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1 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Cirurgia Torácica TRAUMA TORÁCICO Introdução: O trauma torácico representa a causa de aproximadamente 25% das mortes por trauma. Aproximadamente 85% dos pacientes com trauma torácico são tratados por meio de suporte respiratório/ventilatório, analgesia e drenagem torácica e aproximadamente 15% dos pacientes necessitam de tratamento cirúrgico (toracotomia). As lesões mais comumente associadas ao trauma torácico são: - Fratura de arcos costais (62% dos casos). - Hemotórax e/ou pneumotórax (42% dos casos). - Contusão pulmonar (38% dos casos). - Lesão cardíaca (4% dos casos). - Lesão diafragmática (4% dos casos). - Lesão de grandes vasos (2% dos casos). - Lesão de árvore traqueobrônquica (0,5%). - Ruptura cardíaca (0,5%). - Ruptura esofágica (0,2%). O trauma torácico envolve mecanismos contusos e mecanismos penetrantes. A maioria dos tratamentos baseia-se em intervenções relativamente simples. O trauma torácico associa-se a alto risco de mortalidade, devido à lesão pulmonar, que causa comprometimento da oxigenação do paciente, e de morbidade, devido à hipóxia/hipoxemia, hipercapnia, acidose e choque/instabilidade hemodinâmica secundários ao trauma. Fisiopatologia: A fisiopatologia da lesão contusa caracteriza- se por lesão do parênquima pulmonar, com acúmulo de sangue no interior dos alvéolos pulmonares, o que causa diminuição das trocas gasosas e da oxigenação do paciente. O trauma contuso também causa lesão da pleura parietal, com entrada de ar na cavidade pleural, resultando em pneumotórax. A fratura de arcos costais associada à lesão contusa causa laceração da pleura parietal e, consequentemente, pneumotórax e hemotórax. A fisiopatologia da lesão penetrante caracteriza-se por penetração de ar no interior da cavidade pleural, o que causa colabamento do parênquima pulmonar, impedindo a oxigenação/ventilação eficaz. A entrada de ar na cavidade pleural causa pneumotórax hipertensivo, o que impede a expansão pulmonar e a ventilação adequada, diminui o retorno venoso, a pré- carga e, consequentemente, o débito cardíaco, resultando em choque/hipotensão arterial. O pneumotórax hipertensivo também causa desvio do mediastino, desvio da traqueia e distensão da veia jugular, diminuindo o retorno venoso, a pré-carga e, consequentemente, o débito cardíaco, resultando em choque/hipotensão arterial (choque obstrutivo). Além do pneumotórax hipertensivo, causado por penetração de ar no interior da cavidade torácica, o trauma penetrante também cursa com ruptura de vasos sanguíneos intercostais e hemorragia para o interior da cavidade pleural (hemotórax), resultando em choque/hipotensão arterial, devido ao desvio do mediastino e à compressão das estruturas mediastinais (choque obstrutivo) e também à diminuição do volume sanguíneo circulante (choque hipovolêmico). Assim como no trauma contuso, a lesão pulmonar associada ao trauma penetrante também causa hemorragia do parênquima pulmonar, com acúmulo de sangue no interior dos alvéolos pulmonares, resultando em diminuição das trocas gasosas e da oxigenação do paciente. Avaliação Clínica: Na avaliação inicial do paciente traumatizado, deve-se realizar anamnese direcionada associada a exame físico completo. Na anamnese, é importante avaliar: - Sinais e sintomas. - Alergias. - Idade do paciente. - Medicações em uso. - História médica pregressa. - Última alimentação e consumo de líquidos. 2 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 - Ambiente do trauma. - Mecanismo do trauma. Ao exame físico, deve-se avaliar a simetria do tórax, a expansibilidade torácica, a presença de lesões torácicas, a presença de desvio da traqueia, a presença de palidez cutânea e sudorese (indicativas de choque) ou de cianose (indicativa de hipóxia), a frequência respiratória, a presença de dificuldade respiratória, a presença de distensão das veias jugulares e o nível de consciência do paciente (alterado em casos de hipoxemia e/ou hipercapnia). No exame físico do tórax, deve-se realizar palpação buscando identificar a presença de pontos dolorosos e/ou de crepitação óssea (indicativa de fratura óssea), percussão buscando identificar hipotimpanismo ou macicez (indicativos de contusão pulmonar ou hemotórax) e hipertimpanismo (indicativo de pneumotórax), além de oximetria de pulso, para avaliar a saturação arterial de oxigênio (O2) do paciente, e capnografia, para avaliar a concentração de dióxido de carbono (CO2) expirado. As lesões associadas ao trauma torácico classificam-se em lesões com risco imediato de morte, que devem ser diagnosticadas e tratadas durante a avaliação primária, em lesões que apresentam risco à vida, mas que podem ser diagnosticas e tratadas durante a avaliação secundária, e em lesões torácicas que não apresentam risco de morte. As lesões torácicas com risco imediato de morte são: - Pneumotórax hipertensivo. - Pneumotórax aberto. - Hemotórax maciço. - Lesão da árvore traqueobrônquica. - Tamponamento cardíaco. Quanto aos exames complementares, a radiografia de tórax pode auxiliar na avaliação do paciente vítima de trauma torácico, adicionando dados clínicos importantes. Entretanto, o diagnóstico das lesões torácicas com risco imediato de morte deve ser clínico, não havendo tempo para aguardar o resultado do exame de imagem. Fratura de Costelas: - Representa o tipo mais comum de fratura associada ao trauma torácico. - Associa-se a traumas de alta energia. - A maioria das fraturas acomete a face lateral dos arcos costais, que é mais fina e menos protegida. - A fratura de costelas associa-se à lesão muscular, pulmonar (contusão pulmonar), pleural (pneumotórax) e/ou vascular (hemotórax). - A fratura de costelas inferiores associa-se a lesões intra-abdominais, principalmente esplênica e hepática, pois o baço e o fígado são órgãos localizados abaixo do rebordo costal à esquerda e à direita, respectivamente. - A fratura de arcos costais causa diminuição da frequência respiratória do paciente devido à dor associada à fratura, devendo ser iniciada analgesia para diminuir a dor e, assim, otimizar a ventilação e a oxigenação do paciente. Além disso, o inicio precoce de analgesia, ao possibilitar que o paciente respire adequadamente, facilita a tosse e a eliminação de secreções das vias aéreas inferiores, prevenindo o desenvolvimento de pneumonia. - Os principais achados clínicos associados à fratura de costelas são dor torácica, dispneia e crepitação óssea. - O tratamento inicial baseia-se em analgesia, incentivar o paciente a respirar profundamente e a tossir, evitar a imobilização das costelas com curativos muito apertados e, se necessário, administrar gás oxigênio (O2) ao paciente. 3 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Tórax Instável: - O tórax instável é definido como a presença de fratura em ≥ 2 locais de ≥ 2 costelas adjacentes, causando comprometimento da ventilação, devido ao movimento paradoxal dos arcos costais, e da oxigenação do paciente, devido à contusão pulmonar. - Os principais achados clínicos associados ao tórax instável são dor torácica (muito intensa), taquipneia, hipoxemia, movimento paradoxal da caixa torácica e crepitação óssea. - O tratamento inicial baseia-se em analgesia, suporte ventilatório (gás oxigênio) e monitorização da oximetria de pulso. A estabilização da região torácica instável é contraindicada. Contusão Pulmonar: - A contusão pulmonar é definida como a lesão traumática do parênquima pulmonar, caracterizada por hemorragia pulmonar e por edema pulmonar (resposta inflamatória ao trauma), resultando em diminuição das trocas gasosas e em comprometimento da oxigenação do paciente. - A contusão pulmonar é uma complicação comum e potencialmente mortal. - Os achados clínicos associados à contusão pulmonar são de dificuldade respiratória (dispneia, taquipneia,hipoxemia) e os achados da radiografia de tórax são de consolidação pulmonar (edema e/ou hemorragia pulmonar). - O tratamento inicial baseia-se em suporte ventilatório (gás oxigênio), monitorização da oximetria de pulso e da capnografia e reposição volêmica cuidadosa, devido à possibilidade de piora do edema pulmonar, com comprometimento da oxigenação do paciente. Pneumotórax: - O pneumotórax corresponde a aproximadamente 20% das lesões graves associadas ao trauma torácico. - O pneumotórax classifica-se em: → Simples: definido como a entrada de ar no espaço pleural. → Aberto: definido como o pneumotórax associado à presença de abertura (> 2/3 do diâmetro da traqueia) na parede torácica, permitindo a entrada e a saída de ar do espaço pleural. → Hipertensivo: definido como a entrada de grande quantidade de ar no espaço pleural, causando aumento da pressão intratorácica, desvio do mediastino, diminuição do retorno venoso e comprometimento da função circulatória (choque obstrutivo). Pneumotórax Simples: - Caracteriza-se por presença de dor torácica associada à presença de disfunção respiratória (dispneia, taquipneia). 4 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 - Ao exame físico, há diminuição da expansibilidade torácica do lado acometido, hipertimpanismo à percussão e diminuição ou abolição dos murmúrios vesiculares. - O tratamento inicial baseia-se em suporte ventilatório (gás oxigênio), monitorização da oximetria de pulso e da capnografia e drenagem torácica. Pneumotórax Aberto: - Comunicação entre o ar atmosférico e o espaço pleural. - A cada inspiração, há entrada de grande quantidade de ar por meio de abertura (> 2/3 do diâmetro da traqueia) na parede torácica, resultando em colabamento do parênquima pulmonar. - O pneumotórax aberto também é chamado de ferimento torácico soprante. - Os principais mecanismos de trauma associados à ocorrência de pneumotórax aberto são lesão por arma branca, lesão por arma de fogo e lesão por explosivos. - Os principais achados clínicos associados ao pneumotórax aberto são insuficiência respiratória (dispneia, taquipneia, hipoxemia, hipercapnia), ansiedade, taquicardia e ferimento na parede torácica associado à presença de ruídos de aspiração audíveis durante a inspiração e de borbulhamento audíveis durante a expiração. - O tratamento inicial baseia-se em curativo de 3 pontas e suporte ventilatório (gás oxigênio). Às vezes, há necessidade de intubação orotraqueal (IOT) e ventilação com pressão positiva. Pneumotórax Hipertensivo: - O pneumotórax hipertensivo é considerado uma emergência médica com risco iminente de morte. - Os principais fatores de risco para a ocorrência de pneumotórax hipertensivo são fratura de arcos costais, pneumotórax e ventilação com pressão positiva. - O pneumotórax hipertensivo caracteriza-se por entrada de grande quantidade de ar no espaço pleural associada a aumento da pressão intratorácica, desvio do mediastino, comprometimento da ventilação e diminuição das trocas gasosas, diminuição do retorno venoso e do débito cardíaco e choque/hipotensão arterial. - Os principais achados clínicos associados ao pneumotórax hipertensivo são dor torácica, dispneia e taquipneia graves, choque/hipotensão arterial e, em casos graves, apneia e cianose. - Ao exame físico, observa-se desvio traqueal, turgência jugular, diminuição da expansibilidade torácica do lado acometido, hipertimpanismo à percussão, ausência ou abolição dos murmúrios vesiculares, taquipneia, taquicardia e hipotensão arterial (choque obstrutivo). - O diagnóstico de pneumotórax hipertensivo é clínico! - O tratamento inicial baseia-se em toracocentese descompressiva, por meio da introdução de agulha no 2º espaço intercostal, linha hemiclavicular, do lado acometido, e suporte ventilatório (gás oxigênio). A drenagem torácica é realizada posteriormente. Hemotórax: - O hemotórax é definido como a presença de sangue no espaço pleural. 5 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 - Representa importante fonte de perda volêmica. - Apresenta os mesmos mecanismos do pneumotórax. - A hemorragia que causa o hemotórax origina-se de vasos sanguíneos intercostais, de vasos sanguíneos que irrigam os músculos da parede torácica, de vasos sanguíneos pulmonares e/ou de grandes vasos sanguíneos mediastinais. - Os principais achados clínicos associados ao hemotórax são dor torácica, dispneia e, em casos de hemotórax maciço, taquipneia, taquicardia, palidez cutânea e sudorese, confusão mental e hipotensão arterial (choque hipovolêmico + choque obstrutivo). - Ao exame físico, observa-se diminuição da expansibilidade torácica do lado acometido, macicez à percussão e ausência ou abolição dos murmúrios vesiculares. - Frequentemente, o hemotórax ocorre em associação ao pneumotórax, havendo maior risco de comprometimento cardiorrespiratório. - O tratamento inicial baseia-se em monitorização da oximetria de pulso e da capnografia, suporte ventilatório (gás oxigênio) e drenagem torácica. - Ao realizar a drenagem torácica para o tratamento do hemotórax, deve-se sempre clampear o dreno previamente à sua introdução na cavidade pleural. - O tratamento cirúrgico, por meio de toracotomia, está indicado na presença de sangramento imediato > 1.500 mL durante a drenagem torácica (hemotórax maciço) ou na presença de sangramento > 200 mL/hora por 2-4 horas. Contusão Cardíaca: - A contusão cardíaca representa a principal causa de lesão cardíaca associada ao trauma torácico. - A contusão cardíaca geralmente ocorre em casos de acidente automobilístico com impacto frontal, no qual há desaceleração abrupta e trauma do esterno e da parede torácica anterior. - O trauma torácico anterior causa aumento da pressão no interior dos ventrículos, podendo resultar em contusão miocárdica, lesão valvar e até ruptura cardíaca. - A contusão cardíaca causa disfunção miocárdica, com alteração da contratilidade cardíaca, aumentando o risco de arritmias cardíacas e de diminuição do débito cardíaco, podendo resultar em choque cardiogênico. - A contusão cardíaca também pode causar ruptura valvar, resultando em graus variáveis de choque cardiogênico e insuficiência cardíaca. A ruptura cardíaca é rara (< 1% dos casos), mas, quando ocorre, a maioria dos pacientes morre no local do trauma. - Quando há suspeita clínica de contusão cardíaca, deve-se avaliar o mecanismo do trauma, pois traumas de alto impacto associados à desaceleração abrupta aumentam a probabilidade de contusão cardíaca. - Os principais achados clínicos associados à contusão cardíaca são dor torácica, dispneia e arritmias cardíacas. 6 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 - Ao exame físico, observa-se crepitação óssea sobre o esterno, afundamento do esterno, presença de sopros cardíacos (em casos de ruptura valvar) e presença de sinais de insuficiência cardíaca aguda, como B3 e/ou B4, estertores crepitantes, turgência jugular e hipotensão arterial. - Os principais achados eletrocardiográficos são taquicardia, extrassístoles ventriculares, entre outras alterações do ritmo cardíaco. - O tratamento inicial baseia-se em administração de gás oxigênio (O2) em altas concentrações, reposição volêmica cuidadosa, monitorização cardíaca (cardiografia), administração de drogas específicas em casos de arritmia cardíaca e cirurgia. Tamponamento Cardíaco: - A lesão cardíaca secundária ao trauma torácico que causa extravasamento de sangue e acúmulo de sangue no interior do espaço pericárdico resultando em aumento da pressão intrapericárdica, diminuição do retorno venoso, diminuição do débito cardíaco e choque/hipotensão arterial é denominada tamponamento cardíaco. - O tamponamento cardíaco pode causar arritmias cardíacas fatais, como atividade elétrica sem pulso (AESP), ritmo não chocável de parada cardiorrespiratória (PCR). -Os achados clínicos associados ao tamponamento cardíaco formam a Tríade de Beck: → Bulhas cardíacas abafadas. → Estase/turgência jugular. → Choque/hipotensão arterial. - O tratamento inicial baseia-se em administração de gás oxigênio (O2), reposição volêmica e pericardiocentese descompressiva. Em pacientes hipotensos, recomenda-se realizar intubação orotraqueal (IOT) e ventilação mecânica. - A pericardiocentese, ao causar aumento das câmaras cardíacas em paciente com pré-carga baixa devido ao tamponamento cardíaco, pode resultar em baixo aporte de sangue para o coração, que bate “em seco”, aumentando o risco de choque cardiogênico. - O tratamento definitivo baseia-se em liberação do tamponamento cardíaco e em correção cirúrgica da lesão cardíaca. Ruptura Traumática de Aorta: - A ruptura traumática de aorta é rara, mas, quando ocorre, geralmente está associada a colisões automobilísticas em alta velocidade com impacto frontal ou a quedas de grandes alturas com o paciente em posição horizontal. - A localização mais comum de ruptura traumática de aorta é a região imediatamente distal à origem da artéria subclávia esquerda. - A ruptura traumática de aorta apresenta manifestações clínicas indicativas de choque hemorrágico/hipovolêmico ou, em casos de ruptura tamponada, cursa com normotensão ou até hipertensão arterial. - O diagnóstico de ruptura traumática de aorta baseia-se em realização de exame de imagem. O método de imagem padrão-ouro para o diagnóstico é a angioTC de tórax. Outros exames que podem auxiliar no diagnóstico são radiografia de tórax 7 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 (alargamento do mediastino), aortografia e ecocardiograma transesofágico. - O tratamento inicial baseia-se em administração de gás oxigênio (O2) em altas concentrações, reposição volêmica cuidadosa, controle da pressão arterial com β-bloqueadores e correção cirúrgica o mais rapidamente possível. Ruptura da Árvore Traqueobrônquica: - A ruptura da árvore traqueobrônquica é rara, mas altamente mortal. - Geralmente ocorre em casos de trauma penetrante, mas também pode ocorrer em casos de trauma contuso de alta energia. - Os achados clínicos são iguais aos do pneumotórax hipertensivo, além da presença de hemoptise. - O tratamento inicial baseia-se em suporte ventilatório (gás oxigênio) e monitorização do paciente até a realização da cirurgia. Em casos de pacientes intubados, deve-se atentar que o uso de tubo seletivo pode causar piora da lesão traqueal, pois o “gancho” do tubo pode se encaixar no local da lesão e rasgar ainda mais a parede da traqueia. - O tratamento definitivo baseia-se em correção cirúrgica da lesão na árvore traqueobrônquica. Asfixia Traumática: - A asfixia traumática caracteriza-se por comprometimento do retorno venoso da cabeça e do pescoço secundário a trauma torácico, fazendo com que o paciente apresente cianose em cabeça e pescoço. - A asfixia traumática é causada por aumento abrupto e significativo da pressão intratorácica devido a esmagamento do tronco, fazendo com que o sangue seja expulso do coração em direção à circulação venosa. Os vasos sanguíneos venosos localizados próximos da pele, extremamente congestos, rompem-se, causando extravasamento de sangue na pele, que torna-se arroxeada/azulada. - O principal achado clínico associado à asfixia traumática é a pletora em cabeça e pescoço, que pode estar associada a outras lesões secundárias ao trauma torácico, como pneumotórax, hemotórax, contusão cardíaca e contusão pulmonar. - O tratamento baseia-se em administração de gás oxigênio (O2) em altas concentrações. A coloração arroxeada/azulada desaparece após 1 semana. Ruptura de Diafragma: - A ruptura de diafragma não está associada a risco iminente de morte, mas deve ser corrigida cirurgicamente, devido ao risco de herniação e de estrangulamento de alças intestinais. - A ruptura do diafragma é causada por aumento abrupto e significativo da pressão intra-abdominal, capaz de romper a musculatura diafragmática. - A ruptura diafragmática também pode causar lesão de órgãos abdominais, que são deslocados por meio da laceração diafragmática até a cavidade torácica. - Os principais achados clínicos associados à ruptura de diafragma são dispneia, taquipneia e aumento do esforço respiratório. - Ao exame físico, observa-se diminuição dos murmúrios vesiculares, presença de ruídos hidroaéreos no tórax e abdômen escavado, devido à herniação de conteúdo abdominal em direção ao tórax. - Na radiografia de tórax, é possível observar a presença da bolha gástrica e/ou de alças intestinais na cavidade pleural. - O tratamento baseia-se em suporte ventilatório (gás oxigênio) e correção cirúrgica da ruptura diafragmática. 8 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 - Para o fechamento do diafragma, a melhor via de acesso cirúrgica geralmente é a abdominal, devido à maior facilidade de manipulação das alças intestinais.
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