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Cirurgia Pediátrica: Intestino delgado, cólon, reto e ânus Invaginação Intestinal ● Introdução: ○ intussuscepção: latin intus (dentro) e suscipere (receber) ○ 3 cilindros de parede intestinal estão envolvidos: a interna, a do meio são do invaginado e a externa do receptor. ○ Uma das causas mais frequentes de obstrução intestinal em crianças: 2ª causa mais comum de dor abdominal após constipação. ○ Diagnóstico: pediatria, radiologista e cirurgião pediátrico. ● Epidemiologia: ○ 1-4 : 2.000 crianças ○ 2:1 ou 3:2 (meninos) ○ 75%: < 2 anos principal causa idiopática ○ 90%: < 3 anos ○ intraútero: pode levar a atresia intestinal ○ incidência sazonal - infecções virais (respiratória, gastrintestinal) ● Patofisiologia: ○ O intestino invaginado leva o seu mesentério para dentro do receptor, causando sua angulação e a compressão entre as camadas dos intestinos ○ Edema → compressão venosa → congestão → estase → extravasamento de muco e sangue → fezes em geleia de morango / framboesa. ○ isquemia → necrose (72 horas) ● Classificação: ○ 4 tipos: ■ geral: permanente (fixo 80%) x intermitente (redução espontânea - 20%) ■ específico: idiopático (95%) x patológico (4%) x pós operatório (1%) ■ anatômico: ileocólico (85%) x ileoeocólico (10%) x apendicocólico / cecocólico / colocólico (2,5%) x jejunoileal / ileoileal (2,5%) ■ outros: recorrentes (5%) e neonatais (0,3%) ○ Idiopático: placas de peyer como cabeça de invaginação - adenovírus e rotavírus. ○ Patológico: divertículo de Meckel, pólipo intestinal, duplicação intestinal. Menos comum: pâncreas ectópico, tumores (adenoma, hemangioma, linfoma, sarcoma, leucemia), trauma abdominal. ○ Lembrar: púrpura de Henoch-schonlein, fibrose cística, doença celíaca, polipose familiar, Peutz-Jeghers (espessamento multifocal da parede intestinal / alteração da motilidade) ● CAI NA PROVA: ○ Quadro clínico: ■ sintomas: dor abdominal e vômito ■ sinais: massa abdominal e evacuação com sangue e muco (geleia de morango/framboesa) ■ maioria diagnosticado com 24 horas dos sintomas ■ 4 sinais e sintomas juntos apenas em 30% e em doença tardia. ■ DOR ABDOMINAL SÚBITA, DE FORTE INTENSIDADE, EM CÓLICA, ENCOLHE AS PERNAS, INTERMITENTE (PERÍODOS DE CALMARIA - PÁLIDO, QUIETO, SUADO - E RETORNA AO NORMAL) ■ MASSA ABDOMINAL: FORMATO DE SALSICHA EM QUADRANTE SUPERIOR DIREITO (65%), FID VAZIA - SINAL DE DANCE. ● Diagnóstico: ○ Rx do abdome: raros casos que podemos fazer diagnóstico de certeza ○ US do abdome: massa abdominal 3 - 5 cm, sinal do alvo ou da rosquinha corte transversal ou sinal do pseudo-rim corte longitudinal. ○ Enema: antes do US, era muito usado e, além do diagnóstico, é terapêutico. ○ TC ou RNM: raros casos ● Tratamento: ○ estabilização clínica ○ tratamento não operatório: hidrostático / pneumático, por escopia / US ■ CI: desidratação, choque, peritonite, sinais de perfuração. Menores de 2 anos (idiopático) ○ Tratamento cirúrgico: falha no tratamento não cirúrgico, cabeça de invaginação patológica. Laparoscopia ou laparotomia. Enterocolite Necrotizante ● Apanhado geral: ○ Doença inflamatória intestinal adquirida que acomete quase exclusivamente os RN. ○ Principal causa de mortalidade neonatal e urgência cirúrgica ● Epidemiologia: ○ 1 - 3 casos a cada 1.000 nascidos vivos. ○ Principalmente, prematuros e baixo peso. Apenas 7 - 13% em termos. ○ Dieta enteral (fórmula) - leite materno agente protetor: hormônios de crescimento trófico intestinal, fatores que induzem a maturação intestinal, fatores que aumentam a colonização de bactérias não virulentas, mediadores anti-inflamatórios, vitaminas, antioxidantes, componentes de imunidade celular e humoral. ○ Fármaco: indometacina (usado em canal arterioso patente - bloqueia a síntese de PG causando vasoconstrição). ● Patologia: ○ Pode acometer 1 (50%) ou mais segmentos intestinais, principalmente íleo terminal e cólon ○ Lesão mais comum: necrose de coagulação. ● Diagnóstico clínico: ○ distensão abdominal ( 70 - 98%) ○ sangramento retal ( 79 - 86%) ○ resíduo gástrico pós alimentar (70%) ○ vômito (70%) ○ diarreia ( 4 - 26%) ○ laboratório: neutropenia, trombocitopenia (gram negativo), acidose metabólica. ● IMPORTANTE: ○ Diagnóstico radiológico: ■ Rx de abdome: ● distensão de alças, pneumatose intestinal (bolhas ou lineares), gás na veia porta, pneumoperitôneo, fluido intraperitoneal ou alça fixa. distensão de alças com pneumatose intestinal (bolhas de ar nas alças intestinais). ■ US de abdome: ● identificação de alça necrótica, líquido livre, ar em veia porta, bolhas no parênquima hepático, afilamento da parede intestinal, redução da perfusão da parede intestinal. ■ RNM de abdome: ● recentemente usado, porém limitado ● Tratamento: ○ depende do estágio ○ estágio 1 e 2 → clínico: sem sinais de complicação - jejum, sonda gástrica aberta (descomprimir estômago), hidratação venosa, antibioticoterapia, controle laboratorial e radiológico (7 - 14 dias) ○ Cirúrgico: pneumoperitônio. Relativas: paracentese positiva, massa abdominal palpável, eritema de parede abdominal, gás em veia porta, alça intestinal fixa, piora clínica apesar de tratamento clínico intensivo. ● Complicações: ○ estenose ○ má absorção intestinal e intestino curto ○ doença hepática colestática (NPP e jejum prolongado) ○ ECN recorrente - 4 a 6% ○ úlcera da anastomose Megacólon Congênito ● Doença de Hirschsprung - megacólon congênito: ○ Condição reconhecida há séculos: primeira descrição data do século 17 ○ caracterizado pela AUSÊNCIA DE CÉLULAS GANGLIONARES DO PLEXO MIOENTÉRICO E SUBMUCOSO DO INTESTINO DISTAL ○ Responsáveis pelo peristaltismo normal → região afetada não há peristalse portanto há obstrução nessa área. ○ Maioria: retossigmoide ○ 1 : 5.000 nascidos vivos ● Genética: ○ células ganglionares são derivadas da crista neural ○ 13ª semana: migração das células da crista neural intestinal proximal para distal → maturação ○ genes: RET proto-oncogene, endotelina 3, endotelina B, SOX 10, s1p1, Phox2B ○ Síndromes associadas: trissomia 21, síndrome Goldberg-Shprintzen. neurofibromatose, neuroblastoma, outros. ● IMPORTANTE: ○ Diagnóstico - Megacólon congênito: ■ Quadro clínico: ● obstrução neonatal 50 - 90%: distensão abdominal, vômito bilioso, intolerância alimentar, eliminação tardia de mecônico (após 24 h). Raro: perfuração cecal ou apendicular. Diferencial: atresia intestinal, íleo meconial, plug meconial. ● constipação crônica ● enterocolite: 10% febre, distensão abdominal, diarreia - estase fecal: Clostridium difficile ou rotavírus. ● Continuação de diagnóstico: ○ Radiológico: ■ enema: cone de transição 90% ■ manometria anorretal: ausência de reflexo de relaxamento do esfíncter interno anal em resposta a dilatação retal (pouco dispomível, melhor para crianças maiore e com diagnóstico de constipação de difícil manejo - evita biópsia retal) ■ biópsia retal: diagnóstico definitivo, ausência de células ganglionares no plexo mioentérico e submucoso - hematoxilina eosina, acetilcolinestesae, CALCITONINA. ● Tratamento: ○ preparação pré-cirúrgica: triagem de malformações associadas (cardíacas), tratar enterocolite, sonda nasogástrica, antibioticoterapia. ○ Cirurgia semi-eletiva: ■ colostomia descompressiva ■ abaixamento de cólon ● Longo prazo: ○ sintomas obstrutivos ○ soiling ○ enterocolite (Segmento longo, crianças menores, trissomia 21). ● Variantes: ○ Megacólon congênito: ■ displasia neuronal intestinal: ● tipo A: menos comum, ausência de inervação simpática do plexo mioentérico e submucoso ● tipo B: displasia do plexo submucoso e espessamento das fibras nervosas e ganglionares ■ hipoganglionose: células esparsas e pequenas e anormalidades na distribuição de acetilcolinesterase ■ acalásia do esfíncter interno ■ megacólon ultracurto Anomalia Anorretal ● Incidência: ○ 1 : 4.000 - 5.000 nascidos vivos ○ meninos ○ risco para o segundo filho 1% ○ síndrome de Down - sem fístula ● Meninos: ○ Fístula retoperineal: ■ defeito mais baixo ■ localizado com a maior parte do mecanismo esfincteriano ■ diagnósticoclínico ■ “ânus coberto”, “membrana anal”, “ânus anteriorizado” e “malformação em alça de balde”. ○ Fístula retovesical (10%): ■ prognóstico ruim para controle intestinal: elevador do ânus, musculatura complexa e esfíncter externo pouco desenvolvido ■ sacro malformado e curto ■ períneo plano, pelve pouco desenvolvida. ○ Fístula retouretral: ■ mais comum ■ bulbar ou prostática ■ acima da fístula tem parede comum: quanto mais baixa a fístula, maior a parede comum ■ lateral / posterior: elevador do anus ■ complexo muscular, musculatura parassagital ○ Atresia / estenose retal (< 1%): ■ reto dilatado proximal, canal anal pequeno 1 - 2 cm. ■ anastomose primária ■ bom prognóstico: canal anal bem desenvolvido, sensação anorretal preservada, esfíncter voluntário normal ■ SCREENING: massa pré-sacral ● Você sabia? ○ Meninos: ■ Sem fístula: ● sacro bem desenvolvido, com boa musculatura com bom prognóstico para controle intestinal ● reto e uretra separados por fina parede ● 50% têm síndrome de Down ● 90% síndrome de Down e anomalia anorretal - sem fístula ● Meninas: ○ Fístula retoperineal: ■ boa separação entre reto e vagina ■ importante: relação anatômica com mecanismo esfincteriano ○ Fístula retovestibular: ■ mais comum defeito, com bom prognóstico funcional ■ meato uretral normal, vagina normal, com 3º orifício no vestíbulo ■ 5%: 2 hemivaginas com septo vaginal ■ pode ser corrigido sem colostomia (experiência) ■ infecção perineal, deiscência, recorrência da fístula - fibrose - interfere na função esfincteriana. ○ Sem fístulas: ■ semelhante aos meninos, com prognóstico parecido. ○ Cloaca (3ª mais comum): ■ canal perineal comum (1 - 7 cm) ■ < 3 cm: reparo sagital posterior, prognóstico melhor ■ > 3 cm: complexo! ■ hidrocolpo, piocolpo ● Defeitos associados: ○ deformidade sacral - ausência de 1 ou mais vértebras sacrais ○ hemissacro - relacionado a massa pré-sacral e pobre controle intestinal ○ hemivértebra - implicação negativa em controle intestinal ○ relação sacral (0 - 1): prognóstico ■ normal 0,77 ○ medula presa: prognóstico funcional ruim - defeito alto, sacro anormal, espinha bífida. ○ liberação - melhora urinária e evita deterioração sensitiva motora dos membros inferiores. ○ defeitos genitourinários 20 - 54% ■ US - hidronefrose ou outro processo obstrutivo, hidrocolpo ○ atresia de esôfago ○ anomalias cardíacas ○ atresia duodenal ● Recém - nascidos no berçário: ○ exame cuidadoso do períneo ○ nádegas bem formadas, boa impressão anal e presença de sulco interglúteo ○ ânus: calibre normal vela de hegar #12 e deve ser circundado completamente por mecanismo esfincteriano. ● IMPORTANTE: ○ Recém-nascidos no berçário: ■ atresia de esôfago - 8% ■ RX AP e lateral (hemissacro - massa pré-sacral RNM) ■ ecocardiograma (30% alteração hemodinâmica) ■ US dos rins e vias urinárias e coluna (25% coluna presa) ■ RX do corpo inteiro: anomalias coluna, dupla bolha ■ hidratação IV, antibiótico, SOG aberta, jejum ● Tratamento: ○ reparo primário (imediato ou eletivo) x colostomia ○ experiência do cirurgião, condição clínica do paciente e condições hospitalares ○ UMA CHANCE ○ tratamento cirúrgico definitivo: anorretoplastia sagital posterior ou laparoscopia
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