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UNIDADE III Marketing de Varejo e de Serviços Dr. Thiago Gomes Nascimento Introdução Unidade 3 VÍDEO Assista a vídeo de introdução a seguir: 1 CENÁRIO PRÁTICO A expansão dos mercados emergentes tem atraído atenção de consumidores, fabricantes de bens de consumo e varejistas (KUMAR; SUNDER; SHARMA, 2015). Entretanto, devido a problemas econômicos e políticos que se intensificaram em 2014, o ambiente de negócios no varejo vem apresentando momentos de fragilidade no Brasil (BOTELHO; GUISSONI, 2016). Alguns autores apresentam a relevância da conexão entre inovação e competitividade, identificando que a competitividade de uma empresa possibilita que seus gestores inovem nas práticas mercadológicas (GUPTA; MALHOTRA, CZINKOTA; FOROUDI, 2016). Neste sentido, estudos e práticas para essa busca nos mercados consumidores podem impactar o resultado de empresas no varejo e potencialmente influenciar o desenvolvimento econômico no país. Ainda que haja consenso de que a inovação relaciona a aplicação de novas ideias que impactam no desempenho financeiro, o termo depende das interpretações relativas ao seu contexto (BOTELHO; GUISSONI, 2016). Na indústria de serviços, que inclui o varejo, recebe pouca atenção de pesquisadores da área (HRISTOV; REYNOLDS, 2015). Para alcançarem vantagem competitiva, as empresas utilizam iniciativas de inovação, que se manifestam por meio de novos produtos, serviços, processos ou novas abordagens com apoio de estratégias e atividades de marketing (PORTER, 1980). O varejo pode ser definido como negócio que vende serviços e produtos a consumidores finais (KOTLER, 2012). A partir dessa definição, o escopo das atividades do varejo parece simples e em muitos casos tornam a área desprovida de contribuições acerca de como as empresas podem ser mais competitivas e inovar. Por exemplo, Hristov e Reynolds (2015) apresentam os varejistas como aqueles que adotam tecnologias e inovação, não atuando como desenvolvedores de novas tecnologias como acontece com outras indústrias. Para esse autor, a adoção ocorre na maioria dos casos como forma de aumentar a capacidade de entendimento de mercados e tendências. Na introdução de uma nova tecnologia, o varejista questiona até que medida a usabilidade geraria dados que poderiam ser utilizados para prever tendências ou facilitar sua tomada de decisão (BOTELHO; GUISSONI, 2016). Assim, o varejo evolui e inova com o passar do tempo, como ocorre com qualquer atividade de negócio. Neste contexto, os avanços tecnológicos e as mudanças no 2 comportamento do consumidor, impulsionados pelos novos dispositivos e pela mídia, continuam a transformá-lo, como observam Botelho e Guissoni (2016). Para esses autores, as mudanças se intensificam com a disseminação da internet, mídias sociais e aparelhos móveis, provendo aos consumidores acesso mais fácil a informações e fontes de compras. Diante do que foi exposto, responda como o as empresas de varejo podem utilizar a inovação como forma de vantagem competitiva? Para auxiliá-los na resposta, pode-se recorrer ao texto disponibilizado clicando aqui. 3 http://www.spell.org.br/documentos/ver/21503/marketing-de-varejo--avaliacao-da-satisfacao-na-percepcao-do-cliente-e-vantagem-competitiva-em-um-hipermercado Consumidor do Varejo Introdução O varejo pode ser considerado um dos setores mais sensíveis às mudanças no comportamento do consumidor. É o setor em que primeiro se percebem as consequências das transformações sociais, culturais e econômicas nos comportamentos de compra e consumo (MATTAR, 2011). Assim, esta unidade destina-se a estudar e entender o consumidor brasileiro para permitir que os varejistas possam conhecer e entender esse consumidor, bem como desenvolver vantagens competitivas em relação aos concorrentes menos ativos. Vamos à aula? Aula 01 VÍDEO Assista a vídeo a seguir: 4 As investigações sobre o comportamento do consumidor buscam compreender como são tomadas as decisões relacionadas acerca do uso dos recursos disponíveis (tempo, dinheiro e esforço) no atendimento das necessidades e desejos de consumo pessoais e familiares (MATTAR, 2011). Autores como Abel (1993, p. 49) e Mattar (2011, p. 90-91), desenvolveram estudos relacionados ao comportamento do consumidor que objetivaram conhecer, dentre outras questões, as seguintes: O que compram. Por que compram. Quando compram. Onde compram. Como compram. Com que frequência compram. Quanto compram. Em quais dias da semana, ou do mês, e em que horários preferem comprar. Com que frequência utilizam o que compram. Como utilizam os produtos comprados. Onde procuram informações para comprar. Quanto estão inclinados a gastar. Benefícios procurados que influenciam a compra. Onde é tomada a decisão de compra. Qual a distribuição na família dos papéis desempenhados no processo de compra. Quando e como é feita a primeira decisão de compra. Quando e por que o produto é recomprado. Razões para escolher uma loja e não outra. Quem compra os produtos da loja e por quê? Quem compra os produtos da concorrência e por quê? Quais são as bases de comparação com outros concorrentes. 5 O que pensam sobre a loja e as concorrentes. Riscos percebidos na compra. Serviços esperados. Duração do processo de compra. O que pensam ou desejam sobre possíveis mudanças no mix de produtos e na loja. Atitudes em relação à loja, aos produtos e à propaganda da empresa. Como os vários elementos do programa de marketing podem influenciar os consumidores em cada estágio do processo de compra. Sucesso do varejo e a satisfação do consumidor O modelo descrito por Mattar (2011) e proposto por Sudharshan (1995) representa o relacionamento de uma empresa com seus clientes, apontando a importância da qualidade do relacionamento como forma de obter a satisfação dos consumidores. Veremos esse modelo com detalhes na Figura 4. 6 As ideias contidas no modelo de Sudharshan (1995, p. 145) compreendem que: 1. O nível de encantamento ou satisfação do consumidor estão alicerçados na diferença entre expectativas e experiências em relação à certa empresa, produto ou serviço. 2. As expectativas do consumidor são desenvolvidas a partir de dois componentes: a expectativa de valores de trocas desejadas e a de experiência com a empresa, sendo que os primeiros relacionam- se com a diferença entre os vários benefícios que o consumidor espera receber ao comprar um produto ou serviço, comparativamente aos custos de aquisição. No que se refere às experiências com a empresa, as expectativas se baseiam no nível de atendimento que o consumidor espera receber da empresa com a qual está efetuando a troca. 3. O padrão desejado pelo consumidor é formado pelo conjunto dessas expectativas. Cada pessoa apresenta um conjunto de expectativas que são constituídas por suas vivências ou experiências acumuladas. 4. O estágio do relacionamento com o consumidor em relação ao produto, serviço ou organização acaba por influenciar os valores dos indivíduos. O cliente que realiza uma compra pela primeira vez em uma empresa pode apresentar um nível de exigência menor do que outro que já teve várias experiências de compra com a mesma empresa. 5. A percepção de satisfação por parte do consumidor provoca um feedback para modificar o estágio de relacionamento, bem como suas expectativas (para prosseguir ou finalizar o relacionamento). Figura 4 - Modelo de relacionamento com clientes Fonte: Adaptado de Sudharshan (1995) por Mattar (2011, p. 92). 7 Experiências positivas são capazes de gerar fidelização do consumidor ao produto, serviço ou empresa. Por outro lado, experiências negativas podem afastar de vez o consumidor. 6. A antecipação das expectativas do consumidor é papel da gestão de marketing da empresa, de forma explícita ou implícita. Esses processos podem ser realizados por meio de pesquisas direcionadas aos clientes. 7. A partir da antecipação dessas expectativas, a empresa poderá intervir na oferta e no modo de relacionamentocom o cliente. Os interesses dos consumidores podem e devem ser equalizados com os interesses e objetivos da empresa na realização dessas trocas. 8. As alterações na oferta da empresa e no modo de relacionamento devem possibilitar ao consumidor novas experiências. 9. As novas experiências, comparadas com as expectativas, dirigem o consumidor a novos níveis de satisfação ou ao encantamento, que ocorre quando o consumidor tem suas expectativas de satisfação superadas. 10. O feedback dessa reação do consumidor vai proporcionar níveis de satisfação à empresa, além de permitir novas mudanças para ajustes na gestão organizacional. 11. Mudanças eventuais na gestão da empresa, associadas às novas informações antecipadas sobre os valores que o consumidor deseja, objetivam promover o ciclo contínuo desse sistema. Como forma de atingir a satisfação do cliente, a empresa necessita começar por atender à satisfação em relação ao produto ou serviço. Porém, em continuação, deve permanecer satisfazendo as outras necessidades não diretamente relacionadas com o produto físico (ABELL, 1993, p. 27), conforme apresentado na Figura 5. A satisfação e o valor são dois dos elementos que contribuem para a constituição da lealdade do consumidor (AGUSTIN; SINGH, 2002). Adiciona-se a esses o papel mediador da confiança e Figura 5 - Iceberg da satisfação do cliente Fonte: Adaptado de Abell (1993, p. 27)por Mattar (2011, p. 93). 8 o valor. De maneira específica, a confiança, quando presente, aumenta a percepção de valor e de lealdade para os consumidores. 9 FATOS E DADOS Pesquisa realizada no Brasil acerca dos elementos formadores da lealdade do consumidor, em que foram aplicados 2.295 questionários ao longo de 31 semanas com alunos de uma grande universidade particular, divididos em: 1ª onda: 853 participantes; 2ª onda: 595 participantes; 3ª onda: 515 participantes; e 4ª onda 332 participantes, chegou às seguintes conclusões, de acordo com Espartel (2005): A satisfação é uma variável exógena (externa) e forte ao longo do tempo, sendo que em todas as quatro ondas da pesquisa se apresentou como a principal formadora da lealdade dos consumidores, seja de maneira direta ou indireta, quando influencia confiança e valor. A relação entre confiança e lealdade é tênue e se manteve assim ao longo das quatro ondas. No estudo no setor varejista brasileiro de livrarias foi proposto um modelo de valor de entrega e satisfação dos consumidores, conforme apresentado por Bonfim et al. (2008) na Figura 6. Figura 6 - Formação da satisfação e sua relação com confiança e lealdade Fonte: Adaptado de Bonfim et al. (2008). 10 De acordo com Mattar (2011), o valor de um produto, serviço, marca ou loja é utilizado de maneira intuitiva e intensa pelo consumidor no processo de decisão de compra. Nesse processo, o consumidor apresenta como tendência de escolha a opção que lhe restitua maior valor percebido. Diante disso, faz-se necessário entender o processo de satisfação do consumidor por meio da formação do valor de entrega, sobretudo para a área do varejo. A Figura 7, apresentada a seguir, auxilia na compreensão desse processo. Para o mesmo autor, o valor pode ser definido por uma equação subjetiva em que, no numerador, encontra-se a soma da avaliação de todos os elementos percebidos importantes em relação à aquisição de um produto, serviço, marca ou escolha da loja pelo consumidor e, no denominador, localiza-se a soma de todos os custos relacionados à aquisição para o consumidor. (MATTAR, 2011) Figura 7 - Processo de satisfação do consumidor por meio da formação de valor Fonte: Mattar (2011, p. 95). SAIBA MAIS Para saber mais sobre uma proposta de modelo brasileiro de satisfação do cliente, acesse o artigo produzido por Rossi e Slongo (1998), disponível lendo o QRCode a seguir . 11 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65551998000100007 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65551998000100007 NA PRATICA Valor = (soma da avaliação de todos os elementos percebidos importantes em relação à aquisição de um produto, serviço, marca ou escolha da loja pelo consumidor) / (soma de todos os custos para o consumidor). Na avaliação do consumidor, no caso de duas lojas serem análogas na oferta de elementos percebidos como importantes, a que tiver custo total menor (oriundo de qualquer das variáveis) terá maior valor de entrega e deverá receber a preferência do consumidor; ou, caso em que duas lojas que tiverem o mesmo custo total na avaliação do consumidor, a que apresentar maior oferta de elementos percebidos como importantes terá maior valor de entrega e deverá receber a preferência do consumidor (MATTAR, 2011). Valor de entrega = (Valor total para o consumidor) – (Custo total para o consumidor). Como pode ser observado na Figura 8, em que se encontram os fatores determinantes do valor de entrega ao consumidor, a variável que, efetivamente, influencia a decisão do consumidor é o valor de entrega. 12 13 ATENÇÃO Mattar (2011, p. 96-97) destaca as diversas variáveis que podem elevar ou reduzir o valor total para o consumidor, e que são percebidas de maneira subjetiva: Qualidade percebida – é sentida pelo consumidor como resultado da comunicação desenvolvida pela empresa e das experiências vivenciadas por ele, ou por pessoas de suas relações, com a loja, produto ou serviço. Portanto, difere da qualidade intrínseca, que somente pode ser avaliada por técnicos ou profissionais. Serviços – O nível de serviços reunidos ofertados necessita variar de acordo com as expectativas dos consumidores e com a proposta de formato oferecida pelo varejo. Assim sendo, as expectativas dos consumidores podem variar em relação aos serviços oferecidos. Por exemplo, em uma loja de departamentos, as expectativas são altas, enquanto em relação a uma loja de descontos é bem baixa. Notadamente, existe uma correlação entre o nível de preços praticados e o de serviços oferecidos. Inovação – As contínuas mudanças nos comportamentos, tanto dos consumidores, estabelecendo constantes inovações, quanto da concorrência, aumentando a competitividade, faz com que formatos de lojas tenham ciclos de vida cada vez mais breves, exigindo das empresas de varejo reinvenções constantes, além da procura de novos formatos que proporcionem melhorias perceptíveis pelos consumidores e que ofereçam vantagens competitivas ao gerar maior tráfego, permanência na loja, vendas por metragem quadrada, venda média por consumidor e, consequentemente, lucros para a empresa. Conveniência – O consumidor necessita de praticidade, e sua preferência recai sobre aquilo que pode facilitar sua vida. Por isso, é preciso levar em conta a complexidade da vida moderna, sobretudo nas grandes cidades, bem como as grandes distâncias que necessitam ser percorridas, os constantes congestionamentos e a sensação de falta de tempo, faz com que esse consumidor realize compras nas proximidades de sua residência ou local de trabalho, no trajeto entre um e outro, em locais fáceis de chegar, sair e estacionar, em que a distância entre o estacionamento e a loja seja pequena e também onde haja rapidez no atendimento, ausência de filas, facilidade para experimentar, comprar, pagar e receber os produtos. Tais atributos fazem parte 14 de um conjunto de conveniências que pode ser oferecido pelo varejo para conquistar os consumidores. Imagem – Variável intangível que se encontra ligada ao conjunto de percepções conexas à marca de uma empresa, produto ou serviço, sendo consequência da soma do trabalho de desenvolvimento da imagem por meio da comunicação e experiências do consumidor com a empresa, produto ou serviço. Garantias e assistência técnica – realizar compras exige segurança e tranquilidade. No processo de decisão de escolha de produtos, serviços, marcas e lojas o consumidor percebe que está sujeito a diversos tipos de riscos: risco financeiro (pagou mais caro do que devia), risco social (comprouproduto socialmente errado), risco material (comprou produto que não funciona, ou com garantia que não é honrada; não tem assistência técnica), dentre outros aspectos que podem ser considerados. Existem várias maneiras de o varejo suprir essas inseguranças naturais do consumidor, por exemplo, garantindo, preferencialmente por escrito, que qualquer problema com o produto será solucionado prontamente; indicando garantias estendidas; escolhendo produtos de qualidade para serem comercializados na loja; retirando das prateleiras produtos que estão com prazo de vencimentos próximos; informando em butiques de luxo a garantia de que certa peça de vestuário em oferta é única e exclusiva, dentre outras. Informação – O consumidor deve ser informado de variadas formas pelo varejo, que estão listadas a seguir: por meio de propaganda eticamente alinhada nos meios de comunicação de massa e no site da empresa na web, com elementos de comunicação visual claros nas lojas, que possibilitem ao consumidor dirigir-se com facilidade à seção desejada; com exposições claras de preços, prazos de pagamento e juros cobrados; com claras orientações acerca dos produtos por meio de elementos visuais ou vendedores com conhecimentos e perfis adequados para orientar os consumidores a respeito. Atenção e cortesia – Capacidade dos funcionários de comprovarem boa vontade e cortesia quando os clientes necessitam de auxílio ou apresentem dúvidas. Compromissos – Capacidade do varejista honrar os compromissos e prazos negociados com os clientes e manter no sortimento produtos de boa qualidade. Aparência – Refere-se à limpeza e à aparência geral, dos funcionários, da loja e dos ambientes de apoio. Conforto – Facilidade para o consumidor localizar o produto desejado, mover- se pelos corredores e sentir-se em ambiente agradável e confortável. 15 Processo de decisão de compra do consumidor No que se refere à aquisição de um produto ou serviço, o consumidor necessita cumprir alguns estágios em seu processo de decisão de compra. As etapas do processo de decisão de compra do consumidor estão consolidadas na literatura de comportamento do consumidor por autores como Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007), Engel, Blackwell e Miniard (2005) e Solomon (2008). Ainda que existam pequenas variações nas etapas descritas pelos autores, encontram-se semelhanças, dentre as quais, destacam-se, de acordo com Mattar (2011, p. 99): Confiança – Capacidade dos funcionários da loja em inspirarem confiança nos clientes, esclarecendo suas dúvidas com segurança e correção. Solução de problemas – Refere-se aos procedimentos adotados pelos varejistas na solução de queixas, reclamações, devoluções e trocas de produtos. Política interna – Diz respeito às políticas de recebimentos, financiamentos, entregas, juros, horários de funcionamento etc. O custo monetário ou preço está entre as variáveis relacionadas ao custo total, em que se enquadram também o preço, custo de tempo, custo de energia física e custo psíquico, e é a variável mais objetiva e que permite a comparação mais fácil em relação aos concorrentes (MATTAR, 2011). De acordo com esse autor, quanto maior for a percepção de diferenciação de um produto, serviço, marca ou loja, e quanto maior for o papel do preço na avaliação do custo total, a empresa que oferecer o menor preço entregará o maior valor de entrega e terá a preferência do consumidor. Como forma de sobreviver a um ambiente hipercompetitivo, a empresa necessitará oferecer maior valor de entrega aos consumidores, comparativamente ao ofertado por seus concorrentes, que, satisfeitos, apresentarão a tendência a manter o relacionamento com a empresa, criando, assim, fidelidade, o que vai garantir a sobrevivência e a lucratividade da empresa a longo prazo. Uma das maneiras de oferecer maior valor é a empresa se antecipar à concorrência e responder, de forma célere e eficaz, às necessidades e desejos dos consumidores (MATTAR, 2011). Na Figura 9 é apresentado o círculo virtuoso da empresa com os consumidores por meio da entrega de valor, satisfação e relacionamento. 16 “reconhecimento do problema, busca de informações, avaliação de alternativas, decisão de compra e processo de pós-compra”. Apresentadas de forma isolada, essas etapas contribuem para o entendimento dos procedimentos sequencialmente seguidos para a realização das compras. Porém, não contribuem em nada para o entendimento dos motivos, razões e influências outras ocorridas para a realização da compra (MATTAR, 2011). Para ocorrer esse entendimento do modelo, faz- se imperiosa a inclusão de outros elementos, conforme apresentado na Figura 9, segundo Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p. 02) e na Figura 10, segundo Engel, Blackwell e Miniard (2005, p. 86). Ressalta-se, ainda, a importância de as etapas poderem ser suprimidas, sendo que algumas delas podem ser mais importantes do que outras, em razão do envolvimento do consumidor com a compra e da diferença entre as alternativas existentes e das que são percebidas por ele. O modelo de Engel, Blackwell e Miniard (2005, p. 86) é mais detalhado, comparativamente ao modelo de Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007). Mas ressalta-se que, nos dois modelos, os componentes que influenciam e geram influência podem ter tanto origem externa ao consumidor quanto interna. Os de origem externa englobam um conjunto de componentes sociais (cultura; subcultura; demografia; status social e status econômico; grupos de referência e família) e as atividades de marketing das empresas (produtos; lojas e exposições atraentes; propagandas; promoções de vendas; merchandising; preços atrativos etc.). Enquanto os de Figura 9 - Modelo de Hawkins,Mothersbaugh e Best (2007) de comportamento do consumidor para compras Fonte: Apresentado por Mattor (2011, p. 100) e adaptado deHawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p. 02). 17 origem interna referem-se aos aspectos relacionados com os perfis dos consumidores (percepção; aprendizagem; memória; motivação; necessidades, desejos e impulsos; personalidade; emoções e sentimentos; atitudes; autoconceito; valores; processamento de informações e busca de conhecimento; e estilo de vida) (MATTAR, 2011). Conforme descrito por Mattar (2011, p. 101-102) as etapas do processo decisório são: Reconhecimento do problema – Momento em que o consumidor tem a consciência de que tem uma necessidade, desejo ou um problema que precisa ser resolvido com a compra de um produto ou serviço. Por exemplo: “nosso refrigerador não funciona direito”, “nosso televisor não é de tela plana, nem está preparado para receber sinal de HDTV”, “os freios do meu automóvel estão chiando”, “meu cabelo está comprido, preciso cortá-lo”, “preciso ir ao dentista, pois estou com um dente dolorido” etc. Busca de informações – A partir da constatação do problema a ser resolvido, o consumidor vai à busca de informações quanto às opções para solucioná-lo. São várias as fontes de informação empregadas: amigos; conhecidos; parentes; experts no assunto (mecânicos, médicos, dentistas etc.), propagandas; reportagens em revistas, jornais, televisões e rádios; internet; vendedores e balconistas de varejistas, revendedores, dentre outros. A seguinte regra pode ser utilizada para se obter informação: quanto maior a habitualidade, mais corriqueira e menos relevante for a compra, menos informação é buscada, tendo em vista que, na maior parte das vezes, a solução já está definida, e vice- Figura 10 - Modelo de Engel, Blackwelle Miniard (2005) de comportamento do consumidor para compras Fonte: Adaptado de Mattar (2011, p. 101) e de Engel, Blackwell e Miniard (2005). 18 versa. Assim, quanto menos habitual e corriqueira e mais relevante for a compra, existirá maior dedicação do consumidor na busca de informações. Avaliação de alternativas – A partir das informações conseguidas acerca das opções disponíveis, o consumidor analisará e avaliará as alternativas, tendo como base os pontos favoráveis e contrários de cada uma.Esse é o momento em que o consumidor leva em conta qual das alternativas lhe entregará o maior valor na solução de seu problema. Decisão de compra – Aqui o consumidor seleciona a melhor alternativa de compra dentre as ofertas levantadas, o local onde será realizada e a forma como o pagamento será efetuado. Processo de pós-compra – Etapa em que o consumidor desfrutará do uso ou do consumo do produto ou serviço adquirido, verificando se suas expectativas foram atendidas. As experiências e os conhecimentos adquiridos com a compra, uso ou consumo do produto ou serviço servirão como base para realimentar o processo de compra desse produto ou serviço. No caso de experiências favoráveis, o consumidor terá predisposição para repetir a experiência em novas situações de compra do mesmo produto ou serviço, adquirindo-o da mesma marca e no mesmo local de compra; e, se não foram favoráveis, a predisposição gerada será para não repetir a experiência com o que lhe desagradou (marca ou loja). Conhecer os comportamentos de compra e pós-compra dos consumidores possibilita a interação de maneira a trazer benefícios para a empresa como, por exemplo: manter um canal para recebimento de elogios, dúvidas e reclamações; utilizar um produto usado como parte do pagamento de um novo; indicar um sistema de logística reversa para recolher descartes que os consumidores têm dificuldades de efetuar de forma ecologicamente correta (baterias de celulares, por exemplo) (MATTAR, 2011, p. 104). Fechamento No varejo, o comportamento do consumidor leva em consideração as atividades do processo de troca relacionadas à obtenção, consumo e disposição de produtos e serviços, assim como os processos de tomada de decisão que antecedem e sucedem essas ações (MATTAR, 2011). Para tanto, algumas definições são necessárias: valor, que é definido por uma equação subjetiva em que, no numerador, está a soma da avaliação de todos os elementos percebidos importantes em relação à aquisição de um produto, serviço, marca ou escolha da loja pelo consumidor e, no denominador, a soma de todos os custos relacionados à aquisição para o consumidor. Valor de 19 entrega, que se refere à diferença entre o valor total e o custo total para o consumidor. Além disso, cabe ressaltar as etapas do processo de decisão de compra do consumidor, que podem ser nominadas pelo reconhecimento do problema, busca de informações, avaliação de alternativas, decisão de compra e processo de pós-compra. Ressalta-se, por fim, que existem outros componentes que influenciam as necessidades e desejos dos consumidores. Esses componentes podem ter origem externa, o que engloba um conjunto de componentes sociais (cultura, subcultura, demografia, status social, status econômico, grupos de referência e família) e as atividades de marketing das empresas (produtos, lojas e exposições atraentes, propagandas, promoções de vendas, merchandising, preços atrativos etc.), quanto aqueles de origem interna, que são aspectos relacionados com os perfis dos consumidores (percepção; aprendizagem; memória; motivação; necessidades, desejos e impulsos; personalidade; emoções e sentimentos; atitudes; autoconceito; valores; processamento de informações e busca de conhecimento; e estilo de vida), conforme Mattar (2011). 20 Comportamento do Consumidor Introdução Como parte fundamental do marketing, o estudo do comportamento do consumidor possibilita o agrupamento de subsídios com vistas ao aprimoramento do relacionamento e da satisfação plena de diversas necessidades do consumidor. Vamos à nossa aula? O estudo do comportamento do consumidor, considerado uma parte do comportamento humano, buscou em outras áreas do conhecimento, notadamente, na Sociologia, na Aula 02 VÍDEO Assista a vídeo a seguir: 21 Antropologia cultural, na própria Psicologia cognitiva, alguns caminhos para seu entendimento (ADAID-CASTRO, 2014). A ampliação do conceito do comportamento do consumidor coube a Pinheiro e Castro (2006), que observaram que essa é uma área interdisciplinar, que engloba conceitos e teorias de distintas áreas do conhecimento, tais como Psicologia, Economia, Sociologia, Antropologia cultural, Semiótica, Demografia e História. Em conjunto com o corpo teórico dessas áreas, trouxeram o arcabouço metodológico e técnico próprio de cada uma, conforme aponta Hunt (1991), para quem a história do comportamento do consumidor caracteriza-se pelo emprego de métodos e teorias diversas, trazidas de fontes diferentes. Ainda que tenha se utilizado, para o entendimento e desenvolvimento teórico do comportamento, contribuições originárias de diversas áreas das Ciências Sociais, Karsaklian (2009) aponta para uma utilização de contribuições equivalentes de cada uma dessas áreas, mesmo sendo a Psicologia a mais utilizada. As investigações relacionadas ao comportamento do consumidor podem ser consideradas, portanto, ferramentas que ajudam a gestão das organizações a definir seus objetivos, além de possibilitar a compreensão dos significados, das mensagens anunciadas pela detenção de produtos e identificação dos desejos e expectativas dos clientes, em cada mercado específico (LEMOS, 2010), o que pode ser o notado pela descrição de Mowen e Minor (2003, p. 03) que indicam que “o comportamento do consumidor é definido como o estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisição, no consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e ideias”. Portanto, a intenção em se compreender o comportamento do consumidor, do ponto de vista teórico, ocorre por meio do desenvolvimento e explicitação de modelos analíticos, que objetivam retratar o mundo real em que estão presentes os processos de decisão de compra dos produtos e suas respectivas variáveis (ADAID-CASTRO, 2014). Diversos estudos são apresentados por esse autor, como forma de organizar as diferentes variáveis explicativas dos modelos analíticos do comportamento de compra do consumidor. Esses modelos começam a ser apresentados no século 19 em estudos de propaganda (SCRIPTURE, 1985) e até os dias atuais apresentam relevância, tendo em vista que apresentam fundamentos de áreas consolidadas como a Economia, Psicologia, Sociologia ou Antropologia. Adaid-Castro (2014, p. 10-11) apresenta um quadro que resume e esquematiza a evolução e sinaliza para as características das escolas que investigam o comportamento do consumidor, conforme descrito por Pinto e Lara (2007). 22 FATOS E DADOS 23 24 O termo “comportamento do consumidor” apareceu na área por volta do ano de 1962. Ainda assim, outras áreas empregaram variações, como, por exemplo, o estudo de hábito de consumo, que data de 1848. A popularização do estudo do consumo só se tornou mais Década Comentários Década de 1950 Nesta década, identificam-se três áreas de pesquisa: 1 - Determinantes psicológicos do comportamento do consumidor. 2 – Determinantes sociais do comportamento do consumidor. 3 – Tomada de decisão por parte do consumidor. 4 – Criação da divisão de Psicologia do consumidor na American Psychological Association (APA). Década de 1960 Muitos estudiosos de diferentes áreas começaram a focar esforços para a área de comportamento do consumidor. Linhas de pesquisas: 1 – Lealdade à marca de produtos de mercearias. 2 – Utilização do método de experimentos no campo do comportamento do consumidor. 3 – Teoria do risco percebido em comportamento do consumidor. 4 – Teorias compreensivas de comportamento de compra. Nessa década, foi criada a mais conhecida teoria do comportamento do consumidor que foi proposta por Howard e Sheth (1969). Década de 1970 Nos anos da década de 1970, houve a consolidação da ACR (Association for Consumer Research), que foi fundada em 1969. Também houve a organização do JCR (Journal of Consumer Research) em 1974. Novas linhas de pesquisas foram desenvolvidas: 1 – Comportamento de compra industrial. 2 – Estudo do comportamento de consumo de serviços públicos como cuidados da saúde, transporte, nutrição etc.3 – Comportamento de compra familiar. 4 – Relacionamento entre atitude e comportamento. 5 – Processamento de informação. SAIBA MAIS Para conhecer mais sobre a American Psycological Association (APA), acesse os seguintes sites: leia o QRCode a seguir e leia o QRCode a seguir . 25 https://www.apa.org/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Associa%C3%A7%C3%A3o_Americana_de_Psicologia evidente e popular a partir da edição dos primeiros livros sobre comportamento do consumidor, por volta da década de 1960, bem como pela implantação da disciplina em vários cursos de diversas universidades (ADAID-CASTRO, 2014). Como área de estudo do marketing e da Psicologia, o estudo do comportamento pode ser mais restrito do que o campo da Psicologia do consumidor, ainda que os livros que se intitulam “Psicologia do Consumidor”, como o de Gade (1980), tratem dos mesmos assuntos dos livros com o título de “Comportamento do Consumidor” (ADAID-CASTRO, 2014). Ressalta-se, entretanto, que nos últimos anos, o termo “comportamento do consumidor” tem sido mais empregado que “Psicologia do consumidor”. Assim, mesmo que o termo “comportamento do consumidor” faça referência, de maneira específica, ao comportamento em si, a própria definição é composta por características que transcendem o comportamento específico, como pode ser observado pela descrição de Hawkins, Mothersbaugh e Best (2007, p. 04): O campo do comportamento do consumidor envolve o estudo de indivíduos, grupos ou organizações e o processo que eles usam para selecionar, obter, usar e dispor de produtos, serviços, experiências ou ideias para satisfazer necessidades e o impacto que esses processos têm sobre o consumidor e a sociedade. Cabe destacar que o comportamento do consumidor encontra suas raízes na Psicologia Social. Nesse sentido, as teorias aplicadas no contexto de consumo são advindas ou governadas pela área de Psicologia Social (WÄNKE, 2009). Esse autor coloca que é função da Psicologia Social pesquisar o comportamento social e isso, comumente, relaciona-se ao estudo do comportamento de consumo ou do comportamento em um contexto de consumo. Portanto, estudar o comportamento de consumo é parte genuína da Psicologia Social, tendo em vista sua definição ser o “estudo científico da influência recíproca entre as pessoas e do processo cognitivo gerado por essa interação” (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONKY, 2015, p. 13). Conforme pode ser observado, o emprego do termo “comportamento do consumidor” é mais apropriado, já que o foco do marketing é compreender o consumidor para que este gere comportamento de compra e não somente intenção de compra. Entretanto, apesar de o foco do marketing ser comportamental e não atitudinal, Adaid-Castro (2014) observa que diversos estudos exibiram a relação entre atitudes e comportamento, assim sendo, entender as atitudes dos consumidores é parte essencial para gerar o comportamento de compra. Levando-se em consideração o interesse crescente pelo estudo do comportamento do consumidor, Lopes e Silva (2011) revisaram os principais modelos integrativos do comportamento do consumidor, de forma a possibilitar uma reflexão crítica, a partir dos fundamentos essenciais e de sua evolução. Para melhor compreender os modelos, decidi organizá-los de uma forma mais coerente. Essa organização será apresentada na sequência. Tendo em vista que o comportamento do consumidor visa a compreensão da reação dos 26 consumidores frente aos diferentes estímulos, tais como, produto, preço, praça, promoção, faz-se necessário entender os julgamentos que os consumidores realizam frente a objetos pessoas ou situações, isto é, é preciso conhecer suas atitudes e comportamentos. Atitudes, segundo Torres e Neiva (2011, p. 171), são definidas como “um processo geral de compreensão das coisas em termos de bom ou ruim, apropriado ou inapropriado conveniente ou inconveniente, que você assume uma ‘posição’ frente ao mundo que o cerca; essa ‘posição’ é chama de atitude”. A definição de Triandis (1991, p. 485) contempla o aspecto comportamental que define atitude como “estado de uma pessoa que a predispõe a uma resposta favorável ou desfavorável quanto a um objeto, pessoa ou ideia”. Allport (1935, p. 19), apresenta sua definição de atitude, podendo ser entendida como “um estado mental e neurológico de prontidão, organizado por meio da experiência, exercendo uma influência diretiva ou dinâmica sobre a resposta do indivíduo a todos os objetos e situações com que se relaciona”. Nesse sentido, Torres e Neiva (2011) frisam o caráter das implicações comportamentais da definição de Allport (1935) como um todo apto a reagir de uma certa maneira. De acordo com Ajzen e Fishbein (1997), as atitudes são um composto constituído de três partes: uma cognitiva, uma afetiva e outra comportamental. O componente cognitivo (conhecimento) representa as informações do sujeito sobre um objeto, ou seja, a consciência da existência do objeto, crenças a respeito das características do objeto e julgamentos relacionados à importância relativa a cada um desses atributos. O componente afetivo está atrelado aos sentimentos que se tem em relação ao objeto, como, por exemplo, quanto à polaridade desfavorável-favorável (bom-ruim, agradável-desagradável). Enquanto a preferência por determinado objeto, em detrimento de outros, reflete o fator afetivo. O componente comportamental, por fim, refere-se à ação, às intenções em relação ao objeto (adquiri-lo ou não, recomendá-lo ou não etc.) (ADAID-CASTRO et al., 2015). A partir da noção segundo a qual as atitudes influenciam a maneira como um indivíduo se porta frente a um objeto, pessoa ou situação, bem como quanto à forma como este se relaciona com eles, sendo que os indivíduos podem ter diferentes atitudes em relação a um mesmo objeto, pessoa ou situação (ADAID-CASTRO, 2014). Segundo esse autor, essa diferenciação possibilita a melhor compreensão dos indivíduos sob o ponto de vista psicológico, com vistas a tratá-los de forma mais adequada frente aos objetivos de marketing. Nesta seção iremos ver com detalhes os modelos do comportamento do consumidor. Modelo de Nicósia (1966) 27 O comportamento de compra é um dos diversos componentes de um complexo processo de decisão (LOPES; SILVA, 2011). Tal ênfase no processo decisório e não somente no ato de compra em si, apresenta-se como um dos grandes diferenciais propostos por Nicósia (1966), e uma das linhas mestras do modelo por ele proposto. Como pode ser visto na Figura 12, para Nicósia (1966), as decisões de um consumidor são oriundas de um processo que pode ser dividido em campos de atividade. Ao analisarem o modelo de Nicosia (1966), Lopes e Silva (2011) observam a preconização do comportamento de compra que apresentam como antecedentes a pesquisa e a avaliação de informações, ressaltando que estas são precedidas pela exposição a uma mensagem estabelecida pelo vendedor/fornecedor, isto é, trata-se de uma mensagem de cunho publicitário. Nessa primeira fase do processo, a mensagem que informa os atributos do produto (subcampo 1) combina-se com a informação antecedente que o consumidor já possui (subcampo 2), originando uma atitude. A atitude possibilita a etapa de investigação e avaliação das relações instrumentais, tais como: disponibilidade (de marcas, produtos, serviços, dentre outras) e expectativas (campo 2), o que resulta na motivação particular e situacional (decisão pelo produto, marca, fornecedor, entre outros), que culmina na realização (ou não) da aquisição (campo 3). Figura 12 - Modelo de Nicosia (1966) Fonte: Lopes e Silva (2011, p. 09). 28 Modelo de Howard e Sheth (1969) Como um dos mais discutidos e utilizados, o modelo de comportamento do consumidor de Howard e Sheth (1969) busca explicar o comportamento de compra, e, em especial, o processo de comparação entre diferentes produtos ou marcas, com base em três pressupostos: 1) a racionalidade do comportamento; 2) o caráter sistemático do processo de avaliação e decisão; e 3) a ocorrência de qualquer fenômeno externo que venhaa causar impacto no indivíduo, provocando o comportamento de compra. O modelo identifica quatro tipos de variáveis ou construtos relacionados no processo de comportamento do consumidor: 1) variáveis de entrada; 2) variáveis de saída; 3) construções hipotéticas; e 4) as variáveis exógenas, como apresentado na Figura 13. Modelo de Engel, Blackwell e Miniard (1986) Figura 13 - Modelo de Howard e Sheth(1969) Fonte: Lopes e Silva (2011, p. 11). 29 O modelo apresentado por Engel, Blackwell e Miniard (1986) desenvolve um quadro que objetiva organizar o conhecimento acerca do comportamento do consumidor. De acordo com Lopes e Silva (2011), o modelo destina atenção especial à aprendizagem, considerando que o comportamento de consumo acontece por meio de um processo com quatro componentes básicos: estímulos (entradas ou insumos), processamento de informação, processo decisório e variáveis ambientais (exógenos). Os estímulos movem os consumidores a buscar informações sobre o produto. Seguindo o processamento das informações coletadas (ou recebidas), o consumidor afere as alternativas e incorpora uma atitude em relação a elas. A atitude percebida, juntamente com as variáveis ambientais, determina a decisão de compra. O modelo esquemático proposto pelos autores está disposto na Figura 14. Modelo de Howard (1989) O modelo de comportamento do consumidor de Howard (1989) apresenta-se como uma reformulação do modelo de Howard e Sheth (1969), baseado em sete componentes ou variáveis correlacionadas: a informação (In), o reconhecimento (R), a atitude (A), a confiança (C), a intenção (I), a compra (P) e a satisfação pós-compra (S), como demonstrado na Figura 15. Figura 14 - Modelo de Engel, Blackwelle Miniard (1986) Fonte: Lopes e Silva (2011, p. 14). 30 De acordo com Lopes e Silva (2011), os componentes centrais da estrutura, reconhecimento, atitude em relação à marca e confiança constituem a imagem de percepção da marca e resultam no pleno conhecimento que o consumidor apresenta em respeito a certa marca ou produto. Esse modelo incorpora três possibilidades de decisão de compra em função de sua complexidade e da informação disponível para o consumidor: aquisição de produtos novos ou recentemente lançados no mercado, decisões de compras complexas e decisões de compras rotineiras. Figura 15 - Modelo de Howard (1989) Fonte: Lopes e Silva (2011, p. 17). SAIBA MAIS Para saber mais sobre os modelos integrativos do comportamento do consumidor, leia o artigo de Lopes e Silva (2011), que está disponível lendo o QRCode a seguir . 31 http://www.revistabrasileiramarketing.org/ojs-2.2.4/index.php/remark/article/view/2273/1909 http://www.revistabrasileiramarketing.org/ojs-2.2.4/index.php/remark/article/view/2273/1909 Fechamento O mercado atual se caracteriza por um ambiente marcado por elevada competitividade entre as empresas. Diante disso, faz-se necessário compreender a maneira como os consumidores se comportam, assim como buscar fazer a previsão de comportamentos futuros, ainda que de maneira parcial. Isso possibilitará à empresa que adotar essas práticas certa vantagem estratégica frente a outras organizações. 32 Pesquisa de Mercado Introdução Na área de marketing é comum a necessidade de insights para o auxílio no planejamento das ações futuras, bem como para avaliar o desempenho passado. Esse trabalho deve ser realizado por profissionais competentes que buscam informações adequadas, precisas e práticas relacionadas à sua marca, concorrentes e, sobretudo, os consumidores, auxiliando os processos de tomada de decisão em curto prazo e estratégicas de longo prazo. Desvendar a visão do consumidor e compreender a maneira como se relacionam com produtos e serviços possibilitam ao marketing construir estratégias que podem induzir ao lançamento de um produto bem-sucedido ou estimular o crescimento de uma marca. Diante disso, a pesquisa de Aula 03 VÍDEO Assista a vídeo a seguir: 33 mercado apresenta um papel fundamental. Nesta aula iremos tratar de todos esses aspectos. Vamos lá? Para que uma empresa de qualquer setor seja bem-sucedida em suas estratégias de marketing, é necessário conhecer os desejos e as necessidades de seus clientes, além de conseguir se adaptar às rotineiras mudanças que ocorrem no meio ambiente (FERREIRA; MARTINS, 2016). Para que isso seja plausível, os gestores precisam ter acesso a informações acerca do mercado em que a empresa está inserida, dos seus clientes potenciais, assim como de todos os fatores que afetam suas atividades. (LAS CASAS, 2009). A coleta de informações a respeito do mercado e do público de uma empresa pode ser realizada de diferentes formas. Uma delas é a realização de pesquisas. A pesquisa de mercado apresenta como função a identificação de certos aspectos relacionados aos potenciais consumidores de produtos ou serviços ofertados pelas empresas. Dentre esses aspectos relacionados aos clientes, encontram-se as preferências, hábitos e intenções de compra, o perfil demográfico e socioeconômico, benefícios procurados e prioridades de consumo (SEBRAE, 2018). Assim, os dados coletados pelas pesquisas cumprem o objetivo de descrever o perfil de determinado público-alvo e, consequentemente, embasar o processo de tomada de decisões frente a cada situação (CALLIYERIS; ROBLE; COSTA; SOUZA, 2015). Apresentada como uma ferramenta estratégica para os negócios, a pesquisa de mercado, realizada pelo marketing, objetiva conhecer e atender o mercado, por meio de seus produtos- chave, além de buscar as motivações e hábitos de compra dos consumidores, estratégias de concorrência e as tendências do ambiente (produtos, marcas, lugares, figuras públicas, consumidores e empresas) (FERREIRA; MARTINS, 2016). Como uma ferramenta que vislumbra o atingimento de uma vantagem competitiva, a pesquisa de mercado auxilia o processo de tomada de decisão a partir de um processo de coleta, sistematização, análise e interpretação de dados, que geram informações, que são utilizadas para desenvolverem as estratégias das organizações para atuação no mercado e perante seus consumidores. Por se tratar de um processo científico, as evidências de validade e confiabilidade são estabelecidas como requisitos fundamentais. Pode-se resumir a definição de pesquisa de mercado como a coleta de informações junto ao consumidor, concorrente ou fornecedor que visa orientar a tomada de decisões ou solucionar problemas de empresas, organizações, empresários e empreendedores. Também podemos considerar a definição apresentada pela Associação Nacional de Empresas de Pesquisa de Mercado (ANEP): 34 A coleta sistemática e o registro, classificação, análise e apresentação objetiva de dados sobre hábitos, comportamentos, atitudes, valores, necessidades, opiniões e motivações de indivíduos e organizações dentro do contexto de suas atividades econômicas, sociais, políticas e cotidianas. Quando bem realizada, com critérios e métodos bem definidos, a pesquisa de mercado oferece informações sólidas, que, adicionadas à experiência dos gestores, tornam o processo decisório mais rico e preciso. Ações como visitar a concorrência para verificar os pontos fortes e fracos (benchmarking), ouvir reclamações de clientes ou ainda observar como as pessoas caminham dentro de uma loja, são importantes fontes de informações, e que são, frequentemente, desprezadas por novos e antigos empresários (SEBRAE, 2018). A pesquisa mercadológica pode ser entendida como a coleta, registro e análise de todos os eventos que se referem aos problemas relacionados à transferência e venda de mercadorias e FATOS E DADOS A prática de levantamento de informações como atividade organizada para apoiar as decisões de marketing não é recente. Relatos mostram que seu início ocorreu na primeira década dos anos 1900, a partir da nomeação de Charles Collidge Parlin como gestor da Divisão de Pesquisa Comercial do Departamento de Propaganda, da Companhia Editora Curtis, em 1911, significando que a maioria dos trabalhos concretizados se referia aanálises do recenseamento e estatísticas sobre mercados potenciais (CALLIYERIS et al., 2015). Foi a partir da década de 1920 que os primeiros questionários e levantamentos foram projetados. Esse foi o momento em que os problemas na construção das perguntas e a influência exercida pelo pesquisador tornaram-se evidentes. Nos anos de 1930, a ênfase recaiu sobre os problemas de amostragem e representatividade, sendo que o fiasco da prévia eleitoral feita pelo Literary Digest, em 1936, representou a maior preocupação dos pesquisadores, no que se refere à definição de amostras bem realizadas. Durante e depois da Segunda Guerra Mundial, a pesquisa se ampliou rapidamente com crescimento exponencial nos anos seguintes (BOYD; WESTFALL, 1984). 35 serviços do produtor ao consumidor (BOYD; WESTFALL, 1984). Além disso, pode ainda ser compreendida como provedora de recursos para a tomada de decisões em empresas de todos os tamanhos, de todos os tipos e todos os setores (pequenas, grandes, indústrias, de serviços, de varejo, organizações políticas, sem fins lucrativos, entre outras), conforme observado por Malhotra (2001, p. 39). Para a Associação de Marketing Americana, American Marketing Association (2004), a pesquisa de mercado une o consumidor, o cliente e o público ao responsável por atividades de marketing no interior das organizações por intermédio de informações coletadas. Seu uso apresenta como objetivo identificar oportunidades de mercado, gerar e avaliar ações de marketing e monitorar o desempenho de marketing. Nesse contexto, é preciso considerar que as organizações estão cada vez mais dependentes de informações completas, haja vista as mudanças histórico-culturais das demandas dos consumidores, que demonstrem como seu consumidor potencial poderá reagir frente a outras ofertas no mercado (CALLIYERIS et al., 2015). De acordo com esses autores, a intensificação da concorrência faz as informações sejam buscadas pelas empresas como forma de verificarem se os instrumentos mercadológicos utilizados são eficientes, visando à percepção de um maior número de consumidores. Um fator relevante, e que trouxe acesso ilimitado a produtos e serviços do mundo todo, foi a globalização. Fato esse que implicou no aumento da demanda por informações sobre mercados maiores e mais distantes. Pode-se afirmar, portanto, que a pesquisa de mercado ajuda os profissionais de marketing a identificar e satisfazer as necessidades de seus clientes e não clientes, por meio de informações a respeito dos mesmos, dos concorrentes e outras forças que atuam no mercado (CALLIYERIS et al., 2015). Nesse cenário de busca incessante por informações, faz-se salutar compreender que, para cada necessidade, existe um tipo de pesquisa a ser aplicado. Em linhas gerais, caso a intenção seja explorar um problema ou uma situação para fornecer critérios e compreensão, aplica-se a pesquisa exploratória, cujo objetivo é encontrar ideias e novos dados. Caso se tenha a intenção de descrever algum fenômeno, notadamente características ou funções de mercado, utiliza-se a pesquisa descritiva. E, por fim, caso se pretenda obter evidências de relações entre causa e efeito, emprega-se a pesquisa causal (MALHOTRA, 2001) ou experimental. Seja qual for o tipo de pesquisa, é de extrema importância a objetividade e a precisão na “coleta, registro e análise” dos dados (BOYD; WESTFALL, 1984, p. 04). Os participantes da pesquisa, que refletem o público-alvo, devem ser cuidadosamente selecionados, para que os resultados possam ser extrapolados para todos os consumidores. Além disso, o instrumento de coleta das informações deve ser construído com rigor para ser capaz de revelar e traduzir as necessidades e anseios do público pesquisado. 36 Com o foco limitado na pesquisa descritiva, duas principais técnicas de coleta são apresentadas: o levantamento e a observação. O primeiro está baseado no interrogatório dos participantes, aos quais se fazem várias perguntas sobre seu comportamento, intenções, atitudes, percepções, motivações, e características demográficas e de estilo de vida. No segundo caso, a observação abrange o registro sistemático de padrões de comportamento dos indivíduos, objetos e eventos, com a finalidade de obter informações sobre o fenômeno de interesse (MALHOTRA, 2001, p. 193). Conhecidos como survey, os levantamentos apresentam atualmente grande destaque e popularidade entre os cientistas sociais, a ponto de muitas pessoas considerarem pesquisa e levantamento social a mesma coisa (GIL, 2007). Atualmente, no Brasil, dentre as técnicas de levantamento mais utilizadas encontram-se as entrevistas telefônicas e as entrevistas pessoais. Em menor número, tem-se as pesquisas pelo correio, sendo que as pesquisas por internet ou e-mail estão ganhando espaço rapidamente no mercado (CALLIYERIS et al.,2015). Já vimos vários autores trazendo conceitos sobre a pesquisa de mercado, suas características e importância. Mas, pode ser que você ainda esteja se perguntando por que realizar pesquisa de mercado. Conforme o guia do SEBRAE (2018), a pesquisa de mercado precisa ser realizada com objetivo de se apurar a validade e a viabilidade de uma hipótese ou responder a questões-chave do negócio. Assim, deve ser entendida como um meiopara a obtenção de informações e, consequentemente, dar respaldo a melhores decisões para as organizações. Faz-se necessário ter um problema que se queira resolver, seja ele vinculado ao consumidor, ao concorrente ou aos produtos e serviços fornecidos pela empresa, dentre outros. Nesse sentido, a empresa deve recorrer às pesquisas sempre que tiver que tomar decisões de marketing importantes, tais como: Expandir a área geográfica de atuação. SAIBA MAIS Para saber mais sobre a pesquisa de mercado, acesse um excelente material produzido pelo SEBRAE lendo o QRCode a seguir . 37 http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/pesquisa-de-mercado-o-que-e-e-para-que-serve,97589f857d545410VgnVCM1000003b74010aRCRD Entrar em novos segmentos de mercado ou canais de distribuição. Lançar ou aperfeiçoar produtos e serviços. Dimensionar a equipe de vendas. Credenciar revendedores ou distribuidores. Escolher um ponto comercial. Definir qualidade e variedade dos produtos e serviços a ser comercializados. Definir os meios de divulgação mais adequados. Ajustar preços. Posicionar produtos e marcas. Iniciar um novo negócio (deve fazer parte do plano de negócios). Além disso, deve ficar claro que as pesquisas de mercado são importantes para se conhecer e monitorar o mercado consumidor e concorrente, dimensionar a demanda, examinar a presença do público-alvo (clientes e prospects), avaliar resultados de ações de marketing, identificar e dimensionar problemas ou necessidades, observar tendências, avaliar a satisfação dos consumidores, testar produtos e estratégias antes do seu lançamento, analisar as práticas da concorrência (quantidade e agressividade), monitorar a dinâmica e o comportamento dos diferentes segmentos e nichos (SEBRAE, 2018). Diante de um mercado saturado e competitivo, as pesquisas de mercado tornam-se ainda mais relevantes. Soma-se a isso as mudanças no comportamento dos clientes, que se apresentam com mais intensidade e frequência, tornando mais complexo os processos ligados à tomada de decisão, por parte das organizações e de seus gestores. Outro aspecto peculiar a ser considerado refere-se à diferença entre a pesquisa de mercado e a aplicação de questionários ou realização de entrevistas (SEBRAE, 2018). Essas duas atividades são algumas das maneiras de obtenção de certas informações. No entanto, para tomar decisões acertadas, o gestor pode utilizar variados tipos de pesquisa. Além disso, pode usar técnicas como observação, que é uma técnica considerada de cunho científico. Cabe salientar, entretanto, conforme observam vários autores (LAS CASAS, 2009, 2012; KOTLER; KELLER, 2012), que a pesquisa de mercado, por si, não é capaz de avaliar a viabilidade de um negócio. Para tanto, faz-se necessária a utilizaçãode outros instrumentos, como, por exemplo, o plano de negócio, que apresenta análise de viabilidade, além de conter a pesquisa mercadológica. A pesquisa é insuficiente, tendo em vista que somente oferece 38 informações sobre o mercado, não contemplando informações atinentes ao modelo de negócios a ser implantado (SEBRAE, 2018). O SEBRAE (2018) ressalta, ainda, que não se deve realizar uma pesquisa de mercado se a empresa não está apta a utilizar seus resultados para aprimorar sua atuação no mercado, pois deter informações que não levam a decisões práticas podem ensejar perda de tempo e de dinheiro. 39 ATENÇÃO As pesquisas mais comuns e suas principais aplicações, conforme o SEBRAE (2018, p. 3-4): Potencial de consumo – utilizada para avaliar a demanda de produtos e serviços e encorar decisões de entrada em mercados desconhecidos. Satisfação do cliente – utilizada para identificar falhas e oportunidades de melhoria nos produtos e serviços, podendo ser realizada de maneira contínua ou esporádica. Participação de mercado (market share) – mensura a força da empresa e de seus concorrentes no mercado e, entre outras aplicações, é empregada para direcionar os esforços promocionais, a força de vendas e a propaganda. Preferência (share-of-mind) – utilizada em conjunto com a de participação de mercado, permite observar a elasticidade do mercado com relação a produtos e marcas, auxiliando a dimensionar os investimentos em comunicação. Lembrança (recall top-of-mind) – empregada para avaliar a eficiência da comunicação e a percepção de qualidade do produto. Mídia – utilizada para mensurar a participação e o perfil do público-alvo de um veículo de comunicação. Serve para escolher onde e quando anunciar. Comportamento do consumidor – empregada para desenvolver produtos e embasar campanhas publicitárias. Teste de novos produtos e serviços – usado para avaliar e ajustar produtos, reduzindo os riscos dos lançamentos. Escolha de ponto de venda – empregada para avaliar a melhor alternativa de local para a instalação de determinado negócio. Preço(venda ou compra) – utilizado para ajustar preços e o posicionamento de mercado, bem como para avaliar a viabilidade da entrada em novos mercados. 40 NA PRATICA Importante aspecto a ser considerado na realização de qualquer tipo de pesquisa de mercado, desde a mais simples até a mais complexa, está relacionado a evitar as falhas de todos os tipos, que podem englobar desde a escolha incorreta do método a ser empregado até a importância das informações adquiridas para o processo decisório (SEBRAE, 2018). A pesquisa de mercado pode ser dividida em sete etapas: 1. Definição do problema ou questões de pesquisa a. Objetivo – quais perguntas a pesquisa vai responder b. Público-alvo 2. Desenvolvimento do plano de pesquisa a. Qual método de pesquisa será usado b. Universo c. Amostra d. Cronograma 3. Questionário de pesquisa a. Elaboração e revisão das perguntas b. Definição da forma de aplicação (correio, telefone, entrevista pessoal, e- mail, distribuição) c. Teste em pequena escala 4. Aplicação da pesquisa a. Seleção e treinamento dos entrevistadores (quando usado) b. Coleta de dados junto ao mercado 5. Tabulação dos dados a. Organização dos dados em tabelas e gráficos b. Realização de cálculos (médias, medianas etce aproximações. 41 Acerca da classificação das pesquisas de mercado, podem-se ser encontradas: segundo a fonte dos dados, em secundários e primários; conforme o método, em qualitativas e quantitativas; e pela frequência de aplicação em contínuas e esporádicas (ad hoc) (SEBRAE, 2018). Segundo a fonte de dados, temos: pesquisas primárias – realizadas especificamente por uma empresa (ou pesquisador) com finalidades restritas a seu escopo; pesquisas secundárias – mais abrangentes, realizadas por setor de atividade econômica, geralmente pelo governo (IBGE, IPEA), Universidades ou por entidades de classe (SEBRAE). Conforme o método, tem-se: qualitativa, que é de natureza exploratória e possui menor ou nenhum rigor estatístico; quantitativa, que é em sua essência um processo de medição, por isso, segue critérios matemáticos bastante rígidos. 6. Avaliação dos resultados a. Análise quantitativa, qualitativa e comparativa dos resultados b. Realização do relatório de conclusão da pesquisa 7. Tomar as decisões de marketing Figura 17 – Etapas da pesquisa de mercado Fonte: elaborado pelo autor 42 Com relação à frequência tem-se: pesquisas contínuas, que monitoram continuamente indicadores de mercado; pesquisas ad hoc, utilizadas quando surgem questões específicas a responder; cíclicas, realizadas repetidas vezes a cada determinado período. Principais fontes de informações: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que disponibiliza, juntamente com o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), as mais importantes e abrangentes fontes de informações sobre o mercado brasileiro. São entidades estatais que realizam e disponibilizam uma grande gama de pesquisas qualitativas e quantitativas por amostragem e censo. Entre as mais importantes, destacam-se a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), realizada anualmente, e o CENSO brasileiro, feito a cada dez anos. Atualmente, o IBGE comercializa, a preços acessíveis, as informações resultantes do último censo brasileiro na forma de software para computadores, com a precisão de até 200 domicílios (unidade censitária) de todas as cidades brasileiras. SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados de São Paulo), que oferece uma ampla gama de informações sobre o estado de São Paulo. Fundações e institutos de pesquisa estaduais e municipais. Federações, associações, conselhos e qualquer outro tipo de organização setorial. Anuários, revistas e publicações setoriais especializados e promovidos pela iniciativa privada ou por entidades de classe. Pesquisas de potencial de consumo, participação e tendências de mercado, entre outras, comercializadas por empresas de pesquisa. Fechamento A pesquisa de mercado apresenta-se como uma ferramenta importante para a correta avaliação do mercado, dos consumidores, dos produtos e serviços e dos concorrentes. Sua utilização deve ser estimulada como forma de substituir a intuição ou feeling (SEBRAE, 2018). Sua importância está em auxiliar o processo decisório, sobretudo para questões relevantes 43 que envolvem: melhor percepção sobre os desejos e necessidades dos clientes, posicionamento dos concorrentes, estabelecimento de preço correto, escolha de formas de distribuição otimizadas e projeção de imagem adequada. 44 Posicionamento de Mercado Introdução O sucesso de uma empresa só acontece se seus produtos forem diferentes dos oferecidos por outras empresas no mercado. O processo de gestão estratégica da marca leva em consideração que cada oferta deve representar os tipos certos de associação na mente dos consumidores no mercado-alvo. Ainda que posicionar um novo produto ou serviço em um mercado bem estabelecido possa parecer difícil, não é algo impossível. Diante disso, as empresas, após definirem o mercado que irão atuar, o mercado-alvo, desenvolvem ofertas de mercados, e buscam estar posicionadas na mente dos clientes-alvo oferecendo produtos ou serviços que disponibilizam um ou mais benefícios essenciais. Nesta aula, o foco será o Aula 04 VÍDEO Assista a vídeo a seguir: 45 posicionamento, tendo por objetivo entender como uma empresa desenvolve e estabelece um posicionamento eficaz no mercado. Vamos à aula? Bons estudos! Posicionamento de Marca O termo marca é cada dia mais alvo de debates, seja nas organizações, na mídia ou ainda dentro das universidades, sobretudo naquelas que atuam com foco no marketing. A sobrevivência de uma marca, possivelmente, passa por uma boa comunicação com os clientes- alvo, associada à essência dos produtos e da organização que representa. Nesse sentido, o consumidor necessita identificar e relacionar aspectos específicosda marca (como, por exemplo, um tipo de letra, sinal, cor, ou até mesmo uma ideia), com uma empresa ou produto (DANTAS; MONTE, 2017). Para tanto, os profissionais necessitam criar uma identificação que represente o produto ou serviço. Para que isso ocorra, é necessário que os profissionais de criação busquem essas identificações que melhor se relacionam ao tipo de produto ao serviço comercializado pela empresa. A segmentação, a seleção do mercado-alvo e o posicionamento são a parte central de qualquer estratégia de marketing que se pretenda bem-sucedida (STP, sigla em inglês que representa a segmentation, targeting e positioning), conforme apresentam Kotler e Keller (2012). No entanto, cabe lembrar que a empresa identifica necessidades e grupos diversos no mercado, sendo que passa a buscar como alvo aqueles itens que conseguem realizar o melhor atendimento e, então, posiciona seus produtos e serviços de maneira que o mercado-alvo reconheça as ofertas e imagens diferenciadas da sua empresa. Posicionamento pode se referir à ação de projetar a oferta e a imagem da empresa para que ela ocupe um lugar distinto na mente do público-alvo, posicionando, então, a marca da mente dos consumidores a fim de aumentar a vantagem competitiva da empresa (KOTLER; KELLER, 2012). Para esses autores, o posicionamento eficaz da marca auxilia e orienta a estratégia de marketing, trazendo clareza sobre a essência da marca, além de possibilitar a identificação dos objetivos do consumidor, auxiliando-os em seu processo de tomada de decisão, acerca do produto ou serviço a ser adquirido. Kotler e Keller (2012, p. 294) observam que um posicionamento eficaz apresenta um pé no presente e um pé no futuro. De certa forma, esse posicionamento deve ser ambicioso para que a marca apresente espaço para crescer e se aprimorar. O posicionamento centrado na situação atual do mercado não é direcionado para o futuro de maneira suficiente. Contudo, ao mesmo 46 tempo, o posicionamento não pode se afastar tanto da realidade de modo que se torne improvável de atingir. Para os autores, o real segredo do posicionamento é alcançar o equilíbrio entre o que a marca é e o que ela poderia ser. O resultado do posicionamento é a concepção bem-sucedida de uma proposição de valor focada no cliente, ou seja, um motivo persuasivo pelo qual o mercado-alvo deve comprar determinado produto.O Quadro 2 mostra como três empresas — Perdue, Volvo e Domino’s — determinaram sua proposição de valor ao longo dos anos considerando os clientes-alvo, os benefícios e os preços visados. O posicionamento estabelece que os profissionais de marketing necessitam definir e comunicar as diferenças e semelhanças entre a marca que representam e a de seus concorrentes. De maneira específica, faz-se imperativo para decidir o posicionamento, conforme destacam Kotler e Keller (2012): (1) determinar uma estrutura de referência, que identifique o mercado- alvo e a concorrência relevante; (2) identificar as associações ideais com a marca no que se refere aos pontos de paridade e de diferença com base nessa estrutura de referência; e (3) criar um mantra para a marca que resuma seu posicionamento e sua essência. FATOS E DADOS Quadro 2 - Exemplos de proposta de valor Fonte: Kotler e Keller (2011, p. 294). 47 A Concorrência Uma maneira interessante para se definir uma estrutura de referência competitiva para o posicionamento da marca é delimitar as marcas pertencentes à categoria. Isso significa conhecer os produtos ou conjuntos de produtos com os quais a marca compete e que funcionam como seus substitutos próximos. Cabe ressaltar que o grupo dos concorrentes reais e potenciais pode ser maior do que o previamente identificado (KOTLER; KELLER, 2012). Para que uma marca acesse novos mercados, uma maior estrutura competitiva, ou quem sabe mais audaciosa, pode ser imprescindível para conjeturar possíveis futuros concorrentes. Para os autores, é maior a probabilidade de uma empresa ser prejudicada por concorrentes emergentes ou novas tecnologias do que por concorrentes preexistentes. Relacionado ao exame da concorrência, há duas maneiras de se analisar: pelo setor e pelo mercado. O setor pode ser definido como um grupo de empresas que oferecem um produto, ou classe de produtos que são substitutos próximos uns dos outros (KOTLER; KELLER, 2012). Os setores são classificados de acordo com o número de fornecedores; grau de diferenciação do produto; presença ou ausência de barreiras à entrada, mobilidade e saída; estrutura de custos; grau de integração vertical; e grau de globalização. Ao se utilizar a abordagem de mercado, a definição de concorrentes se refereàs empresas que satisfazem necessidades equivalentes dos clientes. O conceito de mercado alusivo à concorrência apresenta um conjunto maior de ATENÇÃO Outro aspecto que deve ser considerado relevante, na visão de Kotler e Keller (2012), refere-se à estrutura de referência competitiva, responsável por definir as marcas com as quais uma marca compete e, assim, quais delas devem ser foco de análise competitiva. Para esses autores, as decisões acerca da estrutura de referência competitiva estão profundamente ligadas às decisões sobre o mercado-alvo. A opção por um determinado tipo de consumidor pode determinar a natureza da concorrência, seja em razão das outras empresas já terem selecionado esse segmento como alvo (ou planejam fazê-lo no futuro), seja porque os consumidores nesse segmento já estão considerando determinados produtos ou marcas em suas decisões de compra. 48 concorrentes reais e potenciais do que a competição estabelecida somente no que diz respeito à categoria de produto. Nesse contexto, a análise SWOT auxilia o tomador de decisão a identificar tanto as forças e fraquezas internas, quanto conhecer as oportunidades e ameaças externas a que estão expostas as empresas, o que inclui uma análise competitiva (OLIVEIRA et al., 2018). Nesse sentido, uma empresa necessita coletar informações acerca dos pontos fortes e fracos reais e percebidos de cada concorrente. SAIBA MAIS Para saber mais sobre análise SWOT e suas aplicações, acesse o texto de Oliveira et al. (2018), que está disponível lendo o QRCode a seguir . 49 http://www.spell.org.br/documentos/ver/50222/analise-swot-e-visao-baseada-em-recursos-como-suporte-a-formulacao-do-planejamento-estrategico--um-estudo-no-mercadao-municipal-de-navirai-ms Após a identificação dos principais concorrentes e respectivas estratégias, Kotler e Keller (2012, 296-297) descrevem as perguntas que devem ser feitas por uma empresa: “O que cada concorrente busca no mercado? O que impulsiona o comportamento de cada concorrente? Muitos fatores definem os objetivos de um concorrente, como tamanho, histórico, gestão corrente e situação financeira. Se o concorrente for uma divisão de uma grande empresa, é importante saber se a empresa mãe a está administrando para fins de crescimento ou de lucro, ou se está apenas resgatando receitas”. NA PRATICA O Quadro 3 apresenta os resultados do levantamento realizado por uma empresa que pediu aos consumidores que classificassem seus três concorrentes A, B e C, em cinco atributos, conforme apresentado por Kotler e Koller (2012). A concorrente A se mostra conhecida e respeitada por ofertar produtos de alta qualidade que são vendidos por um corpo de vendedores eficiente. Porém, apresenta como deficiência a disponibilidade de produto e assistência técnica. A concorrente B resultou como boa em linhas gerais, e como excelente em disponibilidade de produtos e força de vendas. A concorrente C foi classificada como ruim a razoável na maioria dos atributos. Esse resultado mostrou que, em seu posicionamento, a empresa poderia atacar a concorrente A em disponibilidade de produto e assistência técnica, e a C em quase tudo, mas não deveria atacar a B, que não apresentava nenhuma fraqueza evidente. Então, vemos que como parte dessa análise competitiva relativa ao posicionamento, uma empresa também deve verificar as estratégias e metasde seus principais concorrentes (D’AVENI, 2002). Quadro 3 - Classificação de concorrentes pelos clientes com base em fatores críticos de sucesso Nota: E = Excelente, B = Bom, R = Razoável, D =Deficiente. Fonte: Kotler e Keller (2012, p. 296). 50 Por fim, os autores estabelecem que, com apoio dessas análises, os gestores devem definir de maneira formal a estrutura de referência competitiva como forma de orientar o posicionamento do negócio. Contudo, e preciso ter em vista que, em se tratando de mercados estáveis, com pouca mudança no curto prazo, torna-se simples definir um, dois ou os três principais concorrentes. No caso de categorias dinâmicas, em que pode existir ou surgir concorrência de diferentes maneiras, podem emergir múltiplas estruturas de referência. A partir do momento em que se estabelece a estrutura de referência competitiva para o posicionamento, por meio da definição do mercado-alvo e da natureza da concorrência, os gestores podem demarcar as associações apropriadas de pontos de diferença e pontos de paridade (KELLER; STERNTHAL; TYBOUT, 2002). Pontos de Diferença Os pontos de diferença podem ser definidos como atributos ou benefícios que os consumidores associam de maneira intensa a uma marca, além de realizar uma avaliação positiva e que leva à percepção de que a marca não pode ser equiparada por uma marca da concorrência (KOTLER; KELLER, 2012). Nesse sentido, as associações que estabeleçam pontos de diferença podem se basear em qualquer tipo de atributo ou benefício, sendo que as marcas consideradas fortes podem apresentar diversos pontos de diferença. Como exemplo, pode-se citar: Apple (design, facilidade de uso e atitude irreverente) e Nike (desempenho, tecnologia inovadora e espírito vencedor). Estabelecer associações fortes, favoráveis e singulares torna- se um desafio, mas é algo fundamental para que se alcance um posicionamento de marca competitivo. Kotler e Keller (2012) apresentam três critérios que determinam se uma associação da marca pode funcionar como um ponto de diferença — nível de desejo, capacidade de entrega e grau de diferenciação. Apresentaremos, a seguir, algumas das principais considerações, conforme demostrado por Kotler e Keller (2012, p. 298) quanto aos atributos da marca, que segundo os autores deve ser algo: Desejável para o consumidor. Os consumidores devem considerar a associação da marca como pessoalmente relevante. O hotel Westin Stamford, em Singapura, anunciou que era o hotel mais alto do mundo, entretanto, a altura de um hotel não é importante para a maioria dos turistas. Aos consumidores também deve ser dada uma razão convincente em que acreditar e uma lógica que justifique de modo compreensível o motivo da marca conseguir entregar o benefício desejado. O Chanel Nº 5 pode afirmar que é o perfume francês essencialmente elegante e sustentar essa afirmação observando a longa associação entre a Chanel e a alta 51 costura. As evidências concretas também podem assumir a forma de ingredientes patenteados, de marca, como o creme antirrugas da Nivea que contém a coenzima Q10 ou o condicionador de cabelo Herbal Essences com hawafena. Entregável pela empresa. A empresa deve ter os recursos internos e assumir o compromisso de criar e manter de modo viável e rentável a associação da marca na mente dos consumidores. O design do produto e a oferta de marketing devem sustentar a associação desejada. Comunicar essa associação exige mudanças reais no produto em si ou apenas mudanças de percepção na forma como o consumidor pensa no produto ou na marca? Criar a segunda alternativa costuma ser mais fácil. A General Motors teve que se esforçar para superar as percepções do público de que o Cadillac não é uma marca jovem ou moderna e, para isso, recorreu a projetos ousados e imagens contemporâneas. A associação de marca ideal é fácil de antecipar e defender, e difícil de atacar. De modo geral, é mais fácil para líderes de mercado como ADM, Visa e SAP sustentarem seu posicionamento, por ele estar baseado no desempenho demonstrável de um bem ou serviço, do que para líderes de mercado como Fendi, Prada e Hermès, cujo posicionamento se baseia na moda e, portanto, está sujeito aos caprichos de um mercado mais instável. Diferençável da concorrência. Por fim, os consumidores devem considerar a associação da marca como diferenciada e superior em comparação a concorrentes relevantes. O adoçante Splenda superou a Equal e a Sweet’N Low e assumiu a liderança de sua categoria em 2003, diferenciando-se com sua autenticidade como um produto derivado do açúcar, sem nenhuma das desvantagens associadas a ele. Todo e qualquer atributo ou benefício associado a um bem ou serviço pode funcionar como um ponto de diferença para uma marca, desde que seja satisfatoriamente desejável, entregável e diferençável (KOTLER; KELLER, 2012). Entretanto, a marca deve ser capaz de demonstrar superioridade em um atributo ou benefício, para que esse sirva como um ponto de diferença verdadeiro. Deve-se convencer os consumidores, por exemplo, de que a Louis Vuitton tem as bolsas mais elegantes, a Duracell é a pilha que mais dura, e a XP Investimentos oferece a melhor assessoria e o melhor planejamento financeiros do mercado. Pontos de Paridade Os pontos de paridade podem ser definidos como as associações de atributos ou benefícios que não são fundamentalmente exclusivas à marca. Porém podem, na verdade, ser compartilhadas com outras marcas (BRUNNER; WÄNKE, 2006). Esse tipo de associação admite duas formas principais: paridade de categoria e de concorrência. 52 Os pontos de paridade de categoria são atributos ou benefícios apresentados pelos consumidores como fundamentais para que um produto ou serviço seja digno e confiável no âmbito de uma determinada categoria de bens ou serviços (KOTLER; KELLER, 2012). Dito de outra maneira, representam as condições necessárias, mas, na maioria das vezes, não suficientes para a opção pela marca. Por exemplo, os consumidores não levarão em conta uma agência de viagens como tal, caso ela não faça reservas de passagem e hospedagem, recomende pacotes turísticos e ofereça variadas opções de pagamento. Os pontos de paridade de categoria podem definir as associações adequadas de pontos de diferença. E os pontos de paridade podem mudar ao longo do tempo, em razão dos avanços da tecnologia, modificações no sistema jurídico ou tendências de consumo. Contudo, compõem o campo em que se desenvolve o jogo de marketing (KELLER; STERNTHAL; TYBOUT, 2002). Os pontos de paridade de concorrência são definidos como associações com a finalidade de anular elementos de uma marca percebidos como pontos fracos (KOTLER; KELLER, 2012). Nesse caso, um ponto de paridade de concorrência implica tanto a (1) negação dos pontos de diferença percebidos dos concorrentes quanto a (2) negação de uma vulnerabilidade percebida da marca como resultado de seus próprios pontos de diferença, segundo sinalizam os autores. Esse ponto emerge quando os consumidores sentem que se uma marca é boa em algo (fácil de usar), não deve ser boa em algo mais (ter funcionalidades avançadas) (KOTLER; KELLER, 2012). Pode-se simular o posicionamento dos concorrentes como forma de identificar os pontos de diferença, que é uma maneira eficaz de revelar os principais pontos de paridade. Os pontos de diferença do concorrente vão, por seu turno, indicar os pontos de paridade da marca. Nesse caso, uma pesquisa com consumidores acerca de suas escolhas e decisões de compra também pode ser informativa. Pontos de Paridade Versus Pontos Diferença De acordo com que estabelecem Kotler e Keller (2012), para que a marca obtenha um ponto de paridade em certo atributo ou benefício, um número considerável de consumidores deve acreditar que ela é boa o suficiente nesse aspecto. Para os autores, há uma faixa de tolerância ou aceitação em relação aos pontos de paridade. Nesse sentido, a marca não carece ser vista como equivalente a suas concorrentes, contudo, os consumidores necessitam ter a sensação de que ela se sai
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