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Neoplasias malignas hematopoiéticas Oncologia Oral – UFPE Larissa Albuquerque Leucemia *Representa vários tipos de malignidade e tem origem na derivação das células-tronco hematopoiéticas. Ela tem início com a transformação maligna de uma das células-tronco, que inicialmente prolifera na medula óssea e eventualmente extravasa para o sangue periférico. Quando as células leucêmicas se superpõem às células de defesa e às hemácias precursoras normais, começam os problemas. *A sua etiologia provavelmente está relacionada com e genéticos. Alguns fatores desencadeantes que apresentam um risco aumentado para leucemia são as radiações ionizantes, drogas e agentes químicos (cloranfenicol e fenilbutazona) vírus (EBV, HTLV1 e HTLV2), imunodeficiência, disfunção crônica da medula óssea e fatores genéticos, como a síndrome de Down, síndrome de Bloom, neurofibromatose tipo I, síndrome de Klinefelter e anemia de Fanconi, por exemplo. *Ela pode ser classificada de acordo com seu curso clínico como aguda ou crônica e pela sua histogênese como moloide ou linfocítica/linfoblástica. Dessa forma, pode-se distinguir quatro tipos diferentes de leucemias. *As leucemias agudas, caso não sejam tratadas, seguem um curso agressivo e muitas vezes resultam em morte em poucos meses. Já as leucemias crônicas são indolentes (progressão mais lenta), porém também causa morte. Sinais e sintomas *A maioria dos sinais e sintomas clínicos da doença estão relacionados com a redução nos números de leucócitos e hemácias normais, causando a superposição das células-tronco-hematopoiéticas normais pela proliferação maligna, o que é conhecido como anemia mielotísica. Por causa da redução das hemácias e menor capacidade de transporte do oxigênio, os pacientes se queixam de fadiga, cansaço fácil e dispneia após esforço leve. Ainda podem ocorrer infiltrações das células malignas em outros órgãos e causar esplenomegalia, hepatomegalia e linfadenopatia. *Outros sintomas comuns são as equimoses fáceis e sangramento, devido à falta de plaquetas sanguíneas (trombocitopenia), causando a expulsão dos megacariócitos da medula. Podem ocorrer petéquias hemorrágicas no palato duro posterior e no palato mole e podem estar associadas à hemorragia gengival espontânea. *Os pacientes podem ser acometidos por infecções comuns, como perirretais, pneumonia, infecções do trato urinário e septicemia. *É frequente ulcerações na mucosa oral, sendo a gengiva a principal afetada. As ulceras neutropênicas são geralmente lesões profundas, perfuradas, com base cinza-esbranquiçada. *A candidíase oral é frequente e envolve a mucosa de forma difusa. Também podem ocorrer lesões de herpes em qualquer área da mucosa oral e não somente nas áreas queratinizadas. *Caso haja infiltração das células leucêmicas nos tecidos moles orais, ocorre o aumento de volume difuso, esponjoso, indolor, ulcerado ou não. Essa característica é mais comum nos tipos miolomonocíticos de leucemia. 1: aumento de volume gengival com petequeas; 2: lesão com sangramento e aumento de volume gengival. 1: úlcera bucal com fundo necrótico; 2: infecção oportunista por candidíase. 1: lesão por vírus herpes; 2: aumento de volume gengival difuso. Diagnóstico e achados laboratoriais *O diagnóstico é feito pela biópsia da medula óssea juntamente com a análise do sangue periférico e confirmação da presença de células leucêmicas pouco diferenciadas. Isso é necessário, pois alguns pacientes passam por uma fase aleucêmica, em que as células atípicas não estão presentes na circulação. *Achados laboratoriais: • Aumento da contagem de leucócitos, podendo exceder os 200.000/ μl (o normal é 10.000). Oncologia Oral Larissa Albuquerque • Hipogamaglobulemia (contagem baixa de gamaglobulemia), pela deficiência de linfócitos B maduros. Leucemia mieloide aguda *Afeta uma faixa etária ampla, afetando mais adultos acima de 50 anos e podendo atingir crianças. O tipo celular afetado é o mieloblasto e apresenta sintomas relacionados à falência da medula óssea. Leucemia mieloide crônica *Tem pico de incidência durante a terceira e a quarta décadas de vida, tem progressão lenta e é a forma de leucemia que mais se relaciona com a exposição a radiações ionizantes e substâncias toxicas. *É a leucemia que está relacionada com uma anormalidade cromossômica provocada por uma alteração genética, caracterizada como cromossomo Filadélfia. Essa alteração ocorre devido a uma translocação entre os braços longos dos cromossomos 22 e 9, ocorrendo a fusão do gene bcr com o oncogene c-abl, gerando um novo gene, o bcr-abl. Esse novo gene causa a proliferação descontrolada das células leucêmicas, o que provoca o desenvolvimento da leucemia. 99% dos pacientes com esse tipo de leucemia apresentam o cromossomo Filadélfia. Leucemia linfoblástica aguda *Ocorre principalmente em crianças, sendo uma das malignidades mais comuns da infância, e também apresenta segundo pico de incidência em idosos. *A maioria é originada das células pré-B, ou seja, entre o linfoblasto e o linfócito B e há o aparecimento de linfoblastos no sangue periférico. *Esse é o tipo de leucemia que tem a maior taxa de sucesso no tratamento, com capacidade de ser controlada. Leucemia linfocítica crônica *É o tipo de leucemia mais comum e afeta principalmente idosos. É rara antes dos 40 anos de idade, sendo um dos primeiros sinais as adenopatias indolores, que é o aumento de volume dos gânglios linfáticos. *Ela ocorre pela proliferação maligna de células linfoides maduras com parada de maturação funcional destas células. É assintomática no início e evolui com fadiga fácil, perda de peso, anorexia, linfadenopatia, entre outros sintomas. Linfomas *Constituem neoplasias malignas do sistema linfo- reticular, com início nos gânglios, nódulos e tecidos linfoides. A etiologia é desconhecida, porém está associada a fatores de risco, como imunodeficiência, infecções por vírus e exposições a agentes químicos. *Podem ser classificados em linfomas não Hodgkin e linfoma ou doença de Hodgkin. Linfoma de Hodgkin *É um distúrbio de proliferação linfoide maligna, por meio das células de Reed-Sternberg e pelo surgimento de células B de centros germinativos. A sua causa é desconhecida, mas acredita-se que está correlacionada com a infecção pelos vírus Epstein- Barr (EBV). *Esse tipo de linfoma tem início em um linfonodo e se espalha de maneira gradual. Os locais mais comuns de início de linfoma são os linfonodos cervicais e supraclaviculares (70-75%), os linfonodos axilares ou do mediastino (5-10%) ou, raramente, nos linfonodos abdominais e inguinais (<5%). *Há predileção para o sexo masculino e apresenta dois picos de incidência, entre 15 e 35 anos e após os 50 anos. *A doença tem início com o aumento discreto de volume, indolor e que cresce de maneira persistente na região de um linfonodo. De primeira, os linfonodos afetados estão móveis e, com a progressão da doença, se tornam mais fixos aos tecidos circundantes. Se não tratada, a doença de espalha pelos linfonodos, atingindo o baço e outros tecidos extralinfáticos, como ossos, fígado e pulmões. *O paciente pode apresentar, ainda, perda de peso, febre, suores noturnos e prurido generalizado. Caso não apresente esses sintomas, melhor é o prognóstico da doença. Histopatologia *Em relação a sua histopatologia, ocorre a obliteração da arquitetura normal do linfonodo por um infiltrado de celular inflamatórias difuso ou misto que é entremeado com células linfoides grandes e atípicas. *No linfoma de Hodgkin clássico, a célula neoplasia é conhecida como célula de Reed-Sternberg, que é binucleada ou multinucleada, com nucléolos proeminentes. Célula de Reed-Sternberg com o núcleo típico com “olhode coruja”. Oncologia Oral Larissa Albuquerque Tratamento e prognóstico *O tratamento depende do estágio de desenvolvimento da doença. Os estágios iniciais recebem radioterapia e/ou quimioterapia Em estágios mais avançados, é feito quimioterapia e radioterapia, a depender dos locais que o linfoma atingiu. *O prognóstico é bom, pacientes nos estágios iniciais (I e II) tem taxa de sobrevida de 10 anos sem recidiva em 80-90% dos casos. Já os pacientes em estágios mais avançados (III e IV), têm 55-75% de taxa de sobrevida em 10 anos. Linfomas não-Hodgkin *Incluem mais de 20 subtipos que refletem o estágio de maturação das celulas B (85% dos casos) e T, nos quais a neoplasia se instala. Na maioria dos casos, iniciam dentro dos linfonodos e com o tempo ocorre o crescimento de volume sólido. *O linfoma não-Hodgkin ocorre principalmente em adultos, mas também é comum em crianças, ocorrendo variações mais agressivas e de alto grau. *Os fatores de risco são imunodepressão, doenças autoimunes, transplante de órgãos, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos. *O desenvolvimento mais comum ocorre nos linfonodos, mas também é possível acometer os linfonodos extranodais. *Nas apresentações nodais, ocorre um aumento de volume indolor que tem crescimento lento, envolvendo diversos linfonodos locais, como os cervicais, axilares ou inguinais. Com a progressão da doença, a malignidade é aumentada e os linfonodos se tornam mais numerosas e fixos às estruturas adjacentes ou se emaranhando uns nos outros. Pode envolver outros grupos de linfonodos e ocorre a invasão dos tecidos normais adjacentes. *Na cavidade oral, o linfoma se apresenta como uma doença extranodal. A malignidade pode se desenvolver nos tecidos moles orais ou centralmente dos maxilares. As lesões em tecidos moles ocorrem como aumentos de volume indolores e difusos, afetando mais comumento o vestíbulo oral, palato duro posterior ou gengiva, com consistencia esponjosa. A lesão pode ser eritematosa ou púrpura, ulcerada ou não. Tratamento e prognóstico *O tratamento depende de vários fatores, como o estágio e grau do linfoma e o estado geral de saúde do paciente. Geralmente a intervenção cirúrgica não é recomendada. *Nos linfomas de baixo grau, é apenas observado se ha evolução da lesão, visto que normalmente não evoluem para um estágio mais avançado. Já os linfomas de grau intermediário ou alto grau precisam ser tratados com radiação e quimioterapia. A taxa de sobrevida ção é alta: no grau intermediário ocorre insucesso em 30 a 50% dos casos e nos de alto grau, mortalidade de 60% em 5 anos após o diagnóstico. Referências: • Patologia oral & maxilofacial / Brad Neville... [et al.] - [tradução Danielle Resende Camisasca Barroso... et al.]. — Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
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