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Procedimentos técnicos em feridas e curativos

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AN02FREV001/REV 4.0 
 1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
PROCEDIMENTOS TÉCNICOS EM 
FERIDAS E CURATIVOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
PROCEDIMENTOS TÉCNICOS EM 
FERIDAS E CURATIVOS 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 3 
 
 
SUMÁRIO 
 
MÓDULO I 
 
1 APRESENTAÇÃO 
2 PELE 
2.1 FUNÇÕES VITAIS E IMPORTÂNCIA DE SUA PRESERVAÇÃO 
2.2 ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS 
2.2.1 Morfologia Cutânea 
2.2.1.1 Epiderme 
2.2.1.2 Derme 
2.2.1.3 Substância Fundamental 
2.2.1.4 Material Fibrilar 
2.2.1.5 Hipoderme 
2.2.2 Anexos Cutâneos 
2.2.2.1 Glândulas Sudoríparas 
2.2.2.2 Aparelho Pilossebáceo 
2.2.2.3 Unhas 
2.2.3 Inervação Cutânea 
2.2.3.1 Terminações Nervosas Livres – Dor 
2.2.4 Vascularização Cutânea 
2.2.4.1 Vasos Sanguíneos 
2.2.4.2 Vasos Linfáticos 
2.2.5 Musculocutâneos 
2.2.6 Fisiologia Cutânea 
3 FERIDAS: UM PROBLEMA DE SAÚDE COLETIVA 
3.1 AVALIANDO A FERIDA 
3.2 PROCESSO DE AVALIAÇÃO 
3.2.1 Avaliação da pessoa 
3.2.2 Avaliação da ferida 
3.2.3 Classificação da ferida 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 4 
3.2.4 Tipos de escalas para avaliação da dor 
 
MÓDULO II 
 
4 CUIDANDO DE PESSOAS COM FERIDAS: CONHECIMENTOS E 
COMPETÊNCIAS TÉCNICAS, CIENTÍFICAS E HUMANAS 
5 FASES E ESTÁGIOS DE EVOLUÇÃO DO PROCESSO CICATRICIAL 
5.1 FASE DE HEMOSTASIA 
5.2 FASE DE INFLAMAÇÃO 
5.3 FASE PROLIFERATIVA 
5.4 FASE DE EPITELIZAÇÃO 
5.5 FASE DE MATURAÇÃO 
6 FATORES ADVERSOS AO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO E 
RESPONSABILIDADES DA ENFERMAGEM 
7 COMPETÊNCIA HUMANA E ÉTICO-LEGAL NA AVALIAÇÃO E TRATAMENTO 
DE FERIDAS 
8 MODELO DE FLUXO DE ATENDIMENTO E ALGUNS RESULTADOS OBTIDOS 
9 RECURSOS PARA O TRATAMENTO DE FERIDAS E IMPORTÂNCIA DO 
CONTROLE DE INFECÇÕES 
9.1 LIMPEZA 
9.2 MÉTODOS DE DESBRIDAMENTO 
9.2.1 Desbridamento Autolítico 
9.2.2 Desbridamento Mecânico 
9.2.3 Desbridamento Cirúrgico 
9.2.4 Desbridamento com Instrumental Conservador 
9.2.5 Desbridamento Enzimático 
9.2.6 Desbridamento Biológico 
10 PRODUTOS MAIS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE FERIDAS 
10.1 ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS 
10.2 ALGINATO DE CÁLCIO E SÓDIO 
10.3 BOTA DE UNNA 
10.4 CARVÃO ATIVADO E PRATA 
10.5 CLOREXIDINA 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 5 
10.6 COLAGENASE 
10.7 COBERTURA NÃO ADERENTE ESTÉRIL 
10.8 FILME TRANSPARENTE SEMIPERMEÁVEL 
10.9 HIDROCOLOIDE 
10.10 HIDROGEL: AMORFO OU EM PLACA 
10.11 HIDROPOLÍMERO 
10.12 PAPAÍNA 
10.13 PROTETORES CUTÂNEOS PARA ESTOMAS 
10.14 SULFADIAZINA DE PRATA A 1% 
11 OXIGÊNIO HIPERBÁRICO 
12 ATRIBUIÇÕES DOS DIFERENTES PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NA 
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE FERIDAS 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ANEXOS 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 6 
 
MÓDULO I 
 
 
1 APRESENTAÇÃO 
 
 
O tratamento de feridas é um processo dinâmico, que requer constante 
atualização por parte dos profissionais de saúde, visto que envolve inúmeros 
componentes e ações, que não se restringem a simples troca de curativos ou 
indicação de coberturas (MANDELBAUM, 2003). 
Os novos conhecimentos sobre os processos envolvidos na cicatrização e 
as constantes descobertas sobre tecnologias e recursos são, ao mesmo tempo, um 
fato extremamente positivo, mas também um grande desafio, pois exigem dos 
profissionais de enfermagem sólida formação e permanente capacitação em relação 
aos aspectos biológicos, socioeconômicos e psicossociais que envolvem o cuidado 
às pessoas com feridas (BRANDÃO, 2004). 
As instituições prestadoras de atenção à saúde e a comunidade exigem 
cada vez mais um perfil profissional pautado no tripé: conhecimento, habilidade 
técnica e ética, responsabilidade social e ambiental, por meio de uma atuação 
competente e com base em acurada evidência científica na escolha das melhores 
condutas e na tomada de decisão em cada situação específica. 
Podemos afirmar que a última década marcou uma verdadeira revolução nos 
conhecimentos teóricos e, consequentemente, nas condutas práticas relacionadas 
aos cuidados com feridas. 
Estas mudanças exigem que os profissionais de enfermagem revejam 
conceitos e práticas, desenvolvam novos protocolos, e tomem decisões que 
resultem em propostas mais eficazes face aos problemas que envolvem os cuidados 
com a pele e o tratamento de feridas. 
A realização de curativos de forma adequada é uma parte importante do 
tratamento de feridas, tanto para a prevenção de complicações, como para a sua 
resolutividade, devendo ser parte integrante do cuidado integral à saúde das 
pessoas (BORGES, 2005). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 7 
Focalizaremos a importância do preparo adequado dos profissionais de 
enfermagem para avaliação das condições da pele e do seu conhecimento como o 
maior órgão do corpo humano, por suas funções vitais e pelos impactos provocados 
pelas feridas nas pessoas por elas acometidas (MANDELBAUM, 2007). 
Dados publicados por organizações nacionais e internacionais demonstram 
que as feridas, agudas e crônicas, representam um importante problema de saúde 
pública, tanto no Brasil como na maioria dos países, o que requer um grande 
investimento na formação de recursos humanos devidamente capacitados para 
atuar de forma competente frente a este sério agravo, contribuindo, desta forma, 
para a redução dos elevados índices de morbimortalidade hoje registrados pelos 
diferentes tipos de feridas pelos profissionais da rede (GNEAUPP, 2008). 
No Brasil, o Conselho Federal de Enfermagem e várias associações de 
especialistas têm procurado chamar a atenção para a necessidade de projetos de 
capacitação nesta área do cuidado de enfermagem, tendo sido identificadas várias 
lacunas em relação à abordagem do paciente, à indicação do tratamento para o 
mesmo, à dificuldade de organizar e sistematizar a assistência prestada ao paciente 
portador de ferida, com a prática de condutas inadequadas, ultrapassadas e 
desprovidas do necessário embasamento técnico e científico (COFEN, 2008). 
Diante destas demandas evidenciou-se a necessidade de elaboração deste 
conjunto de módulos didáticos, que contribuem para a atualização de informações e 
conhecimentos, bem como, servem de ferramenta didático-pedagógica para a 
reciclagem dos que já atuam nesta área, ou daqueles que estejam em fase de 
formação e se deparam com a falta deste tipo de conteúdo nos cursos de formação 
profissional. 
Com esta ferramenta, visamos ainda oferecer um guia de referência para a 
prática, contribuindo para a criação de um padrão de abordagem multidisciplinar nas 
ações dos profissionais e sistematizar a assistência a ser prestada. 
Fornecendo subsídios para a implementação de uma assistência mais 
satisfatória e com maior qualidade aos portadores de feridas, pretendemos provocar 
a reflexão crítica e motivação para mudança nas atuais condutas, incentivando a 
criação de novos modelos, que estimulem a criatividade dos profissionais e 
valorizem a educação para a saúde e o autocuidado por parte da população. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 8 
 
2 PELE 
 
 
2.1 FUNÇÕES VITAIS E IMPORTÂNCIA DE SUA PRESERVAÇÃO 
 
 
A pele ou cútis por definição é o manto de revestimento do nosso organismo, 
indispensável à vida e que isola os componentes orgânicos do meio exterior. Porém, 
a pele não é apenas um envoltório protetor. É um sistema orgânico que regula a 
temperatura corpórea, detecta os estímulos dolorosos e agradáveis, impedea 
entrada de substâncias no organismo e provê um escudo protetor contra os efeitos 
nocivos do sol. 
A pele compõe-se, essencialmente, de três grandes camadas: uma superior 
chamada de epiderme; uma camada intermediária – a derme; e uma camada 
profunda, a hipoderme. 
A pele é o maior e o mais pesado órgão do corpo humano. Cobre entre 1,5 e 
2 metros quadrados e contribui com um sexto (mais de 15%) do peso corpóreo total. 
Apresenta grandes variações ao longo de sua extensão, sendo ora mais flexível e 
elástica, ora mais rígida. 
Toda sua superfície é composta por sulcos e saliências, particularmente 
acentuadas nas regiões palmoplantares e extremidades dos dedos, onde por sua 
disposição individual e peculiar recebem o nome de dermatóglifos e permitem sua 
utilização na identificação dos indivíduos por meio da datiloscopia e também a 
diagnose de enfermidades genéticas, pelas impressões palmoplantares. 
A superfície cutânea apresenta, ainda, de acordo com os segmentos 
corpóreos, variações e pregas, articulares e musculares, orifícios pilossebáceos e 
orifícios sudoríparos. 
A cor da pele é determinada pela conjunção de vários fatores, alguns de 
ordem genético-racial, como a quantidade de pigmento – a Melanina; outros de 
ordem individual, regional e mesmo sexual, como a espessura de seus vários 
componentes e, ainda, conteúdo sanguíneo de seus vasos. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 9 
A cor, a textura e as pregas da pele são importantes, como vimos acima, 
para caracterizar os indivíduos. Qualquer alteração do aspecto ou da função da pele 
pode acarretar consequências importantes para a saúde física e mental. 
Embriologicamente, a pele deriva dos folhetos ectodérmicos e 
mesodérmicos. As estruturas epiteliais – epiderme, folículos pilossebáceos, 
glândulas apócrinas, glândulas écrinas e unhas – derivam do ectoderma. 
Os nervos e os melanócitos originam-se no neuroectoderma e as fibras 
colágenas e elásticas, vasos sanguíneos, músculos e tecido adiposo originam-se do 
mesoderma. Maior detalhamento da embriogênese da pele humana pode ser vista 
na Tabela I. 
 
TABELA 1 – EMBRIOGÊNESE DA PELE HUMANA 
PERÍODO EMBRIONÁRIO 
3ª SEMANA Epiderme – camada única de células 
indiferenciadas, cuja reprodução resulta em 
aumento do número de camadas e na 
formação dos anexos cutâneos. 
Invasão desta estrutura por células da crista 
neural – Melanócitos – dando origem ao 
sistema pigmentar cutâneo. 
9ª SEMANA Início da formação do Aparelho 
Pilossebáceo. 
10ª SEMANA Primórdios da matriz ungueal. 
11ª SEMANA Epiderme – Melanócitos já evidenciáveis, 
tornando-se numerosos entre a 12ª e a 14ª 
semanas. 
14ª SEMANA Início da formação das glândulas 
sudoríparas écrinas (regiões 
palmoplantares). 
PERÍODO FETAL 
2º-4º MÊS Derme – surgem as primeiras estruturas 
fibrilares. 
Estabelecimento da hipoderme. 
3º MÊS Epiderme – Células de Langerhans. 
Derme – Aparecimento dos primeiros vasos 
sanguíneos. 
3º-4º MÊS Epiderme – Células de Merkel. 
Derme – Observa-se as primeiras fibras 
nervosas (colorações com a colinesterase). 
6º MÊS Primórdios das Glândulas sudoríparas 
apócrinas. 
FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 10 
 
2.2 ASPECTOS MORFOFUNCIONAIS 
 
 
2.2.1 Morfologia Cutânea 
 
 
A pele compõe-se, essencialmente, de três grandes camadas 
interdependentes: epiderme, derme e hipoderme. 
 
FIGURA 1 – COMPOSIÇÃO DA PELE 
 
 
FONTE: Disponível em:<https://www.escoladepostura.com.br>. Acesso em: 07 nov. 2012. 
 
 
2.2.1.1 Epiderme 
 
 
A epiderme é constituída por um epitélio estratificado cuja espessura 
apresenta variações topográficas desde 0,4mm nas pálpebras até 1,6mm nas 
regiões palmoplantares. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 11 
De acordo com a região topográfica, a epiderme pode compor-se de quatro 
ou cinco camadas, a saber: 
 
a) Camada Basal ou Germinativa: 
 
É a mais profunda das camadas da epiderme. É essencialmente 
germinativa, assim a renovação constante da epiderme é feita pelas células desta 
camada, que se dividem constantemente, observando-se assim sempre intensa 
atividade mitótica nesta camada. 
É constituída por dois tipos celulares: 
- Células basais; 
- Melanócitos. 
 
As células basais estão unidas entre si e às células espinhosas 
suprajacentes, e estas entre si, por intermédio das chamadas pontes intercelulares 
ou desmossomas. Na porção inferior das células basais fazendo sua conexão com a 
membrana basal, em razão da presença de apenas uma placa de aderência, 
recebem a denominação de hemidesmossomas. 
Estas estruturas são, portanto, estruturas de adesão localizadas entre as 
células e que dão suporte ao nosso epitélio. 
A renovação completa, desde a divisão da célula basal até a eliminação das 
lâminas córneas, faz-se em 59-65 dias, assim distribuídos: 
 
- Divisão celular = 19 dias 
- Trânsito por meio da camada de Malpighi = 26-42 dias 
- Trânsito por meio do estrato córneo = 19 dias 
 
O processo de maturação dos queratinócitos desde a camada germinativa 
até as várias camadas da epiderme é complexo e multifatorial e é influenciado por 
fatores genéticos, sistêmicos e ambientais. 
Quanto aos melanócitos são as células produtoras de pigmento, localizam-
se predominantemente no nível da camada basal, na proporção de 1 melanócito 
para 10 queratinócitos basais. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 12 
Na coloração habitual pela hematoxilina-eosina, aparecem como células 
claras, com núcleo pequeno hipercromático e citoplasma transparente, levemente 
basófilo. Já por meio de colorações pela prata podemos evidenciar sua natureza 
dendrítica, com numerosos prolongamentos longos e ramificados, que se relacionam 
com as células espinhosas suprajacentes. 
Essa associação (melanócitos/queratinócitos) constitui as unidades 
epidermomelânicas. O número de melanócitos é aproximadamente o mesmo em 
todas as raças. 
Portanto, as diferenças raciais de pigmentação não dependem do número, 
mas da capacidade funcional dos melanócitos. O número de melanócitos varia, 
entretanto, com a região do corpo. 
Na cabeça há duas a três vezes mais melanócitos do que nas demais 
regiões, com exceção da bolsa escrotal. Os melanócitos possuem em seu 
citoplasma organelas especializadas, denominadas melanossomas, responsáveis 
pela síntese e deposição da melanina. 
Quando repletos de melanina, os melanossomas são injetados no interior 
dos queratinócitos da unidade epidermomelânica correspondente. 
O pigmento melânico compreende dois tipos de melanina, que normalmente 
se apresentam em mistura: a eumelanina (marrom) e as feomelaninas (amarelo-
avermelhadas), ambas originadas da tirosina. 
Abaixo da camada basal encontramos uma fina estrutura constituída de 
mucopolissacarídeos neutros, a MEMBRANA BASAL. Habitualmente não é visível à 
microscopia óptica comum com H.E. (hematoxilina-eosina), mas pode ser 
evidenciada pela coloração com P.A.S. (ácido periódico de Schiff). 
Na Microscopia Eletrônica podemos verificar que esta é uma estrutura 
altamente complexa, constituindo o que se denomina Zona de Membrana Basal 
(ZMB). Esta é formada ultraestruturalmente por quatro componentes bem definidos: 
 
 Membrana plasmática das células basais, vesículas plasmalêmicas e 
os hemidesmossomos; 
 Lâmina Lúcida; 
 Lâmina Densa ou Lâmina Basal; 
 Sublâmina Densa. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 13 
As principais funções da Zona de Membrana Basal são: aderência 
dermoepidérmica, suporte mecânico e função de barreira. 
 
b) Camada Espinhosa ou Malpighiana: 
 
É formada pelas chamadas células escamosas ou espinhosas, que têm 
configuração poliédrica. Elas são numerosas, dispõe-se em camadas e vão se 
achatando progressivamente em direção à superfície. 
Estão unidas entre si pelas pontes intercelulares (desmossomas), já citadas 
anteriormente. 
 
c) Camada Granulosa: 
 
É constituída pelas células granulosas, células achatadas e com abundantes 
grânulosirregulares que se compõe de querato-hialina. Em áreas de queratinização 
imperfeita esta camada pode estar ausente. 
 
d) Camada Córnea: 
 
É a camada mais externa, constituindo o verdadeiro limite entre o indivíduo e 
o meio ambiente. É constituída por lâminas superpostas de queratina, cuja 
espessura varia com a região, sendo mais espessa nas regiões palmoplantares. 
É a camada morta da epiderme, é muito hidrófila e exerce função protetora 
contra as agressões físicas, químicas e biológicas. 
Nas regiões palmoplantares, existe ainda mais uma camada compondo a 
epiderme. É o Estrato Lúcido situado entre a camada córnea e a granulosa, 
composto por duas a três camadas de células anucleadas, planas, de aspecto 
homogêneo e transparente. 
Fazem parte ainda da histoarquitetura da epiderme as células de 
Langerhans e as células de Merkel. 
As células de Langerhans são células dendríticas. São perfeitamente 
caracterizadas e identificadas na Microscopia Eletrônica por corpúsculos peculiares 
em forma de raquete de tênis, chamados Grânulos de Langerhans (ou de Bierbeck). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 14 
Têm origem e função discutidas, sendo hoje consideradas células 
monocitárias macrofágicas de localização epidérmica, com função imunológica, 
atuando no processamento primário de antígenos exógenos que atingem a pele, 
seriam assim células apresentadoras de antígenos que iniciariam o processo de 
ativação linfocitária. 
As Células de Langerhans são também encontradas na derme, nos linfáticos 
da derme, linfonodos e timo e sua distribuição na epiderme é topograficamente 
variável, sendo mais abundantes na cabeça, face, pescoço, tronco e membros, 
existindo em menor número nas regiões palmoplantares, genitais e região 
sacrococcígea. 
As células de Langerhans constituem 2-8% da população celular total da 
epiderme e originam-se da medula óssea. 
As células de Merkel não são visíveis à microscopia óptica e à microscopia 
eletrônica demonstram grânulos elétron-densos característicos destas células, que 
contêm substâncias neurotransmissoras. 
São encontradas principalmente nos lábios, dedos, boca e membrana 
externa dos folículos pilosos. Sua origem é discutida – não se sabe se tem origem 
neural ou se é um queratinócito modificado. Podem originar Carcinomas e são 
encontradas na Reticulose pagetoide (forma de Linfoma Cutâneo). Em determinadas 
localizações, organizam-se em estruturas especializadas denominadas discos táteis. 
 
 
2.2.1.2 Derme 
 
 
A derme tem espessura variável ao longo do organismo, desde 1 até 4 mm, 
e compõe-se de três porções: a derme papilar, a derme perianexial e a derme 
reticular. 
A derme compreende a substância fundamental, rica em 
mucopolissacarídeos e material fibrilar de três tipos: fibras colágenas, fibras elásticas 
e fibras reticulares. Todas são sintetizadas a partir dos fibroblastos. 
Na derme papilar encontramos uma camada pouco espessa de fibras 
colágenas finas, fibras elásticas, numerosos fibroblastos e abundante substância 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 15 
fundamental, formando as papilas dérmicas, que se amoldam aos cones 
epidérmicos. 
A derme perianexial é estruturalmente idêntica à derme papilar, dispondo-se, 
porém, ao redor dos anexos. Juntas, compõem a unidade anatômica denominada 
derme adventicial. 
A derme reticular é a porção mais espessa, correspondendo ao restante da 
derme que se estende até o subcutâneo. É composta de feixes colágenos mais 
espessos, dispostos, em sua maior parte, paralelamente à epiderme. Nesta, se 
comparado à derme papilar há menor quantidade de fibroblastos e de substância 
fundamental. 
 
 
2.2.1.3 Substância Fundamental 
 
 
É composta essencialmente de mucopolissacarídeos, onde os hialuronidatos 
e os condroitinsulfatos são os mais importantes. Participa na resistência mecânica 
da pele às compressões e estiramentos. 
 
 
2.2.1.4 Material Fibrilar 
 
 
As Fibras Colágenas compreendem 95% do tecido conectivo da derme, 
sendo então seu principal componente. O colágeno dérmico é composto por mais de 
dez tipos diferentes de fibras que constituem a principal proteína estrutural de todo o 
corpo, sendo encontrado também nos tendões, nos ligamentos e no revestimento 
dos ossos. Representam aproximadamente 70% do peso seco da pele. 
As Fibras Elásticas são microfibrilas que, na derme papilar, orientam-se 
perpendicularmente à epiderme (fibras oxitalânicas) e na derme reticular mostram-se 
mais espessas e dispostas paralelamente à epiderme (fibras elásticas maduras). 
Intermediariamente encontram-se as fibras eulaunínicas. Estas fibras compõem o 
sistema elástico da pele. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 16 
Aparentemente todas estas fibras representam estágios da elastogênese 
normal e estão envolvidas, as mais superficiais, na ligação entre a epiderme e a 
derme e, as mais profundas, pelo seu maior teor de elastina, na absorção dos 
choques e distensões que se produzem na pele. 
As fibras reticulares são semelhantes às fibras colágenas em sua 
periodicidade, mas menores em diâmetro. São encontradas, em grande número na 
parte superior da derme papilar, e atuam como fibrilas fixas ou de ancoragem para a 
lâmina basal. 
A derme aloja as estruturas anexiais da pele, glândulas sudoríparas, folículo 
pilossebáceo e o musculoeretor do pelo. Encontram-se ainda suas células próprias: 
fibroblastos, histiócitos, mastócitos, células mesenquimais indiferenciadas e as 
células de origem sanguínea, leucócitos e plasmócitos. Em quantidades variáveis 
também se encontram vasos sanguíneos, linfáticos e estruturas nervosas. 
 
 
2.2.1.5 Hipoderme 
 
 
Também denominada panículo adiposo ou tecido celular subcutâneo, é a 
camada mais profunda da pele, de espessura variável, formada exclusivamente de 
tecido adiposo, isto é, células repletas de gordura, que se subdividem em lóbulos 
separados por septos fibrosos conjuntivo-vasculares. 
Em sua porção superior, relaciona-se com a derme, constituindo a junção 
dermo-hipodérmica, sede das porções secretoras das glândulas apócrinas e écrinas 
e de pelos, vasos e nervos. 
Funções da hipoderme: depósito nutritivo de reserva, isolamento térmico e 
proteção mecânica do organismo às pressões e traumatismos externos. Facilita 
também a motilidade da pele em relação às estruturas subjacentes. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 17 
 
2.2.2 Anexos Cutâneos 
 
 
2.2.2.1 Glândulas Sudoríparas 
 
 
Na pele normal encontramos dois tipos de glândulas sudoríparas: glândulas 
sudoríparas écrinas e glândulas sudoríparas apócrinas. 
As glândulas sudoríparas écrinas estão dispersas por toda a pele, porém em 
maior quantidade nas regiões palmoplantares e axilas. São glândulas tubulares que 
desembocam na superfície por meio da epiderme e compõem-se de três segmentos: 
porção secretora (glândula propriamente dita), conduto sudoríparo intradérmico e 
conduto sudoríparo intraepidérmico. 
O orifício de saída da glândula sudorípara écrina, é chamado de poro ou 
acrossiríngio e encontra-se rodeado por um anel de queratina. As glândulas écrinas 
são inervadas por fibras simpáticas pós-ganglionares não mielinizadas. 
Fisiologicamente, porém, são regidas por mediadores parassimpáticos, 
ainda que respondam em menor grau a mediadores simpatomiméticos. Assim, 
drogas parassimpatomiméticas como a acetilcolina, a pilocarpina, estimulam a 
sudorese e drogas parassimpatolíticas como a atropina a inibem. 
Também são estimuladas pela adrenalina, porém o mecanismo desta ação 
ainda é discutido. A secreção sudoral écrina é incolor, inodora, hipotônica. 
 
 
 
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 18 
 
FIGURA 2 – FORMAÇÃO DO SUOR 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br>. Acesso em: 07 nov. 2012. 
 
 
As glândulas apócrinas localizam-se em axilas, regiões perimamilar e 
anogenital e, ainda, modificadamente, no conduto auditivo externo (Glândulas 
ceruminosas), nas pálpebras(Glândulas de Moll) e na mama (Glândulas mamárias). 
As glândulas sudoríparas apócrinas pela sua própria embriogênese, a partir 
da invaginação formadora do folículo piloso, desembocam, em geral, nos folículos 
pilossebáceos, acima da glândula sebácea e não diretamente na superfície 
epidérmica. 
As glândulas apócrinas são tubulares e compõem-se de uma porção 
secretora, cuja luz é 200 vezes a de uma glândula écrina, e uma porção ductal. As 
glândulas apócrinas são estimuladas adrenergicamente (adrenalina/noradrenalina), 
mas alguns estímulos parassimpatomiméticos, como por exemplo, a metacolina, 
também a estimulam. 
As glândulas apócrinas secretam pequenas quantidades de secreção, de 
aspecto leitoso, a intervalos longos de tempo. O odor presente nas áreas povoadas 
por estas glândulas não decorre diretamente de sua secreção, mas sim de produtos 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 19 
de decomposição desta, por meio de enzimas bacterianas. O verdadeiro significado 
funcional da secreção apócrina no homem é desconhecido, admitindo-se que 
represente alguma função sexual vestigial. 
 
 
2.2.2.2 Aparelho Pilossebáceo 
 
 
FIGURA 3 – APARELHO PILOSSEBÁCEO. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.colegiosaofrancisco.com.br>. Acesso em: 07 nov. 2012. 
 
 
Os pelos são estruturas filiformes, constituídas por células queratinizadas 
produzidas pelos folículos pilosos. 
Existem dois tipos de pelos: 
 
 Fetal ou lanugo – pilosidade fina e clara que se assemelha aos pelos 
pouco desenvolvidos do adulto (pelo velus); 
 
 
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 20 
 Terminal – Pelo espesso e pigmentado, presente nas áreas de barba, 
couro cabeludo, axilas e púbis. 
 
Os pelos compõem-se de uma parte livre, a haste, e uma porção 
intradérmica, a raiz. Anexam-se ao folículo piloso: a glândula sebácea, 
superiormente; o musculoeretor do pelo, inferiormente; e, em certas regiões 
corpóreas, o duto excretor de uma glândula apócrina que desemboca no folículo, 
acima da glândula sebácea. 
O folículo piloso compreende as seguintes porções: 
 
 Infundíbulo – entre o óstio e o ponto de inserção da glândula sebácea; 
 Acrotríquio – porção intraepidérmica do folículo; 
 Istmo – entre a abertura da glândula sebácea no folículo e o ponto de 
inserção do musculoeretor do pelo; 
 Segmento inferior – porção restante, situada abaixo do musculoeretor 
do pelo. 
 
No segmento inferior, encontra-se uma expansão, o bulbo piloso, que 
contém a matriz do pelo. Enquanto as células germinativas da epiderme formam 
uma única linhagem de células, as células da matriz do pelo produzem seis 
linhagens diferentes que dão origem às diferentes camadas que vão compor a 
estrutura do pelo humano. 
O componente principal do pelo é a queratina e participam de sua estrutura 
cerca de 20 aminoácidos, sendo particularmente importantes a cisteína, a arginina e 
a citrulina, encontradas exclusivamente em pelos humanos. 
O crescimento do pelo humano é cíclico, mas cada folículo atua como uma 
unidade independente, portanto, os seres humanos não mudam os pelos 
sincronicamente como acontece com a maioria dos animais. 
Cada folículo piloso passa por estágios periódicos de atividade e 
quiescência, que constituem o ciclo do pelo. 
A fase anágena é a fase de crescimento, de máxima expressão estrutural e 
dura de três a quatro anos. 
 
 
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 21 
A fase catágena constitui uma fase estacionária, fase transicional de 
atividade. Há uma diminuição da proliferação celular até cessar. Interrompe-se 
também a melanogênese na matriz. O folículo se reduz a 1/3 de suas dimensões 
anteriores e a extremidade do pelo assume formato de clava - “pelo em clava”. A 
fase catágena dura de três a quatro semanas. 
A fase telógena corresponde à fase de desprendimento do pelo, finalizando 
o ciclo e dura de três a quatro meses. 
Analisando um couro cabeludo normal encontramos: 85% dos cabelos na 
fase anágena, 1% na fase catágena e 14% na fase telógena. Estes percentuais 
constituem o tricograma normal do couro cabeludo. 
É considerada normal uma eliminação de 50 a 100 fios de cabelos dia. Já 
em relação ao crescimento, as médias são de 0,4 mm/dia na região do vértex e 
0,35mm/dia nas têmporas, sendo que os cabelos das mulheres crescem mais 
rapidamente que os dos homens. Os cabelos crescem mais durante o dia e em 
períodos de estresse. 
Os fatores reguladores do ciclo piloso são desconhecidos, admitindo-se 
influência de condições intrínsecas ao folículo e condições extrínsecas como: fatores 
sistêmicos, nutricionais, emocionais e especialmente humorais (andrógenos). 
Os pelos são importantes na proteção nas áreas orificiais, na proteção do 
couro cabeludo, reduzindo o atrito em áreas intertriginosas, além de participar do 
aparelho sensorial cutâneo. 
As glândulas sebáceas estão presentes em toda a pele, exceto em regiões 
palmoplantares. Excepcionalmente podem estar presentes também 
heterotopicamente na mucosa bucal e lábios, constituindo os chamados Grânulos de 
Fordyce. 
Desembocam sempre no folículo pilossebáceo, com ou sem pelo, sendo seu 
tamanho inversamente proporcional às dimensões do pelo presente no folículo 
correspondente. 
As glândulas sebáceas são compostas de vários lóbulos e o produto de sua 
atividade é o sebum. 
As glândulas sebáceas são ativadas por andrógenos, sendo independentes 
de estimulação neural. Por isso são moderadamente desenvolvidas no recém-
nascido, por ação dos andrógenos maternos, passivamente transferidos. 
 
 
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 22 
Depois sofrem acentuada regressão, só voltando a se desenvolver na 
puberdade, quando se inicia, então, produção androgênica própria a nível testicular, 
ovariano e suprarrenal. 
 
 
2.2.2.3 Unhas 
 
 
FIGURA 4 – UNHAS 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.latinstock.com.br>. Acesso em: 07 nov. 2012. 
 
 
As unhas são lâminas queratinizadas que recobrem a última falange dos 
dedos. Uma unha tem quatro partes: raiz ou matriz, área semilunar de células 
epiteliais proliferativas, parcialmente cobertas pela dobra ungueal posterior e 
parcialmente visível em área mais clara chamada lúnula; lâmina, aderente ao leito 
ungueal; dobras laterais e borda livre. 
Participam da formação da lâmina ungueal a matriz e o leito ungueal. A 
espessura das unhas varia de 0,5 a 0,75 mm e seu crescimento é de cerca de 0,1 
mm por dia nas unhas das mãos, sendo mais lento nas unhas dos pés. O 
crescimento ungueal sofre variações individuais e é influenciado por fatores 
sistêmicos e locais. 
 
 
 
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 23 
 
2.2.3 Inervação Cutânea 
 
 
É eminentemente sensitiva. Os nervos sensitivos, que sempre são 
mielinizados em algumas regiões corpóreas como palmas e plantas, lábios, genitais 
formam órgãos terminais específicos. São estes: 
 
 Corpúsculos de Vater-Pacini – localizam-se especialmente nas 
regiões palmoplantares e são específicos para a sensibilidade à 
pressão. 
 Corpúsculos de Meissner – localizam-se também em mãos e pés, 
especialmente nas polpas digitais e são responsáveis pelo tato. 
 Corpúsculos de Krause – ou órgãos terminais mucocutâneos, pois 
ocorrem nas áreas de transição entre pele e mucosas (glande, 
prepúcio, clitóris, vulva, e em menor quantidade lábios, língua, 
pálpebras e região perianal). Sensibilidade térmica (frio). 
 Corpúsculos de Ruffini – particularmente numerosos na região 
plantar. Sensibilidade térmica (calor). 
 Meniscos de Merkel-Ranvier – localizam-se em polpas digitais. 
Sensibilidade tátil. 
 Disco Pilar – localizam-se próximos aos folículos pilosos. 
Sensibilidade tátil. 
 
 
2.2.3.1 Terminações Nervosas Livres – Dor 
 
 
Os impulsos nervosos chegam ao sistema nervoso central pelo caminho dos 
gânglios da raiz dorsal. A inervação motora da pele é suprida pelo sistema nervoso 
autônomo cujas fibras adrenérgicas provocam contração das células musculares 
lisas das paredes arteriolares (vasoconstrição),contraem o musculoeretor do pelo, 
ativam o corpúsculo glômico e por meio das células mioepiteliais das glândulas 
 
 
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 24 
apócrinas promovem sua secreção. As fibras colinérgicas medeiam a secreção 
sudorípara écrina. 
 
 
2.2.4 Vascularização Cutânea 
 
 
2.2.4.1 Vasos Sanguíneos 
 
 
A rica vascularização sanguínea da pele supera o necessário ao seu 
suprimento metabólico, fato justificado pelo papel que desempenha na regulação da 
temperatura, pressão arterial, cicatrização e fenômenos imunológicos. 
A vascularidade dérmica consiste, principalmente, de dois importantes 
plexos intercomunicantes: 
 
 Plexo superficial ou subpapilar – percorre a porção papilar da derme, 
paralela à epiderme, composto essencialmente de capilares; 
 Plexo profundo ou dermo-hipodérmico – ao redor de folículos pilosos 
e glândulas écrinas, formado de arteríolas. 
 
A epiderme não é vascularizada, sua nutrição se faz a partir do plexo 
subpapilar. Em determinadas regiões, tais como sulcos e leitos ungueais, orelhas e 
centro da face, o aparelho vascular cutâneo apresenta formações especiais, os 
glômus. Estes estão ligados funcionalmente à regulação térmica, são anastomoses 
arteriovenosas. 
 
 
2.2.4.2 Vasos Linfáticos 
 
 
Acompanham a vascularização sanguínea. A rede linfática é responsável 
pela drenagem de fluido extracelular, de células e de moléculas maiores (proteínas, 
 
 
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 25 
lipídios, etc.). O fluxo linfático depende de fatores extrínsecos, como pulsação 
arterial, gravidade e contração da musculatura estriada. 
 
 
2.2.5 Musculocutâneos 
 
 
A musculatura da pele é predominantemente lisa e compreende os 
musculoeretores dos pelos, o darto do escroto e a musculatura da aréola mamária. 
A musculatura estriada encontra-se no pescoço (platisma) e na face (musculatura da 
mímica). 
 
 
2.2.6 Fisiologia Cutânea 
 
 
Em razão de sua arquitetura e de suas propriedades físicas, químicas e 
biológicas, a pele é um órgão capaz de exercer diversas funções. 
 
# Proteção: 
 
Constitui barreira de proteção para as estruturas internas do organismo à 
ação de agentes externos e, ao mesmo tempo, impede perdas de água, eletrólitos e 
outras substâncias do meio interno. 
Nesta função protetora, a camada córnea tem importância relevante, graças 
às suas propriedades: 
 
 Impermeabilidade relativa à água e eletrólitos, evitando perdas 
hídricas e eletrolíticas e limitando a penetração de substâncias 
exógenas; 
 Resistência relativa a agentes danosos corrosivos; 
 Alta impedância elétrica, que restringe a passagem de corrente 
elétrica pela pele; 
 
 
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 26 
 Superfície relativamente seca, retardando a proliferação de 
microrganismos. 
 
Quimicamente, representa uma membrana limitadora à passagem de 
moléculas. Também são de grande importância as unidades epidermomelânicas, 
pelo obstáculo que representam à ação de radiações ultravioletas. 
A melanina por elas produzida e distribuída pela epiderme protege a pele 
das radiações ultravioletas do sol por meio da absorção da energia irradiante. Os 
melanócitos não só absorvem como também difundem a radiação ultravioleta. 
 
# Proteção Imunológica: 
 
Graças aos seus componentes dérmicos participantes do Sistema 
Reticuloendotelial (S.R.E.), a pele é um órgão de grande atividade imunológica, 
onde atuam intensamente os componentes da imunidade humoral e celular, motivo 
pelo qual, hoje, grande quantidade de testes imunológicos, bem como práticas 
imunoterápicas, são estudados na pele. 
 
# Termorregulação: 
 
O controle homeostático da temperatura orgânica é exercido basicamente 
pelo sistema vascular e sudoríparo da pele. As glândulas sudoríparas fornecem o 
revestimento cutâneo de água que, por evaporação, esfria a superfície corpórea, e 
os vasos sanguíneos, por meio da dilatação ou constrição, ampliam ou diminuem o 
fluxo sanguíneo periférico, permitindo maior ou menor dissipação calórica. 
 
# Percepção: 
 
Em razão à complexa e especializada rede nervosa cutânea, a pele é como 
já vimos, o órgão receptor sensitivo do calor, frio, dor e tato. 
 
 
 
 
 
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# Secreção: 
 
A secreção sebácea é importante na manutenção eutrófica da própria pele, 
particularmente da camada córnea, evitando a perda de água. O sebum tem 
propriedades de: barreira de proteção, emulsificação de substâncias, atividade 
antimicrobiana, antibacteriana e antifúngica, precursor da vitamina D. 
Em relação às glândulas sudoríparas, a eliminação de restos metabólicos 
não tem valor como função excretora. Porém, as secreções sebácea e sudoral 
constituem as fases adiposas e oleosas da emulsão que recobre a superfície 
cutânea. Juntos, os eletrólitos do suor e os ácidos graxos atuam como agentes 
emulsificantes e vão, assim, determinar o pH cutâneo normal, com suas variações 
topográficas. O pH médio normal da pele é de 5,4 – 5,6. 
Além das funções vitais expostas, as propriedades físicas, químicas e 
biológicas da pele também permitem a administração percutânea de medicamentos, 
pela sua grande capacidade de absorção. 
 
 
3 FERIDAS: UM PROBLEMA DE SAÚDE COLETIVA 
 
 
A ferida é definida por Borges (2001) como uma ruptura na pele, na 
membrana mucosa ou em qualquer outra estrutura do corpo causada por um agente 
químico, físico ou biológico. 
Sabemos que a pele é a principal barreira de proteção do organismo e tem 
como funções básicas impedir a perda excessiva de líquidos, proteger o organismo 
da ação de agentes externos, inclusive microbianos, sintetizar vitamina D, manter a 
temperatura corpórea, participar da termorregulação, função estética. 
A ferida é ocasionada pelo rompimento da barreira, requerendo não apenas 
o curativo, mas também a identificação e intervenção nas possíveis e múltiplas 
dimensões desse agravo, incluindo medidas de promoção, prevenção e reabilitação. 
Uma condição indispensável para manutenção da vida humana é a 
capacidade de reparar e restaurar de maneira efetiva a função dos tecidos 
 
 
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 28 
danificados. A cicatrização da ferida é um processo multifatorial, influenciado pela 
condição de saúde da pessoa, seus hábitos, fatores físicos, sociais, psicológicos e 
espirituais, além de fatores ambientais e locais que possam interferir neste processo. 
A valorização das necessidades da pessoa com ferida auxilia na 
integralização, permitindo assim sucesso no processo de cicatrização e 
recuperação. Este foco ampliado subsidia o enfermeiro a respeitar os direitos 
individuais de autonomia e determinação própria do indivíduo e para implementação 
da Sistematização da Assistência de Enfermagem. 
 
 
3.1 AVALIANDO A FERIDA 
 
 
Existem diferentes instrumentos para avaliar as feridas e compete ao 
enfermeiro selecionar o mais adequado à realidade local a partir de uma análise 
sobre o tipo de clientela, tipo de feridas, recursos humanos e materiais disponíveis. 
Cada um destes instrumentos visa avaliar aspectos específicos: desde o 
grau de risco para desenvolvimento de úlceras por pressão (Escala de Braden e 
Waterloo), até os que se destinam a monitorar o exsudato (TIME), além de 
acompanhar a evolução do processo cicatricial (PUSHTOOL), adequando-os a sua 
realidade. 
Na implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem à 
pessoa com ferida, os aspectos a serem avaliados serão apresentados a seguir. 
 
 
3.2 PROCESSO DE AVALIAÇÃO 
 
 
3.2.1 Avaliação da pessoa 
 
 
Histórico de enfermagem, exame físico e complementar, condição 
nutricional, análise, psicossocial, história da doença pregressa e atual, diagnóstico 
 
 
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 29 
de risco para outras feridas e seus fatores intervenientes, idade, terapia 
medicamentosa e não medicamentosa, uso de drogas lícitas e ilícitas. 
 
Exames complementares: hemograma, glicemia, albumina sérica, 
Raios X,duplex scan (Doppler) – solicitação médica. 
 
Exame microbiológico: - Coleta por aspirado (RECOMENDADO). 
 - Swab (baixa evidência clínica). 
 - Coleta de fragmento (procedimento médico). 
 
 
 
3.2.2 Avaliação da ferida 
 
 
Utilizar instrumentos apropriados para registro e documentação. 
 
 
3.2.3 Classificação da ferida 
 
 
 Quanto ao tempo de evolução: aguda ou crônica. 
 Quanto ao estado microbiológico: contaminada, colonizada e infectada. 
 Quanto ao comprometimento das camadas da pele e estruturas 
adjacentes: superfície e profunda. 
 Quanto à etiologia. 
 Quanto à localização: descrição anatômica. 
 Quanto ao exsudato. 
 
Aspecto: (seroso, serossanguinolento, sanguinolento, piosanguinolento, 
purulento). 
Cor: amarelada, esbranquiçada, esverdeada, cinza, acastanhada. 
Volume: - Nenhum 
- Pequena drenagem: envolve 25% da cobertura; 
 
 
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 30 
- Moderada drenagem: envolve 25 a 75% da cobertura; 
- Grande drenagem: envolve mais de 75% da cobertura. 
 
Odor: característico, fétido, pútrido. 
 
Precariedade da higiene, uso de coberturas tópicas, permanência das 
mesmas após limpeza da lesão. 
 
Quanto ao tipo de tecido presente no leito: 
 
 Necrose tipo escara (seca, coriácea, preta ou marrom); 
 Necrose tipo esfacelo (úmido, amarelo, esbranquiçado); 
 Presença de tecido viável (granulação, hipergranulação / epitelização). 
 
Quanto à presença de: túneis, fístulas, sinus, deslocamentos, estomias. 
 
Quanto à dimensão: comprimento, largura, profundidade. 
 
 
Técnicas para mensuração: medida simples, decalque, fotografia. 
 
 
Quanto às margens: plana, regular, irregular, em epitelização, lesada, fina, 
espessa, invaginada, macerada, descolada. 
 
Quanto à região perilesional: hiperemia, dermatite, descamação, 
maceração, hiper-hidratação, desidratação, edema, foliculite, fictena, escarificação, 
celulite, hematoma, enfisema, subcutâneo, cor (hipocromia, discromia, hipercromia) 
e temperatura. 
 
 
 
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 31 
Quanto à dor: aplicar instrumento adequado para qualificá-la e quantificá-la, 
realizar testes de sensibilidade apropriados, conforme protocolos (como o uso do 
monofilamento para avaliar neuropatia). 
 
 
3.2.4 Tipos de escalas para avaliação da dor 
 
 
A avaliação da dor, de forma mais detalhada e completa possível, é muito 
importante para uma intervenção terapêutica adequada e, frequentemente, baseia-
se em relatos e na autopercepção do indivíduo. 
A maneira pela qual um indivíduo relata a dor está relacionada com 
inúmeros fatores: sexo, idade, personalidade, herança étnica e cultural, 
necessidades comportamentais e experiências dolorosas pregressas. 
A Sociedade Internacional para Estudos da Dor (International Association for 
Studies of Pain - IASP) define dor como “uma experiência sensorial e emocional 
desagradável, que é associada ou descrita em termos de lesões (ou disfunções) 
teciduais”. 
As dores podem ser classificadas de diversas maneiras, segundo o 
paradigma adotado: em agudas, crônicas, recorrentes, nociceptivas, neuropáticas 
etc. A intensidade, pode ser um desses paradigmas de classificação em, por 
exemplo, leve ou fraca, moderada ou média, forte ou intensa e muito forte ou 
insuportável. 
A informação do paciente em relação à intensidade da dor é subjetiva, uma 
vez que varia de acordo com as experiências dolorosas anteriores, com a etnia, o 
sexo, a idade, etc. Essa subjetividade dificulta a definição paradigmática e aponta 
mais para que a intensidade da dor seja conceituada em vez de definida 
(MERSKEY, 1986; CRUZ, 1999). 
Diversos critérios têm sido propostos para conceituar a intensidade de dor, 
não só com mais objetividade, mas também com mais especificidade quantitativa. 
Essas escalas verbais descritivas e categóricas, escalas analógicas visuais 
numéricas (0 a 10), pictográficas (faces, figuras, linhas, cores) e outras 
desabilitantes funcionais têm sido usadas. 
 
 
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 32 
Vinda do relato do paciente considera-se a chamada descrição verbal, sendo 
que essa verbalização leva a uma enorme diversidade complicadora, própria dessas 
descrições verbais, cujas palavras se apresentam muito voltadas às qualidades e 
nem tanto à intensidade da dor. Pode-se acreditar que isso tenha levado à chamada 
escala de descritores verbais. 
A avaliação da dor representa uma síntese das informações derivadas da 
história do paciente, da entrevista subjetiva, do exame físico objetivo e dos testes 
especiais. 
O objetivo da avaliação é esclarecer a causa fundamental da dor e orientar 
intervenções terapêuticas adequadas. Os pacientes com dor apresentam níveis 
reduzidos de atividade funcional. 
Dessa forma, é importante avaliar a função física e o desempenho nas 
atividades de vida diária. Uma reavaliação contínua da dor é necessária para 
identificar qualquer alteração no estado físico do paciente e para documentar a 
resposta ao tratamento. 
Em virtude dos vários fatores envolvidos no processo álgico, a avaliação da 
dor deve ser realizada de maneira sistemática e objetiva por uma equipe 
multiprofissional. 
Na tentativa de documentar de forma mais objetiva a dor dos pacientes, 
foram desenvolvidos numerosos protocolos de avaliação, alguns deles mais 
utilizados em pesquisas e na prática clínica serão descritos a seguir. 
A Escala de Quantificação Verbal talvez seja o instrumento unidimensional 
mais simples para a mensuração da intensidade da dor. Nesse instrumento é 
necessário que os pacientes identifiquem a sua dor com uma única palavra 
descritiva (nenhuma dor, dor branda, moderada, grave ou insuportável). Por possuir 
um número limitado de categorias de palavras, essa escala apresenta como 
principal limitação uma baixa sensibilidade para detectar pequenas alterações na 
intensidade da dor. 
Na Escala de Quantificação Numérica, os pacientes quantificam a 
gravidade de suas dores em uma escala de 0 a 10 ou de 0 a 100. Nessa escala, 
zero indica ausência de dor, e os pontos finais de 10 ou 100 representam a pior dor 
possível. É essencial que o paciente compreenda as definições relacionadas a 
http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/05/13/saude-geriatria/dor-cronica-instrumentos-de-avaliacao/
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 33 
esses pontos terminais. Essa escala é de fácil compreensão e o formato de 0 a 10 
tem menor sensibilidade que seu congênere de 0 a 100. 
A Escala Análoga Visual de Dor consiste em uma linha de dez centímetros 
com âncoras verbais típicas de “ausência de dor” à esquerda e “a pior dor possível” 
à direita, quando a escala é orientada no plano horizontal. Os pacientes colocam um 
marco vertical em um ponto da linha que corresponde à gravidade de sua dor. Essa 
escala também pode ser utilizada no formato de um “termômetro da dor”, conforme 
proposto por Brodie (1940), podendo ser mais eficaz para alguns pacientes idosos. 
A Escala Análoga de Cores foi elaborada para avaliar de forma não verbal 
a intensidade da dor, sendo utilizada em alguns estudos para a avaliação da dor em 
idosos. As várias posições da escala são marcadas por tons de vermelho, 
progressivamente mais escuros que facilitam a seleção pelo sujeito de uma posição 
que melhor identifique a intensidade da sua dor. O escore do sujeito é o valor 
numérico no verso da escala que coincide com a posição escolhida. 
A Escala de Dor de Faces mensura primariamente a intensidade da dor e, 
em uma menor extensão, seus componentes afetivos. Essa escala consiste no 
desenho de sete faces alinhadas sendo uma face neutra e as outras seis 
correspondendo a sensações de dor crescentes. As faces são ordenadas de zero a 
seis, da esquerda para a direita. Os sujeitos podem definir suas sensações como 
“sem dor” (escore zero) até “a mais grave dor” (escore seis). Esse instrumento 
possui boa confiabilidadee validade, embora ainda não tenha sido testado em 
idosos com demência grave. Outra proposta que utiliza desenhos de faces é a Facial 
Affective Scale (FAS) que avalia os componentes afetivos da dor. Inclui o desenho 
de nove faces em uma linha variando da expressão muito feliz (sem dor) até a com 
muita dor (dor mais grave). A escala original possui faces com dois centímetros de 
tamanho, mas para o uso em idosos têm sido aumentadas para quatro centímetros. 
No verso da escala são impressos valores numéricos variando de 0,04 (muito feliz, 
sem dor) a 0,97 (muita dor, dor mais grave). O escore obtido pelo sujeito é o valor 
numérico no verso das faces. 
O Questionário de Dor de McGill, proposto por Melzack e McGill (1975), é, 
provavelmente, o mais conhecido dos instrumentos multidimensionais para medir a 
dor. São registrados, nesse questionário, a localização da dor, a sua intensidade e o 
 
 
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 34 
seu comportamento por meio de três partes: pain rating index, uma escala de 
descrição verbal e present pain intensity. Apresenta confiabilidade e validade boas. 
Embora confiável esse instrumento é complexo e demanda muito tempo 
para ser aplicado em pacientes com idade muito avançada e com outros fatores 
associados. Em virtude disso, diversos estudos utilizaram apenas partes desse 
questionário. Em 1996, Pimenta e Teixeira adaptaram o questionário para a língua 
portuguesa em 57 pacientes portadores de dor crônica com uma média de idade de 
50,1 anos, não temos ainda a sua validação para idosos. 
O OLD CART foi sugerido por Rousseau (1996) para a avaliação da dor no 
idoso. Esse instrumento avalia o início (Onset), a localização (Location), a duração 
(Duration), as características (Character), os fatores agravantes (Aggravating 
factors) e atenuantes (Relieving factors) da dor, bem como os tratamentos aplicados 
(Treatments taken). 
A Minimum Data Set é uma avaliação que reflete a dor vivenciada pelo 
paciente na semana anterior ao teste. Nessa escala há dois itens que medem a 
frequência e a intensidade da dor em uma escala Likert de três pontos com 
descritores verbais. É frequentemente utilizada em instituições para monitorar o 
bem-estar dos idosos institucionalizados e dar informações para o desenvolvimento 
de planos de cuidados. 
O Proxy Pain Questionary (PPQ) consiste em uma avaliação de três itens 
que avaliam a presença, a frequência e a intensidade da dor. O primeiro item possui 
perguntas com o formato “sim” ou “não”, e os dois outros itens são graduados em 
uma escala horizontal Likert de treze pontos, ligada à descrição verbal. O PPQ é 
administrado por meio de uma entrevista. 
A Escala Funcional de Dor é um instrumento válido e sensível a mudanças 
no nível de dor em idosos. Essa escala possui três níveis de avaliação: um 
componente numérico (0-5), um descritivo da dor (sem dor até dor intolerável) e um 
funcional (sem limitações até incapaz de se comunicar verbalmente devido à dor). A 
dor pode ser relatada como “ausente” (escore 0), “tolerável” (escores 1 ou 2) ou 
“intolerável” (escores 3, 4 ou 5). O componente funcional torna o instrumento mais 
sensível a mudanças na dor, e a correlação entre esse componente e o numérico 
permite que seja feita uma avaliação mais precisa do paciente. 
Alguns tipos de Escalas para avaliação da Dor: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 35 
 
 
FIGURA 5 - ESCALA DE DOR 
 
 
FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. 
 
 
FIGURA 6 - ESCALA DE FACES DE WONG BAKER 
 
 
 
FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 36 
 
FIGURA 7 - ESCALAS NUMÉRICAS E VISUAIS DE INTENSIDADE DE DOR 
 
 
FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. 
 
 
 
Valorizar e avaliar a queixa de dor, além de interferir no conforto, pode ser 
um dado importante no esclarecimento do diagnóstico. 
Sugestão: escala visual analógica. 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 37 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
PROCEDIMENTOS TÉCNICOS EM 
FERIDAS E CURATIVOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
PROCEDIMENTOS TÉCNICOS EM 
FERIDAS E CURATIVOS 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 39 
 
 
MÓDULO II 
 
 
4 CUIDANDO DE PESSOAS COM FERIDAS: CONHECIMENTOS E 
COMPETÊNCIAS TÉCNICAS, CIENTÍFICAS E HUMANAS 
 
 
De acordo com Brandão e Souza (2006), o organismo, ao sofrer uma lesão, 
lança mão de mecanismos que buscam defender o meio interno e reparar danos 
teciduais, processo chamado de cicatrização. Historicamente, pode-se perceber que 
a equipe de saúde utilizou por muito tempo técnicas que destruíam ou acabavam por 
prejudicar o trabalho realizado de forma fisiológica pelo organismo. 
A grande evolução e os conhecimentos atuais em relação aos mecanismos 
envolvidos no processo de reparação tecidual e cicatrização das feridas revelam que 
muitos procedimentos realizados pelos profissionais de enfermagem, como, por 
exemplo, o uso de curativos secos e aderentes, a aplicação de soluções 
antissépticas e uma série de outros que comentaremos mais adiante, agem de 
forma negativa, retardando o processo de cicatrização, levando ao surgimento de 
processos de cronificação e sequelas, tanto físicas, como psicológicas (DEALEY, 
2001). 
Como afirmam Mandelbaum e Di Santis (2004), a cicatrização de feridas é 
um mecanismo extremamente complexo e dinâmico, que pode ser classificado 
didaticamente em diferentes fases, conforme descritas adiante, nas quais estão 
envolvidas inúmeras estruturas que são interdependentes e inter-relacionadas. 
Esta sequência de fases não pode ser compreendida de maneira estanque, 
mas deve ser considerada como processos concomitantes, que podem estar 
presentes ao mesmo tempo num mesmo paciente, em diferentes feridas, e numa 
mesma ferida em suas diferentes estruturas. 
Além disso, tais fases não podem ser interpretadas de forma linear, como 
uma sucessão de acontecimentos, pois pode haver alternância entre tais fases, em 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 40 
decorrência de fatores relacionados à própria ferida, ao paciente e ao meio 
ambiente. 
Compreender de forma correta estas diferentes fases é de fundamental 
importância para que se possa identificar o estágio de cicatrização das feridas, suas 
características normais e patológicas, permitindo, desta forma, que se faça uma 
correta avaliação das necessidades locais e gerais para o seu tratamento, bem 
como se possa planejar e implementar os cuidados necessários à sua efetiva 
resolutividade. 
Outro aspecto importante é que o reconhecimento adequado das diversas 
fases e estágios de evolução do processo cicatricial dos diferentes tipos de feridas 
permitem estabelecer um prognóstico que inclui, entre outros elementos: o tempo 
estimado para sua cicatrização; custos previstos; recursos humanos e materiais 
necessários; sequelas potenciais e riscos de recidivas e cronificação. 
 
 
5 FASES E ESTÁGIOS DE EVOLUÇÃO DO PROCESSO CICATRICIAL 
 
 
5.1 FASE DE HEMOSTASIA 
 
 
Na ocorrência de uma lesão tecidual ocorre também a ruptura de vasos 
sanguíneos. Neste momento há uma vasoconstrição temporária para evitar grandes 
perdas sanguíneas, além do contato entre as plaquetas e o colágeno, o que 
favorece a agregação plaquetária e a oclusão dos vasos sanguíneos lesados. 
 
 
5.2 FASE DE INFLAMAÇÃO 
 
 
Posteriormente, ocorre a liberação de quimioatraentese histamina, 
provocando a vasodilatação na região lesada e consequentemente a chegada de 
células de defesa que vão fazer a limpeza e defender esta região lesada. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 41 
Funções: Ativar o sistema de coagulação, promover o desbridamento e 
defender contra microrganismos. 
Essa fase pode durar de quatro a cinco dias e requer recursos energéticos e 
nutricionais. 
 
 
5.3 FASE PROLIFERATIVA 
 
 
Nesta fase as plaquetas e os macrófagos liberam fatores de crescimento e 
citocinas, que são responsáveis pela proliferação de fibroblastos e células 
endoteliais. 
Os fibroblastos sintetizam colágeno e favorecem a contração da ferida por 
meio dos miofibroblastos. As células endoteliais formam novos arcos capilares, que 
fornecem oxigênio e nutrientes, processo chamado de angiogênese. 
Funções: Proliferação de vasos sanguíneos e colágeno, formação do tecido 
de granulação. 
O tempo de duração depende do tipo e tamanho da lesão. 
 
 
5.4 FASE DE EPITELIZAÇÃO 
 
 
Nesta etapa a lesão é coberta por células epiteliais que só se movimentam 
sobre tecidos viáveis (sadios), como o tecido de granulação, e requerem um 
ambiente úmido para sua proliferação. 
A duração dessa fase é muito variável. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 42 
 
5.5 FASE DE MATURAÇÃO 
 
 
A ferida torna-se menos vascularizada e as fibras de colágeno são 
reorganizadas, formando ângulos com a margem da lesão, processo que busca 
fortalecimento da região. 
 Nas lesões fechadas, essa fase leva aproximadamente um ano, e nas 
lesões abertas requer um tempo ainda maior, dependendo do estado clínico do 
paciente. 
 
 
6 FATORES ADVERSOS AO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO E 
RESPONSABILIDADES DA ENFERMAGEM 
 
 
Conforme Hipócrates, o organismo possui inúmeros mecanismos dos quais 
lança mão para reparar uma ferida, mas uma série de fatores, tanto relacionados ao 
próprio paciente (fatores intrínsecos), como fatores externos e ambientais, podem 
agir de forma negativa sobre este processo, retardando-o ou impedindo-o. 
A enfermagem tem grande responsabilidade no sentido de conhecer e 
identificar tais fatores, para que possa atuar de forma preventiva, evitando e 
minimizando ao máximo seu efeito, buscando desta forma criar um ambiente 
propício para que os processos acima referidos possam se desenvolver de forma 
harmônica e fisiológica. 
Além disso, muitos desses fatores podem interferir de forma tão severa 
sobre o processo cicatricial que podem comprometê-lo de forma permanente, 
levando a complicações como infecções, cronificação da ferida ou mesmo a 
sequelas graves como perda de órgãos e membros, o que em última análise 
comprometerá de maneira significativa o prognóstico e a qualidade de vida das 
pessoas. 
Dentre os fatores que podem prejudicar e comprometer a cicatrização das 
feridas destacam-se: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 43 
 
Fatores Locais: 
• Infecção da ferida; 
• Isquemia e alterações na perfusão dos tecidos; 
• Presença de tecidos desvitalizados ou necrosados; 
• Corpos estranhos; 
• Ressecamento (desidratação) ou excesso de umidade (maceração); 
• Agentes tóxicos; 
• Extensão ou profundidade da lesão. 
 
Fatores Sistêmicos: 
 
• Deficiências no estado nutricional: desnutrição ou obesidade, déficit 
proteico, hipovitaminoses; 
• Doenças crônicas: diabetes, hipertensão; 
• Idade avançada; 
• Depressão imunológica e uso de medicamentos imunossupressores; 
• Neoplasia maligna; 
• Terapia medicamentosa com anticoagulantes e outras drogas; 
• Imobilidade ou redução na movimentação. 
 
Fatores Externos: 
 
- Agentes físicos 
• Radiação; 
• Temperatura ambiente; 
• Postura; 
• Radioterapia. 
 
- Agentes químicos 
• Antissépticos; 
• Alergenos; 
• Quimioterapia. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 44 
 
7 COMPETÊNCIA HUMANA E ÉTICO-LEGAL NA AVALIAÇÃO E TRATAMENTO 
DE FERIDAS 
 
 
As recentes publicações alertam cada vez mais para a importância do 
trabalho interdisciplinar para o adequado atendimento às crescentes demandas 
gerencias e assistenciais relacionadas aos cuidados preventivos e ao tratamento de 
feridas, considerado como um grave problema de saúde pública, como abordado 
anteriormente. 
A avaliação precoce dos fatores de risco para o desenvolvimento de feridas, 
a instituição de medidas preventivas e o monitoramento contínuo, acompanhado de 
técnicas adequadas e recursos efetivos, representam, nesse contexto, melhorias em 
todos os níveis, ou seja, no âmbito institucional, profissional, econômico e social. 
Verifica-se que mesmo com poucos recursos humanos e materiais é 
possível fazer a diferença ao operacionalizar melhorias contínuas e permanentes, 
principalmente, no sentido de inovar práticas assistenciais e gerencias de qualidade 
e humanismo. 
A credibilidade dos serviços de saúde parece, então, apontar para as 
pequenas, mas sistematizadas operações de melhoria que, por sua vez, necessitam 
ser continuamente avaliadas, reavaliadas e atualizadas para atender às exigências 
do mercado competitivo (BORGES, 2006). 
Empreender na qualidade e humanização da assistência significa, desse 
modo, desenvolver uma lógica disciplinar voltada para a integração dos diferentes 
saberes a fim de alcançar um novo conhecimento, ou seja, um conhecimento 
específico e sistematizado de melhorias contínuas. 
As novas tecnologias disponíveis atualmente no mercado não representam, 
em si, avanços e/ou resultados na melhoria do cuidado. O sucesso, entretanto, 
traduz o esforço e a capacidade empreendedora de profissionais imbuídos na lógica 
do mercado competitivo, no sentido de garantir a qualidade e credibilidade dos 
pequenos e/ou grandes eventos assistenciais e organizacionais. 
Assim, a utilização adequada das tecnologias exige dos profissionais de 
enfermagem um contínuo aperfeiçoamento para que sejam selecionadas as 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 45 
melhores opções em cada situação específica, com base em acurado conhecimento 
clínico e atualizada informação sobre as melhores evidências científicas. 
Nesse processo o empreendimento enquanto qualificação do cuidado de 
feridas/curativos requer não apenas competência técnica, mas, sobretudo, 
competência humana para visualizar novas demandas e espaços de sucesso. 
Mesmo que possa parecer insignificante frente ao contingente assistência 
geral, o cuidado de feridas/curativos determina e contribui significativamente no 
desenvolvimento gerencial e institucional por sua representatividade em 
custos/benefícios, minimização de efeitos adversos de uma hospitalização e a 
garantia de um cuidado com qualidade e competência profissional, como 
comprovam os dados divulgados por organizações nacionais e internacionais 
(WOUNDS, 2008). 
Sendo assim, o cuidado de feridas com qualidade e competência profissional 
associado à utilização de recursos tecnológicos avançados, isto é, de coberturas 
modernas, representa uma importante conquista para a equipe multiprofissional de 
saúde, pacientes, instituição e fontes pagadoras. 
Para a equipe multiprofissional, representa a qualificação e humanização da 
assistência e, ainda, a desmistificação de crenças sociais e culturais perpetuadas 
historicamente. 
Para as instituições de saúde e fontes pagadoras, o reconhecimento e a 
redução de custos com o tratamento. Para o paciente, a diminuição significativa da 
dor, pela capacidade, que estes possuem de manter a ferida úmida e reduzir as 
trocas frequentes dos curativos, além de acelerar o processo de cicatrização e, 
consequentemente, reduzir o tempo de hospitalização. 
O tratamento aprimorado, isto é, qualificado e humanizado de feridas agudas 
e crônicas constitui no cenário atual uma ação emergente e uma importante 
estratégia para a minimização de custos hospitalares e a redução do período de 
tratamento para os pacientes. 
A consolidação desta prática, principalmente, em pessoas idosas portadoras 
de úlceras,nas suas mais variadas formas, vem ao encontro, portanto, das 
necessidades da população, uma vez que estudos da Organização Mundial de 
Saúde apontam para um aumento da expectativa de vida dos indivíduos e, por 
conseguinte, o envelhecimento da população buscando, ainda, recuperar o lugar das 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 46 
várias dimensões discursivas dos sujeitos que atuam ou recorrem às instituições de 
saúde. 
O tratamento qualificado de feridas, estimulado pelo aprimoramento contínuo 
de tecnologias e práticas inovadoras para a realização dos curativos, no contexto 
multiprofissional, ocasionou no decorrer dos últimos anos inúmeros questionamentos 
em relação à eficácia/eficiência dos produtos e/ou coberturas modernas utilizadas. 
Com base nestas considerações existem hoje diversos programas de 
capacitação específicos para os profissionais de enfermagem, além da formação de 
grupos de estudos e grupos de Curativos/Feridas, compostos por diversos 
integrantes dentre estes: enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, 
médicos, nutricionistas e farmacêuticos, com o propósito de avaliar, monitorar e 
humanizar o tratamento das feridas a fim de suprir uma necessidade emergente em 
nível social. 
O grupo, enquanto espaço de trocas de conhecimentos e estratégia de 
mobilização de processos auxilia, também, na validação e padronização de 
produtos, redução de custos, resultando em benefícios para a instituição, pacientes 
e fontes pagadoras. 
Com uma prática consolidada e fundamentada cientificamente é possível 
assegurar que o uso seguro de novas tecnologias no tratamento de feridas, a 
previsão adequada da periodicidade das trocas dos curativos, a padronização de 
técnicas atualizadas para a realização e o acompanhamento das feridas por 
profissionais habilitados e qualificados de forma técnico-científica e humana 
contribuem na construção de práticas inovadoras socialmente responsáveis, 
principalmente no que se refere à redução de custos e desperdício de materiais e 
medicamentos, assim como na diminuição do tempo dispensado pelos profissionais 
para a realização dos curativos. 
Nesse sentido, a humanização da assistência envolve essencialmente o 
trabalho conjunto destes diferentes profissionais que, por meio do trabalho 
multiprofissional, podem favorecer a uma multiplicidade de enfoques e alternativas 
para uma compreensão de aspectos que estão envolvidos no atendimento ao 
paciente. Neste processo, a humanização começa com o conceito de saúde como 
bem-estar do indivíduo, da pessoa doente, que é promovida em todas as dimensões 
seja física, mental, social e/ou espiritual. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 47 
A humanização, no que se refere ao tratamento de feridas, requer 
comprometimento e envolvimento por parte de todos os profissionais da equipe. A 
transformação do modo assistencial, portanto, somente é possível, a partir de uma 
sensibilização dos trabalhadores quanto às atitudes e comportamentos que 
envolvem a prática profissional (SILVA, 2000; MARTINS, 2003). 
A humanização no atual momento de transformação do sistema de saúde 
brasileiro significa a melhoria da qualidade do atendimento aos usuários ou, em 
última análise, tratar o semelhante de maneira humana permitindo reatar a 
experiência da hospitalização ao ciclo da vida e transformá-la em uma oportunidade 
de desenvolvimento humano, ou seja, o profissional passa a manter uma relação 
humana, solidária e personalizada a cada paciente atendido além de oferecer um 
bom desempenho técnico-científico. 
O atendimento humanizado e competente de enfermagem, na prevenção e 
tratamento de feridas visa desenvolver um conjunto de práticas inovadoras e 
socialmente responsáveis na área da saúde, relacionadas ao cuidado qualificado e 
humanizado, que atenda às necessidades das pessoas em seus aspectos 
biológicos, psicossociais e estético-funcionais, de forma a respeitar sua 
individualidade e incentivar a promoção do autocuidado e da busca de emancipação 
e libertação das pessoas portadores de feridas crônicas e/ou agudas, pois como 
afirma Brandão (2006), os problemas de pele ocasionam não só dificuldades de 
ordem física, mas afetam as pessoas em sua vida psíquica, emocional, relacional e 
social. 
Para atender a tais necessidades, os programas e protocolos precisam ser 
desenvolvidos de forma a: 
 
 Disponibilizar um amplo e efetivo arsenal de recursos/tecnologias em curativos 
capazes de atender à complexidade dos novos casos emergentes; 
 Oferecer estrutura física específica para a realização dos curativos, compatível 
com a demanda e complexidade dos casos emergentes (consultório de 
enfermagem e nutrição, salas de curativos, sala de espera, acesso com rampa); 
 Criar uma estrutura operacional e funcional para a orientação e educação dos 
pacientes e familiares (folders, cartazes informativos, treinamento do familiar 
cuidador), além de suporte nutricional ao paciente; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 48 
 Promover socialmente a integração e o saber interdisciplinar dos profissionais da 
saúde por meio de práticas empreendedoras; 
 Disponibilizar material didático, máquina fotográfica digital e computador para o 
registro, acompanhamento e evolução dos curativos/feridas de forma 
sistematizada e informatizada; 
 Criar um programa de Educação Permanente com o quadro funcional interno e 
externo sobre o cuidado qualificado e humanizado de feridas; 
 Oferecer aos pacientes e familiares terapias ocupacionais individuais e grupais; 
 Promover jornadas, cursos, consultorias e palestras para a comunidade como um 
dos compromissos sociais dos profissionais; 
 Promover ações que valorizem as práticas saudáveis, promovam a saúde e a 
busca precoce de atendimento; 
 Integrar esforços na elaboração de políticas públicas que permitam o acesso da 
população aos recursos e tecnologias modernas, hoje existentes para o 
tratamento de feridas; 
 Desenvolver protocolos que levem em consideração a integralidade dos 
processos e ações, evitando ações fragmentadas, considerando o aspecto 
holístico do cuidado de feridas e sua complexa etiologia e natureza. 
 
 
8 MODELO DE FLUXO DE ATENDIMENTO E ALGUNS RESULTADOS OBTIDOS 
 
 
1º Todos os pacientes, ao serem admitidos para internação, são avaliados 
quanto ao grau de risco para desenvolvimento de úlceras por pressão ou problemas 
na cicatrização de feridas. O médico assistente do paciente solicita o 
acompanhamento do Grupo de Curativos da Instituição, por escrito. 
2º A equipe de curativos realiza a avaliação geral do paciente e da pele, 
sugerindo o tratamento de escolha para prevenir infecções e complicações na 
cicatrização; identifica e registra lesões já existentes. 
3º Os profissionais integrantes do grupo realizam uma tabela de custos com 
previsão e periodicidade das trocas dos curativos e do tratamento global. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 49 
4º Um dos integrantes da equipe avalia e monitora o tratamento da ferida 
pelo tempo integral, observando a autorização do termo de consentimento, o registro 
fotográfico e a evolução do processo de cicatrização, bem como a avaliação do 
estado clínico do paciente. 
5º O grupo mantém contato permanente com o médico assistente do 
paciente e a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH, a fim de 
assegurar um tratamento clínico integral e efetivo. 
6º Realizam-se orientações para a alta hospitalar, com instruções para troca 
de curativos no domicílio, se necessário, e agenda-se retorno para reavaliação 
ambulatorial. 
 
São realizadas Reuniões semanais para a discussão dos casos de pacientes 
acompanhados pelo Grupo Multiprofissional de Curativos, com contribuição de cada 
profissional dentro de sua área, para melhorar o processo de recuperação da ferida 
e do paciente. 
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a documentação e 
registro de todos os dados deve ser uma preocupação e uma metaa ser atingida 
pela equipe. 
A implementação da SAE em todas as suas etapas assegura continuidade 
de cuidados aos pacientes e segurança e proteção legal aos profissionais de 
enfermagem, pois por meio dela estão documentados: 
 
- Histórico de Enfermagem (entrevista / exame físico); 
- Diagnóstico de enfermagem; 
- Intervenções (prescrição de enfermagem); 
- Evolução de enfermagem. 
 
A implementação da SAE tem se revelado como uma estratégia altamente 
positiva no tratamento de feridas, como relatado por diversos autores, como Backes 
(2006). 
 
 Diminuição dos casos de reinternação hospitalar de pacientes portadores 
de feridas crônicas; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 50 
 Redução do número de amputação de membros; 
 Minimização da dor e do desconforto do paciente pela redução da 
periodicidade das trocas dos curativos; 
 Aceleração do processo de cicatrização da ferida tendo como vantagem a 
redução do tempo de tratamento; 
 Redução dos índices de infecção hospitalar; 
 Orientação aos pacientes e familiares, garantindo a continuidade do 
tratamento prestado; 
 Redução do custo global do tratamento para a instituição e fontes 
pagadoras; 
 Integração e fortalecimento do compromisso e/ou responsabilidade social 
instituição/comunidade local e regional; 
 Integração e fortalecimento das relações e parcerias entre os profissionais 
e prestadores de serviço; 
 Assessoria técnica e acompanhamento de pacientes com feridas crônicas 
ou com dificuldades de cicatrização em outras instituições; 
 Atendimento domiciliar a pacientes impossibilitados de serem atendidos 
em nível ambulatorial e/ou hospitalar; 
 Terapia ocupacional individual e grupal com os pacientes e familiares, a 
fim de minimizar a dor e o estresse e, consequentemente, promover a 
integração das pessoas e desenvolvimento do voluntariado nas 
instituições; 
 Humanização da assistência aos pacientes e familiares por meio de 
atividades científicas interativas – mesas de debate – e comemorações 
festivas. Exemplo: Comemoração do dia do aniversário dos pacientes 
internados; 
 Participação dos integrantes do Grupo de Curativo em Congressos 
regionais e/ou nacionais; 
 Participação do Grupo de Curativos em pesquisas para a validação de 
produtos e agentes cicatrizantes no tratamento inovador de feridas; 
 Processo de Educação Permanente, por meio da realização de 
treinamentos e eventos científicos para o público interno e externo. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 51 
 
9 RECURSOS PARA O TRATAMENTO DE FERIDAS E IMPORTÂNCIA DO 
CONTROLE DE INFECÇÕES 
 
 
Como já referimos, a etapa inicial do tratamento de uma ferida deve ser sua 
adequada avaliação, que implica na avaliação geral da pessoa e na avaliação focal 
da lesão em si. 
Após a avaliação, o profissional estará em condições de planejar as diversas 
etapas dos cuidados de enfermagem, que propiciarão as necessárias e adequadas 
condições para que o processo de reparação e cicatrização dos tecidos possa 
evoluir. 
 
 
9.1 LIMPEZA 
 
 
A limpeza da ferida reduz a carga microbiana, remove corpos estranhos, 
minimiza o odor, preserva tecidos viáveis e favorece a cicatrização (RODEHEAVER, 
1999). 
Com o avanço tecnológico contamos com o advento de inúmeras 
substâncias disponíveis no mercado atualmente, incluindo em sua formulação 
antissépticos em baixa dosagem, surfactantes e ou tensoativos com o intuito de 
auxiliar na remoção de contaminantes da ferida, sem, contudo, provocar agressão 
aos delicados e frágeis tecidos fundamentais ao processo de reparo 
(RODEHEAVER, 2001). 
A região da pele íntegra que margeia a ferida (denominada região 
perilesional) abriga microrganismos que podem ser fonte de contaminação. Dessa 
forma, a limpeza tem o intuito de remover patógenos e ajudar a fixação da cobertura. 
O agente de limpeza é determinado pela sujidade e integridade da pele. 
Recomenda-se, portanto, a utilização de soluções degermantes e enxágue suficiente 
para remoção dos resíduos ou uso de soluções antissépticas, preferencialmente 
clorexidina aquosa. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 52 
Todas estas considerações não diminuem a responsabilidade e o 
compromisso do profissional de preservar e proteger o paciente de contaminações 
oriundas de técnicas inadequadas e produtos contaminados (YAMADA, 2003). 
Algumas recomendações devem ser seguidas para o adequado processo de 
limpeza das feridas: 
 
- Limpeza de ferida cirúrgica aguda (incisões/excisões) - recomendamos o 
“toque suave” da gaze umedecida em SF 0.9%, a 37° C, em movimentos únicos, da 
área menos contaminada para a mais contaminada; 
- Limpeza da ferida aberta (causa cirúrgica: deiscência / causas não 
cirúrgicas: feridas agudas, abrasões; feridas crônicas como pé diabético; úlcera por 
pressão; úlcera venosa, entre outras) - recomenda a utilização da solução fisiológica 
(SF 0.9%), a 37° C, sob pressão, utilizando seringa de 20 mL e agulha 40 X 12 (4-
15PSI). Na presença de cavidade, remover o excesso de soro. 
 
 
9.2 MÉTODOS DE DESBRIDAMENTO 
 
 
O desbridamento é um processo fisiológico que acontece na fase 
inflamatória em que macrófagos e neutrófilos digerem e removem plaquetas 
aproveitadas na hemostasia, debris celulares e tecidos avascularizados. 
Entretanto, com o acúmulo destes elementos, este processo fisiológico 
torna-se difícil e pode ser insuficiente, exigindo, assim, medidas que complementem 
o desbridamento natural (BRYANT, 2000). 
Diferentes métodos de desbridamento podem ser utilizados, levando em 
consideração as características da ferida, aspecto do tecido inviável, etiologia e 
condições clínicas da pessoa. São classificados como seletivos (remoção do tecido 
inviável) ou não seletivos (remoção dos tecidos viável e inviável). São divididos de 
acordo com o mecanismo de ação: autolítico, mecânico, enzimático, biológico e 
cirúrgico. 
A escolha do método de desbridamento leva em consideração aspectos 
como: infecção, tempo para remoção do tecido desvitalizado, tipo de ferida e de 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 53 
exsudato, quantidade e tipo de tecido inviável, problemas potenciais como trauma no 
leito da lesão e maceração, ou de outra maneira, urgência da necessidade do 
desbridamento, nível de cuidado e disponibilidade de recursos tanto humanos como 
materiais (AYELLO, 2003). 
 
 
9.2.1 Desbridamento Autolítico 
 
 
É indolor e não invasivo. Utiliza enzimas endógenas presentes na fase 
inflamatória, para remoção do tecido desvitalizado, sendo um método seletivo. A 
autólise, processo fisiológico, ocorre na presença de ambiente úmido com boa 
vascularização, adequado número de leucócitos e neutrófilos e estado nutricional. 
Indicação: Feridas que apresentem tecido necrótico. 
 
 
9.2.2 Desbridamento Mecânico 
 
 
É um método não seletivo, em desuso e que pode ocasionar dor. Neste 
método estão a técnica da gaze seca, a hidroterapia e a irrigação do leito. A técnica 
de irrigação do leito é a mais aceita atualmente e eficaz na remoção de debris, 
matéria particulada e bactérias, sem causar trauma ao tecido vivo, desde que 
respeitada a pressão recomendada entre 4-15PSI. 
Recomendamos apenas a utilização de SF 0,9% a 370C, sob pressão, 
utilizando-se seringa de 20 ml e agulha 40 X 12. 
 
 
9.2.3 Desbridamento Cirúrgico 
 
 
É realizado por médico cirurgião utilizando laser ou instrumental de corte, 
preferencialmente em ambiente cirúrgico. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 54 
 
9.2.4 Desbridamento com Instrumental Conservador 
 
 
É realizado somente por enfermeiros especialistas, que tenham atingido a 
competência e habilidade para realizá-lo, utilizando instrumental de corte. 
Indicação: Escara, Esfacelos e Corpos estranhos / partículas inorgânicas. 
 
 
9.2.5 Desbridamento Enzimático 
 
 
É realizado por meio da aplicação tópica de enzimas exógenas (fibrinolisina, 
colagenase, papaína) que degradam o tecido necrótico por meio

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