Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS Módulo Específico Apostila 3 – Introdução ao Direito do Trabalho Coordenação Pedagógica – IPEMIG De acordo com a Lei Nº 13.467 de 13 de julho de 2017 que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991. Belo Horizonte 2018 2 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. Índice INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3 1 DIREITO DO TRABALHO ....................................................................................... 4 1.1 HISTÓRIA E CONCEITO.................................................................................. 4 1.2 NATUREZA JURÍDICA DE DIREITO DO TRABALHO ................................... 20 1.3 FONTES DO DIREITO DO TRABALHO ......................................................... 22 1.4 PRINCÍPIOS DE DIREITO DO TRABALHO ................................................... 25 1.4.1 Princípio da igualdade nas relações de trabalho ...................................... 25 1.4.2 Princípio da liberdade de exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão ........................................................................................................... 31 1.4.3 Princípio da proteção contra a dispensa arbitrária ou sem justa causa .... 32 1.4.4 Princípio da irredutibilidade de salários .................................................... 33 1.4.5 Princípio do reconhecimento das convenções e acordos coletivos .......... 35 1.4.6 Princípio da proteção em face da automação. ......................................... 42 1.4.7 Princípio da liberdade sindical .................................................................. 45 1.4.8 Princípio do direito de greve ..................................................................... 50 1.4.9 Princípio da proteção do trabalhador .............................................................. 52 1.4.10 Princípio de Intervenção Mínima da Vontade da Vontade Coletiva.........55 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 58 3 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. INTRODUÇÃO Sejam bem-vindos ao curso de Especialização em DIREITO DO TRABALHO oferecido pelo Instituto Pedagógico de Minas Gerais - IPEMIG. Esforçamos-nos para oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se candidataram a esta especialização, procuramos referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos pesquisadores. Não obstante, que o curso tenha objetivos claros, positivos e específicos, colocamos-nos abertos para críticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opiniões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distância, os alunos são livres para estudar da melhor forma para que possam se organizar, lembrando que: aprender e refletir sobre a própria experiência se somam e que a educação é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos alunos. Esta apostila contempla os seguintes conteúdos: História, conceito, fontes e princípios de direito do trabalho. Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais importantes para a disciplina. Desejamos um bom estudo a todos e caso surjam algumas lacunas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 4 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. 1 DIREITO DO TRABALHO 1.1 HISTÓRIA E CONCEITO O termo trabalho, segundo alguns dicionários etimológicos, deriva do latim vulgar tripaliare, que significa martirizar com o tripalium (instrumento de tortura composto de três paus). Sustenta-se que os primeiros trabalhos foram os da criação. É o que se infere do Pentateuco, mais precisamente do livro Gênesis, que narra a origem do mundo: ―Deus acabou no sétimo dia a obra que tinha feito; e descansou‖ (Gen. 2,2). (Barros, 2009, p. 53). A origem da palavra ―trabalho‖ revela, por si só, o conceito que possuía na antiguidade. Do latim tripalium, era um instrumento composto de três paus que servia para torturar réus e segurar cavalos por ocasião de ferrar. (Soilbelman,1981). Na Antigüidade Clássica, tanto na Grécia em seu apogeu, por volta do século V a.C., quanto na Roma Imperial, o trabalho obedeceu a duas vertentes básicas: as elites dominantes ocupavam-se exclusivamente do trabalho intelectual, artístico, especulativo ou político. De outro lado, as funções consideradas subalternas por sua natureza rústica e penosa (―trabalho braçal‖) eram desempenhadas pela mão de obra escrava, obtida nas guerras de conquista. Os vencidos eram transformados em escravos. (Ornellas e Monteiro, 2005, p. 1). O trabalho na Antiguidade, representava punição, submissão, em que os trabalhadores eram os povos vencidos nas batalhas, os quais eram escravizados. O trabalho não era dignificante para o homem. A escravidão era tida como coisa justa e necessária. Para ser culto, era necessário ser rico e ocioso. (Jorge Neto e Cavalcante, 2005, p. 3). Na Idade Média a fragmentação do Império Romano deu origem ao sistema feudal. Nele, o escravo da Grécia e de Roma transformou-se no servo da gleba. Não ocorreram mudanças significativas em suas condições de trabalho, nem foi amenizada sua situação de miserabilidade. Após uma dezena de séculos sombrios, em que o progresso foi tolhido por uma visão estritamente teocrática do mundo, surgiu o Renascimento. Com a Renascença instalou-se o humanismo e a pessoa humana passou a ser o centro, a protagonista da história. As idéias 5 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. humanitárias e progressistas, contrapondo-se às concepções medievais, trouxeram esperança aos novos tempos. (Ornellas e Monteiro, 2005, p. 1). Na época do feudalismo, que perdurou entre os séculos X ao XIII (Soibelman,1981), a escravidão foi substituída pela servidão. Neste sistema, Vianna (1991) destaca que o homem se submetia ao trabalho em benefício exclusivo do senhor da terra, sendo que da terra retirava em proveito próprio a habitação, a alimentação e o vestuário. Entretanto, a servidão nada mais foi do que um tipo de escravidão, não exatamente no sentido estrito da palavra, mas em medida semelhante, posto que o indivíduo naquelas condições não dispunha de liberdade, estando sujeito as mais severas restrições, tal como impossibilidade de livre locomoção. Este período caracterizou-se como sendo um sistema intermediário entre a escravidão e o trabalho livre (Vianna, 1991). A Revolução Francesa proclamou a indignidade da escravidão a partir de 1857, sendo tambémproscrita oficialmente dos territórios sob domínio da Inglaterra e oitenta anos mais tarde a Liga das Nações reconhecia ainda a existência de escravos na Ásia e na África. Num contexto geral a escravidão é a mais expressiva representação do trabalhador da Antiguidade embora os historiadores apontam certos momentos em que as leis da época faziam um abrandamento do rigor de sua aplicação: Na Babilônia, no Código de Hamurabi o trabalhador mereceu tratamento mais suave pelo reconhecimento, a seu favor, de certos direitos civis; no Talmud encontram-se regras de proteção do trabalhador em caso de acidente. (Reis, 2012, p. 01). Foram as revoluções liberais, que tiveram início nos séculos XVII e XVIII, seguidas da Revolução Industrial, que caracterizaram uma profunda mudança nas relações de trabalho. A ideia de liberdade esteve bem destacada neste período da história, revelando que o modelo de servidão era apenas uma modalidade diferenciada de escravidão, e que as corporações de ofícios significavam impedimento ao desenvolvimento do livre comércio e ofício. No início deste período da história, as condições de vassalagem e as corporações de ofícios foram desaparecendo, sendo de maneira natural ou por imposição legal, passando a dar lugar às relações de trabalho remuneradas, com a locação de serviço civil. O medo das formas que o trabalho foi prestado no passado, levou ao amadurecimento dos trabalhadores neste período, incentivando a formação de associação, dando lugar a 6 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. contratos de trabalho com prazo determinado, fazendo que com isso o trabalhador não ficasse vinculado indefinidamente ao empregador. Sobre a revolução industrial leciona Ornellas e Monteiro (2005, p. 553). Tão grande é sua importância que se costuma compará-la à Revolução Francesa, pelas conseqüências transformadoras de ambas. Uma, no terreno das liberdades cívicas, a outra, no campo da economia e do trabalho. É costumeiro utilizar-se a expressão ―Revolução Industrial‖ para nomear o notável desenvolvimento econômico acontecido na Inglaterra nos séculos XVIII e XIX.Esse progresso teve sua origem na organização de um sistema fabril, tornado possível graças a excepcionais avanços na área tecnológica. A invenção e o uso das máquinas a vapor, de novas ferramentas de trabalho e a criação de equipamentos destinados à indústria têxtil tornaram possível a evolução desse novo sistema de trabalho. Profundas mudanças ocorreram com a substituição do trabalho rural e do artesanato pelas atividades industriais. Sendo o trabalhador, um dos enfoques deste ensaio, é indispensável lembrar que, abandonando o meio rural ou o ateliê em que antes trabalhava, veio o operário para as cidades e para o ambiente das fábricas. Assim, modificaram-se radicalmente as condições de vida do trabalhador, mas a miséria, o serviço estafante e prolongado, as péssimas condições de moradia e de alimentação prosseguiram, afligindo a classe trabalhadora. As relações conflituosas entre capital e trabalho refletiram de forma marcante a sociedade e o indivíduo. Conseqüentemente, era inevitável a luta de classes e tornava-se urgente a necessidade de valorizar-se o trabalho e os trabalhadores, em sua situação de elo mais fraco da corrente econômica, na produção e distribuição das riquezas. Durante a Revolução Industrial, para poder enfrentar a livre concorrência, os chefes de indústria não encontravam recurso mais fácil do que explorar ao máximo os operários, pagando-lhes ínfimos salários e impondo-lhes jornadas de trabalho excessivas, muito superiores a sua capacidade física, a fim de reduzir ao mínimo o custo da mão-de-obra e, portanto, o custo da produção, o que lhe permitia auferir maiores lucros. Desamparados de qualquer proteção e impedidos de se reunir para reagir contra esses abusos, viam-se os operários na dura contingência de escolher entre os baixos salários insuficientes para a sua subsistência e a mais completa indigência. Prolongavam-se as jornadas de trabalho a 14 e 16 horas, não se distinguindo entre trabalho noturno e trabalho diurno. Trabalhava-se a semana toda, sem um dia de repouso. (Cerqueira, 1961, p. 343). A situação real do trabalhador durante os anos da Revolução Industrial foi extremamente dura; a tão aclamada liberdade de contratação se traduzia em uma fixação de jornadas de trabalho excessivas, com prorrogação de jornadas fora dos limites humanos, na falta de atenção do empregador em questões de segurança e 7 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. higiene nos locais de trabalho, na abusiva utilização da mão de obra infantil e feminina, e nos abusos dos valores ínfimos de salário. (Melgar, 1995, p. 63). Não eram apenas os homens que trabalhavam, mas também as mulheres e as crianças, desde 5 ou 6 anos de idade, consideradas ―meias forças‖ e remuneradas com salários sensivelmente inferiores. A situação dos trabalhadores agravava-se cada vez mais, a medida que os progressos do maquinismo se acentuavam, reduzindo o emprego da mão-de-obra. (Cerqueira, 1961, p. 343). A completa libertação do trabalhador teria de se fazer mais tarde como consequência da Revolução Industrial e da generalização do trabalho assalariado, numa nova luta, não mais contra o senhor da terra nem contra o mestre da corporação, e sim contra um poder muito maior, o patrão, o capitalista, amparado pelo Estado, na sua missão de mero fiscal da lei e aplicador da justiça. (Vianna, 1991, p. 32). A Revolução Industrial foi, portanto, marcado com as primeiras normas voltadas exclusivamente para a proteção dos trabalhadores, como consequência da força dos movimentos sociais e também pelo interesse do próprio Estado, em contar com o apoio da grande massa de trabalhadores que compunham a sociedade. Foi nesta época que o trabalhador passou a ser visto pelo Estado como parte hipossuficiente da relação de trabalho, em face do poder econômico advindo do empregador. Neste contexto é que teve início ao declínio da ideia de poder total e irrestrito do empregador sobre os empregados. O Estado então abandona a posição não intervencionista, passando a promulgar leis que regulam as condições de trabalho, nascendo assim o direito do trabalho. Em vários países ocorreram fatos que marcaram as relações entre empregados e empregadores, alterando, de forma definitiva, como seriam tratadas as questões voltadas às condições de trabalho daí em diante (Vianna, 1991). Dentre estas importantes mudanças, no plano internacional, destaca-se a criação em 1919 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A OIT foi criada como parte do Tratado de Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. Fundou-se sobre a convicção primordial de que a paz universal e permanente somente pode estar baseada na justiça social. É a única das agências do Sistema das Nações Unidas com uma estrutura tripartite, composta de representantes de governos e de organizações de empregadores e de 8 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. trabalhadores. A OIT é responsável pela formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho (convenções e recomendações) As convenções, uma vez ratificadas por decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião. Na primeira Conferência Internacional do Trabalho, realizada em 1919, a OIT adotou seis convenções. A primeira delas respondiaa uma das principais reivindicações do movimento sindical e operário do final do século XIX e começo do século XX: a limitação da jornada de trabalho a 8 diárias e 48 semanais. As outras convenções adotadas nessa ocasião referem-se à proteção à maternidade, à luta contra o desemprego, à definição da idade mínima de 14 anos para o trabalho na indústria e à proibição do trabalho noturno de mulheres e menores de 18 anos. Em 1926, a Conferência Internacional do Trabalho introduziu uma inovação importante com vistas a supervisionar a aplicação das normas. Criou uma Comissão de Peritos, composta por juristas independentes, encarregada de examinar os relatórios enviados pelos governos sobre a aplicação de Convenções por eles ratificadas (as ―memórias‖). A cada ano, esta Comissão apresenta seu próprio relatório à Conferência. Desde então, seu mandato foi ampliado para incluir memórias sobre convenções e recomendações não ratificadas. Durante seus primeiros quarenta anos de existência, a OIT consagrou a maior parte de suas energias a desenvolver normas internacionais do trabalho e a garantir sua aplicação. Entre 1919 e 1939 foram adotadas 67 convenções e 66 recomendações. A eclosão da Segunda Guerra Mundial interrompeu temporariamente esse processo. Em agosto de 1940, a localização da Suíça no coração de uma Europa em guerra levou o novo Diretor-Geral, John Winant, a mudar temporariamente a sede da Organização de Genebra para Montreal, no Canadá. Em 1944, os delegados da Conferência Internacional do Trabalho adotaram a Declaração de Filadélfia que, como anexo à sua Constituição, constitui, desde então, a carta de princípios e objetivos da OIT. Esta Declaração antecipava em quatro meses a adoção da Carta das Nações Unidas (1946) e em quatro anos a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), para as quais serviu de referência. 9 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. Reafirmava o princípio de que a paz permanente só pode estar baseada na justiça social e estabelecia quatro ideias fundamentais, que constituem valores e princípios básicos da OIT até hoje: que o trabalho deve ser fonte de dignidade, que o trabalho não é uma mercadoria, que a pobreza, em qualquer lugar, é uma ameaça à prosperidade de todos e que todos os seres humanos tem o direito de perseguir o seu bem estar material em condições de liberdade e dignidade, segurança econômica e igualdade de oportunidades. No final da guerra, nasce a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de manter a paz através do diálogo entre as nações. A OIT, em 1946, se transforma em sua primeira agência especializada. Em 1969, ano em que comemorava seu 50º aniversário, a OIT recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Ao apresentar o prestigioso prêmio, o Presidente do Comitê do Prêmio Nobel ressaltou que ―a OIT tem uma influência perpétua sobre a legislação de todos os países‖ e deve ser considerada ―a consciência social da humanidade‖. A OIT desempenhou um papel importante na definição das legislações trabalhistas e na elaboração de políticas econômicas, sociais e trabalhistas durante boa parte do século XX. Em 1998, a Conferência Internacional do Trabalho, na sua 87ª Sessão, adota a Declaração dos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho, definidos como o respeito à liberdade sindical e de associação e o reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva, a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório, a efetiva abolição do trabalho infantil e a eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação. A Declaração associa a esses 4 direitos e princípios 8 convenções, que passam a ser definidas como fundamentais. Estabelece que todos os Estados Membros da OIT, pelo simples fato de sê-lo e de terem aderido à sua Constituição, são obrigados a respeitar esses direitos e princípios, havendo ou não ratificado as convenções a eles correspondentes. A Conferência define também a ratificação universal dessas convenções como um objetivo, senta as bases para um amplo programa de cooperação técnica da OIT com os seus Estados Membros com o objetivo de contribuir à sua efetiva aplicação e define um mecanismo de monitoramento dos avanços realizados. 10 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. Em junho de 2008, durante a 97ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho, que se realizam anualmente em Genebra, representantes de governos, empregadores e trabalhadores, adotaram um dos mais importantes documentos da OIT: a Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Eqüitativa e corresponde a uma das primeiras manifestações de um organismo internacional com preocupações sobre o mundo globalizado e a grave crise financeira internacional que iria eclodir a partir de setembro de 2008. É importante assinalar que já existia uma crise do emprego antes da eclosão da crise econômica e financeira internacional. Essa crise se manifestava, entre outros indicadores, na existência de 195 milhões de desempregados no mundo e no fato de que 40% das pessoas que estavam ocupadas (cerca de 1,4 bilhões de pessoas) ganhava menos de 2 dólares por dia (situando-se, portanto, abaixo da linha da pobreza) e 20% delas ganhava menos de um dólar ao dia (portanto, abaixo da linha da extrema pobreza). Além disso, oito em cada 10 pessoas não tinha acesso aos regimes de previdência social (OIT, 2007). Essa situação era resultado de um processo de globalização injusto e inequitativo, tal como assinalado desde 2004 pela Comissão Mundial sobre a Dimensão Social da Globalização, reunida no âmbito da Organização Internacional do Trabalho, e que caracterizou essas desigualdades globais como ―inaceitáveis do ponto de vista moral e insustentáveis do ponto de vista político (OIT, 2005). A crise esteve precedida por um desequilíbrio crescente nos rumos da globalização, que se manifestou, em particular, em uma distribuição muito desigual dos seus benefícios (entre os países e no seu interior) e no aumento das desigualdades de renda, que caracterizou a realidade da maioria dos países, mesmo durante os anos de prosperidade econômica (primeiros anos da década de 2000). Com efeito, de acordo a dois estudos publicados pela OIT em 2008, entre 1995 e 2007, em 70% dos países analisados, diminuiu a porcentagem dos salários no PIB e aumentou a desigualdade de renda (OIT 2008a e OIT, 2008b). Um desses estudos assinala ainda que um dos fatores que impediram o aumento da desigualdade social em alguns desses países, ou fizeram com que ele ocorresse em menor escala, foram as políticas de salário mínimo e os processos de negociação coletiva. 11 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. A história do trabalho no Brasil está dividida em três principais etapas: o primeiro período que abrange a independência do Brasil até a Abolição, ocorrida em 1888; o segundo período a partir da Abolição até Getúlio Vargas, em 1930; e o terceiro período, desde a era Vargas até os dias atuais. (Jorge Neto e Cavalcante, 2005). No primeiro os castigos corporais são comuns, permitidos por lei e com a permissão da Igreja. As Ordenações Filipinas sancionam a morte e mutilação dos negros como também o açoite. Segundo um regimento de 1633 o castigo é realizado por etapas: depois de bem açoitado, o senhor mandará picar o escravo com navalha ou faca que corte bem e dar-lhe com sal, sumo de limão e urina e o meterá alguns dias na corrente, e sendo fêmea, será açoitada à guisa de baioneta dentro de casa com o mesmo açoite. Outroscastigos também são utilizados: retalhamento dos fundilhos com faca e cauterização das fendas com cera quente; chicote em tripas de couro duro; a palmatória, uma argola de madeira parecida com uma mão para golpear as mãos dos escravos; o pelourinho, onde se dá o açoite: o escravo fica com as mãos presas ao alto e recebe lombadas de acordo com a infração cometida. (Koshiba e Pereira, 2000, p. 34). O século XX foi o século do trabalho. Foi o século em que este deixou de ser um fato entre outros da existência humana e se tornou seu aspecto central. O trabalho deixou de estar submetido aos tempos da natureza e às variáveis climáticas e passou, ele próprio, a reger o tempo dos homens. Deixou de ser apenas meio de subsistência e tornou-se, para um número cada vez maior de pessoas, elemento constitutivo de identidade. O século XX cristalizou mudanças radicais que se iniciaram pelo menos duzentos anos antes de 1901: nele é que se consagrou o trabalho como um criador permanente de riquezas e nele "indivíduos foram transformados em trabalhadores". (Krawulski, 1998). O segundo período é marcado pela abolição da escravatura que se assemelha a uma ―reforma agrária‖, pois a abolição da escravatura teria de acarretar modificações na forma de organização da produção e no grau de utilização dos fatores. Com efeito, somente em condições muito especiais a abolição se limitaria a uma transformação formal dos escravos em assalariados. (Furtado, 2005, p.106) 12 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. O século XX também foi o século em que o trabalho praticamente mudou de lugar: na esteira de movimento iniciado no XVIII, a dissolução (ora violenta, ora espontânea) das sociedades campesinas e atomizadas tradicionais, na maior parte do Globo, originou as grandes massas nas cidades e fez com que, nas palavras do historiador Eric Hobsbawm (1998), "nada se tornasse mais inevitável" do que o aparecimento dos movimentos urbanos de trabalhadores. A novidade dos novecentos foi a frequência, cada vez maior, com que foram sequestrados esses movimentos, ora por ideologias de Direita, ora por ideologias de Esquerda, em um confronto que marcou dramaticamente essa "Era dos Extremos". É exatamente em meio a esse embate de forças e mudanças estruturais em âmbito global que é instalada, no Brasil, em 1941, a Justiça do Trabalho. Lembremos que, naquele ano, o mundo estava em plena Segunda Guerra Mundial que, antes de tudo, foi uma "guerra civil ideológica internacional", como defende Hobsbawm (1998). Isso porque "suscitou as mesmas questões na maioria dos países ocidentais", ou seja: as linhas que separavam as forças pró e antifascistas "cortavam cada sociedade", cada país envolvido - e o Brasil não era exceção. Também é nesse século de polarização ideológica e de mudanças radicais no mundo do trabalho que surge a Organização Internacional do Trabalho (1919) e torna-se crescente o estabelecimento de ógãos jurisdicionais e a produção de normas de direito do trabalho pelos Estados, em países díspares como Sri Lanka, Inglaterra, Itália, Estados Unidos, França ou Austrália. Pode-se dizer que essas iniciativas, transcendendo a fonte ideológica de que derivaram em cada país, acabaram por se tornar, imediatamente ou depois, outra maneira de se resolver conflitos cada vez mais presentes nas grandes cidades: aqueles oriundos da "questão social". No Brasil, como já se aventou aqui, a produção de uma "legislação social" e a instalação da Justiça do Trabalho em 1941 foram influenciadas também por esse confronto de forças de que nos fala Hobsbawm, bem como pelo crescimento da classe média e do operariado urbano em cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro. Isso a despeito do Estado Novo ter sido bem-sucedido no sentido de convencer boa parte da população, sobretudo urbana, que essas iniciativas se deviam apenas à ‗generosidade descompromissada' de Getúlio Vargas – e ela não 13 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. era tão descompromissada assim: o trabalhismo de Vargas trazia vantagens reais e substanciais à crescente massa de trabalhadores urbanos, mas ele foi habilidoso em ‗outorgar' direitos que, na verdade, eram genuinamente reivindicados por essa classe. Conseguiu, assim, fazer dela sua principal aliada e base para sua permanência no poder. No que tange especificamente à instalação da Justiça do Trabalho, podemos entrever traços desse confronto ideológico de forças quando é enviado ao Congresso, em 1935, o anteprojeto da lei que instituiu e organizou essa Especializada (Decreto n. 1.237/1939): sucedem-se as discussões entre Oliveira Viana (sociólogo e jurista, consultor do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, um dos autores do anteprojeto) e o Prof. Waldemar Ferreira (relator na Comissão de Constituição e Justiça). (Hobsbawm, 1995). Ferreira, como outros intelectuais na década de 1930, era desfavorável à implantação de uma Justiça do Trabalho no Brasil. Contrariamente a Viana, era partidário de um "individualismo jurídico" assentado "na idéia de contrato do Código Civil". Não acreditava que os conflitos trabalhistas necessitassem de "novos órgãos, novos processos, novos ritos ou nova jurisprudência". Chegou a chamar de "fascista" o projeto de Viana. (Carvalho, 1991). Essa acusação de que a Justiça do Trabalho tem raízes fascistas repetiu- se com alguma frequência ao longo do tempo. Podemos fazer algumas observações quanto a ela: embora houvesse franca simpatia pelo fascismo em setores do governo de Getúlio Vargas, as normas de direito do trabalho (e consideramos a existência da Justiça do Trabalho como um direito do trabalhador) também surgiram em países de tradição liberal naquele período, como Estados Unidos e Inglaterra. Além disso, historicamente, leis/órgãos jurisdicionais trabalhistas antecederam – em muito – o fascismo do século XX: os primeiros organismos especializados na solução dos conflitos trabalhistas, os Conseils de Prud'hommes, surgiram na França em 1806. (Martins Filho, 2002). Ademais, como bem explicita o filósofo e professor da London School of Economics, John Gray, o mercado "nascerá inevitavelmente sufocado por uma miríade de restrições e regulamentos". Elas surgirão "espontaneamente, em resposta a problemas sociais específicos, não como elementos de qualquer grande projeto". Por isso, já no século XIV, havia grande número de regulamentos que, 14 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. embora rudimentares e localizados, tentavam abrandar os "custos sociais" dos incipientes mercados europeus, como a "Lei dos Aprendizes" na Inglaterra. (Gray, 1999). Destarte, embora a "ameaça comunista" ou as "forças fascistas" tivessem pressionado a maior parte dos Estados a instituir órgãos jurisdicionais e leis trabalhistas, essas iniciativas estatais transcenderam as bases ideológicas dos respectivos Estados, até porque têm raízes históricas anteriores, sobretudo no que concerne ao direito individual do trabalho. De certa forma, essa conclusão está presente na Exposição de Motivos da Comissão Elaboradora do Projeto de Organização da Justiça do Trabalho, de 1938, que era composta por Oliveira Viana, Luiz Augusto de Rego Monteiro, Deodato Maia, Oscar Saraiva, Geraldo Faria Baptista e Helvecio Xavier Lopes: Este projeto não é uma cópia ou tradução desta ou daquela legislação estrangeira: foi concebido e executado, tendo os seus elaboradores a sua atenção voltada inteiramente para as condições da nossa sociedade, da sua estrutura social eeconômica, principalmente. Os pontos de contato ou semelhança que a organização nele proposta para os nossos tribunais do trabalho possam ter, efetivamente, com a organização dos mesmos tribunais em outros povos, resultam não de uma imitação literal de textos legislativos, mas da identidade fundamental das causas e dos objetivos que, em todos estes povos, determinaram e justificaram o aparecimento destas novas instituições jurídicas. Por outro lado, no que diz respeito às relações coletivas de trabalho, não há como negar que o Estado Novo brasileiro tenha tentado anular – ao invés de mediar – os conflitos, incorporando e neutralizando totalmente os sindicatos, proibindo violentamente a greve, etc. As características de inspiração realmente corporativistas/fascistas do Trabalhismo de Vargas encontraram-se no âmbito do Direito Coletivo e no papel que a Justiça do Trabalho teve de desempenhar com relação a ele no auge da Ditadura. Contudo, mesmo aqui cabem algumas observações: Arnaldo Süssekind já explicitou que as principais fontes do Direito do Trabalho no Brasil foram o Primeiro Congresso Brasileiro de Direito Social; as primeiras Convenções e Recomendações da OIT; a Encíclica Papal Rerum Novarum e os pareceres de juristas como Evaristo de Moraes, Oscar Saraiva e Oliveira Viana. (Sussekind). 15 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. Pois bem, embora a ação política do Estado Novo, no que concerne às relações coletivas de trabalho, tenha tido características fascistas/ditatoriais, o corporativismo de homens como Oliveira Viana, que presidiu a citada Comissão Elaboradora do Projeto de Organização da Justiça do Trabalho, não tinha raízes fascistas, mas católicas. No primeiro caso, "as corporações estão subordinadas ao Estado, são órgão do Estado". No segundo, as "corporações se contrapõem ao Estado". (Norberto Bobbio). Seja, como muitos intelectuais de sua época, Viana era um liberal conservador que não simpatizava, por exemplo, com a ideia de um "culto ao líder" (evitava comparecer às homenagens a Vargas), nem defendia a dissolução do indivíduo na política. Apenas "preferia o conceito de pessoa, retirado da tradição católica, ao de indivíduo" a "pessoa" sendo "o indivíduo inserido numa rede de relações", mas que ainda assim "mantém sua identidade, que deve ter seus direitos respeitados". (Carvalho, 1991). Ademais, para os primeiros defensores da Justiça do Trabalho, esta adquiria um caráter "civilizatório" no Brasil. Não se tratava de cinismo, mas de uma crença real. Viana (1951) defendia que essa Especializada era uma maneira de impedir que "os desfavorecidos" dependessem "unicamente da boa vontade dos mais abastados". Sobre o Poder Judiciário em geral, assim afirmou, quase duas décadas antes de se tornar consultor jurídico do antigo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio: (...) nem a generalização do sufrágio direto, nem o self-governement valerão nada sem o primado do Poder Judiciário – sem que este poder tenha pelo Brasil todo a penetração, a segurança, a acessibilidade que o ponha a toda hora ao alcance do mais humilde e desamparado... o sufrágio direto, sem a generalidade das garantias trazidas pelo Judiciário à liberdade civil do cidadão, principalmente do homem-massa do interior, de nada valerá... estes desamparados e relegados continuarão entregues aos caprichos dos mandões locais, dos senhores das aldeias e dos delegados cheios de arbítrios. Outra característica que deu à Justiça do Trabalho sua "pecha" de fascista foi seu poder normativo, defendido inicialmente por Oliveira Viana no anteprojeto da lei que a organizaria e, depois, em uma série de artigos publicados no Jornal do Comercio (em que ele demonstrava grande conhecimento das discussões juslaborais em andamento nos Estados Unidos e na Europa, bem como da Justiça e 16 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. do Direito norte-americanos, que, afirmava, eram suas reais inspirações nesse quesito). Sobre essa questão, assim já resumiu Arnaldo Süssekind: Por que criticam, por que chamam de corporativismo esse poder normativo? Porque a Magistratura del Lavoro, isto é, a Justiça do Trabalho da Itália, o adotou. Acontece que o poder normativo nasceu muito antes, numa época em que nem se falava em Mussolini. Nasceu na Nova Zelândia, no início do século, depois passou para a Austrália e está no México desde 1919. No México o poder normativo é muito mais amplo, inclusive, do que no Brasil. Por fim, não há como se concordar com alguns intelectuais que, sobretudo nos primeiros anos da Justiça do Trabalho, a acusaram de ser mero instrumento de um governo autoritário para a "domesticação dos operários". Se é verdade que a Justiça do Trabalho, em seus primórdios, foi incumbida de ‗substituir' os atores dos conflitos coletivos, também é verdade que a relação dos trabalhadores com essa Especializada foi ambígua: alguns a enxergavam como "estratégia de dominação do Estado", outros encontraram nela um recurso real para lutar por seus direitos. Exemplo disso é a história de um dos milhares de líderes operários existentes no Brasil, de nome João Dirceu Mota. Dele nos dá notícia Joan Bak (2001): Nascido em 1916, Mota costumava dizer, quanto à Consolidação das Leis do Trabalho: "Esta é minha Bíblia". Sob seu braço não havia "nenhuma bomba anarquista, nenhuma arma revolucionária, apenas um livro". Se esse livro possuía tamanha importância, é porque esse trabalhador sabia que podia contar com uma Justiça nova, composta por magistrados idealistas, cuja média etária não atingia os 30 anos. (Martins Filho, 2002). Esse idealismo também se evidencia em muitas decisões de processos que compõem o acervo histórico do Arquivo do Tribunal Superior do Trabalho. Setenta anos depois de sua instituição, percebe-se que Oliveira Viana e outros intelectuais foram os vencedores da discussão acerca da necessidade, ou não, da implantação de uma Justiça do Trabalho no Brasil. O Projeto de Organização que eles escreveram, fruto de muitos estudos que levaram em conta as realidades regionais do país, teve como corolário os Decretos 1.237/1939 e 1.346/1939, que organizaram a Especializada e lhe deram boa parte da estrutura que hoje nos é familiar. Também foram os esforços desses homens que 17 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. possibilitaram sua instalação por Getúlio Vargas em 1941, em meio a várias festividades no estádio Vasco da Gama. Em janeiro de 1942 o presidente Getúlio Vargas e o ministro do trabalho, Alexandre Marcondes Filho, trocaram as primeiras ideias sobre a necessidade de fazer uma consolidação das leis do trabalho. A intenção inicial foi criar a "Consolidação das Leis do Trabalho e da Previdência Social". Foram convidados para fazer parte da empreitada os juristas José de Segadas Viana, Oscar Saraiva, Luís Augusto Rego Monteiro, Dorval Lacerda Marcondes e Arnaldo Lopes Süssekind. Na primeira reunião ficou definido que a comissão seria dividida em Trabalho e Previdência, e que seriam criadas duas consolidações diferentes. Entre as fontes materiais da CLT, podem ser citadas três. Em primeiro lugar, as conclusões do 1º Congresso Brasileiro de Direito Social, realizado em maio de 1941, em São Paulo, para festejar o cinquentenário da Encíclica Rerum Novarum, organizado pelo professor Cesarino Júnior e pelo advogado e professor Rui de Azevedo Sodré. A segunda foram as convenções internacionais do trabalho. A terceira, a própria Encíclica Rerum Novarum (em português,"Das Coisas Novas"), o documento pontifício escrito pelo Papa Leão XIII a 15 de Maio de 1891, como uma carta aberta a todos os bispos sobre as condições das classes trabalhadoras. Os pareceres dos consultores jurídicos Oliveira Viana e Oscar Saraiva, aprovados pelo ministro do Trabalho, também foram importantes. O código foi ainda fortemente inspirada na Carta del Lavoro, do governo de Benito Mussolini, na Itália. Em novembro de 1942, foi apresentado o anteprojeto da CLT, publicado posteriormente no Diário Oficial, para receber sugestões. Após estudar o projeto, Getúlio Vargas deu-o aos co-autores, nomeando-os para examinar as sugestões e redigir o projeto final. No dia 1º de maio de 1943, foi aprovado o Decreto-Lei nº 5.452, mais conhecido como a Consolidação das Leis Trabalhistas, a CLT. A CLT reuniu a legislação concernente ao direito individual do trabalho, coletivo do trabalho e processual do trabalho. Em que pese o nome que lhe foi dado – Consolidação – foi mais que uma simples compilação de leis esparsas, na exata medida que, além de reunir as leis de caráter trabalhista existentes no momento de sua promulgação, também acrescentou inovações à época, aproximando-se de um verdadeiro Código (Nascimento, 1999). http://www.jusbrasil.com/legislacao/91896/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com/legislacao/91896/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com/legislacao/91896/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com/legislacao/91896/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 18 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. Sobre a evolução constitucional do direito do trabalho leciona Martins (2000, p. 37/38). A primeira Constituição que tratou do tema foi a do México, em 1917. O art. 123 da referida norma estabelecia jornada de oito horas, proibição de trabalho de menores de 12 anos, limitação da jornada dos menores de 16 anos a seis horas, jornada máxima noturna de sete horas, descanso semanal, proteção à maternidade, salário mínimo, direito de sindicalização e de greve indenização de dispensa, seguro social e proteção contra acidentes do trabalho. A segunda Constituição a versar sobre o assunto foi a de Weimar, de 1919. Disciplinava a participação dos trabalhadores nas empresas, autorizando a liberdade de coalização dos trabalhadores; tratou, também, da representação dos trabalhadores na empresa. Criou um sistema de seguros sociais e também a possibilidade de os trabalhadores colaborarem com os empregadores na fixação de salários e demais condições de trabalho. O passo decisivo para a criação da justiça trabalhista no Brasil, que passou a aplicar a Consolidação das Leis do Trabalho, veio com a Constituição de 1934 (artigo 122), mas sua regulamentação só ocorreu em 1940 (Decreto 6.596). A Constituição Federal de 1934 incluiu a Justiça do Trabalho no capítulo "Da Ordem Econômica e Social". A função a ela atribuída era de resolver os conflitos entre empregadores e empregados. Inicialmente integrada ao Poder Executivo, foi transferida para o Poder Judiciário, o que suscitou acirrados debates entre parlamentares da época, sobretudo no que diz respeito ao seu poder normativo. A carta constitucional de 1934 trouxe avanços sociais importantes para os trabalhadores: instituiu o salário mínimo, a jornada de trabalho de oito horas, o repouso semanal, as férias anuais remuneradas e a indenização por dispensa sem justa causa. Sindicatos e associações profissionais passaram a ser reconhecidos, com o direito de funcionar autonomamente. Da mesma forma, a Constituição de 1937 também consagrou direitos dos trabalhadores. A Assembleia Constituinte de 1946, convocada após o fim da ditadura de Getúlio Vargas, acrescentou à legislação uma série de direitos antes ignorados: reconhecimento do direito de greve, repouso remunerado em domingo e feriados e extensão do direito à indenização de antiguidades e à estabilidade do trabalhador rural. Outra conquista importante da época foi a integração do seguro contra acidentes do trabalho no sistema da Previdência Social. A Constituição Federal de 1967 trouxe mais mudanças: aplicação da legislação trabalhista aos empregados temporários; a valorização do trabalho como http://www.jusbrasil.com/legislacao/91896/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com/legislacao/92083/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-dos-estados-unidos-do-brasil-34 http://www.jusbrasil.com/legislacao/92083/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-dos-estados-unidos-do-brasil-34 http://www.jusbrasil.com/legislacao/93084/decreto-6596-08 http://www.jusbrasil.com/legislacao/92083/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-dos-estados-unidos-do-brasil-34 http://www.jusbrasil.com/legislacao/92067/constitui%C3%A7%C3%A3o-dos-estados-unidos-do-brasil-37 http://www.jusbrasil.com/legislacao/92067/constitui%C3%A7%C3%A3o-dos-estados-unidos-do-brasil-37 http://www.jusbrasil.com/legislacao/92036/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1967 19 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. condição da dignidade humana; proibição da greve nos serviços públicos e atividades essenciais e direito à participação nos lucros das empresas. Limitou a idade mínima para o trabalho do menor, em 12 anos, com proibição de trabalho noturno; incluiu em seu texto o direito ao seguro-desemprego (este, porém, só foi realmente criado em 1986) e a aposentadoria para a mulher após 30 anos de trabalho, com salário integral. Fez previsão do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), da contribuição sindical e do voto sindical obrigatório. Com o fim do regime militar e a promulgação da Constituição de 5 de outubro de 1988 pela Assembleia Nacional Constituinte, dá-se início a uma nova era na vida dos trabalhadores brasileiros. A nova carta, considerada a mais democrática de todas, reforça, em seu artigo 114, § 2º, a legitimidade do poder normativo da Justiça do Trabalho. Dentre os muitos avanços propostos pela Constituição Cidadã (1988), como foi denominada, destaca-se a proteção contra a despedida arbitrária, ou sem justa causa; piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho prestado; licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 120 dias, licença-paternidade; irredutibilidade salarial e limitação da jornada de trabalho para 8 horas diárias e 44 semanais. Destaque-se, também, a proibição de qualquer tipo de discriminação quanto a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência. A Constituição de 88, que hoje vigora, ao incorporar direitos trabalhistas essenciais, inéditos à época no texto constitucional e já incorporados definitivamente ao cotidiano das relações formais de trabalho, cumpriu com seu mister de assegurar aos brasileiros direitos sociais essenciais ao exercício da cidadania. A palavra "trabalho", que na concepção antiga tinha o sentido de sofrimento e esforço, ganhou, assim, uma roupagem social, relacionada ao conceito de dignidade da pessoa humana. Quase três décadas após a promulgação da Constituição de 1988, foi sancionada no dia 13 de julho de 2017 a Lei nº 13.647/2017, chamada de Reforma Trabalhista, esta lei trouxe profundas alterações na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), na Lei nº 6.019/1974 (que dispõe sobre o trabalho temporário), na Lei nº 8.036/1990 (que dispõe sobre as regras do FGTS) e na Lei nº 8.212/1991 (que dispõe organização da seguridade social). Referida lei realizou mudanças http://www.jusbrasil.com/legislacao/1033694/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988http://www.jusbrasil.com/legislacao/1033694/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com/legislacao/1033694/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com/legislacao/1033694/constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 20 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. vantajosas aos empresários, além de regulamentar novas situações e criar procedimentos relativos às ações judiciais trabalhistas. 1.2 NATUREZA JURÍDICA DE DIREITO DO TRABALHO Existem inúmeras definições quanto ao direito do trabalho, Amauri Mascaro do Nascimento (2009, p. 59) o define como o ramo da ciência jurídica que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações do trabalho, determinam os sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade. Martins Filho (2006, p. 7) o define como o ramo do Direito que disciplina as relações de trabalho, tanto individuais como coletivas. Fincado no entendimento de que o direito do trabalho restringe-se apenas e tão somente ao direito individual das relações do trabalho. Noronha Neto (2005) define o direito do trabalho como conhecimento humano, o Direito do Trabalho é o ramo da ciência jurídica que tem por objeto de estudo os princípios e normas que regulam as relações de emprego, as relações de trabalho temporário e as relações de trabalho avulso. O Direito do trabalho divide-se em direito individual e direito coletivo. Direito individual do trabalho é o conjunto de leis que consideram individualmente o empregado e o empregador, unidos em uma relação contratual. O Direito coletivo do trabalho, por sua vez, por sua vez é conceituado como o conjunto de normas que consideram os empregados e empregadores coletivamente reunidos, principalmente na forma de entidades sindicais. (Barros, 2009, p. 93). O Direito do Trabalho é ramo jurídico especializado, que regula certo tipo de relação laborativa na sociedade contemporânea. Seu estudo deve iniciar-se pela apresentação de suas características essenciais, permitindo ao analista uma imediata visualização de seus contornos próprios mais destacados. O Direito Individual do Trabalho define-se como: complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam, no tocante às pessoas e matérias envolvidas, a relação empregatícia de trabalho, além de outras relações laborais, normativamente especificadas. O Direito Coletivo do Trabalho pode ser definido como o complexo de 21 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. princípios, regras e institutos jurídicos que regulam as relações laborais de empregados e empregadores, além de outros grupos jurídicos normativamente especificados, considerada sua ação coletiva, realizada autonomamente ou através das respectivas associações. A reunião do Direito Individual do Trabalho e do Direito Coletivo do Trabalho cria o Direito Material do Trabalho em sentido lato que pode ser definido como: complexo de princípios, regras e institutos jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações normativamente especificadas, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas associações coletivas. (Delgado, 2005). No Direito do Trabalho observam-se diversas normas de caráter cogente, ou seja, com natureza de ordem pública. Isso, no entanto, não significa que o Direito do Trabalho seja considerado Direito Público, pois, não regula, de forma preponderante, a atividade estatal, nem o exercício de seu poder de império. O caráter imperativo de certas normas jurídicas apenas significa a relevância para a sociedade, na sua observância. (Garcia, 2010, p. 12). Segundo Basile o Direito do Trabalho constitui ramo do Direito Privado, posto que oriundo do instituto romano civil locatio conductio operarum (locação de mão de obra) e, principalmente, porque envolve, na grande maioria das vezes, dois sujeitos particulares. Embora muitas de suas normas revelem feição protetiva (restringindo a autonomia privada das partes) e regulamentem mecanismos públicos de fiscalização, isso não será suficiente para alterar sua natureza jurídica. (Basile, 2012, p. 20). Nesse debate teórico, o Direito do Trabalho já foi classificado como componente do Direito Público, por autores de distinta especialização jurídica. Prepondera, hoje, entretanto, a classificação do ramo justrabalhista no segmento do Direito Privado. Há autores, contudo, que consideram esse ramo jurídico inassimilável a qualquer dos dois grandes grupos clássicos enquadrando-se em um terceiro grande grupo de segmentos jurídicos, o Direito Social. (Delgado, 2005 p. 68). No mesmo sentido é o entendimento de Ives Gandra da Silva Martins Filho (2006, p. 8), ao afirmar que: Não obstante regular o contrato de trabalho, firmado entre particulares, o Direito do Trabalho é ramo de Direito Público, em face 22 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. da indisponibilidade da maior parte de suas normas, passíveis apenas de flexibilização através de negociação coletiva com o sindicato, uma vez que o trabalhador individual é a parte mais fraca no contrato, e o ordenamento jurídico trabalhista protege não apenas o trabalhador, mas o próprio bem-estar social como um todo. O Direito do Trabalho é um ramo jurídico autônomo. Isto quer dizer que o mesmo detém características próprias que o distinguem dos demais ramos do direito. (Noronha Neto, 2005). Caracterizam este ramo jurídico especializado: socialidade, imperatividade, protecionismo, coletivismo, justiça social, distribuição de riqueza. (Lima, 2004). Segundo Moraes Filho e Moraes (1995) o direito do trabalho é: a) é um direito in fieri, um werdendes Recht, que tende cada vez mais a ampliar-se; b) trata- se de uma reivindicação de classes; c) é intervencionista, contra o dogma liberal da economia, por isso mesmo cogente, imperativo, irrenunciável; d) é de cunho nitidamente cosmopolita, internacional ou universal; a) os seus institutos mais típicos são de ordem coletiva ou socializante; f) é um direito de transição, para uma civilização em mudança. Entre as características do Direito do Trabalho, a doutrina nacional aponta: a) a tendência (...) à ampliação crescente; b) o fato de ser um direito (...) de reivindicação de classe; c) de cunho intervencionista; d) o caráter cosmopolita, isto é, influenciado pelas normas internacionais; e) o fato de os seus institutos jurídicos mais típicos serem de ordem coletiva ou socializante; f) o fato de ser um direito em transição. (Barros, 2009, p. 87). 1.3 FONTES DO DIREITO DO TRABALHO A fonte de uma coisa é o lugar de onde surge essa coisa. O lugar de onde ela nasce. Assim, a fonte do Direito é aquilo que o produz, é algo de onde nasce o Direito. Para que se possa dizer o que é fonte do Direito é necessário que se saiba de qual direito. Se cogitarmos do direito natural, devemos admitir que sua fonte é a natureza humana. Aliás, vale dizer, é a fonte primeira do Direito sob vários aspectos. (Machado, 2000, p. 57). 23 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. Por fonte do direito pode-se compreender o fundamento de validade da ordem jurídica. É fonte de uma norma a anterior, que lhe sejasuperior, tal como concebido por Kelsen. A Constituição passa a ser a fonte das demais normas jurídicas. Para a validez da Constituição, porém, não há norma positivada, mas uma norma hipotética fundamental, que é pressuposta. A norma hipotética, por fim, é que confere o fundamento de validade para todo o sistema ou ordem jurídica. Esse é o sentido formal de fonte do direito. Fonte do direito, porém, é usualmente empregada em outro sentido, associando-a ao que produz o direito. As fontes formais podem ser estatais (lei, jurisprudência, convenções e tratados internacionais) e não estatais (costumes, doutrina, o poder de grupos sociais). (Rosa, 2011, p. 19). Fonte é o local de onde algo provém. No Direito, as fontes são os fatos jurídicos de onde as normas emanam. As fontes jurídicas podem ser de dois tipos: a) primárias, maiores ou diretas: são o nascedouro principal e imediato das normas; e b) secundárias, menores ou indiretas: constituem instrumentos acessórios para originar normas, derivados de fontes primárias. (Mazza, 2014, p. 67). Fonte do direito é o local de origem do Direito; é, na verdade, já o próprio Direito, mas saído do oculto e revelado ao mundo. (Rizzatto Nunes, 2006, p. 85). Entendem-se como fontes do direito do trabalho, aqueles fatos produtores dos enunciados prescritivos do direito do trabalho, isto é, os acontecimentos verificados no plano fenomênico cujo resultado para a experiência seja a entrega do direito do trabalho, sendo que estes fatos são transportados para a ambiência do sistema do direito positivo por intermédio daquilo que em teoria da linguagem se convencionou denominar enunciação-enunciada, que são as marcas históricas lançadas no texto do direito posto, indicando o tempo, o espaço, a autoria e a procedimentalidade dos textos do direito posto. (Moussalem, 2005, p. 111). As fontes dividem-se em diretas ou imediatas e indiretas ou mediatas. São fontes formais diretas do Direito do Trabalho a Constituição, as leis em geral (incluindo decretos, portarias, regulamentos, instruções, etc.), os costumes, as sentenças normativas, os acordos e convenções coletivas, os regulamentos de empresa e os contratos de trabalho. Segundo Amauri Mascaro Nascimento uma das principais características do Direito do Trabalho é o que denomina de pluricentrismo, multinormatividade ou plurinormativismo, ou seja, o fato das normas jurídicas 24 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. trabalhistas derivarem de diversos centros de positivação ou fontes. Nesse sentido, assim estabele o art. 8 da CLT: CLT - Decreto Lei nº 5.452 de 01 de Maio de 1943 Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. § 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) § 2o Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) § 3o No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vigência) As fontes do Direito do Trabalho podem ser divididas em: a) Fontes Materiais – são as que ditam a substância do próprio direito. São os princípios ideológicos que se refletem na lei. (Russomano, 1984, p. 81). b) Formais – são os meios de revelação e transparência da norma jurídica – os mecanismos exteriores estilizados pelos quais as normas ingressam, instauram-se e cristalizam-se na ordem jurídica. (Delgado, 2005, p. 141). As fontes podem ser heterônomas ou autônomas. São fontes heterônomas, isto é, cuja origem é exterior à vontade dos partícipes da relação jurídica: (I) a lei e a (II) sentença normativa prolatada em dissídio coletivo. Fontes autônomas seriam aquelas cuja origem repousa na vontade das próprias partes que criam as normas. Neste sentido, o autor aponta como tal as (III) convenções e (IV) acordos coletivos, bem como os (V) usos e costumes. (Machado Júnior, 1999, p. 95). http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91896/clt-decreto-lei-n-5-452-de-01-de-maio-de-1943#art-8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art104 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art6 25 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. 1.4 PRINCÍPIOS DE DIREITO DO TRABALHO Princípios são ideias centrais de um sistema e determinam o alcance e o sentido das regras de um dado subsistema do ordenamento jurídico, balizando a interpretação e a própria produção normativa. (Alexandrino e Paulo, 2011, p. 183). Princípios de uma ciência são as proposições básicas, fundamentais e típicas que condicionam todas as estruturas subsequentes. (Cretella Júnior, 1989, p. 129). O princípio jurídico é um enunciado lógico implícito ou explícito que, por conta de sua grande generalidade, ocupa posição de preeminência nos vastos quadrantes da Ciência Jurídica e por isso mesmo vincula de modo inexorável o entendimento e a aplicação das normas jurídicas que com ele se conectam. (Carraza, 1998, p. 31). Os princípios desempenham um papel mediato, ao servirem como critério de interpretação e de integração do sistema jurídico, e um papel imediato ao serem aplicados diretamente a uma relação jurídica. As funções principais dos princípios são: Impedir o surgimento de regras que lhes sejam contrárias; compatibilizar a interpretação das regras; e, dirimir diretamente o caso concreto frente à ausência de outras regras. (Canotilho, 1999, p. 122). No direito do trabalho existem princípios específicos previstos na Constituição Federal de 1988, são eles: 1.4.1 Princípio da igualdade nas relações de trabalho Em face do princípio da igualdade, a lei não deve ser fonte de privilégios ou perseguições, mas um instrumento que regula a vida em sociedade, tratando de forma eqüitativa todos os cidadãos. (Neto, 2005, p. 104). O princípio da igualdade por vezes supõe e até mesmo reclama tratamento legal desigual, para que,compensadas as desigualdades reais, caminhe- se para maior igualdade efetiva, ou seja, a isonomia que consiste em tratar iguais com igualdade e desiguais com desigualdade. Assim estabelece a Convenção nº. 111 da Organização Internacional do Trabalho – OIT: 26 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. I — Aprovada na 42ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (Genebra — 1958), entrou em vigor no plano internacional em 15.6.60. II — Dados referentes ao Brasil: a) aprovação = Decreto Legislativo n. 104, de 24.11.64; b) ratificação = 26 de novembro de 1965; c) promulgação = Decreto n. 62.150, de 19.1.68; d) vigência nacional = 26 de novembro de 1966. A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração da Repartição Internacional do Trabalho e reunida a 4 de junho de 1958, em sua quadragésima segunda sessão; Após ter decidido adotar diversas disposições relativas à discriminação em matéria de emprego e profissão, assunto que constitui o quarto ponto da ordem do dia da sessão; Após ter decidido que essas disposições tomariam a forma de uma convenção internacional; Considerando que a Declaração de Filadélfia afirma que todos os seres humanos, seja qual for a raça, credo ou sexo, têm direito ao progresso material e desenvolvimento espiritual em liberdade e dignidade, em segurança econômica e com oportunidades iguais; Considerando, por outro lado, que a discriminação constitui uma violação dos direitos enunciados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, adota neste vigésimo quinto dia de junho de mil novecentos e cinqüenta e oito a convenção abaixo transcrita que será denominada ‗Convenção sobre a Discriminação (Emprego e Profissão), 1958‘; Art. 1 — 1. Para os fins da presente convenção o termo ―discriminação‖ compreende: a) toda distinção, exclusão ou preferência fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem social, que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidade ou de tratamento em matéria de emprego ou profissão; b) qualquer outra distinção, exclusão ou preferência que tenha por efeito destruir ou alterar a igualdade de oportunidades ou tratamento em matéria de emprego ou profissão que poderá ser especificada pelo Membro interessado depois de consultadas as organizações representativas de empregadores e trabalhadores, quando estas existam, e outros organismos adequados. 2. As distinções, exclusões ou preferências fundadas em qualificações exigidas para um determinado emprego não são consideradas como discriminação. 3. Para os fins da presente convenção as palavras ‗emprego‘ e ‗profissão‘ incluem o acesso à formação profissional, ao emprego e às diferentes profissões, bem como às condições de emprego. Art. 2 — Qualquer Membro para o qual a presente convenção se encontre em vigor compromete-se a formular e aplicar uma política nacional que tenha por fim promover, por métodos adequados às circunstâncias e aos usos nacionais, a igualdade de oportunidades e de tratamento em matéria de emprego e profissão, com o objetivo de eliminar toda discriminação nessa matéria. Art. 3 — Qualquer Membro para o qual a presente convenção se encontre em vigor deve por métodos adequados às circunstâncias e aos usos nacionais: a) esforçar-se por obter a colaboração das organizações de empregadores e trabalhadores e de outros organismos apropriados, com o fim de favorecer a aceitação e aplicação desta política; b) promulgar leis e encorajar os programas de educação próprios a assegurar esta aceitação e esta aplicação; 27 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. c) revogar todas as disposições legislativas e modificar todas as disposições ou práticas administrativas que sejam incompatíveis com a referida política; d) seguir a referida política no que diz respeito a empregos dependentes do controle direto de uma autoridade nacional; e) assegurar a aplicação da referida política nas atividades dos serviços de orientação profissional, formação profissional e colocação dependentes do controle de uma autoridade nacional; f) indicar, nos seus relatórios anuais sobre a aplicação da convenção, as medidas tomadas em conformidade com esta política e os resultados obtidos. Art. 4 — Não são consideradas como discriminação quaisquer medidas tomadas em relação a uma pessoa que, individualmente, seja objeto de uma suspeita legítima de se entregar a uma atividade prejudicial à segurança do Estado ou cuja atividade se encontre realmente comprovada, desde que a referida pessoa tenha o direito de recorrer a uma instância competente, estabelecida de acordo com a prática nacional. Art. 5 — 1. As medidas especiais de proteção ou de assistência previstas em outras convenções ou recomendações adotadas pela Conferência Internacional do Trabalho não são consideradas como discriminação. 2. Qualquer Membro pode, depois de consultadas as organizações representativas de empregadores e trabalhadores, quando estas existam, definir como não discriminatórias quaisquer outras medidas especiais que tenham por fim salvaguardar as necessidades particulares de pessoas em relação às quais a atribuição de uma proteção ou assistência especial seja, de uma maneira geral, reconhecida como necessária, por motivos tais como o sexo, a invalidez, os encargos de família ou o nível social ou cultural. Art. 6 — Qualquer membro que ratificar a presente convenção compromete- se a aplicá-la aos territórios não metropolitanos, de acordo com as disposições da Constituição da Organização Internacional do Trabalho. Art. 7 — As ratificações formais da presente convenção serão comunicadas ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho e por ele registradas. Art. 8 — 1. A presente convenção não obrigará senão aos Membros da Organização Internacional do Trabalho cuja ratificação tenha sido registrada pelo Diretor-Geral. 2. Ele entrará em vigor doze meses depois que as ratificações de dois Membros tiverem sido registradas pelo Diretor-Geral. 3. Em seguida, esta convenção entrará em vigor para cada Membro doze meses depois da data em que sua ratificação tiver sido registrada. Art. 9 — 1. Todo Membro que tiver ratificado a presente convenção poderá denunciá-la no fim de um período de dez anos depois da data da entrada em vigor inicial da convenção, por ato comunicado ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho e por ele registrado. A denúncia não terá efeito senão um ano depois de ter sido registrada. 2. Todo Membro que, tendo ratificado a presente convenção, dentro do prazo de um ano depois da expiração do período de dez anos mencionado no parágrafo precedente, não fizer uso da faculdade de denúncia prevista no presente artigo, será obrigado por novo período de dez anos e, depois disso, poderá denunciar a presente convenção no fim de cada período de dez anos, nas condições previstas no presente artigo. Art. 10 — 1. O Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho notificará a todos os Membros da Organização Internacional do Trabalho o registro de todas as ratificações que lhe forem comunicadas pelos Membros da Organização. 2. Notificando aos Membros da Organização o registro da segunda ratificação que lhe for comunicada, o Diretor-Geral chamará a atenção dos Membros da Organização para a data em que a presente Convenção entrar em vigor. 28 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. Art. 11 — O Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho enviará ao Secretário-Geral das Nações Unidas, para fim de registro,conforme o art. 102 da Carta das Nações Unidas, informações completas a respeito de todas as ratificações, declarações e atos de denúncia que houver registrado conforme os artigos precedentes. Art. 12 — Cada vez que julgar necessário, o Conselho de Administração da Repartição Internacional do Trabalho apresentará à Conferência Geral um relatório sobre a aplicação da presente Convenção e examinará se é necessário inscrever na ordem do dia da Conferência a questão de sua revisão total ou parcial. Art. 13 — 1. No caso de a Conferência adotar nova convenção de revisão total ou parcial da presente convenção, e a menos que a nova convenção disponha diferentemente: a) a ratificação, por um Membro, da nova convenção de revisão acarretará, de pleno direito, não obstante o art. 17 acima, denúncia imediata da presente convenção quando a nova convenção de revisão tiver entrado em vigor; b) a partir da data da entrada em vigor da nova convenção de revisão, a presente convenção cessará de estar aberta à ratificação dos Membros. 2. A presente convenção ficará, em qualquer caso, em vigor, na forma e no conteúdo, para os Membros que a tiverem ratificado e que não tiverem ratificado a convenção de revisão. Art. 14 — As versões em francês e em inglês do texto da presente convenção fazem igualmente fé. Dessa forma, o que se veda são as diferenciações arbitrárias, as discriminações absurdas, pois, o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida em que se desigualam, é exigência tradicional do próprio conceito de Justiça, pois o que realmente protege são certas finalidades, somente se tendo por lesado o princípio constitucional quando o elemento discriminador não se encontra a serviço de uma finalidade acolhida pelo direito. (Moraes, 2008, p.36) O princípio da isonomia está inserido em vários dispositivos legais relativos às relações jurídico-trabalhistas: O artigo 7º, XXX, XXXI, XXXII, XXXIV da Constituição Federal de 1988, por exemplo, regula o princípio da isonomia no Direito do Trabalho. O artigo 5º da Consolidação das Leis do Trabalho estabelece que a todo o trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção de sexo. Se o trabalhador executa trabalho idêntico, o salário será o mesmo desde que guardadas suas proporções legais, conforme previsto no artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho. CLT - Decreto Lei nº 5.452 de 01 de Maio de 1943 Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91896/clt-decreto-lei-n-5-452-de-01-de-maio-de-1943#art-461 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 29 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. § 1º Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja superior a quatro anos e a diferença de tempo na função não seja superior a dois anos. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 2º Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal organizado em quadro de carreira ou adotar, por meio de norma interna da empresa ou de negociação coletiva, plano de cargos e salários, dispensada qualquer forma de homologação ou registro em órgão público. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 3º No caso do § 2° deste artigo, as promoções poderão ser feitas por merecimento e por antiguidade, ou por apenas um destes critérios, dentro de cada categoria profissional. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) § 4º - O trabalhador readaptado em nova função por motivo de deficiência física ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social não servirá de paradigma para fins de equiparação salarial. (Incluído pela Lei nº 5.798, de 31.8.1972) § 5º A equiparação salarial só será possível entre empregados contemporâneos no cargo ou na função, ficando vedada a indicação de paradigmas remotos, ainda que o paradigma contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação judicial própria. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) § 6º No caso de comprovada discriminação por motivo de sexo ou etnia, o juízo determinará, além do pagamento das diferenças salariais devidas, multa, em favor do empregado discriminado, no valor de 50% (cinquenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) O princípio da isonomia garantido na Constituição Federal é amplo e assegura ao indivíduo o direito de insurgir-se contra o arbítrio e a discriminação. Este princípio está inserido também na CLT, assegurando igualdade de salário para o trabalho de igual valor. E não é só, o princípio da igualdade tem o condão de proteger o trabalhador estrangeiro do Brasil. A legislação brasileira contem uma série de restrições à atividade dos estrangeiros, umas decorrentes de vedações constitucionais, outras criadas pelo próprio legislador ordinário. [...] Todas as restrições constantes em legislação ordinária devem ser reexaminadas, diante da igualdade garantida pela Constituição a brasileiros e estrangeiros residentes no país, como muito bem focalizado em julgamento de mandado de segurança pelo Tribunal Regional Federal da 1ª. Região, do qual extraímos, por sua importância, os trechos que se seguem: ‗A r. sentença....concedeu a ordem aos seguintes fundamentos: A questão insurge-se em saber se a exigência da nacionalidade brasileira para o exercício da profissão de jornalista está em consonância com o espírito da Constituição de 1988. O artigo 5º http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5798.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5798.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1 30 Instituto Pedagógico de Minas Gerais - www.ipemig.com.br - 31 3270 4500 É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo sem autorização formal do IPEMIG. da CF e seu inciso XIII assim prescrevem: Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendendo as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Diante do texto constitucional, observa-se a preocupação do constituinte em tratar igualmente os nacionais e estrangeiros, bem como, permitir distinções apenas no âmbito das qualificações profissionais, vendando-se qualquer discriminação quanto à nacionalidade. Estou que a r. decisão singular merece ser confirmada. Contudo, como corretamente salientado pela ilustre magistrada monocrática, cuida-se de diploma legal anterior à novel Carta da República, cujo art. 5º, caput e inc. XIII assegura o exercício de qualquer trabalho ou profissão não apenas aos
Compartilhar