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FUNDAMENTOS DO COMÉRCIO EXTERIOR E-book 4 Ingrid Bizan Neste E-Book: Introdução ���������������������������������������������������� 3 Embalagens �������������������������������������������������4 Função da embalagem ��������������������������������������������4 Proteção �������������������������������������������������������������������5 Quantificação �����������������������������������������������������������5 Qualificação ��������������������������������������������������������������5 Tipos de embalagens ����������������������������������������������8 Contêineres ����������������������������������������������������������� 10 Despacho aduaneiro ��������������������������������17 Definição, prazos e procedimentos ��������������������� 18 Câmbio ����������������������������������������������������������21 Modalidades de pagamento e recebimento ������� 21 Termos comuns ����������������������������������������28 Considerações finais������������������������������� 32 Síntese ��������������������������������������������������������� 33 2 INTRODUÇÃO O objetivo deste módulo é fazer com que você se familiarize com os procedimentos, permitindo que seja possível colocar a atividade em prática. Ao fim deste módulo, você conhecerá a sistemática administrativa dos processos de exportação e impor- tação, bem como saberá onde encontrar mais infor- mações, compreender a importância do planejamen- to e a organização no processo de importação ou exportação, quais os incentivos fiscais e financeiros que tornam o produto mais competitivo no exterior, conhecer uma série de financiamentos possíveis para empresas com negócios internacionais e saber como funciona o processo de internacionalização. 3 EMBALAGENS Anteriormente, estudamos de modo breve a im- portância das embalagens, por isso retomaremos o tema neste módulo� Segundo estimativas feitas pelas Nações Unidas, os exportadores dos países em desenvolvimento perdem receitas de exportação devido a defeitos e insuficiência de embalagem – principalmente pelo fato de desconhecerem o fluxo da carga entre os portos de origem e o de destino final quanto aos meios utilizados (LUDOVICO, 2012). Por vezes, um design pobre, materiais precários, fa- bricação inadequada e vulnerabilidades diversas têm sido as principais causas de avarias no transporte. Com o aumento dos navios que transportam contê- ineres e com aeronaves embarcando por meio de contêineres específicos, as perdas estão diminuindo. Função da embalagem Dado que a pauta de exportações é bastante diversi- ficada, a apresentação das mercadorias exportadas também é, apresentando dinamismo, envolvendo vários tipos de construções, tamanhos e pesos. Não podemos, porém, nos esquecer das funções princi- pais da embalagem: proteção, qualificação, quanti- ficação (LUDOVICO, 2012). 4 Proteção A proteção é a primeira função da embalagem, pois implica a preservação e integridade do produto, des- de o local de proteção até possivelmente as mãos do consumidor, aí incluídas as escalas de transporte, a distribuição, a venda etc. A embalagem protege o produto, inclusive, dos riscos biológicos da carga, dos reveses climáticos e de quanto será o impacto na carga, por exemplo, se é necessário algo climati- zado, analisa-se os riscos de roubo, de impactos etc. Quantificação Nesse aspecto, devemos considerar a quantidade de material que podemos acondicionar por embalagem, prevendo as avarias possíveis e o peso bruto total da embalagem após concluída. É diferente emba- lar bombons e embalar máquinas. A necessidade do manuseio, empilhamento e demais etapas do processo, pede que a quantidade de material por embalagem seja estudada de forma a não avariar o produto, permitindo sua movimentação. Qualificação Quantos sinais encontramos nas embalagens, não é mesmo? Cada um deles informa alguma coisa, indica um cuidado especial, quem produz e de onde é. A qualificação identifica o produto e suas parti- cularidades – por quem e para quem é produzido, 5 preços, instruções para manipulação e uso, inserção em alguma campanha promocional, entre outras. Essas informações são fornecidas ao consumidor por meio de vários sinais que ajudam a individualizar o produto não só quanto ao seu gênero, mas também quanto aos seus concorrentes congêneres. Além desses pontos, devemos pensar nos diversos tipos de embalagem, como de transporte, de exposi- ção e de consumo, pois são diferentes e impactam em momentos diferentes do processo comercial. A embalagem de transporte, por exemplo, tem como necessidade ímpar suportar os impactos da movi- mentação do transporte� Por sua vez, a de exposição é uma embalagem den- tro da embalagem do transporte. É na embalagem de exposição que os produtos ficarão expostos nos pontos de venda. Por essa razão, ela deve atender aos requisitos da marca, comunicar-se pelo seu de- sign, cores e imagens da marca. A embalagem de consumo é uma “terceira casca de embalagem”; é por meio dela que o consumidor terá acesso ao produto, efetivamente, no ponto de venda. Tal qual a embalagem de exposição, a de consumo depende muito das informações de design, cores e imagens que transmitam os valores da marca. Por exemplo, citemos a embalagem de “bombons”. O bombom é embalado individualmente, isto é, a embalagem de consumo. Para transportar ao ponto de venda, pode ser acondicionado em uma caixa com uma determinada quantidade de bombons. Essa 6 caixa é a embalagem de exposição. Para exportar esses chocolates, deve- se considerar a resistência da embalagem para não danificar os bombons, a temperatura, para não derreter ou congelar e, prin- cipalmente, essa embalagem também precisa se comunicar, ou seja, dizer que traz bombons do Brasil, que necessita de cuidados especiais e que a marca é importante. Devido a tudo isso, você precisa ter claro que a embalagem é tão importante quanto o produto. O bem de consumo está intimamente associado à forma e à apresentação da embalagem. Com base nela, o consumidor geralmente atribui valores e sig- nificados, como a garantia de determinada procedên- cia ou qualidade tradicional, o simbolismo de sexos, status etc. (LUDOVICO, 2012). FIQUE ATENTO Existe uma padronização de tamanhos das em- balagens, particularmente nos Estados Unidos e na Europa. O mesmo se dá com relação aos materiais, etiquetas e qualidade. Vale a pena ve- rificar, antes de desenvolver sua embalagem de exportação, se há requisitos a se seguir para o país que você pretende enviar seus produtos. Paí- ses em desenvolvimento nem sempre seguem as mesmas exigências de países europeus ou norte- -americanos, mas é importante obter as informa- ções necessárias previamente para evitar custos extras futuros. 7 Tipos de embalagens Paletes Conforme nos informa Ludovico (2012), paletes são uma plataforma destinada a suportar cargas, per- mitindo a movimentação mecanizada destas por empilhadeiras, paleteiras, garfos ou eventualmente com o auxílio de outros dispositivos, como barras lingadas, esteiras de roletes, colchões de ar, entre outros. De maneira geral, qualquer carga pode ser adaptável a um palete, logo, qualquer carga pode ser considerada paletizável. Figura 1: Palete. Fonte: microfinanceledger As vantagens de se paletizar a carga são diversas e crescem diariamente. Os recebedores de produtos, considerando a mecanização do recebimento, tem confirmado a potencialidade da unitização. Com os paletes, é possível obter um melhor aproveitamen- to vertical (tanto no embarque quanto no estoque), 8 http://microfinanceledger.com/2019/08/17/global-wood-pallet-market-research-forecast-2019-2024-chep-palletone-kamps-pallets-inka-paletten/ reduzir os acidentes de trabalho na movimentação pela utilização mecânica, promover economia nos custos de movimentação, permitir maior facilidade no controle de inventários, entre outras. Observe ainda, que há alguns tipos de paletes: Quanto a operação • Descartáveis: destinados a um únicotransporte. • De uso repetitivo: destinados a várias operações. • Sem retorno (one-way): descartáveis ou de uso re- petitivo que não retornam, necessariamente, à origem da operação de transporte� Quanto ao modelo • De duas entradas: permite a introdução de garfos somente por dois lados opostos� • De autoentradas: permite a introdução de garfos pelos quatro lados. • De faces simples: apenas com uma face destinada a receber a carga. • De faces duplas: com face superior para receber a carga e outra inferior para apoio. • Reversíveis: com duas faces iguais. • Com abas: suas faces se projetam além dos apoios, em lados opostos. • Desquinados: seus cantos são cortados ou arredondados� 9 • Caixa-paletes: paletes com paredes que podem ser removíveis, com ou sem a tampa superior. Esses modelos permitem diversas aplicações no momento de unitizar a carga e otimizar seus envios. FIQUE ATENTO Paletes são de madeira, e a madeira necessita de tratamento antipraga para entrar e sair do país� Esse serviço precisa ser feito antes da solicita- ção do embarque e início do despacho. Contêineres Você provavelmente está pensando: Ué, não faláva- mos de embalagens? Pois é. O container é um aces- sório de transporte importante quando consideramos nossas embalagens! No mundo contemporâneo, devido ao crescimento do mercado internacional e às dificuldades finan- ceiras e econômicas que vivemos, pensa-se sempre em modernização e racionalização dos sistemas de embalagem e transporte. O container tem, portanto, o objetivo de reduzir custos de transporte e movimenta- ção, aumentando a segurança e a agilidade. Dadas as suas características, o container tornou-se a espinha dorsal do transporte internacional (LUDOVICO, 2012). 10 Desse modo, a unitização de carga passa a um novo patamar, agrupa pequenos volumes em uma uni- dade maior, com dimensões padronizadas, de fácil movimentação mecânica, resistente, durável e de fácil identificação. O container apresenta forma de paralelepípedo retangular, paredes metálicas del- gadas, para assegurar maior agilidade possível, sua estrutura deve ser resistente para poder suportar o empilhamento. Nas palavras de Ludovico (2012), o container é um recipiente construído de material resistente, desti- nado a propiciar o transporte de mercadorias com segurança, inviolabilidade e rapidez, dotado de dis- positivo de segurança aduaneira que deve atender às condições técnicas e de segurança previstas pela legislação nacional e pelas convenções internacio- nais ratificadas pelo Brasil. É considerado, assim, um acessório de transporte e não embalagem, visto que seu peso e volume não são levados em conta nos cálculos do frete marítimo. Movimentação do container O transporte de container deve ser realizado por equipamento especial, o chassi porta container. A segurança é proporcionada pelos pinos de engate especiais que prendem o container e permitem o desengate do veículo, liberando-o para outras ati- vidades. É muito importante sua utilização, pois as companhias de seguro somente se responsabilizam por acidentes em que os contêineres foram transpor- tados corretamente. 11 Tipos de operação Você precisa conhecer as operações possíveis, uma vez que cada uma vai impactar de alguma forma no valor do frete final. Note que peso e volume do container não são considerados no valor do frete diretamente, mas o que se paga é como um aluguel pela utilização do espaço do container ou da sua locação por completo. Logo, o tipo de operação deve incluir ou excluir serviços que, de alguma forma, terão impacto no valor final do frete. • House to house: quando a mercadoria é colocada no container nas instalações do exportador e só retirada na empresa importadora� • Pier to pier: transporta-se a carga ao terminal ma- rítimo e, lá, é carregada no container, sendo retirada no terminal marítimo do porto de destino� • Pier to house: transporta-se a carga ao terminal marítimo e, lá, é carregada no container, sendo reti- rada na empresa importadora� • House to pier: carrega-se a carga no container nas instalações do exportador, sendo retirada no terminal marítimo do porto de destino� Tipos de contêineres Cada carga precisa de um tipo de cuidado e cada em- balagem pede um tipo de acessório. Dadas as inúme- ras diferenças de carga, temos tipos de contêineres: • Carga seca (Dry cargo): É o tipo convencional, mais comum. Pode ter portas laterais para uso em 12 ferrovias. É aplicável a paletes, caixas, engradados, bobinas, tambores e fardos. Figura 2: Container Carga seca (Dry Cargo). Fonte: wdabrasilcontainers • Teto aberto (Open top): Também é convencional, mas tem o teto removível por ser uma lona� As apli- cações são variadas para atender às cargas com complicações de altura ou mesmo que, devido ao peso, precisam ser içadas para entrar no container por cima: maquinário pesado é um exemplo de aplicação. Figura 3: Container Teto Aberto (Open Top). Fonte: amplacontainers 13 https://www.wdabrasilcontainers.com.br/wp-content/uploads/2017/07/container-dry.png http://amplacontainers.com.br/portfolio-item/container-open-top-sem-teto/ • Abertos: Plataforma simples com colunas nos cantos e barras diagonais de reforço. Aplicações: chapas, tubos, perfis e vidros. Figura 4: Container Aberto. Fonte: somaurbanismo • Granel: São construídos com tampa para carrega- mento no teto com bocal para descarregamento pelo assoalho. Aplicações: cereais e granulados. Figura 5: Container Granel. Fonte: secfigueiredo • Frigoríficos: Isolados e equipados para refrigerar. Aplicação para carnes, frutas e sucos. Uma curiosidade 14 https://www.somaurbanismo.com.br/diversidade-na-construcao-1-casa-container/ http://www.secfigueiredo.com.br/ferramentas/containers/ a respeito desse tipo de contêineres refrigerados é que, no retorno ao seu país de origem, muitas empresas fa- vorecem o valor do frete para empresas exportadoras/ importadoras que não se importem em embarcar sua carga (mesmo sem a necessidade de refrigeração ou isolamento) por um frete reduzido, ajudando assim a retornar o equipamento, visto que se trata de um con- tainer com menos frequência de embarques. Figura 6: Container Frigorífico (reefer). Fonte: secfigueiredo • Tanques: Projetados para qualquer tipo de líquido, com revestimento especial para químicos e corrosi- vos. Aplicação: óleos, sucos e químicos. Figura 7: Container Tanque. Fonte: secfigueiredo 15 http://www.secfigueiredo.com.br/ferramentas/containers/ http://www.secfigueiredo.com.br/ferramentas/containers/ • Flutuantes: De dimensões maiores, são movimen- tados por empurrador acoplado em comboio para o navio, em que são içados a bordo. Aplicações: con- jugação entre navegação fluvial e marítima. • Aéreos: Contêineres especiais, normatizados pela International Air Transport Association (IATA), cujo formato se adapta ao compartimento de cargas do avião. Aplicações: carga seca. SAIBA MAIS Uma curiosidade sobre a navegação marítima. Antigamente, toda mercadoria era transportada em tonéis, uma embalagem resistente e fácil de manusear e que era ideal para transportar, consi- derando as dificuldades da época que não con- tavam com eletricidade, nem guindastes, nem empilhadeiras. Transportava-se tudo por tonéis. O vinho, até hoje, segue esse padrão dadas as vantagens oferecidas. O embarque era feito por meio de pranchas co- ladas entre o convés do navio e o ancoradouro, formando assim planos inclinados por onde os tonéis eram facilmente rolados, evitando ou con- tornando o problema de içamento, como temos praticado na atualidade. É por esse motivo que hoje ouvimos, no meio marítimo, a expressão “prancha de embarque” como uma tradução ao termo loading rate (LUDOVICO, 2010). 16 DESPACHO ADUANEIRO Despacho aduaneiro é o procedimento pelo qual se verifica a exatidão dos dados declarados em rela- ção à mercadoria, aos documentos apresentados e à legislação específica, visando ao desembaraço aduaneiro,podendo ser efetuada em zona primária ou secundária. Todas as mercadorias oriundas ou destinadas ao exterior, importada a título definitivo ou não, sujeita ou não ao pagamento devem ser sub- metidas ao despacho. O território aduaneiro é dividido em duas zonas: Primária e Secundária. Zona primária são os portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados por ato declaratório da autoridade aduaneira que garante neles o controle aduaneiro. É precisamente na zona primária que ocorre a entrada e a saída de merca- dorias destinadas ao exterior ou de lá oriundas. Por seu turno, a zona secundária é toda parte restante do território aduaneiro� Essa restrição de entrada e saída pela zona primá- ria não se aplica, por exemplo, às exportações por linhas de transmissão ou por dutos ligados ao ex- terior, devendo-se observar as regras específicas estabelecidas para esses casos. Recintos alfandegados são definidos pela autoridade aduaneira, em zona primária ou secundária, com o intuito de permitir que nesse espaço ocorram, sob o controle aduaneiro, a movimentação, a armazenagem 17 e o despacho aduaneiro de mercadorias, bagagens e remessas postais, sejam oriundas do exterior sejam destinadas ao exterior. Por outro lado, portos secos são recintos alfandegados de uso público, ou seja, não podem ser instalados em zonas primárias de portos e aeroportos alfandegados� As operações em porto seco dependem de concessão de órgão aduaneiro. Definição, prazos e procedimentos Importação O despacho de importação pode ser efetuado tanto em zona primária quanto em secundária, iniciando-se a partir da data do registro da declaração de importa- ção. Deve-se, obrigatoriamente, começar o processo em até 90 dias da descarga, se a mercadoria estiver em recinto alfandegado de zona primária; em até 45 dias após, se esgotar o prazo de permanência da mercadoria em recinto alfandegado de zona secun- dária; e em até 90 dias contados do recebimento do aviso de chegada da remessa postal. Desembaraço aduaneiro na importação é o ato pelo qual se registra a conclusão da conferência aduaneira� Após o desembaraço aduaneiro de mer- cadoria cuja declaração tenha sido registrada no Siscomex, será emitido eletronicamente o documento comprobatório. 18 É preciso ficar atento para o fato de que não serão de- sembaraçadas mercadorias que sejam consideradas, pelos órgãos competentes, nocivas à saúde, ao meio ambiente e/ou à segurança pública, ou que descum- pram controles sanitários, fitossanitários e zoossa- nitários, ou ainda que, em decorrência de avaria, tais mercadorias devem ser obrigatoriamente devolvidas ao exterior ou, caso a legislação permita, destruídas, sob o controle aduaneiro, às expensas do obrigado. Após o desembaraço aduaneiro, é autorizada a en- trega da mercadoria ao importador, mediante a com- provação do pagamento do ICMS, salvo a disposição em contrário. Exportação Despacho de exportação é o procedimento pelo qual se verifica a exatidão dos dados declarados pelo expor- tador em relação à mercadoria, aos documentos apre- sentados e à legislação específica, com vistas ao seu desembaraço aduaneiro e à sua saída para o exterior. Toda mercadoria destinada ao exterior, inclusive a re- exportada, está sujeita a despacho de exportação, com as exceções estabelecidas na legislação específica. O registro de exportação compreende o conjunto de informações de natureza comercial, financeira, cam- bial e fiscal que caracteriza a operação de exportação de uma mercadoria e define seu enquadramento, devendo ser efetuado de acordo com o estabelecido pela Secretaria de Comércio Exterior. O registro de exportação, no Siscomex, nos casos previstos pela 19 Secretaria de Comércio Exterior, é requisito essen- cial para o despacho de exportação de mercadorias nacionais ou nacionalizadas, ou de reexportação. O documento base do despacho de exportação é a declaração de exportação, que será instruída com: a primeira via da nota fiscal; a via original do conhe- cimento e do manifesto internacional de carga, nas exportações por via terrestre, fluvial ou lacustre; e outros documentos exigidos na legislação específica. Desembaraço aduaneiro na exportação é o ato pelo qual se registra a conclusão da conferência aduaneira, autorizado o embarque ou a transposição de fronteira da mercadoria. Constatada divergência ou infração que não impeça a saída da mercadoria do país, o de- sembaraço é realizado sem prejuízo da formalização de exigências, desde que assegurados os meios de prova necessários. A averbação do embarque consiste na confirmação da saída da mercadoria do país. Podcast 1 SAIBA MAIS Saiba mais a respeito da legislação que regula- menta a administração das atividades aduanei- ras e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior, estudando o De- creto n. 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, dispo- nível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2007-2010/2009/decreto/d6759.htm� 20 https://famonline.instructure.com/files/118645/download?download_frd=1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6759.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6759.htm CÂMBIO Modalidades de pagamento e recebimento Segundo Garcia (2004), as operações de exportação revestem-se de especiais características, inexistentes nas de mercado interno. Pagamento Antecipado Após a negociação e o envio da fatura proforma com preço final, condição de pagamento, prazo estima- do de embarque, local de embarque e destino e so- bretudo os dados bancários, o importador remete o pagamento antecipadamente ao exportador. Para fins de desembaraço aduaneiro, o exportador deve juntar o contrato de câmbio à documentação antes do embarque, bem como enviar ao banco a informação da averbação desse embarque, cujo pa- gamento foi antecipado, para concluir as operações. Trata-se de uma forma de pagamento pouco confi- ável, de alto risco ao importador, visto que o paga- mento é remetido sem a contrapartida do embarque. Caso ocorram atrasos (ou pior), não é tão simples a resolução. No entanto, é uma forma de pagamento comum entre empresas parceiras. 21 Remessa sem saque O importador recebe a documentação de embarque, sem saque, para poder providenciar o desembaraço da mercadoria e, somente após tal processo, reme- ter o pagamento ao exportador. Essa modalidade configura um alto risco ao exportador, pois, em ca- sos de inadimplência, o material já foi entregue ao importador e não há nenhuma documentação que garanta ao exportador a possibilidade de protesto. Entretanto, é uma forma de pagamento que agiliza a operação e reduz os custos bancários do saque, logo, só deve ser utilizada em casos de confiança mútua. Cobrança documentária Toda a tramitação documental é feita pelo banco de relacionamento dos envolvidos, que são carac- terizados como cobradores. O exportador embarca a mercadoria e remete a documentação ao banco nacional, que os remete ao banco no exterior, na pra- ça do importador, para que sejam apresentados para cobrança à vista (pagamento para receber os docu- mentos) ou a prazo (mediante aceite, confirmando a dívida e posterior pagamento). Essa modalidade tem risco calculado ao exportador e importador, porque, em casos de cobrança a prazo e inadimplência, há o aceite do importador na do- cumentação, permitindo as cobranças pelos meios legais, inclusive, se pactuado anteriormente, com a cobrança de juros. 22 Carta de crédito Também conhecida como crédito documentário, a carta de crédito é a mais segura de todas as opções de pagamento. Trata-se de um documento emitido pelo banco nacional, a pedido de seu cliente (toma- dor do crédito), em que o banco se compromete a efetuar um pagamento a terceiro (beneficiário) contra a entrega de documentos e cumprimento de regras preestabelecidas nas condições da carta de crédito. Por termos e condições do crédito, entende-se a con- cretizaçãoda operação de acordo com o combinado: valor do crédito, beneficiário e endereço, prazo de validade para embarque da mercadoria, prazo de validade para negociação do crédito, porto de em- barque e de destino, discriminação da mercadoria, quantidades, embalagens, permissão ou não para embarques parciais e para transbordo, conhecimento de embarque, faturas, certificados etc. Taxas de câmbio Segundo Ratti (2004), a taxa cambial nada mais é do que o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda estrangeira. A taxa cambial mede o valor ex- terno da moeda, fornecendo uma relação direta entre os preços domésticos das mercadorias e os fatores produtivos e dos preços destes nos demais países� Variações nas taxas de câmbio podem favorecer ou desencorajar importações e exportações. Para efeito de cálculos, cada momento da operação tem seu 23 fato gerador e utiliza uma taxa de câmbio diferente. Por exemplo, o câmbio sempre é fechado pela taxa cambial em negociação no momento da operação. Por isso se acompanha o mercado, as possibilida- des de oscilações futuras e se define o momento interessante para empresa� No caso de importações, liquidação de dívidas ou re- messas ao exterior, quanto mais baixa a taxa, melhor. Significa que estamos dispondo de menos reais (mo- eda nacional) para liquidar a operação. No caso de exportações ou recebimento de pagamentos, quanto mais alta melhor. Significa que estamos recebendo mais dólares com a liquidação da operação. Contratos de câmbio, custos e assinatura digital De acordo com o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais do Banco Central do Brasil, contrato de câmbio é o instrumento específico firmado entre o vendedor e o comprador de moeda estrangeira, em que se estabelecem características e condições sob as quais se realiza a operação de câmbio. As operações de câmbio são formalizadas por meio de contrato de câmbio e seus dados precisam ser registrados no Sistema Integrado de Registro de Operações de Câmbio (Sistema Câmbio), devendo a data de registro do contrato de câmbio no Sistema Câmbio corresponder ao dia da celebração de refe- rido contrato. 24 Os tipos de contratos de câmbio e suas aplicações são: a) Compra: destinado às operações de compra de moeda estrangeira realizadas pelas instituições au- torizadas a operar no mercado de câmbio. b) Venda: destinado às operações de venda de mo- eda estrangeira realizadas pelas instituições autori- zadas a operar no mercado de câmbio. c) Tipos 7 e 8: alteração de contrato de câmbio cele- brado até 30 de setembro de 2011, sendo as compras tipo 7 e as vendas tipo 8. d) Tipos 9 e 10: cancelamento de contrato de câm- bio celebrado até 30 de setembro de 2011, sendo as compras tipo 9 e as vendas tipo 10, usados também por adaptação para a documentação da posição cambial. Devem ser registradas no Sistema Câmbio e dispen- sadas da formalização do contrato de câmbio: a) Operações de câmbio relativas a arbitragens cele- bradas com banqueiros no exterior ou com o Banco Central do Brasil. b) Operações de câmbio em que o próprio banco seja o comprador e o vendedor da moeda estrangeira. c) Cancelamentos de saldos de contratos de câm- bio cujo valor seja igual ou inferior a US$ 5.000,00 (cinco mil dólares americanos) ou seu equivalente em outras moedas� 25 d) Operações cursadas no mercado interbancário e com instituições financeiras do exterior. e) Operações de compra e venda de moeda estran- geira de até US$ 3.000,00 (três mil dólares america- nos) ou do seu equivalente em outras moedas. A liquidação do contrato de câmbio ocorre quando se dá a entrega de ambas as moedas, nacional e estrangeira, objeto da contratação ou de títulos que as representem. Há a liquidação pronta e futura. Com relação à assinatura dos contratos de câmbio, o Banco Central do Brasil reconhece como válida somente a assinatura digital dos contratos de câmbio por meio da utilização de certificados digitais emiti- dos no âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas (ICP-Brasil). No caso de assinatura manual, esta deve ser feita em pelo menos duas vias originais, destinadas ao comprador e ao vendedor da moeda estrangeira� Da mesma maneira que os demais documentos, o contrato de câmbio deve ser mantido arquivado, em meio eletrônico ou arquivo original, pelo prazo de cinco anos, contados do término do exercício em que ocorra a contratação ou, se houver, a liquidação, o cancelamento ou a baixa. 26 SAIBA MAIS Leia Regulamento do mercado de câmbio e ca- pitais internacionais e saiba mais sobre a regu- lamentação do mercado de câmbios do Banco Central, disponível em: https://www.bcb.gov.br/ Rex/RMCCI/Ftp/RMCCI-1-03.pdf. Vale ainda a visita ao site do Banco Central: ht- tps://www.bcb.gov.br/ Podcast 2 27 https://www.bcb.gov.br/Rex/RMCCI/Ftp/RMCCI-1-03.pdf https://www.bcb.gov.br/Rex/RMCCI/Ftp/RMCCI-1-03.pdf https://www.bcb.gov.br/ https://www.bcb.gov.br/ https://famonline.instructure.com/files/118647/download?download_frd=1 TERMOS COMUNS No decorrer do tempo, vamos nos habituando ao uso das siglas de nossas áreas de atuação, e no comércio exterior não é diferente. A todo instante nos deparamos com siglas e abreviaturas. Como você está iniciando sua jornada no comércio exterior, certamente vale a pena conferir alguns importantes termos bem comuns na área, presentes no breve glossário a seguir: Attainable Cubic Feet (ACF) ou Espaço Cúbico Permitido. Acknowledgement of Receipt ou Confirmação de Recebimento: Notificação relacionada a algo recebido. Admissão temporária: Regime aduaneiro especial que permite a impor- tação de bens que devam permanecer no país durante prazo fixado, com suspensão total ou parcial de tributos. Articles Dangereux de Route (ADR) ou Transporte de Artigos Perigosos. AD Valorem: Taxa de seguro cobrada sobre certas tarifas de frete ou alfandegárias proporcionais ao valor total dos produtos da operação (Nota Fiscal). Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM). Associação Latino-Americana de Integração (Aladi): Congregação de países que têm como objetivo o estabelecimento de um mercado comum latino-americano, formada por: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Amostras sem valor comercial: Bens representados por quantidade, fragmentos ou partes, estritamente necessários para dar a conhecer sua natureza, espécie e qualidade. Armazém ou Warehouse: Lugar coberto, onde os materiais/produtos são recebidos, classificados, estocados e expedidos. 28 Air Waybill (AWB) Conhecimento principal de transporte aéreo, abrangen- do um House Air Waybill (HAWB), Guia de Transporte Aéreo emitido por um expedidor. Barra: Local próximo ao porto, seguro, onde os navios ficam aguardando autorização para atracarem no cais disponível ou determinado. Bill of Lading (B/L): Conhecimento de embarque. Bombordo: Lado esquerdo do navio. Bonded Warehousing: Armazém Alfandegado. Break-Bulk: Expressão do transporte marítimo que significa o transporte de carga geral ou fracionada. Brokerage Houses: Empresas especializadas em intermediar afretamen- to marítimo� Bulk Cargo: Carga a granel, ou seja, sem embalagem. Bulk Carrier: Navio graneleiro, ou seja, próprio para o transporte de cargas a granel. Bulk Container: Container graneleiro, ou seja, próprio para o transporte de cargas a granel. Cabotagem: Navegação doméstica (pela costa do país). Cábrea: Equipamento usado em portos para levantar grandes cargas pesadas ou materiais em obras e que consta de três pontaletes unidos no topo, onde recebem uma roldana por onde passa o cabo. Calado: Expressão do transporte marítimo, que significa profundidade em que cada navio está submerso na água. Tecnicamente é a distância da lâmina d’água até a quilha do navio. Capatazia: É o serviço utilizado geralmente em portos, onde profissionais autônomos executam o trabalho de movimentação de cargas. Convêniode Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR): Sistema de paga- mentos controlado pelos bancos centrais que abrange os países da Aladi e a República Dominicana. Comprovante de Importação (CI). Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico (Cide): Cobrada sobre petróleo e derivados� 29 Cariage and Insurance Paid To (CIP) ou Transporte e Seguro Pagos Até. Consignee ou Consignatário: Pessoa física ou jurídica indicada no docu- mento de transporte que tem o direito de reclamar os bens ao transporta- dor, no destino. Para efeitos legais, presume-se o proprietário da carga. Consolidação de Cargas: Consiste em criar grandes carregamentos a partir de vários outros pequenos. Resulta em economia de escala no custo dos fretes. Commerce Planning Colaboration (CPC). Cariage Paid To (CPT) ou Transporte Pago, até local determinado. Depósito Alfandegado Certificado (DAC): Regime aduaneiro especial que permite o depósito no mercado interno, sob regime alfandegado, de produtos já comercializados com o exterior, considerados exportados para todos os efeitos fiscais, creditícios e cambiais. Delivered At Frontier (DAF) ou Entregue na Fronteira. Demurrage ou Sobreestadia: Multa determinada em contrato, a ser paga pelo contratante de um navio, quando este demora mais do que o acor- dado nos portos de embarque ou de descarga. O termo também utilizado para as diárias a serem pagas pelo importador após o período de estadia livre concedido pelo agente de carga/armador. Dead line: Prazo-limite para entrega da carga para embarque. Delivered Ex QUAY (DEQ) ou entrega no cais. O vendedor entrega a mer- cadoria no cais do porto de destino. Declaração de importação (DI): Documento base do despacho de impor- tação que deve conter a identificação do importador, a classificação, o valor aduaneiro e a origem da mercadoria, dentre outras informações. Declaração Simplificada de Importação (DSI). Draw-Back: Envolve a importação de componentes, sem pagamento de impostos (IPI, ICMS, Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante e Imposto sobre Prestações de Serviços de Transporte Estadual), vinculada a um compromisso de exportação. Declaração Simplificada de Exportação (DSE). Estação Aduaneira do Interior (EADI). 30 Economic Logistic Quantity (ELQ) ou Quantidade Logística Econômica. É a quantidade que minimiza o custo logístico. Embalagem ou Package: Envoltório apropriado, aplicado diretamente ao produto para sua proteção e preservação até o consumo/utilização final. Entreposto aduaneiro: Regime especial que permite a importação de mercadoria estrangeira para armazenamento em recinto alfandegado de uso público, com suspensão do pagamento dos impostos. Entreposto industrial sob controle informatizado: Regime especial que permite à empresa importar com suspensão do pagamento dos tributos, sob controle informatizado, mercadorias para serem submetidas à opera- ção de industrialização e posterior exportação. Expressão do transporte marítimo (Estimated Time Arrival – ETA): signifi- ca dia da atracação (chegada). Expressão do transporte marítimo (ETS): significa dia da saída (zarpar). Exportação temporária – Saída de produtos do país, por tempo determina- do, com suspensão do pagamento de impostos, inclusive o de exportação, condicionada à sua reimportação no estado em que foram exportados. Full Container Load (FCL) ou Contêiner Completo. Forwarder Certificate of Receipt (FCR) ou Certificado de Recebimento do Agente de Transportes� Feeder: Serviço marítimo de alimentação do porto hub ou de distribuição das cargas nele concentradas. Feeder Ship: Navios de abastecimento. Free In and Out (FIO) ou isento de taxas no embarque e no desembarque: Despesas de embarque são do exportador, e as de desembarque do importador� Nada de responsabilidade do Armador� Freight Payable at Destination: Semelhante ao Freight collect, porém, só pode ser pago no destino� 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com este módulo, você tem condições de analisar as melhores embalagens para seu produto. Nele, você aprendeu a variedade de contêineres existentes e como se processa o despacho aduaneiro. Por isso, está apto a fechar um câmbio e entender as diferen- ças de taxas, bem como negociar se for necessário. O objetivo do módulo foi se familiarizar com os pro- cedimentos, permitindo que seja possível colocar algumas coisas em prática, como a sistemática ad- ministrativa dos processos de exportação e impor- tação, saber onde pode encontrar mais informações, compreender a importância do planejamento e da organização, seja na importação seja exportação, seja em qualquer fase do processo. 32 Síntese Embalagens, Despacho Aduaneiro E Câmbio 1) Embalagens a) Função da embalagem i) Proteção. ii) Quantificação. iii) Qualificação. 2) Despacho Aduaneiro a) Definição, Prazos e Procedimentos b) Tipos de embalagens i) Paletes. ii) Contêineres (1) Movimentação do container. (2) Tipos de Operação. (3) Tipos de contêineres i) Importação. ii) Exportação. 3) Câmbio 4) Termos usuais no comércio exterior a) Modalidades de pagamentos e recebimentos b) Taxas de câmbio c) Contratos de câmbio, Custos e Assinatura digital i) Pagamento antecipado. ii) Remessa sem saque. iii) Cobrança documentária. iv) Carta de crédito. Referências Bibliográficas & Consultadas ALMEIDA, A. (org.). Internacionalização de empresas brasileiras: perspectivas e riscos� Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 2007. BIZELLI, J. S. Importação: sistemática administrativa, cambial fiscal. São Paulo: Aduaneiras, 2009. FARO, R.; FARO, F. Curso de Comércio Exterior: Visão e Experiência Brasileira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. GARCIA, L. M. Exportar: rotinas e procedimen- tos, incentivos e formação de preços� São Paulo: Aduaneiras, 2009. LIMA, M. Internacionalização de empresas� São Paulo: FGV Management, 2015 LUDOVICO, N. Logística de transportes internacio- nais. Vol. 3 (Série: Comércio Exterior). São Paulo: Saraiva, 2010. MINERVINI, N. O exportador. São Paulo: Prentice, 2005� VASCONCELLOS, M. A. S.; LIMA, M.; SILBER, S. (Orgs.). Gestão de negócios internacionais� São Paulo: Saraiva, 2006. RATTI, B. Comércio Internacional e Câmbio� 3� ed� São Paulo: Aduaneiras, 2004. SANDERSON, N. M. Gestão de Operações de Exportação e Importação . São Paulo: FGV Management, 2015. art545§1 art546 art571§1 art572 livrovtituloicapituloiisecaoiii art592 Introdução Embalagens Função da embalagem Proteção Quantificação Qualificação Tipos de embalagens Contêineres Despacho aduaneiro Definição, prazos e procedimentos Câmbio Modalidades de pagamento e recebimento Termos comuns Considerações finais Síntese
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