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HEPATOBILIOPANCREÁTICOS CASO CLÍNICO 1: Você recebe na unidade de Pronto Atendimento uma paciente do sexo feminino, com 34 anos de idade, que passou há 1 semana em atendimento com seu médico clínico geral, com queixa de dor em queimação em epigástrio. O colega solicitou ultrassonografia de abdome, com achado de lesão anecóide bem delimitada e vesícula sem cálculos em seu interior. A paciente acaba de receber o exame, e procura atendimento de urgência ansiosa com o achado, especialmente por ter antecedente familiar de câncer (sua mãe teve câncer de mama). Não tem outros sintomas. Ao exame físico a paciente apresenta-se corada, anictérica e afebril. Abdome flácido, indolor à palpação, sem visceromegalias. Quais as hipóteses diagnósticas? Nódulo hepático. Poderia ser uma epigastralgia, porém como é uma lesão pequena o diagnóstico não pode ser. Um nódulo hepático é incomum na epigastralgia. Epigastralgia poderia ser por gastrite, ansiedade. Quais exames diagnósticos são adicionais? Exame de imagem dinâmico contrastado (ultrassom, tomografia / ressonância magnética). Qual a conduta pode considerar a esse paciente? Acompanhamento, pois o nódulo é pequeno. Caso aumente deve intervir com cirurgia, fazer destelhamento (tirar uma parte do fígado). NÓDULO HEPÁTICO: - 80% são benignos e 50% são hemangiomas - Mais comum: hemangiomas, hiperplasia nodular focal e adenoma hepático - Presença de cirrose é um fator de risco para desenvolvimento de lesão tumoral - Nódulos em fígado não cirrotico geralmente são benignos. Porém o contrário também ocorre, mas é raro. RX: Lesão anecóica (conteúdo não reflete luz). Mostra um nódulo cístico. LESÕES CÍSTICAS DO FÍGADO: - prevalência 1,6% a 18% - usualmente assintomáticos - US tem sensibilidade e especificidade - maioria dos cistos são benignos - lesões pré-malignas ou malignas → cistoadenoma, cistoadenocarcinoma TIPOS DE CISTOS: CISTOS HIDÁTICOS: - Ciclo biológico do - Imagem cirúrgica: septos - septações finas (bolinhas) - Tratamento: fármacos → albendazol, mebendazol, praziquantel (esses medicamentos matam as células que estão formando). Caso não tenha sucesso pde injetar injeção de etanol. CISTOADENOMA: - Parede são mais espessas - No interior tem calcificação (não são lesões císticas simples) CISTOADENOCARCINOMA: - Aspecto invasivo (empurra as estruturas) - Parede espessa - lesão invasiva (maligna) - Ver a vascularização e características - Exame: imagem dinâmico - Tratamento: cirúrgico DOENÇA POLICÍSTICA DO FÍGADO: - Rara - Associada a cistos renais - Pode ser doença policística fígado-rim (juntos) - Pode ter várias lesões, massas de múltiplos e grandes cistos - Cirurgia: destelhamento (tira uma parte do fígado, tira a parte lesionada) - Tratamento: transplante de fígado HEMANGIOMA HEPÁTICO: - Acomete mais mulheres e podem ser múltiplos - Dor abdominal aguda, pode ter sangramento ou febre - Na trombose pode causas febre e alterações de exames laboratoriais - US usualmente nódulo hiperecogênico com sombra acústica posterior - Tomografia com contraste: preenchimento centrípeto progressivo do contraste - Maioria hemangiomas >2 cm, os que são <2 cm podem exibir preenchimento de contraste - Pequenos hemangiomas que exibem absorção de contraste rápida e uniforme são as vezes indistinguível de metástase hipervasculares e carcinoma hepatocelular - Tumores <5 cm devem fazer acompanhamento anual ou a cada 2 anos, mas não apresentam riscos. Se lesões >5 cm tem que fazer acompanhamento, pois podem necrosar. Nesses casos os tipos de tratamento são: embolizar, indicação cirúrgica, radioterapia ou debulk. Tumores grandes durante a gravidez: monitoramento conservador HIPERPLASIA NODULAR FOCAL: - Geralmente única (pode ser múltiplas, mas é raro) - Segunda lesão hepática comum benigna - Comum em mulheres - Assintomático e pode ser achado de exame - Não é associada com sangramentos ou malignidade - Tomografia com contraste: Escara central com septos irradiando (contraste fica mais periférico) ADENOMA HEPATOCELULAR: - Comum em mulheres jovens - Comum único, mas podem ser múltiplos - Associados com anticoncepcionais contendo estrógenos e esteróides anabolizantes - Usualmente assintomática, porém existe risco de sangramento e malignização - Na gravidez ocorre risco de ruptura - Malignização em 8% associado com >5 cm em homem e mutação B-catenina - Em homem o tratamento é cirúrgico (risco de malignização >5%) - Mulheres em período fértil com lesões >5 cm devem ressecar antes da gravidez. Lesão pequena <5 cm tirar o anticoncepcional Lesões >5 cm devem ressecar / cirurgia CASO CLÍNICO 2: No seu consultório você atende um paciente do sexo masculino, com 66 anos de idade, com antecedente de HAS controlada. Ele refere queixa de constipação progressiva e sangramento nas fezes há 6 meses, além de perda ponderal de 3kg nos últimos 3 meses. Procurou um pronto-socorro, onde foi realizado exame de USG de abdome com inúmeras lesões esparsas pelo parênquima. Sem outras alterações. Ao exame físico ele se apresenta descorado, anictérico, afebril. O abdome é flácido, indolor, sem visceromegalias. Ao toque retal não se notam massas, porém há presença de sangramento discreto na luva. Quais hipóteses diagnósticas? Metástase; carcinoma hepatocelular Qual exame de imagem deve solicitar? Colonoscopia, tomografia com contraste CARCINOMA HEPATOCELULAR: - Tumor maligno mais frequente no fígado - Associam a hepatopatias crônicas e cirrose hepática - Marcador tumoral: Alfafetoproteína - Tratamento não cirúrgico: quimioembolização, ablação por radiofrequência, alcoolização percutânea Tratamento cirúrgico: hepatectomias ou transplante hepático - Diagnóstico: Critérios de Barcelona Lesão <1 cm → acompanhamento, tratamento conservador, biópsia (raro) Lesão entre 1-2 cm → biópsia se o diagnóstico for importante Lesão >2 cm → imagem de imagem característica (nesse não precisa de biópsia) Hipertrofia de lobo caudado, superfície do fígado nodular. Fase arterial forma cápsula e contrasta na fase arterial. Na veia porta o contraste saiu/vazou = WASHOUT PORTAL Critérios para transplante hepático - Critérios de Milão: - tumor único < 5 cm - até 3 tumores < 3 cm - sem doença extra hepática Deve fazer: cintilografia óssea e tomografia de tórax Critérios para hepatectomia: - lesões únicas - sem hipertensão porta - plaquetas >100.000 - centro de transplantes METÁSTASES HEPÁTICAS: - Tratamento curativo: ressecção - Múltiplos são mais frequentes - Comum: câncer de mama e cólon - Metástase hipovasculares: + comum, melhor visualizada na fase portal do exame, geralmente derivada de tumores GI (cólon e reto) - Pode ser hipervasculares → encher de contraste na portal, veia cava METÁSTASE HEPÁTICAS DE CÓLON: - Lesão única, 5 cm, metacrônica (aparece depois que ressecou o tumor primário) = esse paciente pode beneficiar de cirurgia - Tratamento: ressecção em cunha (tira um pedaço do fígado) O mais comum é no segmento 3 = segmentectomia 2, 3 e 4 = hepatectomia esquerda 5, 6, 7, 8 = hepatectomia direita 5 e 8 = setorectomia anterior direita 4, 5, 6, 7, 8 = hepatectomia direita ampliada 5, 8 = hepatectomia esquerda ampliada Cirurgia - nome da cicatriz: J de macushi ou L invertido 3 veias hepáticas = veia hepática direita, média e esquerda Veia porta = vira 2 ramos direito e esquerdo (irriga segmento 2,3 e B) No cirrótico ocorre recanalização da veia umbilical = CABEÇA DE MEDUSA, na qual drena da veia porta esquerda DIVISÃO DO FÍGADO: Esquerda → segmento 2 (anterior), 3 (posterior) e 4 (divide em A e B) 2, 3 e 4 = lobo esquerdo, drena na veia hepática esquerda Direita → lobos 5, 6, 7 e 8 Anterior: 5 e 8 Posterior: 6 e 7 Caudado → segmento 1 = drena direto para veia cava CASO CLÍNICO 3: Mulher de 40 anos de idade procura o Serviço de Emergência queixando-se de dor abdominal epigástrica e em abdome superior, intensa, contínua, com irradiação para o dorso e acompanhada de náuseas e vômitos há 24 horas. Não refere história de doença pregressa, etilismo, tabagismo e uso demedicamentos. Ao exame físico apresenta-se desconfortável no leito. Encontra-se afebril, com FC = 110 bpm, PA = 100 x 60 mmHg, pele com discreta sudorese, mucosas descoradas e ictérica 2+/4+. Ao exame do abdome observam-se ruídos hidroaéreos presentes; abdome flácido, com dor à palpação no hemiabdome superior e ausência de visceromegalias. Quais as hipóteses diagnósticas? Pancreatite biliar, coledocolitíase São necessários exames adicionais? Pancreatite: Lipase, amilase, USG, PCR, hemograma completo - leucócitos, provas inflamatórias, RNM, colangiografia Lesão hepática: TGO, TGP Enzimas: gama AGP, bilirrubina Qual a conduta para esse paciente? Tem que esperar o tempo de inflamação da pancreatite e depois fazer a CPRE (colangiopancreatografia retrógrada endoscópica) CPRE é padrão ouro na coledocolitíase COLEDOCOLITÍASE: Segmento anterior: 5 e 8 Migrou da vesícula biliar e sai do colédoco e desde para papila de vater CASO CLÍNICO 4: Homem de 64 anos de idade procura seu consultório queixando-se de amarelamento dos olhos, perda de peso, prurido e colúria nos últimos 3 meses. Não refere história de doença pregressa, etilismo, tabagismo e uso de medicamentos. O exame físico apresenta-se com ictérica 3+/4+. Ao exame do abdome observam-se ruídos hidroaéreos presentes; abdome flácido, indolor e ausência de visceromegalias ou massas palpáveis. Os exames laboratoriais mostram: hemograma com Hb 11,9 ; bilirrubinas totais = 14,2 mg/dL, com fração direta de 12,0 mg/Dl, alanina-amino-transferase = 362 UI/, aspartato aminotransferase = 487 UI/L. Quais as hipóteses diagnósticas? Coledocolitíase, Tumor de cabeça de pâncreas, Síndrome colestática Tumores periampulares São necessários exames adicionais? Laboratoriais: hemograma completo, transaminases, enzimas canaliculares, bilirrubinas total e frações Imagem: USG, TC com contraste, colangio-RNM Marcador tumoral: CA 19-9 CPRE Qual a conduta para esse caso? Diagnóstico, endoscopia digestiva, US endoscópico, CPRE TUMORES PERIAMPULARES: - Fatores de risco: tabagismo - Sintomas: icterícia, esteatorreia, perda de peso e fadiga Icterícia é o principal sintoma, porém aparece no diagnóstico tardio. - Sinal de Courvoisier (vesícula biliar palpável e indolor em paciente icterica) TRATAMENTO: Cirúrgico: pancreatoduodenectomia ou cirurgia de Whipple; duodenopancreatectomia. Para não invasivo: excisão local Não cirúrgico: ablação por laser e terapia fotodinâmica
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