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Adaptações Neuromusculares do Treinamento de Força

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ADAPTAÇÕES 
NEUROMUSCULARES DO 
TREINAMENTO DE FORÇA
Autoria: Vinícius da Silva Morato
Indaial - 2020
UNIASSELVI-PÓS
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Cristiane Lisandra Danna
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Bárbara Pricila Franz
Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
M831a
 Morato, Vinicius da Silva
 Adaptações neuromusculares do treinamento de força. / Vinicius 
da Silva Morato. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 173 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-114-4
 ISBN Digital 978-65-5646-111-3
1.Músculos – Fisiologia. – Brasil. Centro Universitário Leonar-
do Da Vinci
CDD 796.077
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Sistema Neuromuscular ............................................................... 7
CAPÍTULO 2
Treinamento De Força ................................................................ 55
CAPÍTULO 3
Otimização Do Treinamento De Força ......................................115
APRESENTAÇÃO
Olá, caro pós-graduando! Vamos iniciar esta disciplina fazendo alguns 
questionamentos: O que é treinamento resistido? O que é força? Como é sua 
sistemática fisiológica funcional? Por que estudá-la? Aonde e como aplicá-la? Quais 
benefícios trazem para os indivíduos que se utilizam dessa atividade? Como otimizar 
seu desempenho? Quais objetivos principais deste tipo de treinamento? São questões 
como essas que serão denotadas e discutidas neste livro, abordando de maneira 
simples, interativa e dinâmica, partindo de uma breve base fisiológica à ênfase 
complexa do tema em questão, paralelo à contextualização da realidade prática.
 
Este livro é composto de três capítulos que, subsequentemente, evoluem para o 
objetivo final, que é o conhecimento específico e estratégico para dominar o treinamento 
de força baseado em conhecimento científico, ao invés do senso comum, muitas vezes 
responsável pela ineficiência do trabalho e/ou até afastamento do treinamento por 
lesão. Contudo, é impossível uma discussão sobre treinamento de força sem conhecer 
o sistema neuromuscular, portanto, essa é a proposta do primeiro capítulo. 
Após essa abordagem, já possuímos uma base para entrar no tema “Treinamento 
de força”, quando entenderemos seus objetivos e benefícios, paralelo aos seus 
princípios básicos, tipologia de treinamentos e toda sua sistemática funcional. 
Subsequente a essa etapa, por fim, no Capítulo 3, teremos uma boa base de 
entendimento para compreender como otimizar o treinamento de força, buscando 
resultados mais eficazes e rápidos em menor tempo, obviamente com menor risco 
de lesões, podendo ser aplicado em populações fisicamente ativas e atletas.
Atualmente, a atividade física é considerada um tratamento não medicamentoso 
e engloba a esfera da necessidade em diversos grupos de faixa etária, respeitando 
uma amplitude da criança ao idoso. O treinamento de força, além de ser utilizado 
como recurso em busca de melhor qualidade de vida e saúde nos grupos 
supracitados, também é fator determinante para acrescentar fatores que contribuem 
para melhorar a performance no esporte. Portanto, ser portador do conhecimento que 
envolve esse tema traz, ao profissional de Educação Física, ferramentas para aplicar 
um treinamento consciente e eficaz, buscando resultados permanentes sem colocar 
em risco a integridade física do indivíduo. Cada vez mais o mercado de trabalho exige 
e busca profissionais capacitados para assumir tais responsabilidades, seja em uma 
academia de musculação, seja em um centro de treinamento de alta performance.
Bons estudos!
Professor Vinícius da Silva Morato.
CAPÍTULO 1
SISTEMA NEUROMUSCULAR
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 entender os aspectos básicos que envolvem o sistema neuromuscular no que 
diz respeito à sua fi siologia sistemática e funcional;
 identifi car e conhecer os tipos de músculos, fi bras e as nomenclaturas 
adequadas que deve dar ênfase em um treinamento de força.
8
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
9
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Contextualização! O próprio nome já diz: inserir no contexto real da vida, 
neste caso, do acadêmico, os conhecimentos científi cos, e nessa tangente aplicar 
à realidade de cada um. Portanto, quando falamos em sistema neuromuscular 
estamos falando de um conjunto de peças que trabalham simultaneamente para o 
funcionamento desse sistema. Quando falamos de neurônios, nesse sistema são os 
neuromotores e neurônios que comandam através de estímulos elétricos todos os 
movimentos voluntários e involuntários do corpo. Os neurônios e os neuromotores, 
por sua vez, são “o braço direito” do grande comandante que se chama sistema 
nervoso central. Os músculos são os obedientes soldados que acatam a ordem 
do comandante. Ou seja, o sistema neuromotor é todo o sistema que envolve o 
trabalho funcional correlacionando o sistema nervoso central e o sistema muscular, 
consequentemente, o sistema locomotor (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016; 
MAIOR; ALVES, 2003; WILMORE; COSTILL, 2001; MORATO, 2016).
Portanto, neste capítulo, faremos uma breve abordagem desse sistema, 
contemplando todos seus elementos, desde sua fi siologia funcional à estrutural, 
para ter uma base de conhecimento visando ao melhor entendimento para transpô-
lo de fato ao treinamento, galgando a melhor aquisição de seus resultados.
Após essa breve denotação, todos terão uma concepção da magnitude da 
importância e do funcionamento desse sistema complexo, dinâmico e perfeito, 
responsável pelo movimento humano. Já parou para refl etir e analisar quantos 
comandos neuromotores, estímulos elétricos e contrações musculares estão sendo 
produzidos neste exato momento em que você está lendo esse parágrafo? Ao fi m 
deste capítulo, você terá tal conceito. O corpo humano é uma máquina perfeita.
2 UMA BREVE ABORDAGEM DO 
SISTEMA MUSCULAR
Para realizar qualquer movimento no corpo humano, diversos sistemas são 
acionados e trabalham conjuntamente para realizar tal façanha, uns interligados 
diretamente aos outros e uns indiretamente, como a máquina de um relógio, por 
exemplo: ao iniciarmos um estímulo dando “a corda”, esse estímulo fornecerá 
energia para fazer a “roda de carga” se movimentar e acionar o “rachet” e, em 
seguida, mais de 30 elementos serão acionados para os ponteiros se movimentarem 
e nos fornecer, de maneira mais precisa, a hora certa. Assim como para um 
relojoeiro é de suma importância conhecer todas as peças do relógio, como elas 
interagem e como funciona todo o sistema, o profi ssional de educação física possui 
a mesma obrigação, contudo, no que diz respeito ao corpo humano. Seguindo esse 
conceito, iniciaremos uma breve abordagem sobre o sistema muscular.
10
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
Para maiores e mais detalhadas informações sobre esse tema, 
busque em literaturas de anatomia e fi siologia geral e esportiva: 
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do 
exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
PAULSEN, F.; WASCHKE, J.; PASSOS, M. A. R. F. Sobotta – Atlas 
de anatomia humana. v. 1, 2 e 3. São Paulo: Grupo Gen,2018.
FIGURA 1 – EXEMPLO DA MUSCULATURA SUPERFICIAL DO CORPO HUMANO
FONTE: <https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/conteudo/
images/sistema-muscular.jpg>. Acesso em: 16 jan. 2020.
Em uma visão bem superfi cial e resumida, o nosso sistema nervoso central 
envia estímulos aos músculos que realizam contrações, estimulando através 
de diversos elementos o sistema locomotor para realizar movimento do corpo, 
paralelo a isso, uma rede de sistemas age simultaneamente, estimulando, por 
exemplo, fenômenos relacionados à bioquímica muscular, que necessitam de 
energia, que são retiradas dos alimentos e assim por diante, simplesmente são 
milhões de ações, de estímulos, de funções sistemáticas e complexas para nosso 
corpo funcionar perfeitamente.
Para falarmos sobre o sistema muscular, precisamos levar em consideração 
algumas informações específi cas sobre o músculo, e quando falamos de 
músculos, nesse contexto, é o músculo esquelético. 
11
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
O músculo esquelético é um órgão formado por fi bras contrácteis 
que possuem miofi brilas, sendo de cor vermelha devido à existência de 
pigmentos e de grande quantidade de sangue nas fi bras musculares.
Podem se ligar diretamente à estrutura óssea (musculatura esquelética, 
responsável pelo movimento humano) ou fazer parte da estrutura de órgãos e/ou 
aparelhos (musculatura visceral, produzem movimentos involuntários). São mais de 
650 músculos no corpo humano resultando em uma amplitude que varia de 40 a 
50% do peso corporal total (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). Em sua estrutura 
se encontra as fi bras que são compostas por proteínas estruturais, mioglobina e 
substâncias energéticas, além de enzima, íons de cálcio e fosfatos livres. 
Informações mais detalhadas sobre a estrutura muscular você 
encontra em literaturas de fi siologia humana e esportiva: MCARDLE, W. 
D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição 
e desempenho humano. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
FIGURA 2 – VISÃO BÁSICA DA ESTRUTURA DE UM 
MÚSCULO ESQUELÉTICO DE SUAS FIBRAS
FONTE: <http://www.comissoesggv.uff.br/wp-content/uploads/sites/358/2018/09/
Fisiologia-do-Sistema-Muscular.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2020.
12
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
Em relação ao corpo, acabamos de descobrir o valor que o 
músculo representa, no que diz respeito ao peso. Mas e o peso do 
músculo em si? Bem, pode-se dizer que aproximadamente 75% do peso 
muscular é água, 16 a 22% são de proteínas, 1,5 a 13% de gordura, 
e 0,5 a 1,3% de hidratos de carbono (falando apenas do glicogênio) 
e constituintes inorgânicos. Somente com essa breve informação já 
se pode entender a importância da hidratação correta e do consumo 
de uma alimentação saudável, certo? Quantitativamente, a água, por 
ser o maior elemento na estrutura muscular, torna-se também uma 
grande e responsável funcional, ou seja, torna-se o elemento principal 
constituinte dos fl uidos extracelulares e responsável pela dissolução 
de várias substâncias químicas que nela são despejadas, tornando o 
principal meio de transporte de substâncias entre a camada vascular e 
as fi bras musculares (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH; 
KATCH, 2016). Os músculos se dividem em nove grupos pelo corpo, 
sendo os músculos da cabeça, pescoço, abdômen, região posterior 
do tronco, tórax, membros inferiores, membros superiores, órgãos dos 
sentidos e períneo.
2.1 COMPONENTES DE APOIO 
FUNCIONAL
Como supracitado, há vários componentes que trabalham juntos para 
realizar qualquer função no corpo humano, que vão desde mecanismos neurais 
à tecidos conjuntivos. E por falar em tecido conjuntivo, existe um componente 
que literalmente atua em conjunto com os músculos, esse componente se chama 
tecido fáscial (ou sistema fáscial). 
Sabe quando vamos ao açougue e pedimos uma carne fatiada em 
bife? Quando ocorre o corte transversal da carne, observamos várias 
linhas brancas, certo? Inclusive, quando há muitas dessas linhas, as 
pessoas reclamam dizendo que a carne está cheia de “nervos”. Pois 
então, essas linhas brancas (“nervos”) são os tecidos fásciais (Figura 3). 
Cientifi camente, são caracterizados como uma estrutura viscoelástica, 
composta por tecidos conjuntivos e conectivos, e como observamos no 
exemplo da “carne de açougue”, se encontra presente em todo o corpo, 
penetrando e envolvendo todos os órgãos, músculos, ossos, tecidos 
fi brosos e fi bras. Vale a pena ressaltar que os tecidos conectivos estão 
presentes na maioria dos tecidos participantes das ações provenientes 
das atividades físicas, sendo considerado o único sistema conectivo 
Quantitativamente, a 
água, por ser o maior 
elemento na estrutura 
muscular, torna-se 
também uma grande e 
responsável funcional, 
ou seja, torna-se o 
elemento principal 
constituinte dos 
fl uidos extracelulares 
e responsável 
pela dissolução de 
várias substâncias 
químicas que nela 
são despejadas, 
tornando o principal 
meio de transporte de 
substâncias entre a 
camada vascular e as 
fi bras musculares
Os tecidos conectivos 
estão presentes na 
maioria dos tecidos 
participantes das 
ações provenientes 
das atividades 
físicas, sendo 
considerado o único 
sistema conectivo 
que se interliga a 
todos os músculos 
simultaneamente, 
permitindo um trabalho 
multisistemático 
funcional.
13
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
que se interliga a todos os músculos simultaneamente, permitindo um trabalho 
multisistemático funcional, além de realizar a manutenção, estabilização da 
postura corporal, e na proteção intermuscular, impedindo que haja atrito entre 
músculos e fi bras (WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH; KATCH, 
2016).
Quem nunca ouviu em academias ou em clubes esportivos o termo 
‘”liberação miofáscial”? Tal termo se refere às técnicas de massagens visando ao 
relaxamento muscular, recuperação e prevenção de lesões, redução de dores e 
melhora de rendimento nos exercícios.
FIGURA 3 – IMAGEM DO TECIDO FÁSCIAL INTRA E EXTRAMUSCULAR
FONTE: <https://www.juliazatta.com/wp-content/uploads/2014/10/
fascia.jpg>. Acesso em: 16 jan. 2020.
Ao observar a Figura 3, se pode reparar que existem fáscias em diferentes 
localizações, esse fator nos permite classifi cá-las em dois tipos, sendo as 
fáscias superfi ciais e as profundas. Enquanto a primeira se caracteriza por estar 
presente e colada na camada inferior da pele, é também mais maleável devido 
a sua composição, que é formada por tecido fi broelástico, estruturas linfáticas e 
vasculares, e terminações nervosas, como os corpúsculos de Pancini, que tem 
o papel de receptor mecânico. As fáscias profundas, por sua vez, se encontram 
mais internamente nas estruturas corporais, aderindo às proeminências ósseas 
ou como nas fi guras 3 e 4, em áreas intramusculares e abaixo das fáscias 
superfi ciais (são estas que envolvem e separam os músculos e fi bras). Diferente 
das fáscias superfi ciais, as fáscias profundas possuem uma estrutura mais 
resistente e compacta, consequentemente, mais dura (WILMORE; COSTILL, 
2001; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
14
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
FIGURA 4 – IMAGEM DE UM EXEMPLO DA LOCALIZAÇÃO DAS 
FÁSCIAS MUSCULARES SUPERFICIAIS E PROFUNDAS
FONTE: <https://dolopedia.com/uploads/media/3-antonio-jose/
fascia_superfi cial_profunda.JPG>. Acesso em: 16 jan. 2020.
Depois dessa pequena leitura, aponta-se as principais funções do músculo 
no corpo humano:
• Os músculos produzem movimento, sejam movimentos naturais 
(andar, correr, saltar) ou complexos (coordenativos como 
escrever, chutar uma bola, fazer uma estrelinha).
• Os músculos estabilizam nosso corpo através da contração 
muscular esquelética produzindo o equilíbrio, isso nos permite 
fi car estaticamente em pé ou se movimentar equilibradamente.
• Os músculos também controlam o volume de alguns órgãos, por 
exemplo: alguns músculos lisos possuem suas faixas anelaressustentadas por um estímulo de contração, nesse caso, ocorre o 
impedimento da saída de conteúdos provenientes de um órgão oco.
• Consequentemente, devido à produção de movimento, ocorre o 
transporte de substâncias intercorporais, pois a intensidade do 
fl uxo sanguíneo é controlada pelos músculos lisos das paredes 
dos vasos, assim, os nutrientes e oxigênio são levados aos 
músculos pela corrente sanguínea através do bombeamento do 
15
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
coração (músculo cardíaco).
• E, por último, os músculos também são capazes de produzir uma 
certa quantidade de calor através de contrações musculares, 
realizando o controle e manutenção da temperatura corporal.
Para ter acesso a mais informações específi cas, vale buscar 
sites e biografi as relacionadas à fi siologia humana e do exercício, 
assim como anatomia geral e aplicada ao esporte. Acesse https://
www.auladeanatomia.com/novosite/pt/ e confi ra.
3 UMA BREVE ABORDAGEM DO 
SISTEMA NERVOSO
Baseado na breve abordagem do sistema muscular, este 
supracitado, fi cou bastante claro que os músculos são uma peça de 
um sistema, que além de ativar outras peças para toda a máquina 
funcionar, também é ativado por outros sistemas, ou seja, os músculos 
são apenas mais uma peça de um complexo e perfeito sistema 
funcional do corpo humano. Imagine um boneco de ventríloquo: cada 
extremidade do seu corpo é ligada por encaixes em torno de um parafuso, que 
permitem os movimentos, essas mesmas extremidades são ligadas a algumas 
cordas, exatamente nos pontos de alavanca da peça em relação ao seu centro 
de gravidade, e todas as cordas são ligadas a um ponto inicial de ação, que por 
sua vez é controlada pela mão do “ventríloquo”, que é a pessoa que domina essa 
arte. Ou seja, toda e qualquer ação e/ou função do boneco só ocorre perante o 
comando do artista. No nosso corpo é a mesma coisa, porém o artista se chama 
sistema nervoso central.
O sistema muscular só funciona devido aos estímulos enviados pelo sistema 
nervoso central (SNC), que por sua vez utiliza o sistema fáscial para conduzir essas 
ações. Assim como o sistema muscular, todos os outros sistemas corporais também 
compartilham dessa premissa, seja com ações voluntárias ou involuntárias, seja 
desde a função do fl uxo sanguíneo até o movimento corporal propriamente dito. O 
fenômeno da contração muscular ocorre devido à combinação de impulsos neurais: 
os inibitórios e os excitatórios. Os impulsos neurais inibitórios, assim como o nome 
já esclarece, tem a função de inibir, obstruir, impossibilitar, ou seja, são aqueles 
que o sinal produzido na membrana pós-sináptica for de hiperpolarização. Já os 
Os músculos 
são apenas mais 
uma peça de um 
complexo e perfeito 
sistema funcional do 
corpo humano.
16
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
impulsos neurais excitatórios exercem a função oposta, tem a função 
de excitar, incentivar e ocorre quando o sinal produzido na membrana 
pós-sináptica for a despolarização (MAIOR; ALVES, 2003; ROBERGS; 
ROBERTS, 2002). O motivo por existir esses dois tipos de estímulos 
opostos é para manter o equilíbrio e, consequentemente, o controle das 
ações. 
Você já imaginou se um carro tivesse apenas acelerador, sem a 
presença de um freio? Pois então, seria uma tragédia, obviamente. O acelerador 
tem a função de fazer o carro andar, porém ele precisa de um freio para controlar 
essa velocidade e, simplesmente, para frear quando julgarmos necessário. Os 
estímulos neurais agem nesse mesmo sentido, transmitindo estímulos contínuos 
aos neurônios que determinam seu potencial de ação. Quando a ação é excitatória, 
os impulsos excitatórios sobressaem aos impulsos inibitórios das fi bras musculares, 
ocorrendo o recrutamento das unidades motoras, resultando em uma contração, e 
quando a ação é inibitória, acontece exatamente o inverso, os impulsos inibitórios 
sobressaem aos impulsos excitatórios, freando a contração, produzindo o 
relaxamento muscular (MAIOR; ALVES, 2003; WILMORE; COSTILL, 2001).
3.1 O PAPEL DOS MOTONEURÔNIOS 
(NEURÔNIOS MOTORES)
No parágrafo anterior, citamos um dos elementos fundamentais para o 
funcionamento desse sistema, que são as unidades motoras (unidades funcionais 
responsáveis pelo fenômeno do controle neuromuscular. Essas unidades são 
constituídas por um conjunto de elementos funcionais, formado por um neurônio 
motor (ou motoneurônio, como se encontra em algumas literaturas) e todas as 
fi bras musculares inervadas por ele. Essas fi bras, simultaneamente, sofrem 
a ativação através do axônio motor resultando na contração (MAIOR; ALVES, 
2003; WILMORE; COSTILL, 2001; ROBERGS; ROBERTS, 2002). Vale ressaltar 
que as fi bras musculares são recrutadas em ordem crescente em relação a 
tamanho, pois as fi bras maiores possuem um limiar maior de excitação, paralelo 
a isso, quanto maior for necessária a contração, mais unidades motoras serão 
estimuladas. Essa ordem sequencial de recrutamento é conhecida como princípio 
de Henneman, onde se dá início à requisição das fi bras mais lentas (utilizadas 
em pequenos esforços), seguida pelas mais rápidas (que requer maiores níveis 
de força (MAIOR; ALVES, 2003). Na fi gura a seguir podemos observar a estrutura 
organizacional de uma unidade motora. 
O motivo por existir 
esses dois tipos de 
estímulos opostos 
é para manter 
o equilíbrio e, 
consequentemente, 
o controle das 
ações.
17
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
FIGURA 5 – IMAGEM DE UMA UNIDADE MOTORA
FONTE: <https://www.saberatualizado.com.br/2016/06/como-explicar-
nossos-momentos-de-super.html>. Acesso em: 18 jan. 2020.
O neurônio motor, componente da unidade motora, se subdivide em neurônios 
motores pequenos e grandes, sendo o pequeno aquele que inerva poucas fi bras 
musculares e os grandes os que inervam maior quantidade de fi bras musculares. 
Enquanto o primeiro está presente em unidades motoras menores (motoneurônio 
gama) para ações que requer pouca força, o segundo se encontra em unidades 
motoras maiores e mais potentes (motoneurônio alfa), consequentemente, 
gerando mais força. Paralelo a todo esse sistema está presente a ação dos 
mecanismos neurais, que são os elementos utilizados pelo SNC para enviar os 
seus comandos. Em relação a esses mecanismos, não podemos deixar de citar 
o órgão tendinoso de Golgi (OTG) e os fusos musculares (MAIOR; ALVES, 2003; 
WILMORE; COSTILL, 2001; ROBERGS; ROBERTS, 2002). 
Resumidamente dizendo, o músculo se liga ao osso através dos tendões, 
correto? Existe uma extremidade do tendão unicamente composta por fi bras de 
colágeno, consequentemente, mais compacta, e é essa extremidade que está 
ligada ao osso, porém a outra extremidade possui um local em que essas fi bras de 
colágeno dos tendões se misturam e fazem a ligação com as fi bras musculares, 
e é nesse lugar que está localizado um dos mecanismos neurais supracitado, 
neste caso, o órgão “tendinoso” de Golgi (palavra nominal devido ao fato de sua 
localização), ou simplesmente OTG (MAIOR; ALVES, 2003; WILMORE; COSTILL, 
2001; ROBERGS; ROBERTS, 2002). 
18
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
O que esse cara faz? Lembra do exemplo do acelerador e do freio 
do carro, quando contextualizamos sobre os impulsos enviados pelo 
sistema nervoso central? Então, o OTG é o freio do carro! É ele quem 
envia impulsos inibitórios para as fi bras musculares naqueles casos de 
extrema tensão ou variação de comprimento do músculo, ocorrendo o 
efeito de relaxamento. Ou seja, o papel do OTG é controlar a tensão 
realizada de um músculo, impedindo que ocorra a chegada no limite 
extremo, através da interferência refl exa produzindo um relaxamento 
instantâneo. 
FIGURA 6 – LOCALIZAÇÃO DO ÓRGÃO TENDINOSO 
DE GOLGI (GOLGI TENDON ORGAN)
O papel do OTG é 
controlar a tensão 
realizada de um 
músculo, impedindo 
que ocorra a 
chegada no limite 
extremo, através 
da interferência 
refl exa produzindo 
um relaxamento 
instantâneo.FONTE: <https://pbs.twimg.com/media/D-AUtQnXkAMENbm?f
ormat=jpg&name=small>. Acesso em: 18 jan. 2020.
Enquanto o OTG está atento a qualquer possibilidade de extrema tensão 
muscular, o segundo componente dos mecanismos neurais, o fuso muscular, 
está atento a qualquer alteração relacionada à extensão extrema, ou seja, os 
fusos musculares são os receptores de fl exibilidade ativos na nossa musculatura. 
Agindo também com resposta refl exa, os fusos enviam os estímulos aos neurônios 
motores (motoneurônios alfa), que envia impulsos excitatórios tônicos às fi bras 
musculares extrafusais criando uma tensão permanente, mesmo o músculo 
estando em repouso. Este fenômeno se chama tônus muscular (MAIOR; ALVES, 
2003; WILMORE; COSTILL, 2001; ROBERGS; ROBERTS, 2002).
Além das fi bras extrafusais, os fusos musculares possuem em sua 
composição outros três elementos: cápsula, fi bras intrafusais e fi bras aferentes. A 
19
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
cápsula é uma bainha de tecido conjuntivo que recobre as fi bras intrafusais. Esta 
última, como o próprio nome diz, são fi bras musculares que se localizam dentro 
do fuso muscular, não são contráteis e não possuem miofi brilas na sua porção 
central, porém na composição de suas extremidades, contêm fi bras que se 
contraem quando estimuladas pelos neurônios motores (nesse caso, o neurônio 
motor gama) (MAIOR; ALVES, 2003; WILMORE; COSTILL, 2001; ROBERGS; 
ROBERTS, 2002). E o último componente são as fi bras aferentes, que têm o 
papel sensorial e motor, elas captam a informação e levam para o SNC. 
Para um entendimento mais específi co e detalhado sobre 
sistema nervoso central e mecanismos neuromusculares consulte 
livros de fi siologia do exercício: 
WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Fisiologia do esporte e do 
exercício. 2. ed. São Paulo: Manole, 2001. 
MAIOR, A. S. E.; ALVES. A. A contribuição dos fatores neurais 
em fases iniciais do treinamento de força muscular: uma revisão 
bibliográfi ca. Motriz. Rio Claro, v. 9, n. 3, p. 161-168, 2003. 
ROBERGS, R. A.; ROBERTS, S. O. Princípios fundamentais de 
fi siologia do exercício para aptidão, desempenho e saúde. São 
Paulo: Phorte Editora, 2002.
Acesse sites de neurofi siologia e biomedicina, como: https://
www.docsity.com/pt/funcao-integrativa-da-medula-no-controle-dos-
movimentos/4718037/. 
20
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
FIGURA 7 – ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA FUNCIONAL DE UM FUSO MUSCULAR
FONTE: <https://slideplayer.com.br/slide/363271/>. Acesso em: 18 jan. 2020.
3.2 COMPORTAMENTO MUSCULAR 
ESTIMULADO
Podemos observar que a reação muscular ocorre mediante o estímulo que 
recebe. Quando falamos de desempenho muscular correlacionado com variações 
de velocidade e sobrecargas, existem cinco tipos de comportamentos musculares 
que são fundamentais, são eles: irritabilidade, contratilidade, extensibilidade, 
elasticidade e capacidade de desenvolver tensão. Explicando brevemente um 
pouco cada um destes comportamentos, vamos iniciar pela irritabilidade. 
Nesse contexto profi ssional, quando falamos de irritabilidade (ou 
excitabilidade) muscular, como supracitado, estamos nos referindo ao fato de o 
músculo ser capaz de responder a estímulos vindos de um neurônio motor. Já a 
contratilidade se refere à capacidade que o músculo possui de gerar tensão ao se 
encurtar (como o nome sugere) mediante o estímulo recebido, alguns músculos 
são capazes de executar um encurtamento de 50% a 70% em relação ao seu 
tamanho em repouso. A extensibilidade é o efeito oposto da contratilidade, portanto 
se defi ne pela capacidade que o músculo tem de se alongar além do comprimento 
de repouso. Com o papel de equilibrar e manter segura a extensibilidade, vem o 
21
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
comportamento da elasticidade, que é a capacidade de a fi bra muscular retornar 
ao seu comprimento de repouso após o término da força de alongamento. Vale 
ressaltar que quanto maior a quantidade de tecido conjuntivo nos músculos, 
melhor e maior será sua capacidade de extensibilidade e elasticidade (TUBINO; 
MOREIRA, 2003; POWERS; HOWLEY, 2009). 
Quando executamos uma rosca bíceps (fl exão e extensão de cotovelo), 
no momento em que o músculo está próximo do seu comprimento de repouso 
e executa o seu encurtamento com auxílio de uma sobrecarga externa (fl exão) 
é produzida a força máxima até um certo ponto, ocorrendo logo em seguida a 
diminuição dessa força quando se aproxima da fl exão total (primeiro lentamente 
e depois mais rapidamente), consequentemente, quando ocorre o alongamento 
(extensão), a força diminui de maneira progressiva, esse fenômeno de produzir 
(ou não) força, é o último comportamento do músculo que denotamos acima, 
chamamos de a capacidade de desenvolver tensão (HAMILL; KNUTZEN, 1999, 
AMADIO; BARBANTI, 2000; NORDIM; FRANKEL, 2003; KNUDSON, 2007).
Além da importância de ter uma breve noção sobre o sistema neuromuscular, 
seria também impossível entender o treinamento de força sem saber os tipos 
de músculo e todas suas características, e é sobre esse tema que daremos 
continuidade a nossa aprendizagem.
4 TIPOLOGIA E AÇÕES 
MUSCULARES
Anteriormente, fi zemos uma breve abordagem sobre o sistema muscular e o 
sistema nervoso, agora daremos ênfase aos tipos de músculos e todos os seus 
detalhes, relacionados a sua estrutura e funcionalidade.
4.1 TIPOLOGIA ESPECÍFICA
A classifi cação dos músculos tange diversas opções, as quais correspondem 
em relação a sua localização; sua forma; ao posicionamento de suas fi bras e a 
sua função. Portanto, iniciaremos com os tipos de músculos relacionados a sua 
localização. Assim, existem dois tipos: superfi ciais (ou cutâneos), que como o 
próprio nome diz, se encontram bem na superfície logo baixo da pele e tem pelo 
menos uma parte inserida na camada profunda da derme, como por exemplo, 
o bíceps; e os profundos (ou subaponeuróticos), que não possuem ligações 
inseridas na parte profunda da derme, se encontram inseridos nos ossos, como 
22
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
por exemplo, o serrátil (PAULSEN; WASCHKE; PASSOS, 2018; NETTER, 2000; 
WEINECK, 2013).
Já em relação a sua forma, os músculos se dividem em três tipos: longos, 
curtos e largos. Os músculos longos são superfi ciais, podendo ultrapassar 
mais de uma articulação, como no caso, o sartório; os curtos, por sua vez, se 
se encontram em locais onde a amplitude muscular não é tão grande, como 
os músculos da mão e do pé; e os largos possuem um formato laminar e se 
encontram especifi camente nas paredes do abdômen e no tórax (diafragma). 
Contudo, quando referenciamos os músculos ao posicionamento das fi bras, estes 
se classifi cam como: reto, transverso e oblíquo. Na fi gura a seguir podemos ter 
uma noção de suas características, em que o músculo reto se encontra paralelo 
à linha média; o músculo transverso se encontra perpendicular em relação à linha 
média; enquanto o oblíquo se posiciona diagonalmente à linha média (PAULSEN; 
WASCHKE; PASSOS, 2018; NETTER, 2000; WEINECK, 2013).
FIGURA 8 – TIPOS DE MÚSCULOS EM RELAÇÃO AO 
POSICIONAMENTO DE SUAS FIBRAS, SENDO ELES RETO (RECTUS), 
TRANSVERSAL (TRANVERSE) E OBLÍQUO (OBLIQUE)
FONTE: <https://bit.ly/3bfcblG>. Acesso em: 19 jan. 2020.
E fi nalizando essa temática, apresenta-se os tipos de músculos em relação a 
sua função, são eles: agonistas, antagonistas, sinergistas e fi xadores. O primeiro 
se caracteriza por serem responsáveis pela ativação de um movimento específi co, 
ou seja, os músculos que produzem a ação, enquanto os músculos antagonistas 
agem simultaneamente aos agonistas realizando a ação contrária, ou seja, 
quando os músculos agonistas contraem, os músculos antagonistas se alongam, 
e vice-versa. Já os músculos sinergistas estão ali para dar suporte auxiliar para 
23
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
os músculos agonistas e antagonistas, fornecendo também estabilização para 
que não ocorrariscos em determinadas ações. E, por fi m, os músculos fi xadores, 
que são exclusivamente responsáveis pela estabilização na origem dos músculos 
agonistas, permitindo que este execute a ação com segurança e efi cácia 
(PAULSEN; WASCHKE; PASSOS, 2018; NETTER, 2000, WEINECK, 2013). 
A fi gura a seguir apresenta bem claramente essa estrutura funcional.
FIGURA 9 – EXECUÇÃO DE UMA FLEXÃO DE COTOVELO, 
APRESENTANDO A FUNÇÃO DE CADA MÚSCULO
FONTE: <https://www.anatomia-papel-e-caneta.com/wp-content/uploads/
elementor/thumbs/agonistas-e-antagonistas-oa5g72akesoqoz3gr7i3
erpq5udzpy84mmoacf7dog.png>. Acesso em: 24 jan. 2020.
Para informações mais detalhadas sobre esse tema, busque 
literaturas relacionas à anatomia geral e aplicada ao esporte, como 
por exemplo:
PAULSEN, F.; WASCHKE, J.; PASSOS, M. A. R. F. Sobotta: Atlas de 
anatomia humana. v. 1, 2 e 3. São Paulo: Grupo Gen, 2018.
NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. Porto Alegre: Artmed, 
2000.
WEINECK, J. Anatomia Aplicada ao Esporte. 18. ed. São Paulo: 
Manole, 2013.
24
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
4.2 TIPOLOGIA GERAL
Acabamos de ter uma noção sobre tipologia muscular de uma 
maneira mais específi ca, agora vamos entender essa tipologia de 
uma maneira mais geral, portanto, em nosso corpo existem três tipos 
de músculos: músculo liso, músculo cardíaco e músculo esquelético. 
O músculo liso tem suas ações involuntárias, controlado pelo sistema 
nervoso autônomo, ou seja, não temos controle sobre eles. Encontram-
se nas paredes do sistema digestivo, respiratório, reprodutor e nas 
paredes de alguns elementos do sistema cardiovascular. Normalmente, 
os músculos lisos possuem, em sua estrutura, fi bras mais alongadas com as 
extremidades mais estreitas, variando de forma dependendo de sua localização
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). Quando pegamos um músculo liso e 
realizamos um corte transversal, podemos observar que existem células de 
diferentes formas e diâmetros, variando de contornos (arredondados, triangulares 
e poligonais), podendo se apresentar isoladas ou em pequenos grupos, sendo 
envolvidas por um tecido conjuntivo que as mantêm unidas e que transmite a 
força de contração simultaneamente, se assemelhando a um cabeamento de fi os 
(WEINECK, 2013; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
FIGURA 10 – CORTE TRANSVERSAL E LONGITUDINAL DE UM MÚSCULO LISO
O músculo liso 
tem suas ações 
involuntárias, 
controlado pelo 
sistema nervoso 
autônomo, ou seja, 
não temos controle 
sobre eles.
FONTE: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfi le.php/3110555/mod_
resource/content/1/Aula%203%20Tecido%20Muscular%20e%20
Nervoso%20VET%202017.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2020.
25
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
Já em relação ao músculo cardíaco, vamos voltar rapidamente 
ao exemplo dos estímulos nervosos, comparando a um carro. Assim 
como os estímulos excitatórios e inibitórios são os aceleradores e 
freios, o músculo cardíaco é o motor do carro, é ele quem bombeia 
o sangue para todo o corpo, levando oxigênio e nutrientes para 
o funcionamento de todos os sistemas. O coração é considerado 
um órgão nobre por ter a capacidade de se adaptar ao tipo de 
esforço que o indivíduo se submete de acordo com a realidade em 
que ele vive diariamente, essa adaptação, ou como é conhecida 
na literatura, “remodelação cardíaca”, tem como fi nalidade suprir 
suas necessidades do corpo, aumentando ou não o bombeamento 
sanguíneo (PELLICCIA et al., 1999; PELLICCIA et al., 2002; 
PUFFER, 2002; MORATO, 2016). 
O coração é considerado 
um órgão nobre por 
ter a capacidade de 
se adaptar ao tipo de 
esforço que o indivíduo 
se submete de acordo 
com a realidade em que 
ele vive diariamente, essa 
adaptação, ou como é 
conhecida na literatura, 
“remodelação cardíaca”, 
tem como finalidade 
suprir suas necessidades 
do corpo, aumentando 
ou não o bombeamento 
sanguíneo
Para ter um conhecimento mais aprofundado sobre esse 
tema, sugerimos que leia sobre o sistema cardiovascular e 
cardiorrespiratório geral e aplicado ao exercício:
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do 
exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 
ZANELA, C. Fisiologia Humana. 1. ed. Rio de Janeiro: SESIS, 2015.
Quando falamos de sua funcionalidade e estrutura, denota-se que a sua 
maior e principal função é produzir involuntárias e repetitivas contrações no qual 
produzem o bombeamento sanguíneo, esse fenômeno funcional ocorre devido ao 
fato de o músculo cardíaco possuir uma mistura de características semelhantes 
às dos músculos esqueléticos e lisos. No entanto, as fi bras da musculatura 
cardíaca são menores que as fi bras da musculatura esquelética, porém com 
uma quantidade maior de glicogênio em seu sarcoplasma, além disso, suas 
mitocôndrias também são maiores e em maior número, paralelo ao fato de suas 
células possuírem um único núcleo, localizada ao centro, estando ramifi cadas 
(ZANELA, 2015; PELLICCIA et al., 2002; PUFFER, 2002).
Para auxiliar o fenômeno de contração involuntária, existe em sua estrutura 
as junções intercelulares. Essas junções são resposáveis pela manutenção e 
junção entre as fi bras, e pela transmissão da tensão das fi brilas ao longo do eixo 
da fi bra de uma unidade celular para a seguinte (essas junções entre as fi bras 
26
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
se chamam discos intercalares). Tirando o fato de possuir uma maior rede de 
capilares sanguíneos (fator este que possibilita uma maior capacidade oxidativa), 
a distribuição do tecido conjuntivo, vasos e fi bras nervosas é igual as dos músculos 
esqueléticos e lisos (ZANELA, 2015; PELLICCIA et al., 2002; PUFFER, 2002).
FIGURA 11 – VISÃO DE UM CORTE TRANSVERSAL E LONGITUDINAL DAS 
FIBRAS DO MÚSCULO CARDÍACO E ALGUNS ELEMENTOS ESTRUTURAIS
FONTE: <https://accessmedicina.mhmedical.com/data/books/1506/
sepulveda2_ch07_fi g-07-15.png>. Acesso em: 24 jan. 2020.
27
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
Iniciaremos agora a introdução ao último tipo de músculo do nosso copo, o 
músculo esquelético. Como o nome sugere é o músculo ligado e que auxilia o 
movimento do esqueleto. Todos os elementos que existem no nosso corpo são de 
fundamental importância para seu funcionamento, porém, para a especialização 
em algumas áreas do conhecimento, como esta da cadeia disciplinar, alguns 
elementos são mais destacados, neste caso, esse tipo de grupo muscular. Tudo 
o que já foi falado sobre mecanismos neurais, transportes, execuções, tipos de 
contração, dentre outros temas, se aplica a esse grupo. Não que os outros tipos 
musculares sejam sem importância para a treinamento esportivo, pelo contrário, 
são tão importantes quanto, mas de fato, para este momento, o músculo 
esquelético é prioritário devido à produção e execução do movimento. 
A musculatura esquelética, em sua composição estrutural, possui 
dois grandes conjuntos celulares, um especializado na produção da 
contração (composto pelas miofi brilas) e o outro responsável pela 
sustentação (tecido conjuntivo), podendo ter ligações diretamente 
aos ossos, às cartilagens, fáscias e pele. O primeiro conjunto celular, 
que são as fi bras, possui células altamente especializadas, longas, 
cilíndricas e multinucleadas, agrupando-se paralelas umas às outras, 
formando diversos feixes, muitas vezes associados de diferentes 
maneiras, formando tipos diferentes de músculos. Como supracitado, 
essas fi bras são compostas por miofi brilas, que são compostas por 
miofi lamentos fi nos (proteína actina) e grossos (proteína miosina), que 
quando interagem entre si, tornam-se mais um elemento que auxilia a produção da 
contração muscular. Esse grupo celular de fi bras é recoberto por outro grupo celular, 
formado por um tecido conjuntivo, o qual chamamos de sarcolema (este é o segundo 
grande grupo celular da estrutura da musculatura esquelética). O sarcolema pode 
ser chamado de epimísio (quando envolve omúsculo), perimísio (quando envolve 
todos os feixes) e endomísio (quando envolve as fi bras), dependendo da sua 
localização (ROBERGS; ROBERTS, 2002; WILMORE; COSTILL, 2001). 
Em sua composição 
estrutural, possui 
dois grandes 
conjuntos celulares, 
um especializado 
na produção 
da contração 
(composto pelas 
miofi brilas) e o outro 
responsável pela 
sustentação (tecido 
conjuntivo).
Para um maior e mais detalhado entendimento sobre a 
bioquímica muscular, busque literaturas em fi siologia geral e fi siologia 
do exercício, como: 
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do 
exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 
ZANELA, C. Fisiologia Humana. 1. ed. Rio de Janeiro: SESIS, 2015. 
28
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
Para um maior e mais detalhado entendimento sobre a 
bioquímica muscular, acesse o site: https://www.passeidireto.com/
arquivo/2189057/resumo-bioquimica-contracao-muscular). 
FIGURA 12 – EXEMPLO DE ESTRUTURA DE MÚSCULO ESQUELÉTICO
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cf/1007_
Muscle_Fibes_%28large%29_esp.jpg>. Acesso em: 25 jan. 2020.
 Os músculos esqueléticos, que fazem ligações ósseas, o fazem através 
de um elemento viscoelástico composto por um conjunto de tecidos conjuntivos 
e cartilaginosos, colágeno e componentes elásticos que funcionam como 
sustentação das fi bras musculares, este elemento se chama tendão, que por 
sua vez, quanto maior for a sua área transversa, mais forte ele será e melhor 
corresponderá ao limite de elasticidade. Os tendões têm origem nas extremidades 
dos músculos, no momento em que ocorre o afunilamento da parte medial 
em direção às extremidades, sucede-se uma redução de até 90% das fi bras 
29
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
musculares, formando uma área conhecida como região musculotendínea (onde 
ocorre a transmissão de força), essa área é exatamente onde ocorre a ligação 
das fi bras musculares com os tendões e, subsequentemente, se encontra o tecido 
tendíneo (tendão) (ZANELA, 2015; ROBERGS; ROBERTS, 2002; POWERS; 
HOWLEY, 2009).
 Saindo da parte estrutural e iniciando a parte funcional, o 
músculo esquelético é aquele que está diretamente ligado à produção 
de movimento dando suporte ao sistema locomotor, este envolve 
as articulações, cartilagens e, obviamente, os músculos e tendões. 
Literalmente, um boneco ventríloquo. No que diz respeito a movimentos 
segmentares, os músculos se classifi cam como monoarticulares, 
biarticulares ou poliarticulares. O primeiro se caracteriza pelo fato 
do músculo atravessar apenas uma articulação, movimentando um 
único segmento, enquanto os músculos biarticulares ou poliarticulares 
atravessam mais de uma articulação, executando diversos movimentos
(ZANELA, 2015; WILMORE; COSTILL, 2001). Consequentemente, o 
gasto energético dos músculos monoarticulares é consideravelmente 
reduzido graças à atuação dos músculos biarticulares, pois estes permitem 
o trabalho positivo em uma articulação e o negativo em uma outra articulação 
adjacente. A fi gura a seguir apresenta exemplos desses tipos de músculos.
FIGURA 13 – EXEMPLO DE MÚSCULOS MONOARTICULARES 
(INFRAESPINHOSO) E BIARTICULARES (OU POLIAETICULARES (BÍCEPS)
O músculo 
esquelético é 
aquele que está 
diretamente 
ligado à produção 
de movimento 
dando suporte ao 
sistema locomotor, 
este envolve 
as articulações, 
cartilagens e, 
obviamente, os 
músculos e tendões.
FONTE: <https://pt.slideshare.net/BARBARABRAYAN1/sistema-
muscular-barbara-brayan/5>. Acesso em: 20 mar. 2020.
30
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
Esses tipos de músculos podem apresentar com maior frequência um 
fenômeno conhecido como insufi ciência, que se classifi ca em ativa e passiva. 
Enquanto a insufi ciência ativa ocorre quando um músculo atinge um ponto em que 
não pode mais ser encurtado, a insufi ciência passiva ocorre quando um músculo 
não pode mais ser alongado sem danifi car suas fi bras (NORDIM; FRANKEL, 
2003; KNUDSON, 2007). Por exemplo, quando realizamos simultaneamente 
uma fl exão de cotovelo e de ombro, resultará a aproximação das inserções 
do bíceps braquial, ocorrendo a insufi ciência ativa. Contudo, se executarmos 
simultaneamente uma fl exão de quadril e uma extensão de joelho, ocorrerá uma 
hiperextensão dos isqueotibiais limitando a fl exão de quadril que é realizada pelo 
quadríceps, ou seja, o músculo antagonista atrapalhou a excursão do músculo 
agonista, esse fenômeno se chama insufi ciência passiva. 
Para informações mais detalhadas sobre o tema supracitado, 
busque literaturas e sites relacionados à Cinesiologia e biomecânica 
do movimento, como: 
KNUDSON, D. Fundamentals of biomechanics. 2. ed. New York: 
Springer, 2007.
Para informações mais detalhadas sobre o tema supracitado, 
busque sites relacionados à Cinesiologia e biomecânica do 
movimento: https://www.passeidireto.com/arquivo/40624609/aula-04-
biomecanica-do-musculo-cinesio. 
4.3 AÇÕES MUSUCLARES 
ESQUELÉTICAS
Agora que sabemos e demos ênfase ao tipo de músculo (que neste contexto 
atual mais nos interessa), faremos uma breve passagem relacionando as ações 
realizadas por estes, podemos dizer que as informações que serão apresentadas 
serão como uma introdução para o próximo tópico, que vai abordar os efeitos do 
treinamento esportivo no sistema neuromuscular. 
31
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
Como supracitado, a musculatura esquelética funciona através do 
comando do sistema nervoso central, acionando diversos componentes, 
portanto, qualquer trabalho nesse ínterim requer a ação de outros 
componentes. Quando ocorre o treinamento esportivo de alto nível, 
o atleta desenvolve a capacidade de acionar ao mesmo tempo, e em 
maior número, as unidades motoras musculares, gerando uma maior 
contração (FOLLAND; WILLIAMS, 2007; CARROLL; RIEK; CARLSON, 
2001). A pessoa, quanto mais treinada e mais estimulada a ativação 
elétrica muscular, maior é sua capacidade de produção de estímulos e, 
consequentemente, o desempenho destes sistemas, e esse é um dos 
fatores que diferencia um atleta de um praticante de esporte, pois o primeiro 
consegue atingir nitidamente uma porcentagem mais alta da funcionalidade 
muscular, podendo atingir até 100% de suas capacidades, enquanto os praticantes só 
conseguem colocar em ação ao mesmo tempo uma certa porcentagem de suas fi bras 
musculares ativáveis (POWERS; HOWLEY, 2009; PEREIRA; SOUZA JÚNIOR, 2004).
A maior capacidade de aguentar e gerar tensão de um músculo, assim como 
maior velocidade de contração, ocorre quando há uma maior sincronização das 
unidades motoras, promovendo um maior desempenho (POWERS; HOWLEY, 
2009). Quando realizamos o treinamento de um atleta, ou até mesmo de um 
praticante normal, precisamos saber a melhor forma de acionar essas unidades 
motoras, e isso tudo depende do tipo de exercício que se pretende realizar, pois 
para a efi ciência desse exercício, existe um tipo de fi bra que precisa ter mais 
atenção, ou seja, precisamos conhecer a característica do exercício e as fi bras 
que agem para que esse exercício ocorra, pois nem todas as unidades motoras 
são solicitadas simultaneamente, variando de acordo com seu motoneurônio, que 
se agrupa estimulando as fi bras musculares (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016, 
POWERS; HOWLEY, 2009; PEREIRA; SOUZA JÚNIOR, 2004).
FIGURA 14 – EXEMPLO DE FIBRAS I, FIBRAS IIX E FIBRAS II 
EM SUBSEQUÊNCIA COM AS IMAGENS DA FIGURA
Quando ocorre 
o treinamento 
esportivo de alto 
nível, o atleta 
desenvolve a 
capacidade de 
acionar ao mesmo 
tempo, e em 
maior número, as 
unidades motoras 
musculares, 
gerando uma maior 
contração.
FONTE: <https://cdn.hsnstore.com/comprar/blog/wp-content/uploads/
sites/2/2011/11/distribucion-fi bras.jpg>. Acesso em: 26 jan. 2020.
32
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
De maneira geral, existem dois tipos de fi bras quantoa sua função, relacionada 
ao exercício, em que uma está direcionada a exercícios mais lentos e outra 
relacionada a exercícios mais rápidos (Figura 14). São discriminadas como fi bras do 
tipo I e tipo II (no Capítulo 2 serão abordados os subtipos de fi bras, dentre elas Ic, 
IIc, IIac, IIa, IIax e IIx). Assim, temos as fi bras do tipo I, conhecidas também como as 
fi bras vermelhas (devido ao grande número de mioglobina e mitocôndrias), sendo 
mais resistentes à fadiga. Por isso são mais requisitadas e propícias em exercícios 
contínuos de grande volume e baixa intensidade, como por exemplo, a corrida de 
longa duração (maratonas) e caminhadas (RIEGEL, 1999).
Contudo, as fi bras do tipo II, com cores mais claras, são chamadas de 
fi bras brancas (devido à menor concentração de mioglobina e mitocôndrias), por 
possuírem a velocidade de contração mais rápida, possuindo pouca resistência 
à fadiga. Estas são requisitadas e propícias em atividades que requer maior 
velocidade e velocidade explosiva, com alta intensidade e menor volume, como 
alguns momentos dos esportes de combates, corridas de pouca metragem (100, 
200 m ...) e natação (50, 100 m..). 
Cabe ao profi ssional de educação física compreender como acionar essas 
fi bras para poder executar um trabalho efi ciente, como por exemplo, um Personal 
Training em uma academia, ele pode ter um aluno que queria trabalhar hipertrofi a, 
assim como ter um que queira melhorar seu desempenho em corridas de alta 
velocidade. Consequentemente, este último não pode ter aumento da sua massa 
muscular, pois vai contribuir com fatores que diminuirão sua velocidade no 
evento. Portanto, o profi ssional que for produzir um treinamento de hipertrofi a, por 
exemplo, precisa ter em seu conhecimento algumas considerações em relação a 
que tipo de fi bra muscular que é preciso ter ênfase e como proporcioná-la. 
 Qualquer exercício apresenta uma resistência externa aos 
músculos, seja pela própria gravidade ou por algum recurso material, 
esse processo estimula a produção da força muscular sobre as 
estruturas articulares para realizar o movimento e suportar a tal 
sobrecarga, ou seja, as ações musculares dependem do nível de 
estimulação e da força desenvolvida pelo músculo diante da resistência 
imposta a ele. São essas ações musculares que chamamos de 
contrações musculares, que se subdividem em dois tipos (com suas 
subdivisões), são as contrações isotônicas e isométricas.
As ações 
musculares 
dependem do nível 
de estimulação e da 
força desenvolvida 
pelo músculo diante 
da resistência 
imposta a ele.
33
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
FIGURA 15 – TIPOS DE CONTRAÇÃO MUSCULAR
FONTE: <https://www.anatomia-papel-e-caneta.com/wp-content/uploads/2019/07/
tipos-de-contra%C3%A7%C3%A3o-1.jpg>. Acesso em: 4 fev. 2020.
Como exposto na fi gura acima, a contração isométrica ocorre quando 
o músculo realiza um trabalho chamado isometria, ou seja, o músculo sem 
movimento gera uma tensão muscular. Geralmente, esse fenômeno ocorre 
ao sustentar algum objeto ou um próprio membro em uma certa posição no ar; 
também tem como objetivo estabilizar as articulações enquanto outras são 
movidas, é muito utilizado em trabalhos de estabilização e em exercícios como 
“prancha estática”. 
Por outro lado, a contração isotônica exerce o inverso, ou seja, é preciso que 
ocorra movimento, gerando a tensão muscular em diferentes graus, promovendo 
a mudança dos ângulos articulares. Esse tipo de contração se subdivide em outros 
dois tipos, bem conhecidos na área da educação física, são elas: a contração 
concêntrica e excêntrica. Enquanto a primeira efetua uma ação mais concentrada 
promovendo o encurtamento muscular, reduzindo o ângulo de uma articulação 
(aproximando uma extremidade da outra), a contração excêntrica aumenta o 
ângulo articular através do alongamento muscular (WEINECK, 1999; MCARDLE; 
KATCH; KATCH, 2016). Ou seja, na Figura 15, durante uma “rosca bíceps”, no 
momento da fl exão, o bíceps realiza uma contração concêntrica, e no momento 
que regressa à posição inicial, realiza uma extensão sustentando a sobrecarga, 
realizando uma contração excêntrica.
34
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
Quando frisamos movimentos verticais, independentemente da sobrecarga 
que utilizamos em um treinamento esportivo, a contração excêntrica é capaz de 
gerar a mesma força (ou até maior) que aos outros tipos de ações musculares, 
realizando a solicitação de um menor número de fi bras. Isso se deve ao fato da 
infl uência da ação gravitacional nos movimentos de torques. Veja um exemplo 
no exercício da Figura 16 (agachamento), em que existe um torque imposto pela 
força gravitacional (torque descendente) paralelo à ação excêntrica dos músculos 
isquiotibiais, quadríceps, glúteo máximo e grupo tríceps surral, que se contrairão 
apenas para frear a descida do movimento. 
Além das contrações isométricas e isotônicas, existem também a contração 
isocinética, que é a contração dinâmica, ou seja, aquela que produz uma 
velocidade constante do movimento paralela à uma sobrecarga fi xa e específi ca; 
e a contração isoinercial, que realiza uma resistência em que o músculo se 
contrai constantemente (HAMILL; KNUTZEN, 1999, AMADIO; BARBANTI, 2000; 
NORDIM; FRANKEL, 2003; KNUDSON, 2007).
Para informações sobre os tipos de contração isocinética 
e isoinercial, procure literaturas relacionadas à cinesiologia e 
biomecânica do movimento, e treinamento esportivo, como por 
exemplo: 
HAMILL, J.; KNUTZEN, K. M. Bases biomecânicas do movimento 
humano. São Paulo: Manole, 1999. 
BILLAT, V. Fisiologia y metodologia del entrenamiento: de la 
teoria a la práctica. Barcelona: Editora Paidotribo, 2002. 
Para informações sobre os tipos de contração isocinética e 
isoinercial, procure sites relacionados à cinesiologia e biomecânica do 
movimento, e treinamento esportivo. Acesse: http://www.profedf.ufpr.
br/rodackibiomecanica_arquivos/Biom%20acao%20muscular.pdf. 
35
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
FIGURA 16 – FASES DAS AÇÕES MUSCULARES NO EXERCÍCIO "AGACHAMENTO"
FONTE: <https://treinomestre.com.br/wp-content/uploads/2019/05/fases-concentrica-
excentrica-e-isometrica-no-agachamento.jpg>. Acesso em: 4 fev. 2020.
5 EFEITOS DO TREINAMENTO NO 
SISTEMA NEUROMUSCULAR
A proposta dos tópicos anteriormente estudados é realizar uma 
breve apresentação geral e resumida sobre a fi siologia funcional 
e estrutural muscular, a fi m de entender que este participa de um 
complexo sistema que aciona o funcionamento de outros, paralelo ao 
seu próprio funcionamento, que é acionada por mais outros sistemas. 
Pense conosco: Seria possível entendermos o objetivo do tema desta 
disciplina (Adaptações Neuromusculares do Treinamento de Força), 
sem entender quem são e como funcionam as peças que são utilizadas 
para que esse fenômeno seja desenvolvido? É claro que existem mais 
peças e sistemas, assim como áreas de conhecimentos que possuem ligações 
diretas com a efi cácia do treinamento, que vão desde o conhecimento da 
cinesiologia ao de nutrição esportiva, pois a execução perfeita do movimento e a 
alimentação necessária para o tipo do treinamento otimizam os resultados. Porém 
é preciso realizar uma escala de prioridades e ligações, e dentro desta escala, os 
primeiros e principais elementos são referentes ao sistema neuromuscular. O mais 
interessante é que tudo o que foi apresentado até este momento, se “potencializa” 
na realidade de um atleta, pois para que este cometa suas façanhas físicas, todos 
os seus sistemas funcionam em outra rotatividade, e para isso, todas as peças 
desse sistema precisam estar adaptadas. 
Imagine uma moto. Sabemos que todas possuem o mesmo sistema funcional 
e estrutural, contudo, existem aquelas que são de 125 cilindradas, enquanto 
outras podem ser de 1500, o que faz existir essas diferenças são as estruturas e 
componentes introduzidos e adaptados, a fi m de potencializar suas funções. Assim 
comonas motos, no nosso corpo existe uma série de adaptações e recursos que 
aumentam e melhoram o desempenho do sistema muscular de um atleta. 
É preciso realizar 
uma escala de 
prioridades e 
ligações, e dentro 
desta escala, 
os primeiros e 
principais elementos 
são referentes 
ao sistema 
neuromuscular.
36
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
FIGURA 17 – ESSA IMAGEM SATIRIZA UM ATLETA COM SUAS ESTRUTURAS 
TÃO POTENCIALIZADAS A PONTO DE SUPERAR LIMITES HUMANOS E SER 
COMPARADO A UM SUPER-HERÓI VOANDO EM DIREÇÃO À CESTA
FONTE: <https://naukas.com/fx/uploads/2011/11/howard2-
580x410.jpg>. Acesso em: 7 fev. 2020.
O corpo vive numa sequência de ações e reações, em suma 
e muito resumidamente, o ser humano inicia a prática esportiva, 
consequentemente, para alcançar seu objetivos; ele exige do seu corpo 
mais empenho; depois de um tempo de treino, seu corpo se adapta para 
que esse objetivo seja alcançado; suas funções são potencializadas e 
necessitam ser supridas em melhor e maior quantidade; e gradualmente 
de forma progressiva, mudam-se os objetivos; o corpo se adapta às 
novas mudanças; e assim segue o ciclo. 
Nesta perspectiva de treinamento, nos últimos anos, cada vez 
mais a comunidade científi ca tem buscado a evolução do desempenho 
humano, pautado na relação otimização de rendimento com a melhora 
de desempenho e menores riscos de lesões. Essas palavras-chaves 
atualmente são de fundamental importância para a estratégia de 
treinamento de um atleta de elite, com suporte do controle do treino 
conjuntamente ao controle nutricional e psicológico (MORATO, 2016; 
WEINECK 2000; WILLETT, 1990; PAIVA, 2009).
5.1 EFEITOS GERAIS DO 
TREINAMENTO
Há várias alterações corporais que ocorrem mediante o treinamento, seja 
ela estrutural ou simplesmente química. Nesse aspecto, para suprir as novas 
necessidades do corpo, ocorrem alterações fi siológicas no que diz respeito ao 
Cada vez mais 
a comunidade 
científi ca tem 
buscado a evolução 
do desempenho 
humano, pautado na 
relação otimização 
de rendimento 
com a melhora de 
desempenho e 
menores riscos de 
lesões. Essas palavras-
chaves atualmente 
são de fundamental 
importância para 
a estratégia de 
treinamento de um 
atleta de elite, com 
suporte do controle do 
treino conjuntamente 
ao controle nutricional e 
psicológico.
37
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
consumo e produção de energia. Assim, ocorre uma potencialização 
do mecanismo de produção de energia, envolvendo a síntese proteica 
e funcionamento das vias metabólicas, responsáveis pela síntese de 
substratos para a liberação de ATP, que vai municiar o músculo com 
energia para seu funcionamento. Toda essa alteração de atividades de 
alguns elementos bioquímicos, como no caso, as proteínas estruturais, 
paralelo ao treinamento propriamente dito, alteram diretamente a 
produção de algumas capacidades físicas treináveis, como no caso 
da força e da potência. É por isso que uma boa alimentação, somada 
à hidratação e um treino bem controlado e elaborado se torna peça-
chave para a efi cácia do treinamento (VOLEK et al., 1996; AUCOUTURIER; 
BAKER; DUCHÉ, 2008; ARAÚJO; MENÓIA, 2008; ROBERGS; ROBERTS, 2002; 
WILMORE; COSTILL, 2001; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
“A olho nu” é nítida a diferença física de um atleta de elite para uma pessoa 
que não pratica nenhum esporte, ou até mesmo para uma pessoa que pratica 
uma atividade em nível recreacional. Essa diferença é consequência das 
diferentes e contínuas cargas de treinamento a que os atletas se submetem, 
buscando o aprimoramento e o desenvolvimento das valências que necessitam, 
para se superarem em suas modalidades (MORATO, 2016; HAAG; KESKINEN; 
TALBOT, 2016). As estruturas corporais têm a capacidade de se adaptar a 
realidade do atleta para suprir as necessidades, visando melhorar ainda mais o 
seu desempenho. 
É por isso que uma 
boa alimentação, 
somada à 
hidratação e 
um treino bem 
controlado e 
elaborado se 
torna peça-chave 
para a efi cácia do 
treinamento.
Você sabia que não é somente a musculatura esquelética que 
se altera quando submetida ao treinamento? Sabia que o coração 
também modifi ca sua estrutura para ajudar o funcionamento do 
corpo? Essa adaptação é conhecida como remodelagem cardíaca, 
ou coração de atleta.
38
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
FIGURA 18 – DIFERENÇA ENTRE UM CORAÇÃO NORMAL E UM 
CORAÇÃO COM REMODELAGEM CARDÍACA, NESSE CASO, 
COM HIPERTROFIA DO SEPTO INTRAVENTRICULAR
FONTE: <http://loyolaeavellar.com.br/clinica/cardiomiopatia-
hipertrofi ca/>. Acesso em: 4 fev. 2020.
Como você pôde ver na fi gura, há uma grande diferença entre o coração 
normal e um coração remodelado, isso tudo ocorre devido às cargas de 
treinamento (quando não é uma patologia), assim como após seis meses 
de destreinamento, as estruturas começam a regressar ao tamanho normal 
(PELLICCIA et al., 2002; PUFFER, 2002; MORATO, 2016). Todos os tipos 
de treinamentos podem estimular essa remodelação, sejam eles dinâmicos 
ou estáticos, e esses dois tipos de exercícios se encontram simultâneos em 
praticamente todas as modalidades esportivas. Para ocorrer os exercícios 
dinâmicos, há uma participação maior de diversos grupos musculares, gerando 
maior consumo de oxigênio. Para esse oxigênio ser levado em maior quantidade 
e velocidade pela corrente sanguínea, ocorre automaticamente o aumento do 
débito cardíaco, sobrecarregando o volume no ventrículo esquerdo causando o 
alargamento e hipertrofi a. Já os exercícios estáticos, em que a via metabólica 
predominante é a anaeróbia, ocorre uma sobrecarga de pressão sanguínea no 
coração, aumentando especifi camente a sua massa muscular sem o aumento do 
volume (PELLICCIA et al., 2002; PUFFER, 2002; MORATO, 2016). 
Exemplifi cando e diferenciando algumas modalidades esportivas, 
podemos citar o judô e o halterofi lismo, que são esportes que por conta do tipo 
de treinamento apresentam uma grande sobrecarga de pressão sanguínea, 
resultando uma hipertrofi a cardíaca. Diferente das modalidades com maior 
volume de treino e menor intensidade, como a corrida e ciclismo (fundista), em 
que ocorre uma maior sobrecarga de volume sanguíneo, estimulando a dilatação 
do ventrículo e da aorta, além da hipertrofi a. No caso do fi siculturismo é comum 
encontrar o ventrículo esquerdo hipertrofi ado devido ao treinamento de força, 
enquanto em ultrarunners essas respostas são caracterizadas por uma lentidão 
anormal na frequência cardíaca de repouso, expansão e hipertrofi a do ventrículo 
39
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
esquerdo (MCCALL et al., 1996; PELLICCIA et al., 1999; PELLICCIA et al., 2002; 
PUFFER, 2002; PAVLIK et al., 2010; MORATO, 2016). 
Em resumo: o atleta se submete a um treinamento; este requer superação 
de desempenho; em seguida, todos os sistemas e funções são solicitados acima 
do normal; para que estes sistemas funcionem em pleno vapor e com qualidade, 
precisam de mais energia; consequentemente, para mais energia, precisam de 
melhor hidratação, melhor alimentação e maior oxigenação; para essa quantidade 
maior de elementos chegar aos sistemas, precisam de maior quantidade de 
sangue e em maior velocidade, obrigando o coração a se remodelar, aumentando 
e dilatando sua estrutura.
5.2 EFEITOS DO TREINAMENTO NA 
MUSCULATURA ESQUELÉTICA
Já citamos exemplos de alguns efeitos que o treinamento causa no 
corpo humano, no que tange à química muscular e remodelação estrutural do 
músculo cardíaco. Vamos apresentar agora algumas alterações que ocorrem na 
musculatura esquelética. 
Quem nunca ouviu falar no nome hipertrofi a? Sim, paralelo ao 
emagrecimento, este é um dos maiores objetivos de clientes frequentadores de 
academias de musculação. E hiperplasia? Pois é, esse nome talvez não seja tão 
conhecido para os leigos em nossa área. Ambos são fenômenos que ocorrem 
na musculatura esquelética, causados pelo treinamento contínuo. Após o último 
assuntoabordado, pensamos que você já possui uma breve ideia do que é a 
hipertrofi a. Signifi ca aumento de alguma estrutura, nesse caso, estamos falando 
sobre o aumento do volume muscular, ou mais cientifi camente, o aumento na 
secção transversal do músculo. Quando fazemos um trabalho de força com 
controle de carga, velocidade e repetição específi ca, essa é a principal adaptação 
muscular que se desenvolve. 
E a hiperplasia? O que é isso? Bom, a hiperplasia é aumento da quantidade 
de fi bras musculares e de suas dimensões. Quando treinamos e buscamos 
alcançar a capacidade máxima de produção de força muscular, ocorre esse 
fenômeno. Portanto, a hipertrofi a estimula o desenvolvimento da hiperplasia, 
porém, alguns estudiosos defendem que a hipertrofi a está associada diretamente 
ao aumento da área de secção transversa do músculo, e não à hiperplasia.
40
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
Ou seja, para esses estudiosos, apesar da hiperplasia surgir 
devido (também) à hipertrofi a, a hipertrofi a ocorre independentemente 
da hiperplasia, contudo, vale ressaltar que ainda não há um consenso 
na literatura em relação ao fenômeno da hiperplasia na musculatura 
esquelética (MACDOUGALL, 1992; WEINEWCK, 1989, 1999; HALL, 
2003; MCCALL et al., 1996). 
Vamos imaginar a confecção de uma pizza: a massa da pizza será a 
hipertrofi a e os recheios da pizza serão a hiperplasia. A pizza nos permite 
desenvolver a capacidade de criar qualquer recheio, porém, com ou sem recheio, 
ao colocar a pizza no forno, ela vai crescer, ou seja, com ou sem recheio existirá a 
pizza, mas sem pizza, não existe o recheio. 
FIGURA 19 – DIFERENÇA ENTRE CÉLULAS MUSCULARES NORMAIS (AO CENTRO), 
HIPERTROFIADAS (HYPERTROPHIE) E HIPERPLASIADAS (HYPERPLASIE)
FONTE: <https://viamedici.thieme.de/lernmodule/pathologie/
anpassungsreaktionen+von+zellen+und+geweben>. Acesso em: 11 fev. 2020.
Uma das variáveis que contribui para o desenvolvimento da hipertrofi a é o 
aumento do volume de síntese proteica, pois como supracitado, o nosso corpo, 
41
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
quando é submetido ao treinamento esportivo, dependendo da sua intensidade, 
o conteúdo proteico muscular se encontra em um fl uxo contínuo, fazendo com 
que ocorra a degradação e sintetização dessas proteínas sem interrupção. Em 
conjunto com esse processo, outra variável importante para o desenvolvimento 
da hipertrofi a é a quantidade de miofi brilas e miofi lamentos (actina e miosina), 
pois quanto maior for sua quantidade, maior serão as pontes cruzadas realizadas 
para a produção de força durante a contração máxima muscular (ROBERGS; 
ROBERTS, 2002; RIEGEL, 1999). 
FIGURA 20 – DIFERENÇA ENTRE UMA MUSCULATURA 
NORMAL E HIPERTROFIADA, SEQUENTEMENTE
FONTE: <https://www.all-musculation.com/dossier/secret-
pour-grossir/>. Acesso em: 11 fev. 2020.
Umas das características funcionais morfológicas de um músculo 
que sofreu hipertrofi a, além do sou aumento de volume da seção 
transversa, é a capacidade de gerar maior força e potência muscular. 
Essa característica é bem perceptível em indivíduos iniciantes na 
musculação, pois o ganho de força se denota já na fase inicial do 
treinamento. Esse aumento de força pode ser atribuído a novos 
estímulos elétricos musculares, à melhora na solicitação das unidades 
motoras paralelo ao aumento das atividades neurológicas (MAIOR; 
ALVES, 2003; WILMORE; COSTILL, 2001; ROBERGS; ROBERTS, 
2002). 
Ainda falando sobre variáveis facilitadores da hipertrofi a, temos uma que 
chamamos de variável incontrolável, como por exemplo, o sexo do indivíduo. A 
hipertrofi a se desenvolve com mais facilidade em homens do que em mulheres 
devido ao hormônio masculino, testosterona (produzido e secretado por 
células intersticiais nos testículos). É por conta deste fator que cada vez é mais 
comum encontrar em ambientes de musculação, mulheres utilizando recursos 
suplementares anabólicos para aumentar seu ganho de massa muscular, porém, 
Umas das 
características 
funcionais 
morfológicas de um 
músculo que sofreu 
hipertrofi a, além 
do sou aumento 
de volume da 
seção transversa, 
é a capacidade de 
gerar maior força e 
potência muscular.
42
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
ao fazerem uso dessas substâncias, elas começam a desenvolver e apresentar, 
além de uma estrutura muscular hipertrofi ada, algumas características masculinas, 
por que esses suplementos contêm hormônios masculinos facilitadores de ganho 
de massa muscular (BILLAT, 2002; BOGDANIS, 2012; WEINEWCK, 1989, 1999; 
HALL, 2003; MCCALL et al., 1996).
Outro efeito do treinamento no nosso corpo é a melhora e o aumento da 
resistência muscular, essa melhora ocorre devido ao aumento considerável de 
vasos capilares por cada área da seção transversa muscular, paralelo ao aumento 
da densidade capilar ao redor das fi bras vermelhas (tipo I). Isso acontece por 
quê? Lembra do que foi apresentado mais acima, sobre a adaptação do corpo 
para a realidade da pessoa? Então, para suprir as necessidades do corpo, nesse 
caso de um treinamento de resistência, essas estruturas funcionais precisam de 
mais energia para funcionar melhor, e é por isso que quando o atleta é submetido 
ao treinamento de resistência aeróbia, ocorre um aumento da densidade capilar, 
consequentemente ocorre o aumento do fl uxo sanguíneo das fi bras musculares 
em atividade, fornecendo mais oxigênio para as fi bras musculares tipo I e tipo IIa 
(as duas fi bras são oxigenadas porque durante esse treinamento, as 
duas vias metabólicas interagem). A oxigenação das fi bras musculares 
do tipo IIa acaba servindo como substrato, aumentando a capacidade 
da respiração mitocondrial desse tipo de fi bra (MCARDLE; KATCH; 
KATCH, 2016).
Em resumo, o treinamento neuromuscular potencializa o sistema 
bioquímico muscular; remodela a estrutura do músculo cardíaco; 
recruta maiores quantidades de unidades motora; aumenta a 
quantidade e a densidade do vasos capilares; aumenta o desempenho 
motor; remodela a musculatura esquelética; e diminui o risco de lesões, 
ou seja, podemos afi rmar que quanto mais e melhor se estimula o 
sistema neuromuscular, ocorre maior e mais rápido o recrutamento 
das unidades motoras e, consequentemente, resultados em ralação 
a adaptações aos exercícios físicos e ao treinamento, estimulando 
a adaptação das estruturas corporais para suprir tal necessidade, 
alcançando um melhor desempenho motor para uma ação específi ca, 
obtendo o desenvolvimento e aumento do objetivo traçado. 
O treinamento 
neuromuscular 
potencializa o 
sistema bioquímico 
muscular; remodela 
a estrutura do 
músculo cardíaco; 
recruta maiores 
quantidades 
de unidades 
motora; aumenta 
a quantidade e a 
densidade do vasos 
capilares; aumenta 
o desempenho 
motor; remodela 
a musculatura 
esquelética; e 
diminui o risco de 
lesões
43
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
5.3 CORRELAÇÕES QUE 
INFLUENCIAM A PRODUÇÃO DE 
FORÇA MUSCULAR
Apresentamos diversos fatores que infl uenciam o desenvolvimento de 
algumas estruturas do corpo e, consequentemente, os efeitos que causam, no que 
diz respeito ao desenvolvimento e produção. Como mencionado anteriormente, 
uma das características do treinamento de hipertrofi a (assim como outros tipos 
de treinamentos) é a produção de força e potência muscular. Agora vamos fazer 
uma breve abordagem dos fatores que podem infl uenciar a produção de força 
(negativa ou positivamente), sejam estes fatores controláveis ou não. É preciso 
ter bastante consciência de que o entendimento e compreensão desses fatores 
contribuem para um treinamento mais específi co, otimizando resultados e 
aumentando o desempenho. 
Existe um termo que usamos no meio científi co que se chama 
“Correlação”. Nesse ínterim, correlação signifi ca o resultado de dois 
fatores importantes que infl uenciam um objetivo. Isso signifi ca que 
existem várias correlações de várias variáveis que podem interferir naprodução de força, esse será o próximo passo: conhecer e entender a 
correlação de determinadas variáveis aplicada na melhora da produção 
de força.
 O primeiro fator que infl uencia a produção de força, que vamos 
apresentar, é a estrutura do músculo, este é um grande facilitador, pois 
quanto maior a secção transversa muscular, maior será a capacidade 
de produção de força (e de outras valências). Enquanto o diâmetro de 
uma fi bra muscular depende do nível de separação, inclinação e/ou dispersão 
do sarcômero (é ele quem permite alterações de velocidade de encurtamento 
muscular), o cumprimento de uma fi bra pode apresentar uma área de trabalho 
mais extensa (no caso das fi bras longas), gerando aumento de velocidade 
de contração devido a uma maior amplitude de movimento (ZANELA, 2015; 
ROBERGS; ROBERTS, 2002; POWERS; HOWLEY, 2009). Quando se alcança 
essa capacidade de gerar mais e maior força, simultaneamente se perde um 
pouco de velocidade de contração. 
 Outro fator importante a ressaltar é o ângulo de inserção do músculo, 
pois dependendo de onde se insere, cria-se um ângulo que facilita a estabilização 
muscular (ou o inverso). Quando analisamos o movimento de fl exão e extensão 
dos joelhos, observamos que quando o ângulo do tendão for reto sobre o osso, 
promovendo a extensão, a força muscular é direcionada ao longo da extensão 
Existem várias 
correlações de 
várias variáveis que 
podem interferir 
na produção de 
força, esse será 
o próximo passo: 
conhecer e entender 
a correlação de 
determinadas 
variáveis aplicada 
na melhora da 
produção de força.
44
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
óssea para o centro da articulação, todavia, durante a fl exão, é produzida uma 
força ainda maior para movimentar os segmentos em torno da articulação 
e para estabilizar esta articulação no momento que ocorre o deslocamento da 
perna na direção do joelho. Paralelo ao ângulo de inserção, atuam também as 
componentes rotatórias e de deslizamentos, que independente de qualquer 
tensão produzida durante o movimento, sempre vão atuar de acordo com o 
ângulo de inserção muscular, agindo de forma perpendicular ao eixo longitudinal 
do segmento, produzindo o torque e o movimento rotacional do segmento em 
torno da articulação (NORDIM; FRANKEL, 2003; KNUDSON, 2007).
A Figura 21 exemplifi ca um tipo de ângulo de inserção muscular. No caso de 
uma fl exão de cotovelo, no momento em que o ângulo do tendão for reto sobre o 
osso, a força muscular será dirigida primeiramente ao longo do osso e para dentro 
da articulação. Quando o antebraço está estendido, o tendão do bíceps braquial 
fi ca inserido no rádio com um ângulo baixo. Para ocorrer uma fl exão é preciso uma 
força maior para poder mover o antebraço em torno da articulação, direcionando-o 
ao cotovelo e estabilizando a articulação. Para isso ocorrer é preciso levar em 
consideração que existem duas componentes da força: a componente rotatória e 
a componente de deslizamento. A componente rotatória é a componente da força 
muscular que atua perpendicularmente ao eixo longitudinal do segmento e é a 
responsável pelo torque que possibilita o movimento de rotação do segmento em 
torno da articulação. Já a componente de deslizamento é a componente da força 
muscular que atua paralelamente ao eixo longitudinal do segmento. Dependendo 
do ângulo que o músculo se insere, há uma tendência de puxar o osso para fora 
da articulação (componente deslocadora) ou empurrar o osso em direção ao 
centro da articulação (componente estabilizadora).
FIGURA 21 – EXEMPLO DE ANGULAÇÕES DE INSERÇÃO DO MÚSCULO
FONTE: <https://pt.slideshare.net/cintialisner/fi siologia-
muscular-35210947>. Acesso em: 11 fev. 2020.
Lembra que anteriormente mencionamos o signifi cado de correlação? Pois 
bem, agora abordaremos a primeira correlação de variáveis, vamos falar sobre a 
45
SISTEMA NEUROMUSCULAR Capítulo 1 
correlação entre comprimento e tensão muscular. É a correlação desses fatores, 
relacionados às fi bras musculares (sarcômero), que dá origem ao tipo de tensão 
que é produzida. Como supracitado, o sistema nervoso central envia estímulos 
que produzem (através das proteínas contráteis) a contração ou encurtamento 
muscular. Encontram-se nesse processo também a participação das proteínas 
estruturais e dos tecidos conjuntivos não contráteis (componentes elásticos 
externos aos músculos) paralelos e seriados. Quando ocorre o alongamento 
(estiramento) desses componentes elásticos é produzida uma curva de tensão 
passiva, que é de suma importância para a capacidade de produção de força 
da unidade musculotendínea, pois é essa força que realiza a movimentação 
e estabilização das articulações contra as forças gravitacionais (HAMILL; 
KNUTZEN, 1999, AMADIO; BARBANTI, 2000; NORDIM; FRANKEL, 2003; 
MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
Abordando outra correlação, quando falamos da correlação força 
X velocidade, podemos afi rmar que essa relação depende do tipo 
de ação muscular exercida. Citando como exemplo uma das ações 
isotônicas musculares, no momento da ação concêntrica, ocorre a 
diminuição da força paralela ao aumento da velocidade, na sequência 
haverá um momento em que a velocidade vai diminuir até chegar a zero, 
e é nesse momento que ocorre o alcance à força máxima, contudo, 
existe a possibilidade de ocorrer o inverso, ou seja, quanto maior a 
força, menor a velocidade e quanto maior a velocidade, signifi ca que 
há uma força menor. Frisando que esse é um dos princípios básicos da 
musculação (que veremos nos próximos capítulos), que por segurança 
e efi cácia em resultado, a velocidade de execução do movimento 
ocorre de acordo com a sobrecarga imposta, ou seja, quanto maior 
a carga, menor a velocidade e vice-versa. No momento em que aumentamos a 
carga e consequentemente reduzimos a velocidade, produzimos também uma 
potência maior, por isso a potência é resultado da força pela velocidade (FLECK, 
1999; FLECK, 2000; ACSM, 2002).
Quando falamos sobre a correlação da ação concêntrica x excêntrica, 
denota-se nos músculos agonistas (aqueles que executam a ação) o aumento 
de tensão muscular simultaneamente com a velocidade de alongamento da 
musculatura antagonista. Após um certo tempo de estiramento muscular, 
devido a tal ação, as fi bras do tipos I e II agem de maneira bem específi ca na 
mudança de tensão e na fase de pré-alongamento, pois neste momento ocorre 
o acúmulo de energia potencial elástica, e toda essa energia armazenada será 
recuperada após uma contração (com o tempo de durabilidade em média de 0,9 
segundos), subsequentemente, essa energia será utilizada no movimento oposto, 
ou seja, ambas as ações podem usufruir da mesma energia, porém, se o tempo 
de alongamento do músculo for signifi cativamente grande, a energia elástica 
Frisando que 
esse é um dos 
princípios básicos 
da musculação 
(que veremos 
nos próximos 
capítulos), que por 
segurança e efi cácia 
em resultado, a 
velocidade de 
execução do 
movimento ocorre 
de acordo com a 
sobrecarga imposta
46
 ADaPtaçÕes Neuromusculares Do Treinamento De Força
acumulada se perderá devido à produção de calor e perderá seu papel efetivo 
de contribuição para o movimento oposto (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016, 
ROBERGS; ROBERTS, 2002; RIEGEL, 1999).
Os exercícios pliométricos são um bom exemplo da ação da correlação 
concêntrica x excêntrica, uma vez que promove o alongamento muscular com uma 
pequena amplitude em um curto período de tempo, ou seja, o músculo sofre um 
rápido alongamento, imediatamente seguido de uma ação concêntrica no fi nal do 
alongamento, promovendo o retorno da energia elástica e o aumento da ativação 
muscular. Essa ação estimula o desenvolvimento do aumento da capacidade 
receber maior retorno da energia absorvida durante a ação excêntrica. 
A pliometria é um protocolo de exercício que tem como objetivo 
utilizar a maior quantidade de músculos possíveis em movimentos 
explosivos (Figura 22).
FIGURA 22

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