de descarga e sua extensão são fatores determinantes da sintomatologia clínica apresentada. Varia desde a perda da consciência por poucos segundos até crises generalizadas prolongadas. Causas prováveis: AVC; Tumor; Infecção; Trauma; Doença degenerativa. O segundo mais frequente distúrbio neurológico depois do AVE. Terapia padrão é capaz de controlar o distúrbio, porém muitos ainda não fazem tratamento. Causas de convulsões podem variar desde infecções até lesão na cabeça, ou causas hereditárias. Epilepsia é um complexo heterogêneo de sintomas - Distúrbio crônico caracterizado por convulsões recorrentes. Fármacos anticonvulsivantes Mecanismos Aumento da transmissão GABAérgica (inibitória), diminuição da transmissão excitatória (glutamaérgica) e modificação das condutâncias iônicas. Farmacocinética Boa absorção por via oral – 80 a 100% de biodisponibilidade, não são altamente ligados à proteínas plasmáticas, diminuição da concentração plasmática lenta – meia vida longa. Muitos são fortes indutores enzimáticos. Fenitoína Mecanismos Bloqueio uso dependente dos canais de sódio. Efeitos sobre a descarga: Inibe a propagação da descarga. Principais indicações: Todos exceto crises de ausência (tipo de desmaio da epilepsia). Principais efeitos indesejáveis: Ataxia (perda de equilíbrio), vertigem (tontura), hipertrofia gengival, hirsutismo, anemia megaloblástica, malformação fetal, reações de hipersensibilidade. Farmacocinética Alta ligação a proteínas plasmáticas. Absorção gastrointestinal com pico 3-12h. Absorção intramuscular imprevisível. Tolerância Metabólica. Meia –vida: 24h. Indicações Efetivos contra ataques parciais (ainda estão conscientes) e convulsões tônico clônicas. Uso limitado em crianças devido a imprevisibilidade da relação dose x efeitos tóxicos. Toxicidade Diplopia (visão dupla), ataxia, hiperplasia gengival, hirsutismo. Carbamazepina Mecanismos Bloqueiam os canais de Sódio e inibem os disparos repetitivos dos neurônios. Atuam também pré- sinapticamente diminuindo a transmissão do impulso nervoso. Evidências sugerem que podem potencializar os efeitos pós-sinápticos do GABA (e pode aumentar os pré- sinápticos). Principais indicações Todos exceto crises de ausência, particularmente epilepsia de lobo temporal, utilizada na neuralgia do trigêmeo. Efeitos adversos Ataxia, sedação, visão turva, retenção de água (edema), reações de hipersensibilidade, leucopenia, insuficiência hepática (rara). Farmacocinética Absorção gastrointestinal completa com pico entre 6- 8hs. Tolerância metabólica Aumento do clearence alterando meia-vida biológica de 36 para 20 horas. Necessário ajuste da dose, metabolizada por conjugação. Indicações Droga de escolha para ataques parciais, também usada para convulsões tônico-clônicas. Em doses terapêuticas não se mostra sedativa. Toxicidade Insônia, instabilidade emocional, diplopia, ataxia, anemia aplástica e agranulocitose (redução de leucócitos granulosos). Oxicarbazepina Pró-fármaco, meia vida curta (1-2 h), porém seu metabólito ativo tem meia vida de 8 a 12h. Não causa indução enzimática, doses 50% maiores que as da carbamazepina. As outras características se conservam semelhantes à carbamazepina. Fenobarbital Nome comercial: Gardenal®. Derivado do ácido barbitúrico. Mecanismos Liga-se a um sítio alostérico regulatório do receptor GABA , prolongando o tempo de abertura dos canais de cloro (produzindo uma ação inibitória). Bloqueia a resposta excitatória induzida pelo glutamato, principalmente aqueles mediados por ativação do receptor AMPA (receptor de glutamato). Principais efeitos indesejáveis: Sedação e depressão. Usos Clínicos: Crises convulsivas de difíceis controle. Podem agravar crises de ausência, atônicas e espasmos infantis. Doses variadas acima de 100mg/unidade posológica, pouco uso pois prejudica a concentração, utilizado somente nas convulsões febris, e nas incontroláveis do recém-nascido, não é eficaz nas crises de ausência ou espasmos infantis. Primidona Mecanismo de ação Embora seja convertida a fenobarbital, tem mecanismo semelhante ao da fenitoína (bloqueia canais de cálcio). Mais ativo que o fenobarbital - menos ativos que a carbamazepina e fenitoína - sua ação independe de sua conversão em fenobarbital. Farmacocinética Absorção oral completa com pico após 3hs. Pouca ligação com proteínas plasmáticas (70% circulam livres) - 30% de ligação às proteínas plasmáticas. Meia vida de 6 a 8h. Doses usuais de 10 a 20mg/kg/dia. Metabolizada por oxidação a fenobarbital. Ambos são metabolizados por hidroxilação no anel aromático e eliminados na urina.Usos Clínicos: crises parciais e convulsões tônico-clônicas; crises generalizadas, podendo ser mais eficaz que o fenobarbital. Principais efeitos indesejáveis: Sedação e depressão. Ácido Valpróico e valproato de sódio Atuam nos canais de sódio como também aumentam os níveis cerebrais de GABA. Muito eficaz na crise de ausência, usado quando ela vem acompanhada de crise tônico-clônica generalizada. Usados na profilaxia da enxaqueca e no transtorno bipolar. Principais efeitos indesejáveis: Em geral são menores do que com outros fármacos, náusea, queda de cabelos, aumento de peso, malformações fetais. Biodisponibilidade maior que 80%. 90% de ligação às proteínas plasmáticas. Meia vida de 9 a 18h. Utilizados nas doses de 25 a 30mg/kg/dia. Desloca fenitoína das proteínas plasmáticas, inibe o metabolismo do fenobarbital, fenitoína e carbamazepina. Vigabatrina Atua ao inibir a GABA transaminases, inibidor irreversível da GABA aminotransferase – enzima responsável por degradar o GABA. Meia vida de 6 a 8h. Dose iniciais de 500mg 2 vezes ao dia, chegando até 2 a 3g diários, causam sonolência e ganho de peso. Defeito no campo visual em 33% dos pacientes. Eficaz em pacientes que não respondem a fármacos convencionais. Principais efeitos colaterais: sonolência, alterações comportamentais e de humor. Gabapentina e pregabalina Análogos (similar) do GABA, possuem atividades analgésicas, aumentam a concentração cerebral do GABA, ligam-se aos canais de cálcio controlados por voltagem, inibem a liberação de glutamato pré- sinapticamente. Gabapentina Indicações: Coadjuvante no tratamento de convulsões parciais com ou sem generalizações secundárias: epilepsia parcial, enxaqueca, dor crônica, desordens bipolares. Doses de 2.400mg diários de gabapentina. Doses de 150 a 600mg diários de pregabalina. Muito utilizada para dor neuropática. Meia vida de 5 a 8h. Administração de 2 a 3 vezes ao dia. Efeitos adversos: sonolência, ataxia e tontura. Topiramato Utilizado para dores crônicas, hoje é usado para perda de peso. Bloqueia o disparo repetitivo de neurônios da medula espinhal. Mecanismo envolve o bloqueio do canal de sódio. Potencializa a ação do GABA em local diferente dos benzodiazepínicos e barbitúricos e diminui a ação excitatória do glutamato. Usos clínicos do Topiramato: Dores neuropáticas, Cefaleias, Crise de ausência, Doses de 200 a 600mg/dia. Alguns casos utilizam-se 50mg/dia e aumenta lentamente. Etossuximida Mecanismos Bloqueia correntes de cálcio de baixo limiar presentes em neurônios talâmicos. Utilizado estreitamente para crise de ausência. Completa absorção quando administrado por via oral. Não se liga à proteínas plasmáticas. Meia vida de 40h. Principais indicações Nas crises de ausência. Pode exacerbar as convulsões tônico-clônicas. Principais efeitos indesejáveis: Náusea, anorexia, alterações do humor, cefaleia. Usada nas doses de 750 a 1500mg/dia em até 2 tomadas - Efeitos gastrointestinais limitam o uso em dose única diária. Reações gastrointestinais: dor, náuseas e vômitos. Benzodiazepínicos – clonazepam, clobazam, Diazepam Mecanismos Potencialização da ação do GABA. Efeitos sobre a descarga :Inibe a propagação. Principais indicações: Todos os tipos de epilepsia. Diazepam usado por via I.V. Para controle do estado de mal epiléptico. Principais efeitos indesejáveis: Sedação e síndrome de abstinência. Agem no sítio alostérico do gaba – Aumentam a frequência de abertura docanal de cloreto. Diazepam usado no mal epiléptico tônicoclônico generalizado. Lorazepam tem meia vida mais longa. Clonazepam usado na crise de ausência e convulsões mieloclônica. Lamotrigina Atua ao inibir canais de sódio. Perfil terapêutico amplo. Principais efeitos colaterais: reações de hipersensibilidade. Antipsicóticos ou neurolépticos Fármacos utilizados no tratamento de psicoses ou outros distúrbios psiquiátricos caracterizados por agitação e perda da razão. Sua indicação específica é para o tratamento das psicoses, tendo ação paliativa (reduz as crises) e não curativa. Pode agir na diminuição e cessação dos impulsos agressivos, da agitação psicomotora, desaparecimento gradual das alucinações e delírio. Farmacocinética Biodisponibilidade oral - de 25% (Clorpromazina) a 65% (haloperidol). Alta Lipossolubilidade. Ligação à proteínas plasmáticas: 92 a 99%. Alta afinidade aos receptores. Recidiva após a suspensão do uso pode levar até 6 semanas para acontecer. Altamente metabolizados e não formam metabólitos ativos importantes: Tioridazina é um pró-fármaco. Efeitos farmacológicos: Bloqueio de uma ampla gama de receptores – Adrenoreceptor, Receptores muscarínicos, Receptores histamínicos H1, Receptores de serotonina, Receptores da dopamina. Farmacodinâmica Antipsicóticos atípicos Antipsicóticos típicos De 1ª geração/típicos/ convencionais (tem alta, média e baixa potência): antagonistas do receptor de dopamina(D2) – podem levar ao agravamento de efeitos extrapiramidais (tremores, contraturas musculares, dificuldade para andar, lentificação dos movimentos ou inquietude). Atua fortemente em uma só via, se abstém principalmente ao de dopamina. Tradicionais de alta potência: Haloperidol (haldol), Flufenazina (anatensol), Pimozida (orap). Tradicionais de média potência: trifluoperazina (stelazine). Tradicionais de baixa potência: clorpromazina (amplictil), Levomepromazina (neozine). Antipsicóticos atípicos De 2ª geração/atípicos/nova geração: efeitos extrapiramidais mínimos, pouca sedação ou rápida dissociação de receptores D2 (dopamina), bloq. receptores serotoninérgicos, menor risco de efeitos neurológicos, melhor eficácia em relação aos sintomas negativos, eficaz em pacientes que não respondem aos típicos. Tioridazina (melleril), Sulpirida (equilid), Clozapina (leponex), Risperidona (risperdal), Olanzapina (zyprexa), Quetiapina (seroquel), Aripiprazol (abilify). Haloperidol (Haldol®) Mecanismo de ação Haldol® é um antipsicótico do grupo das butirofenonas. Ele é um bloqueador potente dos receptores dopaminérgicos centrais, classificado como um antipsicótico muito incisivo. O haloperidol não tem atividade anti-histamínica ou anticolinérgica. Propriedades Farmacodinâmicas Como consequência direta do bloqueio dopaminérgico, Haldol® apresenta uma ação incisiva sobre os delírios e alucinações (provavelmente a nível mesocortical e límbico). Causa sedação psicomotora eficiente, o que explica seus efeitos favoráveis na mania, agitação psicomotora e outras síndromes de agitação. Propriedades Farmacocinéticas Absorção: após a administração oral, a biodisponibilidade da droga é de 60 % a70 %. Os níveis do pico plasmático do haloperidol ocorrem entre 2 a 6 horas após a dose oral e cerca de 20 minutos após a administração intramuscular. Reações adversas Hipercinesia (contrações musculares), Tremor, Hipertonia, Distonia, Sonolência, Bradicinesia, Distúrbios oftalmológicos, Constipação, Boca seca e Hipersecreção salivar. Clorpromazina Farmacodinâmica Clorpromazina possui uma ação estabilizadora no sistema nervoso central e periférico e uma ação depressora seletiva sobre o SNC, permitindo assim, o controle dos mais variados tipos de excitação. É, portanto, de grande valor no tratamento das perturbações mentais e emocionais. Possui propriedades neurolépticas, vagolíticas, simpatolíticas (náuseas/vômitos), sedativas e antieméticas. Farmacocinética Absorção: Clorpromazina é rapidamente absorvido por via oral e a sua biodisponibilidade relativa em relação à via intramuscular é em média de 50%. Reações adversas Ganho de peso, às vezes, importante, sedação, sonolência, síndrome extrapiramidal, que melhora com a administração de antiparkinsonianos anticolinérgicos, hipotensãoortostática, discinesias tardias, hiperprolactinemia e amenorreia, intolerância à glicose. Risperidona A risperidona é um antagonista seletivo das monoaminas cerebrais (neurotransmissores), com propriedades únicas. Ela tem uma alta afinidade pelos receptores serotoninérgicos 5-HT2 e dopaminérgicos D2. A risperidona liga-se igualmente aos receptores alfa-1 adrenérgicos e, com menor afinidade, aos receptores histaminérgicos H1 e adrenérgicos alfa2. Arisperidona não tem afinidade pelos receptores colinérgicos. Efeitos adversos Falta de sono, agitação, ansiedade e dor de cabeça. Em raros casos: sonolência, cansaço, dificuldade de concentração, visão borrada, tontura, indigestão, náusea, vômito, dor abdominal, prisão de ventre, distúrbios da potência sexual, obstrução nasal e perda de urina (incontinência urinária). Entre outras: Infecção do trato urinário, Diminuição do apetite, Distúrbios Oftalmológicos, Rinorreia, Inchaço articular, entre outros. Efeitos adverso: efeitos neurológicos Distonia aguda (espasmos musculares): sintomas - espasmos musculares na face, pescoço, língua, costas, crises oculogíricas, risco máximo 1-5 dias, tratamento - fármacos anti-parkinsonianos. Acatisia (síndrome psicomotora que se manifesta pela impossibilidade de estar parado, sentado): sintomas - sensação subjetiva de aflição e desconforto, necessidade de ficar em movimento, risco máximo 5-60 dias. Tratamento: redução da dose, anti-parkinsonianos, benzodiazepínicos e propranolol. Parkinsonismo (tremor, hipocinesia, rigidez e instabilidade postural):sintomas – acinesia (imobilidade), rigidez muscular, máscara facial, marcha arrastada, risco máximo 5-30 dias, incidência 15 % dos pacientes. Tratamento: ajuste da dose, fármacos anti- parkinsonianos. Síndrome neuroléptica maligna (10% mortalidade): sintomas - catatonia, estupor, febre, pressão arterial instável, aumento da creatinina quinase (lesão muscular). Tratamento: suspender o fármaco, tratamento de suporte, dantrolene e bromocriptina. Tremor perioral: variante tardia do parkinsonismo Tratamento: fármacos anti-parkinsonianos. Discinesia tardia (movimentos repetitivos involuntários): prevalência 15-35%. Sintomas: movimentos coreifórmes rápidos, involuntários e repetitivos da face, olhos, boca, língua, tronco e extremidades, posturas distônicas sustentadas. Prevenção é utilizar a dose mínima, tempo de tratamento adequado, uso de atípicos. Tratamento: suspensão do fármaco, fármacos anti - parkinsonianos agravam. Fármacos antidiabéticos Escolha do agente antidiabético: Estado geral e idade do paciente; Obesidade; Comorbidades presentes (complicações do diabetes ou outras), principalmente doença renal crônica diabética e doença cardiovascular; Valores das glicemias de jejum e pós-prandial, bem como HbA1c; Eficácia do medicamento; Risco de hipoglicemia; Possíveis interações com outros medicamentos, reações adversas e contraindicações; Custo do medicamento; Preferência do paciente. São medicamentos que reduzem a glicemia, a fim de mantê-la em níveis normais (em jejum < 100 mg/dL – mais sensível - e pós-prandial < 140 mg/dL – demora até 3 meses para mudar). De acordo com o mecanismo de ação principal, os antidiabéticos podem ser agrupados do seguinte modo: aqueles que incrementam a secreção pancreática de insulina (sulfonilureias e glinidas); os que reduzem a velocidade de absorção de glicídios (inibidores das alfaglicosidases); os que diminuem a produção hepática de glicose (biguanidas); e/ou os que aumentam a utilização periférica de glicose (glitazonas); aqueles que exercem efeito incretínico (fazem a modulação dos hormônios) mediado pelos hormônios GLP-1 (peptídio semelhante a glucagon 1, glucagon-like peptide-1) e GIP (peptídio inibidor gástrico, gastric inhibitory polypeptide). Com finalidade prática, os antidiabéticos são classificados em quatro categorias: Os que aumentam a secreção de insulina (hipoglicemiantes); Os que não aumentam a secreção de insulina (anti- hiperglicemiantes); Os que aumentam a secreção de insulina de maneira dependente da glicose, além de promover a supressão do glucagon; Os que promovem glicosúria (sem relação com a secreção de insulina). Agentes que aumentam a secreção de insulina As sulfoniluréias e as glinidas (ou metiglinidas) são secretagogos de insulina. As sulfoniluréias desenvolvem uma ação hipoglicemiante mais prolongada durante todo o dia (clorpropamida, glibenclamida, gliclazida, glipizida e glimepirida) e promovem queda de 1,5 a 2% na HbA1c. Os eventos adversos mais comuns são ganhos de peso e maior frequência de hipoglicemia. Sulfonilureias A principal ação das sulfonilureias é exercida sobre as células β das ilhotas pancreáticas e consiste em aumentar a secreção de insulina. Adicionalmente a este efeito, os medicamentos, dessa classe, reduzem os níveis séricos de glucagon. Esses fármacos reduzem a glicemia em especial pelo estímulo à secreção pancreática de insulina, e requerem, portanto, células β funcionantes para que possam atuar. As sulfonilureias estão indicadas para pacientes com diabete não-obesos ou quando há perda de peso e na fase inicial da doença, visto que a evolução da doença está relacionada a uma maior disfunção das células βe, consequentemente, uma ineficácia desses fármacos. Os pacientes obesos, por sua vez, respondem mal às sulfonilureias, possivelmente como decorrência da resistência à insulina que costuma acompanhar a obesidade. Glinidas As glinidas (ou metiglinidas) são secretagogos de insulina - apresentam menor tempo de ação, cobrindo principalmente o período pós-prandial, com redução de 1% da HbA1c com a nateglinida e de 1,5 a 2% com a repaglinida. Esses fármacos apresentam a mesma ação secretagoga das sulfonilureias e com rápido início de ação; A nateglinida começa a agir após 4 minutos da sua administração e sua ação dura duas horas; A repaglinida apresenta início de ação após 10 minutos e duração da ação de 3-5horas. Reações adversas Hipoglicemia, ganho de peso, alergia, fotossensibilidade e rash cutâneo, o etanol pode intensificar a ação das SU ao provocar hipoglicemia. Aparelho digestório: gosto metálico, náuseas, vômitos, diarréia; algumas formas de anemia, como aplástica e hemolítica. Depressão da medula óssea e leucopenia, anemia e trombocitopenia. Anemia hemolítica, anormalidade da função hepática, hepatite alérgica e icterícia. Hiponatremia e intoxicação hídrica. Contra-indicações Gravidez e lactação, alergia prévia a uma sulfonamida, insuficiência renal, insuficiência hepática, hipersensibilidade às SU. Contra-indicações relativas: cirurgia, intercorrências clínicas de maior gravidade. Agentes que não aumentam a secreção de insulina Esses medicamentos associam-se a um menor risco de hipoglicemia (se usados em monoterapia), portanto podem ser utilizados desde o início da doença. Fazem parte desse grupo:- acarbose (inibidor da alfaglicosidase), metformina (biguanida), pioglitazona (tiazolidinediona ou glitazona). Biguanidas A metformina tem efeito anti-hiperglicemiante, reduzindo a produção hepática de glicose, além de ação sensibilizadora periférica mais discreta. É a primeira opção de tratamento, quando o paciente não apresenta contraindicação. Em média, a metformina reduz a HbA1c em 1,5 a 2%, mas pode promover intolerância gastrintestinal e é contraindicada na insuficiência renal grave (TFG <30 mL/min). O uso de metformina em longo prazo pode associar-se à deficiência de vitaminaB12. Dessa forma, recomenda-se a dosagem periódica dos níveis de vitamina B12 nos pacientes tratados com essa medicação, principalmente aqueles com anemia ou neuropatia periférica. Mecanismo de ação: Agem através da proteína quinase ativada por AMP(AMPK). Efeitos: Diminuem
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