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unid_1 ergonomia e ginastica laboral

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Autor: Prof. Sérgio Hiroshi Furuya de Carvalho
Colaboradores: Profa. Vanessa Santhiago
 Prof. Marcel da Rocha Chehuen 
Ergonomia e 
Ginástica Laboral
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Professor conteudista: Sérgio Hiroshi Furuya de Carvalho 
Graduado em Educação Física pela Universidade de São Paulo (1990) e especialista em Educação a Distância pela 
UNIP (2014). Possui mestrado em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas (1995). 
Estuda ginástica laboral desde 1990. De início, como assunto de sua dissertação de mestrado, depois trabalhando 
na área e escrevendo artigos e livros sobre o tema. Atualmente, é o responsável pela disciplina Ergonomia e Ginástica 
Laboral na UNIP. Empreende projetos de ginástica laboral em empresas privadas e em convênios da UNIP com o TJSP 
(Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) e OMS/Opas (Organização Mundial/Pan-Americana da Saúde).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C331e Carvalho, Sérgio Hiroshi de.
Ergonomia e Ginástica Laboral / Sérgio Hiroshi Furuya de 
Carvalho. – São Paulo: Editora Sol, 2019.
180 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-074/19, ISSN 1517-9230.
1. Ergonomia. 2. Lesões por esforços repetitivos. 3. Ginástica 
Laboral. I. Título.
CDU 331.827
W500.62 –19
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Vitor Andrade
 Ricardo Duarte
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Sumário
Ergonomia e Ginástica Laboral
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO TRABALHO, DAS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS E DA 
GINÁSTICA LABORAL ......................................................................................................................................... 11
1.1 História e evolução do trabalho e das organizações empresariais ................................. 11
1.2 Evolução da administração moderna........................................................................................... 15
1.3 História da ginástica laboral ............................................................................................................ 18
1.4 Definições e benefícios da ginástica laboral ............................................................................. 19
1.4.1 Benefícios da ginástica laboral para os colaboradores............................................................ 20
1.4.2 Benefícios da ginástica laboral para as empresas ..................................................................... 24
2 CARACTERÍSTICAS E EXIGÊNCIAS TÍPICAS DO TRABALHO ............................................................. 27
2.1 Tipificação do trabalho braçal, suas características e demandas ..................................... 27
2.1.1 Atividades que requerem grande aplicação de força............................................................... 28
2.1.2 Movimentos repetitivos no trabalho braçal ................................................................................. 29
2.1.3 Desproporção entre exigências unilaterais .................................................................................. 30
2.1.4 Muito tempo na posição em pé ........................................................................................................ 31
2.1.5 Trabalho em posições forçadas ......................................................................................................... 32
2.1.6 Outras características do trabalho braçal ..................................................................................... 33
2.2 Tipificação do trabalho administrativo, suas características e demandas .................... 33
2.2.1 Trabalho sentado e sedentarismo .................................................................................................... 34
2.2.2 Movimentos repetitivos ....................................................................................................................... 35
2.2.3 Estresse e sobrecargas diversas ......................................................................................................... 36
3 ERGONOMIA ...................................................................................................................................................... 36
3.1 Ergonomia do trabalho sentado..................................................................................................... 43
3.1.1 Posição de trabalho em terminais de computadores ............................................................... 45
3.2 Ergonomia do trabalho em pé ........................................................................................................ 47
3.3 Trabalho muscular estático e dinâmico ...................................................................................... 48
3.4 Trabalho pesado e manuseio de cargas ....................................................................................... 49
3.5 Norma Regulamentadora 17 (NR 17) .......................................................................................... 51
3.6 Verificação ergonômica ..................................................................................................................... 60
4 LER/DORT: LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS/DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES 
RELACIONADOS AO TRABALHO ..................................................................................................................... 63
4.1 Definições ................................................................................................................................................ 63
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4.2 Prejuízos para as empresas ............................................................................................................... 66
4.3 Principais quadros de LER/Dort ...................................................................................................... 67
4.3.1 Tendinites ................................................................................................................................................... 69
4.3.2 Tenossinovites .......................................................................................................................................... 69
4.3.3 Estrangulamento ou compressão de nervos ...............................................................................69
4.3.4 Bursites........................................................................................................................................................ 70
4.3.5 Lombalgias e cervicalgias .................................................................................................................... 70
4.4 Fatores contribuintes para desenvolvimento de LER/Dort .................................................. 71
4.4.1 Presença de vibração nas atividades realizadas ......................................................................... 72
4.4.2 Alta repetitividade de movimentos ................................................................................................. 73
4.4.3 Postura incorreta ou forçada ............................................................................................................. 74
4.4.4 Necessidade de emprego de força para realizar as tarefas ................................................... 75
4.4.5 Fatores coadjuvantes ............................................................................................................................. 76
Unidade II
5 PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL ..................................................................................................... 80
5.1 Definição dos objetivos do programa .......................................................................................... 80
5.2 Avaliação inicial .................................................................................................................................... 82
5.2.1 Reunião com os gestores ..................................................................................................................... 82
5.2.2 Reunião com o médico do trabalho/departamento médico ................................................. 82
5.2.3 Reunião com os membros da Cipa .................................................................................................. 82
5.2.4 Reunião com o setor de RH .............................................................................................................. 83
5.2.5 Contatos com os departamentos interessados .......................................................................... 83
5.2.6 Aplicação de questionários ou entrevistas ................................................................................... 84
5.2.7 Observação in loco ................................................................................................................................. 86
5.3 Duração das sessões de ginástica laboral ................................................................................... 86
5.4 Locais para realização da ginástica laboral................................................................................ 88
5.5 Possibilidades de integração da ginástica laboral com outros programas 
de incentivo à saúde e qualidade de vida do trabalhador .......................................................... 89
5.5.1 Programas de ergonomia .................................................................................................................... 90
5.5.2 Academia in loco..................................................................................................................................... 91
5.5.3 Grupos de caminhada, ginástica ou corrida ................................................................................ 92
5.5.4 Programa de nutrição ou combate à obesidade ........................................................................ 92
5.5.5 Possibilidades de integração com outros programas de qualidade de vida 
e saúde no trabalho .......................................................................................................................................... 92
5.6 Planejamento do programa de ginástica laboral .................................................................... 94
6 PLANEJAMENTO DAS SESSÕES DE GINÁSTICA LABORAL ............................................................... 97
6.1 Característica dos clientes ................................................................................................................ 97
6.2 Planejamento do conteúdo da sessão de ginástica laboral ..............................................100
6.3 Classificações da ginástica laboral ..............................................................................................103
6.3.1 Ginástica de aquecimento ou preparatória ...............................................................................103
6.3.2 Ginástica de pausa ...............................................................................................................................104
6.3.3 Ginástica de fim de expediente ......................................................................................................104
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Unidade III
7 IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL ............................................................108
7.1 Sensibilização .......................................................................................................................................108
7.2 Condução das sessões de ginástica laboral .............................................................................108
7.2.1 Organização pré-sessão .....................................................................................................................108
7.2.2 Durante a sessão .................................................................................................................................. 110
7.3 Avaliação e controle das atividades ...........................................................................................113
7.3.1 Controle de frequência ....................................................................................................................... 113
7.3.2 Adesão ao programa .......................................................................................................................... 114
7.3.3 Questionário de adequação das atividades ...............................................................................116
7.3.4 Verificações periódicas de resultados ........................................................................................... 118
8 PROJETOS DE GINÁSTICA LABORAL E EMPREENDEDORISMO ....................................................120
8.1 Projetos de ginástica laboral..........................................................................................................120
8.2 Empreendedorismo ............................................................................................................................123
8.2.1 Características do empreendedor ................................................................................................. 125
8.2.2 Intraempreendedorismo ................................................................................................................... 129
8.2.3 Plano de negócio ................................................................................................................................. 130
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APRESENTAÇÃO
As empresas modernas precisam otimizar seus recursos e produzir com mais eficiência. 
Desde a Revolução Industrial até hoje, a situação modifica-se, impondo cada vez mais sobrecargas ao 
trabalhador e gerando uma necessidade de cuidado com o fator humano na empresa, que é primordial 
para as operações. Assim, a saúde dos trabalhadores torna-se uma preocupação constante.
A ergonomia e a ginástica laboral passam a ser ferramentas para amenizar tais sobrecargas, e cabe 
ao profissional habilitado a atuar nessas áreas abrir portas para o exercício e o crescimento profissional 
por meio do domínio técnico e do comportamento empreendedor.
INTRODUÇÃO
Com a modernização da sociedadee das condições de trabalho, aumentou a necessidade de 
intervenções que amenizassem a alta exigência laboral e ajudassem na diminuição dos malefícios 
causados pelo trabalho.
Como resposta a tal premência, inúmeras ações estão sendo tomadas, entre elas a aplicação 
dos conceitos da ergonomia e da ginástica laboral. Essas iniciativas tornam mais aceitáveis as 
exigências provenientes do trabalho, uma vez que buscam equilibrá-las e amenizá-las. Para Silva e 
De Marchi (1997, p. 11):
o novo modelo empresarial do século XXI está baseado em indivíduos 
saudáveis, dentro de organizações saudáveis, que respeitam e contribuem 
para uma comunidade e meio ambiente saudáveis [...] representando 
negócios saudáveis, com melhores lucros e maior retorno do investimento. 
O grande capital da empresa é representado por pessoas capazes, aptas, 
sadias, equilibradas, criativas, íntegras e motivadas.
Os profissionais da área da saúde habilitados para trabalhar com esses clientes têm a responsabilidade 
de preparar-se para cumprir esse papel.
Serão estudados nesta disciplina os principais pontos que vão permitir o desenvolvimento 
profissional: o conhecimento sobre as características das diversas condições de trabalho, os processos 
deletérios advindos dessa necessidade humana e as possíveis intervenções profissionais para beneficiar 
os trabalhadores.
Segundo Zilli (2002, p. 27): 
a ginástica laboral, aliada à ergonomia, vem se apresentando como a 
solução encontrada pelas empresas para lidar com as graves consequências 
desse contexto, pois elas perceberam que a melhor saída para evitar 
doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, gastos com licenças e baixa 
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produtividade decorrentes de fadiga e desmotivação dos trabalhadores é a 
prevenção [...] mediante a educação no trabalho, que envolve a segurança 
e a boa qualidade de vida, associadas aos objetivos da empresa, bem como a 
atividade física orientada por profissionais qualificados.
Ao fim da disciplina, além do conhecimento adquirido, o aluno será confrontado com um desafio 
maior: o desenvolvimento de projetos e de uma visão empreendedora, características desejadas pelo 
mercado de trabalho, com as quais poderá aprender a diferenciar-se.
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ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Unidade I
1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO TRABALHO, DAS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS 
E DA GINÁSTICA LABORAL
A história revela as necessidades do passado que moldaram o panorama atual do trabalho e de suas 
repercussões na saúde. É importante conhecer a evolução desse processo para entender a realidade do 
presente e as carências e possibilidades do futuro.
1.1 História e evolução do trabalho e das organizações empresariais 
O trabalho é uma necessidade humana. Mas a organização do trabalho nem sempre foi da forma 
como é conhecida hoje. Pessoa, Cárdia e Santos, citados por Candotti, Stroschein e Noll (2011, p. 700), 
enfatizam que as “mudanças e atualizações exigidas aos trabalhadores ocorrem em um ritmo muito 
elevado, geralmente maior que a própria capacidade humana pode suportar”.
O sucesso na busca de alimentação e proteção era proporcional às melhores condições de sobrevivência 
humana na Pré-História. Aqueles que conseguiam proteção das ameaças e meios de obtenção da 
alimentação através da coleta e da caça eram mais bem-sucedidos. Os indivíduos preparados fisicamente 
e com competência intelectual para resolver as questões que se impunham conseguiam sobreviver. 
Os demais, nem sempre. A boa condição física já era um dos determinantes nessa conjuntura.
Figura 1 – A evolução das habilidades humanas foi um processo de especialização 
que culminou no panorama atual do trabalho em uma sociedade evoluída 
Com a evolução da espécie humana e de seus relacionamentos sociais, suas técnicas de cultivo 
e criação de animais, foi possível assentar comunidades em locais férteis, e o aumento populacional 
gerou novas demandas.
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Unidade I
A especialização tornou-se uma forma de aumentar a eficiência do esforço de cada 
indivíduo em busca do bem comum. Indivíduos mais aptos a lutar e defender a comunidade 
responsabilizavam-se por essa tarefa, enquanto aqueles com maior sensibilidade para o cultivo 
de alimentos, ou para a confecção de mantas para o frio, por exemplo, especializavam-se, cada 
um na sua melhor função. 
A manufatura de alguns itens tornar-se-ia importante de diversas formas. Em uma comunidade 
isolada de pescadores, por exemplo, um membro que fosse capaz de fazer uma canoa a partir de um 
tronco de árvore era encarregado de buscar a árvore correta, na época do ano em que a madeira 
estivesse pronta, para então cortar a árvore, transportá-la e preparar o tronco. Somente depois fazia a 
escavação com ferramentas apropriadas, por meio da técnica ensinada por seus antepassados. Assim, 
sua comunidade, que vivia isolada, seria capaz de ter um meio de transporte que lhe possibilitaria 
buscar a sobrevivência pela pesca. Uma maior população local precisaria de mais alimentos, portanto, 
de mais canoas.
Aquele indivíduo, que antes era responsável por todo o longo processo, agora precisará produzir 
diversas canoas para a população aumentada. Ele não terá mais o ano inteiro para fazer apenas 
uma canoa em todas as suas etapas, mas vai se aperfeiçoar no conhecimento que apenas ele detém, 
e deverá então designar a outras pessoas a tarefa de procurar árvores apropriadas, cortá-las e 
carregá-las pela mata. Assim, o indivíduo qualificado vai receber vários troncos ao longo do ano 
e poderá fazer várias canoas.
Figura 2 – Canoa rudimentar. Algum membro dessa comunidade detém a 
técnica ancestral e é capaz de confeccioná-la a partir de um tronco
Portanto, apesar de não precisar mais fazer todo o trabalho sozinho (deixando de executar boa parte 
do trabalho pesado), um indivíduo especializado vai realizar mais vezes a mesma tarefa (no exemplo 
anterior, escavar o tronco para virar uma canoa). Ao fazer apenas o que domina melhor, vai repetir 
os mesmos gestos com uma frequência elevada. O uso de ferramentas apropriadas à tarefa também 
direciona o gesto (e suas repetições) de forma a buscar a eficiência, gerando, por sua vez, desgaste 
muscular, articular e fisiológico repetidos.
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ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Figura 3 – Cada função a ser executada possui uma característica que exigirá do corpo determinada força, 
resistência, flexibilidade, potência etc. A chave da ginástica laboral é identificar as solicitações mais 
importantes e agir para preparar o organismo e amenizar as sobrecargas
O uso de inovações tecnológicas também faz parte desse processo de especialização e evolução do 
trabalho. Por exemplo, se um escravo precisava moer cana-de-açúcar em um engenho manual, que usava 
força humana para prensar a cana, ao passar a utilizar uma moenda com tração animal, será possível 
moer a cana em um tempo menor. Entretanto, certamente não será permitido que descanse durante 
o tempo economizado. Ele irá, sim, moer uma quantidade de cana muitas vezes maior, multiplicando 
o carregamento de fardos pesados em busca de uma maior produtividade.
Figura 4 – Nessa máquina de moer cana com tração animal, espera-se maior produtividade 
do que no engenho manual, pois o ser humano não precisará fazer força para rodar a máquina, 
mas passará a carregar muitos fardos de cana por dia, mais tonéis com o caldo da cana, 
e haverá maior quantidade de bagaço a ser descartada etc. 
A escravatura termina com a Lei Áurea (1888) e a industrialização prospera, com o advento da 
máquina a vapor. Surgem as grandes indústrias, necessitando de mais mão de obra, porque a velocidade 
de produção aumenta cadavez mais. A Revolução Industrial mudou para sempre a organização do 
trabalho, tornando a produção em larga escala uma forma predominante de beneficiamento.
A Revolução Industrial iniciou-se na Inglaterra no fim do século XVIII e concentrou o poder da 
industrialização nas mãos dos detentores de capital, uma vez que o investimento nessa nova tecnologia 
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Unidade I
era alto e não disponível a pequenos produtores. Essa concentração gerou o adensamento das vilas 
urbanas, caracterizando a mudança do modo de produção artesanal para o trabalho assalariado, inclusive 
nos demais países da Europa e depois no Brasil. Ainda hoje é possível reconhecer algumas indústrias que 
nasceram nessa época em diversas regiões de nosso país.
Figura 5 – Ainda utilizando o exemplo da cana-de-açúcar, observa-se que a prensa 
manual ou por animais foi substituída pela máquina a vapor, e posteriormente pelo diesel 
e pela eletricidade. Com isso, apesar da diminuição do esforço nessa tarefa, a sobrecarga 
humana passa a ocorrer nas fases de colheita, carregamento, manejo dos tonéis, retirada 
dos bagaços etc., tornando-se muito mais volumosa e repetitiva 
Figura 6 – Maquinário a vapor, utilizado a partir da Revolução Industrial 
em indústrias têxteis, adaptado depois ao transporte (trens a vapor e automóveis) 
e a muitas outras aplicações
As diversas fases da Revolução Industrial compreenderam o início do uso da máquina a vapor, 
os motores elétricos e à combustão interna, a indústria química fina e, por fim, a robotização e a 
informatização, junto com os avanços aeroespaciais. Sempre progredindo com as tecnologias de 
transporte, de comunicação e bélica, a Revolução Industrial transformou a vida das populações e sua 
relação de consumo e de trabalho.
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ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
 Saiba mais
O inigualável Charles Chaplin registrou em um de seus trabalhos 
a questão da opressão do trabalho e da repetitividade das tarefas sobre a 
saúde do trabalhador em um filme da época do cinema preto e branco que 
vale ser assistido: 
TEMPOS modernos. Dir. Charlie Chaplin. EUA: United Artists, 1936. 
87 minutos. 
Figura 7 – A tecnologia está presente na vida diária das pessoas e no ambiente 
de trabalho, às vezes com grande carga de repetição 
1.2 Evolução da administração moderna
Como consequência da maior e mais complexa organização da produção, evoluíram também as 
ciências para torná-la mais produtiva. Os princípios da administração e economia modernas foram em 
grande parte desenvolvidos juntamente com a nova organização da produção.
Em um conceito simplificado, podemos dividir a administração em quatro grandes funções: 
planejamento, organização, direção e controle. Cada uma dessas funções terá como visão norteadora 
o melhor funcionamento da empresa. Em tempos de pequenas produções, organizações familiares 
rudimentares e trabalho pouco ordenado, o hábito gerencial de cumprir as necessidades era suficiente 
para manter o funcionamento da empresa, mas com o maior porte das grandes empresas que foram 
surgindo, a profissionalização da administração foi vital para garantir a sobrevivência frente à 
concorrência que se estabeleceu.
Estudar a evolução do pensamento administrativo vai ajudar o profissional de ginástica laboral a 
entender as imposições de solicitações existentes na organização e as possibilidades de resolução que 
se encontram ao alcance dessa atividade de cuidado com a saúde. Limitaremos a nossa análise a alguns 
aspectos, apenas para promover uma visão inicial sobre o assunto.
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Unidade I
Na evolução da administração, podemos citar autores importantes, como: Jules Henri Fayol (teoria 
clássica da administração), Frederick Winslow Taylor (administração científica), Henry Ford (fordismo) e 
Elton Mayo (relações humanas no trabalho).
Fayol (1841-1925), um engenheiro francês, foi um dos pioneiros em definir a administração como 
forma de condução dos processos na empresa. Ele formulou os 14 princípios conhecidos como a base 
da administração clássica:
• Divisão do trabalho: tarefas específicas para cada indivíduo.
• Princípio da autoridade e da responsabilidade: devem estar bem definidas.
• Disciplina como forma de conduzir os objetivos.
• Unidade de comando: cada indivíduo responde a apenas um superior direto.
• Unidade de direção: ações devem buscar um objetivo comum.
• Subordinação do interesse particular em favor do interesse comum.
• Princípio de remuneração do pessoal.
• Centralização.
• Hierarquia: uma sequência determinada de autoridades, do primeiro nível até o nível mais inferior.
• Princípio da ordem.
• Equidade: tratar pessoas com benevolência e justiça no trabalho, mas usar o rigor e a disciplina 
quando necessários.
• Estabilidade pessoal.
• Princípio de iniciativa.
• Princípio de união do pessoal: espírito de equipe.
Para Couto et al. (1998), o fordismo, implementado na década de 1920 e persistindo como 
modo característico de trabalho por cerca de seis décadas, reuniu fatores que caracterizam 
sobrecarga ao trabalhador: 
(i) esteira de produção, eliminando a movimentação ativa do trabalhador; 
(ii) ritmo do trabalho ditado pelo ritmo da esteira, com o tempo para 
realização da tarefa alocado pelo engenheiro de tempos e métodos; 
(iii) superespecialização do trabalhador naquela tarefa.
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ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Figueiredo e Mont´Alvão (2008) sugerem um quadro-resumo dos principais movimentos históricos 
da administração, adaptado a seguir com foco nos pontos que podem interessar ao profissional de 
ginástica laboral:
Quadro 1 
Período Movimento/autor Principais características
Início do século XX
Henri Fayol
(administração clássica)
14 princípios da administração
Disciplina e ordem
Administração como planejamento, 
organização, direção e controle
Início do século XX
Frederick Taylor
(taylorismo)
Automatização do homem
Tempo ótimo: o ritmo é determinado 
pela gerência para completar cada 
tarefa
Mecanização na realização do trabalho 
humano
Início do século XX
Henry Ford
(fordismo)
Conceito linha de montagem
Ritmo determinado pela esteira
O trabalhador não se desloca, as peças 
são trazidas a ele
Basta repetir movimentos determinados 
e especializados para seu posto de 
trabalho
Fim da década 1920
Elton Mayo
(relações humanas no trabalho)
Valorização dos fatores psicológicos 
para a produtividade
Necessidades sociais a serem satisfeitas
Necessidade de trabalho em grupo
Década de 1940
Abraham Maslow
(teoria das necessidades)
Hierarquia de necessidades
Sentido do trabalho relacionado à 
satisfação das necessidades pessoais
Década de 1950
Dr. Armand V. Feigenbaum
(controle de qualidade total)
Qualidade como percepção do cliente
Atingir padrões de qualidade é 
responsabilidade de todos
Década de 1990 Administração participativa
Consideração com pessoas e 
equipamentos
Satisfação e necessidades dos 
envolvidos no trabalho
Adaptado de: Figueiredo e Mont’Alvão (2008, p. 34-35).
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Unidade I
 Lembrete
Estudar a evolução do pensamento administrativo vai ajudar o 
profissional de ginástica laboral a entender as imposições de solicitações 
existentes na organização e as possibilidades de resolução que se encontram 
ao alcance dessa atividade de cuidado com a saúde.
1.3 História da ginástica laboral
A ginástica laboral tem seu início relacionado às alterações das condições de trabalho advindas 
da Revolução Industrial. Uma de suas referências mais antigas é sua realização na Polônia em 1925 
(CARVALHO, 2007), como uma pausa no trabalho para aexecução de exercícios. 
Há relatos da ginástica laboral no Japão em 1928 (SAMPAIO; OLIVEIRA, 2008), como forma de 
ginástica preparatória para diminuir o estresse dos trabalhadores dos correios e promover qualidade 
de vida a eles (RIMOLI apud FERREIRA; SANTOS, 2013). Após alguns anos, há registros na Rússia e na 
Holanda, que usam exercícios diferenciados para cada necessidade dos trabalhadores (LIMA, 2008 apud 
FERREIRA; SANTOS, 2013).
A Rádio Taissô foi uma das manifestações de ginástica coletiva praticada desde o início 
do século passado no Japão, não só nas empresas, mas também nas escolas e pela população. 
Havia música tocada em alto-falantes enquanto se repetiam exercícios básicos, 
movimentando-se todos os segmentos corporais. Pode-se observar em algumas sequências 
gravadas que há um crescente de mobilização corporal até culminar em algumas repetições de 
polichinelos, e em seguida exercícios mais calmos para relaxar.
No Brasil, a prática foi trazida pelos imigrantes japoneses (LIMA, 2008 apud FERREIRA; SANTOS 
2013). Na cidade e no estado de São Paulo, instituiu-se o dia 18 de junho como o Dia da Rádio Taissô 
para preservar essa cultura.
 Observação
A Rádio Taissô é uma prática instituída em comemoração à posse 
do Imperador Hirohito, em 1º de novembro de 1928. Hoje conta com 30 
milhões de praticantes, e são atribuídos à pratica expansão de produtividade, 
redução de acidentes e doenças profissionais, aumento de aprovação nas 
escolas e diminuição de acidentes de trânsito (FERREIRA; SANTOS, 2013).
No Brasil, os primeiros relatos de prática da ginástica laboral são em indústrias e no Banco do Brasil, 
e registra-se no ano de 1969 a realização da ginástica laboral na indústria japonesa Ishikawajima, 
de construção naval, no Rio de Janeiro (DEUTSCH apud FERREIRA, SANTOS, 2013). A primeira publicação 
acadêmica do tema no Brasil foi realizada pela Feevale, em 1978 (CARVALHO, 2007).
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ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Hoje a ginástica laboral é um mercado em crescimento, mostrando que as empresas estão 
tentando melhorar a produtividade e diminuir os problemas de saúde associados ao trabalho. No Brasil, 
os conselhos federais de Educação Física e de Fisioterapia advogam desenvolvimento da capacitação 
para que seus profissionais ministrem a ginástica laboral. Antigamente era comum que um trabalhador 
de uma empresa ficasse responsável por conduzi-la, mas a prática caiu em desuso e ilegalidade com 
a regulamentação das profissões, caracterizando, atualmente, desvio de função e exercício ilegal da 
profissão.
Paralelamente, a área de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) evolui, e as empresas buscam 
outras ações complementares à ginástica laboral, com a finalidade de diminuir o estresse físico e 
psicológico do trabalho. Ações como quick massage, salas de descompressão, sala de jogos, ioga 
empresarial, academia in company, meditação e outras iniciativas são encontradas, dependendo 
das necessidades diagnosticadas.
Figura 8 – Além da ginástica laboral, as empresas buscam outras estratégias para melhorar a condição física 
do trabalhador em favor da produtividade – por exemplo, montar uma academia dentro da própria empresa 
1.4 Definições e benefícios da ginástica laboral
A ginástica laboral é a atividade física específica realizada no horário de trabalho, 
proporcionada pelo empregador e de prática facultada aos colaboradores, visando melhorias 
em sua condição física e psicossocial (benefícios individuais), geralmente planejadas para que 
provoquem benefícios empresariais. 
Para Lima (2008 apud FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2008), a ginástica laboral é um conjunto de 
práticas físicas elaboradas a partir da atividade profissional, visando compensar as estruturas mais 
usadas durante o trabalho e ativar as que não são requeridas.
Na visão de Martins (2011, p. 57), a ginástica laboral pode ser considerada 
uma pausa ativa realizada no ambiente de trabalho, composta de atividades 
específicas como alongamentos, massagens, atividades lúdicas e exercícios 
respiratórios, primariamente direcionada para as exigências psicofisiológicas 
do trabalhador e passível de implantação em qualquer local de trabalho.
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Unidade I
Para realizar uma sessão, pode-se utilizar o próprio espaço de trabalho dos funcionários quando 
possível, ou fazer um deslocamento pequeno para usar uma área mais apropriada à prática, sem, 
contudo, necessitar de instalação especializada, como uma quadra ou uma sala de ginástica.
Ginástica laboral não é o mesmo que ginástica em academia ou sessão de fisioterapia. Os objetivos 
são mais específicos, voltados aos trabalhadores e a aspectos de prevenção, e a estratégia deve preservar 
a possibilidade de retornar à rotina do trabalho logo após a sessão.
Para Dishman, O’Neal e Shephard (apud GRANDE; SILVA; PARRA, 2014, p. 55), a ginástica laboral 
é uma 
intervenção com exercícios físicos específicos para trabalhadores 
desenvolvida no local de trabalho e que visa melhorar desfechos gerais, 
como qualidade de vida e ambiente ocupacional, e desfechos específicos, 
como força muscular e flexibilidade.
Normalmente, a procura e a oferta da ginástica laboral visam suprir alguma necessidade identificada 
pela empresa, que seja alcançável através da diminuição de problemas relacionados às sobrecargas 
impostas ao trabalhador.
A ginástica laboral não pode ter caráter obrigatório. Portanto, os colaboradores da empresa devem 
ser constantemente conscientizados sobre os benefícios que pode trazer a eles individualmente, para 
que tenham sua percepção e sua participação incentivadas. Não pode ser oferecida fora do horário de 
trabalho, para que não configure legalmente que o funcionário está à disposição da empresa, tampouco 
subtrair o tempo de suas pausas estabelecidas.
Pode-se dividir os benefícios da prática da ginástica laboral em dois grupos: os benefícios aos 
colaboradores (trabalhadores) e à empresa.
 Lembrete
A ginástica laboral tem seu início relacionado às alterações das condições 
de trabalho advindas da Revolução Industrial. Uma de suas referências mais 
antigas é sua realização na Polônia em 1925, como uma pausa no trabalho 
para a realização de exercícios. 
1.4.1 Benefícios da ginástica laboral para os colaboradores
A ginástica laboral tem sido utilizada para atingir objetivos diversos, em geral atuando em processos 
fisiológicos ou psicossociais, que beneficiem a saúde do trabalhador. Pode-se compor um quadro com 
os benefícios mais procurados:
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ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Quadro 2 – Benefícios da ginástica laboral ao trabalhador
Diminuição de dores Melhor disposição
Melhor saúde geral Melhor condicionamento físico
Melhor postura Diminuição de lesões
Melhor qualidade de vida Mais ânimo
Melhora na resistência Melhora da autoestima
Menor fadiga Maior satisfação
Melhor relacionamento interpessoal Melhora no humor
Melhor flexibilidade Maior reconhecimento
Maior felicidade Diminuição do estresse
Diminuição do sedentarismo Diminuição da ansiedade
Aumento do bem-estar Aumento da motivação
Melhora na força
Pode-se agrupar os benefícios aos trabalhadores listados como benefícios físicos gerais, 
específicos (ligados ao trabalho) e benefícios psicológicos e sociais. Geralmente, cada um 
deles está relacionado a condições que acabarão por auxiliar o rendimento do trabalhador e, 
consequentemente, trazer vantagens às empresas.
Os benefícios físicos gerais estão associados à condição de saúde do trabalhador. Entre eles, 
pode-se citar a sensação de melhor saúde geral e a possibilidade de melhor condicionamento 
físico, muitas vezes aliada à mudança do comportamento sedentário para uma preocupação maior 
com atividade física regular e aspectos de saúde. 
O combateao sedentarismo não é o foco da ginástica laboral na maioria dos programas, pois 
não depende de exercícios específicos relacionados ao trabalho, mas sim de uma mudança no 
comportamento também no tempo fora do trabalho e da empresa, e uma simples sessão de ginástica 
laboral não é capaz de alterar esse quadro. Dependendo do programa, parte da comunicação 
pode ser dedicada à sensibilização, orientação e compreensão das mudanças de comportamento 
benéficas à saúde geral.
Os benefícios físicos específicos (ligados à execução do trabalho) são possibilitados conforme as 
características de cada função, a partir de seu entendimento e verificação das exigências físicas utilizadas. 
 Observação
A diminuição de dores nas costas em trabalhadores que possuem 
sobrecarga notável na região dorsal será buscada através de exercícios de 
relaxamento, alongamento e às vezes até massageamento. Dessa forma, 
o efeito da sobrecarga será combatido ou amenizado e haverá menor 
chance de desconforto, dor, falta ao trabalho ou até afastamento por 
esse motivo.
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57%
25%
19%
13%
50%
47%
60%
47%
25%
25%
44%
69%
54%
25%
7%
7%
Pescoço
Ombros
Cotovelos
Punhos e mãos
Coluna dorsal
Coluna lombar
Coxas e quadris
Joelhos
Pernas
Tornozelos e pés
Se
gm
en
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or
po
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l
Porcentagem
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
Funcionárias que relataram 
dor antes da GL
Funcionárias que relataram 
melhora da dor após a GL 
Figura 9 – Incidência de queixas de dor e desconforto físico em trabalhadores 
por regiões corporais antes e após a implantação da ginástica laboral, segundo uma pesquisa de Santos et al. (2007)
Outro exemplo interessante é a postura, que é uma característica de conhecimento e comportamento. 
Um programa de ginástica laboral pode ser esclarecedor ao trabalhador para conscientizá-lo da 
importância em assumir uma postura correta ao longo da jornada de trabalho, promovendo menor 
fadiga pela adequação do uso da musculatura e melhoria ergonômica da posição assumida, diminuindo 
a chance de dor, as faltas ao trabalho e a frequência ou duração de afastamentos.
O aumento de força também é um parâmetro a ser compreendido. O desenvolvimento de força em 
musculatura muito utilizada é desejável – por exemplo, o fortalecimento dos flexores e extensores do 
punho e dos dedos em usuários de computadores. Como a musculatura é muito usada em alta repetição 
e baixa carga, é possível trabalhar o fortalecimento ao longo das sessões de ginástica laboral.
Figura 10 – Altas taxas de repetitividade na digitação expõem os trabalhadores 
a sobrecargas que devem ser amenizadas e problemas que devem ser prevenidos
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ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL
Por outro lado, poder-se-ia presumir que a ginástica laboral contribui para aumento de força em 
um operário que precisa carregar sacos de 50 kg de cimento em sua jornada de trabalho, mas devido 
ao grande volume (intensidade e duração) já suportado, o trabalhador terá melhor aproveitamento 
do tempo de pausa com exercícios de alongamento, compensação e relaxamento. Adicionar mais 
sobrecarga é indesejável, pois a ginástica laboral não conseguirá produzir aumento de força devido à 
sua curta duração.
Flexibilidade e resistência também contribuem com benefícios físicos específicos ao possibilitar ao 
organismo uma maior proteção na execução do trabalho durante o dia. Musculaturas utilizadas por 
longo tempo em contração estática tendem a ser uma grande causa de queixa de dores – por exemplo, 
a musculatura lombar, que é uma das maiores causas de afastamento do trabalho.
Deve-se notar que os benefícios não são automáticos nem estão sempre todos presentes. 
Dependendo da característica do programa, dos objetivos, das estratégias de trabalho e do 
comportamento e comprometimento dos próprios participantes, o programa pode apresentar 
variações nos resultados.
Os benefícios psicossociais advindos da prática da ginástica laboral podem ser associados aos 
benefícios da prática de uma atividade física em grupo e à diminuição do desconforto provocado por 
dores. Muito citados na literatura e ligados à prática de atividade física regular, podem estar presentes 
em maior ou menor grau dependendo dos objetivos, da configuração do programa de ginástica laboral, 
da interação do grupo e de outros fatores. Assim, podemos mencionar: melhor disposição, diminuição 
do estresse, mais ânimo, maior satisfação, melhora do humor, aumento da autoestima, felicidade, 
bem-estar e motivação e diminuição da ansiedade.
Tabela 1 – Nível de satisfação antes e após o programa de ginástica laboral
Nível de satisfação Antes Após
Motivação 65% 97%
Disposição 58% 95%
Humor 72% 95%
Fonte: Santos et al. (2007, p. 111).
Os agentes estressores nas empresas podem ser externos (pressões conjunturais ou diretamente 
relacionadas ao exercício da função) ou internos (como cobranças internas, competições ou frustrações 
relacionadas ao trabalho ou colegas etc.), resultando no estresse ocupacional, como insatisfação, 
desajuste ao trabalho e problemas de relacionamento (com colegas, clientes, chefias e subordinados). 
Parte dessa carga estressora pode ser aliviada através de atividades do programa de ginástica laboral 
planejadas para esse objetivo.
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Unidade I
1.4.2 Benefícios da ginástica laboral para as empresas
Paralelamente aos benefícios gerados ao trabalhador, pode-se ainda enumerar os benefícios 
para a empresa:
Quadro 3 – Possibilidades de benefícios empresariais mediante 
a ginástica laboral e outros programas de produção de saúde
Diminuição de gastos com saúde Diminuição do absenteísmo
Maior satisfação com o emprego Diminuição do presenteísmo
Diminuição de LER/Dort Menos acidentes
Diminuição de afastamentos Aumento do lucro
Diminuição do tempo de afastamento
Maior qualidade
Diminuição de estresse no trabalho
Melhor trabalho em equipe Melhor imagem interna
Melhor imagem externa Diminuição de turnover
Aumento da produtividade Diminuição de processos trabalhistas
Todas as implicações da prática de ginástica laboral relatadas podem ter impacto positivo na 
produtividade e lucratividade.
Os benefícios às empresas podem ser analisados sob alguns parâmetros. O primeiro poderia 
ser a produtividade gerada por diminuição do absenteísmo (faltas ao trabalho), diminuição nos 
afastamentos do trabalho e na duração dos afastamentos, menos acidentes de trabalho, diminuição 
de ocorrência de LER/Dort (lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados 
ao trabalho).
O próximo fator que se pode analisar é um grupo de benefícios que tem a característica 
comportamental de melhorar a produtividade e a qualidade, como diminuição do presenteísmo 
(quando o trabalhador está presente, mas não se concentra no trabalho por estar com algo tirando 
sua atenção – baixa concentração), melhoria do trabalho em equipe (melhor entrosamento, 
promovendo melhor resultado), maior satisfação no trabalho, diminuição do turnover (taxa de 
saída e reposição de funcionários e custos associados de treinamento) por estarem mais satisfeitos 
no trabalho. A taxa de turnover alta significa altos custos de reposição de mão de obra, assim 
como uma diminuição do tempo médio de experiência profissional do grupo, repercutindo na 
qualidade de atendimento ou realização do serviço. Segundo Silva e De Marchi (1997), a instituição 
de programas de promoção de saúde nas empresas contribui para que os indivíduos passem “a 
gostar do trabalho [...] e a vestir a camisa da empresa”.
Algumas empresas se beneficiam ainda da imagem interna ou externa com seu 
investimento em ginástica laboral. Trabalhadores percebem que a entidade cuida da sua saúde, 
e isso gera uma imagem favorável para instituiçõesque mostram respeito e preocupação 
(JONASH; SOMMERLATTE apud FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2008). Já os concorrentes, fornecedores, 
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clientes, público externo em geral (população), profissionais da área, entre outros, irão enxergar 
a empresa que investe na saúde dos trabalhadores como uma organização diferenciada do ponto 
de vista social e de qualidade. Assim, essa visão externa torna-se um capital intangível de boas 
práticas adotadas no mercado. 
Outra categoria que se pode analisar é a de menor gasto financeiro. Os motivos? 
Despesas associadas a remuneração dos dias parados (afastamentos), gastos médicos, honorários 
advocatícios, acordos e indenizações em processos trabalhistas etc. Caso seja alvo de uma ação 
trabalhista, a empresa poderá alegar que, apesar de ter havido um dano, investe na prevenção 
através da ginástica laboral, na tentativa de que sua atuação para proporcionar atividades 
preventivas possa de alguma forma amenizar a gravidade de um caso tão delicado.
Ryan et al. (2018) estudaram a economia gerada por um programa de cuidado com a saúde realizado 
em um hospital com 1.400 trabalhadores na Austrália. Nele, a ação principal era uma sessão diária de 
6 minutos no início do turno de trabalho, permitindo que cada trabalhador tivesse um tempo para 
si, realizando exercícios de alongamento, equilíbrio, fortalecimento, relaxamento, trabalho postural e 
educação para a saúde, em um ambiente de interação social com outros trabalhadores. 
Prevenção
Trabalhadores 
sentem-se 
valorizados pela 
organização e 
melhoram sua 
saúde e sua aptidão 
física
Suporte à saúde 
na empresa
Atividades diárias 
em grupo durante o 
período do trabalhoIntervenção 
precoce
Alterações 
identificadas e 
manejo proativo
Reabilitação
No local de trabalho, 
mantém relações pessoais 
e identifica funções 
adequadas
Figura 11 – Plano conceitual do programa estudado por Ryan et al. (2018). Em torno do triângulo central, representando o programa 
diário de exercícios e educação, acoplam-se a prevenção e a valorização da saúde, as melhoras no reconhecimento precoce e no 
manejo do problema e um trabalho de reabilitação mantendo as relações no próprio ambiente 
Os principais resultados do estudo foram a diminuição de 30% em reivindicações por lesões, 57,5% 
de diminuição em gastos e tratamentos médicos e 68% de redução nos dias perdidos até o retorno ao 
trabalho, sendo o tratamento realizado com equipe e em ambiente conhecido um fator adicional de 
acolhimento e manutenção das relações sociais durante esse período.
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10
5
0
Período
Pré 3 Pré 2 Pré 1 Pós 1 Pós 2 Pós 3
N
úm
er
o 
de
 re
iv
in
di
ca
çõ
es
Figura 12 – Número total de reivindicações de compensação por problemas de saúde relacionados 
ao trabalho nos períodos pré e pós-implantação do programa de cuidado com a saúde 
Ainda no estudo de Ryan et al. (2018), notou-se que o desenvolvimento do conhecimento corporal, 
a sensibilização dos trabalhadores e a identificação precoce de problemas possibilitada por esses fatores 
fizeram crescer 45% o número de incidentes reportados ou indicadores de problemas de saúde, mas foi 
totalizada uma queda real de 46% nos custos de gastos com saúde considerados.
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
Período
Pré 3 Pré 2 Pré 1 Pós 1 Pós 2
Di
as
 d
e 
tr
ab
al
ho
 p
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di
do
s
Figura 13 – Total anual de dias de trabalho perdidos por problemas de saúde no período 
pré e pós-implantação do programa de cuidado com a saúde 
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A ginástica laboral torna-se, como parte do esforço para a saúde no trabalho e quando bem 
implementada, um investimento, e não apenas um gasto. De fato, pode reverter o capital investido 
em ganhos para as empresas, em um círculo virtuoso, através da geração de benefícios de saúde 
a seus trabalhadores.
Conforme Figueiredo e Mont’Alvão (2008), um programa de qualidade de vida instituído por uma empresa 
de Washington (EUA) forneceu prêmios a 52% dos 2.700 trabalhadores participantes, de US$ 250 a US$ 300 
por ano. Então, obteve o retorno de US$ 3.00 para cada US$ 1.00 investido nos nove anos do levantamento. 
Alguns estudos mostram que o impacto financeiro da ginástica laboral pode ser medido, como o que destacamos, 
no qual a empresa verificou uma economia de US$ 6.00 para cada dólar investido, em redução de gastos com 
saúde e de afastamentos por doenças e em aumento de produtividade (CARVALHO, 2007).
Para Kallas e Batista (2009), as sessões de ginástica laboral podem ser uma ferramenta para propagar 
importantes conceitos sobre saúde, assumindo um papel não só compensatório, mas de contribuição 
para mudança de comportamentos e melhoria da qualidade de vida.
2 CARACTERÍSTICAS E EXIGÊNCIAS TÍPICAS DO TRABALHO
O processo de evolução pelo qual passou (e passa) a relação homem versus trabalho gera novas 
situações, exigindo adaptações e soluções. No entanto, muitas das antigas solicitações do trabalho não 
deixaram de existir, apenas se tornaram menos frequentes. 
Para analisar as exigências típicas envolvidas nesses casos, faz-se uma divisão didática, categorizando-se 
os sujeitos como trabalhadores típicos de produção, por um lado, e, no outro extremo, típicos administrativos.
Deve-se lembrar que as diferentes funções exercidas pelos indivíduos não estão necessariamente nos 
dois extremos distintos, mas sim em uma gradual mescla entre esses extremos, que são os funcionários 
administrativos e os da produção.
O profissional de ginástica laboral deve ter essa visão clara e, a partir dela, assimilar as reais 
solicitações encontradas em cada ambiente para entender as sobrecargas sofridas e programar as 
atividades a serem propostas.
2.1 Tipificação do trabalho braçal, suas características e demandas
O trabalhador braçal também é conhecido como trabalhador de chão de fábrica, ou seja, geralmente 
envolvido em situação de produção, manejo, transporte e beneficiamento físico.
A principal característica desse ofício é o desgaste físico envolvido em sua realização. 
Tipicamente, essa categoria de trabalho requer o uso de grandes grupos musculares para fazer as tarefas. 
Movimentos que envolvem múltiplas articulações, com grande dispêndio de energia, são frequentes.
São amplas as possibilidades de qualificação dessa realidade. Serão discutidas a seguir algumas das 
situações de trabalho do ponto de vista das exigências físicas e cognitivas/psicológicas.
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2.1.1 Atividades que requerem grande aplicação de força
Força muscular é necessária em muitas funções laborais, e é definida como a capacidade de 
um músculo ou grupo muscular gerar torque em uma articulação específica (HAEFFNER et al. apud 
EICHINGER et al., 2016). Segundo os autores, a dor lombar afeta de 70 a 85% dos adultos em algum 
momento da vida, e pode ocorrer devido às atividades laborais, com sobrecarga de força, além de por 
outros fatores, como a permanência em posição estática e a repetição de movimentos.
A função de um pedreiro pode ser muito ilustrativa nessa análise. É grande o envolvimento físico 
nas tarefas a serem cumpridas: carregar sacos de areia e cimento, preparar a massa, transportar a massa 
até o local etc.
A maior parte dessas ações motoras exige alta mobilização muscular, o que fisiologicamente irá 
requerer compensações, que poderão ser atendidas por pausas e pelo programa de ginástica laboral.
Funções típicas com essa característica podem ser citadas, como carregadores, estivadores, 
trabalhadores em indústrias etc.
Uma subdivisão dessa análise pode ser feitaquando, além de grande intensidade, a força é aplicada 
subitamente, muitas vezes em situações de necessidade imediata. Por exemplo, uma peça grande de 
construção sendo içada por um guindaste, ao ser colocada no solo, sofre uma movimentação pendular, 
que precisa ser desacelerada pelos homens encarregados de auxiliar a colocação da carga no chão, sob 
o risco de lesões caso haja problemas na operação.
Segundo Dul e Weerdmeester (2012), movimentos bruscos geram picos de tensão, que podem produzir dores, 
e pausas são necessárias para recuperação quando a tarefa exceder 250 W de energia gasta (o metabolismo 
basal equivale a cerca de 80 W (1 W = 0,06 Kj/min = 0,0143 kcal/min). Para os autores, o peso máximo para 
alguém levantar deveria ser de 23 kg, em condições ideais, que seriam a carga próxima do corpo, com as duas 
mãos por meio de alças ou furos laterais, sem torcer o tronco, permitindo escolher uma boa postura e sem 
exceder um levantamento por minuto e no máximo uma hora de duração, ofertando em seguida 120% de 
tempo de repouso em relação ao tempo gasto no levantamento. 
Figura 14 – Movimentos pendulares da carga no guindaste exigem dos trabalhadores não apenas a aplicação de força, mas que tais 
ações sejam realizadas em um curto espaço de tempo (alta potência) para estabilizar a colocação da carga no solo. Essa característica 
é importante para o andamento da tarefa do trabalhador braçal e até para a segurança dele
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2.1.2 Movimentos repetitivos no trabalho braçal
Utilizando-se novamente o ofício de um pedreiro, o trabalho braçal pode ser caracterizado quando 
este profissional lida com cargas menores, mas repetidamente, executando movimentos. Assentar a 
massa em uma parede pode ser um bom exemplo de repetição e força. Vejamos a tarefa de um dos 
braços: pegar a massa com a colher, elevando-a sempre com o mesmo braço, e fazendo movimentos de 
vaivém na parede, com ajustes no ombro, cotovelo e punho, além da força de preensão da mão, para 
que o peso não seja derrubado.
Essa tarefa requer certos movimentos repetidos de flexão e abdução do ombro, flexão e extensão do 
cotovelo, pronação e supinação do antebraço, flexão e extensão do punho, sempre exercendo força na 
musculatura flexora dos dedos para manter o peso da massa em sua mão.
Outro caso típico nessa categoria de solicitação é o de um montador de móveis. Em uma conta 
simples, se um armário a ser montado utilizar 50 parafusos, entre a montagem das suas paredes, 
prateleiras, gavetas, portas etc., e se cada parafuso exigir cerca de 15 movimentos de supinação e 
pronação do antebraço, enquanto o montador ainda realiza força de preensão na mão, para que a chave 
de fendas não “escorregue” entre seus dedos, são necessários cerca de 750 movimentos repetidos de 
supinação e pronação do antebraço para montá-lo, sem contar as demais solicitações, como carregar as 
partes, encaixá-las e parafusá-las.
Mesmo com o uso de parafusadeiras automáticas, haverá exigências musculares e articulares 
significativas, pela ferramenta ter um peso considerável, por ter que ser segurada firmemente, por passar 
a existir algum nível de vibração, ou mesmo pelo fato de que, ao usar um artefato que facilita o trabalho 
ao diminuir o tempo de montagem de um móvel, é muito possível que se passe a exigir do trabalhador 
a montagem de dois ou mais móveis no tempo que for economizado pelo uso da ferramenta.
Ao longo de muitas horas de trabalho, essas solicitações de repetição de movimentos com alguma 
aplicação de força vão causar desgaste muscular e articular significativo. Muitos outros exemplos podem 
ser citados, como trabalhadores em linha de produção, auxiliares de limpeza e padeiros.
Figura 15 – Muitas profissões exigem o emprego de força moderada em repetições durante muitas 
horas de trabalho. Essa disposição é um dos alvos de programas de ginástica laboral 
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2.1.3 Desproporção entre exigências unilaterais
Essa característica do trabalho braçal diz respeito ao desequilíbrio entre os lados do corpo. 
Muitas funções são executadas predominantemente apenas de um lado, devido à posição assumida, 
tipo de ferramenta, destreza do trabalhador, segurança etc. 
Não se deve abordar nessa análise apenas o uso de um dos lados do corpo, que ficará mais forte ou 
mais fatigado, fato já tratado nos itens anteriores, mas também o desequilíbrio que pode ser gerado no 
corpo humano.
Quando o desequilíbrio de utilização é grande, poderá causar dores que a médio prazo irão 
comprometer o rendimento no trabalho e a vida social. Com essa solicitação permanente, ao usar sempre 
os mesmos grupos musculares unilateralmente, estes serão exigidos desproporcionalmente, afetando 
muitas vezes o alinhamento da coluna vertebral.
Figura 16 – Quando o esforço físico é repetidamente muito maior de um lado do que do outro, 
gera um desequilíbrio muscular com o passar do tempo de trabalho, que pode ocasionar 
comprometimento muscular e até desvios posturais 
Ainda considerando o exemplo do pedreiro, os gestos citados de assentamento da massa na parede 
em geral são unilaterais, usando o braço dominante, seja na característica de força, para que suporte 
a necessidade de sustentar o peso, seja no aspecto da habilidade e destreza, quando se exige um 
acabamento uniforme.
Entre esportistas profissionais, é possível encontrar tais desequilíbrios, e o seu treinamento é 
planejado para que malefícios não sejam sentidos. É notável a carga diferenciada de trabalho entre o 
braço dominante e o outro braço de um tenista. Modernamente, a ciência já mostrou o valor de um 
trabalho equilibrado.
Analisando novamente o trabalhador braçal comum, pode-se citar outras funções que possuem a 
característica de força unilateral importante, como um caixa de supermercado, que transpõe os produtos 
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de um lado para o outro, um trabalhador de limpeza, ao limpar as janelas ou varrer o piso, e um repositor 
de estoques, que usa uma das mãos para retirar o produto da caixa e a outra mão para erguer o produto 
até a prateleira.
A) B) 
Figura 17 – Muitos equipamentos são utilizados forçando um lado do corpo, seja pelo posicionamento 
mais favorável (painel lateral), seja pelo manuseio unilateral (materiais de limpeza)
2.1.4 Muito tempo na posição em pé
Trabalhadores de produção muitas vezes realizam funções nas quais o deslocamento é 
importante, como carregadores, varredores e entregadores, ao passo que outras funções são 
executadas na posição em pé com membros inferiores estáticos, enquanto os membros superiores 
fazem alguma tarefa ou há pequenos deslocamentos para pegar uma peça ou ajustar a posição 
do corpo frente a uma peça.
Essa necessidade pode ter desdobramentos diversos: no caso de se trabalhar em pé parado, haverá 
uma sobrecarga na musculatura dorsal, especialmente lombar, e uma possível diminuição de retorno 
venoso dos membros inferiores, pela falta de ação muscular na posição parada. Se o trabalho for 
realizado em pé e em movimento, haverá grande demanda energética e fadiga na musculatura de 
membros inferiores devido à grande distância percorrida.
Para Dul e Weerdmeester (2012), é essencial intercalar a posição em pé com a posição sentada ou 
andando para aliviar a sobrecarga. 
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2.1.5 Trabalho em posições forçadas
Outra característica presente em diversas funções consideradas como trabalho braçal é a 
possibilidade de o trabalho ser realizado em posição não anatômica.
Figura 18 – O trabalho em posição forçada, mesmo aquele em que não seja necessário executar 
força, causará uma demanda estáticaimportante para ser compensada por um programa de ginástica laboral 
Certas tarefas obrigam o trabalhador a assumir uma posição forçada, muitas vezes necessária para 
conseguir alcançar uma peça, ou encontrar uma posição em que seja possível aplicar força etc.
Quando se necessita assumir uma posição pouco natural, a musculatura precisa sustentar o peso 
corporal, ao contrário de uma postura equilibrada. Dessa forma, haverá um desgaste por conta da força 
empregada para assumir essa posição e, se for preciso manter tal postura por muito tempo, haverá uma 
fadiga por causa dessa solicitação.
É importante considerar a variação de posturas, e o estresse de permanecer com o tronco inclinado 
pode gerar dores no pescoço e nas costas (DUL; WEERDMEESTER, 2012).
O programa de ginástica laboral deve considerar esse aspecto e providenciar a devida compensação 
ou relaxamento das estruturas envolvidas.
Figura 19 – Parece cômodo trabalhar deitado, mas essa posição de abdução dos braços 
forçará o mecânico a realizar trabalho muscular para adução dos braços por tempo prolongado, 
fatigando a musculatura peitoral, tríceps e deltoides. Se houver necessidade de elevar a cabeça do chão, 
para poder enxergar o acesso às peças, ainda mais desgastante será a posição 
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2.1.6 Outras características do trabalho braçal
Além das características citadas, é possível identificar outros fatores típicos de trabalhadores 
braçais. Assim, o profissional de ginástica laboral deve estar atento a quais aspectos são os mais 
importantes para aquele grupo para o qual pretende montar o programa, e então será possível 
atender às suas necessidades.
Deve-se, ainda, estar preparado para verificar as exceções. Alguns trabalhos, apesar de serem 
realizados na linha de produção, em vez de requererem força, podem se assemelhar a trabalhos de 
controle, portanto, em muito se aproximando das características do trabalho administrativo, que serão 
analisadas a seguir.
Figura 20 – Apesar de estar na linha de produção, este operário tem característica 
de trabalhador administrativo, observando um painel e pressionando os controles. 
É importante considerar, ainda, a posição do trabalho em pé e a presença de ruídos e vibrações 
2.2 Tipificação do trabalho administrativo, suas características e demandas
No outro extremo dos aspectos típicos de trabalho está o chamado trabalho administrativo. 
Também há uma série de fatores que o destacam para poder identificar quais solicitações são as mais 
comuns nesse tipo de função.
O trabalhador administrativo é definido como aquele que cumpre tarefas ligadas a decisões ou 
procedimentos diversos com mais atuação cognitiva do que uso de grandes grupos musculares. 
Logicamente, ele utilizará movimentos sempre que necessário, pois muitas tarefas exigem algum 
tipo de interação, como falar ao telefone, escrever, digitar, bem como pequenos deslocamentos, 
às vezes apresentações em reuniões ou atividades em grupo. Entretanto, esses movimentos 
são pouco significativos em relação ao dispêndio energético, sendo que muitos trabalhadores 
administrativos passam a maior parte do tempo sentados.
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Figura 21 – O trabalho administrativo é marcado pelo intenso envolvimento 
cognitivo, com pouca ação muscular. Escrita, digitação, comunicação e discussões 
são algumas das principais atividades exercidas 
Acentuaremos agora alguns dos atributos típicos do trabalho administrativo.
2.2.1 Trabalho sentado e sedentarismo
Muitas das funções do trabalho administrativo podem ser realizadas na posição sentada, o que, 
de certo modo, é interessante para evitar o cansaço provocado pela posição em pé, típica do grupo de 
trabalhadores anteriormente estudado.
Todavia, muitas horas por dia de jornada de trabalho na posição sentada também não trazem 
benefícios ao organismo, podendo gerar, além da condição sistêmica de sedentarismo, problemas 
relacionados à posição assumida. Um traço importante do trabalho sentado é a diminuição da circulação 
sanguínea nos membros inferiores. 
Outra influência da posição sentada é a sobrecarga da coluna, especialmente na região lombar, 
e muitas vezes na região cervical, podendo ser associada a problemas ergonômicos, que serão analisados 
adiante. Um programa de ginástica laboral pode abordar essas objeções, ao realizar atividades para 
membros inferiores e coluna.
Adicionalmente aos prejuízos à saúde causados por muito tempo na posição sentada, não se pode 
deixar de considerar que muitos trabalhadores não se sentam corretamente, acarretando problemas 
ainda maiores. Assim, a integração da ginástica laboral com a ergonomia poderá trazer resultados 
favoráveis para os trabalhadores.
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Figura 22 – Trabalhar sentado também gera sobrecarga física na coluna 
e nos membros inferiores, e isso deve ser compensado para não 
causar prejuízos físicos permanentes 
O sedentarismo não pode ser totalmente combatido em uma sessão de ginástica laboral do 
ponto de vista fisiológico, pois, pela duração curta que a sessão possui, não será capaz de reverter 
o quadro. Por isso, será visto mais adiante que um dos componentes do programa pode ser 
educacional, complementando o pouco tempo de sessão com o incentivo à mudança de hábitos 
em outros horários do dia.
2.2.2 Movimentos repetitivos
Uma das características mais presentes e típicas do trabalhador administrativo é a realização de 
movimentos repetitivos de pequenos grupos musculares, como na escrita ou na digitação.
Movimentos repetitivos diversos, como escrita manual, uso constante de carimbos, mouse, 
calculadora, manuseio de botões ou painéis, são a demonstração da presença de repetições na 
rotina. Sem dúvida, são pontos de atenção no estudo das funções executadas pelo trabalhador, 
mesmo com baixa força envolvida. A repetição deve ser considerada, e o profissional de ginástica 
laboral deve observar em quais condições o trabalhador realiza os movimentos, bem como sua 
intensidade e frequência. Assim, terá a informação da relevância do movimento em relação ao 
desgaste do trabalhador, bem como das necessidades a serem consideradas para o planejamento 
do programa de ginástica laboral.
A digitação, em especial, tornou-se uma grande preocupação das empresas, pela sobrecarga na 
musculatura flexora e extensora dos dedos e estruturas anatômicas envolvidas. Trata-se de uma 
demanda muito importante, típica de trabalhadores administrativos, e sua relevância será verificada na 
Norma Regulamentadora 17 (NR 17), que dispõe especificamente sobre este tópico.
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2.2.3 Estresse e sobrecargas diversas
O setor administrativo possui uma dinâmica que, muitas vezes, pode ser considerada demasiadamente 
estressora. Realização de muitas atividades ao mesmo tempo, cobrança por prazos, hierarquia rígida, 
relações interpessoais não favoráveis, entre outras causas, podem fazer com que o indivíduo trabalhe 
em condição de estresse emocional constante.
O estresse ocasional faz parte de diversas funções administrativas, mas quando os agentes estressores 
são permanentes os prejuízos aos trabalhadores são consideráveis. Em geral, as empresas reconhecem 
tal carga negativa e adotam a ginástica laboral como forma de combater parte das causas de estresse. 
A responsabilidade assumida no trabalho administrativo pode ser muito estressora, e a concentração 
de responsabilidades também se torna um fator estressante muito grave, chegando a prejudicar as 
relações interpessoais no trabalho.
Figura 23 – Trabalhadores do setor administrativo lidam com uma 
série de fatores estressores típicosda sua atuação 
Ao finalizar essa análise das características dos trabalhadores da produção e da administração, 
deve-se lembrar que esses mundos extremos não são isolados. Muitos trabalhadores da administração, 
por exemplo, deparam-se com a tarefa de ter que “transportar” os documentos burocráticos. Carregar os 
documentos remete a um traço do trabalhador braçal, apesar de estar em um ambiente administrativo. 
Da mesma forma, um operário de uma linha de produção pode passar parte do tempo conduzindo 
uma máquina ou computador que controla o processo. Ele está exercendo uma função tipicamente 
administrativa, embora trabalhe diretamente no chão de fábrica. Assim, o profissional de ginástica 
laboral deve ter a clareza para analisar as funções desempenhadas em cada departamento, para poder 
conhecer as principais demandas do trabalho e programar a melhor forma de ação.
3 ERGONOMIA
A ergonomia é uma valiosa ferramenta para o profissional de ginástica laboral. A palavra vem do 
grego ergon (trabalho) e nomia (normatização, regras). Segundo a International Ergonomics Association 
(IEA), a ergonomia (fatores humanos) pode ser definida como 
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disciplina científica que trata do entendimento da interação entre humanos e 
outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica a teoria, princípios, 
dados e métodos a projetos, a fim de otimizar o bem-estar humano e a 
performance geral do sistema (IEA, 2018).
Para Gonçalves (2008, p. 466 apud CALASANS, 2014), ergonomia é “a ciência que estuda a 
adaptação do trabalho ao homem, visando propiciar uma solicitação adequada do trabalho, evitando 
desgaste prematuro de suas potencialidades profissionais e objetivando alcançar a otimização do 
sistema de trabalho”.
A origem da ergonomia, do ponto de vista moderno, voltado à produtividade, vem da área militar 
em razão da Segunda Guerra Mundial, quando se verificou que uma maior adaptação do homem e de 
suas ferramentas/ambiente de trabalho pode otimizar a eficiência. Acesso aos comandos das armas e 
posição de trabalho em aviões, por exemplo, foram sendo estudados e gradualmente adaptados para 
uma melhor interação homem-máquina.
A partir dessa origem mais moderna, a ergonomia foi sendo utilizada nas mais diversas áreas. 
Hoje em dia, desde a culinária e a escrita, até os painéis de instrumentos dos carros e os cabos dos 
secadores de cabelo são desenhados pensando em seu uso facilitado. Produtos tão diferentes como 
teclados e mouses de computador e canetas ganham benefícios na usabilidade quando levam em conta 
as questões ergonômicas em seu design. A questão se mostra sedimentada em parte da população, 
pois as áreas de marketing das empresas fazem menção à questão ergonômica para comprovar a 
superioridade de seu produto. Até mesmo a área de software vai usar os recursos da ergonomia para 
adequar programas de computador e aplicativos de celulares para uma melhor utilização.
 Saiba mais
Os sites a seguir destacam a abrangência da ergonomia, uma vez que 
neste livro estão concentradas informações sobre a questão da posição e 
dos movimentos relacionados ao corpo humano durante o trabalho.
Associação Brasileira de Ergonomia: <http://www.abergo.org.br>
International Ergonomics Association: <https://www.iea.cc/index.php>
O trabalho da ergonomia deve iniciar-se conhecendo o ser humano, que, além de não ser 
completamente entendido, apresenta variações pessoais muito importantes. Vejamos algumas 
características psicofisiológicas do ser humano que devem ser consideradas no enfoque da ergonomia:
Prefere escolher livremente sua postura, dependendo da exigência das 
tarefas e do estado de seu meio interno.
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Prefere utilizar alternadamente toda a musculatura corporal, e não 
apenas determinados segmentos corporais.
Tolera mal tarefas segmentadas com tempo exíguo (especialmente quando 
o tempo é externamente determinado).
É compelido a acelerar sua cadência quando estimulado pecuniariamente 
ou por outros meios, não levando em conta os limites de resistência de seu 
sistema musculoesquelético (BRASIL, 2002). 
Enquanto isso, no trabalho, a intenção é utilizar a ergonomia de forma a adaptar ferramentas, 
postos de trabalho, organizações e processo produtivo ao homem, no intuito de proporcionar maior 
conforto, segurança e produtividade.
A)
B)
Figura 24 – A evolução das máquinas com enfoque na ergonomia visa uma maior 
produtividade do trabalho, partindo da colheita manual para máquinas rudimentares 
e, como mostrado nas duas imagens, uma condição de trabalho melhorada, desde 
uma colheitadeira mais simples e mecânica (A) até sua evolução, computadorizada (B) 
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Moraes e Soares (apud FIGUEIREDO; MONT´ALVÃO, 2008) afirmam que a ergonomia possibilita:
Maximizar conforto, satisfação e bem-estar.
Garantir a segurança.
Minimizar constrangimentos, custos humanos e carga cognitiva, psíquica e 
física do operador e/ou usuário.
Evitar doenças profissionais, lesões e mutilações do trabalhador.
Otimizar o desempenho da tarefa, o rendimento do trabalho e a produtividade 
do sistema homem-máquina.
O entendimento de ergonomia pelo profissional de ginástica laboral vai levá-lo a interpretar 
corretamente as necessidades dos trabalhadores. A abordagem neste livro vai destacar o enfoque 
de avaliação e colaboração, pois para atuar no desenvolvimento de sistemas e alterações maiores o 
profissional precisará buscar maior especialização nessa área.
As especializações possíveis segundo a International Ergonomics Association (IEA, 2018) são: 
• Ergonomia física: relacionada a anatomia, fisiologia, biomecânica e antropometria, incluindo 
posturas, movimentos executados, cargas movimentadas e leiaute do posto de trabalho.
• Ergonomia cognitiva: trata dos processos mentais e de como estes afetam a relação do homem 
com os outros elementos do sistema. Percepção, memória, julgamento, tomada de decisão, 
estresse e interação com o computador são alguns dos temas desta área.
• Ergonomia organizacional: a otimização dos processos sociotécnicos faz parte desta área. 
Estrutura, políticas, processos, comunicação, organização do trabalho, horários, equipes, trabalho 
a distância e administração da qualidade são tarefas tipicamente desenvolvidas, entre outras.
Figura 25 – Sistemas de interação para computadores devem ter um design que 
facilite a interação com o trabalhador, gerando economia de tempo e de movimentos 
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A atuação em ergonomia do profissional de ginástica laboral terá, então, objetivos coadjuvantes 
na busca de melhores condições através da aplicação do conhecimento de ergonomia deste 
profissional na análise das condições de trabalho encontradas e, em especial, no posicionamento 
dos segmentos corporais e na conscientização preventiva. Eventualmente, a pedido da empresa 
contratante, o conceito de ergonomia poderá ainda ser aplicado para pequenas orientações, como 
postura para sentar-se, para levantar uma carga, ou organização e posicionamento do teclado, 
monitor etc. À medida que o profissional se especialize nas áreas acentuadas, poderá assumir um 
papel de maior intervenção.
Quando um posto de trabalho ou a organização da execução da tarefa já tiver passado por análise 
de um ergonomista ou indivíduo designado para tal, o profissional de ginástica laboral não deverá fazer 
intervenções, para não afetar o planejamento que foi realizado.
Figura 26 – A natureza da tarefa e o ambiente para realizá-la são componentes 
importantes na avaliação da ergonomia. Uma simples anteriorização 
da cabeça aumenta a força necessária para

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