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Diferença entre nulidade absoluta e nulidade relativa- Fernando Capez

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NATUREZA JURÍDICA DAS NULIDADES NO PROCESSO PENAL
Para Capez (2011, p.	693) “nulidade é um vício processual decorrente da inobservância de exigências legais capaz de invalidar o processo no todo ou em parte”.
Nulidade pode ser entendida como defeito do ato processual, ou seja, nulidade e espécie do gênero defeito do ato processual, sendo que esses defeitos dos atos processuais podem consistir em nulidades ou não. 
O processo penal visa a verificar se um determinado crime realmente ocorreu e se o agente que o praticou deve receber alguma punição, sanção que esteja previsto no Código de Processo Penal.
Enquanto ocorre essa investigação e verificação do crime, as partes e o judiciário precisam seguir os procedimentos corretos, ou seja, a acusação, a defesa e o Magistrado devem obedecer às regras do procedimento legal, as quais estão previstas no Código de Processo Penal e no Código Penal.
Todo procedimento resulta em uma Decisão Condenatória ou Absolutória, de acordo com as regras, o Estado garante um julgamento justo para ambas as partes, para que todos os atos processuais sejam realizados de forma correta, que tenham todas as garantias processuais e Constitucionais, que foram aplicadas ao processo legal.
Portanto, toda vez que um ato processual não for realizado de acordo com a Lei, o mesmo deverá ser analisado, para verificar se apresentar algum tipo de vício ou defeito, que possa ocasionar alguma Nulidade, em relação daquele determinado ato.
Para o autor “embora o Código de Processo Penal seja confuso e assistemático a respeito do tema “nulidades”, é possível tentar estabelecer padrões de comparação entre os vícios processuais, de acordo com a sua relevância, intensidade e repercussão para o processo.” (CAPEZ, 2011, p. 693)
DIFERENCIAÇÃO ENTRE NULIDADE ABSOLUTA E RELATIVA
Há quatro espécies de defeitos ou vícios do ato Processual Penal que podem invalidar o processo em todo ou em parte, sendo elas: Irregularidade; Nulidade Relativa; Nulidade Absoluta e Inexistência. 
Para que seja verificada, pormenorizadamente acerca da Nulidade Absoluta e Relativa, preliminarmente, deve-se verificar o que é cada uma delas, para depois adentrar em suas diferenciações.
A Nulidade Absoluta é um vício que não afeta a existência do ato, ou seja, o ato chega a existir, o problema não se encontra em sua existência, este ato existe, porém ele não é válido. Trata-se de um defeito gravíssimo, sendo este vício tão grave que é uma nulidade, a qual se torna absoluta, neste caso diz respeito ao interesse de Ordem Pública.
 	Já a Nulidade Relativa também é um defeito que afeta a validade do ato, do mesmo modo que a Nulidade Absoluta não diz respeito a sua existência, mas sim a sua validade. Trata-se de um vício que prejudica muito mais o interesse de uma das partes, do que o interesse da Ordem Pública, então é uma nulidade, mas relativa e não absoluta.
Na Nulidade Absoluta e Relativa, o ato existe e reúne requisitos e condições para sua existência, ou seja, é um ato processual. Depois de verificar acerca de sua existência, cabe analisar se existe a validade, uma vez que o plano existe, será ele válido, inválido ou nulo. 
Destaca-se que na Nulidade Absoluta o ato existiu, porém não é válido, é nulo, só que esta nulidade é absoluta, pois o defeito que contaminou a nulidade do ato, é um defeito de tamanha gravidade que, viola o interesse de Ordem Pública, o interesse generalizado de todos, ocorre uma afronta direta e imediata ao texto Constitucional. Há uma violação aos Princípios Constitucionais no Processo Penal, há um desrespeito a Ampla Defesa; ao Contraditório; ao Princípio do Juiz ou Promotor Natural; ao Princípio da Publicidade; Princípio do Duplo Grau de Jurisdição; etc.
Como se trata de uma nulidade tão grave, afrontando diretamente ao texto Constitucional, violando os Princípios Constitucionais do Processo Penal, bem como atingindo ao interesse de Ordem Pública, que está acima do interesse das partes. Poderá haver o reconhecimento de ofício pelo Juiz a qualquer momento, ela não preclui, e não precisará ser alegada por nenhuma das partes.
Se em meio ao processo ocorreu uma nulidade absoluta e não houve manifestação, após ocorrido o Trânsito em Julgado, só seria possível ingressar com uma Revisão Criminal se fosse para beneficiar o acusado e não para prejudicá-lo, somente neste caso a Revisional poderia anular o processo, pois não existe Revisão Criminal pró societate, ou seja, contra o acusado e em favor da sociedade.
SÚMULA 160 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – “É nula a decisão do tribunal que acolhe contra os interesses do réu, nulidade não arguida no recurso da acusação”.
Em relação a súmula supracitada, a Doutrina e a Jurisprudência, têm entendido que, caberá tanto para a nulidade absoluta, bem como para nulidade relativa. Diante desta súmula, verifica-se que tal nulidade não poderá ser reconhecida de ofício pelo Tribunal, se esta nulidade vier a prejudicar o réu.
Verifica-se então, que na Nulidade Absoluta, o ato existe, mas trata-se de um vício que afeta sua validade, sendo ele tão grave que afeta a Ordem Pública, afrontando diretamente o texto Constitucional, consequentemente afetando diretamente os Princípios Constitucionais do Processo Penal. O prejuízo é presumido, não precisará ser comprovado, tampouco demonstrado. O vício não precisa ser arguido, haja vista que não preclui, poderá ser conhecido de ofício pelo Juiz a qualquer momento, tendo como exceção, aquele supramencionado na Súmula 160 do STF (Supremo Tribunal Federal), que não poderá ser conhecida de ofício pelo Tribunal se resultar em prejuízo ao acusado, neste caso deve ser alegado pela acusação, em seu recurso.
Na Nulidade Relativa o ato que existe, assim como na Nulidade Absoluta, afeta a sua validade, porém este vício não diz respeito a interesse de Ordem Pública, mas sim decorre da inobservância de uma regra estabelecida, ou seja, é mais o interesse das partes do que de Ordem Pública. 
Este tipo de nulidade possui os seguintes requisitos, quais sejam: O ato existe; o vício afeta sua validade; diz respeito ao interesse predominante das partes e não do interesse de Ordem Pública; o vício não decorre de um desrespeito direto ao texto Constitucional, mas sim de ordenamento infraconstitucional apenas.
Trata-se de um vício decorrente da inobservância de uma regra infraconstitucional, haja vista que, se trata de interesse das partes, a nulidade relativa não poderá ser conhecida de ofício pelo Juiz, ela deverá ser arguida pela parte interessada em momento determinado, ou seja, se não for arguida na primeira oportunidade, neste caso haverá a preclusão e não poderá mais ser alegada a respectiva nulidade, sendo então o vício sanado, a invalidade será convalidada. E ainda, para que seja acolhida a nulidade relativa, deverá ser demonstrado o prejuízo, caso contrário, não haverá a nulidade.
Tabela 1. Quadro Comparativo Dos Vícios Processuais.
	NULIDADE RELATIVA
	NULIDADE ABSOLUTA
	O vício provém da violação a uma regra legal.
	O vício provém de uma violação direta ao Texto Constitucional.
	A formalidade desatendida tem índole infraconstitucional.
	Decorre sempre de uma ofensa a princípio constitucional do processo penal, como por exemplo: Contraditório; Ampla Defesa; Juiz natural; Motivação das Decisões Judiciais, etc.
Obs.: no caso da ampla defesa, há uma exceção, uma vez que nem toda violação a este princípio leva à nulidade absoluta, pois, de acordo com a Súmula 523 do STF, a mera deficiência de defesa causa nulidade relativa, somente a sua absoluta falta é capaz de acarretar a nulidade absoluta.
	A desobediência, portanto, não se volta contra a Constituição, mas contra regra meramente legal.
	O vício independe da parte sentir-se ou não prejudicada, pois há um interesse maior em jogo, que é o do respeito às normas constitucionais.
	A formalidade visa garantir um interesse predominante das partes.
	O prejuízo sempre existe, pois a norma violada é de ordem pública.
	O interesse violado é predominante da parte, devendo esta comprovar o efetivoprejuízo.
	O interesse violado é de ordem pública, sendo o prejuízo presumido.
	Como a formalidade visa garantir o interesse da parte, é possível que do desatendimento decorra algum prejuízo.
Assim, enquanto na irregularidade o prejuízo é impossível, na nulidade relativa, este poderá ou não ocorrer.
	Desatendido princípio constitucional do devido processo legal, sempre haverá prejuízo.
	Considerando a possibilidade do prejuízo ocorrer ou não, a consequência lógica é a de que esta espécie de nulidade somente será reconhecida se a parte comprovar a ocorrência do efetivo prejuízo.
	Como se trata de matéria de ordem pública, o prejuízo é presumido, e não depende de prova de sua ocorrência; a ofensa a princípio constitucional sempre traz prejuízo, já que foi violada uma garantia fundamental.
	Como o interesse violado pertence à parte, não sendo de ordem pública, o vício deverá por ela ser arguido, na primeira oportunidade, sob pena de preclusão.
	O vício jamais preclui, podendo ser conhecido em qualquer fase do processo, de ofício pelo juiz, mesmo que não haja arguição da parte. A exceção é o disposto no enunciado da Súmula 160 do STF, pela qual o tribunal não pode conhecer de ofício contra o réu nulidade não arguida no recurso da acusação, exceto o vício da incompetência absoluta.
	A nulidade relativa necessita de um provimento judicial que a reconheça. Assim, enquanto o órgão jurisdicional não disser que o ato é nulo, ele valerá. A relevância disto é que, após o trânsito em julgado, nenhuma nulidade poderá ser reconhecida em prejuízo do réu, pois não existe revisão criminal pro societate.
	A nulidade absoluta precisa de um provimento judicial que a reconheça, logo, a consequência será a mesma apontada no quadro ao lado, referente à nulidade relativa.
Fonte: CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 19 Ed. São Paulo. Saraiva, 2012.
TRATAMENTO LEGISLATIVO, SÚMULAS E EXEMPLOS JURISPRUDENCIAIS
A inquirição das testemunhas pelo Juiz antes que seja oportunizada às partes a formulação das perguntas, com a inversão da ordem prevista no art. 212 do Código de Processo Penal, constitui nulidade relativa. Julgado:
RECURSO ESPECIAL. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. TESTEMUNHA. INQUIRIÇÃO DIRETA PELO MAGISTRADO. ART. 212 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. NULIDADE RELATIVA. NÃO OCORRÊNCIA DE PREJUÍZO PARA A PARTE. 1. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, a nulidade referente à incorreta aplicação do art. 212, do CPP é relativa, demandando comprovação do prejuízo na primeira oportunidade em que a parte falar nos autos. 2. Ainda que não observada a ordem de formulação das perguntas às testemunhas, consoante preconizado no art. 212 do CPP, porque iniciada a inquirição pelo próprio magistrado, deveriam as partes interessadas arguir a irregularidade em momento oportuno, sob pena de preclusão. 3. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 1690814 RJ 2017/0208530-3, Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de Julgamento: 26/06/2018, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/08/2018)
Na hipótese dos autos, a defesa não alegou, oportunamente, nenhuma contrariedade aos quesitos. Verifica-se, portanto, que a questão está prejudicada em razão da preclusão, veja a ementa seguir: Julgado: 
PROCESSUAL PENAL. DOSIMETRIA. COMPENSAÇÃO DA REINCIDÊNCIA COM A CONFISSÃO ESPONTÂNEA. QUESTÃO NÃO DECIDIDA NO ACÓRDÃO TIDO COMO COATOR. NÃO CONHECIMENTO SOB PENA DE INDEVIDA SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. QUESITOS. NULIDADE. INÉRCIA DA DEFESA EM PLENÁRIO. PRECLUSÃO DO TEMA. CONSUNÇÃO DO CRIME DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO PELO HOMICÍDIO. AUSÊNCIA. DEMONSTRAÇÃO PELO ACÓRDÃO ATACADO. 1 - Não decidida pelo acórdão tido como coator a questão da compensação da reincidência com a confissão espontânea, não merece, nesta via, conhecimento, sob pena de indevida supressão de instância. 2 - Eventual nulidade dos quesitos deve ser suscitada no momento oportuno, ou seja, logo depois de lidos, ainda em plenário do Júri. Não o fazendo a defesa, a matéria está preclusa. 3 - A relação consultiva, como cediço, é aferida através de uma análise de continente e conteúdo, é dizer, deve haver um crime fim dentro de um contexto fático uno a indicar a prática de um crime meio como graduação necessária ao cometimento daquele. 4 - No caso concreto, conforme fixado pelo acórdão da apelação, no qual devidamente analisados os fatos e as provas, o porte da arma de fogo não visava, unicamente, a prática do crime contra a vida. 5 - Impetração conhecida em parte e, nesta extensão, denegada a ordem. (STJ - HC: 448097 SC 2018/0101511-0, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 07/08/2018, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 14/08/2018)
As irregularidades relativas ao reconhecimento pessoal do acusado não ensejam nulidade, uma vez que as formalidades previstas no art. 226 do CPP são meras recomendações legais. Julgado:
AgRg no AgRg no AREsp 728455/SC, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 28/06/2016, DJe 03/08/2016; HC 346058/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 21/06/2016, DJe 30/06/2016; AgRg no REsp 1434538/AC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 02/06/2016, DJe 15/06/2016; AgRg no AREsp 837171/MA, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 12/04/2016, DJe 20/04/2016; AgRg no AREsp 642866/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2015, DJe 01/02/2016; HC 198846/DF, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 27/10/2015, DJe 16/11/2015.
A ausência de intimação da defesa sobre a expedição de precatória para oitiva de testemunha é causa de nulidade relativa. Julgado:
HC 345949/RS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 28/06/2016, DJe 01/08/2016; HC 340327/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 03/03/2016, DJe 10/03/2016; HC 146374/MT, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 01/03/2016, DJe 09/03/2016; AgRg no AREsp 700925/PR, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 15/12/2015, DJe 02/02/2016; HC 310014/RJ, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 22/09/2015, DJe 29/09/2015. (VIDE INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA N. 479) (VIDE SÚMULA 155/STF) 7
A falta de comunicação ao acusado sobre o direito de permanecer em silêncio é causa de nulidade relativa, cujo reconhecimento depende da comprovação do prejuízo. Julgado:
É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção (Súmula n. 706/STF). Julgado:
HC 305387/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2016, DJe 24/08/2016; HC 301757/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 07/06/2016, DJe 13/06/2016; HC 264140/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 26/04/2016, DJe 02/05/2016; HC 207983/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 20/10/2015, DJe 06/11/2015; HC 261664/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 15/09/2015, DJe 30/09/2015; HC 294628/AM, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 18/11/2014, DJe 27/11/2014.
As irregularidades relativas ao reconhecimento pessoal do acusado não ensejam nulidade, uma vez que as formalidades previstas no art. 226 do CPP são meras recomendações legais. Julgado:
AgRg no AgRg no AREsp 728455/SC, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 28/06/2016, DJe 03/08/2016; HC 346058/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 21/06/2016, DJe 30/06/2016; AgRg no REsp 1434538/AC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 02/06/2016, DJe 15/06/2016; AgRg no AREsp 837171/MA, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 12/04/2016, DJe 20/04/2016; AgRg no AREsp 642866/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2015, DJe 01/02/2016; HC 198846/DF, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 27/10/2015, DJe 16/11/2015.
SÚMULASDO STF ACERCA DA NULIDADES
SÚMULA 155: “É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha”
SÚMULA 156: “É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório”.
SÚMULA 160: “É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício”.
SÚMULA 162: “É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes”.
SÚMULA 206: “É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou em julgamento anterior do mesmo processo”.
SÚMULA 351: “É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição”.
SÚMULA 352: “Não é nulo o processo penal por falta de nomeação de curador ao réu menor que teve a assistência de defensor dativo”.
SÚMULA 366: “Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia”.
SÚMULA 431: “É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus”.
SÚMULA 523: “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só́ o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.
SÚMULA 564: “A ausência de fundamentação de despacho de recebimento de denúncia por crime falimentar enseja nulidade processual, salvo se já houver sentença condenatória”.
SÚMULA 706: “É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção”.
PREJUÍZO EFETIVO
	Ao analisar as Nulidades no Processo Penal, no que diz respeito as espécies de defeitos ou vícios, preliminarmente, verifica-se acerca da existência ou não de seu Prejuízo Efetivo, caso seja acolhido em decisão judicial.
	No entendimento de Fernando Capez, na Irregularidade, seu desatendimento é incapaz de gerar quaisquer prejuízos as partes; já na Nulidade Relativa existe a possibilidade de ocorrência de prejuízo, porém, para que tal nulidade seja acolhida pelo Magistrado, há a necessidade de comprovar a ocorrência do efetivo prejuízo, já que segundo Fernando Capez, pode ou não ocorrer. No caso de Nulidade Absoluta, pode ser reconhecida ex officio, seu prejuízo é presumido, portanto não precisa ser comprovado.
	Insta salientar acerca da exceção que traz a Súmula 160 do STF, a qual proíbe o Tribunal reconhecer de ofício eventuais nulidades, tanto absolutas quanto relativas, em prejuízo ao réu.
	E por fim, no que diz respeito a nulidade com base na Inexistência, não poderá violar a garantia da coisa julgada, se trouxer prejuízo ao réu, isto dentro do entendimento de Grinover, Scarance e Magalhães, conforme mencionado por Fernando Capez.
Apenas uma ressalva acerca da Nulidade Absoluta, a qual encontra-se estabelecida na Súmula 523 do STF, a falta de defesa ao réu, notoriamente, viola um princípio Constitucional, subentende-se que é matéria de nulidade absoluta. Todavia, neste caso, só haverá anulação, caso seja comprovado o prejuízo ao acusado, ou seja, se não houver prova do prejuízo, o vício será sanado. Porém, destaca-se, no que diz respeito a matéria de nulidade absoluta, não há preclusão e poderá ser verificada a qualquer momento.
SÚMULA 523: “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só́ o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.
QUANDO PRECISA SER DEMONSTRADO
	Sob prisma do processualista Fernando Capez, será necessário a demonstração do Prejuízo Efetivo quando se tratar de Nulidade Relativa, haja vista que, se trata de vício infraconstitucional e deverá ser arguido exclusivamente pela parte interessada, como não poderá ser declarado de ofício, o vício não é presumido, como ocorre com a Nulidade Absoluta, portanto, se não demonstrado Prejuízo Efetivo, o pleito da Nulidade Relativa não será acolhido, somente se houver a comprovação pertinente.
	Insta salientar acerca do Princípio do Prejuízo, o qual tem como base o artigo 563 do Código de Processo Penal para qual, “nenhum ato processual será declarado nulo, se dá nulidade não tiver resultado prejuízo para uma das partes” (pas de nullité sans grief). A respeito deste Princípio, diz o autor:
Esse princípio não se aplica à nulidade absoluta, na qual o prejuízo é presumido, sendo desnecessária a sua demonstração. Somente quanto às nulidades relativas aplica-se este princípio, dada a exigência de comprovação do efetivo prejuízo para o vício ser reconhecido. Atualmente, a tendência da jurisprudência é não se apegar a fórmulas sacramentais, deixando, portanto, de decretar a eiva quando o ato acaba atingindo a sua finalidade, sem causar gravame para as partes. (CAPEZ, 2011, p. 700)
Segundo Fernando Capez, a ocorrência da nulidade relativa, não resultará na nulidade do ato ou do processo. O prejuízo é relativo, ou seja, deverá ser comprovado pela parte que sofreu. O ato só será invalidado se comprovado e reconhecido judicialmente. Sendo assim, alguns atos viciados serão capazes de serem saneados, cabendo análise do juízo, tão somente se houver arguição pela parte interessada. As nulidades relativas têm momento certo para serem arguidas, conforme elencado no artigo 571 do Código de Processo Penal, todavia, se não houver a manifestação da parte interessada no momento oportuno, o vício será convalidado, conforme adentra o Princípio da Convalidação.
No Princípio da Convalidação é tratado especificamente sobre nulidade relativa, tendo em vista que, conforme apontado pelo Capez, se a respectiva nulidade, acerca de matéria infraconstitucional, não for alegada pela parte interessada no momento correto, ela será convalidada, ou seja, se tornará um ato válido e em razão da preclusão, não será possível arguir em momento posterior, conforme estabelecido no artigo 572, inciso I, do Código de Processo Penal.
Tabela 2. Quadro Comparativo Dos Vícios Processuais
	IRREGULARIDADE
	NULIDADE RELATIVA
	NULIDADE ABSOLUTA
	INEXISTÊNCIA
	O prejuízo é impossível, já que a formalidade era irrelevante.
	O interesse violado é predominante da parte, devendo esta comprovar o efetivo prejuízo.
	O interesse violado é de ordem pública, sendo o prejuízo presumido.
	Eventualmente, a aparência do ato pode gerar algum prejuízo, até que se perceba que na realidade nada existe.
Fonte: CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 19 Ed. São Paulo. Saraiva, 2012.
COMO PROVAR
	À luz da nossa legislação, a arguição da Nulidade Relativa, deve ser alegada em momento oportuno, seguindo o rol do artigo 571 do Código de Processo Penal. Apesar da previsão legal acerca das nulidades, bem como de inúmeras doutrinas que tratam acerca da Nulidade Relativa, a maior dificuldade está em comprovar o Prejuízo Efetivo, no sentido de que houve o real prejuízo.
Em meio as pesquisas Jurisprudenciais, a maioria dos recursos foram improvidos. Tendo em vista, que a legislação não é específica para apontar em como de fato seria comprovado o vício, a tal ponto de ser provido o pleito da parte interessada, acerca do prejuízo infraconstitucional. 
Diante destas ponderações, promovemos a realização de pesquisas Jurisprudenciais, oportunidade em que fora localizada uma decisão do STJ, para qual deu provimento a Nulidade Relativa, no HC 92.163-MS, houve o convencimento do Prejuízo Efetivo, na qual a comprovação se deu através do fato ocorrido, sendo arguido no momento oportuno, com fulcro nos artigos 563 e 571, I do Código de Processo Penal.
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. INSTRUÇÃO CRIMINAL. INVERSÃO DO PROCEDIMENTO DO ART. 411 DO CPP. INTERROGATÓRIOS REALIZADOS ANTES DA OITIVA DE TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO. NULIDADE RELATIVA. INOVAÇÃO DOS FATOS. PREJUÍZO DEMONSTRADO. NULIDADE RECONHECIDA. PRISÃO PREVENTIVA CONCRETAMENTE FUNDAMENTADA. EXCESSO DE PRAZO DA PRISÃO NÃO CONFIGURADO. RECURSO PROVIDO EM PARTE.
“A inobservânciados procedimentos de instrução criminal de competência do Tribunal do Júri configura nulidade relativa, sendo necessária a demonstração de efetivo prejuízo para o seu reconhecimento (arts. 563 e 571, I, CPP).
Observa-se, no entanto, que na hipótese dos autos não foi oportunizado aos acusados se pronunciarem sobre os novos fatos decorrentes do depoimento da testemunha de acusação, realizado quase um ano após o interrogatório dos recorrentes, de sorte que é possível identificar o alegado prejuízo à defesa, o que justifica a realização de novos interrogatórios.”
“Ante o exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso em habeas corpus, para reconhecer a nulidade arguida e deferir a realização de novos interrogatórios dos recorrentes, com recomendação de celeridade no julgamento da ação penal n. 0001132-70.2015.8.12.0030/MS.” 
(STJ, 6ª T., HC 92.163-MS, rel. Min. Nefi Cordeiro, v. u., DJe, 29 jun. 2018).
Já no caso infra, além de não ser realizada a manifestação no primeiro momento, também não houve convencimento plausível aos Magistrados, a tal ponto de lograr êxito em demonstrar o prejuízo. Em razão de tal fato, não houve a anulação do ato e o vício fora sanado.
RECURSO ESPECIAL. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. TESTEMUNHA. INQUIRIÇÃO DIRETA PELO MAGISTRADO. ART. 212 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. NULIDADE RELATIVA. NÃO OCORRÊNCIA DE PREJUÍZO PARA A PARTE.
“Na espécie, colhe-se do acórdão recorrido que a defesa não demonstrou o efetivo prejuízo suportado em razão da inversão da ordem de inquirição das testemunhas pelo Juízo singular. 
Nesse contexto deve ser acolhida a tese da acusação, no sentido de afastar a nulidade da audiência. 
Ademais, em se tratando de eventual ocorrência de nulidade relativa, a arguição deve ser feita em momento oportuno, sob pena de preclusão, o que não ocorreu no caso dos autos.”
(STJ, 6ª T., RHC 92.163-MS, rel. Min. Nefi Cordeiro, v. u., DJe, 29 jun. 2018).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 19 Ed. São Paulo. Saraiva, 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 24 Ed. São Paulo. Saraiva, 2017.

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