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VASCULITES SISTÊMICAS PRIMÁRIAS • Vasculite: processo inflamatório que acomete a parede do vaso sanguíneo como sítio primário. • Vai ocorrer uma inflamação na parede do vaso, que irá causar uma destruição dessa parede, com posterior necrose fibrinoide. • As manifestações clínicas são bastante heterogêneas, pois dependem do tipo e do tamanho do vaso acometido e das estruturas/órgãos/sistemas que eles estão relacionados. • As vasculites podem ser de órgão único e sistêmica. • Também são divididas em primárias (não tem uma causa subjacente causando a vasculite) e secundárias (decorrente de outras doenças de base, como: doenças autoimunes sistêmicas, infecções, uso de drogas, neoplasias). • Quadro clínico geral: → Apresentam evolução subaguda; → São acompanhadas de sintomas constitucionais: febre, inapetência, artralgias, fadiga, perda de peso, mialgias. → As vasculites apresentam sintomatologia de acordo com o tamanho do vaso acometido. Grande calibre: aorta e seus ramos primários para membros e para cabeça (extracranianos). Manifestações Clínicas • Dor tipo claudicação intermitente; • Redução dos pulsos arteriais; • Assimetria da pressão arterial entre membros; • Hipertensão renovascular; • Carotidínea (dor a palpação de carótidas); • Dor torácica; • Sopros cardíacos e vasculares. Médio calibre: ramos principais da aorta, extra e intraviscerais (artérias coronárias, renais, hepática, mesentérica e esplênica) e intracranianos. Manifestações Clínicas • Mononeurite múltipla; • Angina mesentérica; • Livedo reticular; • Úlceras cutâneas; • Gangrena das extremidades. Pequeno calibre: ramos arteriais intraviscerais, arteríolas, capilares e vênulas. Manifestações Clínicas • Glomerulonefrite; • Hemorragia Alveolar; • Polineuropatia periférica; • Púrpura palpável; • Dor abdominal; • Hematoquezia; • Vasculite retiniana. • Diagnóstico: → Anamnese e exame físico. → Testes sorológicos (ex.: pesquisa de autoanticorpos): ➢ p-ANCA (anticorpo anticitoplasma de neutrófilos – padrão perinuclear: não acomete o núcleo); ➢ c-ANCA (anticorpo anticitoplasma de neutrófilos – padrão citoplasmático). → Exame histopatológico de biópsia realizada nos órgãos envolvidos (Padrão- ouro); → Exame de imagem vascular. ➢ Arteriografia (mais invasivo, usa contraste e não consegue ver processo inflamatório); ➢ Angiotomografia computadorizada; ➢ Angiorressonância magnética; ➢ Ultrassonografia com Doppler; ➢ Tomografia computadorizada com emissão de pósitrons, com flúor- desoxifluorglicose (PET SCAN). ➢ Alterações Sugestivas: ❖ Espessamento parietal concêntrico; ❖ Lesões focais do tipo estenose, oclusão, dilatação da parede e aneurisma. REUMATOLOGIA INTRODUÇÃO Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce • Critérios de Classificação do Colégio Americano de Reumatologia, 1990: → Dividiu as vasculites em: 1. Arterite de células gigantes; 2. Arterite de Takayasu; 3. Granulomatose de Wegener; 4. Síndrome de Churg Strauss; 5. Poliarterite Nodosa; 6. Púrpura de Henoch-Schönlein; 7. Vasculite por hipersensibilidade. → Sensibilidade de 71 a 95,3%; → Especificidade de 78,7 a 99,7%. • Nomenclatura das Vasculites segundo a Conferência de Chapel Hill (1994): A. Vasculites de Grandes Vasos → Arterite de células gigantes; → Arterite de Takayasu. B. Vasculites de Médios Vasos → Poliarterite nodosa; → Doença de Kawasaki. C. Vasculites de Pequenos Vasos → Granulomatose de Wegener; → Síndrome de Churg Strauss; → Poliangiíte microscópica; → Púrpura de Henoch-Schönlein; → Vasculite crioglobulinêmica essencial; → Angíite leucocitoclástica cutânea. • Nomenclatura das Vasculites segundo a Conferência de Chapel Hill (2012): ARTERITE DE TAKAYASU • É uma vasculite granulomatose que afeta grandes vasos (aorta e seus ramos principais); • Mais comum em mulheres (9:1); • Apresenta pico de incidência na 2ª e 3ª década de vida, sendo rara depois dos 40 anos de idade. • Etiologia desconhecida, sendo mais frequente em algumas populações. • Associada com HLA-B52. • Fisiopatologia: → Inflamação nas artérias mediadas por células T, direcionada para componentes da parede do vaso (início na vasa vasorum). → Alteração granulomatosa (granuloma) na adventícia, invade a camada média levando a dano, neovascularização e consequente substituição por processo fibroso. → Inflamação arterial: espessamento da parede vascular, que pode resultar em estenose arterial e oclusão com isquemia dos tecidos. Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce → Enfraquecimento das paredes dos vasos: dilatação vascular/aneurismas. • Quadro clínico: → Sintomas sistêmicos ausentes em 60-80% dos casos; → Sintomas subagudos: atraso no diagnóstico; → Sintomas dependem do vaso acometido. → Locais da aorta mais frequentemente acometidos: 1. Arco da aorta e aorta descendente (torácica e abdominal); 2. Artérias subclávias; 3. Artérias carótidas; 4. Artérias renais. → Manifestação clínica mais importante: identificação de pulsos periféricos diminuídos ou ausentes, que podem estar associados a sintomas como claudicação intermitente e diferença de pressão arterial entre os membros. → Hipertensão artéria: complicação mais frequente (oriunda do acometimento da aorta abdominal / artérias renais). → Sopros: artérias carótidas, subclávias e abdominais. → Na suspeita de arterite de Takayasu deve palpar todos os pulsos e ausculta-los. • Diagnóstico: → Feito pelos achados clínicos + alterações em exames de imagem. → Provas de atividade inflamatória: PCR, VHS. • Critérios de Classificação: → Precisa de 3 dos 6 critérios para classificar como Arterite de Takayasu. ARTERITE DE CÉLULAS GIGANTES • Vasculite granulomatosa, de médios e grandes vasos, que afeta os grandes ramos da aorta, com predileção pelas artérias vertebrais e subclávias, e ramos extracranianos das artérias carótidas, incluindo a artéria temporal. • Vasculite mais comum no idoso. • Ocorre tipicamente em pessoas > 50 anos de idade. • Incidência aumenta com a idade. • Prevalência de 1:750 pessoas. • Acomete de 2 a 3 mulheres:1 homem. • Fisiopatologia: → Fatores genéticos e epigenéticos; → Resposta de linfócitos: TH1 e TH17, juntamente com a IL-6; → Associação com Infecções virais e bacterianas; → Ativação de células dendríticas na camada adventícia. → Com o envelhecimento, o sistema imune entra em um processo de senescência, causando hipometilação do DNA, modificações das células de resposta imune e do remodelamento vascular, culminando para uma resposta imune contra autoantígenos arteriais. • Quadro Clínico: → Sintomas constitucionais (40%): febre, fadiga e perda de peso. → Cefaleia (72%): início aguda ou subagudo e está associada ou não a sensibilidade do couro cabeludo. → Dor na língua ou mandíbula e está associada ou não a claudicação de Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce mandíbula (ao mastigar o paciente começa a sentir dor). → Neuropatia óptica isquêmica anterior (NOIA) – 5 a 15% dos casos. ➢ Os sintomas associados a essa patologia são perda visual, visão embaçada, amaurose fugaz, diplopia, sendo isso decorrente da vasculite das artérias ciliares posteriores e ramos da artéria oftálmica. → Manifestações neurológicas: sistema nervoso central e periférico (incomuns). → Sintomas neuropsiquiátricos (3%): demência, distúrbios do humor e sintomas psicóticos. → Manifestações vestibuloauditivas:perda auditiva, uni ou bilateral, vertigem e zumbido (comuns). → Manifestação clínica extracraniana mais comum: Polimialgia reumática (45 a 60%) – dor e rigidez matinal dos ombros, cintura pélvica, pescoço e tronco, com duração de até 30 minutos. Geralmente esta patologia está associada a níveis aumentados de VHS. → Abaulamento de artéria temporal. • Exames diagnósticos: → UG com Doppler – pode se observar o sinal do halo (sinal de estenose do vaso). → PET CT SCAN. • Critérios de Classificação: • Diagnóstico: → Exame histopatológico das artérias temporais (biópsia): padrão-ouro em paciente com quadro clínico compatível e com evidência laboratorial de reagentes da fase aguda. → achados: vasculite com infiltrado de células mononucleares, frequentemente com células gigantes multinucleadas. → Exames de imagem pode auxiliar no diagnóstico. POLIARTERITE NODOSA (PAN) • Vasculite necrotizante sistêmica que afeta, predominantemente, artérias de médio calibre (em especial artérias viscerais, cutâneas e de nervos periféricos). • Arteríolas, capilares e vênulas são poupados na grande maioria das vezes. • Formas clínicas: → Idiopática (mais frequente); → Infecções (vírus da Hepatite B); → Associação com neoplasias (leucemia de células pilosas); → Outras. • é uma vasculite rara, com incidência entre 0 e 1,6 por milhão de habitantes (EUROPA). • Prevalência de 31 casos por milhão. • Homens são mais afetados que mulheres (1,5:1). • Média de idade: 50 anos (pico na 5ª e 6ª décadas de vida). Pode acontecer em outras faixas etárias. • Patogênese pouco conhecida: imunocomplexos? • Quadro clínico é oriundo de isquemia ou infarto dos tecidos. A arterite de células Gigantes pode ser uma causa de febre inexplicada em idosos. Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce • Enfraquecimento da parede do vaso: aneurismas. • Quadro clínico: OBS.: Glomerulonefrite é bem raro de acontecer. • Exames diagnósticos: → Angiotomografia; → Angiorressonância; → Arteriografia: muito bom por que detecta a presença de microaneurismas. → PET SCAN → US: como são vasos de médio calibre não é um exame tão sensível. • Classificação de Classificação (1990): • Diagnóstico: → O diagnóstico pode ser confirmado por arteriografia e biópsia. → Arteriografia: aneurismas no nível da bifurcação dos vasos intraparenquimatoso / sangramentos desses aneurismas também podem ser confirmados (mais frequente em rins, fígado e intestino). → Biópsia em território acometido tem alto grau de positividade, e os locais preferenciais são o nervo sural, o músculo, o testículo e os rins. Achados: vasculite necrosante em artérias de médio e pequeno calibre. VASCULITES ASSOCIADAS AO ANCA • Grupo de vasculites necrosantes sistêmicas que compartilham o acometimento inflamatório predominantemente dos vasos de pequeno calibre, a associação ao anticorpo anticitoplasma de neutrófilo (ANCA) e a presença de pouco ou nenhum depósito imune na parede dos vasos. 1. Granulomatose com Poliangiíte (GPA); 2. Poliangiíte Microscópica (PAM); 3. Granulomatose Eosinofílica com Poliangiíte (GEPA). • Epidemiologia: → Incidência: 1,2 a 2 casos por 100.000 pessoas/ano. → Prevalência: 4,6 a 18,4 casos por 100.000 pessoas. → 1,5 homem:1 mulher. → Pico de incidência: entre 65 a 74 anos de idade. → GPA é mais frequente. → GEPA é mais rara. • Fisiopatologia: → Etiologia não é totalmente estabelecida. → Interação de fatores genéticos, ambientais, infecciosos e medicamentosos. → Agentes infecciosos podem ser a fonte inicial de antígenos e de sinais pró-inflamatórios. → Desencadeantes: Propiluracil, Hidralazina, D-penicilamina, exposição à sílica. → Um indivíduo geneticamente predisposto interage com fatores ambientais que leva a formação de autoanticorpos (ANCA) que irá gerar uma inflamação da parede do vaso, formação de granuloma e participação da via de complemento. Alguns antígenos são liberados, como a mieloperoxidase (MPO) ou a proteinase 3 (PR3), que estão Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce diretamente ligados ao ANCA. A MPO tem relação com o p-ANCA e a PR3 com c- ANCA. → Esses antígenos podem ser solicitados para confirmação ou dúvida diagnóstica. • Quadro Clínico: 1. Manifestações Renais: → Síndrome Nefrítica (afeta os glomérulos): ➢ Hematúria dismórfica glomerular: dismorfismo eritrocitária (esquizócitos); ➢ Cilindros celulares hemáticos ou leucocitários; ➢ Proteinúria subnefrótica; ➢ Hipertensão arterial sistêmica; ➢ Oligúria. → Glomerulonefrite rapidamente progressiva. → Outras formas: nefrite tubulointersticial e doença renal lentamente progressiva. 2. Manifestações Pulmonares: → Capilarite pulmonar: ➢ Mais frequente na PAM e menos frequente na GEPA; ➢ Uma das complicações clássicas é a hemorragia alveolar, onde o paciente pode evoluir com hemoptise → insuficiência respiratória aguda. Imagem A: TC de tórax, corte transversal, evidenciando padrão em vidro fosco disseminado pelo parênquima pulmonar. Imagem B: radiografia de tórax, corte coronal, presença de infiltrado pulmonar bilateralmente. OBS.: A síndrome pulmão-rim combina a hemorragia alveolar difusa (sangramento pulmonar recorrente ou persistente) e glomerulonefrite (lesão dos vasos sanguíneos microscópicos dos rins fazendo com que as pessoas apresentem inchaço no corpo, hipertensão arterial e glóbulos vermelhos na urina. Quase sempre é causada por uma doença autoimune. Faz diagnóstico diferencial com Leptospirose, Síndrome de Goodpasture, LES, granulomatose com Poliangeíte, AR, ES, Polimiosite, dermatomiosite, etc. 1. GRANULOMATOSE COM POLIANGIÍTE (PAM) • Manifestações granulomatosas predominantemente em vias aéreas superiores: → Rinossinusite; → Úlceras orais e nasais; → Epistaxe, descarga nasal piossanguinolenta ou crostosa; → Perfuração do septo nasal; → Nariz em sela (também pode estar presente na sífilis). • Manifestações granulomatosas predominantemente em vias aéreas inferiores: → Estenose subglótica; → Estenose endotraqueal; → Traqueobroncomalácia; → Nódulos pulmonares (cavitados ou não). Imagem A: TC de tórax, corte transversal, evidencia nódulos pulmonares não cavitados em pulmão esquerdo; Imagem B: TC de tórax, corte transversal, mostra nódulos pulmonares cavitados em pulmão direito. • Manifestações em aparelho auditivo: otite média aguda ou crônica; mastoidite. • Manifestações em órbita: orbitopatia inflamatória. E EAR (orelha) N NOSE (nariz) T THROAT (garganta) Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce 2. POLIANGIÍTE MICROSCÓPICA • Sem manifestações granulomatosas. • Glomerulonefrite estar presente em 100% dos casos. • Capilarite pulmonar estar presente em 55% dos casos. • Não tem acometimento de faringe, glote, traqueia, brônquios. 3. GRANULOMATOSE EOSINOFÍLICA COM POLIANGIÍTE (GEPA) • Manifestações típicas: → Asma (início na idade adulta); → Rinite alérgica (sintomas de atopia); → Pólipos nasais; → Eosinofilia quando? ➢ Contagem de Eosinófilos > 1500 células/µL ou > 10% da Leucometria global (leucócitos totais). • Mononeurite múltipla e neuropatia periférica: são mais frequentes na GEPA. • Acometimento miocárdico: miocardite eosinofílica. • Sintomas gerais: febre, fadiga, indisposição, mialgias, artralgias, rash cutâneo, nódulos cutâneos, anemia, perda sanguínea (pode ser pelo acometimento de vasos mesentéricos), dor “furando como agulha”, serosite. • Outras manifestaçõesassociadas a vasculite de pequeno calibre: → Lesões cutâneas (púrpuras palpáveis, úlceras, isquemia digital); → Esclerite e episclerite; → Mononeurite múltipla ou polineuropatia periférica; → Vasculite de artéria coronária, mesentérica ou de vasos do SNC. • Diagnóstico: → Anamnese + exame físico. → Alterações laboratoriais: anemia, Trombocitose, aumento do VHS/PCR, hematúria com dismorfismo eritrocitário. → Autoanticorpos: ➢ ANCA +: ❖ C-ANCA: 70 a 90% dos casos de GPA positivam. ❖ P-ANCA: 70% dos pacientes com PAM positivam; ❖ P-ANCA: 40-50% dos pacientes com GEPA positivam; ❖ Anti-PR3 (c-ANCA) e anti-MPO (p- ANCA). ➢ Anticorpo anti-membrana basal glomerular – deve ser solicitado para fazer diagnóstico diferencial com a doença do anticorpo anti-membrana basal glomerular (síndrome de Goodpasture), que também pode ter a síndrome pulmão-rim. → Biópsia (Padrão-ouro): ➢ Pulmão: Vasculite neutrofílica de vasos de pequeno e médio calibre, com necrose fibrinoide. ➢ GPA/GEPA: inflamação granulomatose e necrose, principalmente das vias aéreas. ➢ Rins: glomerulonefrite necrosante segmentar e focal pauci-imune (pouco ou nenhum imunocomplexos), associada ou não â presença de crescentes → padrão clássico. VASCULITES CRIOGLOBULINÊMICAS • Acometimento de vasos de pequeno calibre. • Prevalência de 1:100.000. • Frequência de acometimento de 3 mulheres: 1 homem. • Estreita associação com o vírus da HCV. • 2 a 50% dos pacientes com crioglobulinas séricas podem ter o quadro. • Crioglobulinas: são imunoglobulinas que se precipitam em temperaturas abaixo de 37ºC e voltam a se solubilizar quando reaquecidas. • As crioglobulinas são classificadas em tipos I (monoclonais associadas a doenças linfoproliferativas), II e III, que apresentam componentes policlonais (mista). • Fisiopatologia: → 1º mecanismo: ocorre uma precipitação da crioglobulina na parede dos vasos da microcirculação, o que ocasiona um fenômeno de oclusão vascular. Esse processo é mais frequente na crioglobulinemia tipo I, que geralmente é acompanhada por altas concentrações de crioglobulina, e pode estar associada à síndrome de Hiperviscosidade e necrose acral induzida pelo frio. Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce → 2º mecanismo: ocorre a deposição de imunocomplexos na parede do vaso, gerando um processo inflamatório (vasculite). É mais frequente em crioglobulinemias mistas, particularmente do tipo II, em que o componente IgM monoclonal gera grandes complexos imunes com IgG e frações do complemento, particularmente C1q. • Quadro Clínico: → Vasculite cutânea: manifestação mais frequente (púrpuras, úlcera cutâneas, necrose); → Articular: segundo envolvimento mais frequente; → Artralgia de grandes articulações (membros inferiores, sendo mais frequente dor em tornozelos); → Quadro semelhante à artrite reumatóide pode acontecer; → Envolvimento neurológico: 50% dos casos; → Sistema nervoso periférico: polineuropatia ou mononeurite múltipla – mão caída (nervo ulnar afetado). Quando esse padrão sempre pensar em alguma vasculite sistêmica; → Acometimento do SNC é raro. → Manifestações renais: glomerulonefrite membranoproliferativa (deposição de imunocomplexos a imunofluorescência). → Manifestações pulmonares (5%) e cardíacas: raras. • Diagnóstico: → Associações de achados clínicos, laboratoriais e histopatológicos. → Exames complementares: ➢ Identificação e a quantificação das crioglobulinas; ➢ Sorologia para hepatite C; ➢ Dosagem de enzimas hepáticas; ➢ Pesquisa de fator reumatoide; ➢ Dosagem de complemento sérico → maior consumo de C4. ➢ Investigação de envolvimento orgânico: EAS, imagem de tórax, ENMG. OBS.: O sangue deve ser colhido com o tubo a 37ºC, para evitar a precipitação das crioglobulinas. SÍNDROME DE BEHÇET • Doença multissistêmica causada pela combinação de ulcerações aftosas orais e genitais, associada a fenômenos vasculíticos, com acometimento de vasos de calibres variáveis (pequenos, médios e grandes) em territórios arteriais e venosos. • Início dos sintomas: final da puberdade até os 40 anos. • Distribuição igual entre os gêneros: homens apresentam a doença de forma mais grave. • Prevalência: → 1:500.000 habitantes/ano (EUA); → 80-370/100.000 habitantes/ano. • Suscetibilidade genética: poligênica. • Associação com o HLA-B51. • Variações genéticas não-HLA: → Defeitos na detecção e processamento de padrões moleculares associados a patógenos ou danos → regulação das respostas imunes inata e adaptativa. • Quadro Clínico: → Manifestações cutaneomucosas: ➢ Úlceras aftosas: ❖ Bipolares, recidivantes; ❖ Surtos apresentando duração de 2 a 6 semanas; ❖ Podem atingir toda orofaringe; ❖ Lesões apresentam forma elíptica, maiores de 0,5 cm, com bordos eritematosos bem delimitados, escavadas e com fundo amarelo fibrino-seroso. → Manifestações oculares (50-70%): ➢ Uveite anterior e posterior → é tipicamente bilateral e episódica, frequentemente envolve todo o trato uveal. ➢ Hipópio: é uma uveíte anterior grave com material purulento na câmara anterior. → Manifestações neurológicas: ➢ Parenquimatosas x não parenquimatosas: ❖ Meningoencefalite asséptica; ❖ Vasculite de substância branca; ❖ Acidente vascular encefálico; ❖ Trombose venosa central; ❖ Aneurismas. → Manifestações Vasculares: ➢ Acredita-se que a maioria das manifestações clínicas da síndrome de Behçet seja devido à vasculite. ➢ Pseudoaneurisma; ➢ Envolvimento da artéria pulmonar; ➢ Trombose de veia cava; Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce ➢ Trombose venosa superficial ou profunda; ➢ Síndrome de Budd-Chiari; ➢ Trombos intracardíacos. → Artrites (40-80%). ➢ Oligoartrite assimétrica principalmente nos MMII. • Diagnóstico: → Não há exames laboratoriais patognomônicos na síndrome de Behçet; → O diagnóstico é feito com base nos achados clínicos. → Na ausência de outras doenças sistêmicas, diagnosticamos a síndrome de Behçet em pacientes com aftas orais recorrentes (pelo menos três vezes em um ano) mais duas das seguintes características clínicas: ➢ Aftas genitais recorrentes (úlcera aftosa ou cicatrizes). ➢ Lesões oculares (incluindo uveíte anterior ou posterior, células no vítreo no exame com lâmpada de fenda ou vasculite retiniana observada por um oftalmologista). ➢ Lesões cutâneas (incluindo eritema nodoso, pseudofoliculite, lesões papulopustulares ou nódulos acneiformes consistentes com síndrome de Behçet). ➢ Um teste de patergia positivo. Patergia é definida por uma pápula de 2 mm ou mais de tamanho que se desenvolve 24 a 48 horas após a inserção oblíqua de uma agulha de calibre 20 5 mm na pele, geralmente realizada no antebraço. • Sempre deve tratar as doenças associadas primeiro, pois o tratamento das vasculites envolve imunossupressores. • Imunossupressores: → Corticosteroides; → Metotrexato; → Azatioprina; → Micofenolato de mofetil; → Leflunomida; → Ciclofosfamida; → Tocilizumab (pode ser feito na Arterite de Células Gigantesse refratária as outras medicações); → Anti-TNFs; → Rituximab (usado no tratamento das vasculites associadas ao ANCA +). • ATENÇÃO: TRATAR AS DOENÇAS ASSOCIADAS (VHB, VHC, Neoplasias, infecções)!!! • Atentar para o diagnóstico diferencial de doenças que simulem vasculites. • Exames auxiliares no diagnóstico: PCR, VHS, contagem de plaquetas, FAN (só útil para o diagnóstico diferencial), sumário de urina, sorologias para hepatite B e C. • O ANCA também é um marcador de atividade de doença. • Atentar para outras condições que levam a manifestações vasculíticas. • Avaliação de extensão da doença. • Atividade de doença vs dano permanente. • Avaliações: toxicidade da terapia, desenvolvimento de comorbidades e atividade da doença. TRATAMENTO CONSIDERAÇÕES FINAIS Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce Diogo Realce
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