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1 TEOLOGIA DO PACTO Autor Julian Zugg Um curso do SEMINARIO INTERNATIONAL DE MIAMI MIAMI INTERNATIONAL SEMINARY 14401 Old Cutler Road Miami, FL33158 305-238-8121 ext. 315 Email, MINTS@OCPC.ORG Web site, www.mints.edu 2 Tabela de Conteúdo PREFÁCIO AO MANUAL DO INSTRUTOR ....................................................................... 4 Primeira lição. Conceitos introdutórios .......................................Erro! Indicador não definido. 1. Importância: Por que estudar os Pactos? .............................. Erro! Indicador não definido. 2. As palavras bíblicas para pacto ............................................ Erro! Indicador não definido. 3. O que é um Pacto? ............................................................... Erro! Indicador não definido. 4. Os Três Pactos Principais .................................................... Erro! Indicador não definido. CONCLUSÃO ......................................................................... Erro! Indicador não definido. RESUMO ................................................................................ Erro! Indicador não definido. PERGUNTAS PARA A LIÇÃO UM ....................................... Erro! Indicador não definido. Lição Dois. A estrutura dos Pactos ......................................................................................... 25 1. A Estrutura do Pacto - “Dois Adãos” ................................... Erro! Indicador não definido. 2. O Pacto da Graça .................................................................. Erro! Indicador não definido. 3. O Novo Pacto ................................................................................................................... 39 4. Estrutura Bíblica Alternativa: O Dispensacionalismo........... Erro! Indicador não definido. CONCLUSÃO ......................................................................... Erro! Indicador não definido. RESUMO ................................................................................ Erro! Indicador não definido. PERGUNTAS PARA A LIÇÃO DOIS ................................................................................. 49 Lição Três. Adão: Os Pactos das Obras e da Graça ............................................................. 50 1. O Pacto das Obras ............................................................... Erro! Indicador não definido. 2. O Pacto da Graça ................................................................. Erro! Indicador não definido. CONCLUSÃO ......................................................................... Erro! Indicador não definido. RESUMO ................................................................................ Erro! Indicador não definido. PERGUNTAS PARA A LIÇÃO TRÊS .................................... Erro! Indicador não definido. Lição Quatro. Pactos de Dios com Noé e Abraão ................................................................. 88 1. Noé: Conservação da Criação .............................................. Erro! Indicador não definido. 2. Abraão: Promessa às Nações ............................................... Erro! Indicador não definido. CONCLUSÃO ......................................................................... Erro! Indicador não definido. RESUMO ................................................................................ Erro! Indicador não definido. PERGUNTAS PARA A LIÇÃO QUATRO ............................. Erro! Indicador não definido. Lição Cinco. Moisés: Israel e a Lei ........................................................................................ 89 1. O Pacto Mosaico .................................................................. Erro! Indicador não definido. 2. O Novo Testamento e a Lei ................................................. Erro! Indicador não definido. CONCLUSÃO ......................................................................... Erro! Indicador não definido. RESUMO ................................................................................ Erro! Indicador não definido. PERGUNTAS PARA A LIÇÃO CINCO ................................. Erro! Indicador não definido. Lição Seis. Davi: O Pacto com o Rei .................................................................................... 112 1. O Pacto com Davi ................................................................ Erro! Indicador não definido. 2. O Pacto Davídico no Novo Testamento ................................ Erro! Indicador não definido. CONCLUSÃO ......................................................................... Erro! Indicador não definido. RESUMO ................................................................................ Erro! Indicador não definido. PERGUNTAS PARA A LIÇÃO SEIS ................................................................................ 129 Lição Sete. Cristo: Cumprimento e Nova Criação ......................Erro! Indicador não definido. 1. O fim da velha criação / O começo da Nova ......................... Erro! Indicador não definido. 2. Os elementos chaves do Novo Pacto..................................... Erro! Indicador não definido. CONCLUSÃO ......................................................................... Erro! Indicador não definido. RESUMO ................................................................................ Erro! Indicador não definido. PERGUNTAS PARA A LIÇÃO SETE .................................... Erro! Indicador não definido. 3 Lição Oito. O sinal e o selo dos pactos ...........................................Erro! Indicador não definido. 1. Os Sacramentos ................................................................... Erro! Indicador não definido. 2. O sinal do pacto da circuncisão / Batismo ............................ Erro! Indicador não definido. 3. Páscoa / Ceia do Senhor ...................................................... Erro! Indicador não definido. 4. Hermenêutica e Homilética ................................................. Erro! Indicador não definido. CONCLUSÃO ......................................................................... Erro! Indicador não definido. RESUMO ................................................................................ Erro! Indicador não definido. PERGUNTAS PARA A LIÇÃO OITO .................................... Erro! Indicador não definido. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 130 RECURSOS WEB: ............................................................................................................. 176 MANUAL DO INSTRUTOR ........................................................Erro! Indicador não definido. RESPOSTAS PARA A PRIMEIRA LIÇÃO ............................ Erro! Indicador não definido. RESPOSTAS PARA A SEGUNDA LIÇÃO ............................ Erro! Indicador não definido. RESPOSTAS PARA A TERCEIRA LIÇÃO ............................ Erro! Indicador não definido. RESPOSTAS PARA A QUARTA LIÇÃO .............................. Erro! Indicador não definido. RESPOSTAS PARA A QUINTA LIÇÃO ................................ Erro! Indicador não definido. RESPOSTAS PARA A SEXTA LIÇÃO .................................. Erro! Indicador não definido. RESPOSTAS PARA A SÉTIMA LIÇÃO ................................ Erro! Indicador não definido. RESPOSTAS PARA A OITAVA LIÇÃO ................................ Erro! Indicador não definido. 4 PREFÁCIO AO MANUAL DO INSTRUTOR Cerca de dois anos depois da minha conversão, comecei a fazer a pergunta: “Como os livros da Bíblia se encaixam entre si? Qual é a sua estrutura interna?” Em resposta, me deram um livro de Palmer Robertson intitulado: “O Cristo dos Pactos”. Este livro me abriu os olhos para a natureza e a estrutura dos pactos da Escritura e sobre a própria Bíblia.Tenho refletido sobre os pactos de Deus nos últimos vinte anos. Agradeço a Deus pela oportunidade de escrever este curso. Espero que seja útil. INTRODUÇÃO O objetivo desse curso é que os estudantes entendam as Escrituras, que compreendam a bênção que Deus tem preparado para todos os que estão em Cristo, e que o curso os ajude a usar corretamente a Palavra da Verdade. A Teologia do Pacto é o curso mais fundamental que se pode estudar em qualquer plano de estudos bíblicos. CONTEÚDO DO CURSO O curso está dividido em oito capítulos. As duas primeiras aulas laçam as bases da Teologia do Pacto, dando uma breve introdução aos pactos e mostram como eles se encaixam entre si. As lições posteriores desenvolvem cada um dos pactos mais detalhadamente. O batismo é mencionado na lição quatro e na lição oito. MATERIAIS DO CURSO As notas de aula são uma exposição completa do curso. Os alunos são obrigados a lê- los juntamente com as Escrituras. A leitura complementar do curso é o livro “O Cristo dos Pactos” de O. Palmer Robertson (Casa Editora Presbiteriana). Também incluí alguns endereços na internet para as conferências em áudio que o Dr. Palmer Robertson ministrou sobre este tema, bem como palestras em áudio no Itunes do dr. Ligon Duncan. OBJETIVOS DO CURSO Estudar a teologia do pacto com outros estudantes Adquirir um conhecimento detalhado da teologia do pacto, sua história e suas 5 aplicações práticas Crescer no conhecimento de Cristo Dominar a teologia do pacto para usar o conhecimento adquirido na pregação, no ensino e no aconselhamento pastoral ESTRUTURAS DO CURSO Este curso foi organizado em oito módulos consecutivos. Os módulos devem ser estudados em ordem. REQUISITOS DO CURSO 1. Os estudantes devem assistir a 16 horas de aulas. Os estudantes farão 16 horas de leitura extra classe. 2. Os alunos farão dezesseis horas de leitura extra fora da aula. Estudantes do nível de bacharel deverão ler o livro “Alianças” de Palmer Robertson (Editora Cultura Cristã). Estudantes de nível de mestrado devem ler “Cristo dos Pactos” de Robertson. (Para os alunos que sabem inglês) - Como alternativa, os alunos são solicitados a ler ou ouvir as conferências de Ligon Duncan sobre Pactos no Reformed Theological Seminary, Jackson. As palestras escritas estão disponíveis em www.monergism.com/covenant-theology-biblical-theological- and-historical-study-gods-covenants. O material em áudio pode ser acessado no Itunes. Se eles não conseguem acessá-los, então, eles devem ouvir o áudio das palestras de Robertson sobre Pactos em Sermonaudio.com. 3. Os alunos responderam todas as perguntas ao final de cada lição. 4. Haverá um exame no final do curso. 5. Um trabalho final será feito de acordo com as instruções dos instrutores. AVALIAÇÃO DO CURSO Participação do Estudante (15%): Um ponto para cada hora de aula assistida. Tarefas do Estudante (15%): Dois pontos para cada tarefa realizada das oito aulas. 6 As tarefas consistem em responder a todas as perguntas ao final de cada lição. Se todas as tarefas forem feitas, um ponto extra é dado ao final do curso. Leitura complementar (20%): Os estudantes no nível de bacharelado devem ler o livro “Alianças” de Palmer Robertson (Editora Cultura Cristã). Os estudantes no nível de mestrado devem ler “O Cristo dos Pactos” também de Palmer Robertson. Trabalho Final (25%): Os estudantes farão uma exegese de Gálatas 3.1-4.6, identificando e explicando os pactos principais. O projeto dos estudantes no nível de bacharelado deverá ser de 5-8 páginas. O projeto dos estudantes no nível de mestrado deverá ser de 12-15 páginas. Este trabalho do curso dever ser entregue na última semana do curso. Prova (25%): O estudante demonstrará sua compreensão dos conceitos principais e do conteúdo dos materiais do curso. Haverá uma prova por semana para cada lição, a partir da lição 2 até a lição 7. Cada prova será uma seleção de 5 perguntas tomadas das perguntas finais de cada lição. BENEFÍCIOS DO CURSO O curso lançará as bases da teologia bíblica. O objetivo é mostrar como Deus trata com os homens e isto lançará as bases da teologia bíblica. 7 PRIMEIRA LIÇÃO: CONCEITOS INTRODUTÓRIOS Nesta lição consideraremos a importância da teologia do Pacto. Nela vamos dá uma definição do pacto, e vamos apresentar os três pactos principais das Escrituras. 1. Importância: Por que estudar os Pactos? Começaremos com a pergunta: Por que estudar a Teologia do Pacto? A palavra “pacto” e usada num total de trezentos e treze vezes na Escritura; É usada trinta e quatro vezes em Gênesis. Gênesis, o livro dos começos, é fundada sobre os pactos. A Teologia dos Pactos é fundamental para a teologia bíblica, para a teologia sistemática e para a teologia exegética.1 Em primeiro lugar, a estrutura dos pactos explica a maneira que toda a Bíblia foi escrita.2 Um entendimento claro desses pactos ensinará os crentes como interpretar a Escritura. Em segundo lugar, Jesus entendeu e explicou sua própria morte como um pacto. No discurso do cenáculo no momento da páscoa, quando Jesus iniciou a Ceia do Senhor, Ele disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramada em favor de vós” (Lucas 22.20). Paulo também cita estas mesmas palavras de Jesus em 1 Corintios 11.23-25. Jesus e Paulo estão citando Jeremias 31.31-34, o único lugar do Velho Testamento que usa o termo “Nova Aliança”. A vida, morte e ressurreição de Cristo – a parte central da nossa fé – são pactuais. Em terceiro lugar, a Teologia do Pacto, explicam o significado da Ceia do Senhor e do Batismo. Ambos, o batismo e a ceia foram dados para fortalecer os santos. Em quarto lugar, é somente através dos pactos que Deus se relaciona com Seu povo3. Na Criação Deus introduziu um pacto com Adão, o primeiro homem. Adão agiu como um representante de todos os homens. Quando Adão pecou, Deus então entrou num pacto com Cristo (1 Coríntios 15; Romanos 5.12-19). A única forma que Deus se relaciona com os homens é em Adão ou em Cristo. Todos aqueles que vêm a Cristo estão unidos a ele e suas obras, e eles entram nas bênçãos do Novo Pacto. O pacto prover estrutura e define estes relacionamentos. 1 Teologia Bíblia é o desenvolvimento de uma doutrina particular ou grupo de doutrinas como elas foram relevadas nas Escrituras. Teologia Sistemática é um estudo tópico ou um resumo de doutrinas teológicas chaves. Ela também explora a relação entre doutrinas, criando um sistema teológico. Teologia Sistemática foi desenvolvida em várias épocas na história da igreja. Teologia exegética, ou Hermenêutica é o estudo da maneira pela qual a Escritura deve ser lida. 2 Robertson, Cristo dos Pactos, pp. 17-52 3 CFW, 7.1 8 A Teologia do Pacto sempre foi central na Teologia Reformada. Não podemos compreender completamente a Escritura ou o Evangelho a menos que entendamos claramente os pactos. J. I. Packer observa: “As promessas do Evangelho, oferecendo Cristo e seus benefícios para os pecadores, são, portanto, convites para entrar e desfrutar de uma relação pactual com Deus. Fé em Cristo é, portanto, abraçar o Pacto e a vida cristã que glorifica a Deus com palavras e obras, pela grandeza da Sua bondade e graça que estão no coração da comunhão do pacto entre o Salvador e o pecador”.4 2. As Palavras Bíblicas para Pacto O que é um pacto? Nesta seção vamos ver as palavras hebraicas e gregas usadas para “pacto” na Bíblia. Ao fazer isso, podemos explicar melhor o significado original da palavra. Essa seção também considera como os termos foram traduzidos em textos latinos. 2.1. O Antigo Testamento Hebraico Em Hebraico berith significa “cortar ou amarrar”5. A ideia de cortar ou separar – cortar uma aliança – ocorre com Abrão em Gênesis 15 e 17. Nesses casos, Deus entrou emuma aliança com Abraão pelo corte dos animais (Gênesis 15). Em Gênesis 17, o sinal vinculativo da aliança entre Abraão e Deus foi o corte da carne do prepúcio, na circuncisão. Através do corte do pacto, Abraão foi separado por Deus, trazendo, dessa forma, Abraão para um relacionamento único com Ele. 2.2. O Antigo Testamento Grego Na Septuaginta (LXX), a tradução grega do Antigo Testamento, a palavra hebraica berith é traduzida pela palavra grega diatheke. Esta escolha de palavras foi uma concessão, já que não existe uma palavra que expresse exatamente o conceito hebraico. Havia duas opções: a) Diatheke – que trazia consigo o conceito de última vontade e Testamento (por exemplo, Hebreus 9.16-18) b) Sustheke – que destaca um acordo ou contrato entre duas partes. Os escritores rejeitaram suntheke porque esta palavra implica igualdade entre as partes. Os tradutores em seu lugar, escolheram diatheke para destacar o caráter soberano dos pactos bíblicos. Esta palavra grega foi traduzida para o latim como “testamentum” (um 4 Packer, 31 5 Berkhof , 262 9 testamento), que é a razão pela qual os tradutores dividiram a Bíblia em Antigo e Novo Testamento. 6 2.3. O Novo Testamento Grego No Novo Testamento Grego, a palavra diatheke é mantida, mas não deve ser interpretada como um testamento, mas como um pacto. Devemos tomar do Antigo Testamento a nossa definição de Pacto. Este não é a última vontade ou testamento, mas um vínculo de sangue entre Deus e o homem, administrado soberanamente. Esta é a posição geralmente aceita hoje em dia. Todavia, há passagens em que alguns têm argumentado que a palavra diatheke deve ser interpretada como uma última vontade ou testamento (por exemplo, Hebreus 9.16-18), mas Robertson e outros rejeitam esta interpretação.7 Como regra geral, quando os estudantes lerem a palavra “testamento” essa deve ser interpretada como “pacto”. A diferença crucial entre um pacto e um testamento é que um testamento pode ser mudado a qualquer momento antes da morte do testador. É vigente e irrevogável somente quando o testador morre. Mas, ao contrário, um pacto está em vigência desde o principio; seus termos uma vez definido, não podem ser mudados. A morte só é relevante se não cumpridas as estipulações do pacto. 2.4. Tradução Latina Ao longo do tempo, as Escrituras foram traduzidas para o latim, e de 400 aC a 1400 dC a teologia foi feita em latim na igreja ocidental. O uso de palavras e conceitos latinos teve um grande impacto na teologia cristã. Em traduções latinas, a palavra “pacto” foi traduzida de várias maneiras, incluindo testimentum, sublinhando uma última vontade e testamento, e foedes, a partir do qual o termo “federal” ou “representado” é adquirido. Essa idéia de teologia Federal era particularmente importante para os Reformadores Continentais e os Puritanos, assim como a palavra pactum, referindo-se a um pacto ou a um acordo entre duas pessoas. Essas palavras aparecem em obras teológicas mais antigas. 3. O que é um Pacto? Qual é a definição bíblica de pacto? Agostinho definiu pacto como “um acordo entre 6 Depois destas primeiras traduções, a seção 7.4 da Confissão de Westminster também se refere ao pacto como um "testamento". WCF 7.4: "Esta pacto de graça é freqüentemente apresentado nas escrituras pelo nome de Testamento, em referência à morte de Jesus Cristo, o Testador, e à herança eterna, com tudo o que lhe pertence, legado nesse pacto”. Esta terminologia é repetida em 7.5 e 7.6. A idéia de testamento da Confissão de Westminster é baseada em versículos como Lucas 22:22, 20, 1 Coríntios 11:25 e Hebreus 9:15 e 7:22. 7 Robertson, Cristo dos pactos, pp. 11-14. 10 duas pessoas”. Essa simples definição foi refinada mais tarde. Esse curso define pacto como “um vínculo de sangue soberanamente administrado”. Primeiro e mais importante, um pacto é um vínculo que cria um relacionamento pessoal, formal e legal entre as partes. Para entender a natureza do vínculo, uma distinção precisa ser feita entre pactos feitos entre homens e pactos feitos entre Deus e os homens. 3.1. Pactos entre Homem e Homem Os pactos entre homens eram comuns no Antigo Testamento. Esses pactos era negociáveis e as partes entravam no pacto como iguais. Exemplos pactos feitos entre os homens incluem casamento, adoção, tratado entre as nações (Josué 9; Oseías 12.1), as leis entre os reis e seu povo (Jeremias 34.8-18), contratos de negócios (Gênesis 21.27; 31.44), amigos entrando em contratos (1 Samuel 20.16), bem como os acordos entre mestres e servos (2 Samuel 3.12)8. 3.2. Pactos entre Deus e o Homem Nos pactos de Deus e o homem, Deus é soberano. Os termos são soberanamente impostos sobre o homem; o homem não negocia os termos com Deus. Além disso, estes pactos são vínculos de sangue; o resultado do descumprimento do pacto é a morte, o derramamento de sangue. Dr. O. Palmer Robertson define os pactos como “um vínculo de sangue soberanamente administrado”.9 3.2.1. Vínculos Um pacto é um vínculo verbalizado ou uma promessa de Deus ao homem. Este cria uma relação pessoal em que direitos e obrigações de Deus e do homem são claramente colocados. O sinal e o selo devem acompanhar acompanham a promessa verbal; o sinal do Pacto com Noé é o arco-íris10, a circuncisão é o sinal do pacto com Abraão, e o sinal do Novo Pacto é o batismo. 3.2.2. Soberanamente administrado Ao criar este vínculo, Deus é aquele que estabelece os termos do acordo. Deus e o homem não interagem em uma negociação. Deus soberanamente impõe os termos aos 8 Brown and Keele p. 15 9 Robertson, Cristo dos Pactos, p. 4. 10 Em português nos comumente falamos arco-íris, mas no Hebraico a palavra é arco, que traz a ideia de arco e flecha usados na guerra. Nós consideraremos isso com mais detalhes quando consideramos o pacto com Noé. 11 homens. Isto acontece em cada um dos pactos. 3.2.2. Em Sangue “Em sangue” destaca o caráter absoluto do vínculo entre as duas partes. Quando um pacto se rompe, há conseqüências. Nos contratos entre os homens, aquele que rompe um contrato deve pagar danos e prejuízos. Nos contratos humanos, a obrigação pelo descumprimento dependerá da natureza do acordo. Se eu concordo em pagar R$ 1.000,00 por seu carro, e não pago, esse continua sendo o montante que eu devo, e é necessário que eu pague para cumprir o contrato. No pacto de Deus com os homens, seus termos de pacto são absolutos: a vida e a morte. A pena pelo descumprimento é sempre a morte. O termo “em sangue” indica que se este pacto for rompido, a vida do infrator deve ser tomada. Em Gênesis 2, Deus disse a Adão: “... no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Se Adão falhasse em cumprir o pacto, ele perderia sua vida. Em Gênesis 15.17, “em sangue” é simbolizado pelo passar da tocha através dos pedaços dos animais, mostrando que se houvesse uma ruptura no pacto, ele seria morto como os animais. O derramamento de sangue estava presente no sinal do pacto da circuncisão com Abraão (Gênesis 17.22). O pacto de Deus com Israel inclui a aspersão do sangue sobre o povo e o livro da Lei (Êxodo 24.8). O derramamento que Cristo fez do seu próprio sangue é a marca do Novo Pacto (Lucas 22.20) 1112. É vital entender que a única forma com que Deus trata o homem é através dos pactos. Deus não trata com o homem á parte dos pactos. Deus estabelece os termos destes pactos, e tanto Deus como o homem deve reger-se por estes termos. 3.3. Ilustração bíblica dos Pactos. O matrimônio é uma ilustração bíblica, clara e fundamental do pacto nas Escrituras. Embora o casamento seja um pacto entre um homem e uma mulher. Deus usa essa imagem para explicar Seu relacionamento com Israel. Através de ambos os testamentos, Deusdisse que está casado com a nação de Israel por meio do pacto. Ele a viu, a protegeu, a amou e 11 Relacionado à terminologia do “vínculo de sangue” está a ideia de um juramento sagrado entre Deus e o homem. Quando falamos do pacto feito com Abraão, Deus se refere a um juramento posterior (Gênesis 26.3). Em Hebreus 6.13, 14 é dito que quando Deus fez a promessa Ele jurou por si mesmo. Uma referência ao Pacto de Deus com Abraão. 12 O pacto está também indiretamente relacionado a isso. A Lei, o testemunho e os mandamentos são referências indiretas ao Pacto Mosaico. Da mesma forma, a terna misericórdia de Deus e sua amorosa bondade apoiam-se na passagem pactual de Êxodo 34.6. Essa afirmação pactual sobre a natureza de Deus quase teve o status de um credo em Israel. Ela é citada em Números 15.17; 14.18; Salmo 86.15; 103.8; 145.8; e Joel 2.13. Esse é o testemunho de Israel de que Yahweh é um Deus pactual gracioso. 12 casou-se com ela (Ezequiel 16.1-14, 32, 35). Quando a nação de Israel rompe o pacto é vista como uma adúltera (Oséias 1-3). No Novo Testamento, a igreja está casada com Cristo (Efésios 5.25). No contrato matrimonial, ambas as partes mostram seu comprometimento um com o outro ao entrarem pessoalmente num relacionamento formal legal. No casamento pactual há ambos os elementos legal e emocional. Geralmente, o casal tem uma atração emocional (amor) e então eles formalizam isso com uma relação legal, que é o casamento. A confirmação legal mostra a natureza inquebrável e absoluta do vínculo “até que a morte nos separe”. Assim também é com a Teologia do Pacto. No Pacto Deus chama os homens para ele mesmo. Depois estabelece o relacionamento e então formalmente entre num pacto com eles. O pacto formalmente identifica, estrutura e define a relação. O homem está sob a obrigação pactual de amar a Deus de todo coração, mente, força e alma, e Deus e o homem estão comprometidos. Por outro lado, Deus promete perdoar o pecado humano, ser Seu Deus, e escrever sua Lei no coração do homem no Novo Pacto (Jeremias 31.31-34). 4. Os três Pactos Principais13 Para simplificar, há três pactos principais nas Escrituras: 1. O pacto de obras entre Deus e Adão; 2. O Pacto de Redenção entre Deus e Cristo, o segundo Adão; 3. O Pacto de Graça entre Deus/Cristo e seus eleitos. Os pactos são apresentados a seguir. 4.1. O Pacto de Obras O primeiro pacto foi o “Pacto das Obras” entre Deus e Adão.14 Deus entrou em um pacto que requeria a perfeita obediência de Adão no Jardim do Éden. Adão teve que obedecer a ordem de não comer de uma árvore, a árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2.16-17). Se ele rompesse o pacto, ele morreria; se obedecesse a Deus, viveria. Este pacto é “das obras” porque o êxito deste pacto se baseava na obediência pessoal de Adão, que ele tinha o poder de fazer. O pacto foi feito com Adão e todos os homens, já que Adão era um 13 Nem todo teólogo concorda com essa divisão ou com a terminologia. Outros teólogos usam a mesma terminologia de maneira diferente. Robertson rejeita a clássica idéia do Pacto da Redenção. Então, de forma mais confusa, ele rebatiza o tradicional Pacto da Graça, o Pacto da Redenção. Para um resumo da relação entre os pactos da Redenção e da Graça, veja Berkhof, 292ss. 14 Confissão de Fé de Westminster, VII.2. A Confissão de fé de Westminster também fala desse pacto como Pacto da Criação ou Pacto de vida. 13 representante de toda a raça humana (Romanos 5.12-19; 1 Coríntios 15.22). Adão falhou nesta prova, e assim condenou a si mesmo à morte e condenou a todos aqueles a quem ele representava. 4.2. O Pacto de Redenção O segundo pacto é chamado de “Pacto da Redenção”. Este pacto foi feito entre Deus e Cristo, como representante dos eleitos, para salvar o seu povo. Mesmo antes da fundação do mundo, o Pai planejou, elegeu e entrou em um pacto com Cristo (Efésios 1.4) no qual ele seria o segundo e último Adão (1 Coríntios 15.45), e atuaria como o segundo representante, desfazendo a obra de Adão, e assim redimindo (Efésios 1.7-11), e trazendo vida para todos os que estão Nele. Neste Pacto, Jesus: 1. Faz um acordo eterno em obediência à vontade do Pai; 2. Representa seu povo; 3. É uma garantia e; 4. Merece a recompensa da Pai. O Acordo eterno: O pacto feito na eternidade, antes da criação, e foi feito entre o Pai e o Filho (Salmo 2.40; João 6.38). A natureza eterna deste pacto é único. Tanto o Pacto das Obras como o Pacto da Graça encontram seus começos na história humana. Neste pacto, o acordo pactual entre o Pai e o Filho ocorre antes da criação do mundo; por isso, tem sido chamado de um pacto pré- temporal. Cabeça Representativa: Cristo age não só para si mesmo. Ele promete atuar como representante do Seu povo. As ações dele foram creditadas na conta deles. Romanos 5.12-21 mostra que assim como Adão era um representante, Cristo é também um representante. Fiador do Pacto: Nesse pacto, Jesus se comprometeu a ser o fiador de seu povo, ou a garantia. Pela união com Adão, o homem quebrou a lei de Deus e está sob a sentença de morte. Jesus veio e pagou pela quebra do pacto. Sob os termos do pacto, Ele toma o lugar do homem. A ideia de que Jesus morreu no lugar do Seu povo é demonstrada poderosamente em Hebreus “Portanto, Jesus se tem tornado fiador de superior aliança” (Hebreus 7.22). 14 Ele Merece Sua Recompensa Celestial: Nesse pacto, Cristo prometeu obedecer perfeitamente ao Pai, e o Pai prometeu recompensar Cristo por Sua obediência (Filipenses 2. 9), dando-lhe um povo. Em sua vida e morte, Cristo ganhou as bênçãos de Deus para Seu povo. Como recompensa por seu trabalho, a Cristo foi dado poder e autoridade sobre todas as coisas para que Ele possa governar todas as coisas até o final quando Ele terá vencido a morte, o último inimigo (1 Coríntios 15.20-26).15 4.3. O Pacto da Graça O terceiro pacto é o “Pacto da Graça” no qual Deus entra num pacto com os homens para o perdão de seus pecados e entra em uma nova relação com eles. O termo “Pacto da Graça” não aparece nas Escrituras 16. Ele é uma construção teológica. Utilizamos o termo para descrever a série de pactos a partir da promessa de graça feita a Adão em Gênesis 3.15 até as promessas feitas a Noé, Abraão, Moisés e Davi, as quais alcançam sua plenitude no Novo Pacto em Cristo (Lucas 22.20)17. Nessa série de pactos, cada pacto está interrelacionado e construído sobre o que vem antes; por conseguinte eles formam uma única administração pactual. No Velho Testamento, o povo de Deus olha para a vinda de Cristo no Novo Pacto. Hoje, os crentes olham para trás para a cruz do Novo Pacto. Cristo é o centro dos pactos. Na Aliança das Obras, Adão ganharia a salvação por sua obediência. Por causa do fracasso de Adão em manter a Aliança das Obras, o homem não pode mais agradar a Deus por suas obras, então a única maneira que Deus pode lidar com o homem agora é pela graça. 4.4. A relação entre os três Pactos Adão estava sujeito a Deus através do pacto das obras. Por causa da sua desobediência, Adão e toda a raça humana caíram e forma condenados. Com o fim de redimir o seu povo, Deus entrou com Cristo no pacto da redenção, no qual Cristo prometia obedecer ao Pai e agir como representante e garantia de seu povo a fim de libertá-los. No Pacto da Redenção, a obra de Cristo, merece as bênçãos daquele pacto e Ele, também, na cruz, paga pelos pecados do Seu povo. 15Berkhof, p. 265. 16 Batistas Dispensacionais muitas vezes criticam o conceito, argumentando que o termo não ocorre na Escritura, mas como observado, o fato de que um termo teológico não ser usado na Escritura não é evidência conclusiva contra o seu uso em geral; Ele ainda pode ser usado se refletir com precisãoo ensino da Escritura. 17 CFW 7.3. “…o Senhor dignou-se fazer um segundo pacto, geralmente chamado o pacto da graça...”. A administração desta aliança no "Antigo Testamento" está descrita em 7.5, enquanto a sua administração no "Novo Testamento" está descrita em 7.6. 15 Embora ambos os pactos – o das Obras e o da Redenção – sejam baseados na obediência do representante, nesse acordo a obra de Cristo não se limitou a desfazer as de Adão, Suas obras foram muito maiores. O pacto da Graça não era devida ao homem; era um dom (Romanos 5). A extensão da obediência de Cristo é muito maior do que a de Adão alguma vez foi, e Cristo sofreu na cruz como um sacrifício substitutivo, levando os pecados dos eleitos. Em todos os aspectos Sua obediência superou em muito a de Adão. Finalmente, as bênçãos da Nova Aliança superam em muito as promessas que Adão perdeu. Os Pactos da Redenção e da Graça estão relacionados. O acordo pré-temporal entre o Pai e o Filho é a base sobre a qual se baseia o pacto da Graça. Nesse acordo, o Pai enviou o Filho para redimir um povo, e o Filho concordou em vir. Este acordo é manifesto no tempo, na aplicação do Pacto da Graça. No clímax do Pacto das Obras, o Mediador humano e divino executa os termos do acordo e assim traz salvação. Como o relacionamento é tão próximo, podemos falar de uma aliança com dois aspectos; o primeiro aspecto é a aliança entre Deus e Cristo, e o segundo aspecto é o fato de que a Aliança de Graça foi feita com Cristo, como o segundo Adão, e nEle com todos os eleitos como Sua descedência18. Berkhof observa: “Não há diferença essencial entre essas duas representações”. Diz o Dr. Hodge: “Não há diferença doutrinária entre aqueles que preferem uma afirmação e aqueles que preferem a outra; Entre aqueles que compreendem todos os fatos da Escritura relativos ao assunto sob uma aliança entre Deus e Cristo como representante de Seu povo e aqueles que os distribuem sob dois”.19 Na figura abaixo estão os três principais pactos. O primeiro é o pacto de Deus com Adão para todos os homens (1). Paralelamente, vê-se o segundo grande pacto, o Pacto pré- temporal da Redenção entre Deus e Cristo para os Seus eleitos (2). Este pacto é realizado na história. A obediência de Jesus traz o Novo Pacto. No terceiro pacto, o Pacto da Graça, fica claro que Deus tem um grande plano de salvação, desde Gênesis 3:15 até a vinda do Novo Pacto (3). Na vinda de Cristo, o Pacto da Redenção e o Pacto da Graça encontram seu ponto focal. 18 No Catecismo Maior de Westminster, perguta 31: “Com quem foi feito o pacto da graça?” Resposta: O pacto da graça foi feito com Cristo, como o segundo Adão, e nEle, com todos os eleitos, como sua semente. 19 292 16 5. A Importância dos Vários Pactos A Aliança de Obras explica a natureza da Queda, a razão pela qual estamos cercados pelo pecado e pela morte. Enquanto Adão obedeceu, não havia pecado e morte na raça humana. Como representante do homem, Adão trouxe todos os homens sob o poder do pecado e do reinado da morte. No pecado de Adão também é encontrada a razão para a corrupção da natureza do homem, por que os homens são pecadores e cometem pecado. O plano eterno de Deus para salvar um povo é visto no acordo pré-temporal. Em amor, Ele deu um povo ao Seu Filho, e Seu Filho concordou em redimi-los. O Pai escolheu os crentes nEle; O Filho cumpriu todas as condições da aliança para os Seus escolhidos, e o Espírito aplica essas obras ao povo de Deus. Neste acordo, a salvação do cristão é segura, baseada na obra do Pai, do Filho e do Espírito. A salvação do homem não repousa sobre suas obras, mas sobre as obras de Cristo por ele. Aqueles que tentam ser salvos por suas próprias obras perdem completamente o verdadeiro significado da salvação. Todos os homens são chamados a crer na obra de Cristo, pela fé. Pela fé, os eleitos são unidos a Cristo, e como Ele foi aceito e ressuscitado dentre os mortos, assim também eles serão ressuscitados com Ele. Em união com Cristo, a salvação do crente é segura, assim como foi realizada nEle. Temos a certeza de que vamos estar vindicados no Dia do Julgamento com Ele. 17 6. Digressão: Definições, Terminologia e Objeções20 A fim de ajudar os novos alunos, a palestra de abertura foi deliberadamente simples, escondendo muitas questões complexas. Esta seção irá explorar algumas dessas questões mais avançadas. A definição do pacto é crucial, pois a definição afetará o que é classificado como um pacto, como os vários pactos se relacionam entre si e com a natureza das obrigações do pacto. Os antigos teólogos reformados definiram o pacto em termos gerais, como um pacto, um acordo ou uma promessa. Isso permitiu flexibilidade no que poderia e no que não poderia ser incluído sob a idéia do pacto. Bullinger observa: “É uma espécie de transação de Deus com a criatura segundo a qual Deus comanda, promete, ameaça e cumpre, e a criatura liga-se em obediência a Deus tão exigente” 21. Turretin define o pacto como aquilo que “denota um acordo de Deus com o homem pelo qual Deus promete suas bênçãos (e especialmente a vida eterna para ele), e para o homem, por sua vez, o dever e a adoração estão ligados... Isso é chamado de bilateral e mútuo, porque consiste em obrigações mútuas das partes contratantes; uma promessa da parte de Deus e estipulação do pacto por parte do homem”22. Outros reformadores desenvolveram outros aspectos do pacto. O teólogo Continental Zacarias Ursinus (1534-1583), em seus ensinos, incluiu uma referência aos Sacramentos. “Um pacto em geral é um contrato mútuo, ou acordo entre duas partes em que uma das partes se liga à outra para realizar algo em certas condições, dando ou recebendo algo, que é realizado com certos sinais e símbolos, com a finalidade de ratificar da maneira mais solene o contrato celebrado e, por razões de confirmação, que o contrato deve ser mantido inviolável”23. Isso dá continuidade à definição ampla da aliança, enquanto se concentra em sinais e símbolos. Nessas definições amplas, é fácil incluir outros acordos como “pactos” formais. No final do século XVII, tornou-se comum falar do acordo pré-temporal entre o Pai e o Filho 20 Os alunos devem ser avisados de que isso não faz parte do curso; Eles não serão avaliados sobre isso. 21 Johnson and Leith, p. 125 22 www.apuritansmind.com/puritan-favorites/francis-turretin/covenant-concepts-turretin/ 23 Ursinus, 97. 18 como a Aliança da Redenção, embora a palavra não tenha sido usada na Escritura24. A estrutura tríplice do pacto era comum nas igrejas reformadas continentais da Alemanha e da Holanda, e também entre os puritanos ingleses e os presbiterianos escoceses. Nos ensinamentos de Witsius, um teólogo da Igreja Reformada Continental mais antiga, ele claramente fala de um pacto da Redenção separado: “A vontade do Pai, dando o filho para ser o Cabeça e redentor dos eleitos; e a vontade do filho, apresentando-se como um patrocinador ou fiador para eles; em tudo o que a natureza de um pacto e acordo consiste. As escrituras representam o Pai, na economia da salvação, como exigindo a obediência do filho até a morte, e sob a condição dessa obediência, prometendo a ele, por sua vez, o nome que está acima de todo nome, mesmo que ele seja o Cabeça dos eleitos em glória; também o Filho, como se apresentando para fazer a vontade do Pai, aquiescendo nessa promessa, e... exigindo em virtude do pacto, o reino e a glória prometidos a ele. Quando temos claramente demonstrado todos os detalhes das escrituras, isso não pode, de maneira nenhuma ser negado: que há um Pacto entre o Pai eo Filho, pacto esse que é o fundamento da nossa salvação”25. Berkhof, seguindo a tradição Americana Continental, afirmou um Pacto da Redenação separado,embora reconhecesse a relação mais próxima entre a Aliança da Graça e a Aliança das Obras. A Confissão de Fé de Westminster segue uma estrutura bi-pactual, ou seja, os pactos das Obras e da Graça. Não há menção expressa do Pacto da Redenção, embora a substância do acordo seja encontrada em 8.1ss. sob o título de “Cristo, o Mediador” e no Catecismo Maior de Westminster, pergunta 31. A Declaração de Savoy em 1658 modificou a seção 8.1 da Confissão de Westminster com uma referência expressa à palavra “pacto”. “Agradou a Deus, em seu propósito eterno, escolher e ordenar o Senhor Jesus seu Filho unigênito, de 24 Para uma história do desenvolvimento do conceito do Pacto da Redenção, veja Murray, Collected Works Vol. 3 (234-238). 25 Witsius, p. 165 19 acordo com um pacto feito entre ambos26, para ser o Mediador Entre Deus e o homem” (Savoy 8:1)27. Não há definição da idéia geral de um “pacto” na Confissão de Westminster. Há uma clara referência ao Pacto das Obras, ou pacto da Vida, e ao Pacto da Graça. O primeiro se refere à obediência pessoal e perfeita de Adão (CFW 7.2). O último é definido como: “...nesse pacto ele livremente oferece aos pecadores a vida e a salvação por Jesus Cristo, exigindo deles a fé nele para que sejam salvos; e prometendo dar a todos os que estão ordenados para a vida o seu Santo Espírito, para dispô-los e habilitá-los a crer”. (CFW 7.3). Estas são definições de função. No capítulo 8, a Confissão trata de Cristo como Mediador e, embora não use o termo "Pacto da Redenção" de acordo com uma definição mais ampla da aliança, a substância da aliança está presente. Como os primeiros teólogos definiram o pacto, em geral, em termos de acordos mútuos, essa definição ampla permitiu que a idéia de pacto, incluísse o Pacto de Redenção. Os últimos setenta anos têm visto vários desenvolvimentos importantes na teologia do Pacto. No Seminário de Westminster (Filadélfia, EUA), John Murray (1898-1975) argumentou que o pacto, por definição, é uma relação graciosa de Deus com o homem. Meredith Kline, de Seminario Westminster Oeste (Escondido EUA), enfatizou o aspecto legal do pacto no Sinai. Ele tem sido seguido por Horton28 e isso criou um paradigma teológico no seminário. Recentemente, O. Palmer Robertson afirmou a estrutura bi-pactual da Escritura e da Confissão de Westminster, mas ele redefiniu os termos tradicionais para os dois pactos. Ele fala da Aliança da Criação (no lugar das obras) e da Aliança da Redenção (no lugar da graça). Ele também ofereceu uma nova definição da aliança: um vínculo, no sangue, soberanamente administrado29. Como estas definições recentes tiveram implicações importantes nos Estados Unidos e mais além dele, explicaremos brevemente as implicações das várias definições do Pacto. a) Nos esquemas mais antigos, o uso de uma definição mais ampla de "pacto" significava que algo mais poderia se incluir nesse tópico. Por outro lado, quanto maior a definição, menos distintivos os próprios pactos se tornam. Além disso, havia uma ênfase muito maior, nos esquemas mais antigos, em um acordo mútuo entre Deus e o homem. b) Aqueles que enfatizam a eleição e a obra mediadora de Cristo muitas vezes 26 Itálicos adicionados para dar ênfase. 27 www.reformed.org/Savoy_Declaration 28Introduction to Covenant Theology, veja também Sacred Bond, Browne and Keele. 29O Cristo dos Pactos, p. 15 20 desenvolvem o Pacto da Redenção de maneira que outros não desenvolveram. Em contraste, Robertson rejeita a idéia de Pacto da Redenção como especulativo e não confessional, observando que não está nem na Confissão de Westminster nem nas Três Formas de Unidade. c) John Murray definiu “pacto” de um ponto de vista exegético. Ele começou com a primeira referência explícita à aliança em Gênesis 9. Como referência inicial, a aliança com Noah serviu como o protótipo de todos os pactos. Múrray concentrou-se na graça concedida a Noé. Noé achou graça aos olhos do Senhor (Gênesis 6: 8), relacionando assim esta aliança com a graça. Como esta é a aliança inicial, todos os pactos devem, por definição, ser disposições unilaterais, divinamente estabelecidas e graciosas. Para colocá-lo na negativa, qualquer acordo não construído sobre a graça livre de Deus para os pecadores não pode ser uma aliança. Murray argumentou então que o princípio unilateral da dádiva da graça é axiomático para todos os pactos, desde Noé até a Nova Aliança. A definição de Murray altera as definições anteriores, que apenas falavam de acordos mútuos e não enfatizavam a soberania unilateral e graciosa de Deus. Embora Murray enfatizasse a graça da aliança, ele também tinha o cuidado de incluir as obrigações do homem na aliança. Ele argumentou que, embora seja unilateralmente imposto, o acordo monergístico também vinculou Noé a certas obrigações pelas quais Noé obteve o benefício da aliança (Gênesis 6.22). Ele viu os mesmos princípios em todos os pactos subsequentes. Na aliança com Abraão, Murray viu o unilateral, gracioso; a aliança divina em sua origem, estabelecimento, confirmação e realização. Nessa aliança, as bênçãos são iniciadas e realizadas somente por Deus, e, assim como com Noé, Abraão teve o dever de ser circuncidado para receber suas bênçãos. Era possível quebrar a aliança (Gênesis 17. 9). Murray rejeitou a idéia de que a imposição de uma condição minava a graça unilateral da aliança. Murray observa: “Quanto mais aprimorada nossa concepção da graça soberana concedida, mais somos obrigados a postular uma fidelidade recíproca em favor do receptor. ...tais exigências tomam forma prática concreta nas obrigações de obedecer aos mandamentos de Deus ...a comunhão é sempre mútua e quando a mutualidade cessa, a comunhão cessa”30. Na aliança, a graça já estava estabelecida ea condição era a base para o gozo continuado desta graça. A abordagem fortemente exegética de Murray e a ênfase sobre a aliança sendo definida pela graça podem ter estado também por trás de sua relutância em definir a administração Adâmica como uma aliança. 30 The Covenant of Grace (O Pacto da Graça) acessado em: www.the-highway.com/Covenant_Murray.html 21 Em contraste, o aspecto legal da aliança com Moisés serviu como modelo básico para Meredith Kline. Assim como Murray, Kline centrou-se em um único pacto, desta vez a aliança com Moisés, a partir do qual ele desenvolveu axiomática chave: Provavelmente não há uma direção mais clara que o teólogo bíblico tenha para definir com ênfase bíblica o tipo de aliança que Deus adotou para formalizar seu relacionamento com seu povo do que aquele dado na aliança que ele fez com Israel para cumprir até mesmo os dez mandamentos. Tal aliança é uma declaração do Senhorio de Deus, consagrando um povo para si mesmo numa ordem de vida soberanamente prescrita31. Kline tentou distinguir dois tipos de convênios, um “pacto da Lei” e um “pacto da promessa”32. A aliança no Sinai se torna o arquétipo do pacto da Lei; A Aliança Abraâmica torna-se o protótipo do pacto da Promessa. Kline argumentou que na Aliança Abraâmica, a promessa incondicional de Deus é vista, porque somente Deus passa através dos sacrifícios. Em contraste, ele vê a aliança no Sinai como uma obrigação mútua; Israel promete obedecer a Lei para que ela possa viver. A posição de Kline pode ser legitimamente criticada. Embora a graça e a promessa sejam claramente enfatizadas na aliança abraâmica, ainda existem condições. Abraão também deve entrar em um compromisso pactual formal na circuncisão. Se algum descendente de Abraão rejeitou o sinal, eles rejeitaram o pacto (Gênesis 17.14). Kline admitiu isso, e reconheceu que Deus e Abraão entram em um vínculo mútuo de bênção e maldição. Kline também viu aspectos da promessa no PactoMosaico. Por estas razões, Robertson33 concluiu que Kline não conseguiu argumentar a favor de tal ruptura absoluta34. Como já foi dito, a definição de Robertson da aliança é um vínculo no sangue soberanamente administrado. Esta definição é extremamente útil, mas também enfrenta os seus próprios desafios. Primeiro no Cristo dos Pactos, a terminologia que ele usa redefine a terminologia padrão reformada histórica. Ele muda o nome da Aliança de Obras para a Aliança da Criação, e a Aliança da Graça, em seus escritos, torna-se a Aliança da Redenção. 31 Kline, Treaty of the Great King, p. 9 32 Kline, By Oath Consigned 16ff &, p. 29ff 33 Robertson, Current Reformed Thinking 40 34 A distinção é seguida por Horton, em Introduction Covenant Theology que tenta fazer uma distinção absoluta entre pacto condicional e incondicional. Se as nuances na visão de Kline minam sua tese de dois pactos distintos, então o contraste mais absoluto oferecido por Horton é rapidamente minado pela exegese adequada. 22 Embora Robertson tenha um ponto, para aqueles sem qualquer entendimento da aliança, a mudança na terminologia pode causar confusão. Robertson também nega o tradicional Pacto de Redenção entre o Pai e o Filho, observando que não é mencionado em nenhum documento confessional. Embora se reconheça que a redação “Aliança da Redenção” não é confessional, dizer que algo é não-explicitamente confessional não é o mesmo que negá-lo categoricamente. Em certas áreas, a teologia se desenvolveu. Além disso, deve-se notar que em muitos casos a Confissão de Westminster foi deliberadamente ampla para encontrar consenso. Além disso, é claro que a Confissão pode ser lida de várias maneiras. No fundo, a negação de Robertson da Aliança da Redenção parece ser uma extensão natural do modo como defino a aliança. Se a aliança é um vínculo de sangue soberanamente administrado, não é fácil de ler esta definição no Pacto pré-temporal de Redenção entre Pai e Filho. Na aliança pré-temporal não está claro que o Pai impõe soberanamente a aliança sobre o Filho da mesma maneira que Deus impõe obrigações ao homem nos pactos Divino/humano. Além disso, o vínculo na carne, como um vínculo no sangue, não pode ser estabelecido. Recentemente Ligon Duncan35 enfatizou, entre outras coisas, que os pactos dão estrutura e asseguram uma relação única. Eles não criam uma. Em Gênesis 12, Deus elegeu e chamou Abraão. Ele confirmou esta relação com uma aliança em Gênesis 15. O sinal da aliança é dado para assegurar a fé de Abraão em Gênesis 17. Da mesma forma Deus cria Israel e então entra em uma aliança com ela no Sinai (Êxodo 19-24). Deus escolhe e chama a Davi (1 Sm 16) antes de ratificar a aliança com ele em 2 Samuel 7. A preocupação de Duncan é negar que a mera aplicação do sinal formal cria uma relação onde não existe, como ocorre na Igreja Ortodoxa Oriental, A Igreja Católica e, mais recentemente, a teologia da Visão Federal. Uma clara definição de “aliança” permanece difícil de encontrar. Isso é importante porque a definição básica de “pacto ou aliança” afetará o modo como uma pessoa entende o número e a interrelação dos vários pactos. Os alunos estão conscientes de que a forma como a aliança é definida terá consequências graves. Cada definição concorrente discutida acima levará a uma ênfase sobre um ou outro aspecto da teologia da Aliança tradicional, muitas vezes em detrimento de outro. Neste curso vamos usar uma versão modificada da de Robertson. Definiremos a aliança como um vínculo no sangue soberanamente administrado, mantendo a estrutura do Pacto das Obras e Pacto da Graça da Confisão de Fé de Westminster. 35 Ligon Duncan, “Defining Covenants: Lecture 2,” ItunesU. 23 CONCLUSÃO Visto que Deus trata com os homens através de pactos – vínculos legais e emocionais soberanamente administrados no sangue – a Teologia do Pacto estabelece uma base para compreender as Escrituras. Os três principais pactos são o Pacto das Obras, o Pacto da Redenção, e o Pacto da Graça. 24 PERGUNTAS PARA A LIÇÃO UM 1. Dê duas razões pelas quais a Teologia do Pacto é importante. 2. Quais são as palavras hebraicas e gregas que são utilizadas para “pacto”? Como foram traduzidas cada uma delas? 3. Providencie um exemplo (com referencias bíblicas) de um pacto entre os homens. 4. Quais são os elementos de um pacto bíblico de acordo com O. Palmer Robertson? 5. Como se administra soberanamente um pacto? Por que em sague? 6. Qual é a principal ilustração bíblica de um pacto? Providencie provas das Escrituras. 7. Quais são os aspectos do pacto? Descreva-os e fale sobre sua importância. 8. O que é o Pacto das Obras? 9. O que é o Pacto da Redenção? Nomeie brevemente todos os aspectos. 10. O que é o Pacto da Graça? 25 LIÇÃO DOIS: A ESTRUTURA DOS PACTOS Nesta lição esboçamos a estrutura dos pactos e de toda a Escritura. Introduziremos cada pacto, e veremos como cada um se relaciona com o plano de Deus e com cada um dos outros pactos. Este é um panorama geral; cada pacto será visto com mais detalhes em capítulos posteriores. 1. A Estrutura do Pacto – “Dois adãos” A estrutura de pacto mais básica é a dos “dois Adãos”, a divisão entre Adão, o representante do pacto das obras, e Cristo, o Mediador e representante do Pacto da Graça para os homens. Adão e Cristo representam seus respectivos pactos (indicado pelo “V” invertido no diagrama acima. Adão representa a velha criação e de toda a humanidade que nasce, naturalmente, dele. No Pacto das Obras, Deus colocou o homem em uma prova de obediência. Se Adão obedecesse seria abençoado, se desobedecesse seria amaldiçoado. Adão pecou, e porque ele era o representante de toda a humanidade, pecado e morte entraram na criação e agora reina sobre todos os homens (Romanos 5.12). Cristo é o representante do Novo Pacto, um pacto de graça e vida para todos aqueles que estão nele (1 Coríntios 15.20; Romanos 5.1- 19). Esse pacto é algumas vezes chamado de Pacto da Redenção. Os dois pactos estão também ligados às duas criações. A ligação entre Adão e a velha criação e Cristo e a nova criação é enfatizada em 1 Coríntios 15.45-49. Se incluirmos o aspecto da nova criação, o diagrama acima pode ser expandido da seguinte forma: Queda Pecado e morte Obediência Graça e Vida e Primeiro Adão Cristo Segundo Adão Último Adão Pacto das Obras Pacto da Graça 26 Adão, debaixo do Pacto das Obras, foi o cabeça da velha criação. Por causa do seu fracasso, ele trouxe o pecado e a morte a si mesmo e a toda criação. Cristo é o cabeça da nossa criação. Através da sua obediência, sob os termos do Pacto da Graça, Jesus traz o perdão, o Espírito, a ressurreição e a vida. Essa ressurreição é o começo da nova criação. 2. O Pacto da Graça O Pacto da Graça é o pacto que Deus fez como o homem depois da queda. O termo “Pacto da Graça” não ocorre na Escritura. O fato de o termo não ocorrer na Escritura não é um obstáculo para seu uso, desde que reflita com precisão o ensino da Escritura. Um exemplo comum desse princípio é o uso da palavra extrabíblica “Trindade” para explicar o conceito bíblico de um Deus em três pessoas.36 Desde a queda de Adão, o homem é agora governando pelo pecado e pela morte (Romanos 5.12); ele é incapaz de agradar a Deus. Para salvar os homens, Deus entrou em outra aliança, a Pacto da Graça. Ele é chamado de “pacto”, porque é a única maneira que Deus lida com o homem. É por “graça”, uma vez que nem Adão nem qualquer homem podem ganhar a bênção de Deus. No Pacto da Graça, Deus graciosamente fornece tudo o que é necessário para a salvação do homem através do Mediador, Cristo Jesus, que é o representante e fiador dos fiéis. O termo “Pacto da Graça” é realmente uma descriçãode uma série de pactos históricos que Deus fez com os homens, todos apontando e culminando para a Nova Aliança em Cristo, através do qual eles encontram o perdão do pecado. A primeira promessa deste pacto ocorre em Gênesis 3.15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Esta promessa é, então, seguida por uma série de outros pactos: o pacto com Adão 36 Alguns teólogos não gostam do termo “Pacto da Graça”, afirmando que não é bíblico. Em seu lugar preferem o termo “Novo Pacto” usado pelos Cânones de Dort. A Confissão de Fé de Westminster utiliza o termo “Pacto de Graça” (VII.3). A CFW menciona o mediador, mas não usa o termo “Pacto da Redenção” no capítulo 8. 27 (Gênesis 3.15ss), o pacto com Noé (Gênesis 8), o pacto com Abraão (Gênesis 15-17), o pacto com Moisés (Êxodo 19-20), e o pacto com Davi (2 Sameul 7.14ss), e o Novo Pacto (Jeremias 31.31-34; Lucas 22.20). Isso cria uma estrutura de duas partes, bi-pactual na Escritura; uma pessoa é condenada em Adão, sob o Pacto das Obras, ou está em Cristo e recebe as bênçãos que Cristo ganhou na Aliança da Graça.37 Há uma série de coisas que precisamos notar acerca do Pacto da Graça. Em primeiro lugar, há seis pactos diferentes no Pacto da Graça. Em segundo lugar, cada um destes está baseado em, e desenvolve o tema de Gênesis 3.15. Falamos de um Pacto da Graça porque cada pacto subseqüente desenvolve os temas encontrados na primeira aliança com Adão. Em terceiro lugar, cada um dos seis pactos tem uma ênfase ligeiramente diferente. Nem todos eles enfatizam as mesmas coisas. Existem semelhanças e diferenças. É um Pacto da Graça, mas cada pacto enfatiza um aspecto diferente. Podemos ilustrar esta idéia comparando e contrastando o Pacto Mosaico e a Novo Pacto. Na aliança com Moisés, a capacidade da aliança de condenar é enfatizada. Em Gálatas 3.19 Paulo escreve: “Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador”. João contrasta o pacto de forma similar. Ele diz: “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”. Nem Paulo nem João estão fazendo um contraste final, mas ambos destacam a ênfase particular de cada aliança. O Pacto Mosaico dado por Moisés e a Nova Aliança fazem parte do plano de Deus, mas são diferentes. A Aliança Mosaica aponta para a Nova Aliança; É um precursor, uma cópia, um prenúncio da verdade da Nova Aliança. A Nova Aliança é a realidade poderosa. Quarto, como pode ser visto acima, o Pacto da Graça pode ser subdividida em uma série de antigos pactos antecipatórios e da Nova Aliança. Os antigos pactos antecipatórios (plural) contêm todos os pactos feitos de Adão a Davi incluindo o Pacto Mosaico. Os antigos pactos antecipados esperam a sua realização na Nova Aliança com Cristo. A Nova Aliança, enquanto parte da Aliança de Graça, é única na medida em que é a aliança em que a realidade das promessas de Deus é finalmente realizada. Deve-se notar que a Aliança Mosaica também é expressamente chamada de Antiga Aliança e é contrastada com a Nova Aliança. O termo Antiga Aliança é especificamente referido em Jeremias 31: 31-34 e Hebreus 8: 7-11. A fim de evitar confusão com a Antiga Aliança, e a série de pactos antecipatórios de Adão a Davi na antiga criação, este curso chamará a aliança com Moisés, a Antiga Aliança ou 37 Esta estrutura de dois pactos é expressamente referida na Confissão de Westminster 7.3.4 28 a Aliança Mosaica, e chamará a série de pactos de Adão a Davi na antiga criação, os antigos pactos antecipatórios. Em resumo, existe um Pacto da Graça, com duas partes: a série de antigos pactos antecipatórios de Adão a Davi, que esperava a vinda de Cristo e o Pacto da Graça na Nova Aliança, no qual todas as promessas de Adão a Cristo são cumpridas. 2.1. Os Princípios do Pacto da Graça O diagrama seguinte é útil para nos ajudar a entender o Pacto da Graça. Ele não é uma descrição completa de todos os pecados; na verdade, ele menciona apenas três dos seis pactos no Pacto da Graça, mas ele ilustra como os vários pactos se encaixam. Explicação do Diagrama: a) As flechas indicam uma direção ao longo do tempo. Deus se revela ao longo do tempo, não tudo de uma vez. b) Os passos sobem, indicando que cada estágio é uma revelação mais completa. O pacto com Abraão tem pouca informação, enquanto o pacto com o cumprimento em Cristo tem mais. Cada administração do pacto acrescenta e aumenta progressivamente a informação que Deus dá ao Seu povo. c) Cada passo descreve outro pacto: os passos são discretos, indicando que cada pacto realmente acrescenta algo ao anterior. d) As etapas também são unidas. Isso é importante, pois mostra que eles não são completamente discretos. Os pactos são os mesmos em substância; Eles estão unidos um ao outro, isto é, fluem um do outro. 29 Podemos resumir o diagrama acima usando três conceitos: 1. Revelação Progressiva: Deus revela suas ações com o passar do tempo; 2. Unidade dos Pactos: Há um só pacto da graça essencialmente; o pacto é um cumprimento da promessa de que Cristo, o segundo Adão, viria para trazer graça e vitória (Gênesis 3.15ss). 3. Diversidade dos Pactos: O pacto é único, mas constituído por uma série de pactos que se constroem e se baseiam um no outro, e que realmente agrega algo ao pacto anterior. Sempre devemos equilibrar a unidade e a diversidade. 3. Os Seis Pactos Distintivos no Pacto da Graça 3.1. Adão: A Primeira Promessa A primeira promessa pactual feita ao homem depois da queda está em Gênesis 3.15. Deus prometeu levantar uma Semente/Filho da mulher que traria vitória ao povo de Deus. Isso se cumpriu na morte e ressurreição de Cristo, e espera seu cumprimento final no retorno de Cristo. Embora a vitória seja de Cristo, todos os que estão em Jesus, por aliança, participam da Sua vitória. Em Seu retorno, todos os crentes triunfarão na morte de Cristo e com Ele esmagarão Satanás sob seus pés (Romanos 16:20). 3.2. Noé: Preservação O. Palmer Robertson chama o Pacto com Noé de “Pacto da Preservação”38. Neste pacto, Deus promete não voltar a destruir o mundo com água. Ele dá o arco-iris como sinal de sua fidelidade. 3.3. Abraão: A linhagem de Israel Com a promessa a Abraão começa a linhagem de Israel. Sara era estéril, mas a Abraão foi prometido uma semente, uma terra e um povo. É através da linhagem de Abraão que o Messias virá. Deus confirmou isso passando através dos animais, comprometendo-se assim 38 Robertson, p. 109 30 com Abraão na pena de morte (Gênesis 15). Para fortalecer a fé, Deus deu a circuncisão a Abraão e à sua descedência (Gênesis 17.1-12), como sinal do pacto, sinalizando a necessidade de cortar o pecado no coração, e igualmente sinalizando a morte de Cristo na cruz (Colossenses 2.11-12). Esse pacto foi cumprido em Cristo; todos aqueles que foram unidos a Cristo pela fé (tanto judeus quanto gentios) se tornam filhos de Abraão (Gálatas 3.26-29). 3.4. Moisés: A Entrega da Lei Deus redimiu a Israel do Egito. Moisés atua como mediador entre Deus e Israel, dando-lhes a lei no monte Sinai. Essa lei revelou a vontade de Deus, mas foi escrita em pedras, fora do coração do homem, não dentro. A lei não muda o coração humano. A entrega da Lei foi a revelação completa da vontade de Deus. A revelação progressiva destaca a pecaminosidade do povo de Israel; ela mostra que Israel está debaixo da maldição da lei (Romanos 5.20; Gálatas 3.19). A lei foi dada a Israel para mostrar seu pecado, para que Israel pudesse esperarpela promessa de que Alguém maior que Moisés viria (Deuteronômio 18.15). A esperança de salvação é que Cristo é Aquele que tiraria o pecado como prefigurava o templo e os sacrifícios. Israel representa um microcosmo de todo o mundo. Israel como nação debaixo da Lei e juízo destaca a verdadeira natureza do homem caído. A lei foi dada para mostrar aos homens seus pecados e fracassos. O papel de Israel foi mostrar ao mundo que o homem não pode salvar-se por suas próprias obras, e que precisa de um substituto sacrificial. O Pacto Mosaico é também chamado de “Antigo Pacto” em Jeremias 31 e Hebreus 8. 3.5. Davi: O Rei Eterno Entre os pactos antecipatórios, o Pacto Davídico é o ponto mais alto e o desenvolvimento mais pleno da promessa feita a Adão em Gênesis 3.15. O pacto foi feito com Davi como rei e representante da nação. Se o rei ia bem, Israel era abençoado; se o rei fracassasse, Israel fracassava também. O rei é filho de Davi tanto quanto o próprio Filho de Deus. O rei era ungido com o Espírito Santo e a ele foi dado o trono e o domínio eterno (2 Samuel 7.14-15). Deus prometeu que o Messias viria através da descendência de Davi. Esses são os cinco pactos principais que compõem a porção do Antigo Testamento do Pacto da Graça. No Novo Testamento cada um deles atinge seu cumprimento no Novo Pacto. 3.6. Cristo: O Novo Pacto 31 O Novo pacto encontra seu cumprimento em Cristo e Sua obra, pelo derramamento do sangue de Cristo (Lucas 22.20). Todos os velhos pactos antecipatórios apontam para, e se cumprem neste pacto. Jesus é o grande filho de Davi (Romanos 1.3-4). Ele é o Filho de Deus. Como representante, ele obedeceu perfeitamente a Lei de Deus, pelo que merece a bênção para Seu povo (Romanos 5.12-19; Filipenses 2.6-11). Ele é o ungido pelo Espírito e é a semente prometida de Abraão; nele são benditas todas as nações da terra (Gálatas 3. 8, 29). 3.7. Notas adicionais sobre os Velhos Pactos Antecipatórios e o Novo Pacto 3.7.1. A Promessa e o pacto Mosaico são somente uma cópia e sombra do Novo Pacto Os velhos pactos antecipatórios contêm promessas que olham para o futuro, mas eles mesmos não têm o poder de trazer as bênçãos prometidas. Seu poder de salvar estava fundado em que eles explicavam e apontavam para a vinda de Cristo. O caráter incompleto das promessas e dos velhos pactos antecipatórios é visto no fato de que eles são chamados de “cópias” e “sombras” do Novo Pacto, em vez de realidade ou substância. Eles eram a imagem do cumprimento (Colossenses 2.15; Hebreus 8.5-13). 3.7.2. Os crentes do Velho Testamento receberam as Bênçãos do Novo Pacto pela fé. Na velha criação, o pecado e a morte reinaram. Adão foi expulso do paraíso. De forma similar Israel foi expulso da terra por causa da sua idolatria. À luz do constante fracasso do homem antes de Cristo e do Novo Pacto, alguém poderia ser salvo antes de Cristo vir? Havia salvação no Velho Testamento? A resposta é sim. Todos os velhos pactos antecipatórios olhavam para o futuro, para o cumprimento do Novo Pacto em Cristo; portanto, os crentes do Antigo Testamento que verdadeiramente entendiam a natureza das promessas do pacto, olhariam para o cumprimento das promessas da salvação em Cristo e do Novo Pacto. 32 Olhando para o futuro em fé, os crentes do Velho Testamento foram salvos pela fé da mesma forma que os crentes do Novo Testamento (Romanos 4.1-15). Um crente do Velho Testamento enxergava, pela fé, através dos velhos pactos antecipatórios, seu cumprimento final no Novo Pacto. Abraão estava esperando o descendente final; ele sabia que o cumprimento final das promessas não seria encontrado em Isaque. Ele olhou além, olhou para Cristo (João 8.56; Hebreus 11.17-19). Davi entendeu que os sacrifícios e ofertas não tiravam o pecado, mas que a salvação viria através da obediência e da obra de sua descendência real-sacerdotal (Salmo 40.6-8; Salmo 110; Hebreus 10.1-4). Em Moisés, a Lei, o sacerdócio e o tabernáculo, todos apontavam para a vinda de Cristo. Simeão, no tempo de Cristo, estava esperando a consolação de Israel (Lucas 2.25). Era somente à medida que os santos do Antigo Testamento entendiam as promessas, os sacrifícios e os tipos, para ver através deles, esperando seu cumprimento no Novo Testamento, que eles foram abençoados. Isso permanece sendo a maior diferença entre o atual ensino do Dispensacionalismo e a Teologia do Pacto. Na teologia Dispensacionalista a Escritura é dividida em um número de períodos ou provas. Cada um desses períodos ou testes é completamente diferente daqueles que tiveram lugar antes. No ensino modificado dispensacionalista39, embora eles afirmem que Cristo é o único caminho para a salvação, e que a fé é o único meio, eles também afirmam que o objeto da fé variava nas diferentes dispensações. No tempo dos sacrifícios dos velhos pactos antecipatórios, um israelita poderia ter fé nos próprios sacrifícios, que eles purificavam pecados, e não poderiam, nem deveriam olhar através deles para ver que eles apontavam para 39 Ryrie, Dispesationalism, 155,16. Ryrie cita os atuais artigos do Seminário de Dalas. “Era historicamente impossível que eles tivessem consciência de que o objeto de sua fé fosse o Filho encarnado crucificado, o Cordeiro de Deus, e que é uma evidência de que eles não compreenderam como nós que os sacrifícios retratavam a pessoa e a obra de Cristo” (artigo 4). 33 a trabalho vindouro de Cristo. Nós consideraremos o ensino dispensacionalista com mais maiores detalhes ainda nessa lição. 3.7.3. O Poder do Novo Pacto remonta ao Antigo Os sacrifícios dos velhos pactos antecipatórios não tinham poder para completa e finalmente pagar pelos pecados40. O pagamento completo e o perdão dos pecados somente poderia ser alcançado através de Cristo como Mediador do Novo Pacto (Salmo 40; Hebreus 10.1-17; Romanos 3.24-26). Ainda que tenha havido alguma provisão temporária para o perdão dos pecados no Velho Testamento, Deus considerou Abraão como justo (Gênesis 15.6), devido a sua fé nas promessas pactuais de Deus, mesmo antes que a morte de Cristo fosse, na verdade, entendida por eles. Paulo também notou que Davi foi perdoado pela fé, em Romanos 4.6-8. 3.8. A incompletude dos Velhos Pactos Os antigos pactos antecipatórios em si mesmos, sem a vida do Novo Pacto, são incompletos. Somente na vinda de Cristo, os antigos pactos começam a se concretizar. Durante algum tempo houve progresso nos antigos pactos. A semente prometida a Abraão prosperou. Israel estava na terra, tinha um rei, e Deus habitou no templo como Ele prometeu (Deuteronômio 28-30, Levítico 26). Mais tarde, Israel foi expulso da terra no exílio babilônico. Israel permaneceu exilado até o tempo de Cristo, e embora ela voltasse para a terra, as promessas a Abraão não foram realizadas. Israel estava sob domínio estrangeiro, e a semente de Davi já não era rei em Jerusalém. Israel ainda estava tecnicamente no exílio. Este foi sempre o plano de Deus. A incompletude e o aparente fracasso dos antigos pactos reforçaram o reino do pecado e da morte na velha criação. A única maneira que a salvação poderia vir era Deus enviando o segundo homem, o último Adão, para desfazer a obra do primeiro Adão. É somente em Cristo e em Seu Reino que as promessas são cumpridas. Deus pretendia que os antigos pactos fossem incompletos para destacar tanto o fracasso dos homens em Adão como para destacar o sucesso de Cristo e da Nova Aliança41. 40 Eles tiveram poder limitado. 41 De acordo com o Puritano John Owen, as seguintes posições foram geralmente acordadas na teologia Reformada: "Que a partir da primeira promessa, ninguém foi justificado ou salvo senão pela nova aliança e Jesus Cristo. Que o Antigo Testamento contém a doutrina da salvação na pessoae na obra de Cristo; Que a antiga aliança, separada de sua relação figurativa a aliança da graça, não podia salvar e todas as instituições da 34 4. A Promessa e os Elementos Chaves do Novo Pacto Em Deuteronômio 28-30 Deus preparou o futuro para Israel. Ele advertiu que a nação quebraria Seu pacto e seria lançada fora da terra. A passagem também ensinou que, depois de ser expulso da terra, Deus restauraria Israel (Dt 30: 1-6). Em cumprimento dessa profecia, Deus prometeu a Israel que entraria em uma nova e melhor aliança com ele, uma aliança construída sobre melhores promessas (Jeremias 31: 31-34). Esta nova e melhor aliança substituiria a Antiga Aliança Mosaica e traria a bênção final. Os princípios fundamentais da Nova Aliança são estabelecidos em Jeremias 31: 31-34 e outras passagens. A promessa da aliança é citada em Hebreus 8. Em Hebreus o contexto imediato é que os cristãos judeus estavam ameaçando deixar Cristo e a Nova Aliança e retornar à Velha Aliança. Para detê-los, o autor de Hebreus cita a promessa de Jeremias 31 para enfatizar a superioridade da Nova Aliança sobre a Antiga Aliança Mosaica. Jeremias 31: 31-34 enfatiza quatro pontos: 1. A Nova Aliança prometida seria eficaz. A Velha Aliança não foi eficaz porque Israel quebrou a aliança e assim está sob a ira de Deus. A Nova Aliança seria eficaz porque tem um Mediador melhor e foi baseada em promessas ainda melhores (Hb 8: 8-9). 2. Deus promete colocar Suas leis em suas mentes e escrevê-las em seus corações, tornando-os obedientes (Hb 8:10). 3. Deus promete que Ele será o seu Deus e todos o conhecerão, desde o maior até o menor (Hb 8:11). 4. Deus perdoará seus pecados e não mais se lembrará deles (Hb 8:12). Em Lucas 22:20, Jesus expressamente diz a Seus discípulos que Seu sangue traz a Nova Aliança. O sangue de Jesus na Nova Aliança substitui o sangue do Cordeiro da Páscoa. É Cristo, o Cordeiro da Páscoa, que foi sacrificado pelo Seu povo (1 Coríntios 5.7). As palavras "derramadas" voltam aos sacrifícios do tempo de Moisés/Abraão. Além disso, Jesus usa a Páscoa (o grande sinal de libertação sob a Antiga Aliança) para introduzir o sinal da antiga aliança tipificavam Cristo "(Owen, 191), ), Jones, Mark and Michael Haykin Eds. Drawn into Controversie: Reformed Theological Diversity and Debates Within Seventeenth-century British Puritanism. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 2011. Print. 35 Nova Aliança de libertação, a Ceia do Senhor. A morte de Jesus cumpre o Velho e traz o Novo Pacto. A Nova Aliança é o clímax eo cumprimento da Aliança da Graça, o lugar onde a Aliança da Redenção é totalmente elaborada no tempo. Neste ponto, Cristo como Rei, Cabeça e Mediador da Nova Aliança cumpre a Velha Aliança através de Sua própria vida, morte e ressurreição. 4.1. Cristo, o cabeça Adão era o cabeça da velha criação. Cristo, como cabeça, traz uma nova criação através de Sua ressurreição. Aqueles que nasceram da carne são elevados a uma nova ordem espiritual através da Sua morte e ressurreição (Romanos 1.3-4, 1 Coríntios 15.20-50, 2 Coríntios 5. 17-19). 4.2. Com Base no Perdão A Nova Aliança baseia-se no perdão do pecado (Jeremias 31.31-34). Adão, através de seu pecado, trouxe a maldição e o julgamento sobre a terra. Cristo toma esse pecado e julgamento sobre si mesmo; Ele paga pelos pecados de todos os que Ele representa. 4.3. União com Cristo A ressurreição de Cristo é um modelo e uma realidade para todos aqueles que nEle. Aqueles que estão unidos a Cristo, pela fé, estão 'nele'. Isso significa que o que aconteceu com Cristo lhes acontece. Aqueles em união com Cristo também são movidos da antiga criação para a nova criação. “Assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”. (2 Coríntios 5.17).42 42 Nota: O autor usa uma versão que diz: Portanto, se alguém está em Cristo é uma nova criação. Por isso, ele afirma numa nota de rodapé: “O artigo "uma" não ocorre no grego original. Os crentes não se tornam uma nova criação; Em vez disso, Jesus traz a Nova Aliança e nEle todos são trazidos para uma Nova Aliança”. 36 4.4. Nova Criação, Filiação e Espírito Na ressurreição de Jesus, Ele ressuscitou como o Filho, ressuscitado pelo poder do Espírito. Ele é as primícias (o primeiro de todos os homens, o primeiro em união com todos nele, garantindo que todos que estão unidos a Ele serão ressuscitados) da nova criação (1 Coríntios 15.20-22). Como recompensa por Sua obra mediadora, Ele foi ressuscitado como um novo homem espiritual, do Céu, imperecível, incorruptível e imortal. Ele é o possuidor e dispensador do Espírito: o último Adão tornou-se um espírito vivificante (1 Coríntios 15.45). Este é o início da nova criação de Deus. O Filho sendo ressuscitado pelo Espírito torna-se o padrão para todos os filhos unidos a Ele (Romanos 1.3-4, 8.11, 13-15, Gálatas 4.4-6). Em união com Cristo, os crentes compartilham Suas bênçãos; todos os que estão nele são filhos de Deus. Eles compartilham o Espírito de Deus e esperam a ressurreição do corpo, assim como Ele foi ressuscitado. 5. A Macro Estrutura Tomando tudo o que foi aprendido até agora, uma estrutura macro pode ser criada na qual todos os pactos são representados na história da redenção. Começa com a Pacto ou Aliança das Obras, à esquerda, e então funciona através dos antigos pactos antecipatórios na antiga criação, com a sua realização final sendo encontrada na Nova Aliança. 37 6. O princípio Emanuel O “Princípio Emanuel” é a grande promessa de que Deus estará com Seu povo; Ele será o seu Deus e eles serão o Seu povo. Isso representa o coração da promessa do pacto43. Esse princípio é visto em cada um dos antigos pactos antecipatórios. Deus era amigo de Abraão. Deus habitou no meio do povo no tabernáculo e depois mais permanentemente no templo em Israel. Na aliança com Davi, Deus prometeu ser filho de Davi. Este princípio é cumprido no Novo Testamento com a vinda de Cristo, em forma humana, para habitar com Seu povo (Mateus 1.23; João 1.14). Não somente Deus habitava com seu povo na carne, mas eles também estavam unidos a Ele. É nessa união que eles se tornaram filhos de Deus e receberam o Espírito. O Princípio Emanuel encontra expressão em cada pessoa da Trindade: Deus é agora o Pai dos crentes; Eles são por adoção, irmãos e irmãs em Cristo, e o Espírito habita neles. Isso se manifestará em sua plenitude quando a nova criação for realizada. Na nova criação, Deus habitará com Seu povo (Apocalipse 21). Em união com Cristo, eles são irmãos de Cristo; Ele 43 Robertson chama isso de “o coração do pacto”, p. 46 God Adam Cov. of Works The New Covenant The Old[er] Covenants Christ Fulfillment Christ’s Kingdom Sonship Spirit Forgiveness The One Covenant of Grace Old Crea on New Crea on David King Moses -Law Abraham - seed Noah- preserva on Adam- Seed Covenantal Structure 38 é seu irmão mais velho (Hebreus 2). Eles terão um corpo espiritual renovado (1 Coríntios 15.44), um totalmente habitado pelo Espírito Santo e apto para a maravilha da nova criação. É importante notar que essas bênçãos não são novas; antes, cada uma tinha sido prometida em forma de sombra no Antigo Testamento. A vitória da descendência foi prometida a Adão e a Abraão. A Lei dada a Moisés apontou para a obediência que a Nova Aliança traria. Os sacrifícios apontavam para a morte de Cristo. A aliança final com Davi apontou para a idéia de que o Rei era um representante, Ele seria um Filho e Ele seria ungido com o Espírito. Cada um dos antigos pactos