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Estudos Mercadológicos 1 1 UNIDADE 1 ESTUDOS MERCADOLÓGICOS 1. EVOLUÇÃO DO MARKETING E A ORIENTAÇÃO PARA O MERCADO As relações de trocas estiveram presentes em todos os períodos históricos. Constata- mos, assim, que o mercado de consumo sempre existiu e foi se transformando e evoluin- do ao longo dos anos. Nas sociedades primitivas, as trocas relacionavam-se à satisfação das necessidades básicas para a sobrevivência. Na era da produção, especialmente com o avanço da industrialização, as relações de trocas assumiram um caráter comercial, e o mercado passou a ser definido por empresas capazes de produzir um bem de consumo e indivíduos com necessidades e recursos financeiros para satisfazê-las. Nesse cená- rio de maior competitividade, identificamos diferentes filosofias empresariais: empresas orientadas para a produção, para o produto, para as vendas e para o marketing. As empresas orientadas para a produção priorizam a eficiência e a eficácia dos pro- cessos produtivos e da distribuição em massa. Essa filosofia empresarial está funda- mentada na crença de que os consumidores dão preferência aos produtos fáceis de encontrar e de baixo custo (KOTLER; KELLER, 2006; ZIKMUND, 2012). De maneira oposta, empresas orientadas para o produto concentram seus esforços em fabricar bens de consumo com qualidade superior e inová-los constantemente. Dessa forma, as organizações que seguem essa filosofia julgam que os atributos diferenciados e os benefícios incorporados ao produto são capazes de atrair um número maior de consu- midores (KOTLER; KELLER, 2006). As orientações para a produção e para o produto estão relacionadas às vantagens competitivas, sugeridas por Michael Porter (1980), pelas quais uma empresa opta por uma estratégia de liderança de custo – quando o ob- jetivo é oferecer ao mercado produtos de baixo custo ou com preços inferiores aos dos concorrentes – ou por uma estratégia de diferenciação – quando a proposta é propor- cionar aos consumidores produtos que sejam percebidos como exclusivos, por exem- plo, com qualidade e desempenho superiores. A orientação de produção e a orientação de produto são utilizadas atualmente por empresas de diferentes setores da economia e ambas apresentam uma fragilidade comum: não consideram as necessidades e os desejos dos consumidores para desenvolver a oferta de mercado. A orientação de vendas surgiu quando algumas empresas compreenderam que a ca- pacidade de produção, seja de produtos de baixo custo ou diferenciados, não era o bastante para conquistar clientes, principalmente em mercados nos quais a oferta era maior que a demanda. Um exemplo é o período inicial da produção em massa, viabili- zada pela industrialização, quando os produtos começaram a acumular no estoque das fábricas. Essa filosofia parte da premissa de que o cliente não decide a compra por si só 2Gestão de Marketing 1e, por isso, é indispensável empregar técnicas agressivas de vendas para estimular o consumo e garantir que o consumidor efetive a compra. Essa orientação apresenta um grande risco ao supor que “clientes persuadidos a comprar um produto gostarão dele; caso isso não ocorra, imagina-se que esses clientes não vão devolvê-lo, não falarão mal dele, tampouco reclamarão a um órgão de defesa do consumidor – e talvez até vol- tem a comprá-lo” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 13). Em resumo, a orientação de vendas considera as necessidades da empresa de comercializar o que foi produzido, e não as necessidades do mercado consumidor. Em 1950, as empresas enxergaram que o propósito das atividades de marketing não era criar necessidades inexistentes ou gerar vendas por pressão, ou ainda buscar os clientes certos para os bens produzidos. As empresas compreenderam que essas for- mas de atuação despendiam muitos recursos e não garantiam a conquista e a retenção dos clientes, requisitos fundamentais para a manutenção do negócio a longo prazo. Diante dessas constatações, a orientação de marketing surge com a premissa de que “a chave para atingir os objetivos organizacionais consiste em a empresa ser mais eficaz que os concorrentes na criação, na entrega e na comunicação de um valor superior (na opinião do cliente) a seus mercados-alvo escolhidos” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 14). Para as empresas que competem no mercado seguindo essa filosofia, o ponto de par- tida são os clientes. Portanto, nesse cenário, a primeira tarefa do marketing reside em identificar uma necessidade ou um desejo do mercado-alvo, para depois seguir com a criação e o desenvolvimento de um produto com valor agregado. 2. TAREFAS ESSENCIAIS DA GESTÃO DE MARKETING Ana Beatriz acorda pela manhã, liga a cafeteira Dolce Gusto e prepara o seu café. Atrasada, calça seus sapatos Jimmy Choo, toma o café enquanto borrifa o perfume Chanel Nº5. O iPhone toca. Reunião urgente no escritório. Ana procura a chave do seu automóvel Ford Fusion... Opa! Está sobre a refrigerador Panasonic. Apressada, Ana Beatriz desce pelo elevador Otis, entra em seu carro e sai para mais um dia de trabalho. Essa história, totalmente ficcional, mostra-nos como o marketing está onipresente no dia a dia, caracterizando uma relação de troca, na qual uma empresa oferta um pro- duto ou serviço, um consumidor possui interesse e poder aquisitivo para comprá-lo, e ambos, empresa e cliente, saem satisfeitos dessa negociação. Las Casas (2013, p. 10) define marketing como: “a área de conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às re- lações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indi- víduos e considerando sempre o ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade (LAS CASAS, 2013)”. Por meio dessa definição, podemos depreender alguns conceitos básicos da gestão de marketing. As relações de troca representam a criação de ofertas direcionadas a determinados mercados-alvo e à posterior aquisição dessas ofertas pelos consumido- res, e baseiam-se na gestão do composto de marketing – produto, precificação, praça e promoção. A satisfação de necessidades e desejos dos consumidores traduz-se no Estudos Mercadológicos 3 1 desenvolvimento de uma estratégia de diferenciação para marcas, produtos ou servi- ços, com o propósito de gerar uma vantagem competitiva em um cenário com inúmeros concorrentes e, assim, promover a construção de relacionamentos estáveis com os mercados-alvo, visando a conquista e retenção de clientes que resultam em lucrativida- de e na competência para aumentar e manter o market share. O ambiente de atuação corresponde às condições de mercado e envolve o estudo e a análise das variáveis incontroláveis pelas empresas dos concorrentes e dos públicos-alvo para a tomada de decisão. Assim, compreendemos que a gestão de marketing requer pesquisa e análise de possíveis cenários mercadológicos para a tomada de decisões es- tratégicas, que assegurem alcançar os objetivos previstos no planejamento empresarial. Para atender às necessidades e desejos dos consumidores, as organizações criam ofertas de mercado adequadas aos mercados-alvo. Inicialmente, vemos aqui duas das principais tarefas do marketing. A primeira consiste em identificar e analisar segmentos de mercado, detectando possíveis demandas não atendidas pela concorrência ou, ain- da, oportunidades de negócio. Recorrendo novamente a uma história de ficção, Ana Carolina acorda pela manhã, sabo- reia seu chá Matte Leão, calça seu tênis All Star, atende uma ligação em seu Samsung Galaxy, enquanto procura pelos seus óculos Chilli Beans. Carolina, que é uma ativista ambiental, vai ao trabalho pedalando sua bicicleta Caloi. Essas mudanças nas práticas de consumo, ilustradas pelas personagens Ana Beatriz e Ana Carolina, mostram que os consumidores são indivíduos sociais com necessidades e desejos particulares. Os hábitos de consumo, de certa forma, revelam a personalidade e o estilo de vida dos consumidores.Ana Beatriz, ao calçar seus sapatos Jimmy Choo e dirigir seu Ford Fu- sion, reafirma sua posição e status social. Ao pedalar pela cidade em sua bicicleta, Ana Carolina expressa sua preocupação em preservar o meio ambiente. Consequentemente, compreender o consumidor em sua essência é fundamental para a gestão de marketing. Market share significa participação de mercado. Por exemplo, a Gol Linhas Aé- reas lidera o mercado de voo doméstico com 38,5% de market share, ou seja, 38,5% dos clientes que compram passagens áreas nacionais preferem a Gol. As necessidades descrevem exigências humanas básicas. As pessoas necessi- tam de comida, água, ar, roupa e abrigo para poderem sobreviver em ambiente urbano ou rural - são as chamadas necessidades fisiológicas. Elas também têm necessidades de lazer, recreação e educação, que se transformam em desejos quando são direcionadas à satisfação de objetos específicos. Uma pessoa pode ter sede, que é uma necessidade fisiológica, mas pode ter um desejo de saciar a sede tomando um guaraná. Hoje, o marketing está mais posicionado para realizar desejos do que atender às necessidades (COBRA, 2003, p. 5). A segunda tarefa fundamental da administração de marketing diz respeito à criação de um composto de marketing que gere valor aos clientes. Em outras palavras, criar um composto de marketing significa desenvolver um produto (ou serviço), definir a estratégia de precifica- ção e as praças para comercialização, e, por fim, estabelecer as estratégias de promoção. 4Gestão de Marketing 1 Além das decisões que são tomadas no âmbito organizacional, os profissionais de marketing necessitam, também, monitorar as variáveis incontroláveis do ambiente ex- terno. A economia, a tecnologia, as leis, os aspectos sociais, culturais e ambientais estão fora do controle da empresa, mas ainda assim podem apresentar oportunidades de mercado. Neste caso, a empresa deverá antecipar-se à demanda ou, ainda, trazer ameaças que impactam no desempenho da empresa no mercado. Por isso, os profis- sionais de marketing devem monitorar essas possíveis ameaças e traçar diferentes cenários para reagir a elas. Após esta breve contextualização dos ambientes de marketing, vamos estudar em deta- lhe cada uma das tarefas da gestão de marketing, ilustradas na figura abaixo: A Chilli Beans se posiciona como uma marca de acessórios de moda e utiliza como plataforma de negócio o fast fashion, caracterizada pela renovação cons- tante das coleções disponíveis nos canais de venda. O core business da marca são os óculos escuros, mercado no qual é líder com 22,7% de market share. A cada semana, dez novos modelos de óculos são oferecidos aos consumidores da Chilli Beans, nas mais de 800 lojas físicas e também no e-commerce. De acordo com Caito Maita, fundador da empresa, o diferencial dos produtos é a história por trás dos óculos da Chilli Beans. Filmes, música e outras referências da cultura pop costumam ilustrar as hastes dos óculos, geralmente acompanhadas de uma narrativa bem construída, que valoriza a marca. Os óculos inspirados na Rita Lee, com cocriação da cantora, fazem parte da co- leção Rock Fellas, e tiveram como referência as histórias da artista com os discos voadores. Nas hastes dos óculos, o disco voador, desenhado pela própria Rita Lee, e que também virou tema da campanha publicitária. Os produtos da coleção Rock Fellas são vendidos por R$ 250,00. A estratégia de produtos autênticos, com personalidade própria, preços acessíveis, ampla rede de distribuição e comunicação alinhada com os mercados-alvo, é a usada pela Chilli Beans para fazer a gestão do composto de marketing da marca. Fonte: Las Casas (2013, p. 14) – Adaptado Te cn ol og ia Ec on ôm ic as /O ut ra s Ambiente Social/Cultural/Demográfico Ambiente Político/Legal - Concorrência Organização Consumidor Produto Preço Praça Promoção Figura 01. Ambientes e Tarefas de Marketing Estudos Mercadológicos 5 1 3. COMPOSTO DE MARKETING A gestão do composto de marketing integra a área estratégica da administração de marketing. Como vimos, empresas orientadas para o marketing adotam uma perspecti- va interfuncional, na qual as atividades de marketing estão integradas a outras funções do negócio (ZIKMUND, 2012). O Fluxograma de Yanaze nos explica a relação entre a administração de marketing e os contextos estratégico e operacional da empresa: os inputs são os recursos necessários para viabilizar as operações da organização; os throughputs indicam os processos produtivos e administrativos, a política e a cultura organizacional; e, por fim, os outputs são os resultados obtidos nesses processos, ou seja, o composto de marketing (LUPETTI, 2012). Fonte: Lupetti (2012, p. 9) – Adaptado Figura 02. Fluxograma de Yanaze ORGANIZAÇÃO INPUTS THROUGHPUTS OUTPUTS Recursos Financeiros Recursos Humanos Recursos Materiais Infraestrutura Tecnologia Processo de Produção Sistema Administrativo Logística Cultura Organizacional Políticas da Empresa Produto Preço Praça Promoção Composto de Marketing Produto: O produto é o principal objeto das relações de troca, e, de certa forma, é o produto que materializa o composto de marketing de uma empresa ou uma marca. Quando um consu- midor adquiri um bem, na realidade está buscando a solução para um problema. Dessa perspectiva, as características e os benefícios do produto, suas funcionalidades e seus usos devem atender às expectativas do consumidor. Em algumas ocasiões, os consu- midores buscam por produtos que extrapolam a satisfação de uma necessidade básica de consumo, para atender a esses mercados-alvo mais exigentes, empresas e marcas acrescentam ao produto básico, benefícios extras para garantir a diferenciação frente à concorrência. Las Casas (2013) define cinco níveis de produto, do básico ao diferenciado. O produto básico é o produto essencial, com características que permitem a ele perten- cer à determinada categoria e satisfazer uma necessidade básica. Vamos tomar como exemplo a compra de um automóvel. A necessidade básica é a locomoção e para isso o veículo deve ter pneus, peças mecânicas e elétricas, bancos. Ao produto ampliado são acrescentados benefícios extras, como o serviço de assistência técnica em concessioná- rias, bancos de couro e ar-condicionado para mais conforto, equipamentos de som para entretenimento, airbags para mais segurança, motor com potência superior para melhor desempenho nas estradas. O produto esperado incorpora benefícios diferenciados, os 6Gestão de Marketing 1quais a maior parte dos concorrentes não oferece, por exemplo, o automóvel elétrico. O produto diferenciado é a oferta de benefícios exclusivos de uma empresa ou marca, que é valorizada pelo mercado-alvo. Muitas vezes, empresas concorrentes ofertam produtos similares em termos de qualidade, benefícios ou tecnologia, e a forma de distinguir-se da concorrência é o posicionamento da marca. A Harley-Davidson ilustra bem esta estraté- gia de diferenciação ao vender e defender um estilo de vida, não uma moto. Figura 03. Propaganda Harley-Davidson que enfatiza o estilo de vida Fonte: Blog Puta Sacada. Disponível em: http://www.putasacada.com.br/harley-davidson-loducca/ Classificação de produtos: As empresas classificam os produtos de acordo com a durabilidade, a tangibilidade e os usos (KOTLER; KELLER, 2006). Essa classificação tem dois aspectos importantes: primeiro, relaciona-se aos hábitos de consumo dos mercados-alvo; e, segundo, cada uma dessas classificações exige a adequação do composto de marketing. A seguir, vamos detalhar cada categoria, de acordo com os conceitos de Kotler e Keller (2006): “Um produto é tudo que pode ser oferecido a um mercado para satisfazer uma necessidade ou um desejo. Entre os produtos comercializados estão bens físicos, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 366). Bens não duráveis São bens tangíveis, compradoscom frequência pelos consumidores e que têm curta durabilidade, ou seja, são consumidos rapidamente. Geralmente, os con- Fernando Riscado Fernando Texto digitado Verificar se tem imagem no banco 123.... Estudos Mercadológicos 7 1 Fo nt e: 1 23 rf Figura 04. Carrinho de Supermercado com Alimentos Bens duráveis São produtos tangíveis, que têm mais durabilidade. Normalmente, são com- pras planejadas que demandam mais investimento financeiro e maior envol- vimento do consumidor. Por exemplo, realizar uma ampla pesquisa antes de efetuar a aquisição. Podemos con- siderar nesta classificação eletrodo- mésticos, eletroeletrônicos, vestuário e calçados. Os bens duráveis exigem distribuição mais seletiva, por vezes, vendedores especializados; a comunicação tende a ser informativa, para mos- trar os diferenciais do produto; os serviços pós-venda, como assistência técnica, garantia estendida e seguros, são valorizados pelos consumidores e influenciam na decisão de compra; e, de modo geral, a estratégia de precificação opera com margem de lucro maior e menor volume de venda. As vendas de alguns produtos desta categoria são impulsionadas pelas datas comemorativas do varejo, como Dia das Mães e Natal. Figura 05. Bens Duráveis - Eletrodomésticos Fo nt e: 1 23 rf sumidores têm em mente uma marca preferida - às vezes, duas ou três e revezam as compras entre elas. Os bens de consumo não duráveis – po- demos considerar nesta classificação produtos alimentícios, bebidas, produ- tos de higiene e de limpeza – exigem ampla distribuição geográfica e de ca- nais de venda - é necessário que es- tejam disponíveis aos consumidores para evitar a substituição da marca; propaganda intensa e frequente para manter a marca presente na memória do consumidor e, assim, ter a preferência do público-alvo; e, geralmente, a estraté- gia de precificação é baseada no alto volume de vendas e baixa margem de lucro. Serviços São bens intangíveis, inseparáveis e variáveis, ou seja, a compra e o consumo acontecem simultaneamente, e a variabilidade ocorre em função do atendimento 8Gestão de Marketing 1humano, e, mesmo quando há treinamento e capacita- ção, a oscilação do servi- ço pode ser uma realidade para diversas marcas. Nes- ta classificação, podemos incluir clínicas de estética, assistência jurídica, restau- rantes, instituições financei- ras e companhias aéreas. Serviços requerem credibili- dade e confiança por parte dos consumidores; a distribuição muitas vezes ocorre de forma local ou regional, por exemplo, dentistas, clínicas de estética, assessoria jurídica e pequenos res- taurantes; enquanto marcas nacionais ou globais, como instituições financeiras e grandes redes de fast food, atuam com maior abrangência geográfica; a co- municação é importante para gerar credibilidade e os serviços exigem constante aprimoramento dos profissionais; por fim, a estratégia de precificação também é bastante variável em decorrência do nível de especialização do serviço, insumos e matérias-primas empregados na execução do serviço, reconhecimento da marca, entre outras variáveis. Fo nt e: 1 23 rf Figura 06. Atendimento em Fast Food Bens de conveniência São aqueles produtos comprados com frequên- cia e sem planejamen- to. Podemos dividir os bens de conveniência em duas subcategorias: os bens de impulso e os de emergência. Na primeira subcategoria estão aque- les produtos comprados com frequência, mas que necessitam de algum es- tímulo externo, como as guloseimas expostas próximas ao caixa do supermercado. Já na segunda subca- tegoria, estão os bens adquiridos por uma necessidade imediata, diante de algu- ma adversidade, como um guarda-chuva durante um temporal. Os bens de conve- niência geralmente não são caros e são encontrados facilmente pelo consumidor em diversos canais de venda. Fo nt e: 1 23 rf Figura 07. Bem de Impulso e Bem de Emergência, respectivamente. Estudos Mercadológicos 9 1 Fo nt e: 1 23 rf Figura 09. Artigos de Fotografia Bens de compra comparada São as aquisições planeja- das, menos frequentes e de maior custo, que demandam pesquisas comparativas por parte dos consumidores. Apartamentos e automóveis podem ser inclusos nesta classificação. Os bens de compra comparada reque- rem distribuição seletiva e atendimento especializa- do; a comunicação tende a enfatizar os diferenciais do produto; os serviços pós- -venda influenciam fortemente na decisão de compra; e a estratégia de precifica- ção opera com margem de lucro maior e menor volume de venda. Fo nt e: 1 23 rf Figura 08. Consumidores comprando um imóvel Especialidades São bens com característi- cas particulares ou de iden- tificação de marca para os quais os consumidores es- tão dispostos a investir es- forços, por exemplo, tempo e dinheiro para adquiri-los. Podemos incluir nesta ca- tegoria perfumes de marcas globais, artigos de luxo e equipamentos fotográficos. Os produtos especializa- dos, frequentemente, pos- suem uma distribuição exclusiva; preços elevados e comunicação estratégica para os consumidores-alvo, como anúncios em mídias dirigidas. 10Gestão de Marketing 1Bens não procurados São produtos ou serviços desconhecidos do público ou bens que o consumidor não pensa em adquirir. Nesta ca- tegoria podemos citar como exemplos a previdência pri- vada, plano funerário, jazi- gos e seguro de vida. Esses tipos de produtos exigem co- municação intensiva e estra- tégica; os preços variam de acordo com as características do produto; e a distribuição normalmente é seletiva, por meio de venda pessoal. Componentes do produto: Os produtos são compostos tanto por aspectos tangíveis quanto intangíveis. Nas ca- racterísticas tangíveis estão os níveis básico, ampliado, esperado e diferenciado do produto, ou seja, características como qualidade, desempenho, funcionalidades, de- sign, embalagem. A marca é o principal aspecto intangível do produto que, associada a outros atributos, torna-o diferenciado e atribui a ele personalidade e identidade próprias. Os serviços, especialmente os pós-venda, são necessários a determinadas categorias de produto, por exemplo, os bens de consumo duráveis e de compra comparada. Ao comprar um eletrodoméstico ou um smartphone, o cliente espera obter suporte para instalação e manutenção do equipamento, garantia do produto, uma rede de assistên- cia técnica qualificada - esta expectativa do consumidor faz parte do produto ampliado. Vejamos um exemplo dos componentes do iPhone da Apple: Fo nt e: 1 23 rf Figura 10. Seguro de Vida Tabela 01. Componentes do iPhone da Apple IPHONE – APPLE ATRIBUTOS TANGÍVEIS Características do produto Design e desempenho do smartphone; Funcionalidades múltiplas e interação com os usuários; Sistema operacional intuitivo. Siri – assistente virtual; Embalagem. Estudos Mercadológicos 11 1 Linhas de produtos: Uma empresa dificilmente direcionará todos os seus esforços e recursos para um único produto. Para diversificar e atuar em novos mercados, as organizações tendem a ampliar o mix de produto de seu portfólio. Algumas organizações, para aproveitar a sinergia e o know how de produção, distribuição e comercialização, criam e desenvolvem produtos pertencentes a uma mesma categoria. Exemplos: a Brastemp, possui diversas linhas de eletrodomésticos; a Nike comercializa uma ampla linha de produtos esportivos, entre cal- çados e vestuário; a Samsung firmou-se no mercado de eletrônicos com computadores pessoais e smartphones. Contudo, não é incomum empresas que diversificam o mix de produtos, incorporando ao portfólio diferentes categorias de produtos, como a Unilever, que comercializa alimentos, itens de higiene pessoal e de limpeza. De acordo com Kotler e Keller (2006) e Dias (2010), o mix de produto de uma organização possui: IPHONE – APPLE ATRIBUTOS TANGÍVEIS E INTANGÍVEIS Associações com a marca Apple Percepção de qualidade superior; Inovação e tecnologia; Confiabilidade;Estilo. Serviços e garantias Assistência técnica qualificada; Atualização permanente de softwares; Garantia do produto; Atendimento personalizado ao cliente; Apple Store on-line; Suporte on-line. Fonte: Elaborado pela Autora, com base em Kotler e Keller (2006) Tabela 02. Componentes do iPhone da Apple ABRANGÊNCIA PROFUNDIDADE EXTENSÃO CONSISTÊNCIA Número de linhas de pro- dutos disponíveis para comercialização. Versões de um produto den- tro de uma mesma linha, contemplando diferenças de modelo, versões, sabores, tamanho e embalagens. Número total de produtos do mix, somando os pro- dutos de todas as linhas. Sinergia entre as li- nhas de produtos ofer- tadas, em termos de produção, distribuição e usos do produto. Fonte: Elaborada pela Autora, com base em Kotler e Keller (2006) 12Gestão de Marketing 1Tabela 03. Componentes de um Mix de Produtos ABRANGÊNCIA PROFUNDIDADE EXTENSÃO CONSISTÊNCIA Mac MacBook Air, Ma- cBook Pro, iMac, iMac Pro, Mac Pro, Mac mini 26 produtos Sinergia de produção – tecnologias, com- ponentes eletrônicos. Sinergia de distribui- ção – canais de venda físicos (varejistas es- pecializados), e-com- merce e Apple Store. Sinergia de usos – comunicação e en- tretenimento. iPad iPad Pro, iPad Air, iPad, iPad mini iPhone iPhone Xs, iPhone Xr, iPhone 8, iPhone 7 Whatch Apple Watch Series 4, Apple Watch Nike+, Apple Watch Hermès, Apple Watch Series 3 TV App Apple TV, Apple TV+, Apple TV 4k, Apple TV HD Música Apple Music, iTunes, AirPods, iPod touch Fonte: Elaborado pela Autora, com base em Kotler e Keller (2006) Ciclo de Vida do Produto: Para encerrar a variável produto do composto de marketing, vamos analisar o Ciclo de Vida do Produto (CVP). De acordo com Kotler e Keller (2006) e Dias (2010), um produto percorre quatro fases, ilustradas na figura abaixo: MESTRINER, Fabio. O poder da boa embalagem. Centro Brasil Design, Curitiba, 10 mai.2018. Disponível em: https://www.cbd.org.br/artigos/o-poder-da-boa-em- balagem/. Acesso em: 06 mar. 2020. Fonte: Dias (2010, p. 98) Vendas e Lucros Desenvolvimento do Produto Introdução Crescimento Vendas Lucros Maternidade Declínio Tempo 0 Figura 11. Ciclo de Vida do Produto (CPV) Estudos Mercadológicos 13 1 A introdução corresponde ao lançamento do produto no mercado. Por ser ele desconhe- cido, as taxas de crescimento das vendas e de participação de mercado são lentas, o que resulta em baixo lucro para a organização e, em alguns casos, até mesmo prejuízo em função dos investimentos necessários em desenvolvimento de canais de distribui- ção, veiculação de propaganda intensiva e custos de produção, uma vez que o produto ainda não é autossuficiente financeiramente. A fase de crescimento é caracterizada pelo aumento das vendas e da participação de mer- cado, à medida que o produto conquista a aceitabilidade do mercado-alvo, resultando em lucratividade para a empresa. No processo produtivo, a aceleração das vendas ocasiona economia de escala e, consequentemente, redução dos custos de produção. No entanto, o crescimento das vendas do produto indica atratividade no mercado e pode gerar interes- se em empresas concorrentes. Produtos similares, então, podem ser lançados, especial- mente em categorias de produtos nas quais a barreira de entrada de novos concorrentes é baixa. Assim, há um risco de fragmentação do mercado e, por isso, a empresa precisa aumentar o investimento em marketing e comunicação para manter o market share. Na maturidade, o produto já conquistou o reconhecimento – e às vezes a preferência do consumidor. As vendas tendem a estabilizar, assim como a taxa de crescimento do mercado, o que o torna mais competitivo, já que aumentar market share somente é possível com a perda de participação de mercado dos concorrentes. Na fase de declínio, as vendas são decrescentes, possivelmente porque o produto se tor- nou obsoleto ou foi substituído. Para tentar recuperar as vendas, as empresas planejam ações promocionais. Nesse estágio, as estratégias para redução de custos são inevitáveis, como diminuição do número de canais de venda, redução da linha de produto, corte da verba de propaganda e abandono dos investimentos em inovação. Em algumas situações, os produtos são retirados do mercado. E, com menos frequência, especialmente quando a marca é valorizada pelo consumidor, o produto é revigorado e relançado no mercado. Metade dos 20.000 produtos lançados anualmente na América Latina fracassam. Confira os benefícios mais valorizados pelos consumidores e os principais erros estratégicos na concepção de novos produtos. Disponível em: https://www.niel- sen.com/br/pt/insights/article/2018/metade-dos-produtos-lancados-anualmente- -ana-america-latina-fracassam/ . Acesso em: 10 ago. 2019. Preço: De acordo com Las Casas (2013), o preço é a recompensa da organização pelo seu es- forço para ofertar um produto ao mercado – alocação de recursos, pesquisa e desenvol- vimento, mão de obra, dentre outros investimentos. Para Kotler e Keller (2006, p. 428) “O preço é o único elemento do mix de marketing que produz receitas; os de- mais produzem custos. Ele também é um dos elementos mais flexíveis: pode ser alterado com rapidez, ao contrário das características dos produtos, dos compromissos com os canais de distribuição e até das promoções. O preço também informa ao mercado o posicionamento de valor pretendido pela empre- sa para seu produto ou marca (KOTLER E KELLER, 2006). ” 14Gestão de Marketing 1Em termos financeiros, para a empresa, a lucratividade com a comercialização de pro- dutos é o retorno sobre o investimento feito no negócio. Na perspectiva mercadológica, o preço é uma estratégia para atribuir valor a um produto, por isso a necessidade de alinhá- -lo à proposta de valor do composto de marketing. Vejamos um consenso: o preço mais elevado – premium price – está associado a produtos com qualidade superior, portanto, para que o consumidor esteja disposto a pagar por ele, os benefícios ofertados devem ser valorizados pelo mercado-alvo para justificar tal compra. Produtos básicos com preços elevados tendem a ser rejeitados pelo consumidor. Por outro lado, preços baixos – price leader – são culturalmente relacionados a produtos sem qualidade. Em uma estratégia de diferenciação por preço, para persuadir o público, a empresa deverá eleger outra razão de compra para o consumidor que não a qualidade do produto. Para atrair a atenção dos clientes e aumentar o fluxo de potenciais compradores na loja, os varejistas frequente- mente aplicam o preço psicológico – por exemplo R$ 9,99 – para influenciar a percepção do público, uma vez que, aos olhos do consumidor, R$ 9,99 é inferior a R$ 10,00, a suges- tão do preço quebrado gera no consumidor a sensação de preço mais acessível. A definição da estratégia de precificação sofre inúmeras influências, por isso, os pro- fissionais de marketing devem examiná-las com cautela antes de fixar o preço de um produto. Custos de produção e distribuição, valor agregado ao produto, posicionamento da marca, poder aquisitivo e hábitos de consumo dos mercados-alvo, lei da oferta e procura, concorrência, legislação e economia são alguns dos fatores que impactam nessa decisão estratégica. Memes que circularam nas redes sociais a respeito do preço do tomate Fonte: Veja São Paulo. Disponível em: https://vejasp.abril.com.br/blog/pop/meme-do-dia-preco-alto-do- -tomate-vira-piada-na-internet/ Em 2013, o preço elevado do tomate virou meme nas redes sociais. As imagens usavam o humor para comparar o tomate a produtos e marcas valiosas. Piadas a parte, o fato ilustra bem a lei da oferta e procura. Os produtos agrícolas estão mais sujeitos a essa variação de preço versus demanda. Uma safra ruim resulta em diminuição do fornecimento aos canais de distribuição, logo, com a oferta menor que a procura, os preços ficam mais elevados. Já quando há uma safra boa, o fornecimento aumenta, a oferta é maior que a procura, os preçosdiminuem. Re- centemente, tivemos no Brasil outro fato que exemplifica a lei da oferta e procu- ra. Em 2018, a paralisação dos caminhoneiros provocou o desabastecimento do comércio e o aumento do preço de diversas categorias de produtos, como frutas, legumes, carnes, e até mesmo o combustível. Em mercados de ampla concorrência, nos quais os produtos são similares e os consu- midores mais sensíveis ao preço, o aumento do preço pode resultar em perda da partici- pação de mercado, uma vez que o consumidor pode encontrar com facilidade produtos substitutos ou similares, com preços mais acessíveis. Marcas líderes e marcas que con- quistaram o status de premium price tendem a ser menos impactadas pela concorrência à medida que há um maior grau de fidelidade do público-alvo. Como bem lembra Dias (2010, p. 254), o preço “é uma variável em função das utilidades, dos benefícios e dos Estudos Mercadológicos 15 1 atributos relevantes aos quais o consumidor é sensível, segundo sua percepção”. Depen- dendo do ciclo de vida do produto, a estratégia de preços da concorrência pode impactar de maneira diferente a decisão sobre a política de preços de uma organização. No estágio de introdução do produto, por exemplo, a empresa pode adotar uma estratégia de desna- tação ou de penetração para ganhar participação de mercado; já na fase de maturidade, com a saturação do mercado – muitos concorrentes, baixa taxa de crescimento e vendas estabilizadas – o preço é um fator determinante para a competitividade entre os players. A estratégia de desnatação consiste em introduzir o produto no mercado com preços mais elevados, direcionando-o às classes com alto poder aquisitivo, e, posteriormente, reduzir o preço para que o produto seja acessível a mais compra- dores, visando, assim, aumentar a participação de mercado. Ao contrário da des- natação, a estratégia de penetração introduz o produto no mercado com preços mais baixos, visando a venda para um número maior de consumidores. Determinação da política de preço: A definição da estratégia de precificação transita entre dois extremos. De um lado, exis- te um preço mínimo para garantir a sobrevivência da organização, determinado pelos custos de produção; do outro, o preço máximo baseado na percepção de valor do clien- te, ou seja, o quanto o consumidor está disposto a pagar pelo produto (DIAS, 2010). Partindo desse princípio, a empresa pode optar pela precificação baseada em custos, em valor ou na concorrência, de acordo com os objetivos pré-estabelecidos e as dinâ- micas competitivas do mercado – competências da empresa, atuação dos concorrentes e hábitos de consumo do mercado-alvo: Precificação baseada em custo Considera os custos totais da produção (custos fixos + custos variáveis), acres- centando a eles um percentual de lucro. “(...) a precificação baseada em custos pressupõe que o mercado seja capaz de absorver a oferta de um produto a um preço que não esteja relacionado à dinâmica competitiva e tampouco à percep- ção de valor por parte do consumidor” (DIAS, 2010, p. 261-262). Esse método é utilizado, sobretudo, pelas empresas de bens de consumo e de varejo. Há dois métodos para estabelecer o preço com base nos custos: 01. Método de adição de custo: soma dos custos decorrentes da produção, acrescido sobre eles um montante que corresponda à lucratividade desejada pela empresa. 02. Método ponto de equilíbrio: consiste na determinação da venda unitá- ria, que, a um determinado preço, iguala a receita aos custos totais (DIAS, 2010, p. 262), ou seja, a partir daquele ponto de equilíbrio, a empresa passa a lucrar. Por exemplo: o ponto de equilíbrio de uma lata de refrigerante é de R$ 2,80 e o fabricante a revende ao varejo por R$ 3,40, sendo esse valor superior ao ponto de equilíbrio em R$0,60, que é o lucro do fabricante. 16Gestão de Marketing 1 Táticas de preço: Como discutimos, o preço é o elemento mais flexível do composto de marketing e pode sofrer alteração a curto prazo. As alterações de preço, devido a uma situação de mer- cado ou a uma necessidade da empresa, são chamadas de táticas de preço. De acordo com Dias (2010), as táticas mais usuais são: Precificação baseada no valor O preço é fixado a partir do diferencial do produto e sua capacidade para atender às necessidades e desejos dos consumidores, ou seja, a proposta de valor dessa oferta vai ao encontro da expectativa de clientes mais exigentes e dispostos a pagarem pelo benefício. O valor pode estar relacionado a um atributo físico do produto, mas, sobretudo, o valor apoia-se em aspectos simbólicos associados à marca. Não é incomum, por exemplo, o valor estar associado ao status da marca, à sua personalidade. Precificação baseada na concorrência O preço do produto é definido com base nos preços praticados pelos concorren- tes, considerando a premissa de que os consumidores fazem seu julgamento e tomam uma decisão de compra comparando os concorrentes entre si. Geralmen- te, essa política de preço faz mais sentido para o consumidor quando o mercado possui produtos semelhantes em termos de características, atributos, benefícios e usos. Algumas empresas disputam o mercado justamente na estratégia de lide- rança de custos, ou seja, utilizam como vantagem competitiva a capacidade de ofertar aos consumidores preços inferiores aos dos concorrentes. Redução de preço de tabela – Ocorre durante a negociação, quando o com- prador possui poder de barganha e conhece bem os produtos e preços dos con- correntes. Um exemplo são os descontos concedidos pelas concessionárias na compra de automóveis. Prazo de pagamento – Adequação do preço por meio da extensão do prazo de pagamento, possibilitando ao comprador o parcelamento para ajustar o preço do produto às suas condições financeiras. Um exemplo são as condições de paga- mento concedidas pelos varejistas. Desconto por volume – Concessão de descontos progressivos que ocorrem em razão do crescente volume de compras. Essa tática é mais frequente no mercado B2B. Estudos Mercadológicos 17 1 Para encerrar a variável preço, vale observar que, além das estratégias de precificação e táticas de preço que discutimos, ele sofre ainda alteração em função da região geográfica onde um produto é comercializado, e do canal de distribuição por meio do qual é disponibi- lizado para os consumidores. Para a variação em função da área geográfica podemos citar dois exemplos muito comuns: o preço de venda de um eletroeletrônico – uma TV – pode variar de acordo com a região do País, devido aos custos com armazenagem e transporte do produto. Ou, ainda, o preço de um produto pode ser alterado em função do poder aqui- sitivo dos moradores de uma determinada região, onde uma mesma peça de vestuário ou um item do supermercado podem ter preços diferentes em bairros distintos. A respeito do canal de vendas, lojas de conveniência e pequenos comércios locais tendem a ter preços mais elevados que supermercados. Isso porque, possivelmente, esses tipos de varejo não têm poder de barganha para negociar junto ao fabricante e recorrem aos atacadistas, com- prando as mercadorias em pequenas quantidades por um preço superior. Praça: Após criar, desenvolver e produzir um bem de consumo, os profissionais de marketing precisam tomar a decisão de como distribuí-lo, ou seja, como torná-lo acessível aos compradores. Os canais de distribuição constituem “um conjunto de organizações que atuam de forma sistemática e se interrelacionam com o objetivo de exercer determina- das funções de marketing, como transferir posse e, principalmente, distribuir produtos e serviços do produtor ao consumidor” (LAS CASAS, 2013, p. 307). A variável distribuição do composto de marketing não diz respeito apenas ao modelo de distribuição e tipos de canais de venda (venda direta, varejo, atacado, loja espe- cializada, entre outros) adotados pelas organizações. A distribuição envolve todo o fluxo logístico responsável por conduzir o produto do fabricante aoconsumidor final. Assim, também é preciso considerar nessa variável, o transporte do produto até o canal de marketing, os centros de distribuição, a gestão de estoques e outros fatores que influenciam diretamente na disponibilidade do produto ao consumidor em ter- mos de local (área geográfica e canal de distribuição) e tempo (processo logístico). Preço combinado – Oferta de redução de preço na compra de combos ou kits com a combinação de produtos, cuja soma individual dos preços é superior ao preço do kit. Um exemplo são os combos oferecidos pelas redes de fast food. Preço por segmento – oO preço é estabelecido de maneira particular para grupos de consumidores distintos. Um exemplo é o desconto de 50% concedido pelas redes de cinema para estudantes e pessoas acima de 60 anos. Desconto por utilização – Concessão de desconto ou redução de preços em razão da frequência de compr. Um exemplo são os programas de fidelidade. Preço sazonal – Redução do preço em função da baixa demanda e, por conse- quência, baixo volume de vendas em determinadas épocas do ano. São exem- plos as diárias em hotéis e passagens aéreas em períodos de baixa temporada. 18Gestão de Marketing 1A primeira decisão de distribuição consiste em estabelecer em quais áreas geográficas o produto será distribuído. A abrangência pode ser local, regional, nacional ou global, e essa decisão está diretamente relacionada com a capacidade de produção da empresa. Uma pequena empresa, com produção artesanal, possivelmente, não teria capacidade de atender à demanda de um mercado global, ao passo que uma organização que pro- duz em massa terá de intensificar a distribuição para não acumular produtos no estoque. A segunda decisão estratégica está relacionada ao modelo de distribuição que será adotado pela empresa: direta ou indireta. “A distribuição direta é o processo de co- mercialização que ocorre sem a participação de outra pessoa jurídica (para comprar e revender) ” (DIAS, 2010, p. 127), ou seja, é quando a distribuição é realizada sem um in- termediário, como a venda direta realizada pelas consultoras da Natura ou da Mary Key. Quando a organização decide utilizar intermediários, é preciso avaliar dois aspectos relevantes: primeiro, o tipo de distribuição indireta; e depois, o tipo de intermediário que irá revender o produto aos consumidores finais. Tipos de distribuição indireta: Intensiva A distribuição intensiva ocorre quando o fabricante disponibiliza seu produto no maior número possível de pontos de venda. Fabricantes de bens de consumo não duráveis e bens de conveniência usualmente utilizam esta estratégia de distribuição. Encontra- mos o iogurte, o chocolate e o refrigerante em supermercados, lojas de conveniência e padarias; já o sabonete e o creme dental podem ser comprados em supermercados, farmácias e drogarias; e as bebidas alcóolicas, como a cerveja, no supermercado, lojas de conveniência e lojas especializadas. Há vantagens e desvantagens em adotar a distribuição intensiva. Se por um lado, a ampla presença do produto nos canais de marketing contribui para o aumento das vendas, por outro, a distribuição intensiva não leva em consideração o posicionamento marca e o tipo de intermediário, podendo cau- sar uma incoerência no composto de marketing. Além disso, esse tipo de distribuição gera maior custo para as empresas. Seletiva Na distribuição seletiva, a empresa seleciona um menor número de canais de dis- tribuição, aqueles que sejam coerentes com a proposta de valor do composto de marketing. Por exemplo, um produto de especialidade exige um ponto de ven- da que transmita ao público o seu posicionamento, vendedores especializados e serviços complementares à compra. Neste tipo de distribuição, geralmente, os intermediários são alocados por área de cobertura para reduzir a concorrência local e assegurar a rentabilidade e lucratividade para o intermediário. As redes de franquias, como O Boticário e a Kopenhagen, ilustram bem a distribuição seletiva. Estudos Mercadológicos 19 1 Tipos de intermediário: Exclusiva Neste tipo de distribuição, o ponto de venda ganha exclusividade em termos de visual merchandising – para representar exatamente o posicionamento e a pro- posta de valor da marca e promover uma experiência de compra diferenciada ao consumidor – ou, ainda, em termos de concessão de vendas. Marcas de luxo como Prada e Harley-Davidson fazem uso da distribuição exclusiva. Varejo O varejo é responsável pela comercialização e entrega de produtos ou serviços aos consumidores para uso pessoal e não comercial (KOTLER; KELLER, 2006). En- tendemos por varejo todo e qualquer empreendimento comercial que tenha como atividade-fim comprar produtos dos fabricantes, estocá-los e revendê-los ao con- sumidor final. Em outras palavras, os varejistas assumem parte do fluxo de logís- tica da distribuição. Outra vantagem é que as grandes redes de varejo investem de forma significativa em propagandas e promoções para incentivar o consumo e incrementar as vendas, e os resultados dessas estratégicas comunicativas se estendem também aos fabricantes – quanto mais o varejista vende, mais produtos ele precisa comprar do fabricante para repor o estoque. A seguir, veremos alguns formatos de varejo, e vale observar que, no cenário atual, esses modelos de negó- cio são válidos para lojas físicas e também para o e-commerce. Loja especializada Comercializa uma linha de produtos restrita, que exige algum nível de especiali- dade e, geralmente, possui preços mais elevados ou marcas reconhecidas como premium. Este modelo de varejo preocupa-se em garantir ao consumidor uma boa experiência de compra. Por isso, oferece serviço completo, com vendedores treina- dos para auxiliar em qualquer etapa do processo de compra e serviços pós-venda. A loja de especialidade é adequada à venda de bens duráveis e de especialidade. Supermercado Dispõe de amplo mix de itens nas categorias de alimentos, bebidas, higiene, lim- peza, dentre outras. Produtos não duráveis e de conveniência encontram nesse tipo de varejo um dos principais canais de venda. O supermercado tem como objetivo comercializar o maior volume possível de produtos, já que as margens de lucro costumam ser baixas, e, por conta disso, seus canais de venda que se baseiam no autosserviço. Nesse mesmo modelo operacional, temos, no Brasil, o hipermercado, que se diferencia do primeiro tipo por oferecer uma linha de itens mais ampla e diversificada, como alimentos, bebidas, higiene, limpeza, eletro- domésticos, peças de vestuário, brinquedos, material escolar e até artigos para 20Gestão de Marketing 1manutenção de automóveis, como pneus. Curioso é que, no ambiente on-line, os hipermercados basicamente se transformam em uma loja de departamentos, onde as categorias de produtos são significativamente ampliadas e as condições de pagamento diferenciadas, é o caso do e-commerce do Extra. Loja de conveniência são estabelecimentos comerciais localizados em regiões estratégicas, com gran- de fluxo de pessoas. Esse tipo de loja caracteriza-se pelo atendimento prolonga- do (geralmente 24h), autosserviço, mix de produto limitado, mas com alta rotati- vidade e com opções de conveniência. Loja de departamento possui um mix de produto diversificado, com serviço limitado, ou seja, o vendedor pode ser solicitado para fechar uma compra, tirar dúvidas sobre produtos, escla- recer as condições de pagamento ou ainda oferecer serviços complementares, como garantia estendida e seguro. Esse formato de varejo costuma, em alguns casos, misturar bens duráveis e não duráveis, a exemplo da Lojas Americanas. Em outras situações, a ênfase está justamente nos bens duráveis, produtos com preço mais elevado e melhor margem de lucro, embora com volume de vendas inferior, temos como exemplos Magazine Luiza, Casas Bahia e Amazon.com. No e-commerce, o atendimento ao consumidor está cada vez mais humanizado e tem sido realizado por chatbot, assistentes virtuaise até pelo WhatsApp. Outlet Relativamente novo no Brasil, o modelo é inspirado nas lojas americanas de liqui- dação. O outlet comercializa sobras de mercadorias, ponta de estoque e, às ve- zes, produtos com pequenos defeitos, a preços inferiores. Inicialmente, os outlets eram multimarcas, mas hoje muitas marcas reconhecidas no mercado, como a Adidas e Puket, têm suas versões outlet, que oferecem descontos significativos. A desvantagem é que, normalmente, o serviço é bastante limitado e não há polí- tica de troca dos produtos. Varejo sem loja São todas as atividades de vendas de produto que ocorrem fora de um ponto de venda físico, desde a venda pessoal e por meio de catálogos - utilizados por Avon e Mary Key -; televendas disponíveis como opção na maioria das lojas de varejo; máquinas de venda automática, até, a partir deste século, o e-commerce, lojas virtuais que comercializam somente por meio do ambiente virtual e não possuem loja física, como são o caso do Submarino e da Amazon. Estudos Mercadológicos 21 1 Como o Magazine Luiza se valorizou mais de 1000% em 4 anos com a transfor- mação digital? Entre as estratégias estão a humanização da marca e o omnichan- nel, que visa a experiência do usuário e a integração dos canais de venda físico e virtual. O artigo completo está disponível no link https://www.ecommercebrasil. com.br/artigos/como-magazine-luiza-valorizou-mais-1000/. Em 2018, o e-commerce brasileiro avançou 15%, enquanto o varejo tradicional cresceu apenas 2,3%. Uma pesquisa, realizada pela Ebit|Nielsen, revelou dados interessantes desse crescimento: 10 milhões de novos consumidores, 123 mi- lhões de pedidos on-line, com ticket médio de R$434, e faturamento de R$69 bi- lhões. Segundo a ABComm, facilidade, praticidade, comodidade e a comparação de preços, produtos e ofertas são os principais motivadores da compra on-line. Atenta a esse cenário promissor, a Amazon.com – empresa de varejo americana em expansão no Brasil –, visando agregar valor à experiência de compra do clien- te por meio da variedade de produtos e agilidade na entrega, estruturou um centro de distribuição em São Paulo, que possibilitou à empresa acrescentar onze novas categorias de produto ao seu marketplace (veja a reportagem completa no link https://www.istoedinheiro.com.br/a-maior-entrega-da-amazon-no-brasil/). Atacado Os atacadistas são intermediários que vendem produtos para uso comercial, ou seja, são distribuidores - que fazem a intermediação entre o fabricante e os vare- jistas. Os varejos de grande porte ou as redes de varejo, geralmente, compram diretamente dos fabricantes, no entanto, os varejistas de menor porte não pos- suem o mesmo poder de barganha com os produtores e, por isso, dependem dos atacadistas. Em algumas situações, o varejista necessita de sortimento de produtos ou tem dificuldade para estocar ou financiar a compra de mercadorias junto ao fabricante, optando, então, pelo atacado. Em síntese, o atacado vende para o varejista, que vende para o consumidor final. Considerando o público do atacado, podemos concluir que o fator de diferenciação é o preço, quanto menos o varejista pagar por um produto, mais chance ele terá de aumentar a sua mar- gem de lucro. Para manter os preços baixos, o atacado simplifica ao máximo a operação, desde o autosserviço à ambientação da loja, e existe ainda a condição de compra mínima – em unidades de produtos – para assegurar aos varejistas os preços baixos. 3. PROMOÇÃO A variável promoção, do composto de marketing, corresponde ao conjunto de estraté- gias e táticas de comunicação – de natureza mercadológica ou institucional – realizado por uma organização para dialogar e interagir com os consumidores-alvo e demais públicos estratégicos. 22Gestão de Marketing 1A comunicação de marketing é o meio pelo qual as empresas buscam informar, persuadir e lembrar os consumidores – direta ou indiretamente – sobre os produtos e marcas que comercializam. Num certo sentido, a comunicação de marketing re- presenta a ‘voz’ da marca e é o meio pelo qual esta estabelece um diálogo e cons- trói relacionamentos com os consumidores (KOTLER; KELLER, 2006, p. 532). As estratégias comunicacionais de natureza institucional são responsáveis pela cons- trução, manutenção e propagação da imagem e identidade corporativas e têm como objetivo primário conquistar a confiança e a credibilidade dos stakeholders. Marcélia Lu- petti (2015, p. 13) nos explica que a comunicação institucional “estabelece um conceito público para a empresa, difundindo sua filosofia, missão, visão e valores, que serão retratados em suas políticas e práticas”. Stakeholder significa público estratégico e descreve um grupo de pessoas (como acionistas, empregados, fornecedores, consumidores, imprensa, ONGs e órgãos governamentais) que pode afetar uma organização ou ser afetado por ela. A comunicação mercadológica talvez seja aquela que identificamos com mais frequ- ência. Todos os dias somos bombardeados por mensagens publicitárias. Assistimos a filmes publicitários na TV, no Youtube, ou nas redes sociais; ao abrirmos a revista ou jornal, ou navegando pelo Facebook ou Instagram, nos deparamos com inúmeros anún- cios; somos convidados a participar de diferentes promoções; ao assistirmos aos filmes e às séries percebemos nossos personagens preferidos mencionando uma marca ou utilizando um produto; recebemos e-mails com sugestões de compras de diferentes lojas; recebemos ligações que nos aconselham a trocar de operadora de telefonia mó- vel. Todas essas ações comunicativas que presenciamos diariamente constituem-se em esforços das empresas para: persuadir o consumidor a escolher uma marca entre centenas (ou milhares) de opções; aumentar o volume de vendas de um determinado produto ou serviço; estimular a compra de um produto cujas vendas entraram em declí- nio; influenciar ou modificar o comportamento do consumido; posicionar ou reposicionar uma marca; gerar a experimentação de um novo produto; construir vínculos duradouros entre uma marca e seus consumidores, dentre outras tantas possibilidades. Mix de comunicação de marketing: O mix de comunicação dispõe de diversas ferramentas comunicacionais – relações públicas e assessoria de imprensa; propaganda; promoção de vendas; merchandising; eventos e experiências e marketing direto – com características e funções distintas que servem a diferentes objetivos. De acordo com a meta de marketing, estabelecida no planejamento estratégico, uma ou mais ferramentas são selecionadas para compor o plano estratégico de comunicação. Estudos Mercadológicos 23 1 Comunicação institucional: Relações Públicas As Relações Públicas proativas incluem as ações comunicacionais que objetivam gerar percepção positiva, lembrança e reconhecimento da marca, reforçando as- sim, a identidade corporativa. As Relações Públicas reativas, normalmente, lidam com eventos desfavoráveis, envolvendo a empresa, que podem trazer consequ- ências negativas e abalar a reputação da marca - nesse caso, a atividade desen- volvida pelas RPs é a gestão de crise. Assessoria de Imprensa Divulgação de notícias e fatos de caráter jornalístico-informativo sobre as atividades da organização em editoriais, sejam em mídias eletrônicas, impressas ou digitais. Publicidade Institucional Anúncios e filmes publicitários, com a finalidade de construir e consolidar a iden- tidade e a imagem corporativas. Patrocínio Apoio financeiro a iniciativas, programas e projetos sociais, culturais e esportivos, que mantenham sintonia com a identidade corporativa da organização. Comunicação mercadológica: Propaganda Divulgação, propagação ou conscientização a respeito de benefícios e atributos tangíveis e intangíveis de marcas, produtos e serviços para torná-los conhecidos e estimular a ação de compra por parte dos consumidores-alvo. Promoção de Vendas Incentivos de curto prazo para acelerar a compra ou a experimentação de pro- dutos, serviços ou marcas.São modalidades da promoção de vendas: sorteio de prêmios; distribuição de brindes ou vale-brindes; concurso; cuponagem; gift pack; banded pack; samplling; degustação. Merchandising (PDV) Ações e técnicas comunicacionais realizadas no ponto de venda que envolvem a ambientação do PDV por meio de materiais promocionais. 24Gestão de Marketing 1 Comunicação institucional ou mercadológica: Merchandising Editorial Inserção de marcas, produtos e serviços em conteúdo sonoro ou audiovisual, ficcional ou de não-ficção, como programas televisivos e radiofônicos, séries e fil- mes. A ação é encomendada e paga pelo anunciante, e, para que seja percebida de maneira natural pelo público, é necessário que a marca, produto ou serviço esteja integrado ao desenvolvimento da narrativa e seja pertinente ao contexto da história. São modalidades do merchandising editorial: menção no texto, uso do produto, estímulo visual (também chamado de product placement). Marketing Direto Ações de comunicação personalizadas, individualizadas e interativas, que têm como objetivo a venda de produtos e serviços ou a manutenção do relacionamen- to com o consumidor. Eventos e Experiências Ações de comunicação para reunir públicos de interesse em um acontecimento previamente planejado por uma empresa, com objetivo de promover a marca e oferecer experiências diferenciadas ao público presente. Finalizamos, assim, o estudo e a análise das variáveis do composto de marketing – produto, preço, distribuição e comunicação. A seguir, vamos articular essas variáveis do microambiente às variáveis do macroambiente de marketing. 4. MACROAMBIENTE DE MARKETING As empresas atuam em um cenário complexo, em meio há muitas variáveis que impac- tam seu desempenho e performance no mercado. No ambiente organizacional – deno- minado microambiente de marketing – as empresas lidam com diversos fatores, como pesquisa e inovação, processos produtivos e operacionais, gestão de pessoas, gestão financeira, força de vendas, transporte, fornecedores. Todos esses fatores fornecem à empresa imputs para que seja possível criar e executar o composto de marketing. As variáveis que operam no microambiente de marketing podem ser controladas pela em- presa e dão suporte para a tomada de decisão. Dessa forma, para tomar a decisão de lançar um produto no mercado, por exemplo, a empresa analisa os hábitos de consumo e seleciona os mercados-alvo potenciais; analisa sua competência para investir em inovação e sua capacidade produtiva; seleciona possíveis fornecedores de matérias- -primas; aloca recursos financeiros e humanos para viabilizar o projeto; determina o tipo de distribuição e os canais de venda; analisa os concorrentes. No entanto, essa análise é apenas uma das bases de informação para a tomada de decisão. Antes de consolidar o lançamento do produto, os profissionais de marketing precisam olhar para o lado de Estudos Mercadológicos 25 1 fora da organização e estudar o mercado em diferentes perspectivas – demográfica, econômica, sociocultural, natural, tecnológico e político-legal. Essas variáveis, que ope- ram fora do controle da empresa, constituem o macroambiente de marketing e devem ser constantemente monitoradas pela empresa, a fim de identificar oportunidades de mercado e reagir às possíveis ameaças impostas por elas. Ambiente demográfico O mercado é constituído por pessoas, assim, conhecer e analisar os dados demográfi- cos da população é fundamental para a gestão de marketing. O ambiente demográfico fornece aos profissionais de marketing dados a respeito do crescimento populacional, faixa etária da população, etnia, grau de instrução e padrão familiar (KOTLER; KEL- LER, 2006). À primeira vista, não identificamos a relação entre a faixa etária da popu- lação e a gestão de marketing, ou ainda como o padrão familiar afeta a decisão sobre o composto de marketing. Para elucidar, vamos analisar alguns dados demográficos e aplicá-los a algumas simulações de mercado. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, crianças entre 0 e 4 anos de idade correspondiam a 7,23% da população brasi- leira, que é de um pouco mais de 210 milhões de pessoas. A projeção do IBGE para 2060 é de que essa faixa-etária se reduza para 4,72% da população, devido à queda da taxa de natalidade. Atualmente, o Brasil possui uma população jovem, mas a perspectiva futura é de que a população envelheça e que, em 2060, mais de 30% da população tenha 60 anos ou mais. Vamos analisar como esses dados demográficos podem impactar a gestão de marketing. Primeiro, vamos simular a análise do macroambiente em uma empresa que produz fraldas e artigos para crianças que estão na primeira infância. Considerando a po- pulação atual na faixa etária entre 0 e 4 anos, a fabricante tem um público potencial de cerca de 15 milhões de clientes. Supondo que a organização atue em todo o ter- ritório nacional e detenha 30% de participação de mercado, a empresa comercializa seus produtos para 4,5 milhões de consumidores finais, ou seja, crianças com até 4 anos que são usuárias de fraldas e outros artigos. Com a projeção para 2060, o público potencial da empresa reduzirá para cerca de 10 milhões de crianças (consi- derando a projeção para a população total de 228,3 milhões de pessoas). Supondo, ainda, que a empresa consiga manter sua participação de mercado, o total de clien- tes será de aproximadamente 3 milhões, ou seja, uma redução perto de 34%. Assim, detectamos que a queda da natalidade e a mudança na faixa etária da população se constituem em uma ameaça para a empresa de fraldas. Em uma perspectiva oposta, essa mesma projeção sinaliza que, em 2060, mais de 30% da população terá idade acima de 60 anos. A mudança no perfil demográfico abre diversas oportunidades para novos negócios ou para atuar em novos mer- cados-alvo. Com o aumento da expectativa de vida, o público da terceira idade, especialmente o de maior poder aquisitivo, tem buscado por produtos e serviços que promovam o bem-estar e a qualidade de vida como cosméticos, academias, cursos e atividades de lazer e de turismo. 26Gestão de Marketing 1Após identificar a ameaça futura, como os profissionais de marketing da fabricante de fraldas devem reagir? Esperar que a projeção se concretize para estabelecer novos objetivos e estratégias de marketing? Monitorar a reação dos concorren- tes para depois tomar uma decisão estratégica? Ou os profissionais devem se antecipar ao problema? Considerando a gestão do composto de marketing e o macroambiente, quais são os possíveis caminhos para neutralizar a ameaça de re- dução da população infantil que impactará no volume de vendas da organização? A empresa pode adotar algumas estratégias, vamos eleger três para discutirmos: 1) Os gestores da empresa podem optar pela diversificação do mix de produto, desenvolvendo ofertas que tenham sinergia com os produtos fabricados e distribu- ídos atualmente, por exemplo, fraldas geriátricas e absorventes femininos ou, ain- da, diversificar o mix, incluindo novas categorias de produtos, como os de higiene pessoal. Nessa última hipótese, a empresa deve avaliar suas competências pro- dutivas e sua capacidade de investimento. 2) A empresa pode adotar uma estraté- gia para ampliar a participação de mercado, incorporando aos seus produtos um diferencial que seja capaz de conquistar consumidores de marcas concorrentes. Neste caso, é preciso avaliar a relação diferencial e preço do produto e considerar, também, se o consumidor estaria disposto a pagar mais pelo benefício. 3) Outra estratégia – menos viável em função da categoria de produto – é estimular os con- sumidores a comprarem um volume maior de fraldas para compensar a redução do número de compradores. O fato principal é que, mesmo distante (em 2060), os gestores já possuem um dado importante que afetará as vendas e o desempenho da organização no mercado e é necessário se antecipar ao problema. O InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) disponibiliza, gratuitamen- te, dados demográficos, econômicos e sociais que são úteis para a análise do macroambiente. Acesse www.ibge.gov.br e consulte as pesquisas. Ambiente econômico O mercado é composto por pessoas que possuem necessidades e desejos e recursos financeiros para satisfazê-los. E o poder de consumo é afetado por diversos fatores econômicos, entre eles, a distribuição de renda, a poupança ou o endividamento da população, a disponibilidade de oferta de crédito (KOTLER; KELLER, 2006). Vamos simular alguns dos efeitos da economia no mercado de consumo. A renda determina o poder aquisitivo do consumidor, ou seja, sua capacidade fi- nanceira para comprar um bem. Geralmente, consumidores com menor poder de compra são mais sensíveis ao preço e menos leais às marcas. Por isso, empresas que atendem às classes sociais com menor renda devem levar em consideração o preço fixado para produtos e serviços. Outro fator relevante para esse público é a disponibilidade de crédito. Como vimos, estender o prazo de pagamento é uma tática para ajustar o preço ao poder aquisitivo do consumidor. Um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), divulgado em 2019, apurou que 82,7 milhões de brasileiros possuem compras parceladas no cartão de crédito, crediário ou cheque Estudos Mercadológicos 27 1 pré-datado, ou seja, estão com parte do orçamento comprometido. Fato curioso é que apenas 28% dos clientes que compram a prazo têm ciência do valor total da compra, enquanto 13% deles não fazem nenhum tipo de análise antes de contratar uma modalidade de crédito. Esses dados nos mostram como um fator econômico impacta no padrão de consumo dos brasileiros. A redução do crédito disponível no mercado, possivelmente, teria como consequência a retração do consumo. Ambiente sociocultural Reúne normas, crenças e valores que orientam e influenciam nos gostos e nas preferências dos consumidores. Os valores centrais são aqueles transmitidos de geração para geração e reforçados por instituições sociais, como escolas, igrejas e empresas. Nesse sentido, o marketing tem pouca influência sobre eles, uma vez que estão enraizados na cultura e são valores inegociáveis. Já os valores secun- dários e a subcultura são moldados de acordo com as tendências e os padrões so- cioculturais vigentes na sociedade em uma determinada época, e, assim, reforçam o papel da cultura e subculturas como direcionadoras (às vezes até determinantes) das práticas de consumo. Ambiente natural Compreende as questões ambientais envolvidas, principalmente nos processos de produção industrial, que podem afetar o desempenho das organizações, bem como serem ponto de atenção da sociedade. A escassez de matéria-prima e o aumento do custo da energia, a pressão pela preservação ambiental e pela sustentabilidade empresarial são alguns exemplos. Podemos citar, para ilustrar a variável, a fabricação ecologicamente correta, que eleva o preço dos produ- tos. Por um lado, as empresas são cobradas pela sustentabilidade. Por outro, uma pesquisa global realizada pela Tetra Pak, em 2017, revelou que, embora os consumidores valorizem produtos sustentáveis, o alto custo daqueles ambien- talmente responsáveis ainda influencia na decisão de compra, e, 40% dos con- sumidores afirmaram não adquirir “itens verdes” devido ao preço mais elevado quando comparado aos dos produtos tradicionais. Ambiente tecnológico Esta é a força macroambiental que mais impactou as atividades empresariais nos últimos anos. As tecnologias transformaram os modos de produção e de consumo, bem como as formas de relacionamento entre empresas e stakehol- ders. No processo produtivo, a tecnologia industrial promoveu a equiparação de produtos, em termos de qualidade, forçando as marcas a descobrirem novas es- tratégias de diferenciação. Possibilitou ainda a inovação disruptiva de produtos e serviços mediados por dispositivos móbiles – como hospedagem e transporte; e a velocidade no ritmo das mudanças permitiu às empresas um maior número de lançamento de produtos e serviços em um curto espaço de tempo – como os smartphones, TV e outros eletrônicos. O atendimento robotizado e, ao mesmo 28Gestão de Marketing 1 KERIN, Roger A. Problemas de marketing estratégico: comentários e casos sele- cionados. 11. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. Acervo Virtual. tempo, humanizado, gerou uma relação mais próxima entre empresas e con- sumidores, como observamos no varejo. Na comunicação, as mídias digitais sociais consolidaram o modelo de comunicação multidirecional, dando voz às pessoas e excluindo o protagonismo das empresas - as marcas estão expostas e abertas às críticas e elogios públicos. Ambiente político-legal Abrange as leis, os órgãos governamentais e os grupos de pressão que regula- mentam e limitam as atividades empresariais, em outras palavras, é a legislação vigente para diferentes setores da economia. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Administração de marketing: conceitos, planeja- mento e aplicações à realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2013. Acervo Virtual. 5. PESQUISA DE MERCADO De maneira bem simples, a gestão de marketing fundamenta-se em dois pontos: a aná- lise de cenários e a tomada de decisão. Como estudamos, o lançamento de um produto, o estabelecimento de preços, a penetração em novos mercados, exigem dos profissio- nais de marketing a avaliação cautelosa de uma série de variáveis para que a decisão seja assertiva e a organização possa alcançar os resultados e metas estabelecidos no planejamento de marketing. Toda tomada de decisão envolve um certo nível de incer- teza, e, para que as decisões estratégicas sejam mais seguras, as empresas adotam a pesquisa de mercado para reduzir as incertezas do processo de gestão. As pesquisas têm como objetivo primário investigar fenômenos mercadológicos por meio de métodos científicos. “As aplicações da pesquisa incluem a definição de oportunidades e proble- mas, geração e avaliação de ideias de marketing, monitoramento de desempenho e, geralmente, a compreensão de processo de marketing (ZIKMUND, 2012, p. 6). Pesquisa básica de marketing e pesquisa aplicada ao marketing: As pesquisas aplicadas ao marketing buscam solucionar um problema específico de uma organização, por exemplo: “a marca (da empresa) é bem aceita pelo público sênior? ”, “o produto (fabricado pela empresa) atende às necessidades do público jovem? ”, ou ainda, “o público-alvo será capaz de interpretar a campanha publicitária (de um produto da organização)? ”. Já as pesquisas básicas buscam investigar um fenômeno de merca- do, por exemplo: “como os consumidores se comportam diante de promoções? ”, “quais são os hábitos de consumo das mulheres brasileiras em relação à moda? ”, “qual o nível de influência das crianças nas compras familiares? ”, ou ainda “qual o meio de comu- Estudos Mercadológicos 29 1 nicação mais consumido por moradores da cidade de São Paulo? ”. Pesquisas básicas são realizadas com frequência por institutos de pesquisas como Ipsos Marplan, Kantar Brasil, Kantar Ibope e Nielsen, que, após realizarem os estudos de mercado, disponi- bilizam relatórios na íntegra ou parciais para a consulta dos profissionais de marketing e demais pessoas interessadas no tema – como empreendedores, estudantes, entre outras. Em algumas situações, as pesquisas sobre comportamentos de compra e de consumo ou consumo de mídia são encomendadas por empresas do setor de bens de consumo ou de varejo. Nesses casos, os relatórios não são apresentados publicamente, por conterem informações estratégicas. As pesquisas aplicadas são encomendadas por uma empresa a um instituto de pesquisa, quando, então, a empresa responsável por realizar o estudo desenvolve um projeto de pesquisa para definir, junto com a empresa contratante, os objetivos da pesquisa e o perfil do público a ser pesquisado. Pesquisaexploratória: o estudo exploratório é uma espécie de pré-investigação, re- alizada para auxiliar os profissionais de marketing a chegarem de maneira precisa ao real problema de pesquisa. De certa forma, a pesquisa exploratória levanta mais hipó- teses do que provas conclusivas. “A pesquisa exploratória é conduzida para esclarecer situações ambíguas ou descobrir ideias que possam ser possíveis oportunidades de negócios” (ZIKMUND, 2012, p. 51), por exemplo, para lançar uma nova marca de café, o gerente de produto de uma organização deseja descobrir quais características e be- nefícios do café espresso em cápsulas são importantes para o público consumidor. Ob- servamos que nessa situação, não temos um problema de pesquisa bem definido e as possibilidades são muito amplas. Nesse contexto, a pesquisa exploratória com entrevis- tas pessoais em um pequeno grupo de clientes, ou, ainda, um questionário on-line para Tipos de pesquisa: As pesquisas de mercado são classificadas em função do seu propósito – ou seja, o objeto investigado e suas relações – ou de sua técnica – ou seja, o método científico aplicado para realizar o estudo, por exemplo, experiência e estudos observacionais. Qual a diferença entre dados e informações? Dados são fatos registrados de cer- tos fenômenos, por exemplo, as respostas registradas em uma entrevista. As in- formações apresentam a relação entre dois dados ou mais que dão suporte para a tomada de decisão, ou seja, são os dados analisados. Uma experiência é um estudo no qual o pesquisador manipula as variáveis para investigar a relação causal entre elas, por exemplo, no lançamento de um produto, o gestor de marketing pode manipular o tipo de varejo em que o produto será entregue ao consumidor e examinar em quais deles as vendas têm melhor desempenho. Nes- se exemplo, as variáveis manipuladas são o canal de distribuição e as vendas. Ou, ainda, é possível manipular o preço – aumentá-lo até que as vendas diminuam –, de maneira que o gestor obtenha a informação de quanto o consumidor está disposto a pagar pelo produto e, nessa situação, as variáveis manipuladas são preço e ven- das. O estudo observacional não exige a participação ativa do pesquisado – como responder a um questionário ou conceder uma entrevista –, o pesquisador se insere no ambiente da pesquisa para observar comportamentos, por exemplo, como os consumidores reagem aos estímulos de uma promoção (ZIKMUND, 2012). 30Gestão de Marketing 1 Tabela 04. Problema de marketing versus tipos de pesquisa EXPLORATÓRIA DESCRITIVA CAUSAL PROBLEMA DE MARKETING Nossas vendas estão caindo sem motivo aparente. Que tipo de pessoas amparam nossas lojas em relação ao nosso principal concorrente? Os consumidores com- prarão mais produtos em uma embalagem mais sofisticada? Em que tipo de novos produtos os clientes estão interessados? Quais benefícios do produto são mais importantes para os nossos clientes? Qual das duas campa- nhas publicitárias será mais eficaz para comu- nicar tais benefícios? NATUREZA DE RESULTADOS Orientada para a descoberta, produtiva, mas ainda especu- lativa. Muitas vezes há neces- sidade de novas pesquisas. Pode ser confirmatória, embo- ra, por vezes, mais pesquisa seja ainda necessária. Os resul- tados podem ser executáveis. Orientada para a confir- mação. Razoavelmente conclusivas, com resul- tados executáveis. Fonte: Zikmund (2012) - Adaptado entrevistar potenciais consumidores (chamado estudo piloto), poderia direcionar melhor os objetivos da investigação e levar o gerente de produto ao problema de pesquisa. Pesquisa descritiva: como está subentendido, descreve um cenário mercadológico – incluindo características de objetos, pessoas, grupos, empresas ou ambientes. As pes- quisas básicas que mencionamos há pouco tendem a ser descritivas, uma vez que re- tratam, por exemplo, os hábitos de compra e consumo de determinados segmentos de mercado: quem compra (perfil dos consumidores), o que compra (produtos, serviços), quando compra (em quais ocasiões), onde compra (em quais canais de distribuição), por que compra (razões de compra do produto ou serviço) e como compra (em quais condições). Ao contrário da pesquisa exploratória, o projeto da pesquisa descritiva é elaborado com objetivos e problemas bem definidos, e os resultados dele consistem em análises diagnósticas para a compreensão da razão de um fenômeno de mercado (ZI- KMUND, 2012). Exemplificando: uma empresa encomenda um estudo descritivo para descobrir por que suas vendas são inferiores às vendas do principal concorrente. O objeto de investigação são as duas marcas concorrentes, no entanto, o diagnóstico se dará a partir da percepção dos consumidores, ou seja, o que importa realmente saber é como o consumidor percebe a marca concorrente e quais são os atributos que valoriza nela para, depois, identificar a razão do menor volume de vendas. Pesquisa causal: investiga as relações de causa e efeito, por exemplo: a redução de preço em uma liquidação provoca um aumento das vendas? Ou, quanto maior o inves- timento em propaganda maior a demanda por um determinado produto? A pesquisa causal, assim como a descritiva, exige precisão na definição do problema de pesquisa, enquanto a pesquisa exploratória tem como propósito delimitar o problema, reduzindo o número de hipóteses. Vejamos a relação entre o problema de marketing e o tipo de pesquisa a ser aplicado. Estudos Mercadológicos 31 1 Fases do Processo de Pesquisa: Definição dos objetivos da pesquisa – definir os objetivos de pesquisa significa delinear o problema de marketing a ser solucionado. Em outras palavras, é definir os questiona- mentos que levarão a respostas desejadas para a tomada de decisão. Os questiona- mentos são hipóteses que a pesquisa poderá ou não confirmar. Vamos imaginar uma situação hipotética: nos últimos 12 meses houve uma perda de 15% de market share. É um problema de marketing. Quais são as hipóteses? O produto tornou-se obsoleto? O CPV do produto está no estágio de declínio? Os benefícios do produto não justificam seu preço? A propaganda não é eficiente para comunicar os atributos e benefícios do produto? A embalagem está inadequada? (ZIKMUND, 2012). Nesse estágio, a pesquisa exploratória pode contribuir para descartar algumas hipóteses e delimitar o problema com mais exatidão. Pesquisas secundárias, como as realizadas pelos institutos que mencionamos há pouco, testes-piloto ou pesquisas realizadas anteriormente pela empresa, podem fornecer informações para esclarecer melhor a situação-problema. Assim, se uma pesquisa sobre hábitos de consumo confirma que os atributos do produto são valorizados pelo mercado-alvo, a hipótese de produto obsoleto pode ser descartada. Planejamento do projeto de pesquisa – após a definição do problema de marketing e dos objetivos da investigação – que devem constar no projeto –, o plano de pesquisa estabelece o método e os procedimentos para a coleta e análise de dados. Em resumo, a partir dos objetivos pré-estabelecidos, o pesquisador decide pela pesquisa descritiva ou causal, e define a técnica de pesquisa, a metodologia de amostragem, os instrumen- tos para a coleta de dados, os critérios para interpretação dos dados, o cronograma de ação e o investimento necessário para realizar a pesquisa. O “inquérito pessoal é uma técnica de pesquisa, na qual uma amostra é entrevistada de alguma forma ou o comportamento dos entrevistados é observado e descrito de alguma maneira. (ZIKMUND, 2012, p. 66). Para entrevistas - sejam pessoais, por telefone ou internet - o questionário é o instrumento mais utilizado. Existem três estruturas de ques- tionários para entrevista: 1) perguntas abertas, que permitem ao entrevistado expor sua opinião livre de qualquer parâmetro, por exemplo: “quais critérios você considera quando compra roupas?; 2) perguntas fechadas, que dão ao entrevistado algumas pos- sibilidades de respostas, por exemplo: “em quais ocasiões você compra roupas novas?
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