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Tumores de esôfago Autor: Pedro V.F. Medrado - O esôfago é um órgão tubular que cumpre função de condução do alimento, formações tumorais manifestam-se com desconforto, engasto, dor ou mesmo nem causar sintomas. - Na maioria das vezes são malignos - Os tumores benignos são incomuns, geralmente são assintomáticos, ou c/ desconforto retroesternal, e descobertos acidentalmente · Leiomiomas (não epitelial) – mais comuns dos benignos TUMORES BENIGNOS - Papilomas de células escamosas – são tumores epiteliais benignos, raros (3% dos tumores benignos de esôfago) achados casualmente na endoscopia · Na maioria das vezes – lesão única no terço distal do órgão (transformação maligna é muito rara) · Pequenos, brancos ou rosados e sésseis · Histologia – projeções digitiformes da lâmina própria recoberto por epitélio escamoso hiperplásico - Adenomas – são tumores epiteliais benignos raros, e são pólipos adenomatosos verdadeiros que brotam em segmentos do esôfago de Barrett · A polipectomia é considerada curativa · São displásicos c/ potencial de malignização · Podem ser sésseis ou pedunculados - Pólipos inflamatórios – são tumores epiteliais benignos, e são os pólipos que mais acometem o esôfago · Ocorrem no terço distal ou na junção gastroesofágica – refluxo crônico · A ressecção endoscópica permite o diagnóstico etiológico e cura - Cistos esofágicos – são tumores epiteliais benignos, e são lesões congênitas como resultado do sequestro de células embrionárias · Crescimento do mesoderma que separa o TGI superior do inferior - Leiomioma – são tumores não-epiteliais benignos, é o mais comum, único e ocorre mais no terço distal · Os pacientes são geralmente assintomáticos, mas podem ter disfagia e desconforto retroesternal · Provém de células do músculo liso – advêm da quarta camada muscular e tem limites bem definidos (tumor de origem mesenquimal) · Diagnóstico · Exame radiológico – defeito de enchimento liso c/ margens deprimidas sem irregularidades de mucosa · Endoscopia – mucosa intacta e tumoração arredonda que ocupa a luz, massa firme e maleável · Biópsia (HE) – não é diagnóstica · Ultrassom endoscópico – maior acurácia diagnóstica · Se suspeita de transformação maligna ou crescimento – ressecção (endoscópica é mais indicada p/ tumores da muscular mucosa) · Tumores da muscular própria – enucleação cirúrgica c/ reaproximação da musculatura por toracotomia · Se tumor >8 cm sob suspeita de malignização e c/ crescimento anuclar – esofagectomia c/ esofagogastroplastia OU esofagoloplastia p/ reconstrução. · Laparoscopia e toracoscopia – menor trauma · Métodos paliativos – ablação termal por laser ou necrose de tecidos c/ alcoolização - Tumor de células granulosas – são tumores não-epiteliais benignos, são tumores de células granulosas da submucosas, provavelmente originadas de células neurais · Ocorrem no terço inferior do esôfago · Endoscopia – base larga, superfície mucosa normal, rosados e de consistência borrachosa · Ecoendoscopia – hipo ou isoecoicos e se alojam na camada submucosa · Polipectomia e cirurgia · Pequenas lesões – conservadoramente · Tumores >4cm e c/ crescimento (risco de malignizar) – excisão cirúrgica TUMORES MALIGNOS - No esôfago pode aparecer vários tipos de tumores malignos: melanomas, leimiossarcomas, carcinoides e linfomas. - Mais de 90% das vezes são o carcinoma de células escamosas ou o adenocarcinoma - Escamoso – em mais de ¾ dos casos se localiza no terço distal do órgão - Adenocarcinoma – é mais comum no terço distal – especialmente em locais de compressão esofágica extrínseca pela aorta e pela carina. - São normalmente diagnosticados tardiamente, e com pouca chance de tratamento curativo - Fatores risco do escamoso · Tabagismo · Alcoolismo · Acalasia · Pobreza · Lesão caústica no esôfago · Tilose palmar – excesso de queratina nas mãos e nos pés (condição genética rara) · Síndrome de Plummer-Vinson · Câncer de cabeça e pescoço prévio · Câncer de mama tratado por radioterapia · Uso frequente de bebidas muito quentes - Fatores de risco de adenocarcinoma · Obesidade (+ aumento da pressão intra-abdominal – fator de refluxo) · Esôfago de Barrett · Refluxo semanal · Tabagismo (não tão quanto o escamoso) · Câncer de mama tratado por radioterapia (semelhante ao escamoso) · Uso de medicamentos relaxantes do EEI - Existe um fator inverso no escamoso, no adenocarcinoma não – redução da infecção por H. pylori contribui para incidência de carcinoma. APRESENTAÇÃO CLÍNICA E PROGNÓSTICO - A disfagia é o principal sintoma (75-90%) dos casos, seguido por odinofagia – obstrução de 2/3 da luz esofágica. - É comum hiporexia e perda de peso ponderal (coisa de meses >10% é prognóstico sombrio) - Quando há aparecimento de sintomas – o acometimento transmural e metástases linfonodal é a regra - Determinantes de mau prognóstico · Perda de peso · Estado clínico deteriorado · Acometimento tumoral transmural · Formação de fístula esofagobrônquica DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO - American Joint Committee on Cancer (AJCC) - Estágio T – somente profundidade da penetração da lesão (não considera extensão, porcentagem da circunferência envolvida ou obstrução da luz) · Tx – tumor não acessível · T0 – Sem evidências do tumor primária · Tis – Carcinoma em situ · T1 – Tumor invade lâmina própria (T1a) ou submucosa (T1b) · T2 – Tumor invade muscular própria · T3 – Tumor invade adventícia · T4 – Tumor invade estruturas adjacentes – T4a (ressecável) e T4b (irressecável) - O estadiamento clínica que considera a extensão da doença é baseado em história clínica, exame físico, biópsia, exames laboratoriais, endoscopia, US endoscópico, TC e TEP. - Esofagograma – é útil, mas detecta alterações na fase avançada · Falha de enchimento e/ou estenose da luz esofágica, desvio do eixo esofágico e fístulas esofagobrônquica - TC abdome/tórax – avaliar lesões e suas relações c/ estruturas adjacentes, além de possíveis metástases - EDA – coleta para histopatológico · Fornece informações – localização da lesão, extensão tumoral e padrão macroscópico (infiltrativo, ulcerado, vegetante ou associado). · Pode evidenciar a presença de esôfago de Barrett - Broncoscopia – pacientes com rouquidão ou hemoptoicos (câncer no terço superior e médico que envolve NLR ou fístula traqueobrônquica) - US endoscópico – identifica precisamente a profundidade do acometimento tumoral na parede esofágica (80-90% dos casos) – é o preferível atualmente para estadiar · Acurácia elevada c/ biópsia c/ aspiração de agulha · T1a – Mucosa · T1b – Submucosa · T2 – Muscular · T3 – Adventícia · T4a – Adjacentes ressecáveis – pleural · T4b – Adjacentes irresecáveis - pulmão - PET-scan – método promissor, porém caro, e não é rotineiro · Localizar linfonodos metastáticos, determina extensão tumoral e detecta metástases pulmonares - Sobrevida dos pacientes depois da ressecção cirúrgica em 5 anos · Tumores 0 – >90% · Tumores I – 50-80% · Tumores II-A – 30-40% · Tumores II-B – 10-30% · Tumores III – 10-15% TRATAMENTO - Os carcinomas de células escamosas e os adenocarcinomas – que são tumores de origem epitelial - São diagnosticados na 5ª-6ª década de vida em pacientes tabagistas, alcoolistas e com outras comorbidades - O diagnóstico é frequentemente tardio e em cerca de 50% dos casos existem metástases na avaliação inicial - O tratamento cirúrgico é o único que pode proporcionar a cura Tumores iniciais - Se restritos à mucosa, quando possível tratados por endoscopia: · Planejamento – ecoendoscopia · Se acometem a mucosa, e/ou invadem a camada superficial da mucosa: · Método – Ressecção endoscópica, ou mucosectomia · Limitação – precisa fazer endossonografia esofágica em todos os casos - Se é impossível ressecar por endoscopia – tumores intramucosos, c/ acometimento das camadas profundas da submucosa e na suspeita de metástase linfonodal periesofágica: · Esofagectomia – elevada morbimortalidade · Via de acesso · Transtorácico – toracotomia direta, dissecção por visão direta da lesão, ressecção tumoral em monobloco e linfadenectomia intratorácica · Transhiatal – linfadenectomia intratorácicaé limitada, e a dissecção dos tumores é feita às cegas (sem visão direta) · A via de acesso fica a critério do médico e sua experiência – Dani - O acometimento linfonodal é um fator de mau prognóstico independente, por isso a terapia neoadjuvante é uma alterativa para: · Reduzir tamanho tumoral, linfonodos acometidos e o aumento da incidência de ressecções completas (ressecção R0) - RxT e QT no pós-operatório são mal toleradas, isoladas ou em combinação, e não tem benefício aos pacientes Tumores avançados - A cura é excepcional, e o tratamento cirúrgico acarreta elevada morbidades pós-op, e compromete muito sua qualidade de vida - A endoscopia assume papel paliativo importante, pois alivia disfagia e trata fístulas esofagobrônquicas · Dilatação direta da estenose tumoral usando cateteres dilatadores de polivinil (Savary-Guillard) ou balões endoscópicos - Intubação c/ prótese esofágica é um método atrativo para alívio da disfagia (imediato) e fístulas esofagotraqueal · Atualmente existem próteses metálicas autoexpansíveis de fácil manuseio · Inconveniente – crescimento tumoral para dentro da prótese (5-20%) - Fotoablação endoscópica a laser – vaporização e necrose por coagulação do tumor - Endoscopia c/ injeção de substâncias necrosantes diretas – álcool absoluto e quimioterápicos - Braquiterapia – bastões radioativos que estão em contato direto c/ o tumor e que pomove necrose tumoral duradoura - Se disfagia não melhora c/ nada – indicada gastrostomia ou jejunostomia cirúrgica Carcinoma de pequenas células - É uma lesão maligna agressiva, rara, e pior prognóstico que o escamoso - Se ressecável – esofagectomia c/ linfadenectomia (1ª escolha), e RxT e/ou QT não tem benefícios Melanoma - É uma condição muito rara que acomete idosos, e o diagnóstico vai ser tardio onde você já vai ter metástase para fígado, mediastino e pulmão. - O tratamento cirúrgico é o mais usado, embora a sobrevida média em 5 anos após cirurgia é de 4,25%, já sem cirurgia é de 0%.
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