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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Afecções de esôfago e estômago na pediatria ESÔFAGO Estreitamentos fisiológicos locais onde corpos estranhos ficam presos. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C AFECÇÕES DO ESÔFAGO: 1. Atresia esofágica e Fístulas traqueoesofágicas congênitas 1:2500 a 3000 nascidos vivos. 1,26 meninos: 1 menina. Anomalias cromossômicas 6-10%. Anomalias associadas (AE Sindrômica) – VACTREL: Se eu tiver uma das malformações, eu devo pesquisar as outras (pois são da mesma linhagem embrionária): - Vertebral. - Anorretal (ex: ânus imperfurado). - Cardíaca. - Traqueoesofágica (atresia com ou sem fístula). - Renal (ex: rim único). - Membros ou Extremidades. Classificação de Gross Mais comum é o tipo C (atresia esofágica com fístula traqueoesofágica distal – 85%). DIAGNÓSTICO: Pré-natal: - USG Polidrâmnio (feto na barriga engole o líquido amniótico, com a atresia ele não consegue engolir, por isso aumenta a quantidade de líquido); Bolha gástrica ausente ou pequena; Estômago pequeno e esôfago cervical dilatado. - RNM Não visualização do esôfago torácico. Pós-natal: Se for constatado polidrâmnio durante a gravidez, deve ser realizada a passagem de uma sonda ou cateter no estômago para avaliar a permeabilidade do esôfago. - Testar permeabilidade esofágica com sonda, quando houver polidrâmnio e VACTREL (múltiplas más formações que andam juntas). - Acúmulo de saliva boca/esôfago proximal (suspender dieta oral). - RX de tórax com sonda 10 fr Identifica atresia e dá ideia do tamanho do coto. - RX com esôfago dilatado por ar Presença de ar no estômago significa fístula distal; Ausência de ar AE sem fístula distal (associação com long-gap – tipo A da classificação de Gross). - Dúvida diagnóstica: RX com pouco contraste (cuidado com o contraste, risco de aspiração). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Com fistula traqueoesofágica ar para baixo. Sem fistula sem ar para baixo. EXAMES COMPLEMENTARES: Ecocardiografia antes da cirurgia OBRIGATÓRIA analisar malformações cardíacas. TRATAMENTO PRÉ-OPERATÓRIO: Serviço terciário: UTI NEO + CIPE. SOG 10fr (sonda de grosso calibre ) em esôfago proximal com aspiração contínua (de Venturi). Decúbito lateral e com cabeceira elevada. Bom acesso vascular. Monitorização contínua. IOT + VM se desconforto respiratório. Ventilação baixa pressão e alta frequência (evita distensão gástrica). Ligadura da fístula com reparação primária retardada (pois pode escapar muito ar para o estômago). Gastrostomia de emergência com descompressão gástrica se muito instável (abertura no estômago para tentar retirar o ar que escapa pela fistula). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Aspirar a saliva para evitar que a criança broncoaspire (o soro pingando continuamente forma um sistema à vácuo, que estimula a aspiração da secreção salivar pela sonda orogástrica). Deixar assim até que a cirurgia de correção seja realizada. CORREÇÃO CIRÚRGICA: VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C AE sem fístula (tipo A de Gross) – TRATAMENTO: Gastrostomia dupla para descompressão e alimentação Estômago pequeno. Reconstrução esofágica: - Comprimento. - Distância entre os cotos (a partir de 2 corpos vertebrais é considerado long-gap, distância grande entre os cotos que não permite que sejam unidos) Estudo contrastado / Toracoscopia (ideal). - Algumas semanas a 3 meses. - Manter com aspiração contínua do coto proximal. Evitar esofagostomia cervical. Técnicas de alongamento esofágico. Substituição esofágica. AE - TRATAMENTO PÓS-OPERATÓRIO: VM + Relaxamento muscular 5 dias (anastomose com tensão). Drenagem torácica (opcional). Alimentação precoce com SOG. COMPLICAÇÕES: Fístula anastomótica. Deiscência (sutura abre) da anastomose esofageana. Estenose anastomótica (mais comum). Recidiva da fístula traqueoesofágica Tosse durante alimentação, Apnéia, Episódios de cianose, Infecções respiratórias repetidas. Traqueomalácia Normalmente na região da fístula, por deficiência do anel traqueal colaba. Distúrbio peristáltico. RGE. Ca Esofágico (por conta do refluxo). Disfunção da corda vocal (lesão do laríngeo recorrente). Morbidade respiratória. Morbidades relacionada a toracotomia. 2. Doença do RGE O RGE é frequente em RN e lactentes. 60-65% com resolução espontânea aos 2 anos (sem tratamento). É considerado patológico quando: Desnutrição significativa, Crescimento inadequado (consumo calórico ineficiente), Complicações respiratórias, Risco à vida Precisa de intervenção clínica e/ou cirúrgica. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C FISIOPATOLOGIA: Incompetência das barreiras antirrefluxo. Passagem do conteúdo gástrico para o esôfago: - Ânsia de vômito – Aumento espasticidade – Aumento pressão abdominal. - Deglutição deficiente – Engasgos/Sufocação – Aumento intermitente da pressão abdominal. - Desenvolvimento de hérnia de hiato (não tem ângulo de His) – Predispõe mais à DRGE. DRGE – esofagite com inflamação crônica – úlcera – cicatriz e estenose. ANOMALIAS CONGÊNITAS QUE PREDISPÕEM À DREG: Atresia esofágica com ou sem fístula Peristaltismo anormal / EEI incompetente. Atresias duodenais e do intestino delgado proximal. Hérnia diafragmática congênita Anormalidades anatômicas do hiato e do esôfago. Gastrosquise / Onfalocele. CONSEQUÊNCIAS DO REFLUXO: Esofagite erosiva. Estenose. Esôfago de Barrett (pré-maligna) Epitélio escamoso substituído por colunar com metaplasia. Complicações pulmonares Doença reativa das vias aéreas; Pneumonia. Desnutrição (incapacidade de manter ingesta calórica adequada). Episódios de apnéia (crises com risco à vida). CLÍNICA: Variável (Idade / Estado geral do paciente) . Regurgitação persistente (mais comum). Irritabilidade / Choro apesar de consolo (causada pela dor – refluxato ácido). Dor retrosternal / Pirose (mais velhos). Disfagia (suspeitar de estenose e distúrbio de motilidade esofágica por inflamação). Sintomas obstrutivos e dor (estenose). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Sintomas respiratórios Tosse crônica, Sibilância, Sufocação, Apneia, Síndrome da morte súbita do lactente, Bronquite / pneumonia (pela aspiração do refluxato), Laringoespasmo / broncoespasmo (estímulo pela acidificação da mucosa) – apneia ou sufocação (confunde com asma). Hemorragia (incomum) Enterorragia ou melena. DIAGNÓSTICO: História clínica (determinar necessidade de terapia avaliar se é patológico). EED (esôfago-estômago-duoenografia = raio-x com contraste) Determina anatomia do esôfago e JEG, clareamento do esôfago e motilidade esofágica e gástrica). Exame necessário para operar o paciente! Phmetria 24hs (GS) – não indicado para casos não complicados. Manometria esofágica (raro uso pediátrico). EDA (ocasionalmente necessária, quando há complicações). TRATAMENTO: Individualizado. Considera Idade, Informações anatômicas e Intensidade da doença e ambiente social. Tratamento não operatório é a terapia inicial na maioria. Tratamento clínico ou Tratamento cirúrgico. TRATAMENTO CLÍNICO: Medidas posturais e alimentação: - Redução do volume das mamadeiras (sem privação calórica). - Dieta pobre em gordura. - Exclusão de chocolate, café, chá, bebidas gaseificadas e pratos condimentados. - Posição semiereta sentada (aproximadamente 45°). Terapia farmacológica: - Se persistir sintomas apesar de medida postural e dietética. - Aumento do peristaltismo esofágico, pressão do EEI, esvaziamento gástrico e diminuam a produção gástrica de ácido. - Procinéticos: cisaprida e metoclopramida não são seguros. - Redução da acidez: antagonistas dos receptores histamina-2 (ranitidina) ou IBPs (omeprazolna esofagite intensa e casos refratários). TRATAMENTO CIRÚRGICO: Após falha do tratamento clínico Crescimento insatisfatório (atraso do crescimento ou falta de ganho de peso apropriado). Esôfago de Barrett e estenose. Hérnia de hiato. Fundoplicatura Nissen (pontos no pilar do diafragma, aproxima e fecha o hiato onde o esôfago passa; passar o fundo gástrico por trás do esôfago e sutura; fundo gástrico “abraça” o esôfago). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Gastrostomia. 3. Lesão esofágica por Corpo estranho CE mais frequente: Moeda. Risco de lesão grave Bateria botão (perfuração menos 6 horas). 10-20% complicações Fístula aorto-esofágica; Perfuração; Estenose esofágica; Fístula traqueoesofágica; Dificuldade respiratória. Locais de estreitamento fisiológico do esôfago têm potencial de impactação de CE EES, ao nível do arco aórtico e EEI. CLÍNICA: Mais Assintomáticas que os adultos. Mais sintomas respiratórios. Suspeitar quando: Salivação excessiva (sialorreia), Recusa de alimentos, Disfagia, Tosse inexplicável e Engasgos. DIAGNÓSTICO: RX de tórax AP+P. TRATAMENTO: Remoção endoscópica. 4. Lesões esofágicas por Substâncias químicas Em 2010: 50% crianças menores de 6 anos Média idade 3,7 anos e 60% Masculino. Ingestões acidentais. Produtos de limpeza doméstica. Extensão da lesão Composição da substância, Volume, Concentração e Duração do contato. Ácido: mais lesão gástrica. Álcali: mais lesão esofágica. 3 fases da lesão álcali: - Necrose liquefativa. - Fase de reparação (5 dias a 2 semanas) Parede esofágica mais fina, risco de perfuração (não fazer endoscopia nessa fase, fazer a EDA precocemente). - Retração cicatricial (após 2 semanas) Possível formação de estenose esofágica. CLÍNICA: Assintomático. Náuseas, Vômitos, Disfagia, Odinofagia, Salivação, Dor abdominal. Dor torácica, Estridor, Peritonite, Mediastinite, CIVD e Choque. APRESENTAÇÃO História da ingesta e Lesões na face e orofaríngeas. Ausência de sintomas ou lesões na orofaringe não exclui lesão esofágica. Presença de 3 ou mais sintomas é preditor de lesão esofágica grave. TRATAMENTO: Inicial: Manejo das vias aéreas e reanimação. Laringoscopia direta (edema de laringe). Não induzir vômito (exposição adicional à substância), o ideal é passar a sonda e aspirar a substância, se possível. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Rx de abdome e tórax (procura de sinais de perfuração). Tc de tórax (casos selecionados). Avaliação endoscópica (24-48hs). CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO CÁUSTICA: AVALIAÇÃO ENDOSCÓPICA 1° grau: superficiais (edema e eritema) Mucosa esofágica se transforma, mas não forma estenose. 2° grau: envolvem mucosa, submucosa e muscular (ulceração profunda e tecido de granulação) Ocorre deposição de colágeno e contração (estenose pode ocorrer). 3° grau: lesões transmurais (ulcerações profundas com esôfago enegrecido) Pode resultar em perfuração esofágica. Graus 2b e 3: 70-100% desenvolve estenose. Classificação prediz risco de complicação, aumenta 9x a morbidade a cada grau. CONTRA INDICAÇÃO EDA: Choque. Insuficiência respiratória. Peritonite. Mediastinite. Evidência de perfuração. Não realizar depois de 5 dias (Fase de reparação – Esôfago fino – Risco de perfuração). Todos os pacientes sintomáticos necessitam de EDA. Pacientes assintomáticos – controverso. TRATAMENTO: Grau 1 e 2a Alimentação oral permitida para e Alta após desaparecimentos dos sintomas. Grau 2b e 3 - Observar por 24-48hs. - Fase aguda: ATB / Corticóides / inibidor de bomba de próton (sem protocolo). - Passagem de sonda para alimentação por EDA. - Em seguida avançar dieta. - RX constrastado em 21 dias (estenose). - Estenose = dilatação gradual / Refratário = Ressecção cirúrgica. TRATAMENDO CIRURGICO: Falha no tratamento endoscópico. Malignização. Estenoses longas. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Estenoses estreitas. Complicação tardia: carcinoma esofágico Vigilância a longo prazo. PREVENÇÃO É MUITO IMPORTANTE! 5. Estenoses Esofágicas BENIGNAS. - Esofagite de refluxo (curtas e no 1/3 inferior do esôfago). - Ingestão de corrosivos (longas irregulares). - Cicatrização anastomótica (discretas e curtas) DRGE pode agravar a estenose. TRATAMENTO Alívio da obstrução e Correção do refluxo. DRGE DESCONTROLADA: CLÍNICA: Vômitos, Déficit de crescimento, Doença pulmonar concomitante, Hérnia hiatal (pode estar presente). DIAGNÓSTICO RX contrastado EED. TRATAMENTO Medicamentos: inibidor de bomba de próton; Suporte nutricional; Otimização respiratória; Dilatação EDA (velas e balão); Fundoplicatura; Ressecção da estenose e interposição de enxerto. 6. Perfuração do Esôfago Raro / Potencialmente fatal. CAUSAS: - Lesões iatrogênicas (80%) Inserção de sondas; Dilatações de estenose (mais comum / esôfago torácico); Intubação orotraqueal. - Resultado de ingestão de corpos estranhos/substâncias cáusticas. - Espontâneas. - Infecciosas. - Traumáticas. FIOPATOLOGIA Propagação da infecção e inflamação para o mediastino, Mediastinite , Empiema, Abscesso, Sépsis. RN: mais comum junção faringoesofágica (porção mais estreita). CLÍNICA Dificuldade respiratória, Disfagia, Febre, Dor torácica e Enfisema subcutâneo. DIAGONÓSTICO: Rx de tórax AP + P Pneumotórax, Derrame pleural, Enfisema subcutâneo, Pneumopericárdio e Pneumomediastino. Esofagograma com contraste. TC de tórax Pneumomediastino, Derrame pleural e Espessamento da parede esofágica. TRATAMENTO: Tamanho da lesão e Estado clínico do paciente Maioria abordagem conservadora agressiva ATB largo espectro, SNG (se possível) – alimentação durante cicatrização / Nutrição parenteral e Drenagem torácica (se pneumo-hidrotórax). Cirurgia exploratória Deterioração clínica do paciente, Refluxo esofageano persistente apesar do tratamento e Derrame pleural volumoso ou grande. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C TRATAMENTO CIRÚRGICO: Reparo primário (quando reconhecido em 24h) Rafia em plano único com reforço (pericárdio, pleura, estômago, diafragma ou omento). Perfuração extensa e friável: não sustenta suturas Esofagostomia cervical + gastrostomia; Drenagem + gastrostomia (cura espontânea). MORBIMOARTALIDADE: Atraso no diagnóstico e tratamento Mortalidade 4%. COMPLICAÇÕES: Pulmonar (pneumonia e atelectasia). AFECÇÕES DO ESTÔMAGO: 1. Estenose Hipertrófica do Piloro 1 a 4 em 1000 nascidos vivos. 4 meninos : 1 menina. Fatores de risco História familiar, Gênero masculino, Idade materna mais baixa, Primogênito e Padrões de alimentação materna. ETIOLOGIA Desconhecida; Provável multifatorial com influências ambientais. CLÍNICA: Vômitos em jato não biliosos (vômito leitoso ou com saliva). Neonato a termo entre 2 a 8 semanas de vida. Desidratação (queda do estado geral e sonolência). Distúrbio metabólico (alcalose pois perde ácido). Ondas peristálticas epigástrio e quadrante superior esquerdo. Oliva pilórica palpável em 72-89%. DIAGNÓSTICO: História clínica. USG (GS – padrão ouro) Espessura muscular ≥ 4 mm e Canal pilórico ≥ 16 mm. EED Quando achados do USG são duvidosos. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: RGE. Gastroenterite. Hipertensão intracraniana. Transtornos metabólicos. Causas anatômicas Membrana pré-pilórica, Cisto de duplicação do intestino primitivo, Tumores gástricos, Tumor que cause compressão gástrica extrínseca. TRATAMENTO: Compensação clínica. Exames laboratoriais (eletrólitos e gasometria). Reposição volêmica. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Correção de distúrbios hidroeletrolíticos (alcalose metabólica hipoclorêmicae hipocalêmica). Descompressão gástrica para evitar aspiração. Cirurgia: Piloromiotomia. COMPLICAÇÕES: Perfuração da mucosa. Infecção de ferida operatória. Hérnia incisional. Vômitos pós-operatória persistentes (pesquisar refluxo ou cirurgia não foi feita completamente). Miotomia incompleta. Lesão duodenal. 2. Atresia Pilórica Raro (1:100 000 nascidos vivos). Sintomas de obstrução gástrica. Associação a outras anomalias congênitas (40%). RX abdome em bolha única. Estudo contrastado. Classificação: - Tipo I: membrana mucosa ou tecido obstruindo a luz. - Tipo II: Canal pilórico é um cordão sólido. - Tipo III: existe um espaço entre o estômago e o duodeno. TRATAMENTO: Cirúrgico. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 3. Perfuração Gástrica CAUSAS Perfuração espontânea do RN (prematuros); Perfuração iatrogênica por instrumentação; Doença ulcerosa péptica (raro); Trauma. CLÍNICA Distensão abdominal e Sinais de sepse ou choque. DIAGNÓSTICO: Rx de abdome com raios horizontais para bebês deitados (pneumoperitônio). TRATAMENTO: Cirúrgico. 4. Corpo Estranho Não constitui problema se passou pelo esôfago. Exceção: baterias. Remoção com EDA. 5. Bezoar Causa incomum de obstrução gástrica e dor abdominal crônica. EDA quando pequenos. Cirurgia.
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