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0.7. O que é Casamento Avuncular

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O que é Casamento Avuncular? 
August 8, 2017 
| 
 
Melissa C. De Camargo Miwa 
 
 
O casamento avuncular nada mais é o nome que se dá ao casamento entre tios 
(as) e sobrinhos (as), ou seja, entre parentes colaterais em terceiro grau. 
 
Em 1941 foi editado um Decreto-Lei que versou sobre a possibilidade do 
casamento entre tio (a) e sobrinho (a). Referido decreto-lei tratou a questão 
unicamente sob a ótica médica, ou seja, autorizando o casamento avuncular 
desde de que com autorização judicial e desde de que fosse atestado por dois 
médicos de que não haveria risco à eventual prole do casal, ou seja, desde que 
atestado que seus filhos não nasceriam com problemas de saúde ou 
deformidades. O decreto-lei não discutia questões morais ou religiosas mas tão 
somente questões relacionadas a saúde tanto do novo casal quanto de seus 
filhos. 
 
Passados 61 anos, com advento o atual Código Civil Brasileiro de 2002, o 
reconhecimento do casamento avuncular foi proibido. O inciso IV do artigo 1521 
do Código Civil foi explícito ao proibir este tipo casamento ao dispor que os 
irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais até o terceiro grau (tio e 
sobrinhos) não podem se casar entre si. 
 
No entanto, o entendimento jurídico sobre o tema é que o atual Código Civil 
Brasileiro não revogou o Decreto-lei de 1941, ou seja, o Decreto de 1941 ainda 
está em vigor. Inclusive, há um enunciado aprovado pelo Conselho da Justiça 
Federal que diz que o inciso IV do art. 1.521 do novo Código Civil (aquele que 
proíbe este tipo de casamento) deve ser interpretado à luz do Decreto-Lei n. 
3.200/41 no que se refere à possibilidade de casamento entre colaterais de 3º 
https://www.decamargoeamaral.com.br/noticias-artigos/author/Melissa-C.-De-Camargo-Miwa
https://www.decamargoeamaral.com.br/noticias-artigos/author/Melissa-C.-De-Camargo-Miwa
grau. Em outras palavras, atualmente é possível o reconhecimento do 
casamento avuncular desde que não traga riscos a vida e saúde do novo casal 
e de seus eventuais filhos e desde que com autorização judicial. 
 
A justiça paulista já decidiu neste sentido ao reconhecer a possibilidade jurídica 
no pedido de autorização judicial para casamento entre tio e sobrinha (TJSP, 
APC 414.053-4/0-00) e o reconhecimento da declaração de existência de União 
Estável entre tio e sobrinha (TJRS, APC nº 70006562763 e nº 7002276145). 
 
Mas é importante frisar que se trata de tema bastante polêmico com 
entendimentos diversos do apontado acima. 
 
 DECISÃO MONOCRÁTICA STJ 
 
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.087.955 - RS 
(2017/0088061-7) 
DECISÃO 
Trata-se de agravo manejado contra decisão que não 
admitiu recurso especial, este interposto com fundamento 
no art. 105, III, a e c, da CF, desafiando acórdão proferido 
pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, 
assim ementado (fl. 199): 
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. 
PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL AVUNCULAR 
(TIO E SOBRINHA). RECONHECIMENTO PARA FINS 
PREVIDENCIÁRIOS. INADMISSIBILIDADE NO CASO 
CONCRETO. 
Em tese, não haveria impedimento legal a obstar o direito 
à pensão previdenciária deixada por tio à sobrinha, acaso 
comprovada a união estável. Para o reconhecimento da 
união estável, de se supor a intenção do casal de constituir 
família. Sendo um pressuposto de ordem subjetiva, 
imperiosa a demonstração de que, entre as partes, estava 
presente o afeto e a intimidade normal à relação entre 
homem e mulher, tratando-se de casal heterossexual. Em 
que pese a fé pública da escritura de união estável, quando 
da declaração o falecido servidor já estava com a saúde 
debilitada, fazendo-se evidenciar o conhecido casamento-
negócio, o que não dá direito à parte postular a condição 
de dependente para fins previdenciários (art. 9o, II, da Lei 
Estadual n. 7.672/82). 
APELO DESPROVIDO. 
Não foram opostos embargos declaratórios. 
Nas razões do recurso especial, a parte agravante aponta 
violação aos arts. 1.723 do CC e 1º do Decreto-Lei n.º 
3.200/41. Sustenta que ficou demonstrada a existência de 
união estável e que ela "nunca foi contestada por ninguém, 
nem mesmo pelo ente previdenciário, ora réu, que inclusive 
pagou a pensão para a requerente". Alega, ainda, que "o 
único motivo pelo qual o IPE cancelou a pensão por morte 
que estava sendo paga para a recorrente é o fato de que 
além de companheira do de cujas a mesma também é 
sobrinha dele, e sendo assim, no entendimento do 
recorrido haveria impedimento para esta união (1521 cc)", 
mas que "tal normativa vem sendo mitigada pela legislação 
e pela orientação jurisprudencial" (fl. 227). 
É o relatório. 
O inconformismo não merece prosperar. 
Ao contrário do afirmado pela parte recorrente, a Corte de 
origem entendeu que, apesar de não haver impedimento 
legal nem jurisprudencial que obste o direito da autora à 
pensão em debate, no caso concreto não ficou configurada 
a existência de união estável. 
Confiram-se os seguintes trechos do acórdão recorrido: 
"Na situação examinada, não haveria, portanto, 
impedimento legal, nem jurisprudencial a obstar o direito da 
autora à pensão previdenciária, acaso comprovada a união 
estável. 
Por mais que soe estranha a existência de relação marital 
entre tio e sobrinha, restando comprovada, de fato, a 
formação de um núcleo familiar e a conseqüente 
dependência econômica, não poderia o Poder Judiciário 
negar proteção ao direito da parte. Quanto mais, diante do 
contido no § 3o do art. 226 da Constituição Federal, que 
assegura, para efeito de proteção do Estado, o 
reconhecimento da união estável entre o homem e a 
mulher como entidade familiar. 
(...) 
Assim como o fizera a Lei n. 9.278/96, o Código Civil exige, 
para o reconhecimento da união estável, a intenção do 
casal de constituir família, ainda que sem prole. Sendo um 
pressuposto de ordem subjetiva, imperiosa a evidência de 
que, entre as partes, estava presente o afeto e a intimidade 
normal à relação entre homem e mulher, no caso de casal 
heterossexual. 
(...) 
Esse, contudo, não é o quadro que se apresenta, tendo em 
vista a completa ausência de provas de que a autora e o 
falecido segurado se uniram com o objetivo de constituir 
uma família. 
Ao contrário do que sustenta a apelante, para o 
reconhecimento da união estável não basta a mera 
coabitação ou a existência de um afeto ou auxílio entre 
duas pessoas. 
No caso, a autora não logrou provar a existência de uma 
relação de casal com o falecido segurado, qualificada pela 
comunhão de interesses, o respeito mútuo e a fidelidade, 
como se um núcleo familiar fosse. 
Os elementos de convicção dos autos revelam nada mais 
que uma relação de tio e sobrinha, em que a demandante 
atuou como cuidadora do segurado no final de sua vida. 
A única testemunha ouvida - nora da recorrente em que 
pese a preocupação em registrar, ao longo de seu 
depoimento, que havia um "relacionamento de homem e 
mulher" entre a autora e Elpidio, acabou afirmando ter 
convivido com ambos apenas após 1997, época em que a 
demandante apenas cuidava do falecido segurado doente. 
Chegou a referir ter conhecimento de que foi nessa época 
que o segurado foi morar com a autora, tendo chegado em 
uma ambulância na qual a companheira que tinha em Porto 
Alegre o colocou. 
Flagrantemente, a intenção das partes, ao realizar a 
escritura pública de união estável era, fora de dúvida, 
permitir à ora apelante ser reconhecida como beneficiária 
da pensão por morte do segurado. Fato que, a toda 
evidência, não pode ser convalidado, pena de se permitir 
uma verdadeira fraude contra a autarquia previdenciária. É 
dizer como o fez a Juíza de Direito, Drª Carmen Carolina 
Cabral Caminha, em que pese a fé pública que possui a 
escritura pública de união estável da fl. 22, verifica-se que 
quando da declaração o falecido servidor já estava com a 
saúde debilitada, mais uma vez fazendo-se evidenciaro 
referido casamento-negócio. 
Também datam para depois da debilidade do falecido 
servidor a declaração de dependente de fl. 11, bem como 
os documentos de fls. 13 e 14. Do conjunto probatório 
colhido é possível inferir que a aproximação da sobrinha 
com o tio decorreu de seu interesse em ser, posteriormente 
a sua morte, dependente dele perante o ente 
previdenciário. Outra conclusão não é possível extrair da 
parca prova amealhada, não se desincumbindo a autora do 
ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, nos 
termos do art. 333, I, do CPC. 
Não comprovada a união estável, a autora não preenche, 
por conseguinte, a condição estabelecida pelo art. 9o, II, da 
Lei Estadual n. 7.672/82, para reconhecimento da 
dependência, devendo ser confirmada, neste grau de 
jurisdição, a sentença que julgou improcedente a 
pretensão". 
Nesse contexto, a alteração das conclusões adotadas pela 
Corte de origem, tal como colocada a questão nas razões 
recursais, no sentido de que restou configurada a 
existência de união estável, demandaria, necessariamente, 
novo exame do acervo fático-probatório constante dos 
autos, providência vedada em recurso especial, conforme 
o óbice previsto na Súmula 7/STJ. 
Ante o exposto, nego provimento ao agravo. Levando em 
conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, 
impõe-se à parte recorrente o pagamento de honorários 
advocatícios equivalentes a 20% (vinte por cento) do valor 
a esse título já fixado no processo (art. 
85, § 11, do novo CPC/2015), observando-se, contudo, o 
disposto no art. 12 da Lei 1.060/50, em razão da concessão 
do benefício da assistência judiciária gratuita. 
Publique-se. 
Brasília (DF), 11 de maio de 2017. 
MINISTRO SÉRGIO KUKINA Relator 
(Ministro SÉRGIO KUKINA, 15/05/2017) 
 
 
 DECISÃO MONOCRÁTICA STJ 
 
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 417.119 - RJ 
(2013/0356046-2) 
DECISÃO 
Trata-se de agravo contra decisão que inadmitiu recurso 
especial. O apelo extremo, fundamentado no artigo 105, 
inciso III, alínea a, da Constituição Federal, insurge-se 
contra acórdão assim ementado: 
"CASAMENTO AVUNCULAR. IMPEDIMENTO. 
DECRETO-LEI 3200/41. MITIGAÇÃO. 
PROTEÇÃO DA PROLE. 
Ação declaratória de nulidade de casamento, ajuizada pelo 
apelante através da qual alegou ter vivido em união estável 
homoafetiva com o falecido marido da ré que, por seu 
turno, era sobrinha do de cujus. 
Requereu, em razão disso, a declaração de nulidade do 
casamento por infringência de impedimento legal A 
existência de união homoafetiva entre o autor e o falecido 
não guarda relação com o pleito contido neste processo, 
na medida em que este se trata de ação de nulidade de 
casamento. 
A possibilidade de casamento avuncalar é descrita pelo art. 
1º e regulamentada pelo art. 2º, do Decreto-Lei 3200/41. 
Tal norma foi editada com o precípuo propósito de proteger 
a prole, advinda do casamento, de possível malformação 
genética, afastando-se a possibilidade de defeitos 
eugênicos dos eventuais descendentes. 
Assim, diante da constatação de que a ré havia se 
submetido à histerectomia total antes da boda, a 
apresentação dos atestados tomou-se despicienda. 
Recurso desprovido, nos termos do voto do 
Desembargador Relator". 
Nas razões do especial, o recorrente alega violação dos 
artigos 1.521, VI e 1.548, inciso II, do Código Civil, 
sustenta, em síntese a nulidade do casamento entre 
colaterais de terceiro grau realizado sem o exame médico 
exigido pelo Decreto-Lei nº 3.200/1941, afirmando que 
essa perícia visa preservar, além da saúde prole, a saúde 
dos próprios nubentes. 
Parecer do Ministério Público Federal opinando pelo 
desprovimento do recurso. 
É o relatório. 
DECIDO. 
Ultrapassados os requisitos de admissibilidade do agravo, 
passa-se ao exame do recurso especial. 
Eis a letra do acórdão recorrido transcrito no que interessa 
à espécie: 
"A possibilidade de casamento avuncular é descrita pelo 
art. 1° e regulamentada pelo art. 2°, do Decreto-Lei 
3200/41, o qual exige atestado médico emitido por dois 
médicos afirmando não existir inconveniente sob o ponto 
de vista da sanidade e da saúde de qualquer deles e da 
prole. Cumprida a exigência. mitiga-se o impedimento 
contido no inciso IV, do artigo 1.521, do Código Civil(...) 
(...) 
Tal norma foi editada com o precípuo propósito de proteger 
a prole, advinda do casamento, de possível malformação 
genética, ou seja, afastando-se a possibilidade de defeitos 
eugênicos dos eventuais descendentes, o casamento 
convalida-se. 
Assim, diante da constatação de que a ré havia se 
submetido à histerectomia total (fl. 67), antes da boda 
(ocorrida em 24/04/2008 - fl. 21), a apresentação dos 
atestados tornou-se despicienda". 
Tal posicionamento esta em consonância com a 
jurisprudência desta Corte firmada no sentido de que a 
exigência da perícia médica é para evitar a ocorrência de 
riscos eugênicos, visando a preservação da sanidade de 
uma eventual prole. 
A propósito: 
"CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. 
CASAMENTO NUNCUPATIVO. 
VALIDADE. COMPROVAÇÃO DE VÍCIO QUANTO A 
MANIFESTAÇÃO DA VONTADE INEQUÍVOCA DO 
MORIBUNDO EM CONVOLAR NÚPCIAS. 
COMPROVAÇÃO. 
1. Ação de decretação de nulidade de casamento 
nuncupativo ajuizada em novembro de 2008. Agravo no 
recurso especial distribuído em 22/03/2012. Decisão 
determinando a reautuação do agravo em recurso especial, 
publicada em 12/06/2012. 
2. Recurso especial que discute a validade de casamento 
nuncupativo realizado entre tio e sobrinha com o 
falecimento daquele, horas após o enlace. 
3. A inquestionável manifestação da vontade do nubente 
enfermo, no momento do casamento, fato corroborado 
pelas 6 testemunhas exigidas por lei, ainda que não 
realizada de viva voz, supre a exigência legal quanto ao 
ponto. 
4. A discussão relativa à a nulidade preconizada pelo art. 
1.548 do CC-02, que se reporta aos impedimentos, na 
espécie, consignados no art. 1.521, IV, do CC-02 
(casamento entre colaterais, até o terceiro grau, inclusive) 
fenece por falta de escopo, tendo em vista que o quase 
imediato óbito de um dos nubentes não permitiu o 
concúbito pós-casamento, não havendo que se falar, por 
conseguinte, em riscos eugênicos, realidade que, na 
espécie, afasta a impositividade da norma, porquanto lhe 
retira seu lastro teleológico. 
5. Não existem objetivos pré-constituídos para o 
casamento, que descumpridos, imporiam sua nulidade, 
mormente naqueles realizados com evidente possibilidade 
de óbito de um dos nubentes - casamento nuncupativo -, 
pois esses se afastam tanto do usual que, salvaguardada 
as situações constantes dos arts. 166 e 167 do CC-02, que 
tratam das nulidades do negócio jurídico, devem, 
independentemente do fim perseguido pelos nubentes, 
serem ratificados judicialmente. 
6. E no amplo espectro que se forma com essa assertiva, 
nada impede que o casamento nuncupativo realizado 
tenha como motivação central, ou única, a consolidação de 
meros efeitos sucessórios em favor de um dos nubentes - 
pois essa circunstância não macula o ato com um dos 
vícios citados nos arts. 166 e 167 do CC-02: incapacidade; 
ilicitude do motivo e do objeto; malferimento da forma, 
fraude ou simulação. 
Recurso ao qual se nega provimento" (REsp 
1.330.023/RN, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, 
TERCEIRA TURMA, julgado em 5/11/2013, DJe 
29/11/2013). 
Ante o exposto, conheço do agravo para negar seguimento 
ao recurso especial. 
Publique-se. 
Intimem-se. 
Brasília-DF, 30 de junho de 2015. 
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA Relator 
(Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, 05/08/2015) 
 
 JURISPRUDENCIAS ESPARÇAS SOBRE O TEMA 
 
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PENSÃO 
POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL ENTRE TIO E 
SOBRINHA. POSSIBILIDADE. QUALIDADE DE 
DEPENDENTE. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO 
ART. 217, III, DA LEI 8.112/90. AUSÊNCIA DE 
COMPROVAÇÃO. 1. 1. A pensão por morte de 
servidorpúblico é devida a companheiro (a) 
que comprove a existência de união estável, 
sendo presumida a sua dependência 
econômica, nos termos do art. 217, III da 
Lei n. 8.112/90. 2. O fato de o casal estar 
legalmente impedido de contrair matrimônio, 
nos termos do art. 1.521, IV, do Código 
Civil, não obsta o reconhecimento da união 
estável havida entre ambos para fins 
previdenciários. Nesses termos, tem-se 
admitido o reconhecimento de união estável 
entre tio e sobrinha, para fins de concessão 
de pensão por morte, desde que comprovada a 
convivência marital e duradoura. 3. 
Hipótese em que não restou comprovado a 
união estável, considerada esta a 
convivência pública, contínua, duradoura e 
com intenção de formar unidade familiar, 
desde o início da convivência marital até a 
data do óbito do instituidor da pensão, 
sendo inviável a outorga de pensão por 
morte. (TRF-4 - AC: 50110753420174047201 SC 
5011075-34.2017.4.04.7201, Relator: ROGERIO 
FAVRETO, Data de Julgamento: 13/05/2019, 
TERCEIRA TURMA) 
 
ADMINISTRATIVO. PENSÃO MILITAR. POLICIAL 
MILITAR DO ANTIGO DISTRITO FEDERAL. UNIÃO 
ESTÁVEL ENTRE TIO E SOBRINHA. 
RECONHECIMENTO PARA FINS DE BENEFÍCIO 
PREVIDENCIÁRIO. NÃO COMPROVAÇÃO. 1. 
Pleiteia a autora o reconhecimento da união 
estável e com isso sua habilitação para o 
recebimento da pensão militar em razão do 
falecimento de seu companheiro, Primeiro-
Tenente Swami Vivekananda Alves Carneiro, 
Policial Militar do antigo Distrito 
Federal, que ocorreu em 12/02/13, não 
deixando filhos. 2. O art. 1.723, § 1º, do 
CC estabelece que a união estável não se 
constituirá se ocorrerem os impedimentos do 
art. 1.521, do CC, que prevê que não poderá 
haver casamento entre colaterais até o 
terceiro grau inclusive. 3. A 
jurisprudência pátria tem admitido o 
reconhecimento de união estável entre tio e 
sobrinha, para fins de concessão de 
benefício previdenciário de pensão por 
morte, desde que comprovada a convivência 
marital e duradoura. 4. A Escritura Pública 
Declaratória de União Estável, por se tratar 
de documento produzido de modo unilateral, 
não pode servir como elemento de prova 
seguro, na medida em que pode ensejar burla 
à lei, com declarações que não correspondem 
à verdade. 5. As provas trazidas aos autos 
demonstram que em virtude de contingências 
e interesses particulares da apelante e do 
falecido, passaram a coabitar. De acordo com 
o art. 1.723 do Código Civil, para a 
configuração da união estável, a relação 
deve apresentar-se duradoura, contínua e 
pública, possuindo os conviventes o 
objetivo de formar a entidade familiar, não 
bastando para tal a comprovação de 
dependência econômica. 6. Vencida a 
demandante em seu apelo, cabe-lhe suportar 
o ônus dos honorários advocatícios 
recursais, porquanto a sentença foi 
publicada na vigência do CPC/2015. 7. No 
caso concreto, considerando-se o 
entendimento do STJ no AgInt nos EDcl no 
REsp 1.357.561 / MG (Rel. Min. MARCO AURÉLIO 
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, DJe 19/04/2017), 
os honorários advocatícios devem ser 
majorados para 11% (artigo 85, § 11, do 
CPC/2015). 8. Apelação conhecida e 
desprovida. (TRF-2 - AC: 
00044979720144025101 RJ 0004497-
97.2014.4.02.5101, Relator: JOSÉ ANTONIO 
NEIVA, Data de Julgamento: 18/08/2017, 7ª 
TURMA ESPECIALIZADA) 
 
 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. 
CASAMENTO NUNCUPATIVO. VALIDADE. 
COMPROVAÇÃO DE VÍCIO QUANTO A 
MANIFESTAÇÃO DA VONTADE INEQUÍVOCA DO 
MORIBUNDO EM CONVOLAR NÚPCIAS. 
COMPROVAÇÃO. 1. Ação de decretação de nulidade de 
casamento nuncupativo ajuizada em novembro de 2008. 
Agravo no recurso especial distribuído em 22/03/2012. 
Decisão determinando a reautuação do agravo em recurso 
especial, publicada em 12/06/2012. 2. Recurso especial 
que discute a validade de casamento nuncupativo 
realizado entre tio e sobrinha com o falecimento daquele, 
horas após o enlace. 3. A inquestionável manifestação da 
vontade do nubente enfermo, no momento do casamento, 
fato corroborado pelas 6 testemunhas exigidas por lei, 
ainda que não realizada de viva voz, supre a exigência 
legal quanto ao ponto. 4. A discussão relativa à a nulidade 
preconizada pelo art. 1.548 do CC-02, que se reporta aos 
impedimentos, na espécie, consignados no art. 1.521, IV, 
do CC-02 (casamento entre colaterais, até o terceiro grau, 
inclusive) fenece por falta de escopo, tendo em vista que o 
quase imediato óbito de um dos nubentes não permitiu o 
concúbito pós-casamento, não havendo que se falar, por 
conseguinte, em riscos eugênicos, realidade que, na 
espécie, afasta a impositividade da norma, porquanto lhe 
retira seu lastro teleológico. 5. Não existem objetivos pré-
constituídos para o casamento, que descumpridos, 
imporiam sua nulidade, mormente naqueles realizados 
com evidente possibilidade de óbito de um dos nubentes - 
casamento nuncupativo -, pois esses se afastam tanto do 
usual que, salvaguardada as situações constantes dos 
arts. 166 e 167 do CC-02, que tratam das nulidades do 
negócio jurídico, devem, independentemente do fim 
perseguido pelos nubentes, serem ratificados 
judicialmente. 6. E no amplo espectro que se forma com 
essa assertiva, nada impede que o casamento nuncupativo 
realizado tenha como motivação central, ou única, a 
consolidação de meros efeitos sucessórios em favor de um 
dos nubentes - pois essa circunstância não macula o ato 
com um dos vícios citados nos arts. 166 e 167 do CC-02: 
incapacidade; ilicitude do motivo e do objeto; malferimento 
da forma, fraude ou simulação. Recurso ao qual se nega 
provimento. (REsp 1330023/RN, Rel. Ministra NANCY 
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/11/2013, 
DJe 29/11/2013) 
 
 
Como é sabido o Código Civil de 1916 vedava o casamento entre parentes até 
o terceiro grau civil inclusive, portanto não era possível o casamento entre tios e 
sobrinhos, ocorre que o Decreto-lei nº 3.3200/41 passou a permitir o casamento 
entre tios e sobrinhos, desde que preenchido alguns requisitos, revogando, 
dessa foram, a vedação do Código Civil. No entanto, com o novo Código Civil 
sancionado recentemente pelo Presidente da República e que deverá entrar em 
vigor em janeiro de 2003, o art. 1521, IV, voltou a vedar a possibilidade de 
parentes de terceiro grau contraírem matrimônio, dessa forma a partir da entrada 
em vigor do novo código é de se presumir que o Decreto-lei que permitia o 
casamento entre parentes está revogado. 
 
 
 
 
DECRETO-LEI Nº 3.200, DE 19 DE ABRIL DE 1941. 
Produção de efeito 
Dispõe sobre a organização e proteção 
da família 
 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o 
art. 180 da Constituição, decreta: 
CAPÍTULO I 
Do Casamento de Colaterais do Terceiro Grau 
Art. 1º O casamento de colaterais, legítimos ou ilegítimos do terceiro grau, 
é permitido nos termos do presente decreto-lei. 
Art. 2º Os colaterais do terceiro grau, que pretendam casar-se, ou seus 
representantes legais, se forem menores, requererão ao juiz competente para a 
habilitação que nomeie dois médicos de reconhecida capacidade, isentos de 
suspensão, para examiná-los e atestar-lhes a sanidade, afirmando não haver 
inconveniente, sob o ponto de vista da sanidade, afirmando não haver 
inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles e da prole, na 
realização do matrimônio. (Vide Lei nº 5.891, de 1973) 
§ 1º Se os dois médicos divergirem quanto a conveniência do matrimônio, 
poderão os nubentes, conjuntamente, requerer ao juiz que nomeie terceiro, 
como desempatador. 
§ 2º Sempre que, a critério do juiz, não for possível a nomeação de dois 
médicos idôneos, poderá ele incumbir do exame um só médico, cujo parecer 
será conclusivo. 
§ 3º O exame médico será feito extrajudicialmente, sem qualquer 
formalidade, mediante simples apresentação do requerimento despachado pelo 
juiz. 
§ 4º Poderá o exame médico concluir não apenaspela declaração da 
possibilidade ou da irrestrita inconveniência do casamento, mas ainda pelo 
reconhecimento de sua viabilidade em época ulterior, uma vez feito, por um dos 
nubentes ou por ambos, o necessário tratamento de saúde. Nesta última 
hipótese, provando a realização do tratamento, poderão os interessados pedir 
ao juiz que determine novo exame médico, na forma do presente artigo. 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEL%203.200-1941?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3200.htm#art42
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5891.htm
§ 5º Quando não se conformarem com o laudo médico, poderão os 
nubentes requerer novo exame, que o juiz determinará, com observância do 
disposto neste artigo, caso reconheça procedentes as 
alegações. (Revogado pela Lei nº 5.891, de 1973) 
§ 6º O atestado, constante de um só ou mais instrumentos, será entregue 
aos interessados, não podendo qualquer deles divulgar o que se refira ao outro, 
sob as penas do art. 153 do Código Penal. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5891.htm#art3

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