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CARCINOGÊNESE Células tumorais surgem de células normais que sofreram alteração do DNA (fatores genéticos) ou em mecanismos que controlam a expressão gênica (fenômenos epigenéticos), em um ou mais locos envolvidos no controle da divisão e diferenciação celular. É um processo complexo, multifásico, dependente de fenômenos genéticos e epigenéticos que culminam no surgimento de clones de células imortalizadas que adquirem capacidade de se multiplicar autonomamente, de invadir tecidos vizinhos e de dar metástases Câncer ● É uma doença genômica de células somáticas ⇒ Causada por alterações na expressão de certos genes, principalmente daqueles que regulam a proliferação e diferenciação celulares O desenvolvimento neoplásico acontece por modificações progressivas da fisiologia da célula = acumulando mutações em genes de proliferação, diferenciação, morte celular por apoptose, estabilidade genômica, dentre outros ⇒ O acúmulo de mutações nesses genes essenciais da fisiologia celular resulta no aparecimento do fenótipo maligno ● Células lábeis = células epiteliais, se multiplicam constantemente sobre sinalização ● Células estáveis = células do Conjuntivo, se proliferam após lesão, em necessidade ● Células perenes = Neurônios, não são mais produzidos após perdidos (Não se replicam) GATILHOS CÂNCER ● Causas ambientais = 65% ● Fatores hereditários = 26 a 42% para o risco de câncer Existem alguns cânceres cujo fator hereditário é mais relacionado, como o câncer de mama, câncer de próstata. FATORES DE RISCO AMBIENTAIS - Etilismo: Cânceres da laringe, faringe, esôfago e fígado (associado à cirrose) - Tabagismo: associado aos cânceres de boca, laringe, faringe, esôfago e bexiga - Obesidade: associado aos adenocarcinomas do esôfago, endométrio, pâncreas e da mama - Poluição ambiental - Exposição solar - Pesticidas nos alimentos - Fontes de radiação indireta - Telhas de amianto em casas (anos 70-80) - Alimentos processados: 2015 incluído pela OMS como produtos sabidamente carcinogênicos - Dieta rica em gorduras: carcinoma colorretal - Infecções virais - HPV = câncer de colo de útero CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES CARCINOGÊNICOS A) GRUPO 1 (120) “O agente é carcinogênico para humanos” Existem evidências suficientes da capacidade carcinogênica do agente (ou seja, cancerígeno) p/ humanos Ex: tabaco e tabagismo passivo, bebidas alcóolicas, vírus HPV, carnes embutidas e radiação solar B) GRUPO 2A (82) “Agente provavelmente é carcinogênico em humanos” Existem evidências que o ag. é carcinogênico para animais e evid. limitadas que é carcinogênico p/ humanos. Ex: Anabolizantes, carne vermelha, emissões dos motores à diesel e inseticida Lindano C) GRUPO 2B (311) “O agente é possivelmente carcinogênico em humanos” Evid. limitadas da carcinogenicidade do agente p/ humanos e evidências suficientes que o ag. é carc. para animais ou não há evidências suficientes para ambos os seres, mas existem dados relevantes de que ele possa ser. Ex: cafeína, gasolina e alguns herbicidas D) GRUPO 3 (500) “O agente não é classificado como carcinogênico a humanos” Evidências não são adequadas para afirmar que aquele agente é carcinogênico a humanos ou animais. Ex: Ácido acrílico, iluminação fluorescente e mercúrio. ● Tumores são monoclonais: originados de um clone mutado que venceu o controle gênico da proliferação e diferenciação celular e se tornou imortal. Desse clone, surgem descendentes (subclones) com capacidades de invadir tecido, implantar e sobreviver. Clone imortalizado → Subclones com mais mutações CARCINOGÊNESE E SEUS GENES —-- A proliferação das células normais é regulada: 1. De modo INIBITÓRIO pelas proteínas codificadas pela expressão dos Genes Supressores de Tumores (controle negativo) Impedem a proliferação excessiva e descontrolada das células (evitando excessos), controlam a prolif dentro dos limites fisiológicos de cada tecido, esses genes codificam moléculas que inibem a proliferação celular 2. De modo ESTIMULATÓRIO pelas proteínas codificadas pela expressão dos Proto-oncogenes (controle positivo) Comandam as células à realizarem proliferação celular normal 3. De modo INIBITÓRIO por genes que condicionam a morte celular programada ou apoptose (controle negativo) Comandam as células para cometer suicídio (evitando excessos) → Limitando a população celular 4. De modo ESTIMULATÓRIO por genes que regulam a mobilidade celular e a produção de Fatores do crescimento (controle positivo) As células adquirem a capacidade de invadir, migrar de tecidos, e aumentar de tamanho. ● Caso haja alterações genéticas nesses genes, ocorre uma manifestação de câncer - SEM ALTERAÇÕES⇒ Célula normal - MUTAÇÃO ONCOGENES ⇒ Célula com potencial de malignização - PERDA DOS GENES SUPRESSORES DO TUMOR ⇒ Célula transformada - PRODUÇÃO DE FATORES DE CRESCIMENTO ⇒ Tumor em crescimento - ATIVAÇÃO DA MOBILIDADE ⇒ Tumor infiltrativo PROTO-ONCOGENES—---------------------- ● São genes ativos e importantes que em sua forma nativa e regulados, atuam no controle da proliferação celular normal ● POG → ONCOGENES (OG) quando sofrem: 1. Mutação no gene (altera estrutura do gene) formando produtos anormais (oncoproteínas) - inadequadas 2. Aumento da expressão gênica (função exacerbada) (produz proteínas em excesso mas estruturalmente normais) Ambas as alterações causam DESVIO na cascata de proliferação celular ⇒ se tornando incontrolável (prolif autônoma característica de neoplasias malignas) ⇒ Oncogenes. Quando uma célula produz seu fator de crescimento ela adquire AUTONOMIA Mutação em códons específicos do RAS (12,13,61) é comum em cânceres humanos, o RAS modificado é o ONCOGENE mais associado à neoplasias humanas. GENES SUPRESSORES DE TUMOR—-- ● São genes envolvidos no controle da proliferação e diferenciação celular, evitando a reprodução descontrolada das células (controle negativo), se comportam como freios da divisão celular ● Em conjunto, esses genes formam um sistema coordenado e eficaz que impede a proliferação celular desordenada após agressões Ex: um oncogene ativo em uma célula com os genes supressores de tumor íntegros não vai conseguir causar proliferação celular aumentada ou neoplasia. ● O gene TP53 (gene supressor de tumor) normal produz a proteína p53 normal que é responsável pelo controle da proliferação (diminuindo-a) e induzindo a apoptose quando encontra muitas agressões/alterações no genoma. ● Quando a p53 fica anormal, as mutações que surgem nas células se mantém porque as células não vão p/ apoptose e a mutação vai ser transmitida às células descendentes e o tumor vai crescendo. → DNA com defeito vai ser propagado p53 ⇒ Função de manter a fidelidade da replicação do DNA (saudável sem alterações) - por isso induz apoptose em células com DNA alterado. Guardiã do genoma. Defeitos no gene p53 são a forma mais comum de alteração genética em tumores humanos GENES DA MOBILIDADE CELULAR —-- São genes normalmente encontrados nas células mas normalmente somente expressados nas células móveis por natureza. Quando expresso nos oncócitos, permite que esses produzam substâncias (Hialuronidase, TAF) que irão dissolver as barreiras tissulares e permitir a invasão de outros tecidos e vasos sanguíneos: INVASIBILIDADE CARCINOGÊNESE - ETAPAS —------------ 1. INICIAÇÃO É a transformação celular, modificações genômicas que alteram a resposta da célula ao ambiente, se tornando capazes de multiplicar de forma autônoma (respondendo menos aos controles negativos da prolif.) ● Resulta da exposição das células à uma dose suficiente de agentes carcinogênicos (São INICIADORES) ● A célula iniciada se torna potencialmente capaz de dar origem a um tumor (predisposta à se tornar uma célula maligna) ● Isoladamente, uma célula, não é suficiente p/ formar o tumor ● Provoca dano permanente ao DNA (mutações na célula iniciada) ● Rápida e irreversível, possuindo “memória” Ex de agentes químicos iniciadores: Benzopirenos (fumaça de cigarro); vírus oncogênicos; Hidrocarbonetos policíclicos e Heterocíclicos Aromáticos.Cel normal → Exposição aos ag carcinogênicos iniciadores (dose que causa alguma mutação gênica) → Cél. iniciada→ Possui memória e é irreversível. A célula atingida pelo iniciador e cujo defeito no DNA não foi corrigido precisa sofrer pelo menos 1 divisão para que a iniciação ocorra (propagando o erro) ● CI = responde menos aos fatores que inibem a proliferação celular, indutores de diferenciação celular ou da apoptose. 2. PROMOÇÃO ● A promoção é a proliferação ou expansão das células iniciadas ● As CI precisam proliferar para fixar a alteração genômica causada pelo iniciador (mutação vai ser passada para as células descendentes) e para o aparecimento da neoplasia. ● Somado a isso, a proliferação aumenta a probabilidade de novas mutações. Agentes promotores podem induzir tumores (proliferação) nas células iniciadas, mas esses agentes não são tumorigênicos por si mesmos. Não há formação de tumor quando o agente promotor é aplicado antes, ao invés de depois do agente iniciador. - Promotores são reversíveis, caso sua aplicação seja interrompida antes de completar a promoção (proliferação das CI), o efeito não se manifesta. - Todo agente que induz hiperplasia pode se comportar como promotor. Ex: exposição prolongada a certos hormônios, tabaco, traumatismos - Ao contrário do iniciador, o promotor não se liga ao DNA nem provoca mutações 3. PROGRESSÃO Multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas (Na promoção a proliferação ainda é reversível caso cesse o estímulo do agente promotor, após a promoção, na progressão a multiplicação não). Nesse estágio, o câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas. ● Progressão tumoral = células continuam sofrendo mutações sucessivas que resulta na aquisição de mais propriedades agressivas. ● Câncer tem células heterogêneas. ● Dentro do estroma neoplásico vão surgindo novas populações diferentes, os mais agressivos são selecionados e propagados. ● Evolução clonal e heterogeneidade das neoplasias⇒ maior malignidade
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