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Caderno de Urgência e Emergência Gabriel Bagarolo Petronilho Medicina - FAG TXVIII 2022/1 Gabriel Bagarolo Petronilho Abordagem de Via Ár$ e Dispos"ivos A abordagem do paciente para decidir sobre a necessidade de instalação de um dispositivo de via aérea sempre é por meio da avaliação da situação inicial do mesmo. Essa avaliação consiste em verificação de: - Nível de consciência - Esforço espontâneo ou apneia - Lesão de coluna na presença de trauma cervical não realizar manobra de Chin-lift - Expansão de caixa torácica expor tórax do paciente par melhor visualização - Sinais de obstrução de vias aéreas - Sinais de angústia respiratória Nesse momento não devemos utilizar a saturação periférica do paciente para avaliação. A queda de base da língua ocorre quando há rebaixamento do nível de consciência e é uma das principais causas de obstrução da via aérea. Nessa situação, a manobra de Chin-lift ajuda a retirar a base da língua da via aérea do paciente (relembrando que ela não pode ser utilizada na suspeita de trauma cervical). Figura - Base da língua obstruindo via aérea em paciente inconsciente Figura - Base da língua retirada do trajeto da via aérea Figura - Realização da manobra de Chin-lift Dispositivos de Via Aérea Em situações de abordagem ao paciente, a via aérea é de extrema importância para que o atendimento seja efetivo e o prognóstico do paciente seja o melhor possível. Para isso é necessário que o médico socorrista conheça e tenha disponíveis os dispositivos de manutenção de via aérea. Nesse momento apresentaremos, de maneira breve, alguns destes. Cânula Oreofaríngea (Guedel®) A cânula oreofaríngea é um dispositivo de manutenção temporária da via aérea e sua utilização auxilia também na obstrução da via aérea devido a queda de base de língua. Ela deve ser inicialmente inserida com a curvatura ‘apontando’ para o médico e então é rotacionada para encaixe na via aérea, como demonstrado na figura. Somente pacientes inconscientes (reflexo engasgo) → ÷ → Cânula Nasofaríngea A cânula nasofaríngea é muito parecida com a orofaríngea. Se trata de um tubo flexível em que uma parte é chanfrada (essa é a inserida no paciente pela narina até a faringe). O uso da mesma não é indicado em caso de trauma, devido a necessidade de posicionar o paciente em posição olfativa posição de alinhamento da cabeça e pescoço para abertura das vias aéreas. Cateter Nasal O cateter nasal é um acessório muito utilizado em pacientes que é necessário a oferta de baixo fluxo de O2 até 4L/min A oferta de 1L de O2 aumenta em cerca de 3-4% a FiO2 Figura - Cateter Nasal de Baixo Fluxo Em alguns locais, principalmente nos Estados Unidos, estão disponíveis cateteres nasais de alto fluxo. No Brasil, sua disponibilidade é bem menor devido seu alto custo. Com esse cateter é possível a oferta de alto fluxo de O2 até 60L/min. O dispositivo é excelente para crises asmáticas, DPOC e broncoespasmo. Figura - Cateter Nasal de Alto Fluxo Gabriel Bagarolo Petronilho Máscara de Venturi A máscara de venturi é um dispositivo que permite a oferta de diferentes fluxos de O2, sendo indicado na ponta por meio de cores. → → → Além disso, um detalhe importante é que o O2 ofertado se mistura com o ar ambiente, sendo um bom dispositivo para uso em pacientes com DPOC e proibido em pacientes com COVID-19. A máscara possui um fluxo máximo de até 15L/min com FiO2 de 50% - cor laranja. Fluxo (L/min) FiO2 (%) Máscara de Alto Fluxo com Reservatório Esse tipo de máscara possibilidade a oferta de 100% FiO2 com um fluxo de 15L/min. Devido essa alta performance ela sempre é utilizada no trama. Obs.: em atendimento a pacientes que sofreram trauma o fornecimento de O2 já deve ser com um fluxo de 12-15L/min em máscara de alto fluxo com reservatório, segundo o ATLS. Máscara de Ventilação Não Invasiva - VNI A máscara de VNI permite utilizar pressão para a sua regulação (PiP - pressão inspiratória positiva). Muitas vezes ouviremos falar de PiP fisiológica, mas não existe PiP fisiológico - nosso pulmão utiliza pressão negativa para ciclos respiratórios. O que acontece é que iniciamos a ventilação com um PiP mínimo de 5. Gabriel Bagarolo Petronilho Dispositivo Bolsa-Válvula-Máscara (Ambu®) Esse dispositivo é descrito pelo ATLS para utilização em pacientes vítimas de trauma. Em RCP, realiza-se 1 ventilação a cada 6s, comprimindo metade da bolsa (500mL de volume corrente). É o mais comum e mais utilizado no Brasil para pacientes em diferentes situações. ATLS na presença de 2 socorristas, um deles ficará posicionado na cabeça do pacientes segundo o dispositivo bolsa-válvula-máscara com a técnica correta - uma das mãos com o 1º dedo e 2º dedo formando um ‘C’ para vedar a máscara na face do paciente e com a outra mão formando um ‘E’ para pressionar a máscara e segurar a mandíbula do paciente e manter a via aérea pérvia. A ventilação é realizada em ciclos de 30:2 (30 compressões torácicas efetivas para 2 ventilações de 1s). Na presença de somente 1 socorrista, utiliza-se a mesma mão para fazer o ‘C’ e o ‘E’. Figura - Técnica para segurar Ambu® em 2 socorristas Figura - Técnica Ambu® socorrista solo Gabriel Bagarolo Petronilho Dispositivos Supraglóticos Os dispositivos supraglóticos são muito utilizados em situações que a via aérea do paciente posse ser um risco para broncoaspiração. O cuff é inflado acima da glote para que, eventualmente se o paciente regurgitar, previna a broncoaspiração. Não é uma via aérea definitiva, porém, é uma via aérea avançada de fácil instalação. Os dois principais são tubo laríngeo, utilizado em vias aéreas difíceis, que é graduado em cores para utilização de acordo com peso predito do paciente e a máscara laríngea, não definitiva, podem de utilização por até 6h. → Figuras - Tubo laríngeo, seringa para inflar Cuff graduada e tubo laríngeo inserido em paciente. Figuras - Máscara Laríngea Gabriel Bagarolo Petronilho Intubação Orotoraqueal - IOT A IOT é uma via aérea avançada definitiva e sua importância é extrema. As principais indicações para realização de IOT são: - Procedimento e cirurgias - Impossibilidade de manter via aérea pérvia - IRA grave e refratária - Hipóxia e/ou hipercapnia - Escala de Coma de Glasgow (GCS) ≤ 8 avaliar outros padrões também - Instabilidade hemodinâmica grave ou PCR - Queimados ‘antecipação’ de piora - Desconforto respiratório visível avaliar possível fadiga da musculatura respiratória A IOT nem sempre é um procedimento simples de realizador e a dificuldade varia de acordo com cada paciente. Essa avaliação pode ser realizada por meio da Classificação de Sinais de Mallampati. Na laringoscopia, a visualização pode ser classificada em graus de dificuldade para a apresentação da glote. Gabriel Bagarolo Petronilho → → → O principal passo para que a IOT seja de sucesso é o posicionamento do paciente - que muitas vezes o médico socorrista sem experiência não dá muita importância, mas que faz total diferença. O paciente deve ser posicionado de maneira que o conduto auditivo esteja nivelado com a clavícula (90º). Para facilitar, podemos apoiar um comum na região occipital e interescapular do paciente. Não esquecendo de que pacientes com suspeita de trauma cervical não podem ser movimentados e que o posicionamento do coxim + hiperextensão não alinhará os eixos, devemos extender levemente a cabeça do paciente. Lâminas do Laringoscópio Miller ou Reta é mais utilizado para crianças; na inserção ultrapassa a epiglote e depois volta (encobre a epiglote) expondo as cordas vocais. Curva nesse tipo de lâmina, na inserção, chega-se à base da epiglote e a traciona para exposição das cordas vocais. A manobra de Sellick, muito utilizada anteriormente, foi proscrita pela ATLS devido a alta taxa de lesão causada ao paciente. Atualmente, utilizamos a manobra de BURP: é utilizada para facilitar a IOT em querealiza-se o deslocamento da laringe por pressão na cartilagem tireoide - para trás, para cima e levemente para direita. Gabriel Bagarolo Petronilho i-Bougie O dispositivo i-Bougie é funciona como um fio guia para passagem em vias aéreas difíceis. Ele permite que o tubo seja passado deslizando por ele. O I-Bougie é muito utilizado em pacientes com lesão/trauma de face, por serem e µ e µ Passo a Passo - IOT 1) Posicionar paciente para alinhamento dos eixos (se não suspeita de trauma) 2) Segurar o tubo com a mão direita e laringoscópio com mão esquerda 3) Colocar laringoscópio pela rima labial direita e deslocar a língua para esquerda 4) Tracionar o laringoscópio para cima e para frente, aproximadamente 45), posicionando-o na valécula - evitar movimento de báscula 5) Visualizar as cordas vocais - a intubação não pode ser realizada às cegas, devendo ser realizada sob visualização direta das cordas vocais 6) Introduzir o tubo até que a borda próxima do cuff ultrapasse as cordas vocais. A parte distal do tubo deve estar a 5-7cm da carina da tranquei (normalmente essa posição está na marca de 22cm em adultos) - evitando a ventilação seletiva 7) Retirar o fio guia 8) Insuflar o uff com seringa de 6-10mL de ar (20mmHg) 9) Acoplar Ambu® e insular, auscultando epigástrio, pulmão E e D, respectivamente Gabriel Bagarolo Petronilho
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