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AULA 4 LOGÍSTICA GLOBAL E A SUA IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA Prof. Agnaldo Ferreira dos Santos 2 INTRODUÇÃO Com o advento da globalização, as organizações passaram a atuar em um processo integrado, no qual estabeleceram-se parcerias, seja no fornecimento de insumos para produção, seja na distribuição de mercadorias. Assim, a cadeia de abastecimento se tornou um sistema que tem por objetivo unir todos os elos que participam dessa cadeia. Desse modo, a disciplina Logística Global e a sua Importância Estratégica busca abordar, neste momento, os conceitos envolvendo o planejamento estratégico, elencando os principais tópicos da cadeia de abastecimento. Esta disciplina busca evidenciar os principais conceitos que abarcam o planejamento estratégico, na perspectiva em que os produtos são exportados, abordando os tipos de sistemas em que ocorre esse processo, bem como os principais documentos e as questões financeiras que envolvem a taxa cambial. Será feito um dimensionamento da cadeia de abastecimento, passando pelas vantagens que essa rede integrada oferece e os desafios enfrentados pelas organizações que atuam nesse ambiente. TEMA 1 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA EXPORTAÇÃO Para Robles e Nobre (2016), vários fatores influenciam as atividades desenvolvidas pelas organizações que atuam em um ambiente internacional. Assim, é necessário compreender como funciona o sistema de exportação e as cláusulas existentes nos contratos de compra e venda, considerando seu valor jurídico nas atividades comerciais. Outro ponto importante são os processos burocráticos que essa atividade contempla, principalmente a questão documental. O custo que envolve exportar uma mercadoria pode ser considerado o principal fator analisado durante o processo de planejamento, pois irá determinar o preço do produto e o faturamento da organização, visto que é preciso considerar os tributos que irão recair sobre os bens exportados. Portanto, ao executar o planejamento, é preciso escolher o produto que será exportado; analisar a viabilidade em exportar a mercadoria; verificar o mercado-alvo (aspectos culturais); fazer um checklist dos documentos, analisando os procedimentos que precisam ser adotados e observar as tarifas e as taxas executadas pela política cambial aplicada no processo de exportação. 3 1.1 Sistema de exportação e os Incoterms Um sistema que envolve exportação desenvolve suas operações em uma rede integrada, atuando por meio de diversos mecanismos, os quais viabilizam a operacionalização de diversos processos. Desse modo, fica evidente a necessidade de regras para definir as práticas na relação entre importador e exportador de um comércio internacional (Robles; Nobre, 2016). Nesse contexto, Incoterms, na língua inglesa, faz referência ao International Commercial Terms. Em livre tradução, são “Termos de Cláusula Comerciais” em um contrato acordado entre empresários que atuam tanto nas operações de importação como de exportação. Ou seja, Incoterms é um conjunto de regras com a função de padronizar as operações, envolvendo produtos importados e exportados, no qual ocorre a atuação de um profissional de logística internacional, em situações conflitantes, envolvendo escolhas. Compreendendo que Incoterms são cláusulas presentes em contratos comerciais, surge uma questão cronológica: com o uso das tecnologias, as atividades se tornaram mais dinâmicas e passou a ser obrigatório referenciar o termo de comércio com o ano, pois devido ao dinamismo propiciado pelas novas tecnologias, iniciou-se um processo de atualização das regras contratuais. É importante ressaltar que não se trata de uma legislação, e sim de um acordo realizado por meio de convenções, no qual são determinadas as responsabilidades seja pelo translado de mercadorias, seja pelos tributos. Ao perceber que as operações no comércio exterior envolvem uma grande quantidade de informações, é importante a aplicação de cláusulas que visam padronizar essas operações. Com isso, o Inconterm é aceito em transações realizadas entre diversos países, sendo relevante observar os seguintes aspectos jurídicos desse processo: Legislação do país exportador; Legislação do país importador e Legislação de um terceiro país. 1.2 Documentação comercial Para Robles e Nobre (2016), as atividades de importação e exportação são reguladas por decretos que buscam uma maior transparência, controle e padronização das atividades. Dessa forma, os países cujas organizações atuam em um cenário internacional, com parcerias, precisam se atentar para a questão documental no processo de importação ou na exportação de produtos. 4 No processo em que uma empresa importa mercadorias de outro país, é preciso adotar uma estratégia em relação aos documentos exigidos tanto no país de origem quando no país de destino. Esse procedimento é muito relevante, pois abarca tarifas de importação que visam proteger as indústrias locais. Um outro fator importante são os documentos necessários nos postos alfandegários. Ao exportar um produto, pode-se observar que uma organização não está isenta dos procedimentos burocráticos, das cargas tributárias e do arcabouço de documentos exigidos nessa operação. Assim, é necessário realizar um planejamento envolvendo todos os processos desde a compra de matéria-prima, produção, embalagem, transporte e entrega ao cliente. Porém, é preciso considerar as legislações impostas ao mercado externo e os procedimentos de desembaraço que ocorrem tanto na liberação do produto para que possa sair do Brasil, seguindo para o país de destino, quanto os procedimentos de liberação no país que importou o produto, pois se faltar algum documento, a carga pode ficar retida ou retorna ao país de origem. 1.3 Questões financeiras e política cambial De acordo com Robles e Nobre (2016), ao abordar o planejamento estratégico em um cenário internacional, é preciso abordar dois pontos relevantes que irão impactar economicamente uma organização: as questões financeiras e a política cambial. Nesse contexto, as questões financeiras estão inseridas em procedimentos que permitem a cobrança de pagamentos, ou seja, no Brasil, existem três categorias que compõem o regime aduaneiro: na categoria comum, ocorre o pagamento do tributo, sem haver procedimentos especiais (isenções); o regime especial é a categoria na qual são concedidas concessões nos tributos das operações que abarcam a importação e exportação; a terceira categoria é composta pelo regime aplicado em áreas especiais e permite que mercadorias possam ser transferidas para zona secundária com isenção ou suspensão de tributos. Ao analisar as duas divisões que ocorrem no território nacional, a zona primária, que inclui as áreas terrestres ou aquáticas (portos alfandegados, aeroportos alfandegados e fronteiras alfandegadas), e a zona secundária, citada anteriormente, fica evidente a relevância de um planejamento, pois um produto, 5 ao ser importado ou exportado, irá passar por diversos postos alfandegários, nos quais é importante observar os valores tarifários que irão incidir sobre o produto. A política cambial é considerada outro fator impactante nas operações que uma empresa realiza, tanto no processo de importar produtos como de exportar produtos, pois cada país possui uma normatização. No Brasil, a taxa de câmbio é definida como a capacidade interna de obter moedas estrangeiras. Quando ocorre mais importação de produtos, é gerado um desequilíbrio na balança comercial, pois as reservas de moedas estão saindo do país, porém, com as exportações, ocorre a entrada de moedas estrangeiras. Essa atividade é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e suas diretrizes são implantadas pelo Bacen. Observando esse fluxo de informações que ocorre com a regulação da taxa de câmbio, a política cambialé um dos fatores que influenciam diretamente os preços dos bens produzidos. Por essa razão, uma organização precisa ficar atenta às variações que ocorrem com as taxas de câmbio nas atividades do comércio internacional (Tripoli; Prates, 2016). TEMA 2 – CADEIA DE ABASTECIMENTO INTERNACIONAL De acordo com Chopra e Meindl (2011), existe um fluxo de informações envolvendo a cadeia de abastecimento constituído de vários estágios, nos quais participam diversos agentes. Nesse contexto, é importante compreender o que é uma cadeia de abastecimento em um cenário internacional e os seus objetivos; analisar quais estratégias são utilizadas e as decisões tomadas e verificar os principais modelos de cadeia de abastecimento. 2.1 Cadeia de abastecimento internacional e seus objetivos Uma cadeia de abastecimento envolve vários elos de modo direto ou indireto, ou seja, esse processo não fica restrito apenas ao fornecedor de matéria- prima ou à empresa que irá produzir o produto solicitado pelo cliente. Essa troca ou entrega de mercadorias gera um fluxo dinâmico abarcando fornecedores, fabricantes, transportadoras, armazéns, varejistas e o usuário final responsável pelo pedido. Uma cadeia de abastecimento busca suprir as necessidades de seus clientes de modo que possa gerar satisfação e, ao mesmo tempo, lucro para os 6 demais stakeholders (grupos de interesse). Esse processo ocorre em vários estágios envolvidos. A seguir, confira um exemplo no qual fica evidenciado o envolvimento de vários agentes, incluindo os clientes. Esse fluxo de informações geradas em uma cadeia que busca suprir um mercado tanto nacional quanto internacional ocorre em compras realizadas em um ambiente físico. • Exemplo 1 – Em um ambiente físico, no qual um cliente vai ao supermercado comprar um pacote de arroz, vários agentes são envolvidos, pois o processo inicia-se no fornecedor de matéria-prima, o qual irá entregar o produto para fábrica, que por sua vez fará o beneficiamento do produto (processo que envolverá o fornecedor de embalagens). Logo entra em cena o serviço de transporte, momento em que será escolhido o modal mais adequado; o produto, então, é distribuído por grandes atacadistas como Walmart ou Assaí, chegando aos varejistas, sendo disponibilizado em gôndolas, ficando à disposição do usuário final. Esse complexo processo pode sofrer algumas variações ocasionadas pela sazonalidade, ocasionando uma escassez do produto. Nesse caso, a demanda aumenta, diminuindo a oferta e elevando os preços. Quando esse fenômeno ocorre no Brasil, é preciso importar de outros países para suprir a demanda. Com isso, surge um novo agente, o mercado externo envolto de custos logísticos e tarifas alfandegárias que irão incidir no custo final do produto. Esse exemplo apresenta uma interação entre os diversos agentes, os quais precisam se relacionar ao longo da cadeia. Com isso, os processos podem ser desenvolvidos de modo que atendam ao usuário final, gerando também lucros aos demais stakeholders. 2.2 Estratégias e decisão na cadeia de abastecimento internacional Para Chopra e Meindl (2011), uma das principais estratégias usadas em uma cadeia de abastecimento pelas organizações é o planejamento de como será o gerenciamento dos fluxos que abarcam essa cadeia, sendo eles: informação, produtos e fundos. Compreendendo a relevância de um planejamento, as decisões tomadas em uma organização podem trazer consequências positivas ou negativas em uma empresa: 7 • Decisões com aspectos positivos – Um exemplo relevante em que é possível perceber os aspectos positivos das decisões em uma cadeia de abastecimento são os investimentos em infraestrutura de transporte e informação realizados pela rede Walmart. Esse processo é realizado por meio de uma rede de suprimentos integrada, na qual ocorre um compartilhamento de informação entre os fornecedores; • Decisões com aspectos negativos – Algumas decisões podem incorrer em fracassos que irão ser percebidos ao longo da cadeia de abastecimento, podendo levar uma organização à falência. Entre essas decisões, observa-se a falta de gerenciamento ao longo da cadeia de abastecimento, pois envolve os custos logísticos (geram prejuízos financeiros). Nos dois exemplos citados, fica evidente a necessidade do planejamento ao longo de uma cadeia, pois uma decisão pode impactar uma organização com aspectos negativos ou positivos. Isso irá depender dos métodos adotados no gerenciamento dos fluxos de informação. 2.3 Modelos de cadeia de abastecimento Após perceber a relevância do uso adequado de estratégias nas decisões que ocorrem em uma cadeia de abastecimento, as quais geram impactos positivos e negativos dentro de uma organização, se faz necessário ressaltar algumas das principais cadeias presentes em um cenário internacional. Entre esses modelos de cadeia de abastecimento, estão: • Fabricantes com vendas diretas – Esse modelo envolve um sistema no qual os serviços são direcionados ao consumidor, sem possuir pontos fixos de revenda do produto. Uma das principais vantagens oferecidas por esse sistema é a relação estabelecida com o cliente. • Manufatura e Revenda – As organizações que atuam nesse modelo de abastecimento utilizam produtos manufaturados em outros países, principalmente do continente asiático, devido aos custos baixos de produção e por meio de canais de distribuição. • Fabricantes de automóveis global – Esse modelo consiste na adoção de uma estratégia em que a organização escolhe abrir uma fábrica destinada 8 à produção em cada local que deseja atuar. Um exemplo é a Toyota que adotou uma estratégia de “complementação global”. • E-Business – Esse modelo de cadeia de abastecimento acontece no meio digital, ou seja, são produtos comercializados pela Internet. Um fato importante sobre esse seguimento são as organizações que atuam no ambiente físico e começaram a mesclar suas atividades entre os dois cenários. TEMA 3 – DIMENSIONAMENTO DE UMA CADEIA DE ABASTECIMENTO INTERNACIONAL Ao dimensionar uma cadeia de abastecimento internacional, é relevante considerar alguns fatores importantes nas atividades desenvolvidas por uma organização, sendo eles: as características dos produtos, armazenagem do produto e distribuição do produto. De acordo com Gonçalves (2013), uma organização atuando em uma rede internacional que busca suprir diferentes mercados precisa dimensionar cada um dos fatores citados, visto que tais fatores contribuem para redução de custos, aumento de competitividade, credibilidade no cenário em que atua e melhoria da qualidade das mercadorias produzidas. 3.1 Características do produto Uma organização que atua no mercado externo precisa observar os diferentes aspectos relacionados ao ambiente em que está atuando. Um fator importante são as características do produto que irá comercializar, ou seja, após o processo de produção, a mercadoria poderá chegar ao usuário final por diferentes canais de distribuição, sendo eles: Manufatura, Varejista, Cliente Final; Manufatura, Vendas Diretas, Cliente Final; Manufatura, Distribuição, Setor empresarial; Manufatura, Revendedores, Setor empresarial. Observando os vários fluxos que um produto pode seguir após sua produção, é preciso considerar suas características físicas, pois estas irão influenciar diretamente no canal que será usado para sua distribuição. Outro fator relevante está relacionado à complexidade que o produto pode apresentar, pois irá demandar um atendimento especializado, podendo interferir nos custos com o transporte, manuseio e armazenagem. 9 Um exemplo é a exportação de produtos químicos como fertilizantes, pois se trata de uma carga que requer diversos cuidados, por apresentar instabilidade, e um complexo processo de desembaraço, podendo envolver várias empresas. 3.2 Armazenagem doproduto A armazenagem de um produto é considerada uma estratégia logística dentro de uma cadeia de abastecimento, pois propicia maior competitividade para uma organização e redução nos custos com o transporte. Entre os diversas motivos que levam à existência de um centro de armazenagem em uma cadeia de abastecimento, estão: • Atender às necessidades dos clientes – Devido à expansão do mercado, no qual diversas organizações atuam em um comércio internacional, os centros de armazenagens buscam atender aos pedidos dos usuários com mais velocidade; • Atender às demandas do mercado devido às questões de sazonalidade – Em um ambiente competitivo, muitas empresas enfrentam problemas causados pela escassez de determinadas matérias-primas em seus processos produtivos. Por isso, usam os armazéns de modo estratégico, como um meio de estocar materiais usados em sua produção; • Reduzir custos – Os centros de armazenagens localizados em locais estratégicos auxiliam a reduzir os custos com transportes e movimentação de produtos, facilitando sua comercialização. Após perceber os motivos que levam ao uso de um centro de armazenagem de produtos, é preciso classificá-los. Estes são divididos em: Armazéns para commodities, Armazéns para granéis, Armazéns e Armazéns gerais. É importante explicitar que os centros de armazenagem têm propiciado vantagem competitiva e redução de custos para as organizações que fazem uso desse sistema ao longo da cadeia. Um exemplo são as lojas que atuam com comércio eletrônico, nas quais os produtos ficam estocados em grandes armazéns; ao processar um pedido, este é localizado no estoque e enviado ao cliente. 10 3.3 Distribuição do produto Os avanços tecnológicos, os quais permitiram o uso de novas tecnologias, principalmente com o uso da Internet, tornaram possível a compra de produtos de diferentes países que atuam no comércio internacional. Devido a esse evento, as organizações precisaram melhorar seus processos, aumentando a qualidade de seus produtos, além de redesenhar seus processos logísticos e estruturar seus canais de distribuição para que a mercadoria possa alcançar o cliente no menor tempo possível. Para atender ao mercado com maior rapidez, fazendo uso de mecanismos tecnológicos e facilitando o fluxo de informações, de modo que as organizações possam atuar em uma cadeia de abastecimento com maior rapidez e não precisem fazer grandes estoques, a distribuição física pode ser operada por: Atacadistas, Comerciantes e Operadores Logísticos. Percebendo a expansão do mercado, considerando que diversos produtos passaram a ser comercializados em um cenário global, os canais de distribuição se tornaram essenciais, pois é preciso observar os modais necessários para o transporte de cada mercadoria devido às questões geográficas do país. Um exemplo é a soja, transportada pelo modal rodoviário até o porto e posteriormente exportada usando o modal marítimo, onde irá concluir seu trajeto com modal rodoviário. TEMA 4 – REDES DE ABASTECIMENTO INTERNACIONAL: VANTAGENS Com as novas tecnologias, as organizações passaram a atuar em redes globais de abastecimento, nas quais suas atividades se tornaram mais complexas devido às flutuações do mercado, aos processos burocráticos com os desembaraços aduaneiros, aos tributos relacionados às operações de importação e exportação e aos riscos envolvidos nessa atividade, seja com a perca da carga, seja com sua retenção por falta de algum documento, gerando prejuízos. No entanto, é preciso ressaltar algumas das vantagens proporcionadas em uma rede global de abastecimento como a redução de custos, vantagem competitiva e aumento da velocidade de entrega daquilo que é produzido (Chopra; Meindl, 2011). 11 4.1 Redução de custos Ao atuar em um mercado internacional, uma das principais preocupações organizacionais são os custos gerados com o transporte de uma mercadoria, pois entre os diversos tributos, existem os riscos relacionados à perda da carga por roubo ou algum acidente, como também ao tempo em que a mercadoria produzida demora para chegar ao seu destino. Pensando nessa temática, é importante relatar o início das atividades desenvolvidas por diversas empresas envolvendo a importação e exportação de produtos. Um exemplo está na indústria automobilística, na qual os automóveis eram transportados da origem até seu destino, fator que elevava o custo logístico, gerando prejuízos. Buscando reduzir os custos, várias empresas passaram a operar em mercados emergentes, países em desenvolvimento, onde o custo de produção e o valor da mão de obra são relativamente baixos. Um exemplo visto são as grandes montadoras que espalharam suas fábricas por diversos países, possibilitando uma maior lucratividade, pois passaram a atuar nesse mercado. Outro ponto relevante na busca pela redução de custos é a decisão de offshoring (terceirização no exterior). Esse processo consiste em estabelecer parcerias com outras organizações no exterior. Nesse caso, o processo de produção é deslocado para um outro país com custos reduzidos. 4.2 Aumento da vantagem competitiva O aumento da vantagem competitiva é um fator relevante para uma organização que atua em uma rede de abastecimento internacional, pois uma empresa, ao conseguir entregar suas mercadorias com maior rapidez, obtém uma vantagem sobre as demais organizações. Buscando atender às necessidades da cadeia de abastecimento, as empresas atuam em um ambiente incerto. Nesse contexto, é preciso considerar alguns fatores relevantes que proporcionam um aumento da vantagem competitiva: • Localização da empresa – Considerar o local em que a organização será instalada e principalmente a questão que envolve o fornecimento de matéria-prima; 12 • Distribuição – Como será feita a distribuição ao longo da cadeia de abastecimento. Envolve não somente os custos, mas também os prazos de entrega; • Gestão do estoque – Com uma boa gestão, é possível operar ao longo da cadeia sem um grande volume de produtos armazenados; • Modais de transporte – Até a entrega do produto ao usuário final, é preciso observar qual meio de transporte é mais adequado ao processo utilizado pela organização; • Compartilhamento da Informação – As organizações operam com parcerias comerciais. Por essa razão, é relevante o fluxo de informações entre esses elos, possibilitando maior qualidade, agilidade e eficácia; • Relacionamento com o Cliente – Este fator está relacionado com os diferentes grupos participantes da cadeia de abastecimento, seja com fornecedores, seja com distribuidores, seja com clientes, de modo que possa ser realizado o fluxo de materiais. 4.3 Aumento da velocidade de entrega A atuação das organizações em um cenário globalizado, com uma rede de abastecimento integrada, causou vários impactos nos processos de distribuição devido ao uso de mecanismos tecnológicos que facilitam a distribuição das mercadorias. É preciso ressaltar o ciclo percorrido na cadeia de suprimento, pois diversas organizações buscam reduzir seus custos produzindo seus produtos em outros países, onde obtêm incentivos fiscais e aumentam sua lucratividade, aumentando também os processos na cadeia de abastecimento. Esse processo acaba entrando em choque com o fator velocidade, pois é considerado um requisito de competitividade, é preciso considerar alguns fatores: • Transporte – Esse processo implica em decidir quais rotas a organização irá usar no transporte das mercadorias ao longo da cadeia de abastecimento, como também os modais ideais para cada operação; • Informação – O uso da informação na cadeia de abastecimento vem se tornando cada vez mais essencial devido ao volume de dados gerados, principalmente com as vendas em ambientes on-line. Um exemplo pode ser observado nas compras realizadas no Mercado Livreou na Amazon. 13 Nesse caso, após a escolha e processamento do produto, é estipulado um prazo de entrega. O cliente, dessa forma, pode rastrear esse pedido, exigindo maior velocidade dessas empresas; • Tecnologia – Ao implementar diversos tipos de tecnologia, observou-se uma integração na cadeia de suprimentos, especialmente na questão de rastreabilidade de mercadorias e no compartilhamento de informações entre fornecedores e produtores, principalmente com o uso da internet. Além disso, o uso de sistemas de informação auxiliou as organizações a melhorar a qualidade de suas decisões ao mesmo tempo que puderam aumentar a velocidade e resposta na produção e entrega de um produto. TEMA 5 – REDE DE ABASTECIMENTO INTERNACIONAL: DESAFIOS Uma rede de abastecimento envolve diversos desafios e incertezas, pois a expansão dos mercados forçou as organizações a melhorar seus processos produtivos, aumentar a qualidade das mercadorias produzidas e a velocidade de entrega. No entanto, com várias empresas atuando em uma cadeia de abastecimento integrada, é preciso analisar as dificuldades em coordenar os processos que ocorrem ao longo da cadeia, verificando os efeitos que a falta de coordenação pode gerar, elencando também os obstáculos que surgem ao longo da cadeia de abastecimento que dificultam seu gerenciamento (Chopra; Meindl, 2011). 5.1 Falta de coordenação na rede de abastecimento A cadeia de abastecimento envolve diferentes processos que precisam ser coordenados, visto que irão gerar impactos sobre outros processos. A coordenação dos estágios em uma cadeia ajuda a melhorar as operações realizadas, porém os conflitos de interesses prejudicam sua gestão. Observando os estágios da cadeia de abastecimento, é possível usar como exemplo de falta de coordenação uma montadora de automóveis, pois ao produzir diferentes modelos de carros, esta estabelecerá parcerias ao longo da cadeia com diferentes empresas responsáveis em fornecer componentes para sua produção. Esse processo gera um grande fluxo de informações entre os fornecedores e a montadora, dificultando que a montadora coordene a quantidade de 14 informações geradas. Um dos resultados dessa falta de coordenação é percebida na quantidade de pedidos que irá aumentar de varejistas para atacadistas, de fabricante para fornecedor, processo conhecido como efeito chicote. Nesse contexto, é possível observar quatro pontos importantes envolvendo: • Integração de equipes – Em uma cadeia, as operações são realizadas em várias etapas, com vários estágios. Por isso, é preciso uma integração entre os modais usados para o transporte com o setor de armazenagem e compra; • Monitoramento de resultados – Definir métricas para avaliar a qualidade dos produtos e dos serviços oferecidos, como também o tempo estimado de entrega do produto até o cliente; • Flexibilidade em atender ao mercado – Em um mercado em que as organizações atuam em parcerias na cadeia de abastecimento, é preciso considerar meios alternativos para atender às expectativas de seus clientes em relação aos prazos de entrega; • Complexidade da cadeia de abastecimento – Com as organizações atuando em um cenário global e o aumento do fluxo de informações gerados nesse ambiente, as operações se tornaram mais complexas e sua gestão se tornou cada vez mais importante devido à quantidade de processos observados na cadeia de abastecimento. 5.2 Efeitos no desempenho A falta de coordenação em uma rede de abastecimento gera efeitos negativos devido às distorções no fluxo de informação entre os elos que participam dessa cadeia. Os efeitos no desempenho gerados pela falta de coordenação ao longo da cadeia são: • Custo de produção – As empresas buscam produzir em excesso, mantendo os níveis de seu estoque em alta; assim, o custo de produção aumenta; • Custo de estoque – A obrigação de uma organização é manter seu estoque em alta; esse processo faz com que os custos de estoque e armazenagem venham a aumentar na cadeia de abastecimento; 15 • Tempo de espera de reposição – Quando as operações não são coordenadas, pode surgir um tempo maior de espera e, consequentemente, uma indisponibilidade do produto; • Custo com transporte – Devido à falta de coordenação, uma organização precisa manter a frota de transporte, mesmo quando existe pouca demanda, devido às distorções na comunicação; • Custo com mão de obra – O mesmo ocorre com a mão de obra. Entre os vários estágios da produção, com as flutuações na demanda, ocorrerá um aumento no custo da mão de obra; • Disponibilidade do produto – Com as variações de demanda e a falta de comunicação e coordenação entre os elos da cadeia (fornecedor e produtor), pode ocorrer de um produto ficar indisponível no varejo devido a uma alta na demanda; • Relacionamentos na cadeia de abastecimento – Os diferentes efeitos negativos observados em cada estágio da cadeia de abastecimento geram perda de eficiência. 5.3 Os principais desafios encontrados em uma rede de abastecimento internacional Após analisar os efeitos causados pela falta de coordenação em uma rede de abastecimento, é preciso compreender os principais desafios encontrados que dificultam o correto funcionamento de todos os elos da cadeia: • Transporte e distribuição – O transporte de mercadorias e sua distribuição é um dos grandes desafios encontrados no Brasil, seja no modal aéreo, ferroviário, marítimo ou aéreo. No modal aéreo, surge a questão dos preços e a quantidade de cargas que se pode transportar. Com isso, muitas operações ficam inviáveis. O modal ferroviário com pouco investimento é usado em alguns trajetos dentro do país, pois existem poucas ferrovias. Já o modal marítimo é usado para o transporte internacional em águas profundas, sendo pouco usado no comércio interno. O modal mais usado é o rodoviário, porém gera um custo elevado na distribuição de mercadorias, devido aos custos com pedágios e manutenção gerados pelo estado crítico de muitas rodovias; 16 • Relacionamento com fornecedores – Empresas que atuam em uma cadeia de abastecimento internacional precisam estabelecer um relacionamento com seus fornecedores, com o intuído de não faltar matéria-prima para sua produção, para que possam atender aos pedidos de seus clientes; • Controle de estoques – Essa área precisa ser alinhada com o processo de produção, visto que os estoques não podem ter excesso de produtos, pois geram custo de armazenagem, porém não podem ficar com pouca mercadoria, de modo que não possam atender uma alta na demanda. Assim, é preciso trabalhar em harmonia com os demais estágios da cadeia de abastecimento; FINALIZANDO Após analisar o conteúdo disponibilizado, é possível compreender a relevância do planejamento estratégico em uma cadeia de abastecimento internacional, visto que esta envolve vários estágios importantes e fatores que proporcionam o funcionamento de todos os elos da cadeia. 17 REFERÊNCIAS CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gestão da Cadeia de Suprimentos: estratégia, planejamento e operações. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. GONÇALVES, P. S. Logística e Cadeia de Suprimentos: o essencial. Barueri, SP: Manole, 2013. ROBLES, L. T.; NOBRE, M. Logística Internacional: Uma abordagem para integração de negócios. Curitiba: Intersaberes, 2016. TRIPOLI, A. C. K.; PRATES, R. C. Comércio Internacional: Teoria e Prática. Curitiba: Intersaberes, 2016.
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