Lessa Quinze Anos de política econômica - RESENHA

@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700); Lessa \u2013 Quinze Anos de política econômica

No final de 1956, devido às grandes tensões políticas e econômicas, Juscelino Kubitschek cria o Plano de Metas. Tratavam-se de metas para industrializar o Brasil de forma concreta, o intuito era criar uma industrialização vertical e integrada que desse continuidade ao processo de substituição de importações.

O plano não dedicava em linhas gerais ao setor agropecuário, indiretamente o plano abarcava o setor pois possuía metas de armazenagem, meta para a produção de trigo cujo estimulo era o setor externo e mecanização agrícola. além disso, o Plano de Metas não incluía a distribuição de renda e gastos sociais.

Em linhas gerais, o Plano era voltado para os investimentos diretos do governo no setor de energia, transporte e indústria básica (siderurgia e petróleo), as metas também se preocupavam com a diversificação dos setores produtores de equipamentos e insumos de bens de capital.

Além disso, o plano buscava transformar a economia brasileira no que tange ao equilíbrio de preços, balança de pagamentos e controle do setor monetário, fiscal e cambial. Assim o Plano defendia a atividade econômica do Brasil e concentrava os investimentos na industrialização vertical.

Lessa (1981) afirma que o sistema financeiro do Brasil era intermediário e era voltado para uma economia mercantil e um setor público que não possuía instrumentos eficazes para captar recursos. Dessa forma, para financiar o Plano de Metas, o governo teria que assumir a intensificação dos desequilíbrios que já se faziam presentes na economia brasileira da década de 1950.

Os fatores de adoção do Plano de Metas

O Brasil precisava retomar a sua industrialização d forma efetiva, eficaz e racional. No que tange a uma industrialização vertical e integrada a ideia era inteligente pois defendia a atividade econômica em solo nacional e elevaria a taxa de crescimento.

O cenário econômico brasileiro era de desequilíbrio fiscal enquanto o setor externo estava em estancamento. O cenário pedia cautela aos dirigentes das economias. Mas isso não parou Juscelino e seu corpo administrativo. O Plano de metas exigia forte elevação dos gastos públicos e prometiam o avanço eficiente da industrialização. O governo optou pela industrialização e não pela estabilidade econômica.

Os países latino americanos optaram em estabelecer as políticas do FMI, políticas financeiras. o Brasil não adotou tais políticas mas criou a sua própria política: o plano de metas. Isto porque o objetivo do BR era a industrialização em pouco tempo, como o próprio Juscelino diria \u2018\u201950 anos em 5\u2019\u2019. Além disso, as políticas brasileiras tonavam os seus cidadãos cada vez mais nacionalistas. Além disso, o BR sofria pressões por conta da sua industrialização tardia e precária. O plano possuía de forma implícita o financiamento expansionista, este financiamento era atraente para as empresas privadas e por isso não entravam em conflito com a política de JK. A diversificação industrial fora tão estratégica que levou a economia brasileira a desfrutar de desenvolvimento e estabilidade;

Energia \u2013 Transporte: o plano consolidava os programas já existentes e colocava em pauta os impasses entre o setor industrial, o sistema de transporte e a geração de energia. O transporte e a energia são fundamentais para a expansão do parque industrial.

A indústria intermediária de bens de consumo não acompanhou o crescimento do setor, tornando-se um grupo vulnerável da economia já que não havia nenhuma política ou meta que privilegiasse o setor. O plano de metas complementou a industrialização e fomentou novas dinâmicas que reduziriam os custos de operações do setor privado.

Além disso, haviam metas que procuravam a instalação de um setor produtor de equipamentos para que houvesse também a substituição de importações de bens de capital.

Por que o governo não criou junto um plano de financiamento? Se o governo fizesse isso, as industrias privadas iriam resistir e o solo brasileiro não seria mais atraente para elas.

O plano de metas \u2013 objetivos e resultados

Na América Latina foi o projeto que mais concreto para integração e desenvolvimento industrial e melhor orientado pelo Estado. As metas podem ser dividas em quatro grandes grupos: inversões diretas no sistema de transporte e geração de energia; ampliar ou instalar setores ligados a siderurgia; instalação de indústrias produtoras de bens de capital; construção da sede administrativa do país.

1- Grupo: energia e transporte

a- energia: ampliar a capacidade de geração de energia elétrica para dar suporte a expansão do setor industrial. A meta era a ampliação da capacidade já instalada. Os recursos exigidos para a realização de tal meta eram de difícil acesso e a rentabilidade inicial era baixa o que deixava o setor pouco atraente para as iniciativas privadas, dessa forma, caberia ao setor público criar a sua própria indústria no setor de energia. Além disso, o Plano de Metas incluía a Petrobrás (criada m 1954), o plano previa a ampliação da capacidade de refino do petróleo. O avanço tecnológico fez com que a linha ferroviária passasse a se abastecer com o diesel, dessa forma, as metas buscavam modificar o setor industrial do carvão para que a demanda não chagasse próximo a zero.

b- Transporte: o plano buscava modernizar o transporte brasileiro, reequipar o sistema ferroviário, pavimentar estradas e rodovias, melhorar os portos e modernizar a frota marítima comercial. O plano previa a construção de novas ferrovias e também a extensão de estradas ferroviárias já existentes e interligar ferrovias. Tais metas não foram integralmente cumpridas pois para que fosse feitas era preciso mudar a política ferroviária. Todavia a instalação de locomotivas a diesel melhorou e ampliou as condições do transporte ferroviário. Já o setor rodoviário foi ampliado de forma significativa, teve melhorias na qualidade e algumas rodovias foram interligadas. O transporte marítimo favoreceu as frotas do petróleo, visto que eram as mais utilizadas, além disso houve melhoria nos serviços portuários. O transporte aéreo teve melhora em seus materiais e expansão da infraestrutura, tornando-a adequada para diversos voos.

2- Grupo: Indústrias intermediárias

Expansão dos setores já existentes e instalação de novos setores industriais. Novos setores: siderurgia, metalurgia. O plano não prometia que a indústria brasileira se tornaria autossuficiente, mas buscava que o suprimento básico fosse fornecido pelo mercado interno contrair o balanço de pagamentos. Além da siderurgia, a indústria de comento Portland teve sua capacidade produtiva expandida. Outros setores contemplados pelo Plano de Metas: não ferrosos, papel e celulose, imprensa, borracha e fertilizantes. O grande impasse da instalação de tais industrias era o pouco conhecimento que se tinha sobre o solo brasileiro gerando dúvidas sobre até em que ponte de podia explorar o país. As metas industriais forma fortemente investidas por meio das empresas Estatais com recursos do setor público. Para a indústria de borracha a dificuldade na oferta de matéria prima e de ferramentas industriais para a sua produção, fez com que o governo direcionasse a fabricação de borracha sintética para a Petrobrás. Os fertilizantes tiveram sua capacidade de produção expandida e fortalecida.

As indústrias de bens de capital: instalação da indústria automobilística, construção naval e mecânica. A principal instalação era a automobilística já que se fazia necessário expandir o transporte rodoviário. A indústria mecânica era justamente o estimulo para que a indústria automobilística se instalasse de maneira plena. A meta do plano era nacionalizar os carros rodoviários e expandir as frotas. A instalação de material elétrico pesado era justamente para que o parque industrial se tornasse vertical, a indústria iria produzir geradores, motores, eletrodomésticos, maquinas e equipamentos.

O principal impasse para o cumprimento da meta industrial era a economia subdesenvolvida brasileira, um mercado de mão de obra pouco especializado, dimensões de mercado relativamente pequenas e tecnologia ultrapassada se comparada com as economias centrais do mundo.

3- Grupo: construção de Brasília

O plano de metas buscava construir uma capital no interior do país com grandes recursos tecnológicos e arquitetônicos. Isto servia de estimulo para a promoção política brasileira no cenário externo e ampliação do sistema econômico. Não se sabe a quantidade exata de investimento feitos para a construção da capital, pois não existem os dados numéricos oficiais.

Outras metas: ampliar a produção do trigo (não foi cumprida), expandir os serviços de comercialização e fabricação de tratores (meta de mecanização do setor agrícola), expandir e garantir os suprimentos de carnes (expandir matadouros, mas não foi cumprido); expansão das exportações de minério.

Aspectos da política econômica do período:

Favorecia e facilitava a entrada de capital estrangeiro. Isto ajudou na obtenção de recursos externos necessários. Além disso, a política econômica ampliava a participação do setor público na formação de capital interno como um agente direto. Lançou um conjunto d estímulos para que existisse acesso efetivo ao credito externo e concessão de empréstimos de LP em moeda nacional. A alta inflação foi resultado do financiamento dos gastos públicos, e colocava o plano de metas a disposição da iniciativa privada uma espécie de poupança forçada da comunidade. Tais politicas permitiram a elevação do salário real do povo.

Política de capital estrangeiro:

Meados de 1951 com a melhora dos preços do café as exportações deste recuperaram o nível pré guerra. A política de capital estrangeiro era fundamental no Plano pois dava continuidade ao processo de substituição de importação. A partir 1953 o governo adotou uma política extremamente liberal quanto a poupança externa. Todas as transações da poupança externa deveriam ser feitas diretamente pelo mercado financeiro pois lá havia livre determinação da taxa de câmbio. A partir de 1955 a instrução 113 da SUMOC \u2018\u2019permitiu a importação de bens de capital à taxa \u201clivre\u201d de câmbio por investidores estrangeiros, caso esses investidores aceitassem, como forma de pagamento, a participação no capital próprio da empresa que importasse o equipamento. permitia a entrada de capitais estrangeiros no país em condições substancialmente mais vantajosas do que se os investidores internalizassem seus capitais à taxa \u201clivre\u201d e depois utilizassem os cruzeiros daí resultantes para recomprar dólares e importar equipamentos à taxa cambial da categoria relevante. \u2018\u2019

Esse tipo de política era importante já que o parque industrial brasileiro ainda era deficitário em algumas indústrias de bens de capital. Registra-se que 81% das entradas autônomas de capitais eram financiamentos externos específicos. Por meio do BNDE o acesso ao crédito externo era assegurado para os empresários. A politica de capital estrangeiro obteve êxito e representou um conjunto de metas altamente eficazes no que diz respeito ao desenvolvimento industrial por meio da entrada de capitais estrangeiros.

Ampliação da participação direta do setor público:

Ampliar participação do Estado no capital interno do país, abertura de estatais, maior oferta de serviços públicos, urbanização e elevação do gasto social. Ampliação da participação do setor público no PIB.

Estimulo às inversões privadas prioritárias:

Garantir o acesso ao financiamento externo, concessão de créditos de longo prazo com taxa de juros baixa; reservar e preparar o mercado interno para a instalação d novos stores industriais.

Para a indústria automobilística, por exemplo, houve a concessão de cambio subsidiado para a importação de insumos e equipamentos complementares. Esses estímulos reduziam os custos e elevavam a rentabilidade das inversões nos setores prioritários.

Tratamento do problema da estabilidade:

Observar os aspectos monetários, cambiais, fiscais, salariais e fixação de preços para corrigir os desequilíbrios inflacionários. O plano buscava usar um desses instrumentos para frear a inflação.

Pesquisar: inversões

O processo inflacionário e a deterioração das condições externas conduziram o estado a se preocupar com a estabilidade.

Os instrumentos cambiais, monetários e fiscais atuaram subordinando o problema da estabilidade a industrialização. De um lado, forneceram um pragmático esquema de financiamento ao esforço de inversões. O crescimento econômico se deu ao dinamismo da política econômica que possibilitava níveis crescentes de investimento.

Política de preços:

Resistencia aos reajustes de produtos básicos e insumos de produção. A política de preços foi uma continuação mal sucedida do Plano de Metas.

Exportação: embora o governo tivesse como objetivo ampliar as exportações e importações, o governo não elevou as bonificações pagas aos exportadores de produtos primários.

Durante o Plano o governo tentou manter inalterado o salário nominal captando a poupança forçada dos setores de rendas contratuais.

Política orçamentaria: ampliou a participação go gasto governamental no produto nacional. A estrutura tributária foi flexível com relação a alta dos preços o que possibilitou uma boa captação fiscal.

O saldo do período:

Diversificação industrial; crescimento nos setores de transporte e energia; desequilíbrios regionais; mudanças nos níveis per capitas; não dados concretos sobre a desigualdade; mão de obra não especializada; 60% da população foi para os centros urbanos.

O instrumento do plano de metas

Sistema de previdência social solido; banco do Brasil controlando cerca de 40% das operações bancárias;

Transações financeiras e serviços de transporte, seguro e turismo: mercado de livre formação de taxa.

Policentrismo da economia brasileira sanciona dispersão d recursos fiscais pelos 3 níveis da organização politico administrativa (união, estado e municípios).

Peças fundamentais na implantação do Plano de metas:

Surgimento do Conselho do Desenvolvimento; setor público: empresas estatais e autarquias; setor privado: combinação de estímulos para a execução e instalação das indústrias.

Metas do setor público:

Construção e integração do parque industrial. Ampliação da oferta de energia elétrica; oferta de produtos siderúrgicos; maior gerência e fiscalização do setor de transportes; além das estatais de energia, houve também a criação da Novacap, empresa que construiu Brasília.

1952: BNDE concede crédito para projetos ferroviários, energia, indústria básica, armazenagem de produtos agropecuários, mecanização agrícola e financiamento de compra e venda de equipamentos.

Metas do setor privado:

Redução dos custos nominais do investimento; organização dos mercados; concessão de taxas preferenciais para importações de equipamentos para indústria; instalação de indústrias de bens básicos e de capital. Redução de tarifas aplicada a importação de equipamentos.

O sistema de coordenação do Plano de Metas: Pragmatismo de soluções instrumentais; controle exercido pelo BNDE; coordenação dos projetos do setor privado com a elaboração do Orçamento de Câmbio;

Situação final do Plano:

Elevado crescimento econômico; ampliação das funções do estado; constituição de instrumentos para controle cambial, fiscal e monetário. Transformação qualitativa do estado; política de desenvolvimento industrial; o setor publico se transformou no proprietário e empresário das atividade de transporte (rodoviário, marítimo, fluvial, aéreo), principal produtor de energia elétrica; criação do credito agrícola por meio do Banco do Brasil; determinação dos preços mínimos da agricultura; financiamentos; credito cooperativo; salários fixos; participação do setor publico na formação de capital interno; ocorre uma \u2018\u2019estatização formal\u2019\u2019 da economia. O estado se configura como um importante produtor nos setores estratégicos da economia nacional; além disso, o estado tornou-se importante controlador das decisões privadas.

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