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Gastrocirurgia Pediátrica - Esôfago, estômago, duodeno, fígado e vias biliares. Atresia de Esôfago ● Introdução: ○ doença congênita complexa e única para cirurgião pediátrico ○ qualidades técnicas e de diagnóstico ○ muitos consideram o ápice da cirurgia neonatal ○ 1959 - Dr. Willis Potts - “Para anastomosar o esôfago de um neonato, o cirurgião deve ter técnica delicada e precisa como de um relojoeiro. Nenhuma outra cirurgia oferece a grande oportunidade aplicar de uma técnica artística pura.” ● Embriologia: ○ 4ª semana: intestino começa a diferenciar em parte ventral respiratória e parte dorsal esofágica. ○ 6 - 7ª semana: separação completa da traqueia e do esôfago. ○ Se ocorrer alguma alteração nesse período pode causar a atresia de esôfago. ● Epidemiologia: ○ incidência varia 1 : 2500 a 3000 nascidos vivos ○ sexo masculino ○ segundo filho 0,5 - 2% ○ fatores ambientais: metimazol início da gestação, uso prolongado de contraceptivo, exposição a estrogênio e progesterona, diabetes gestacional e talidomida. ○ anomalias cromossômicas 6 - 10%: trissomia 18, trissomia 21, síndrome CHARGE. ● Anomalias associadas: ○ Vacterl: ■ V ertebral 6 - 21% ■ A nomalia anorretal 10 - 16% ■ C ardiaco 13 - 34% ■ TE traqueoesofágico ■ R enal 5 - 14% ■ L imb (membros) 5 - 19% ○ Charge: ■ C oloboma ■ H eart (cardíaco) ■ A tresia de coana ■ R etardo do desenvolvimento ■ G enital hipoplasia ■ E ar (deformidade nas orelhas) ● Classificação: ○ GROSS ■ A: sem fístula (7%) ■ B: fístula traqueoesofágica proximal (2%) ■ C: fístula traqueoesofágica distal (85%) ■ D: fístula traqueoesofágica proximal e distal (1%) ■ E: fístula em H (4%) ● Tipos de atresia: ● CAI NA PROVA: ○ Diagnóstico: ■ pré natal: USG polidrâmnio e ausência / pequena bolha gástrica → na suspeita já podemos pedir a RNM ■ pós natal: suspeita pré natal ou polidrâmnio - passar sonda gástrica e radiografar. ■ RX: além de identificar coto esofágico proximal com a sonda, possibilita a classificação, identificar outras anomalias associadas. ■ 2 corpos vertebrais: anastomose primária ■ 2 - 6: anastomose estagiada ■ mais que 6: substituição esofágica. ● Continuação do diagnóstico: ○ Exames complementares: ■ broncoscopia: acessa a fístula distal e também pode identificar uma fístula proximal. ■ ecocardiograma: identifica o lado do arco aórtico (aorta para a direita 2,5%) e para avaliação pré-cirurgica. ■ USG renal ■ RX coluna vertebral ● Tratamento: ○ Monitorização, acesso venoso, aspiração contínua do coto proximal, intubação se necessário porém alta frequência e baixa pressão (evitar distensão e ruptura gástrica) ○ cirurgia por toracoscopia. ● Complicações: ○ deiscência da sutura ○ estenose da anastomose ○ refístula ○ traqueomalácia ○ refluxo gastroesofágico ○ disfunção de corda vocal ○ morbidade respiratória (traqueomalácia e refluxo gastroesofágico) ○ incisão toracotomia (escapula alada, assimetria torácica, escoliose, alteração muscular). Estenose Hipertrófica do Piloro ● Apanhado geral: ○ causa mais comum de obstrução gástrica na infância ○ acomete 1,5 a 4 : 1000 nascidos vivos ○ sem anormalidades congênitas (Wallgren 1947: estudo com bário ao nascimento 1000 meninos sem alterações anatômicas no piloro - posteriormente 5 desenvolveram a doença). ● Epidemiologia: ○ meninas 2:1 até 5:1 ○ brancos ○ a termo ○ história familiar ○ idade materna jovem ○ primogênito ○ dieta (fórmula) ○ exposição à eritromicina ● CAI NA PROVA: ○ Diagnóstico: ■ quadro clínico: ● CLÁSSICO: vômitos não biliosos, leite coalhado, 30 minutos após mamadas, em neonatos a termo, 2 - 8 semanas de vida (pico 3 - 5 semanas) ● emagrecido, desidratado, irritado, com fome, afebril ● exame físico: ondas de Kussmaul (peristaltismo intestinal em luta), oliva pilórica, desidratação, irritabilidade. ● LABORATÓRIO: alcalose metabólica hipoclorêmica, hipocalêmica, hiponatrêmica, com acidúria paradoxal. ● Continuação de diagnóstico: ○ IMAGEM: ■ USG: operador dependente, 4 mm x 16 mm (PILORO AUMENTADO) ■ contrastado: sinal do guarda-chuva ou rabo de rato. ● Diagnósticos diferenciais: ○ piloroespasmo ○ refluxo gastroesofágico ○ gastroenterite ○ aumento da pressão intracraniana ○ desordens metabólicas ● Tratamento: ○ estabilização clínica (24 h) ○ cirurgia preconizada: piloromiotomia a Fredet - Ramstedt ○ aberta ou laparoscopia ● Manejo pós-operatório: ○ início da dieta em 4 - 6 horas ○ progressão conforme aceitação ○ alta após 24 horas ● Complicações: ○ mínimas (experiência do cirurgião) ○ vômitos no pós operatório precoce (refluxo gastroesofágico, incoordenação peristáltica gástrica, atonia gástrica). ○ vômitos 3 - 4 dias pós operatório: miotomia incompleta ou perfuração não suspeitada - contrastado Atresia Duodenal e Estenose duodenal ● Introdução: ○ causa frequente de obstrução intestinal ○ 1: 5000 a 10.000 nascidos vivos ○ mais comum em meninos ○ polidrâmnio 32 - 81% ○ anomalias associadas 50% ■ trissomia 21 - 30% ■ defeitos cardíacos - 30% ■ anomalias gastrointestinais associadas - 25% ● Etiologia: ○ Lesão intrínseca ou extrínseca ○ causa mais comum ATRESIA: falha na recanalização do duodeno fetal ■ 4ª semana: duodeno se origina distal do intestino proximal e proximal do intestino médio. ■ 5 - 6ª semana: lúmen se oblitera temporariamente pela intensa proliferação celular epitelial ■ 11ª semana: degeneração por vacuolização ○ Extrínseca: compressão por estruturas vizinhas como pâncreas, veia porta pré-duodenal, banda de Ladd ● Classificação: ○ atresia x estenose (incompleta) ○ Tipo 1: mais de 90%, contém membrana composta de mucosa e submucosa BIRUTA. ○ Tipo 2: porção dilatada proximal e um cordão fibroso distal ○ Tipo 3: há um gap de distância entre as estruturas ○ Pré-ampolar x pós ampolar (85%) ● Diagnóstico: ○ Pré-natal: USG - polidrâmnio + dupla bolha 44% (7 - 8 meses de gestação) ○ Perinatal: depende se a alteração é completa ou incompleta ■ CLÁSSICA: vômito bilioso nas primeiras horas de vida (10% lesão pré-ampola de vater - não bilioso), distensão abdominal em andar superior com restante escavado, aspiração da SNG mais de 20 ml sugere obstrução intestinal. ● IMPORTANTE: ○ Imagem: ■ RX de abdome: sinal da DUPLA BOLHA, sendo a primeira bolha a esquerda o estômago e a segunda bolha a primeira porção dilatada duodenal. Primeira bolha esquerda - bolha gástrica e bolha direita - é o duodeno. ■ Contrastado: quando ainda não há diagnóstico (estômago vazio). ● Tratamento: ○ Compensar clinicamente ○ Excluir anomalias associadas (SUG abdome e coluna, ECOcardiograma). ○ Cirurgia: duodeno-duodeno anastomose a diamond shape (formato de diamante) - convencional ou laparoscópica. Atresia de Vias Biliares ● Apanhado geral: ○ icterícia: achado comum nos RN → maioria por bilirrubina indireta e tem resolução espontânea ○ atenção para a icterícia que não melhora com 2 semanas de vida ○ pensar em: atresia de vias biliares, cisto de colédoco ou colestase pelas mais diversas causas ○ ATRESIA DE VIAS BILIARES: ■ 1: 10.000 A 16.700 nascidos vivos ■ sexo feminino ■ asiáticos ● Classificação: ○ Localização da atresia: ■ tipo 1: nível do ducto biliar comum ■ tipo 2: nível do ducto hepático ■ tipo 3: PORTA HEPATIS (mais comum) ● Etiologia: ○ Multifatorial: ■ genética, inflamatória e infecciosa ■ anomalias congênitas associadas: má rotação, veia porta pré-duodenal, poliesplenia, cardíaca, veia cava inferior interrompida. ● Embriologia: ○ 4ª semana: sistema biliar se origina do divertículo hepático do intestino primitivo ○ diferenciação em cranial e caudal → ducto intra-hepático e extra-hepático. ● Quadro clínico: ○ ICTERÍCIA progressiva (direta) ○ ACOLIA fecal ○ COLÚRIA ○ HEPATOMEGALIA FIRME ○ se não tratada: fatal nos primeiros 2 anos de vida. ● Diagnóstico: ○ história clínica ○ exame físico ○ laboratório: bilirrubina direta, GGT (mais específica do que a F.A) - excluir TORCH (toxoplasmose, outros vírus, rubéola, CMV, herpes) e deficiência de alfa-1-antitripsina. ○ USG em jejum: vesícula biliar murcha ou normal e ductos biliares mal delimitados.Em jejum, pois normalmente a VB estará dilatada e em casos de atresia ela estará MUCHA. ○ Cintilografia (DISIDA): tecnécio 99 → acumula no fígado e se não aparecer no intestino demonstra obstrução ○ Biópsia hepática ● CAI NA PROVA: ○ Patologia: ■ na biópsia do fígado tem que vir: proliferação de ducto biliar - diagnóstico ■ achados associados: ● estase biliar ● inflamação periportal ● presença de células gigantes ● graus variados de fibrose ● Tratamento: ○ Cirurgia de Kasai: hepático - porto enteroanastomose em Y de Roux. ● Resultados: ○ TAXA DE “CURA”:1,1% ○ inicialmente melhora a cor das fezes (até 10 -14 dias) ⅔ dos pacientes (sem necessidade de transplante) ○ restante sem melhora: acompanhamento e provável transplante hepático.
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