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Módulo XIX – D, DT e E Alice Bastos Micoses pulmonares Introdução As infecções de origem fúngica são chamadas de micose; As micoses sistêmicas podem afetar vários tecidos e órgãos; → Normalmente se iniciam nos pulmões e se difundem para outros tecidos do corpo; A porta de entrada dos esporos fúngicos é quase invariavelmente inalatória; As micoses humanas podem ser causadas por fungos patogênicos primários ou por fungos oportunistas; → Os fungos oportunistas geralmente são inofensivos, mas podem se tornar patogênicos em um hospedeiro que: • Se encontra debilitado ou traumatizado; • Indivíduos sob tratamento com antibióticos de amplo espectro; • Indivíduos cujo sistema imune esteja suprimido por drogas ou por distúrbios; • Àqueles que tenham alguma doença pulmonar; Histoplasmose Aspectos gerais A Histoplasmose capsulati é causada pelo Histoplasma capsulatum var. capsulatum (um fungo dimórfico), que habita o solo contaminado com fezes de morcegos e aves, em particular nos vales dos rios; Os pulmões normalmente são infectados inicialmente, mas os patógenos podem se disseminar no sangue e na linfa, causando lesões em quase todos os órgãos do corpo; Os principais grupos de risco são pacientes com AIDS e transplantados. Manifestações clínicas A maioria dos indivíduos normais não apresenta manifestações após inalação de pequeno inóculo (pequeno período de exposição: minutos) de H. capsulatum; Exposições mais prolongadas (horas), principalmente quando de infecção primária, pode levar à histoplasmose pulmonar aguda (paciente previamente hígido), cavitaria crônica (paciente enfisematoso) ou doença disseminada (paciente imunodeprimido); Nos pacientes infectados pelo HIV, a micose é disseminada e grave; → São comuns as ulcerações orais e variado tipo de lesões cutâneas. Diagnóstico A imunodifusão é um teste útil para triagem diagnóstica em pacientes não imunodeprimidos; É difícil detectar H. capsulatum em espécimes clínicos não corados, e os cultivos (isolamento do patógeno) fornecem as principais provas diagnósticas: Histoplasmose disseminada, 90%; Histoplasmose pulmonar crônica, 60% no escarro; → Os cultivos não são sensíveis em caso de histoplasmose pulmonar aguda (< 10%). Tratamento Poucos pacientes com doença pulmonar aguda necessitam de tratamento específico, pois a resolução espontânea é regra; Nos casos de doença pulmonar crônica, itraconazol (400 mg/dia, durante 6 a 12 meses) é o fármaco de escolha; A anfotericina B tem indicação formal no tratamento inicial de pacientes graves; A Histoplasmose disseminada nos pacientes com AIDS é de difícil controle, devendo ser realizado tratamento supressivo crônico com itraconazol. Módulo XIX – D, DT e E Alice Bastos Coccidioidomicose Aspectos gerais A coccidioidomicose é causada por duas espécies fúngicas: Coccidioides immitis e Coccidioides posadasii. Manifestações clínicas Tem amplo espectro de manifestações clínicas, variando desde síndrome tipo influenza até quadro típico de pneumonia, com presença de escarro purulento, e às vezes com raias de sangue; → O paciente pode apresentar dor torácica, febre, tosse e perda de peso; O achado radiológico mais comum é o infiltrado pulmonar segmentar, com adenopatias hilares e/ou pequeno derrame pleural em 20% dos casos. Diagnóstico Os testes sorológicos inicialmente usados são imunodifusão, aglutinação em partículas de látex e fixação de complemento, que podem ser utilizados como triagem soromicológica; O exame microscópico direto do material clínico (tecidos ou fluidos) é de grande importância no diagnóstico pela demonstração das esférulas (esporos) características. Tratamento Não há consenso quanto ao fármaco de escolha, mas alguns autores concordam com a seguinte indicação: → Itraconazol para doença pulmonar aguda; → Itraconazol ou anfotericina B para doença pulmonar crônica; → Fluconazol reservado para doença meníngea, em função da excelente penetração liquórica. Pneumonia por Pneumocytis Aspectos gerais É causada pelo Pneumocystis jirovecii, microrganismo transmitido por via aérea e com porta de entrada pulmonar. Manifestações clínicas Apresenta-se como febre, tosse, dispneia, calafrios e dor torácica; Infiltrado pulmonar misto, intersticial e alveolar é o achado radiológico clássico; → Outras manifestações torácicas também são descritas: radiografia normal, infiltrados nodulares, cavitação, bolhas de enfisema, pneumotórax e derrame pleural. Diagnóstico A fibrobroncoscopia com biópsia transbrônquica e lavado broncoalveolar é o principal método de colheita do espécime clínico para o diagnóstico; → O diagnóstico tem como base a demonstração microscópica dos cistos do P. jirovecii. Tratamento Tratamento de primeira linha: trimetoprim (20 mg/kg/dia), associado ao sulfametoxazol (100 mg/kg/dia), em 3 a 4 doses diárias, durante três semanas, via oral ou intravenosa; Tratamento de segunda linha: pentamidina (4 mg/kg/dia), em infusão intravenosa durante 1 hora, diariamente, durante 3 semanas, é a segunda escolha. Aspergilose Aspectos gerais Causada pelos microrganismos do gênero Aspergillus que são comumente encontrados no solo, na água, em material orgânico e vegetação em decomposição; As principais espécies implicadas em casos de aspergilose são Aspergillus fumigatus, Aspergillus flavus e Aspergillus niger (principalmente em diabéticos); → Essas espécies são transmitidas por via aérea. Manifestações clínicas É uma doença espectral, de curso clínico variável com o hospedeiro; A aspergilose invasiva aguda (AIA) é caracterizada por: dor ventilatório-dependente, hemoptise e febre, com Módulo XIX – D, DT e E Alice Bastos infiltrado pulmonar que não responde a antibiótico de amplo espectro, com subsequente escavação; A aspergilose pulmonar necrosante crônica (APNC) é manifestada por tosse, febre, suores noturnos, emagrecimento e anemia; Na colonização intracavitária pulmonar aspergilar (CIPA), predominam a tosse produtiva crônica e a hemoptise de repetição; Nas aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA), o paciente costuma ser alérgico de difícil controle, com dispneia, tosse e expectoração purulenta. Diagnóstico É feito através da associação de exames de imagem, quadro clínico e exames laboratoriais (cultura e sorologia. Tratamento A AIA é tratada com anfotericina B; A APNC pode ser tratada com itraconazol (200 a 400 mg/dia) ou anfotericina B; A ABPA é tratada com corticoide e itraconazol. Criptococose Aspectos gerais É um infecção provocada pelo fungo Cryptococcus neoformans ou C. gatti; A doença é transmitida principalmente pela inalação de fezes secas contaminadas Manifestações clínicas Está associada a indivíduos imunocompetentes que têm massas inflamatórias significativas e comumente produz sequela neurológica que exige cirurgia e terapia antifúngica prolongada. Diagnóstico O texto do antígeno criptocócico no soro e liquor é um teste preliminar para infecção criptocócica e tem alta sensibilidade para a doença; A cultura de escarro, o lavado broncoalveolar, a biópsia pulmonar, o liquor ou espécimes da biópsia do cérebro em ágar seletivo permitem a diferenciação entre C. gatti e C. neoformans. Tratamento Difere segundo a espécie de Cryptococcus; C. gatti requer maior dose de anfotericina B e tratamento mais prolongado, frequentemente exigindo cirurgia.
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