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FUNDAMENTOS SÓCIO 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
9NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFFCL DE ITUVERAVA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA
 APRESENTAÇÃO 
Nesta unidade será apresentada a introdução ao estudo antropológico 
onde foi traçado um breve contexto histórico a respeito da sua evolução enquanto 
ciência, apresentação de conceitos básicos da antropologia, tais como estranhamento 
e alteridade, etnocentrismo e relativismo cultural, apresentação das cinco principais 
áreas do campo antropológico: antropologia biológica, antropologia pré-histórica, 
antropologia linguística, antropologia psicológica e antropologia social e cultural. 
Abordagem das principais correntes antropológicas: evolucionismo, funcionalismo e 
estruturalismo, além de apresentar alguns dos principais teóricos da antropologia, 
tais como Franz Boas, Radcliffe Brow, Bronislaw Malinowski, Emile Durkheim e Marcel 
Mauss.
U
N
ID
A
D
E 
1
1- Colocar o outro no lugar do ser; relação estabelecida na tentativa de reconhecimento do 
outro, da diferença, do estranhamento causado pelo choque de culturas distintas.
ANTROPOLOGIA: ORIGENS, CONCEITOS E 
PRINCIPAIS TEÓRICOS
10 NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFFCL DE ITUVERAVA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA
FUNDAMENTOS SÓCIO 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANTROPOLOGIA
 
Disponível em: <http://www.cecm.usp.br/~lfsr/simbolo/vitrea.jpg>. 
Acesso em: 06/01/2014.
A antropologia é conhecida pelo senso comum como sendo algo que estuda 
hábitos ou costumes ditos estranhos, em outras palavras consideradas ainda como 
sendo coisas exóticas ou bizarras, ou ainda relacionadas somente à cultura indígena 
(COSTA, 1997; VELHO, 2003). De acordo com o antropólogo Gilberto Velho (VELHO, 
2003, p.11) a antropologia ampliou seu campo de atuação que se torna difícil de apontar 
algum objeto de pesquisa que não tenha sido ainda estudado ou merecido algum tipo 
de reflexão, que as pesquisas e estudos de campo, não ficam restritos ao meio natural, 
mas também as cidades. 
No decorrer desta unidade será possível compreender que a antropologia 
traz uma nova visão sobre as coisas e o mundo, uma nova maneira de interpretar 
aquilo que é diferente de nossa cultura, afastando-se assim de certos pré-conceitos já 
formados, assumindo uma postura de alteridade em relação ao outro.
Segundo Laplantine (2007, p.14) o interesse pela reflexão do homem 
sobre o homem e sua sociedade, e a elaboração de um saber são, portanto, tão antigos 
quanto à humanidade e é a partir do século XVIII que a antropologia busca adquirir 
caráter científico, onde o homem passasse a ser considerado objeto de conhecimento, no 
entanto, a constituição desse projeto antropológico em ciência só passa ter legitimidade 
na segunda metade do século XIX.
O desenvolvimento e o processo de expansão do capitalismo pelo mundo propiciou o florescimento 
da antropologia!
 O termo antropologia é de origem grega e seu significado é o resultado da 
junção dos termos antropos (homem) e logos (teoria ou ciência), nesse sentido, a 
antropologia pode ser conceituada como sendo uma ciência do homem como ser 
biológico, social e cultural, ou ciência que estuda o homem, ou ainda o conjunto das 
disciplinas que estudam o homem (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006, p.13).
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS SÓCIO 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
11NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFFCL DE ITUVERAVA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA
 Pode-se dizer em estudo antropológico mesmo antes da criação de um 
método antropológico, nesse sentido, é possível inferir que tanto o nascimento do 
pensamento antropológico e da antropologia enquanto ciência são resultados do 
processo de expansão europeu, pois os conquistadores tinham o objetivo de conhecer 
os povos existentes em outros territórios a fim de colonizá-los e dominá-los, dentro 
deste contexto pode-se destacar o papel que os jesuítas tiveram nesse processo de 
compreender, desenvolvendo assim pesquisas antropológicas (LAPLANTINE, 2007). 
 Segundo Costa (1997, p.108) “a antropologia servia, portanto, a outros 
interesses além dos científicos e, para ordenar teoricamente essa realidade que 
expandia o capitalismo europeu ao resto do mundo, desenvolveram-se as teorias 
evolucionistas”. Ainda de acordo com a autora, os antropólogos e cientistas do século 
XIX procuravam descobrir as diferentes espécies humanas e que depois passaram a 
ser classificadas em uma ordem evolutiva das mais atrasadas e simples até as mais 
evoluídas e complexas. 
Tabela 1. Principais escolas antropológicas
Áreas de 
investigação 
privilegiadas
Estudo das 
personalidades 
culturais e 
dos processos 
de difusões, 
contatos e trocas 
interculturais.
Estudo da 
organização dos 
sistemas sociais.
Estudo dos 
sistemas de 
representações.
Modelos teóricos 
utilizados
Modelos histórico 
(o evolucionismo e 
neoevolucionismo), 
geográfico (o 
difusionismo), 
psicológico e 
psicanalítico (o 
culturalismo).
Modelo sincrônico 
e funcionalista do 
estruturalismo inglês.
Tendência 
“intelectualista” e 
filosófica. Modelos 
sociológicos, 
estruturalista, 
marxista.
Pesquisadores 
influentes
Franz Boas
Alfred Kroeber
Ruth Benedict
Bronislaw Malinowski
Radcliffe-Brown
Émile Durkheim
Marcel Mauss
Marcel Griaule
Fonte: (LAPLANTINE, 2007, p.100)
 De acordo com Laplantine (2007) os evolucionistas entendiam que a 
humanidade seria composta de diferentes espécies e estariam em diferentes etapas na 
cadeia evolutiva. Um dos principais defensores do evolucionismo foi o norte-americano 
Lewis H. Morgan (1818-1881) que classificou a evolução humana em três estágios 
distintos, a saber: selvageria, barbárie e civilização. O trabalho de Edward Burnett Tylor 
(1832-1917) vem de encontro ao de Morgan, ampliando o objeto de estudo para além 
da questão da evolução humana ao analisar questões religiosas, mas que não foram 
poupadas de críticas pelos etnólogos a respeito das generalizações e extrapolações 
que empobreciam a realidade e as análises, na tentativa de compreensão do outro 
(LAPLANTINE, 2007, p. 99).
UNIDADE 1
12 NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFFCL DE ITUVERAVA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA
FUNDAMENTOS SÓCIO 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO Os defensores do evolucionismo acreditavam que todas as culturas deveriam passar 
pelos mesmos estágios de evolução social, nesse sentido, tais ideias serviram para 
justificar a escravidão de diversas etnias e culturas por estarem abaixo da cadeia 
evolutiva que tinha como modelo de sociedade evoluída e complexa a branca europeia.
 Se a antropologia passou a se constituir enquanto ciência a partir da metade do 
século XIX, antes a maioria dos antropólogos apesar de realizarem estudos e análises, 
muito das informações coletadas não eram propriamente colhidas por eles próprios, ou 
seja, o cientista não tinha contato com os povos primitivos analisados, as informações 
eram provenientes de viajantes que anotavam suas percepções e observações simples 
sem um cuidado metodológico e científico. Para Laplantine (2007, p.30) o trabalho 
do antropólogo está condicionado a ir ao campo, fazer suas próprias observações e 
análises, sem alterar ou transformar a percepção daqueles grupos que são estudados, 
o papel da antropologia é compreender e preservar a cultura, no entanto, a luta pelos 
direitos humanos e das minorias étnicas trata-se de uma consequência da profissão, 
mas que não pode ser traduzida como sendo a profissão propriamente dita.
Acesse o link abaixo e faça o download do Livro Aprender Antropologia do autor 
Laplantine.
Disponível em: <http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/80913/mod_resource/
content/3/Aprender%20Antropologia%20(Fran%C3%A7ois%20Laplantine).pdf>. 
Acesso em: 06/01/2014.
 A antropologia é muito mais que somente o estudo daquilo que compõe uma 
sociedade, ela é em si o estudo de todas as sociedades, das várias culturas existentes, 
pois não existe somente uma única cultura e tão pouco uma cultura melhor ou inferior 
à outra, ou seja, é o estudo das culturas comoum todo em suas diversidades históricas 
e geográficas (LAPLANTINE, 2007, p. 12).
A primeira escola de fato antropológica foi a Funcionalista!
O campo da antropologia engloba cinco áreas principais, que são: antropologia 
biológica, antropologia pré-histórica, antropologia linguística, antropologia psicológica 
e antropologia social e cultural.
• Antropologia biológica é entendida como sendo uma área de estudo que 
focaliza as variações dos caracteres biológicos do homem no espaço e tempo. Seu 
objeto de análise centra-se nas relações existentes entre a herança genética e o meio 
que pode ser o geográfico, ecológico e/ou social, analisa a questão morfológica e 
fisiológica condicionada a um ambiente, contudo, tais análises devem estar ligadas a 
questão cultural, ou seja, levar em consideração que os fatores culturais influenciam o 
desenvolvimento dos indivíduos;
• Antropologia pré-histórica é a ciência que busca compreender o homem por 
meio da herança material, ou seja, dos vestígios históricos (produções culturais, 
artísticas e ossadas). É uma área que tem forte ligação com a arqueologia, pois remete 
a reconstituir, ou seja, contar a história das sociedades que já não existem mais ou que 
foram se perdendo ao longo do tempo;
• Antropologia linguística: é o que se pode chamar de estudo da língua, pois 
se parte do princípio de que ela é parte importante do patrimônio cultural de uma 
sociedade, além de que permite compreender como os homens pensam, como se 
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS SÓCIO 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
13NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFFCL DE ITUVERAVA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA
expressam, o que vivem e o que sentem, e como interpretam o seu próprio saber e o 
saber fazer;
• Antropologia psicológica: consiste no estudo dos processos e do funcionamento 
da psique humana, ou seja, análise dos comportamentos sejam eles conscientes ou 
inconscientes dos seres humanos, pois não é possível dissociar a dimensão psicológica 
da apreensão e estudo antropológico;
• Antropologia social e cultural: é uma área da antropologia conhecida também 
como etnologia, diz respeito a tudo que corresponde e constitui a sociedade, a saber: 
modo de produção econômica, técnicas, organização política e jurídica, sistema de 
parentesco, conhecimento, crenças religiosas, língua, psicologia e criações artísticas 
(LAPLANTINE, 2007, p.17-20).
 O navegador Marco Polo ao retornar da China indagou-se como povos tão 
parecidos biologicamente e fisicamente pode constituir culturas diferentes, ou melhor, 
apesar de sermos biologicamente muito parecidos culturalmente somos muito diferentes, 
e esse questionamento tornou-se parte fundante do pensamento antropológico (LÉVI-
STRAUSS, 2012, p.13). E o olhar para um povo e sua cultura envolve duas situações 
primordiais da antropologia que é o estranhamento e a alteridade. O estranhamento 
significa que primeiramente deve-se partir do princípio de que não existem culturas 
mais ou menos, melhores ou piores, superiores ou inferiores, o que existe na verdade 
são estágios diferentes de evolução e isso não significa que uma esteja acima ou 
abaixo da outra. 
 Para compreender a cultura de outrem é preciso que o pesquisador se afaste 
de suas pré-noções e julgamentos, e tenha noção de que cada cultura é diferente por 
si só, ou seja, uma modificação do olhar. Já exercer a alteridade é compreender e 
faz parte do pressuposto d que todo homem social interage e interdepende de outros 
indivíduos, em outras palavras, é ser capaz de compreender o outro na sua plenitude e 
na sua diferença, pode-se dizer ainda que em uma sociedade quanto menos alteridade 
existir a tendência é que existam mais conflitos (LAPLANTINE, 2007, p.21).
 A alteridade por assim dizer faz com que o antropólogo relativize suas 
próprias verdades, de se coloca fora do centro, de acordo com Geertz (1989, p.321) 
essa relativização permite o antropólogo compreender a sociedade a qual ele se 
propõe estudar captando assim as conexões entre os objetos materiais, ações e 
intencionalidades.
PRINCIPAIS CORRENTES ANTROPOLÓGICAS 
FUNDADORES DA ETNOGRAFIA: BOAS E MALINOWSKI
 A etnografia está intimamente ligada à ideia de pesquisa de campo, em outras 
palavras, é a ida do pesquisador ao campo de pesquisa para ele mesmo poder vivenciar 
e colher os próprios dados a serem analisados, ou seja, é “[...] o pesquisador que deve 
efetuar no campo a sua própria pesquisa, e que esse trabalho de observação direta é 
parte integrante da pesquisa” (LAPLANTINE, 2007, p.75).
 Nota-se uma diferença entre o fazer antropologia antes dos estudos etnográficos, 
pois antes os pesquisadores confiavam nas informações trazidas e coletadas pelos 
UNIDADE 1
14 NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFFCL DE ITUVERAVA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA
FUNDAMENTOS SÓCIO 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
viajantes, no entanto, essas vinham carregadas de juízos de valor, preconceitos e 
imprecisões, a partir do século XIX que o antropólogo passa a realizar todas as etapas 
da pesquisa, ou seja, a observação in locu, o registro de informações e análise de todo 
material coletado (LAPLANTINE, 2007; COPANS, et al, 1971).
 De acordo com Laplantine (2007, p.76) os antropólogos que não se submetiam 
a ida ao campo para coletar as informações recebiam a alcunha de antropólogos de 
gabinetes, pois estes se recolhiam dentro de suas salas a espera das informações 
coletadas por viajantes, missionários e administradores.
A etnografia é uma descrição densa, ou seja, é todo material levantado e colhido na pesquisa de 
campo, já a etnologia é o estudo os fatos e documentos levantados pelo trabalho etnográfico, 
buscando analisar analiticamente e comparativamente as culturas.
 Dentro deste contexto da etnografia e etnologia destacam-se os trabalhos 
de Franz Boas, Bronislaw Malinowski, Willian Halse Rivers e Radcliffe Brown. O início 
do século XX marca o surgimento da escola funcionalista dentro da antropologia, 
ela sucedeu à escola evolucionista, em resposta as críticas ao eurocentrismo e ao 
etnocentrismo (COSTA, 1997, p.110).
 Segundo Costa (1997, p.110) o eurocentrismo era a tendência de interpretar 
as sociedades não europeias a partir dos valores e princípios europeus, assumindo 
assim como sendo o modelo e padrão de sociedade. Já o etnocentrismo era o princípio 
de considerar uma raça como sendo o modelo a ser seguida, a busca pela excelência 
humana. Um dos pressupostos metodológico antropológico importante na compreensão 
do outro diz respeito ao relativismo cultural, pois não é possível julgar, avaliar ou 
condenar os padrões e valores culturais de uma determinada cultura por um único 
ponto de vista, nesse sentido, trazendo ao indivíduo uma reflexão e respeito à estrutura 
de funcionamento de cada cultura, sejam eles, normas, valores, padrões ou expressões.
 Franz Boas (1858-1942)
Disponível em: <http://n.i.uol.com.br/licaodecasa/
biografias/franz-boas.jpg>. Acesso em: 07/01/2014. 
Alemão naturalizado norte-americano, seu principal trabalho 
foi Oe esquimós centrais, publicada em 1888, contribuiu 
para o debate entre raça e cultura, e raça e linguagem, pois 
o conceito de cultura era entendido como sendo resultado 
do pensamento racional do homem e que estaria manifesto 
em diferentes graus de evolução, onde a história cultural 
era tida como um processo unilinear e universal, sua crítica 
era contra do determinismo vivenciado naquela época, pois 
as culturas humanas não percorrem os mesmos caminhos, 
defendia que existiam diferentes desenvolvimentos históricos resultantes de diferentes processos 
(LAPLANTINE, 2007, p.70). 
Sugestão de leitura!
MOURA, Maria Margarida. Franz Boas: a antropologia cultural no seu nascimento. In: REVISTA 
USP, São Paulo, n.69, março/maio, 2006. p. 123-134. Disponível em: <http://www.usp.br/
revistausp/69/12-margarida.pdf>. Acesso em: 07/01/2013.
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS SÓCIO 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
15NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFFCL DE ITUVERAVA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVADisponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/sentidos-do-mundo/imagens/
antropologiaepsicanalise02.jpg>. Acesso em: 07/01/2014.
Bronislaw Kaspar Malinowski (1884-1942)
Polonês naturalizado inglês, seu principal estudo de campo foi desenvolvido entre os habitantes 
das ilhas Trobriand, localizada próxima à Nova Guiné, dentro de seus estudos destaca-se a obra 
Argonautas do Pacífico Ocidental, onde analisa o Kula, instituição responsável pela integração 
cultural daqueles povos a Inglaterra, o Kula nada mais era do que uma forma de troca intertribal 
praticada pelas comunidades situadas próximas ao conjunto de ilhas do norte ao leste e ao 
extremo oriental da Nova Guiné, esse processo de troca não simbolizava apenas uma troca 
material por si só, mas sim era uma forma de estabelecer relações sociais e ganhar prestígio 
social.
Sugestão de leitura!
Disponível em: MALINOWSKI, Bronislaw. Argonautas do Pacífico Sul. In: 
Ethnologia. São Paulo: Abril Cultural, 1997. p.17-37. <http://www.moodle.ufba.br/
file.php/12439/textos_complementares/Bronislaw_Malinowski_Os_argonautas_do_
Pacifico_Ocidental.pdf>. Acesso em: 08/01/2014.
 Franz Boas e Bronislaw Malinowski vão romper com o método comparativo e vão 
tecer severas críticas ao método evolucionista, os autores analisam que as instituições e 
a cultura de forma geral, existem para responder as necessidades biológicas, materiais 
e psicológicas dos indivíduos, nesse sentido, o objetivo da antropologia seria identificar 
estas necessidades e as funções e instituições que os homens criariam para respondê-
las. 
 O evolucionismo suscitou ainda criticas por parte dos defensores do difusionismo, 
que entendiam que o desenvolvimento cultural é resultado da difusão de elementos 
culturais, que eram transmitidos de um povo a outro, nesse sentido, destacam-se o 
trabalho de Willian Rivers (11864-1922), Grafton Elliot Smith (1871-1937) e Willian 
James Perry (1887-1949) no processo de reconstrução histórica dos povos estudados. 
O difusionismo tornou-se uma teoria alternativa no processo de compreensão da 
diversidade cultural ao refutar a ideia de que existem culturas mais desenvolvidas do 
que outras, para os difusionistas a diversidade cultural seria resultado da difusão de 
certos traços culturais vindo de um único centro.
UNIDADE 1
16 NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFFCL DE ITUVERAVA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA
FUNDAMENTOS SÓCIO 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
UNIDADE 1
Malinowski define função como sendo uma resposta de uma determinada cultura a uma 
necessidade básica do homem, é também considerado o fundador da antropologia social e o 
primeiro a realizar a pesquisa de campo.
 Em seus trabalhos Franz Boas analisa que as diferenças observadas entre as populações 
originam-se de fatores sociais e ambientais, refutando assim o determinismo biológico, de que as 
diferenças culturais são fruto das diferenças biológicas, que estas condicionariam o cultural, nesse 
sentido, qualquer método ou tentativa de provar que determinado grupo social é superior ou inferir 
é inadequado, reafirmando assim sua critica ao evolucionismo (REIS, 2004).
 Segundo a escola funcionalista “cada sociedade deve ser estudada como uma totalidade 
integrada e constituída de partes interdependentes e complementares, cuja função é satisfazer as 
necessidades essenciais de seus integrantes” (COSTA, 1997, p.110).
O antropólogo Franz Boas definiu a cultura como sendo única e repleta de elementos diversificados, 
rompe com a ideia da existência de cultura superior e inferior.
 Partindo do princípio de que o antropólogo deve abandonar seu gabinete e ir ao campo 
de estudo, Malinowski propõe uma observação participante, segundo Costa (1997) esse método 
de pesquisa revolucionou os estudos antropológicos, pois substituiu a análise de informações 
superficiais e questionários inadequados por um estudo sistematizado e orientado por teorias que 
convergem à realidade estudada.
Radcliffe-Brown (1881-1955)
Disponível em: <http://ocw.unican.es/humanidades/
introduccion-a-la-antropologia-social-y-cultural/material-
de-clase-1/autores/Alfred_Radcliffe-Brown.jpg>. Acesso 
em: 08/01/2014.
 
 Pesquisador de origem inglesa, um de seus primeiros 
trabalhos de pesquisa de campo foi com os nativos das 
ilhas Andaman, no Golfo de Bengala, suas principais obras 
são: A organização social das tribos australianas, Sistemas 
africanos de parentesco e casamento e Estrutura e função 
na sociedade primitiva. Foi o fundador da abordagem 
teórica antropológica conhecida como estrutural-
funcionalismo, ou escola estruturalista-funcionalista. Esta 
escola do pensamento antropológico por meio de estudos 
comparativos dos povos primitivos procurava descobrir leis gerais e universais que regessem sobre 
o funcionamento das sociedades humanas, os principais conceitos utilizados nas análises eram o de 
processo social, estrutura social e função social (COSTA, 1997, p.112).
 O método defendido pela escola funcionalista tem como enfoque a observação detalhada 
da vida social, em outras palavras, uma descrição densa, um olhar atento para os mínimos detalhes, 
dos mais comuns e incomuns, aos óbvios e não óbvios, a fim de esmiuçar toda a realidade. A 
partir destas observações o antropólogo deverá realizar uma seleção do que for mais importante 
e significativo, para o entendimento do grupo estudado e por último uma síntese na qual revele 
o quadro das instituições sociais, assim as sociedades não europeias passaram a ser analisadas e 
entendidas dentro de sua própria lógica e passaram a constituir formas de integração e redefinição 
de padrões culturais (COSTA, 1997, p.111-12). 
FUNDAMENTOS SÓCIO 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
17NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFFCL DE ITUVERAVA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA
UNIDADE 1
PRINCIPAIS TEÓRICOS DA ANTROPOLOGIA: DURKHEIM, MAUSS 
E LÉVI-STRAUSS
 Em meio à busca de instrumentos operacionais que garantissem de fato um verdadeiro 
objeto científico, surgem os pesquisadores franceses da escola francesa de sociologia, que se 
empenharam em demonstrar de onde vem à autoridade da ciência, para os principais representantes 
da escola francesa Emile Durkheim e Marcel Mauss é preciso buscar o que há de comum nas 
instituições sociais e derivar regras gerais. Ao contrário dos funcionalistas, os autores defendem 
que existem muito mais relações existentes entre uma simples troca de presentes como foi descrito 
por Malinowski, mas que há em jogo relações de poder, política, economia, magia em torno dos 
presentes, disputa pelos melhores presentes, e que essas não são meramente trocas simples e de 
representação de status social. 
Para Durkheim a antropologia tem caráter cientifico e pluridisciplinar.
 As contribuições de Durkheim e Mauss para a antropologia é sem dúvida a busca de uma 
autonomia científica para a antropologia, mesmo o primeiro defendendo que os dados coletados 
pelos etnólogos deveriam ser analisados pelos critérios da sociologia, sendo assim, a considerava 
um ramo da sociologia, já para Mauss o lugar da antropologia não é dentro da sociologia, mas sim 
que o lugar da sociologia é dentro da antropologia, defendendo assim a legitimidade da ciência 
antropológica (LAPLANTINE, 2007, p.90).
 
 Para Laplantine (2007) apesar de divergências, Durkheim e Mauss deixam um legado 
para a antropologia, a primeira questão diz respeito ao distanciamento do objeto, atualmente é 
pouco provável que isso ocorra e que haja o distanciamento sociológico que Durkheim defende em 
suas obras e em seu método, no entanto para Mauss a ciência antropológica está muito próxima 
da prática etnográfica defendida por Malinowski, a segunda questão faz referência aos fenômenos 
sociais de que estes devem ser compreendidos tanto pelo olhar de fora, quanto pelo olhar de dentro 
do grupo a ser estudado.
 Émile Durkheim (1858-1917)
Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.
br/img/historia/emile-durkheim.jpg>. Acesso em: 
08/01/2014.
Sociólogo e filósofo francês, conhecidoe 
considerado o fundador da sociologia científica. 
Empenhou seu espírito a elaborar uma ciência do 
fato social, baseada em princípios éticos, buscando 
ainda caracterizar o fato social como fenômeno 
coletivo, valorizando inclusive a interpretação 
histórica (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006, p.79-
80).
18 NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFFCL DE ITUVERAVA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA
FUNDAMENTOS SÓCIO 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO Marcel Mauss (1872-1950)
Disponível em: <http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2004/
jusp679/ilustras/ilustra12a.jpg>. Acesso em: 08/01/2014. 
Sociólogo e antropólogo francês, considerado o pai da 
etnologia francesa, sobrinho de Émile Durkheim. Seu 
trabalho foi de grande importância para a sociologia 
e antropologia social contemporânea ao criticar as 
concepções individualistas e interpretações meramente de 
caráter econômico (COSTA, 1997, p.116).
 Dentre as escolas antropológicas destaca-se também o estruturalismo, que tem em 
Lévi-Strauss (1908-2009) o grande representante da escola francesa, considerado o fundador do 
estruturalismo francês. 
 Lévi-Strauss entende que cada cultura possui uma forma diferente de observar o mundo e 
que o ser humano está acostumado a olhar para a cultura do outro e avalia-la por meio daquilo que 
entende o que é cultura, do que é certo ou errado, e de como a cultura deveria agir, ou seja, deveria 
agir de acordo com aquela que julga como sendo o modelo e a mais correta, pois é o seu referencial 
de cultura. O autor ao criticar o etnocentrismo, faz uma analogia das culturas como sendo trens, e 
cada trem possui caminhos e velocidades diferentes, sendo assim as culturas não são todas iguais, 
podem até possuir elementos e símbolos parecidos, no entanto, não caminham todas na mesma 
direção e velocidade, sendo assim, ao olhar para uma cultura diferente da sua o viajante deste trem 
pode pensar que ela está parada em relação a sua, na verdade o que ocorre é que ele não consegue 
compreender o sentido do seu desenvolvimento (LÉVIS-STRAUSS, 1980).
Para Lévi-Strauss cada cultura possui uma forma diferente de observar o mundo.
 Segundo Costa (1997, p.116) o estruturalismo antropológico é um método desenvolvido 
por Lévi-Strauss para investigação e interpretação, utilizada na análise das estruturas sociais, 
políticas e linguísticas.
 Lévi-Strauss diverge dos funcionalistas, pois acredita que a estrutura é uma elaboração 
teórica capaz de dar sentido aos dados empíricos coletados de determinada realidade, ao contrário 
dos funcionalistas que defendiam que a estrutura social correspondia à organização social de dados 
empíricos (COSTA, 1997).
 O estruturalismo tem como um de seus objetivos, desvendar os símbolos que revelam 
a estrutura que ordena o comportamento humano. O método estruturalista foi aplicado por Lévi-
Strauss no “[...] estudo dos mitos e das relações de parentesco nas sociedades primitivas, tomando 
as estruturas sociais como modelos a serem descritos, estabelecendo assim o sentido da cultura em 
questão” (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006, p.96).
 De acordo com o pensamento estruturalista a intenção não era propor leis e regras 
universais para explicar a passagem de uma estrutura simples para uma mais complexa, ao contrário, 
entendiam que cada sociedade só pode ser entendida dentro de suas próprias especificidades e 
contexto histórico, e da relação que cada sociedade possui com o meio natural e social (COSTA, 
1997).
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS SÓCIO 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
19NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFFCL DE ITUVERAVA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA19 NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFFCL DE ITUVERAVA - FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ITUVERAVA
Claude Lévi-Strauss (1908-2009) 
Disponível em: <http://n.i.uol.com.br/licaodecasa/
biografias/levi-strauss.jpg>. Acesso em: 09/01/2014.
Filósofo e antropólogo belga; é considerado um dos 
principais representantes da escola estruturalista francesa 
de antropologia, ajudou na formação da Universidade de 
São Paulo (1934-1937), onde foi professor e conduziu 
pesquisas antropológicas junto aos índios bororos e 
nhanbiquaras no Brasil Central. Foi também professor nos 
Estados Unidos onde passou grande parte de sua carreira 
estudando o comportamento dos índios americanos onde 
utilizou seu método para analisar a organização social das 
tribos indígenas. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Compreender a importância da antropologia enquanto ciência vai além de considerá-la 
apenas como sendo um ramo da sociologia, mas entender o seu lugar de destaque enquanto uma 
ciência autônoma e reconhecer a sua contribuição para a análise do homem em sociedade.
 Ao longo da unidade foram apresentadas as principais áreas da antropologia, bem como 
conceitos básicos e introdutórios que serão úteis no decorrer não só da disciplina de antropologia, 
mas de todo o curso de pedagogia, salientando assim o seu diálogo com as demais áreas do 
conhecimento e a aplicabilidade do método antropológico no dia a dia.
REFERÊNCIAS
COPANS, Jean, et al. Antropologia ciência das sociedades primitivas? Lisboa: Edições 70, 
1971.
COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 1997.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989. 
JAPIASSÚ, Hilton.; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 2006.
LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. Tradução Marie-Agnès Chauvel. São Paulo: 
Brasiliense, 2007.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Raça e História. In: LÉVIS-TRAUSS, Claude. Coleção os Pensadores. São 
Paulo: Abril, 1980.
LÉVI-STRAUSS, Claude. A antropologia diante dos problemas do mundo moderno. 
Tradução: Rosa Freire d’Aguiar. 1º Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
REIS, Nicole Isabel dos. Antropologia cultural. Horiz. antropol. [online]. 2004, vol.10, n.22, p. 
355-357. In: <http://www.scielo.br/pdf/ha/v10n22/22708.pdf>. Acesso em: 14/01/2014.
UNIDADE 1

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