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Queimaduras - classificações e cuidados

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Queimaduras 
As queimaduras são feridas traumáticas causadas, na maioria das 
vezes, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. 
Atuam nos tecidos de revestimento do corpo humano, 
determinando destruição parcial ou total da pele e de seus 
anexos, podendo acometer camadas mais profundas como tecido 
celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. 
Histologicamente, a lesão da queimadura é uma necrose de 
coagulação da epiderme e em profundidade variável da derme e 
de tecidos subjacentes. 
A pele humana pode tolerar temperaturas abaixo de 44°C; 
temperaturas acima deste valor podem produzir lesões por 
queimaduras de diferentes profundidades diretamente 
relacionadas com a temperatura, com o tempo de exposição e 
com a espessura da pele. 
Os principais agentes causais de queimaduras são: 
 Líquidos superaquecidos 
 Combustível 
 Chama direta 
 Superfície superaquecida 
 Eletricidade 
 Agentes químicos 
 Agentes radioativos 
 Radiação solar 
 Frio 
 Fogos de artifícios. 
 
Classificações das queimaduras 
Quanto à profundidade em graus: 
 1º grau: atinge a epiderme (camada superficial da pele). 
Apresentação com vermelhidão sem bolhas e discreto inchaço 
local. A dor está presente; 
 2º grau: pode ser diferenciada em superficial e profunda. 
Superficial: também chamada de queimadura de espessura parcial 
superficial, por acometer toda a epiderme e parte da derme, 
conservando razoável quantidade de folículos pilosos e glândulas 
sudoríparas. 
Clinicamente, caracteriza-se por bolhas, eritema, exsudação e 
dor intensa. Quando se rompem, as bolhas deixam à mostra uma 
superfície rósea e úmida de erosão ou ulceração. Há 
reconstituição total da pele em 14 a 21 dias, com mínima 
formação de cicatrizes (p. ex., queimadura por líquido 
superaquecido). 
Profunda: também denominada queimadura de espessura parcial 
profunda. Destrói quase toda a derme, comprometendo os 
anexos. 
Tem coloração mais pálida, é menos dolorosa e acarreta maior 
repercussão sistêmica. Embora possa evoluir com restauração 
após 3 semanas, o epitélio neoformado é muito friável, 
apresentando, por isso, ulceração recorrente e forte tendência 
à cicatrização hipertrófica e à formação de contraturas. 
O tratamento usual das áreas de 2 o grau profundo pode exigir 
excisão tangencial e enxertia de pele (p. ex., lesão por líquido 
superaquecido, por imersão ou por chama direta). 
 3º grau: Acomete a totalidade da pele. Clinicamente a lesão é 
seca, branca nacarada, havendo redução da elasticidade tecidual, 
tornando-se rígida. Pode apresentar vasos sanguíneos 
trombosados visíveis, causando deformidades. É tão profunda que 
destrói as terminações nervosas, sendo indolor. Em alguns casos, 
como nas lesões elétricas, acomete o tecido celular subcutâneo, 
tendões, ligamentos e músculos, podendo chegar aos ossos. As 
lesões elétricas podem levar a mutilações, principalmente de 
membros superiores, sendo classificadas por alguns autores 
como lesão de “4 o grau” assim como também as áreas 
carbonizadas. 
 
 
Quanto à extensão: 
 Leves (ou "pequeno queimado"): atingem menos de 10% da 
superfície corporal; 
 Médias (ou "médio queimado"): atingem de 10% a 20% da 
superfície corporal; 
 Graves (ou "grande queimado"): atingem mais de 20% da área 
corporal; 
Para o cálculo de extensão de queimaduras, são consideradas 
apenas as de 2° e 3° grau. 
 
Regra dos nove 
Constitui o método mais rápido para avaliação da extensão da 
queimadura. Por ser método prático, rápido e de fácil 
memorização, é o mais usado nas salas de emergência. Embora 
não seja muito preciso, pode ser utilizado na primeira 
determinação da extensão da área queimada. 
Consiste na divisão do corpo em múltiplos de nove - a cabeça 
equivale a 9%; cada membro superior, a 9%; a parte anterior do 
tronco, a 18%; a parte posterior do tronco, a 18%; cada membro 
inferior, a 18%; e o períneo, a 1%. 
Como as superfícies corporais parciais de crianças são 
proporcionalmente diferentes das dos adultos, utiliza-se nelas a 
“regra dos nove modificada para crianças”. A partir da 
puberdade considera-se a superfície corporal da criança 
semelhante à do adulto. 
 
 
Esquema de Lund-Browder 
É o método mais apurado para cálculo da área corporal porque 
leva em consideração as proporções do corpo de acordo com a 
idade. 
 
 
Critérios de internação por queimaduras: 
 10% de superfície comprometida em crianças menores de 10 
anos 
 20% ou mais de superfície comprometida em crianças 
maiores de 10 anos 
 Queimaduras em zonas especiais (face, mãos, pés, genitais e 
articulações) 
 Inalação 
 Queimaduras químicas, elétricas 
 Qualquer outro trauma em que a queimadura seja a lesão 
mais grave 
 Abuso 
 Comorbidade. 
 
Cuidados com queimaduras 
 Afastar o paciente da fonte de emissão de calor, evitando o 
contato com possíveis cabos com eletricidade ou fontes com 
calor residual. 
 Resfriar a área queimada (medida importante, porém que só 
tem valor quando aplicada imediatamente após o acidente) 
pode ser feito envolvendo-se a vítima com um lençol 
embebido em água, bloqueando a onda de calor que continua 
agindo no tecido queimado por alguns minutos. A água não 
precisa estar gelada, pois pode provocar hipotermia e a 
temperatura ambiente já se encontra bem abaixo da 
temperatura do tecido queimado. Este procedimento tem 
duração de alguns minutos e imediatamente após o paciente 
deve ser coberto com um lençol seco para evitar hipotermia 
e alívio da dor. 
 Proteger a ferida, evitando infecção, com limpeza e curativo 
adequados. Conforto deve ser oferecido ao queimado. 
 
Curativos para queimaduras 
 As feridas de 1° grau necessitam apenas de hidratação e 
analgesia obtidos com cremes hidratantes e analgésicos como 
hidrogéis, hidrogéis à base de Melaleuca alternifolia. O 
paciente é orientado a lavar diariamente a área queimada 
com sabonete neutro. Até que a epiderme descame, a 
aplicação de óleo mineral 2 vezes/dia apressa a descamação 
e auxilia a aliviar o prurido. Após a descamação, deve-se 
aplicar creme hidratante neutro e filtro solar FPS 20 a 30 
até que a cor natural retorne, evitando a hiperpigmentação. 
 
 Nas feridas de 2° grau, os curativos desempenham papel 
preponderante na evolução da cicatrização das lesões. A 
escolha do curativo deve levar em consideração o grau de 
exudação e a colonização das feridas. 
 As de 3° grau requerem tratamento especializado por 
cirurgião plástico, com desbridamentos e fechamento das 
feridas por autoenxertia cutânea ou rotação de retalhos 
cutâneos. 
 
 
 
 
Abordagens específicas 
Queimadura elétrica 
A corrente elétrica, ao atravessar o organismo, pode causar 
extensos danos internos. As lesões são extremamente difíceis de 
serem avaliadas clinicamente na fase inicial, necessitando de 
repetidas reavaliações, uma vez que com frequência evoluem 
com aprofundamento, levando às vezes à exposição de músculos, 
tendões e ossos. Além disso, podem apresentar significativas 
repercussões clínicas, dependendo da intensidade, da duração e 
das características da corrente a que o paciente foi exposto. 
Pode haver sérios danos a tecidos profundos em um membro em 
que a pele se mostra intacta, excetuando o ponto de contato 
com a corrente elétrica. Há risco de rabdomiólise, com 
insuficiência renal por mioglobinúria ou hemoglobinúria. A cor 
escura da urina indica mioglobinúria. A administração de grandes 
volumes de solução salina é crucial para garantir um débito 
urinário de 50 a 100 mL/h. O uso de manitol pode ser 
necessário. A acidose metabólica deve ser corrigida, mantendo-se 
perfusão adequada, e bicarbonato de sódio deve ser adicionado 
para aumentar a solubilidade da mioglobina, caso necessário. 
Preocupação maior é o efeito na atividade elétrica cardíaca. 
Arritmias sérias podem sobrevir mesmo depois de constatado um 
ritmo cardíaco estável. É necessário monitoramento cardíaco 
contínuo durante as primeiras 24h após o acidente elétrico. Os 
membros, quando acometidos, quase sempre necessitam de 
escarotomias e fasciotomias para a liberação de vasos, nervos e 
musculatura edemaciada, confinados aos espaços fasciais. 
Queimadura química 
Como costuma ocorrer na avaliação das queimaduras elétricas, há 
tendência a se subestimar o aspecto das lesões de queimadura 
química em uma abordagem inicial. Torna-se necessário avaliar a 
extensão e a profundidade das lesões a intervalos frequentes. Os 
ácidos, por seu mecanismo de ação, tendem a cessar o processo 
de queimadura cerca de 48 a 72 h após o acidente, quando o 
paciente costuma deixar de referir dor. Já as lesões causadas 
por álcalis, em função de sua grande capacidade de penetração, 
tendem à cronicidade, pela dificuldade de eliminação do agente, 
geralmente exigindo várias escarectomias. Além disso, o meio 
alcalino favorece o desenvolvimento de infecções. No local do 
acidente, deve-se fazer a remoção total das vestes e irrigação 
copiosa com água durante 20 a 30 min. O atraso na instituição 
dessa medida pode causar a continuação do dano ao tecido. 
Produtos químicos em pó devem ser retirados da pele antes de 
se lavar a área queimada. Nenhum outro agente se mostrou 
superior à água. Esforços para neutralizar agentes químicos são 
contraindicados, pela possível reação exotérmica, que contribui 
ainda mais para a destruição do tecido. 
Queimadura da face 
É considerada lesão grave e, em geral, requer tratamento em 
hospital. Em decorrência do rico suprimento sanguíneo e tecido 
frouxo, as queimaduras faciais costumam acompanhar-se da 
formação de grande edema, com compressão de importantes 
estruturas anatômicas, levando a dificuldade respiratória e de 
ingestão de alimentos. Geralmente são tratadas com curativos 
abertos. Nas queimaduras profundas utiliza-se a sulfadiazina de 
prata a 1%. Para minimizar o desenvolvimento de edema, o 
tronco superior e a cabeça do paciente devem ser elevados em 
ângulo de 30°. 
Queimadura dos olhos 
Deve-se suspeitar de comprometimento ocular na vigência de 
queimadura da face quando o paciente referir visão embaçada, 
apresentar intensa fotofobia ou conjuntiva hiperemiada. Na 
suspeita de queimadura ocular, o oftalmologista deve ser 
imediatamente solicitado. 
Queimadura de mãos e pés 
As mãos e os pés são áreas de grande importância funcional e, 
por serem extremidades, estão propensas a maior 
comprometimento circulatório pelo pequeno calibre dos vasos. O 
mais importante da avaliação física é determinar a situação 
vascular e a possível necessidade de uma escarotomia. O pulso 
radial não exclui a síndrome compartimental. O monitoramento 
dos pulsos digitais e palmares com o medidor ultrassônico é o 
meio mais preciso de avaliar a perfusão dos tecidos da mão. 
Deve-se elevar a extremidade acima do nível do coração para 
minimizar a formação de edema. A movimentação dos membros 
envolvidos por 5 min a cada hora diminuirá o edema. Curativos 
podem prejudicar o monitoramento da circulação e por isso 
devem ser evitados. 
Queimadura da genitália 
Apresenta maior risco de contaminação. A queimadura do pênis 
requer a inserção imediata de cateter de Foley para manter a 
abertura da uretra.

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