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Posse: Elementos e Teorias

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Aula 10/08/2020 + 17/08/2020
O Direito das coisas
Posse: elementos e teorias
O significado técnico da palavra “posse” recebeu a influência de três grandes escolas doutrinárias:
a) para os glosadores, a posse consistia no contato físico com a coisa, ou seja, o poder físico com a 
intenção de tê-la para si (para alguns) ou com a intenção de dono (para outros glosadores);
b) para Savigny, a posse consistia na faculdade real e imediata de dispor fisicamente da coisa com 
intenção de dono e de defendê-la contra agressões de terceiros;
c) para Ihering, a posse se retratava no fato de alguém proceder, intencionalmente em relação à coisa, 
como normalmente atua o proprietário, ou seja, a propriedade tem na posse a sua imagem exterior, a 
sua posição de fato.
Da Posse
No âmbito do CC, o art. 1.196 apenas apresenta a definição 
de possuidor, mas não conceitua a posse. Assim, de acordo 
com o texto codificado, o possuidor é aquele que tem 
poderes inerentes à propriedade – previstos no art. 1.228, do 
Código.
Revela-se a posse quando um indivíduo exercita ou pode 
exercitar algum dos poderes correspondentes ao direito de 
propriedade, como a guarda, o uso, fruição ou disposição da 
coisa, sendo que sua tutela se efetiva independentemente da 
prévia comprovação do direito à posse
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo 
aquele que tem de fato o exercício, pleno ou 
não, de algum dos poderes inerentes à 
propriedade.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de 
usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de 
reavê-la do poder de quem quer que 
injustamente a possua ou detenha.
Art. 1º A República Federativa do 
Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, 
constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e 
à propriedade, nos termos seguintes:
XI - a casa é asilo inviolável do 
indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do 
morador, salvo em caso de flagrante 
delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por 
determinação judicial;
XXII - é garantido o direito de 
propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua 
função social;
XXIV - a lei estabelecerá o 
procedimento para desapropriação 
por necessidade ou utilidade pública, 
ou por interesse social, mediante 
justa e prévia indenização em 
dinheiro, ressalvados os casos 
previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo 
público, a autoridade competente 
poderá usar de propriedade 
particular, assegurada ao proprietário 
indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, 
assim definida em lei, desde que 
trabalhada pela família, não será 
objeto de penhora para pagamento 
de débitos decorrentes de sua 
atividade produtiva, dispondo a lei 
sobre os meios de financiar o seu 
desenvolvimento;
Tradicionalmente, só pode haver posse onde haja propriedade 
privada. Entretanto, com base na concepção social, a posse não 
pode mais ser compreendida como mera visualização (ou 
aparência) de propriedade.
A posse-moradia, a posse-trabalho, a possecultivo, entre outras, 
representam situações jurídicas que permitem o acesso à 
moradia, ao trabalho, à sobrevivência digna e, assim, decorrem 
da previsão constitucional do princípio e valor objetivo da 
dignidade da pessoa humana (CF, art. 1°, III), além de 
representarem concretizações dos direitos fundamentais no 
âmbito das relações privadas (CF, arts. 5°, 6° e 7°).
Os elementos da posse, para teoria sociológica, são:
1 - o corpus, que é externar o poder físico sobre a coisa, usar, 
gozar e dispor;
2 - a aparência de dono que, assim como na teoria objetiva, está 
implícita no corpus;
3 - o proveito ou produção econômica, tanto pelo uso, quanto 
pela fruição do bem; e
4 - o elemento social da posse, denominado pela doutrina de 
consciência coletiva ou social.
Art. 1.198. Considera-se detentor 
aquele que, achando-se em relação 
de dependência para com outro, 
conserva a posse em nome deste e 
em cumprimento de ordens ou 
instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que 
começou a comportar-se do modo 
como prescreve este artigo, em 
relação ao bem e à outra pessoa, 
presume-se detentor, até que prove o 
contrário.
A posse, em regra, exige que haja um assenhoreamento (uma senhoria com o poder físico) com 
relativa autonomia. A posse independe de autorização legal e, por isso, é estranho à sua configuração 
o elemento da legalidade. Contudo, há a necessidade de que o bem seja suscetível de apropriação.
Já em relação à situação do detentor, do chamado fâmulo da posse, a doutrina aponta os seguintes 
pressupostos:
a) uma pessoa que conserva a posse;
b) uma outra pessoa titular do direito;
c) uma relação de dependência entre elas;
d) exercício da posse do dono pelo fâmulo em nome dele, de modo a cumprir ordens ou instruções 
suas, e não um poder próprio em benefício do dono
Teorias acerca da posse: o conceito de posse
Teoria subjetiva
A posse se compõe de dois elementos:
a) o corpus, que consiste no elemento material representado pelo 
poder físico da pessoa sobre a coisa, pressupondo a apreensão 
desta, ou seja, a existência de relação exterior da pessoa com a 
coisa (um poder de dominação);
b) o animus, que se afigura no elemento intelectual (ou anímico) 
consistente na intenção de dono, ou seja, na vontade de ter a coisa 
como sua, daí as expressões animus domini ou animus rem sibi 
habendi.
Friedrich Carl von Savigny
A posse resulta, assim, da conjunção dos elementos corpus e animus. Caso falte algum dos dois 
elementos, não há posse, e sim mera detenção, designada por Savigny como “posse natural”. 
Algumas severas críticas foram apresentadas à teoria subjetiva: o exagerado subjetivismo, a não 
admissão do desdobramento da relação possessória, a dificuldade de identificação do estado 
anímico para fins de ser precisado concretamente, além das dificuldades de ordem prática. A 
exacerbação da autonomia da vontade para configuração da posse, segundo a corrente subjetivista, 
foi objeto de várias críticas, eis que refletiu o ideário liberal-individualista que prevalência na época 
da formulação teórica.
Teoria objetiva
Parte da necessidade de se precisar a distinção entre as noções de 
posse e propriedade que, coloquialmente, são confundidas. A posse 
passa a caracterizarse como o poder de fato e a propriedade como 
o poder de direito sobre a coisa.
A teoria objetiva admite a separação dos dois poderes em casos de 
subtração da coisa (posse injusta) e de transferência do poder de 
fato sobre a coisa por iniciativa do proprietário (posse justa).
Ihering sustentava que o ius possidendi tem importância prática para 
o proprietário, de modo que seu exercício (a utilização econômica da 
propriedade) consistia no uso da coisa por si mesmo (utilização 
imediata ou real), ou cedendo-a a outrem (utilização mediata ou 
jurídica). Todos os atos de uso, gozo e consumação da coisa têm a 
posse como condição, razão pela qual a privação da posse 
relativamente ao proprietário significa a paralisação da realização 
econômica da propriedade.
A noção de propriedade acarreta, para os objetivistas, 
necessariamente o direito do proprietário à posse.
Rudolf von Ihering
Deste modo, a posse, para Ihering, consiste no aspecto normal da 
relação do proprietário com a coisa, é a condição para a realização 
econômica da propriedade que se expressa no uti (uso), frui 
(fruição) e consummere (consumo).
De acordo com a doutrina objetiva, a posse é a expressão material 
da propriedade, o que influenciou a redação do art. 485, do CC de 
1916 e, conseqüentemente, do art. 1.196, do CC de 2002. Para a 
teoria objetiva, a tutela da posse decorre da defesa imediata da 
propriedade, e não se fundamenta na necessidadede evitar a 
violência.
Código Civil de 1916
Art. 485. Considera-se possuidor 
todo aquele que tem de fato o 
exercício pleno, ou não, de algum dos 
poderes inerentes ao domínio, ou 
propriedade.
Código Civil de 2002: Art. 1.196: 
Considera-se possuidor todo aquele 
que tem de fato o exercício, pleno ou 
não, de algum dos poderes inerentes 
à propriedade.
Deste modo, o corpus consiste no estado normal externo da coisa, sobre que se cumpre o destino 
econômico de servir aos homens, e animus deve ser encarado sob o prisma da affectio tenendi (a 
vontade de ter), ou seja, a vontade de se tornar visível como proprietário. Ihering não exige, portanto, a 
presença do animus domini para configuração da posse. A posse corresponde ao exercício de um 
poder sobre a coisa atinente ao da propriedade ou de outro direito real.
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
Consequências:
a) reconhece-se a qualidade de possuir a várias pessoas que, na concepção clássica, são 
considerados meros detentores, como o usufrutuário, o locatário, o comodatário, o transportador, o 
administrador, o depositário e o mandatário, entre outros;
b) admite-se o desdobramento da relação possessória como um processo normal, decorrente da 
diversidade das formas de utilização econômica da coisa, daí o reconhecimento da distinção entre 
posse direta e posse indireta;
c) admite-se a posse por outrem eis que não se exige a intenção de dono para caracterizá-la;
d) reconhece-se a posse de direitos, inclusive no que tange à posse de direitos pessoais. Por outro 
lado, a maior crítica feita à teoria objetiva diz respeito à orientação consoante a qual a posse fica 
subordinada à propriedade e, portanto, não é dotada de autonomia e independência, sendo 
compreendida como mera exteriorização da propriedade.
Posse: sujeitos, objeto e natureza jurídica
Natureza da posse - Para a teoria subjetiva (Savigny), a posse é, ao mesmo tempo, um fato e um 
direito. Considerada em si mesma, a posse é um fato; considerada nos efeitos que produz (usucapião 
e interditos, entre outros), é um direito. Isto porque, como fato, a posse independe do ordenamento 
jurídico, tanto assim que pode se originar da violência, de negócio nulo, por exemplo. No entanto, 
levando em consideração os efeitos que ela produz, a posse é um direito.
Já, de acordo com a teoria objetiva (Ihering), a posse é um direito (jus possidendi), assim entendido 
como o interesse juridicamente protegido, pois nela reúnem-se os dois elementos de um direito 
subjetivo, a saber, o elemento substancial (interesse) e o elemento formal (a proteção jurídica).
A posse constitui 
direito autônomo em 
relação à propriedade e 
deve expressar o 
aproveitamento dos 
bens para o alcance de 
interesses existenciais, 
econômicos e sociais 
merecedores de tutela.
A posse, como exteriorização de uma certa situação de poder entre o homem e uma coisa, pode ser 
verificada em três situações distintas:
a) posse como conteúdo de certos direitos (posseconteúdo);
b) posse como requisito para aquisição de certos direitos reais (possecondição de nascimento de 
direitos);
c) a posse por si mesma (posse em si mesma). Sujeitos da posse – tanto pessoas naturais (ou físicas) 
quanto pessoas jurídicas, sejam de direito público ou de direito privado.
Objeto da posse:
A posse tem por objeto coisas (bens corpóreos), havendo polêmica quanto à admissibilidade da posse 
sobre direitos reais e, com mais intensidade, sobre direitos pessoais. A coisa, desde que não 
considerada fora do comércio jurídico, é objeto de posse, eis que viável sua utilização econômica seja 
direta ou indiretamente e, a esse respeito, não há discussão
Distinção entre detenção, posse e outros atos:
A detenção se caracteriza pela presença de dois elementos:
a) a presença de um vínculo de subordinação entre o detentor e 
o titular da posse;
b) o detentor conserva a coisa em seu poder, em nome do 
titular da posse e sob as suas instruções. Daí o detentor ser 
também denominado servidor da posse.
O conceito que é traduzido no art. 1.198, do CC, é o do fâmulo 
da posse em relação ao dono, ou seja, uma pessoa que, devido 
à dependência (compreendida sob o ponto de vista econômico) 
relacionada a outro indivíduo, exerce sobre a coisa não um 
poder próprio, mas sim o poder de fato por ordem do último.
Art. 1.198. Considera-se detentor 
aquele que, achando-se em relação 
de dependência para com outro, 
conserva a posse em nome deste e 
em cumprimento de ordens ou 
instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que 
começou a comportar-se do modo 
como prescreve este artigo, em 
relação ao bem e à outra pessoa, 
presume-se detentor, até que prove o 
contrário.
Deve-se ainda ressaltar que não se consideram possuidores, e sim equiparados a meros detentores, 
aqueles que têm mera permissão (deve ser expressa) ou recebem a tolerância do possuidor para 
manterem contato com a coisa, bem como não autorizam a aquisição da posse os atos violentos, 
clandestinos ou precários (CC, art. 1.208).
Finalmente, também pode ser considerada mera detenção a situação fática relacionada à pessoa no 
bem público de uso comum do povo ou de uso especial (CC, art. 100).
Tratando-se de bens que apresentam finalidade pública, nos termos do ordenamento jurídico brasileiro 
se situam fora do comércio jurídico e, consequentemente, são insuscetíveis de apropriação privada.
Não se pode, ainda, confundir posse com mera permissão (exemplo: solicitação de uso do bem, com 
permissão do proprietário ou mero possuidor) e com a tolerância (caso em que outra pessoa utiliza a 
coisa, o que é presenciado pelo possuidor ou proprietário que, no entanto, não interfere para proibir o 
uso)
Espécies de posse:
Há duas grandes classificações a respeito da posse em consonância com os critérios do modo de 
aquisição e da subjetividade:
a) acerca do modo de aquisição no que pertine ao reconhecimento (ou não) de vícios objetivos, a 
posse se divide em posse justa e posse injusta;
b) no plano da subjetividade pode-se distinguir a posse de boa fé da posse de má fé. A presença (ou 
ausência) de qualquer dos vícios objetivos influi na qualificação da posse (justa ou injusta), podendo o 
possuidor ter (ou não) convicção de que seu poder é legítimo ou ilegítimo (posse de boa fé ou de má 
fé)
Posse direta e indireta
A divisão da posse em direta e indireta atende a uma necessidade prática, a saber, a determinação 
acerca das pessoas que merecem proteção identificando as conseqüências jurídicas que se 
relacionam à posse na sua plenitude.
Lembre-se que o desdobramento da posse somente é possível na concepção de Ihering no âmbito da 
teoria objetiva da posse. Assim, podem coexistir duas posses sobre a mesma coisa, ou seja posses 
paralelas que não se excluem.
A distinção entre posse direta e posse indireta se verifica quando os poderes inerentes à propriedade 
possuem distintas titularidades e passou a ser importante para o fim de conferir proteção possessória 
às pessoas que detêm algum tipo de poder inerente à propriedade
Art. 1.196. Considera-se possuidor 
todo aquele que tem de fato o 
exercício, pleno ou não, de algum dos 
poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa 
que tem a coisa em seu poder, 
temporariamente, em virtude de 
direito pessoal, ou real, não anula a 
indireta, de quem aquela foi havida, 
podendo o possuidor direto defender 
a sua posse contra o indireto.
Desdobramento da posse
A teoria subjetiva da posse não admitia, por exemplo, a posse do 
locatário, do comodatário, e considerava que o credor 
pignoratício e o depositário somente tinham posse derivada 
porque a lei expressamente o autorizou.
A teoria objetiva da posse, ao contrário, passou a admitir o 
desdobramento da posse e, desse modo, reconheceu e legitimou 
a posse em favor das pessoas acima referidas na condição de 
possuidores diretos.
O CC de 2002, no art. 1.197, encampou a possibilidade do 
desdobramento da relação possessória, referindo-se claramente 
àposse direta que pode coexistir com a posse indireta. Em razão 
da mediação que se estabelece entre posse direta e posse 
indireta, costuma-se designar o fenômeno como 
“desmembramento vertical da posse”, distinguindo-o do 
“desmembramento horizontal da posse”, este reconhecido em 
relação à composse.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
Posse direta ou imediata: é a daquela que tem a coisa em seu 
poder, temporariamente, em virtude de contrato (posse do 
locatário).
Posse indireta ou mediata: é daquele que cede o uso do bem (a 
do locador). Dá-se o desdobramento da posse. Uma posse não 
anula a outra
OBS.: nessa classificação não se propõe o problema da 
qualificação da posse, porque ambas são posse jurídicas (ius 
possidendi) e tem o mesmo valor
Posse direta:
Também denominada de posse subordinada, é aquela reconhecida ao não proprietário a quem cabe o 
exercício de uma das faculdades da propriedade, por força de obrigação ou de direito real sobre coisa 
alheia. A posse direta envolve o exercício de contato físico imediato (direto) sobre o bem, permitindo 
que o possuidor administre o bem. É a posse pertencente à pessoa que tem a coisa sob seu poder 
físico e imediato, em razão de um direito real ou obrigacional. A posse direta é temporária, eis que 
entre o possuidor direto e o possuidor indireto existe uma relação jurídica de natureza transitória que 
tende a se extinguir, quando então todos os poderes se concentram na pessoa do titular da 
propriedade. Além disso, a posse direta é sempre derivada, sendo limitada no tempo. Entretanto, isto 
não obsta que o possuidor direto defenda sua posse por iniciativa própria, independentemente da 
assistência ou intervenção do possuidor indireto. Reconhece-se, inclusive, a possibilidade de o 
possuidor direto defender sua posse contra o possuidor indireto, e vice-versa.
Posse Indireta:
A posse indireta, por sua vez, é aquela que o proprietário conserva para si quando se demite, 
temporariamente, de um dos poderes elementares da propriedade, cedendo-o seu exercício a outra 
pessoa. Neste caso, o proprietário permanece como titular do ius possidendi, transferindo o ius 
possessionis ou parte do ius possidendi a alguém.
Pressupostos da posse indireta:
a) que a coisa se encontre na posse direta de outra pessoa;
b) que entre os dois possuidores – direto e indireto – haja relação jurídica de que derive o 
desdobramento da posse, seja por vínculo originário dos Direitos Reais, Direito das Obrigações, Direito 
das Sucessões ou Direito de Família
Posse justa e injusta
A classificação que distingue a posse justa da posse injusta leva 
em conta o reconhecimento da existência (ou ausência) de 
vícios objetivos quando da aquisição da posse.
Art. 1.200. É justa a posse que não 
for violenta, clandestina ou precária.
A posse justa é aquela cuja aquisição não repugna ao Direito, ou seja, é a posse isenta dos vícios da 
violência, clandestinidade ou precariedade no momento da sua aquisição pelo possuidor (CC, art. 
1.200). Ao revés, a posse injusta é aquela cuja aquisição repugna ao Direito, cuidandose da posse 
adquirida por modo proibido, apresentando vício objetivo na sua aquisição (violência, clandestinidade 
ou precariedade); é a posse ilícita no momento da sua aquisição.
Os vícios da posse são a violência (vi), a clandestinidade (clam) e a precariedade, daí a 
subclassificação da posse injusta em posse violenta, posse clandestina e posse precária. É importante 
mencionar a possibilidade da posse justa se transformar em posse injusta e vice-versa. A mudança do 
título da posse (justa e injusta) ocorre pela superveniência de uma causa exterior adversa à 
manutenção da mesma espécie de posse
Posse justa: é a não violenta, clandestina ou precária (CC,art.1200)
Posse injusta: á a adquirida viciosamente (vim, clam aut precário).Ainda que viciada, não deixa de 
ser posse, visto que a sua qualificação é feita em face de uma determinada pessoa. Será injusta em 
face do legítimo possuidor; será, porém, justa e suscetível de proteção em relação às demais 
pessoas estranhas.
Posse de boa fé e de má fé:
A classificação que distingue a posse de boa fé e a posse de má 
fé também é adotada no CC (art. 1.201), apresentando clara 
importância prática quanto aos seus efeitos. Trata-se de 
classificação que leva em consideração o plano da subjetividade 
do possuidor quanto à circunstância de haver vício ou obstáculo 
que impeça a regular e legítima aquisição da coisa.
A posse de boa fé é aquela em que o possuidor ignora o vício 
original, ou o obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa. A 
boa fé é concebida de modo negativo, como ignorância, e não 
como convicção.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o 
possuidor ignora o vício, ou o 
obstáculo que impede a aquisição da 
coisa.
Parágrafo único. O possuidor com 
justo título tem por si a presunção de 
boa-fé, salvo prova em contrário, ou 
quando a lei expressamente não 
admite esta presunção.
Aspectos essenciais da posse de boa fé:
a) existência de um vício obstativo da aquisição da posse, ou seja, uma mácula, mancha ou senão que 
restringe a aquisição da posse ao campo dos meros fatos;
b) ou a presença de um obstáculo impeditivo da aquisição da posse, a saber, um empeço, um estorvo, 
um óbice à constituição da situação jurídica titularizada;
c) e a ignorância, por parte do possuidor, da ocorrência do elemento material que impede a regular 
aquisição da coisa. Os tribunais brasileiros presumem a boa fé do possuidor.
Posse de boa-fé: configura-se quando o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a 
aquisição da coisa(art,1.201 do CC). É de suma importância a crença do possuidor de encontrar-se 
em uma situação legítima. O CC estabelece presunção da boa-fé em favor de quem tem justo título 
(art. 1.201, parágrafo único).
Posse de má-fé: é aquela em que o possuidor tem conhecimento dos vícios na aquisição da posse 
e, portanto, da ilegitimidade de seu direito. A posse de boa-fé se transforma em posse de má-fé 
desde o momento em que as circunstâncias demostrem que o possuidor não mais ignora que 
possui indevidamente, (1.202 do CC).
A posse de boa fé, por sua vez, se subdivide em posse de boa fé real e posse de boa fé presumida.
A primeira ocorre quando a convicção do possuidor se fundamenta em elementos objetivos evidentes, 
não suscitando dúvida quanto à legitimidade da aquisição.
A segunda consiste na posse de boa fé em que o possuidor tem justo título, gerando presunção iuris 
tantum.
A posse de má fé, ao contrário, é aquela em que o possuidor tem consciência de que há obstáculo, ou 
sabe da existência do vício que impede a aquisição da coisa. É a posse em que o possuidor tem 
conhecimento do vício, sabe da ilegitimidade de sua posse e, apesar de tal conhecimento, mantém-se 
possuidor. Não basta a alegação da ausência de ciência da ilicitude como atitude passiva do indivíduo 
para caracterizar a posse de boa fé; há um aspecto dinâmico na questão da ciência de boa fé no 
sentido da investigação acerca da existência de proprietário ou de outro possuidor com melhor posse. 
Devem ser empregados todos os meios necessários para certificação da legitimidade de sua posse. A 
posse originalmente de boa fé pode, no curso da situação possessória, pode transformar-se em posse 
de má fé. Há dificuldade em se determinar o momento em que a posse de boa fé perde esse caráter. 
Em tese, a boa fé desaparece quando as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora 
que possui indevidamente, deslocando-se para dados objetivos (CC, art. 1.202). Há parcela da doutrina 
que defende que, neste caso, o momento da cessação da boa fé seria o momento da citação
Posse com ou sem justo título:
Tal classificação é especialmente importante para o efeito da usucapião ordinária com a diminuição 
dos prazos para fins de reconhecimento do fenômeno da aquisição da propriedade através da 
usucapião, entre outros efeitos. Além disso, trata-se de classificação que se relaciona à classificação 
anterior na distinçãoentre posse de boa fé e posse de má fé. O justo título é a situação jurídica, o fato 
jurígeno que, formalmente, é hábil para transmitir um direito, mas que possui um defeito intrínseco, 
normalmente não conhecido pelo adquirente, daí a posse com justo título ser normalmente 
considerada como posse de boa fé (presumida). O título é considerado a causa eficiente da posse, a 
qualidade com que a pessoa figura na situação possessória, e não o instrumento comprobatório de 
negócio ou ato jurídico. O justo título configura estado de aparência que enseja a conclusão de que o 
indivíduo tem boa posse.
A presunção de boa fé em favor do possuidor com justo título, no entanto, não é absoluta (iuris et de 
iure), admitindo seu afastamento diante da certeza provocada pela prova em contrário ou decorrente 
de mandamento legal expresso proibitivo da presunção.
Posse nova e posse velha
O CC de 2002 não reproduziu os antigos preceitos contidos nos arts. 507 e 508, do CC de 1916, que 
disciplinavam as denominadas posse nova e posse velha. A posse nova é aquela reconhecida com 
período temporal inferior a ano e dia. Já a posse velha é aquela reconhecida com período temporal 
superior a ano e dia. Tais preceitos, no entanto, prosseguem previstos no CPC, que atribui o direito de 
reintegração ou manutenção de posse liminarmente quando o esbulho ou a turbação datar de menos 
de ano e dia
Possa nova: é a de menos de ano e dia. Não se confunde com a ação de força nova, que leva em 
conta a duração temporal da posse, mas o tempo decorrido desde a ocorrência da turbação e do 
esbulho.
Posse velha: é a de ano e dia ou mais. Não se confunde com a ação de força velha, intentada 
depois de ano e dia da turbação ou esbulho.
Posse natural: é a que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a coisa.
Posse civil ou jurídica: é a que assim se considera por força da lei, sem necessidade de atos físicos 
ou materiais. É a que se transmite ou se adquire pelo título (escritura pública)
Posse natural e civil
A posse natural é a posse considerada como poder físico sobre a coisa ou a possibilidade de 
utilização da coisa; posse que se exterioriza; exige-se o contato físico do possuidor em relação à 
coisa. A posse civil é a que decorre da lei sem que o possuidor pratique qualquer comportamento 
ou adote qualquer conduta para tanto, como no exemplo do direito de saisine no âmbito do Direito 
das Sucessões (CC, art. 1.784; CC 1916, art. 1.572).
Posse ad interdicta e ad usucapionem
A classificação que divide a posse ad interdicta e a posse ad usucapionem leva em conta os efeitos 
jurídicos da posse. A posse ad interdicta é aquela considerada em si mesma, correspondendo ao ius 
possessionis já que independe da existência de direito do possuidor sobre a coisa. É a posse apenas 
considerada como poder de fato sobre a coisa e, assim,merece proteção dos interditos possessórios. 
Posse ad interdicta é aquela apta a receber os benefícios da proteção possessória via os interditos 
(ações de reintegração e manutenção, e ação proibitória). Toda situação de fato caracterizada como 
posse, em regra, é tutelada via os interditos possessórios, inclusive o possuidor injusto e o possuidor 
de má fé quando sofrer ameaça ou agressão de terceiro.
Posse ad interdicta: é a posse que pode ser defendida pelos interditos ou ações possessórias, 
quando molestada mas não conduz à ususcapião.
Posse ad usucapionem: é a que se prolonga por determinado lapso de tempo estabelecido na lei,
deferindo a seu titular a aquisição do domínio.
Posse ad usucapionem:
A posse ad usucapionem é aquela que apenas é reconhecida em favor da pessoa que possui a coisa 
como sua, ou seja, com a presença do animus rem sibi habendi (ou animus domini) de Savigny. 
Cuida-se da posse que enseja a usucapião como modo de aquisição da propriedade, ou em outras 
palavras, é o elemento de suporte fático da usucapião, a posse qualificada pelo animus domini.
Não há usucapião sem posse, daí a posse ad usucapionem como modalidade de posse cujo titular é o 
possuidor que possui a coisa como lhe pertencendo. Não é necessário que o possuidor da coisa se 
julgue proprietário – opinio domini -, sendo suficiente que tenha vontade de possuir a coisa como se 
ela lhe pertencesse. O locatário, por exemplo, somente tem posse ad interdicta eis que não apresenta o 
ânimo de ter a coisa para si
Ius possessionis e ius possidendi
Trata-se de critério de classificação da posse que leva em consideração a figura do possuidor 
relativamente à coisa, daí a distinção entre ius possessionis e ius possidendi. O ius possessionis é a 
posse que decorre do poder físico, do assenhoreamento da coisa. O ius possidendi é a posse que 
existe por força de um direito, como no exemplo do proprietário que, em razão do direito real de 
propriedade, tem posse baseada no ius possidendi.
Jus possessionis é o direito DE 
posse, ou seja, é o poder sobre 
a coisa e, a possibilidade de 
sua defesa por intermédio dos 
interditos (interdito proibitório, 
de manutenção da posse ou 
de reintegração de posse). ... 
Já o jus possidendi é o direito 
À posse, decorrente do direito 
de propriedade, ou seja, é o 
próprio domínio.
Posse simples e posse funcionalizada
Na realidade, a tessitura da função social, seja na propriedade, seja na posse, se localiza na atividade 
desempenhada pelo titular da relação sobre a coisa à sua disposição. Se a função social da 
propriedade se exerce pela função social que a posse-conteúdo tem, ou seja, se é pela posse que a 
função da propriedade se cumpre, é correta a afirmação de que é a posse que tem uma função social 
saliente, e não a propriedade em si.
A função social da posse gera a distinção entre a posse qualificada (ou posse social) e a posse 
simples. Atitudes como cercar, murar o terreno, construir um cômodo nos fundos, de modo a atrair, a 
tentar exteriorizar poder sobre a coisa, impedindo que outras pessoas se apossem da coisa imóvel, 
caracterizam a posse simples, ou seja, atos de gestor de negócios de modo a atender 
presumivelmente à vontade do dono da coisa. A posse funcionalizada permite a proteção do “ser” nas 
exigências mínimas da vida em sociedade, como um lugar para morar (posse-moradia), um lugar para 
plantar (possetrabalho), um lugar para exercer as atividades econômicas e sociais relevantes, ou seja, 
seu exercício permite o atendimento aos direitos fundamentais de segunda geração. A posse com 
função social permite que o imóvel (urbano ou rural) atenda aos direitos fundamentais de segunda 
geração e, por isso, é mister reconhecer-se a necessidade de proteção especial à posse 
funcionalizada.
POSSE pro diviso e POSSE pro indiviso
Posse pro diviso: é a exercício simultaneamente (composse), estabelecendo-se, porém, uma divisão 
de fato entre os compossuidores.
Posse pro indiviso: é aquela em que se exercem, ao mesmo tempo e sobre a totalidade da coisa, os 
poderes de utilização ou exploração comum do bem.
Posse exclusiva, Composse e posses paralelas
Como regra, o objeto da posse deve ser exclusivo. A posse exclusiva é o que comumente ocorre. A 
título excepcional, no entanto, admite-se a pluralidade de possuidores sobre a mesma coisa. Se a 
propriedade pode ser comum, também é reconhecida a posse comum, exercida pro indiviso. Daí a 
regra do art. 1.199, do CC, que reconhece a composse, ou seja, a posse em comum da mesma coisa, 
no mesmo grau, de mais de uma pessoa. A composse é a posse de duas ou mais pessoas sobre coisa 
indivisa, desde que os atos possessórios de qualquer deles não excluam os demais. A composse é a 
comunhão da situação fática da posse, ao passo que o condomínio é a comunhão da propriedade.
Os requisitos para configuração da composse são:
a) a posse de duas ou mais pessoas;
b) a coisa indivisa como objeto da composse. A composse é situação verificável nos casos de em que 
várias pessoas exercem simultaneamente ingerência fática sobre a mesma coisa, sem que as partes 
sejam localizadas, contando cada compossuidor comuma fração ideal sobre a posse.
É alvissareiro salientar que cada compossuidor:
a) é considerado possuidor do todo em relação a terceiro e, assim, poderá exercer todos os direitos 
que lhe competem, inclusive o de, per se, invocar a proteção possessória para a defesa da coisa 
comum no seu todo, e não apenas na sua parte ideal;
b) deverá agir de modo harmônico e civilizado para não suprimir os direitos dos outros 
compossuidores, na relação interna.
A composse pode terminar pela:
a) divisão consensual ou judicial da coisa comum devido ao desaparecimento da coisa comum;
b) posse comum de um dos compossuidores que isole uma parte da coisa comum, sem oposição dos 
demais, passando a praticar atos possessórios com exclusividade, acarretando uma divisão de fato.
Insta também salientar que a composse oferece dois fenômenos:
a) a posse pro-diviso que consiste naquela que o compossuidor continua a ter, em termos de contato 
físico e material, eis que antes da morte do antigo possuidor já tinha. Na posse pro-diviso, a coisa é 
divisível (apesar de manter-se indivisa), e os compossuidores podem exercer poderes sobre partes 
distintas;
b) a posse pro-indiviso é aquela que os compossuidores passarão a ter pela primeira vez, porquanto 
nunca a tiveram anteriormente. Neste caso, a coisa é indivisível fisicamente e, por isso, não comporta 
o exercício de poderes em relação a partes distintas, e sim apenas sobre a totalidade da coisa.
Convalescimento (interversão) da posse:
De acordo com o Direito brasileiro, considera-se que a posse mantém o mesmo caráter em que foi 
adquirida, preservando suas características e particularidades, salvo prova em contrário (CC, art. 
1.203). A regra é, portanto, a de que não há possibilidade de alguém, unilateralmente, modificar a 
qualificação da posse, convalescendo os vícios objetivos e subjetivos quanto à aquisição da posse. 
Contudo, duas exceções têm sido indicadas à imodificabilidade do caráter da posse:
a) fato de natureza jurídica, que consiste na constituição de relação jurídica de direito real ou de direito 
obrigacional, convertendo-se a posse injusta em posse justa com base na interversão da posse que se 
caracteriza pela bilateralidade;
b) fato de natureza material, que se verifica quando da manifestação da inequívoca intenção do 
possuidor de privar o proprietário do poder de disposição sobre a coisa, mediante a prática de atos 
prolongados neste sentido, sem a oposição da pessoa que deveria reverter a situação.
O Enunciado n° 237, da III Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, encampou tal 
orientação.
Função social da posse:
Tal como ocorre em relação à propriedade, a posse não pode ser dissociada da noção de função 
social. No sistema jurídico brasileiro, fundado na solidariedade política, econômica e social e na busca 
do pleno desenvolvimento da pessoa humana, o conteúdo da função social assume a idéia e o papel 
do tipo promocional na direção de que a disciplina das formas e espécies de posse e suas 
interpretações devem ser atuadas para garantir e promover os valores sobre os quais se funda o 
ordenamento. Ainda que se saiba que a noção conceitual de função social seja imprecisa, vaga, 
abstrata, com certa margem de indeterminação, tal aspecto se mostra coerente com a idéia de maior 
adequação ao caso concreto, de cláusula aberta que deve ser concretizada e efetivada à luz da 
realidade subjacente.
Há, inicialmente, o reconhecimento de que há prioridade histórica da posse sobre a propriedade, eis 
que cronologicamente a propriedade começou pela posse, geralmente posse geradora da propriedade 
como na posse qualificada para fins de usucapião. Além disso, a noção da função social se vincula 
necessariamente à idéia do uso da coisa e, por isso, modifica significativamente conceitos e 
categorias do regime tradicional das situações proprietárias e possessórias. A função social é a 
essência dinâmica da estrutura jurídica, e não é mais considerada mero limite (externo) à situação 
jurídica.
A função social da posse é, pois, estabelecida pela necessidade social, pela necessidade da terra para 
o trabalho, para a moradia, ou seja, para atendimento às necessidades básicas que pressupõem a 
dignidade da pessoa humana. Trata-se da exteriorização do conteúdo imanente da posse, a 
caracterizar sua utilidade social e sua autonomia, inclusive quanto ao direito de propriedade.

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