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UNIDADE IV Marketing de Varejo e de Serviços Dr. Thiago Gomes Nascimento Introdução Unidade 4 VÍDEO Assista a vídeo da unidade a seguir: 1 CENÁRIO PRÁTICO Prezado(a) estudante, como forma de analisar a natureza do serviço, recorre-se ao exemplo apresentado por Kotler e Keller (2012, p. 381) sobre o Cirque du Solei. Em seus 25 anos de história, o Cirque du Soleil (que significa “circo do Sol” em francês) fugiu continuamente do conceito convencional de circo. Nele, personagens tradicionais como trapezistas, palhaços, fisiculturistas e contorcionistas atuam em um cenário inusitado com trajes suntuosos, ao som de música New Age e cenografia espetacular. Além disso, eliminou outros elementos comumente vistos em um circo — não há animais. Cada produção está vagamente associada a um tema, como ‘um tributo à alma nômade’ (Varekai) ou ‘uma visão fantasmagórica da vida urbana’ (Saltimbanco). O grupo, que começou fazendo apresentações artísticas nas ruas de Quebec, se tornou um negócio global de meio bilhão de dólares, emprega três mil funcionários em quatro continentes para entreter milhões de espectadores anualmente. Parte de seu sucesso vem de uma cultura corporativa que incentiva a criatividade artística e a inovação, e protege cuidadosamente sua marca. Uma nova produção é criada a cada ano – sempre internamente –, e ela é única. Não há dois grupos apresentando o mesmo espetáculo. Além de um mix de mídia e promoção local, um extenso programa de envio de e-mails aos milhares de membros do Cirque Club cria uma comunidade de fãs — cerca de 20 a 30 por cento do total de venda de ingressos provêm dos associados ao clube. Gerando US$ 800 milhões em receita anual, a marca Cirque du Soleil se expandiu para abranger um selo de música, uma operação de varejo e produções permanentes em Las Vegas (cinco ao todo), Orlando, Tóquio e outras cidades. Diante disso, podemos perguntar: o marketing de serviços é diferente do marketing de produtos? Vamos tratar disso nesta Unidade. Vamos lá? Bons estudos! 2 Taxonomia dos Serviços Introdução A diferenciação de serviços é a alternativa das empresas frente às dificuldades em distinguir seus bens e serviços. É fato que diversas empresas alcançam níveis elevados de lucro a partir da prestação de serviços com um nível mais elevado, seja por meio de entregas pontuais e respostas mais acertadas e rápidas às consultas, seja por meio de resoluções mais ágeis às reclamações dos consumidores. As empresas que prestam esses serviços de alta qualidade conhecem bem os benefícios conseguidos. Sabem, ainda, como gerar experiências inesquecíveis aos consumidores. Aula 01 VÍDEO Assista a vídeo a seguir: 3 O objetivo desta aula é identificar como os serviços são definidos e classificados, e como se diferem dos bens físicos. Vamos à nossa aula? A Natureza dos Serviços De acordo com o Escritório Norte-americano de Estatísticas de Trabalho (U. S. Bureau of Labor Statistics), o setor de serviços apresenta-se como o principal criador de empregos na economia norte-americana, sendo responsável por abrir aproximadamente 14,6 milhões de postos de trabalho em 2018, ou seja, 96% do incremento total de empregos. Estima-se que o setor manufatureiro responda por 12,9% do total de empregos, ainda que tal índice seja menor do que os 17,3% alcançados em 1998, e do que os 14,2% em 2008, nos Estados Unidos. Tem-se visto que o setor de manufatura perdeu aproximadamente 5 milhões de empregos no período compreendido entre 1998 e 2018. Esses números e outros levam a um crescente interesse nas especificidades do marketing de serviços. Abrangência do Setor de Serviços O setor de serviços é bastante diversificado, como pode ser visto a partir da análise do setor governamental, como tribunais, agências de empregos, hospitais, órgãos de financiamento, serviços militares, departamentos de polícia, corpos de bombeiros, correios e escolas (KOTLER; KELLER, 2012). Compõem ainda esse setor as organizações sem fins lucrativos, como museus, instituições de caridade, igrejas, universidades, fundações e hospitais. Esses autores citam ainda setores das atividades empresariais, que incluem companhias aéreas, bancos, hotéis, seguradoras, escritórios de advocacia, consultorias em gestão, consultórios médicos, produtoras de cinema, empresas de manutenção e imobiliárias (KOTLER; KELLER, 2012). Assim, é importante salientar que diversos trabalhadores do setor de manufatura, que atuam como operadores de computador, contadores e assessores jurídicos, são essencialmente prestadores de serviços, na visão de Kotler e Keller (2012). Para esses autores, esses trabalhadores constituem-se em uma espécie de “fábrica de serviços” que oferece serviços à “fábrica de bens físicos”. Sendo que os que trabalham no setor de varejo, como caixas, 4 balconistas, vendedores e funcionários de atendimento ao cliente, fornecem também um serviço. Kotler e Keller (2012, p. 382) definem serviço como: Qualquer ato ou desempenho, essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer a outra e que não resulta na propriedade de nada. A execução de um serviço pode estar ou não ligada a um bem concreto. Cada vez mais, fabricantes, distribuidores e varejistas oferecem serviços de valor agregado ou simplesmente um excelente atendimento ao cliente em busca da diferenciação. Muitas prestadoras de serviços propriamente ditas usam a Internet para chegar aos clientes; algumas são inteiramente virtuais. O premiado site Monster.com oferece aconselhamento de carreira e recrutamento de pessoal pela Internet. Se executadas corretamente, melhorias ou inovações em serviço ao cliente podem ser bastante compensadoras. Categorias do mix de serviços O componente de serviço pode apresentado como uma parte secundária ou a principal da oferta total. Existem cinco categorias de oferta ao mercado, conforme observam Kotler e Keller (2012, p. 383): 5 Levando-se em consideração essa ampla gama, torna-se difícil generalizar os serviços sem uma distinção mais aprofundada. Esse fato pode ser comprovado a partir da caracterização dos serviços (KOTLER; KELLER, 2012, p. 383), que podem ser: Os serviços podem ser baseados em equipamentos(como, por exemplo, máquinas de vendas automáticas ou lava-rápidos de automóveis) ou baseados em pessoas(lavagem de janelas, serviços de advocatícios ou de contabilidade). Os serviços baseados em pessoas são divididos entre os que não requerem nenhuma qualificação, os que requerem alguma qualificação e os que exigem especialização. ATENÇÃO Bens puramente tangíveis– bens tangíveis, como sabonete, creme dental ou sal, sem que haja nenhum tipo de serviço associado a eles. Bens tangíveis associados a serviços –bens tangíveis, como carro, computador ou telefone celular, associados a um ou mais serviços. De modo geral, quanto mais tecnologicamente sofisticados forem esses bens, mais suas vendas dependerão de uma alta qualidade de serviços ao consumidor. Híbridos– ofertas, como uma refeição em um restaurante, que são igualmente compostas por bens e serviços. As pessoas frequentam restaurantes tanto pela comida servida quanto pelo serviço prestado por esses estabelecimentos. Serviço principal associado a bens ou serviços secundários– um serviço principal, como viagens aéreas, com serviços adicionais ou bens de apoio, como salgadinhos e bebidas. Esse serviço requer um bem de alto investimento de capital – uma aeronave –, mas o item principal é o serviço. Serviço puro– trata-se essencialmente de um serviço intangível, como o de babá, ou uma consulta de psicoterapia, ou uma sessão de massagem. 6 As empresas prestadoras de serviços podem escolher por distintos processospara fornecer o serviço. Os restaurantes, por exemplo, apresentam-se em formatos diversos: lanchonete, cafeteria, bufê, ambiente à luz de velas, dentre outros formatos. Certos serviços determinam a presença do cliente. Uma cirurgia ortopédica ou cerebral exige a presença do cliente. Entretanto, o conserto deum carro, não. Caso a presença do cliente seja indispensável, o prestador de serviços necessita levar em consideração suas necessidades. Por exemplo, os proprietários de salões de beleza investem em aspectos voltados à decoração e música ambiente, como forma de criar um ambiente mais acolhedor e descontraído, além de procurar manter conversas aprazíveis com a clientela. Os serviços podem atender a uma necessidade pessoal(serviços pessoais) ou uma necessidade empresarial(serviços empresariais). De maneira geral, os prestadores de serviços desenvolvem planos de marketing específicos para cada um desses mercados. Prestadores de serviços diferem em objetivo(com ou sem fins lucrativos) e em tipo de propriedade(privado ou público). A combinação dessas duas características produz quatro tipos diferentes de organização. Por exemplo, os planos de marketing de um hospital particular são bem diferentes dos de um hospital beneficente. Como observam Kotler e Keller (2012), quando se consideram os serviços, em alguns serviços, os consumidores ou clientes não conseguem julgar a qualidade técnica, mesmo depois de terem recebido o serviço. A Figura 1 relaciona diferentes bens e serviços de acordo com sua dificuldade de avaliação (ZEITHAML, 1981, p. 186-90). No lado esquerdo, estão presentes os produtos com alto nível de qualidadespesquisáveis, ou seja, características que podem ser avaliadas pelo consumidor antes mesmo dele efetuar a compra. No centro, estão listados os produtos que apresentam alto nível de qualidades experimentáveis, que representam características que podem ser avaliadas após a compra. E, por último, à direita aparecem os produtos com alto nível de qualidades credenciáveis, isto é, características que o consumidor acha difícil de avaliar mesmo depois do consumo (OSTROM; IACOBUCCI, 1995). 7 Kotler e Keller (2012) colocam que, devido às características dos serviços que normalmente apresentam um elevado nível de qualidades experimentáveis e credenciáveis, sua obtenção apresenta um maior índice de risco, com diversas consequências. Em primeiro lugar, a confiança dos consumidores em serviços costuma ser maior quando as informações são transmitidas boca a boca comparativamente às propagandas. Em segundo lugar, os consumidores ao aviarem a qualidade do serviço dão grande importância ao preço, ao atendente e aos fatores visíveis. Em terceiro lugar, eles são altamente fiéis aos prestadores de serviços que os satisfazem. Quarto, os consumidores se acomodam, em virtude dos custos variáveis envolvidos, o que torna difícil retirar um cliente do concorrente. Características distintivas dos serviços Ao discutirem as quatro principais características dos serviços, Kotler e Keller (2012) ressaltam como intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade afetam de maneira intensa a elaboração de programas de marketing, conforme mostram autores como Lovelock e Gummesson (2004) e Vargo e Lusch (2004). Intangibilidade – em direção oposta aos bens (produtos tangíveis), os serviços não podem ser vistos, provados, sentidos, ouvidos ou cheirados anteriormente à sua aquisição. Um indivíduo que se submete a uma cirurgia plástica não pode ver os resultados exatos antes que o procedimento seja realizado, assim como um paciente de psiquiatria não consegue saber o efeito específico do tratamento. Figura 3 - Avaliação para diferentes tipos de produto Fonte: Kotler e Keller (2012, p. 384) adaptado de Zeithaml (1981, p. 186-90) 8 Com o intuito de reduzir essa incerteza, os consumidores buscam por evidências da qualidade do serviço deduzindo a qualidade com base nas instalações, nas pessoas, nos equipamentos, no material de comunicação, nos símbolos e nos preços. Portanto, cabe ao prestador de serviços administrar as evidências para tangibilizar o que é intangível (BERRY, 1980; LEVITT, 1981). Os gestores e os profissionais que lidam com marketing de serviços necessitam ter a capacidade de transformar serviços intangíveis em benefícios concretos e em uma experiência bem definida (CARBONE; HAECKEL, 1994). O Quadro 1 apresenta uma avaliação de experiências de marcas em geral no que se refere às dimensões sensorial, afetiva, comportamental e intelectual. As aplicações aos serviços são claras. Veja os detalhes a seguir. NA PRATICA As empresas prestadoras de serviços podem tentar demonstrar a qualidade de seus serviços por meio de prova física e apresentação (BOOMS; BITNER, 1981, p. 47-51). Por exemplo, imagine que um banco queira se posicionar como rápido. Ele pode tornar tangível esse posicionamento estratégico usando diversas ferramentas de marketing: 1. Instalações–os corredores externos e internos devem estar sempre desimpedidos. A disposição dos caixas e o fluxo de pessoas devem ser planejados cuidadosamente. As filas não devem ser longas. 2. Pessoas–os funcionários devem estar ocupados, mas é preciso que haja um número suficiente de funcionários para administrar o volume de trabalho. 3. Equipamentos –computadores, copiadoras, mesas e caixas automáticos devem parecer, e ser, de última geração. 4. Material de comunicação– o material de comunicação, como textos e imagens, deve passar a ideia de eficiência e rapidez. 5. Símbolos–o nome e o símbolo do banco devem sugerir serviço rápido. 6. Preço–o banco pode anunciar que depositará um determinado valor na conta de qualquer cliente que ficar na fila por mais de cinco minutos. 9 Para Kotler e Keller (2012), é rotineiro os prestadores de serviços escolherem elementos de marca – logotipos, símbolos, personagens e slogans – para tornar tangíveis o serviço e seus principais benefícios. Inseparabilidade – enquanto os bens materiais são fabricados, estocados, distribuídos e, mais tarde, consumidos, de maneira geral, os serviços são produzidos e consumidos simultaneamente (KEH; PANG, 2010, p. 55-70). Nesse sentido, um corte de cabelo não pode ser armazenado nem produzido sem o cabeleireiro. O indivíduo responsável por prestar o serviço é parte dele. Uma vez que o cliente também está presente enquanto o serviço é executado, a interação do prestador de serviços com o cliente é uma propriedade especial do marketing de serviços. No caso de entretenimento e de serviços profissionais, os compradores estão muito interessados em um prestador de serviços específico. O show não será o mesmo se Anitta estiver indisposta e for substituída por Tati Quebra Barraco, ou se uma defesa judicial for desempenhada por um estagiário porque o advogado especialista não está disponível. Quando os clientes demonstram forte preferência por determinado prestador de serviços, o preço ofertado aumenta para racionar seu tempo limitado, conforme destacado por Kotler e Keller (2012). Existem variadas estratégias para superar as limitações da inseparabilidade, por exemplo, o prestador de serviços pode trabalhar com grupos maiores. Certos psicoterapeutas transformaram suas sessões de terapia individuais em sessões com pequenos grupos e, mais tarde, em sessões com grupos com mais de 300 pessoas reunidas em um grande salão de hotel. O prestador de serviços pode trabalhar mais rapidamente. Os psicoterapeutas, por exemplo, podem diminuir a duração de suas sessões de 50 minutos para 30 minutos, e assim atender mais pacientes. A organização de serviços pode treinar um número maior de atendentes e, desse modo, inspirar mais confiança nos clientes. Variabilidade – a grande variedade de serviços é relacionada a por quem, onde e quando os serviços são fornecidos. Os consumidores de serviços sabem da existência dessa variabilidade Quadro 1 - Dimensões de uma experiência demarca Fonte: Kotler e Keller (2012, p. 385) adaptadode Brakus, Schmitt e Zarantonello (2009, p. 52-68) 10 e comumente buscam informações com outros consumidores antes de se decidirem por um prestador, por exemplo, um médico que pode ser mais simpático do que outro em um atendimento. Para tranquilizar os clientes, algumas empresas de prestação de serviços oferecem garantias de serviçoque podem reduziras percepções de risco do consumidor. Veja, a seguir, três providências que as empresas de serviços podem tomar para garantir a qualidade. 1. Investir em bons processos de contratação e treinamento: recrutar os funcionários certos e oferecer-lhes um excelente treinamento são providências essenciais, seja qual for o nível de qualificação exigido. Os funcionários mais bem capacitados exibem seis características: competência, cortesia, credibilidade, confiabilidade, capacidade de resposta e comunicação. Considerando-se a natureza diversificada de sua base de clientes na Califórnia, a gigante do setor bancário e de hipotecas Wells Fargo busca e treina ativamente uma força de trabalho diversa. O cliente médio da Wells Fargo usa 5,2 produtos bancários, quase o dobro da média setorial, graças, em parte, ao trabalho em equipe de seus funcionários altamente motivados. 2. Padronizar o processo de execução do serviço em toda a organização: um mapa de serviçospode mapear o processo de serviço, os pontos de contato com o cliente e a evidência deserviço do ponto de vista do cliente. A Figura 4 mostra um mapa de serviços desenvolvidopara um hóspede que pernoita em um hotel. Nos bastidores, o hotel deve ajudar habilmenteos hóspedes a passar de uma etapa para a seguinte. Os mapas de serviços podemser úteis no desenvolvimento de novos serviços, apoiando uma cultura de zero defeitos eelaborando estratégias de recuperação de serviços. 3. Acompanhar a satisfação do cliente: utilize sistemas de sugestão e de reclamação, pesquisas com clientes e comparação com concorrentes. As necessidades dos clientes podem variar de acordo com a área, possibilitando às empresas o desenvolvimento de programas regionais de satisfação do cliente. As empresas também podem desenvolver bancos de dados e sistemas de informações do cliente para oferecer um serviço mais personalizado. 11 FATOS E DADOS Uma vez que os serviços constituem uma experiência subjetiva, as empresas desse setor também podem criar planos de comunicação e informações de marketing para que os consumidores saibam mais sobre a marca do que aquilo que recebem somente por meio de contato com os serviços. Perecibilidade: serviços não podem ser estocados. Por isso, sua perecibilidade pode ser um problema quando a demanda oscila. Por exemplo, por causa da demanda na hora do rush, as empresas de transporte público precisam ter um número bem maior de equipamentos do que se não houvesse oscilações na demanda durante o dia. Alguns médicos cobram dos pacientes uma taxa de não comparecimento a consultas, porque o valor do serviço (a disponibilidade do médico) existe somente no momento da consulta. O gerenciamento de demanda ou de produção é crucial – os serviços certos devem estar disponíveis aos clientes certos, nos lugares certos, na hora certa e ao preço certo, para maximizar a lucratividade. Existem várias estratégias para estabelecer Figura 4 - Mapa de um processo de serviços: passageiro que pernoita em um hotel Fonte: Kotler e Keller (2012, p. 386) 12 mais equilíbrio entre demanda e oferta de serviços (FRUCHTER; GERSTNER, 1999, p. 313-323; ZEITHAML, 1981, p. 186-190). Em relação à demanda, como apresentado por Kotler e Keler (2012, p. 387), é preciso observar os seguintes aspectos: Preços diferenciados são responsáveis por transferirem um pouco de demanda dos períodos de pico para os períodos de baixa demanda. Como exemplo, podem ser citados os descontos oferecidos nos ingressos de cinema para alguns dias da semana, ou os descontos no aluguel de carros no fim de semana. Períodos de baixa demanda podem ser aproveitados. O McDonald’s oferece serviço de café da manhã e hotéis promovem pacotes para o fim de semana. Serviços complementares podem ser oferecidas alternativas aos consumidores que estejam aguardando em uma fila, como bares em restaurantes e caixas eletrônicos em bancos. Sistemas de reserva são uma maneira de administrar o nível de demanda. Companhias aéreas, hotéis e consultórios médicos os utilizam muito esse sistema. Em relação à oferta: Funcionários que trabalham meio período podem ser contratados para atender ao pico da demanda. Universidades contratam professores para trabalhar meio período quando o número de matrículas cresce; lojas contratam vendedores extras no final do ano. Rotinas de eficiência para o horário de pico podem ser introduzidas para que os funcionários desempenhem apenas tarefas essenciais durante os períodos de pico; paramédicos auxiliam os médicos nos momentos de alta demanda. Maior participação do cliente libera o tempo dos prestadores de 13 Fechamento serviços. Os clientes preenchem suas fichas no consultório médico ou embalam suas compras no supermercado. Serviços compartilhados podem melhorar as ofertas. Vários hospitais podem compartilhar as compras de equipamentos médicos. Instalações visando à expansão futura podem ser um bom investimento. Um parque de diversões compra a área ao seu redor para expansão posterior. Como observado por Kotler e Keller (2012), diversas empresas aéreas, hotéis e resorts enviam e-mails para segmentos selecionados de sua base de clientes dando descontos por um curto período e oferecendo diversas promoções. Esses autores apresentam como exemplo os parques da Disney, que durante 40 anos fizeram as pessoas esperarem na fila, até que foi instituído o fastpass, que possibilita ao visitante reservar um lugar na fila e eliminar o período de espera. SAIBA MAIS Para saber mais sobre o conceito de serviço, acesse oartigo escrito por Dimária Silva e Meirelles que está disponível aqui: leia o QRCode a seguir . 14 http://ref.scielo.org/n5jjvc A caracterização de um serviço se refere a todo ato ou desempenho, eminentemente intangível, que uma parte pode oferecer à outra, e que não deriva na propriedade de nada. Ressalta-se que a execução de um serviço pode ou não estar ligada a um bem físico. Os serviços são caracterizados como intangíveis, inseparáveis, variáveis e perecíveis. Essas características ensejam desafios e estratégias por parte dos gestores e dos profissionais de marketing. Sendo que esses profissionais necessitam encontrar formas de tornar tangível o intangível, assim como devem buscar ampliar a produtividade dos prestadores de serviços; aprimorar e padronizar a qualidade do serviço fornecido; e ajustar o fornecimento de serviços durante períodos de pico e de baixa demanda do mercado. 15 Trade Off de Serviços Introdução Prezado(a) estudante, nas organizações de serviço, a procura por um melhor desempenho deve ser uma preocupação central e contínua. A literatura da área de marketing de serviços, que considera o projeto e administração de operações de serviços, expõe a existência de variados objetivos ou critérios para o direcionamento e avaliação de seu desempenho. Nesse sentido,os trade-offs são abordados enquanto incompatibilidades operacionais existentes entre diferentes critérios competitivos. Vamos à nossa aula? Aula 02 VÍDEO Assista a vídeo a seguir: 16 Operações em serviços A diferença de objetivos ou critérios de desempenho considerados por distintos autores da área de operações de serviços apresentada no Quadro 1 corrobora a necessidade de considerá-los sob multíplices perspectivas e de entender suas interrelações (TEIXEIRA; PAIVA, 2008). Quadro 2 - Objetivos/critérios de desempenho para operações de serviços Fonte: Torres Júnior e Miyake (2011, p. 163) Autores Corrêa e Gianesi Schmenner Fitzsimmons e Fitzsimmons Corrêa e Caon Johnston e Clark Objetivos ou critérios de desempenho Acesso Atendimento Competência Consistência Credibilidade Custo Flexibilidade Tangibilidade Velocidade Custo Produtividade Qualidade Rapidez Confiabilidade Conveniência Disponibilidade Personalização Preço Qualidade Rapidez Reputação Segurança Acesso Comunicação Conforto Consistência Competência Atendimento Custo Estética Flexibilidade Integridade Limpeza Qualidade dos bens Segurança VelocidadeConfiabilidade Desenvolvimento de novos serviços Disponibilidade Exclusividade Flexibilidade Preço Qualidade Variedade de serviços Velocidade do serviço 17 Ainda que exista a mensuração do desempenho para as organizações de serviços e extensa literatura sobre avaliação de desempenho na área de administração, ainda são escassos os estudos que descrevem as práticas operacionais utilizadas pelas organizações de serviço relacionadas a esse tema, conforme observam Johnston e Jones (2004) e Haktanir e Harris (2005). No momento em que pesquisadores e gestores tratam do desempenho de uma organização, critérios como produtividade, qualidade, eficiência e eficácia são comumente utilizados (TORRES JÚNIOR; MIYAKE, 2011). Esses autores sublinham que esses critérios não apresentam o rigor necessário, sendo tratados, em alguma medida, como análogos entre si. Em virtude da importância destes na concepção e implantação de sistemas de medição, determinados autores enfatizam a necessidade de se estabelecer entendimento mais adequado da natureza e utilidade das medidas de desempenho (JOHNSTON; JONES, 2004; LINNA et al., 2010), sobretudo nas organizações de serviços. De maneira semelhante ao conceito de qualidade, a produtividade apresenta diversas facetas que englobam diversas definições e interpretações de acordo com a perspectiva adotada em sua consideração (TORRES JÚNIOR; MIYAKE, 2011). Assim, ante às características como intangibilidade, simultaneidade, perecibilidade e heterogeneidade que distinguem os serviços em relação aos produtos, alguns autores defendem que no planejamento e gestão de processos de serviços é essencial considerar uma estreita relação da produtividade com a eficiência e eficácia (por exemplo, JOHNSTON; JONES, 2004; LINNA et al., 2010). Isso implica na admissão de um escopo mais abrangente ao se considerar a produtividade em serviços. Para Johnston e Jones (2004), produtividade engloba uma dimensão chamada de produtividade operacional, que está relacionada com a eficiência, e uma segunda chamada de produtividade do cliente, que influencia na satisfação e, assim sendo, na eficácia. Buscar eficiência e eficácia na gestão de operações produtivas pode ser considerado um desafio intricado, como observam Torres Júnior e Miyake (2011). Como forma de explicarem essa constatação, esses autores lançam mão da explicação fornecida por Chase, Jacobs e Aquilano (2006, p. 08), que ao descreverem o papel dos gestores de produção, ressaltam a dificuldade encontrada em diversas situações para conseguir conciliá-las: “Muitas vezes, maximizar a eficiência e a eficácia ao mesmo tempo cria conflito entre as duas metas. Vemos esse dilema todos os dias em nossas vidas”. Para esses autores, a administração inteligente gera níveis elevados de valor a partir da busca satisfatória dessas duas metas: eficiência e eficácia. No atual cenário de acirrada concorrência e de crescente aumento dos padrões exigidos pelo mercado, o aprimoramento do desempenho em termos do binômio eficiência-eficácia merece destaque, na medida em que os elevados resultados sob esses critérios permitem ampliar o 18 valor oferecido aos clientes e à organização, bem como aprimorar de maneira abrangente a produtividade em processos de serviço (TORRES JÚNIOR; MIYAKE, 2011). Em linhas gerais, salienta-se que a eficiência diz respeito ao consumo de recursos, indicando a intensidade com que as organizações consomem recursos produtivos em seus processos de serviços. Diante disso, empresas eficientes empregam bem os seus recursos, sendo que as empresas consideradas ineficientes acabam por consumir maior quantidade de recursos do que a necessária. Eficácia se refere à extensão segundo a qual os objetivos são atingidos (CORRÊA; CORRÊA, 2006). Ser eficaz oferecendo aos consumidores resultados de maneira satisfatória e operar de forma eficiente com custos compatíveis é um desafio essencial para as organizações de serviços. Torres Júnior e Miyake (2011), ao analisarem esses dois critérios de maneira conjunta, observam que podem acontecer quatro situações diferentes em uma dada organização: I. a organização é eficiente, mas não é eficaz; II. não é eficiente, mas é eficaz; III. não é eficiente, nem eficaz; e IV. é eficiente e eficaz. De acordo com esses autores, as pressões com o incremento da concorrência e maior poder de barganha dos consumidores fazem com que os gestores das empresas de serviços busquem atingir a situação IV (empresa é eficiente e eficaz). Entretanto, tal situação não é de fácil atingimento, tendo em vista que esses dois critérios podem ser opostos. Assim, partindo-se do pressuposto que a eficiência está ligada ao consumo de recursos, e a eficácia está ligada aos resultados obtidos pelo processo de serviço, é salutar observar que a eficiência leva à minimização dos recursos, enquanto os resultados que definem a eficácia dependem da disponibilidade de recursos para serem obtidos (TORRES JÚNIOR; MIYAKE, 2011). Esses autores ressaltam que o maior gasto de recursos produtivos pode prejudicar a eficiência em seu uso. Entretanto, pode aumentar a probabilidade de tornar o processo de serviço mais eficaz. Como forma de exemplificar tal situação, utilizam o setor da saúde, quando um médico indica um elevado número de exames para diagnosticar uma doença. Por um lado, o emprego de mais recursos produtivos, para certo cliente, pode ensejar na maior dedicação de atenção às necessidades do cliente, favorecendo a eficácia. Por outro lado, encarece-se o serviço. Assim sendo, obter eficiência e eficácia em organizações de serviço apresenta-se como um enorme desafio para os gestores, sendo importante abordar essa questão de maneira conceitual como 19 forma de desenvolver diretrizes apropriadas que balizem a busca de melhor desempenho sob esses dois critérios. Para Torres Júnior e Miyake (2011), as empresas de serviços apresentam maiores desafios na busca pelo aprimoramento da eficiência e da eficácia, sobretudo naquelas que processam pessoas e que necessitam dar maior ênfase a seus processos de linha de frente. Nessas empresas, o desempenho do serviço depende de maneira acentuada da atuação dos colaboradores, assim como do próprio cliente, já que seus processos se caracterizam pelo aumento da obrigação de interagir com clientes, de serviços que sejam mais customizados e mobilização de colaboradores com maior poder de discrição (TORRES JÚNIOR; MIYAKE, 2011). Por conta disto, o aprimoramento do desempenho em termos de eficiência e eficácia pode ser considerado de maneira mais complexa. Como medir o desempenho? A busca efetiva pelo melhor desempenho nas empresas depende da estruturação de um sistema de medição de desempenho (TORRES JÚNIOR; MIYAKE, 2011). Esse sistema pode ser entendido como um conjunto de pessoas, processos, métodos, ferramentas e indicadores estruturados para coletar, descrever e representar dados e, assim, gerar informações sobre determinadas dimensões de desempenho (SOBREIRA NETTO, 2006). Cabe ressaltar que um sistema de mensuração pode consumir um nível significativo de recursos, requerendo ações estratégicas e operacionais para sua gestão. 20 Para autores como Corrêa e Corrêa (2004), os sistemas de avaliação de desempenho fornecem os meios para a coleta de dados relativa ao desempenho, o que auxilia no processo de tomada de decisão, bem como instrumentalizam o ciclo de planejamento e controle das empresas. Servem, ainda, como forma de influenciar o comportamento das pessoas, tornando mais previsível que determinadas intenções estratégicas se tornem realidade. Torres Júnior e Miyake (2011) destacam que variadas propostas para a concepção de sistemas de medição são encontradas na literatura. Nesse sentido, Figueiredo (2003) descreveu nove ATENÇÃO Autores como Franco-Santos et al. (2007), ao revisarem a literatura da área, puderam identificar as principais características de um sistemade gestão de medição de desempenho. Para esses autores, um sistema de gestão de desempenho deve estar direcionado aos seguintes propósitos: Gestão estratégica: ajudar no planejamento, na formulação de estratégias e em sua implementação. Comunicação: ao medir certos itens, de maneira implícita, a empresa informa aos seus membros quais itens são importantes e induz-lhes para aumentar o desempenho, esforçando-se para atingir as metas estabelecidas. Motivação: as medidas utilizadas pela organização criam hábitos mentais que influenciam o comportamento dos funcionários. Controle: um sistema de mensuração permite suscitar feedbacks para assinalar a necessidade de encaminha ações apropriadas caso o processo não esteja atingindo a meta. Aprendizado e melhoria dos processos: as medidas de desempenho podem fornecer um meio importante de impulsionar a melhoria, já que sua vinculação a um sistema de recompensas e punições rotineiramente leva os indivíduos a melhorar seu desempenho. 21 importantes sistemas de medição de desempenho, conforme está apresentado na Tabela 2. 22 FATOS E DADOS 23 24 Sistemas de medição de desempenho Referência Características Performance Measure Questionnaire (PMQ) Dixon, Nanni e Vollmann (1990, apud FIGUEIREDO, 2003) Objetiva identificar as necessidades de melhoria das organizações. Avalia a efetividade do sistema de medição de desempenho segundo quatro aspectos. Strategic Measurement and Reporting Technique (SMART) Lynch e Cross (1991, apud FIGUEIREDO, 2003) Objetiva levar a visão da organização, traduzida em objetivos financeiros, aos sistemas de operação. Utiliza dois tipos de medidas: as que medem eficiência interna das atividades e departamentos e as que medem a efetividade externa em termos de mercado. Modelo Quantum de Medição de Desempenho (MQMD) Hronec (1994) Cria uma matriz associando todos os processos à estratégia da organização por meio de um conjunto de medidas de desempenho que abrangem três níveis: a organização, os processos e as pessoas. Sete Critérios de Desempenho (SCD) Sink e Tuttle (1993) Objetiva avaliar o desempenho global da organização por meio de todos os seus pontos-chave em relação a sete critérios de desempenho. Balanced Scorecard (BSC) Kaplan e Norton (1992; 1997) Objetiva medir o desempenho com medidas estratégicas, operacionais e financeiras. Busca prover respostas para quatro perguntas básicas: i) Como os consumidores nos veem?; ii) Em que devemos nos exceder?; iii) Como nós continuaremos a melhorar e a criar valor?; e iv) Como atendemos aos nossos acionistas? Integrated and Dynamic Performance Measurement System (IPMS) Bititci, Carrie e McDevitt (1997); Bititci, Turner e Begemann (2000) Busca viabilizar o desdobramento da visão e da estratégia por meio da estrutura hierárquica e promover a integração entre a unidade operacional, a supervisão, a média gerência e a alta direção. Integrated Ghalayini, Busca a integração das três principais áreas funcionais 25 Entendendo o trade-off O conceito de trade-off tem sido um dos mais celebrados na literatura nas últimas décadas (SKINNER, 1969; 1974). Habitualmente, refere-se à necessidade da organização de propor critérios competitivos para sustentar sua estratégia de negócios, ainda que alguns desses critérios possam ser “incompatíveis” operacionalmente (WHEELWRIGHT, 1984). De acordo com Skinner (1974, p. 115), “uma fábrica não pode ter um bom desempenho em cada critério”, devido a limitações de recursos. A opção por um critério pode tornar inviável o alto desempenho de outro critério. Nas palavras de Wheelwright (1984, p. 81) “é difícil (mas não impossível) e potencialmente perigoso para uma empresa tentar competir por um desempenho superior em todas estas dimensões simultaneamente”. Como forma de aprimorar and Dynamic Performance Measurement System (IDPMS) Noble e Crowe (1997) da empresa (gerência, equipes de melhoria e chão de fábrica). Enfoca a troca de informações e o feedback entre as áreas. Performance Prism (PP) Neely, Adams e Crowe (2001) Utiliza o prisma de desempenho para responder perguntas relacionadas à satisfação dos interessados, às estratégias, aos processos, às capacidades, e à contribuição dos interessados (stakeholders). Modelo de Excelência da Gestão (MEG) FNQ – Fundação Nacional da Qualidade (2008) Fornece uma visão abrangente de como otimizar o desempenho organizacional. É mais uma ferramenta de diagnóstico do que um sistema de medição. Reflete a experiência, o conhecimento e o trabalho de pesquisa de muitas organizações e especialistas no Brasil. Quadro 3 - Diferentes Sistemas de Medição de Desempenho Fonte: Teixeira e Paiva (2008, p. 168-169) A observação comparativa do Quadro 3 possibilita destacar que cada modelo de sistema de medição de desempenho está estruturado de acordo com as funções e perspectivas específicas que propõe oferecer ao gestor. Nesse sentido, Sobreira Netto (2006) aponta que a escolha e adoção de um modelo está sujeito ao discernimento do gestor ao identificar o modelo que agrupa as melhores características para atender as necessidades de sua empresa. Ainda que existam diferentes sistemas de medição do desempenho, conforme apresentado, Da Hora e Viera (2008) apontam que o Balanced Scorecard é o mais considerado atualmente, tanto para fins de estudos acadêmicos como para implementações práticas 26 o entendimento, a lógica dos trade-offs pode ser expressa por meio de uma função inversamente correlacionada entre duas variáveis. Isso significa dizer que o alto desempenho em uma variável provoca, de maneira automática, o desempenho mais baixo de outra. Essa relação traria implicações diretas para as decisões de estrutura e infraestrutura da área de operações, conforme citado anteriormente (TEIXEIRA; PAIVA, 2008). Assim, é apropriado ressaltar que os trade-offs se tornam importantes em razão das relações que existem entre os critérios competitivos e as decisões estruturais e táticas da área de operações. Nesse sentido, a escolha do critério competitivo é tão importante quanto o alinhamento dos recursos da empresa para garantir que ele seja praticável (TEIXEIRA; PAIVA, 2008). Cabe salientar, entretanto, que outro grupo de pesquisadores vem sugerindo um modelo alternativo para os trade-offs (TEIXEIRA; PAIVA, 2008). De acordo com esses autores, o modelo alternativo está baseado no modelo acumulativo de competências denominado de cone de areia. Esse modelo implica que os critérios competitivos estão relacionados entre si. Como resultado, o desempenho de um critério afetaria de maneira simultânea os demais, originando uma obtenção contínua de melhorias. Essas melhorias aumentariam o desempenho de diversos critérios e, por conseguinte, implicariam na inexistência dos trade-offs. Como descrito por Skinner (1969), os critérios de desempenho estão inter-relacionados e, em alguns casos, essas relações são de compromisso ou trade-off. Os indicadores, que compõem um sistema de medição, são utilizados pelas empresas como forma de monitorar certos critérios de desempenho. Os trade-offs existentes em cada operação atribuem restrições ao sistema produtivo, fazendo com que a operação abdique a um desempenho superior sob certos critérios para beneficiar o de outros (TORRES JÚNIOR; MIYAKE, 2011). Isso indica que as relações entre distintos critérios de desempenho podem ser complexas. Por isso, é essencial entender essas inter-relações, que podem ser dependentes da tecnologia aplicada nos recursos produtivos e das práticas gerenciais existentes. A natureza dos trade-offs não é estática, ou seja, as relações entre os critérios considerados podem ser alteradas de distintas maneiras. 27 De acordo com a Figura 6, os recursos da empresa e as competências desenvolvidas para sua utilização constituem a base cuja altura pode variar conforme a maneira de combinação de seus elementos e assim modificar os atributos (ou propriedades) operacionais dosistema representados pelo pivô que estabelece o patamar em que ocorre o trade-off (TORRES JÚNIOR; MIYAKE, 2011). ATENÇÃO Para explicar essas inter-relações, Torres Júnior e Miyake (2011, p. 170) apresentam a analogia realizada por Silveira e Slack (2001), do movimento de uma gangorra apoiada sobre um pivô e sua base. No modelo proposto pelos autores, o pivô e a base são formados por três tipos de elementos internos do sistema produtivo, conforme se segue: Recursos: fatores disponibilizados às operações que sejam pertencentes ou controlados pela organização, tais como tecnologias, metodologias e habilidades pessoais; Competências: são constituídas pelos processos, atividades ou funções que o sistema é capaz de desempenhar de modo distinto; Atributos: são propriedades que refletem o desempenho operacional que os recursos e competências existentes no sistema permitem alcançar e fornecem medidas para a avaliação das operações. Figura 6 - Papéis dos recursos, capacidades e atributos no modelode trade-off Fonte: Torres e Miyake (2011, p. 170) adaptado de Silveira e Slack (2001) 28 Esse modelo está destinado a representar os três modos de trade-off que podem ocorrer, quais sejam: i. o desempenho sob um dos critérios competitivos melhora, porém, isso afeta negativamente o desempenho sob o outro critério (exemplo: A melhora, mas B piora); ii. o desempenho sob um dos critérios competitivos melhora sem prejuízo do desempenho sob outro critério competitivo (exemplo: A melhora sem piorar B); iii. uma mudança no sistema possibilita a melhora do desempenho sob ambos os critérios competitivos – A e B – sem provocar uma mudança na posição relativa entre eles. Essa mudança pode ser obtida por meio de mudanças nos recursos (tecnologias, métodos e conhecimentos) e/ou mudanças nos processos, atividades ou funções desempenhadas no sistema considerado. As três situações apresentadas na Figura 7 sugerem que mesmo que haja trade-offs de desempenho entre alguns pares de critérios competitivos, é possível neutralizá-los ou ainda elevar conjuntamente o desempenho do par de critérios envolvido. Dessa maneira, uma empresa pode encontrar meios para superar a concorrência simultaneamente, segundo mais de um critério (TORRES JÚNIOR; MIYAKE, 2011). Figura 7 - Modos de trade-off Fonte: Torres e Miyake (2011, p. 170) adaptado de Silveira e Slack (2001) 29 Fechamento Definidos como as incompatibilidades operacionais existentes entre diferentes critérios competitivos, os trade-offs servem para mensurar o desempenho como forma de compatibilizar eficiência e eficácia. Nesse sentido, a obrigação da empresa em manter ou aumentar sua competividade dentro do sistema no qual está inserida faz com que os gestores adotem princípios básicos e fundamentais, entre os quais se destacam: organização, planejamento, execução, controle, liderança e direção. Alinhada a esses princípios, a logística torna-se um diferencial, principalmente, quando as empresas decidem utilizar o trade-off. SAIBA MAIS Para saber mais sobre trade-off, acesse a íntegra do artigo escrito por Teixeira e Paiva (2008) que está disponível aqui: leia o QRCode a seguir . 30 http://www.scielo.br/pdf/rac/v12n2/a08v12n2.pdf Decisões Estratégicas via Marketing Mix Introdução A área varejista necessita definir seu mercado-alvo, para tanto, faz-se necessária uma avaliação do seu perfil, com o objetivo de tomar decisões que levem em consideração o sortimento de produtos, decoração de loja, propaganda, mídia, preços e níveis de serviço. Diante dessa nova realidade do mercado varejista, esta aula objetiva examinar as decisões de marketing possíveis nas áreas do mercado-alvo, canais de distribuição, sortimento de produtos, procurement, preço, serviços e atmosfera da loja, atividades e experiências dentro da loja, comunicação e localização, conforme abordado por diversos autores. Aula 03 VÍDEO Assista a vídeo a seguir: 31 Vamos à nossa aula? Tomada de Decisão em Marketing As estratégias de marketing são muito importantes para as empresas em razão da necessidade de se conquistar mercado, obter lucros, estar na frente de seus concorrentes e manter seus produtos e serviços em alta (KOTLER; KELLER, 2012). Esses autores reconhecem que o composto de marketing teve origem na escola funcionalista do pensamento em marketing, a qual seria um conjunto de funções de marketing. Como forma de promover o emprego do conceito, diversos autores começaram a explicar o composto mercadológico a partir de uma lista de variáveis ou ferramentas, e das atividades relacionadas a elas. Nesse sentido, por um lado, o mix de marketing (composto mercadológico) não pode ser entendido como uma teoria de gestão que decorreu de uma análise científica. Por outro lado, representa uma estrutura conceitual em que se destacam as principais decisões que gerentes e executivos necessitam tomar ao configurar suas ofertas para atender às necessidades dos consumidores (OLIVEIRA; SILVA, 2016), sendo que esse conjunto de variáveis ou ferramentas podem ser usados tanto para estabelecer as estratégias de longo prazo quanto as de curto prazo (PALMER, 2006). Quando se propõe o desenvolvimento de estratégias de marketing , sejam a longo ou curto prazo, estas são empregadas para conseguir a satisfação, a necessidade e os desejos dos clientes e ajudar a empresa na aquisição de seus objetivos. Essas estratégias, já conhecidas, estudadas e definidas, referem-se aos 4 Ps de marketing (produto, preço, praça e promoção), sendo que cada um dos Ps apresenta uma capacidade de influenciar os consumidores, bem como do ponto de vista dos compradores, cada estratégia é conjecturada para proporcionar- lhes benefícios (KOTLER; KELLER, 2012). Decisão Estratégica São diversas as definições sobre estratégia, quase tão numerosas quanto a quantidade de autores que as abordam (OLIVEIRA; SILVA, 2016). Um dos autores mais importantes da área é Ansoff (1965), que define estratégia como um conjunto de regras de tomada de decisão em condições de desconhecimento parcial, ou seja, representam a relação entre a empresa e o seu ecossistema. 32 Pode-se, ainda, recorrer a definições de estratégia elaboradas por autores brasileiros, como, por exemplo, Maximiano (2000, p. 415): São decisões que se colocam em prática para atingir objetivos, sejam eles a recuperação de uma empresa em má situação, a manutenção de um bom desempenho, o alcance de um novo patamar de resultados, o crescimento ou a manutenção do mercado. Estratégia pode ainda ser definida como um conjunto de decisões coerentes, unificadoras e integradoras que determina e revela a vontade da empresa em termos de objetivos de longo prazo, programa de ações e prioridade na pretensão de recursos (HAX; MAJLUF, 1988). Oliveira e Silva (2016) observam que no campo organizacional, a estratégia tem sido utilizada de maneira implícita e de diferentes maneiras, nos últimos anos, mesmo que uma única definição tenha sido usada. Mintzberg et al. (2006) indicam que o reconhecimento das diversas abordagens sobre o conceito de estratégia pode auxiliar no desenvolvimento desse campo do conhecimento, que é muito complexo. Nesse cenário, empresas que utilizam as decisões conhecidas como “apostar na empresa”, originam-se, frequentemente, em mercados que mudam rapidamente, sendo a decisão estratégica (OLIVEIRA; SILVA, 2016). Entretanto, a capacidade de tomar decisões estratégicas céleres, com ampliado suporte e elevada qualidade em suportes frequentes, é a base fundamental da estratégia eficaz. FATOS E DADOS Uma decisão é estratégica quando tem implicações de longo prazo, não é revertida com facilidade, consome recursos elevados, afeta diversas áreas funcionais da empresa, tem potencial de modificar a posição competitiva do negócio e, em última análise, é capaz de afetar a viabilidade e os resultados futuros da organização. A definição das questões estratégicas, pelos seus efeitos sobre o negócio, é responsabilidade da cúpulada empresa. As decisões estratégicas estabelecem os objetivos e ações amplas que direcionam os objetivos e as decisões tático- operacionais, que dizem respeito aos níveis intermediário e operacional da organização (URDAN; URDAN, 2006, p. 25). 33 34 ATENÇÃO Para Mintzberg et al. (2006), há cinco estratégias que podem ser utilizadas pelas empresas: 1. Estratégia como plano: bastante comum, apresenta suas aplicações em campos como o da teoria dos jogos, campo militar, e na administração. Oferece duas características essenciais: são estabelecidas antes das ações, as quais vão se aplicar, ou seja, é realizado um plano de ação para a empresa agir em um determinado negócio, e é desenvolvida de forma consciente com o objetivo de alcançar e sustentar vantagem competitiva. 2. Estratégia como pretexto: apresentada como um pretexto, a estratégia é empregada como uma artimanha específica para ultrapassar seu concorrente. Nesse sentido, uma empresa pode ameaçar que vai expandir sua capacidade, com o objetivo de atrapalhar seu concorrente na decisão de construir uma nova fábrica. A real estratégia é a ameaça, e não a expansão de sua capacidade em si. 3. Estratégia como padrão: é a concretização da estratégia, já que elas podem ter planos de ações e pretextos. A definição da estratégia como plano não é suficiente. Faz-se necessário uma definição que una o comportamento resultante. Entretanto, aconselha-se uma terceira definição de estratégia, a estratégia como um padrão, nomeadamente um padrão em suas estratégias em um fluxo de ações. Essa estratégia se mostra consistente em um comportamento, quer tenha sido pretendida ou não. 4. Estratégia como posição: é designadamente a forma como a empresa se posiciona frente ao ambiente interno, assim como no ambiente externo. A definição de estratégia como posição é compatível com todas as anteriormente citadas. Ela pode ser pretendida por meio de um plano de ação ou de um pretexto, e, quiçá, deparada por um padrão de comportamento na estratégia como padrão. 5. Estratégia como perspectiva: de maneira diferente da anterior, o foco desta estratégia é o interior da empresa, referindo-se à mente dos estrategistas coletivos, porém, com uma visão mais extensa. Essa estratégia apresenta-se como uma forma mais precisa de se olhar o mundo, não consiste somente em uma posição escolhida. A perspectiva é compartilhada pelos membros de uma empresa, por suas intenções e/ou por seus comportamentos. 35 Decisão em Marketing Como vimos anteriormente, partindo-se da atual realidade do mercado varejista, as decisões de marketing são tomadas em relação às seguintes áreas: mercado-alvo, canais de distribuição, sortimento de produtos, procurement, preço, serviços e atmosfera da loja, atividades e experiências dentro da loja, comunicação e localização (KOTLER; KELLER, 2012). Veremos cada uma dessas áreas daqui em diante. Fique atento(a)! Mercado-alvo: o gestor do varejo não pode tomar decisões sólidas sobre sortimento de produtos, decoração de loja, propaganda, mídia, preços e níveis de serviço, até que o mercado- alvo seja definido e tenha seu perfil avaliado, conforme observam Kotler e Keller (2012). Esses autores observam que para atingir seus alvos com mais eficiência, os varejistas necessitam fatiar o mercado em segmentos cada vez mais finos e introduzir novas linhas de lojas para que assim possam explorar nichos de mercado com ofertas mais relevantes. Canais de Distribuição: a partir da análise de mercado-alvo e outras considerações já analisadas, os varejistas necessitam tomar a decisão acerca de quais canais de distribuição deverão empregar para atingir seus consumidores. Kotler e Keller (2012) destacam que a resposta mais evidente é a escolha de múltiplos canais. Nesse sentido, os canais devem ser projetados para operar de maneira eficaz em conjunto, por exemplo, utilizando internet, lojas e catálogos. SAIBA MAIS Para saber mais sobre a influência das estratégias de marketing nas decisões empresariais, leia o artigo de Oliveira e Silva (2016), que está aqui: leia o QRCode a seguir . 36 https://www.metodista.br/revistas/revistas-metodista/index.php/ReFAE/article/view/5688 Sortimento de produtos: o sortimento de produtos oferecido por um varejista deve estar diretamente relacionado às expectativas de compra do mercado-alvo, tanto em amplitude quanto em profundidade (KOTLER; KELLER, 2012). Nesse ponto, um restaurante pode oferecer um sortimento restrito e superficial (bufês com poucos pratos), um sortimento restrito e profundo (delicatéssen), um sortimento amplo e superficial (cafeterias), ou um sortimento amplo e profundo (grandes restaurantes), conforme observam os autores. Identificar o sortimento adequado de produtos pode ser notadamente difícil em setores de rápida movimentação como tecnologia ou moda. Procurement: após a decisão acerca da estratégia de sortimento de produtos, o gestor de varejo deve encontrar fontes de suprimentos e estabelecer critérios e práticas de compras (KOTLER; KELLER, 2012). Os autores apresentam como exemplo, na sede corporativa de uma rede de supermercados, os compradores especializados (determinadas vezes designados como gerentes de compras), que são responsáveis por desenvolver sortimentos de marcas e atender vendedores que desejam apresentar seus produtos. As empresas vêm aprimorando de maneira rápida a capacidade de prever demandas, selecionar mercadorias, controlar estoques, alocar espaço e expor os itens na loja. Preço: os preços constituem um fator-chave de posicionamento, e necessitam ser definidos em relação ao mercado-alvo, ao mix de sortimento de bens e serviços e à concorrência (SHANKAR; BOLTON, 2004). Sabe-se que os empresários esperam ter elevados giros e NA PRATICA De acordo com Kotler e Keller (2012), por meio de softwares de controle de estoque, cálculo dos lotes econômicos de pedidos, realizam-se encomendas e analisam-se as despesas com fornecedores e produtos. Diante disso, as redes de supermercados aproveitam as informações das leitoras de códigos de barras para administrar seu mix de produtos para cada loja. Outras vêm utilizando sistemas de identificação por radiofrequência (RFID, do inglês radio frequency identification) formados de etiquetas inteligentes – microchips conectados a minúsculas antenas de rádio – e leitoras eletrônicas. As etiquetas inteligentes podem ser embutidas nos produtos ou coladas nos rótulos e, quando a etiqueta se aproxima de uma leitora, ela transmite um número de identificação único para sua base de dados computadorizada. 37 elevados ganhos (altos volumes e altas margens brutas), entretanto, as duas coisas não caminham juntas. A grande parte dos varejistas se posiciona em um desses dois grupos: alto markup e baixo volume (lojas de artigos finos especiais) ou baixo markup e alto volume (lojas de venda em massa e lojas de descontos), como observam Kotler e Keller (2012). Serviços: os varejistas necessitam decidir qual mix de serviços oferecerão aos consumidores. Para tanto, empregam algumas estratégias, como indicam Kotler e Keller (2012): Serviços de pré-compra, que incluem a aceitação de pedidos por telefone e correio, propaganda, decoração de loja e de vitrines, provadores, horários de funcionamento, desfiles de moda e trocas. Serviços de pós-compra, que incluem despacho e entrega, embalagens para presente, ajustes e devoluções, alterações e customizações, instalações e gravação. Serviços auxiliares, que incluem balcões de informação, caixas eletrônicos, estacionamento, restaurantes, consertos, decoração de interiores, financiamento, NA PRATICA Na prática, a grande parte dos varejistas derruba o preço de alguns itens para estimular o movimento da loja, sendo que esses itens servem como chamariz e sinalizam suas políticas de preços (SHIN, 2005). Existem os varejistas que promovem liquidações gerais que envolvem todos os produtos da loja. Outros planejam liquidações das mercadorias que apresentam as menores saídas. Por exemplo,os varejistas do setor de calçados aguardam vender 50% de seus sapatos ao preço normal, 25% com markup de 40% e os 25% restantes a preço de custo. Conforme observaram Kotler e Keller (2012), determinados varejistas, como o Walmart, abandonaram a prática de liquidações. Nesse caso, preferem oferecer “preço baixo todo dia”. Essa estratégia, “preço baixo todo dia”, pode gerar custos menores de propaganda, maior estabilidade de preços, uma imagem mais sólida de honestidade e confiabilidade e maiores lucros no varejo. 38 banheiros e fraldário. Outro fator de diferenciação, colocado por Kotler e Keller (20012), refere-se à provisão de um atendimento ao consumidor infalivelmente confiável, que seja prestado por contato pessoal, por telefone ou por chat on-line. Atmosfera da loja: se apresenta como um importante elemento do arsenal das lojas. Nesse aspecto, o layout físico pode facilitar ou dificultar a movimentação de pessoas em seu interior (KOTLER; KELLER, 2012). Atividades e experiências na loja: a expansão do comércio eletrônico obrigou os varejistas tradicionais a reagirem. Nesse sentido, esses varejistas passaram a oferecer a experiência de compra como um diferencial competitivo, e não somente as estratégias ou vantagens naturais, como a disponibilização de produtos que os consumidores podem ver, tocar e provar, proporcionando atendimento pessoal ao consumidor e entrega imediata para compras pequenas ou médias. Para Kotler e Keller (2012), por um lado, a atmosfera da loja precisa corresponder às motivações básicas dos consumidores, assim, caso se apresentem suscetíveis a um estado de espírito funcional e orientado a tarefas, uma atmosfera de loja mais simples e contida é recomendável. Por outro lado, alguns revendedores de produtos cujo objetivo é a experiência buscaram o entretenimento no interior das lojas como forma de atrair consumidores em busca de diversão e animação. Comunicação: os varejistas buscam uma diversificada gama de ferramentas de comunicação para gerar tráfego e compras nas lojas. Entre as estratégias utilizadas, encontram-se: publicação de propagandas, realização de liquidações, distribuição de cupons de descontos, promoção de programas de fidelidade, oferecimento de degustação de alimentos nas lojas e anúncio de descontos nas prateleiras ou nos caixas, como observam Kotler e Keller (2012). NA PRÁTICA As lojas da MMARTAN são aromatizadas com uma sutil fragrância de bambu, e todo o ambiente da loja demonstra aconchego e proporciona uma experiência sensorial para seus consumidores. Isso torna a loja marcante. 39 Localização: Kotler e Keller (2012) observam que os varejistas costumam dizer que os três segredos do sucesso são “a localização, a localização e a localização”. Nesse sentido, as redes de lojas de departamentos, postos de gasolina e franquias de fastfood adotam grande cuidado ao escolher sua localização. O primeiro passo é escolher regiões convenientes para abrir as lojas, a partir disso, são selecionadas algumas localidades e, finalmente, é realizada a seleção de locais específicos. Conforme destacam os autores, os varejistas podem abrir lojas nas seguintes localizações: Áreas comerciais centrais: de maneira geral, são conhecidas apenas como “centro da cidade”. É a parte mais antiga e movimentada da cidade. Shopping centers regionais: grandes shopping centers localizados fora dos centros comerciais que abrigam de 40 a 200 lojas e normalmente contam com uma ou duas lojas- âncora, como C&A ou Renner, ou uma combinação de superlojas, como Zara, Lojas Americanas, Casas Bahia, Riachuelo, além de um grande número de lojas menores, muitas delas, franquias. Shopping centers de bairro: pequenos shopping centers com uma loja-âncora e de 20 a 40 lojas menores. Galerias: um grupo de lojas, comumente abrigadas em prédios baixos, que servem às necessidades da vizinhança quanto a gêneros alimentícios, ferragens, lavanderia e conserto de sapatos. Uma unidade dentro de uma loja maior: certos varejistas bem-sucedidos, como, por exemplo, McDonald’s, Starbucks, Dunkin’ Donuts, instalam pequenas unidades novas dentro de um espaço concedido por lojas maiores ou lugares como aeroportos, escolas e lojas de departamentos. NA PRÁTICA A rede de supermercados Carrefour constantemente anuncia promoções no interior da loja, comunicando-se diretamente com os clientes que estão fazendo compras. Uma das estratégias é chamar os consumidores para uma das seções, empregando um locutor, que anuncia uma grande promoção e somente os clientes que o acompanham terão direito à oferta. 40 Lojas independentes: certos varejistas, como Havan, evitam centros comerciais e shopping centers e instalam novas lojas em locais independentes nas ruas, como forma de evitar que haja uma conexão direta com outras lojas de varejo. Leva-se em consideração a relação entre movimento intenso e aluguel alto, então, os varejistas precisam decidir sobre os locais que apresentam maior vantagem para suas lojas utilizando a medição do tráfego de pessoas, levantamentos de hábitos de compra dos consumidores e análises da localização da concorrência. Fechamento Como foi observado a partir da leitura desta aula, a realidade do mercado varejista se modificou de forma considerável nos últimos anos. Nesse sentido, o surgimento de novas formas de varejo, associado à concorrência de formatos que se inter-relacionam, e fundamentada em lojas físicas contra o varejo sem loja, se expandiu. Assim, o crescimento de mega varejistas veio acompanhado por uma redução na quantidade de varejistas que atendem à camada média do mercado, o investimento em expansão tecnológica e global aumentou e o marketing de comprador dentro das lojas se priorizou. Diante disso, os varejistas necessitam organizar estratégias de marketing que incluam decisões sobre mercados-alvo, sortimento e compra de produtos, preços, serviços, atmosfera da loja, atividades e experiências na loja, comunicação e localização como forma de buscar uma vantagem competitiva frente a seus concorrentes. 41 Compreendendo Modelos de Comportamento para a Tomada de Decisão Introdução Caro(a) estudante, conforme já estudado nas aulas anteriores desta Unidade, o objetivo do marketing é atender e satisfazer as necessidades e os desejos dos consumidores-alvo de uma maneira mais apropriada do que a dos concorrentes. Em razão disso, os gestores das empresas, sobretudo da área de marketing, devem ter pleno entendimento de como os consumidores pensam, sentem e agem para ofertar um valor adequado a cada cliente-alvo. Nesta aula, o objetivo é aprender como o comportamento do consumidor é influenciado. Vamos à aula? Bons estudos! Aula 04 VÍDEO Assista a vídeo a seguir: 42 Comportamento do Consumidor e Fatores que o In�uenciam Estudar o comportamento do consumidor objetiva saber como os indivíduos, grupos e organizações selecionam, compram, usam e descartam bens, serviços, ideias ou experiências para satisfazer suas necessidades e desejos (SOLOMON, 2011). Os gestores, assim como os profissionais de marketing, precisam conhecer de maneira aprofundada o comportamento dos consumidores, tanto de maneira teórica quanto prática (KOTLER; KELLER, 2012). Para esses autores, o comportamento de compra do consumidor é influenciado por fatores culturais, sociais e pessoais, sendo que a maior influência está nos fatores culturais. No que se refere aos fatores culturais, a cultura, a subcultura e a classe social são especialmente importantes no comportamento de compra (KOTLER; KELLER, 2012), isso porque a cultura, que é o principal determinante dos desejos e do comportamento de uma pessoa, está sob influência de aspectos sociais, como a família e outras importantes instituições. Por exemplo, uma criança cresce exposta a valores como realização e sucesso, disposição, eficiência e praticidade, progresso, conforto material, individualismo, liberdade, bem-estar, humanitarismo e juventude (SCHIFFMAN; KANUK, 2010). Nesse caso, uma criança que cresce em outro paíspode ter uma visão diferente de si mesma, além da maneira como se relaciona com outras pessoas, ou dos rituais de seu país. Assim sendo, os gestores e profissionais de marketing devem observar de forma atenta os valores culturais de cada país para compreender qual é a melhor maneira de levar seus produtos ao mercado e encontrar oportunidades para desenvolver novas ofertas (KOTLER; KELLER, 2012). Diversas subculturas compõem uma cultura, sendo responsáveis pelo fornecimento de identificação e socialização dos seus membros, de maneira mais específica (KOTLER; KELLER, 2012). Conforme apontam esses autores, encontram-se as subculturas compreendem aspectos relacionados à nacionalidade, religiões, grupos raciais, e regiões geográficas. Ressaltam, ainda, que quando essas subculturas se tornam grandes e influentes, as empresas elaboram programas de marketing direcionados ao atendimento de suas necessidades e desejos. O reconhecimento de uma subcultura pode ser realizado ao se verificar a estratificação social. A maior parte das sociedades humanas apresenta divisões baseadas em classes sociais, separações homogêneas e duradouras de uma sociedade, que são hierarquicamente ordenadas e cujos integrantes possuem valores, interesses e comportamentos similares, como observam Kotler e Keller (2012). 43 Kotler e Keller (2012) observam que as classes sociais possuem preferências específicas por produtos e marcas em diferentes áreas, como, por exemplo, vestuário, móveis para o lar, atividades de lazer e automóveis. Além disso, a preferência se estende a outras áreas, como meios de comunicação. De acordo com esses autores, há uma seletividade, sendo que as classes mais altas dão preferência a revistas e livros, enquanto as mais baixas preferem a televisão. Quando se especifica o consumo de televisão, os consumidores de classes mais altas apresentam preferência por noticiários e filmes, enquanto os de classe mais baixa costumam assistir a reality shows e programas esportivos. Existem ainda diferenças na linguagem, textos e diálogos de propaganda que devem soar naturais à classe social destinada. O comportamento de compra do consumidor sofre influência de fatores sociais, que podem ser entendidos como grupos de referência, a própria família, bem como os papéis sociais e o status, para além dos fatores culturais (KOTLER; KELLER, 2012). FATOS E DADOS No Brasil, a representação clássica das classes sociais encontra cinco níveis de ascensão, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): 1. Classe social A: renda mensal de mais de 15 salários mínimos. 2. Classe social B: renda mensal de 5 a 15 salários mínimos. 3. Classe social C: renda mensal de 3 a 5 salários mínimos. 4. Classe social D: renda mensal de 1 a 3 salários mínimos. 5. Classe social E: renda de até 1 salário mínimo. 44 Conforme salientam Kotler e Keller (2012), os indivíduos sofrem influência de maneira significativa de três maneiras distintas por seus grupos de influência. De maneira específica, os grupos expõem as pessoas a novos comportamentos e estilos de vida, influenciam atitudes e autoimagem, além de realizar pressões por aceitação social, o que pode afetar as escolhas reais de produtos e marcas. Os indivíduos ainda se deixam influenciar por grupos aos quais nãopertencem. São os grupos chamados aspiracionais, que são definidos como aqueles que os indivíduos esperam pertencer um dia. Já os grupos denominados dissociativos são aqueles cujos valores ou comportamentos são rejeitados. Quando o grupo de referência é fortemente constituído, os gestores das empresas e os profissionais de marketing devem atingir e influenciar os líderes de opinião desses grupos. Para Kotler e Keller (2012, p. 65): o líder de opinião é uma pessoa que oferece conselhos ou informações de modo informal sobre um produto ou categoria de produtos específicos, dizendo por exemplo quais, dentre as muitas marcas disponíveis, são as melhores ou como um determinado produto deve ser usado. Líderes de opinião costumam ser altamente confiantes, socialmente ativos e usuários frequentes da categoria em questão. Portanto, cabe aos gestores e profissionais de marketing buscar atingir os líderes de opinião, a partir da identificação de características demográficas e psicográficas, além de utilizar meios de comunicação acessados por essas pessoas, direcionando mensagens específicas. SAIBA MAIS Os grupos de referência podem ser definidos como os que exercem influência direta ou indireta em relação às atitudes ou ao comportamento de um indivíduo. De acordo com Kotler e Keller (2012), os grupos que exercem influência direta são chamados grupos de afinidade. São exemplos desse grupo primário, a família, amigos, vizinhos e colegas de trabalho, com os quais as pessoas interagem de maneira contínua e informal. Há também os grupos secundários, como grupos religiosos e profissionais ou associações de classe, que são mais formais e exigem menor interação contínua. 45 ATENÇÃO A família é considerada a mais importante organização de compra de produtos de consumo na sociedade, sendo que seus membros constituem o grupo de referência primário mais influente (BURNS, 1992). Dois são os tipos de família relacionados aos consumidores. Primeiramente, temos a família de orientação, que engloba pais e irmãos. Sendo que os pais são responsáveis pela orientação religiosa, política e econômica, e são responsáveis ainda por uma quantidade de ambição pessoal, autoestima e amor. Mesmo que o consumidor não interaja frequentemente com seus pais, a influência deles sobre seu comportamento pode continuar sendo significativa ao longo da vida. No comportamento diário, um segundo tipo de família é chamado de família de procriação, que apresenta elevada influência sobre o comportamento de compra. Nesse caso, compõem-na o cônjuge e os filhos. De forma geral, a esposa atua como a principal agente de compras da família, sobretudo no que se refere à alimentação, artigos diversos e vestuário (KOTLER; KELLER, 2012). Ressalta-se que, com a mudança nos papéis desempenhado por homens e mulheres, os empresários devem considerar ambos como possíveis alvos. 46 FATOS E DADOS Na prática, diversos autores vêm atribuindo escolhas conjuntas de homens e mulheres quando o consumo se refere a produtos ou serviços específicos, como no caso de carros, férias ou imóveis. Entretanto, homens e mulheres podem responder de forma diferente a mensagens de marketing, sendo homens mais afetivos para compra de carros e mulheres mais racionais (ADAID-CASTRO et al., 2015). Outra interessante mudança ressaltada na literatura é a que envolve o consumo realizado por crianças e adolescentes, bem como quanto à influência direta e indireta que exercem (KOTLER; KELLER, 2012). Influência direta se refere às indicações, aos pedidos e às exigências das crianças, por exemplo, “eu quero ir ao McDonald’s”. Por influência indireta, pode-se entender que os pais conhecem as marcas, escolhas e preferências de seus filhos sem indicações ou pedidos diretos realizados por eles: “Eu acho que João e Maria gostariam de ir ao McDonald’s”. 47 Além dos fatores culturais, as decisões de compra dos consumidores são influenciadas por características pessoais, tais como: idade e estágio no ciclo de vida, ocupação e situações econômicas, traços de personalidade e autoimagem, estilo de vida e valores (KOTLER; KELLER, 2012). Levando em consideração que essas características influenciam diretamente o comportamento do consumidor, faz-se necessário que os gestores as conheçam bem. Vamos detalhar cada uma dessas características daqui em diante. Idade e estágio no ciclo de vida: no que se refere à alimentação, vestuário, móveis e lazer, o gosto está associado, de maneira geral, à idade (KOTLER; KELLER, 2012). Esses autores apontam que os padrões de consumo são constituídos e moldados a partir do ciclo de vida da família e com o número, a idade e o sexo de seus membros em qualquer ponto no tempo. Ressalta-se,ainda, a importância dos estágios de ciclo de vida psicológicos. Notadamente os adultos vivenciam certas passagens e transformações ao longo da vida (DU; KAMAKURA, 2006), ou seja, o comportamento se modifica quando há a experimentação dessas passagens. Um exemplo disso pode ser visto com a maternidade, a entrada na universidade, entre outros momentos que são marcantes nas vidas das pessoas. ATENÇÃO Papéis e status Como colocado por Kotler e Keller (2012), cada indivíduo faz parte de diversos grupos, como, por exemplo, família, clubes e organizações. Esses grupos são importantes por auxiliar os indivíduos a definir suas normas de comportamento, a partir de informações diversas. Para esses autores, a posição de uma pessoa em cada grupo pode ser definida em termos de papéis e status , sendo que o papel pode ser definido como as atividades que se espera que um indivíduo realize. Assim, cada papel, por sua vez, implica um status. Nesse ponto, o diretor de uma empresa pode parecer ter mais status que um gerente de vendas, e um gerente de vendas, mais status que um auxiliar de escritório. A decisão de compra dos indivíduos leva em consideração o seu papel e seu status real ou desejado, na sociedade. Por isso, os profissionais de marketing e gestores organizacionais necessitam ter consciência dos potenciais símbolos de status de cada produto ou marca. 48 Nesse sentido, o entendimento do comportamento de consumo deve, necessariamente, considerar os episódios atravessados pelos indivíduos, como o casamento, nascimento de filhos, doença, transferências, divórcio, mudançana carreira, aposentadoria, viuvez, pois esses períodos se associam ao surgimento de novas necessidades (KOTLER; KELLER, 2012). Ocupação e circunstâncias econômicas: Kotler e Keller (2012) explicam que a ocupação é responsável pela influência no padrão de consumo de um indivíduo. Segundo os autores, os gestores buscam identificar os grupos de ocupação que possuem interesses acima da média por seus produtos, que podem ser customizados para atender determinados grupos ocupacionais. Personalidade e autoimagem: cada indivíduo dispõe de traços de personalidade que influenciam o comportamento de compra. Esses traços são distintos e levam a reações coerentes e contínuas a um estímulo do ambiente (inclusive, o comportamento de compra). Para Kassarjian e Sheffet (1981), de forma geral, a personalidade é delineada em termos de características como autoconfiança, domínio, autonomia, submissão, sociabilidade, postura defensiva e capacidade de adaptação. No que se refere à escolha do cliente, a personalidade deve ser entendida como uma importante variável na definição das marcas. Ressalta-se, ainda, que as marcas apresentam uma personalidade própria, e os consumidores tendem a escolher aquelas cuja personalidade combine com a sua. Kotler e Keller (2012) chamam de personalidade de marcaa combinação específica de características dos indivíduos que podem ser atribuídas a uma marca em particular. 49 Estilo de vida e valores: nesse ponto, Kotler e Keller (2012) destacam que pessoas da mesma classe social, e que possuem a mesma ocupação e subcultura, podem ter estilos de vida bem diferentes. Assim sendo, a definição do estilo de vidapode ser entendida como o padrão de vida de um indivíduo expresso por atividades, interesses e opiniões. Para os autores, essas características representam a totalidade da pessoa que interage com seu ambiente. Os gestores, portanto, devem estabelecer ligações entre seus produtos e os grupos de estilo de vida. O exemplo apresentado pelos autores apresenta um fabricante de computadores, que tem a falsa impressão de que a maioria dos compradores de computador é uma pessoa empreendedora e, a partir desse julgamento, direciona a marca de maneira mais clara para o FATOS E DADOS A pesquisadora Jennifer Aaker (1997), da Universidade de Stanford, realizou uma pesquisa acerca das personalidades de marca e identificou cinco características, que estão apresentadas a seguir: 1. Sinceridade (realista, honesta, sensível e animada). 2. Entusiasmo (ousada, espirituosa, criativa e atualizada). 3. Competência (confiável, inteligente e bem-sucedida). 4. Sofisticação (rica e charmosa). 5. Robustez (espírito aventureiro e vigoroso). A partir desses achados, a referida autora analisou algumas marcas famosas e constatou que diversas apresentavam um traço mais forte de determinada característica: a Levi’s, “robustez”; a MTV, “entusiasmo”; a CNN, “competência”; e a Campbell’s, “sinceridade”. Isso significa que essas marcas atrairão consumidores cuja personalidade tenha traços fortes com as mesmas características. Cabe destacar que a personalidade de uma marca pode favorecer certos atributos, como, por exemplo, a juventude e rebeldia da Levi’s, a sofisticação e luxo da Louis Vuitton. 50 estilo de vida empreendedor. Eis um exemplo de uma das mais recentes tendências de estilo de vida em que as empresas têm se concentrado atualmente. Em parte, os estilos de vida são moldados por fatores como restrição monetária ou restrição de tempo dos consumidores. Empresas interessadas em atender consumidores com restrição monetária devem criar produtos de baixo custo. Ao atraí-los, o Walmart se tornou o maior varejista do mundo. Com seu slogan ‘preço baixo todo dia’, enxugou dezenas de bilhões de dólares da cadeia de suprimentos do varejo, repassando a maior parte dessa economia para os clientes na forma de descontos monumentais (KOTLER; KELLER, 2012, p. 171). Outro fator que merece destaque, na visão dos autores, está direcionado aos consumidores com restrição de tempo, que executam duas ou mais atividades concomitantes, que são conhecidos como multitarefas. Esses consumidores podem abrir mão de dinheiro, pois acreditam que o tempo é um fator mais importante. Assim, não é incomum que paguem outras pessoas para realizar algumas tarefas. Para esse público, as empresas devem criar bens e serviços convenientes. Por fim, as decisões de compra são igualmente influenciadas por valores centrais (KOTLER; KELLER, 2012). Valores podem ser entendidos como um conjunto de princípios ou crenças, que são socialmente compartilhados, hierarquicamente organizados, que transcendem normas específicas, mas que servem de guias para os comportamentos dos indivíduos. Os valores centrais encontram-se em um nível mais profundo do que o comportamento ou a atitude, e determinam, essencialmente, as escolhas e os desejos dos indivíduos a longo prazo. Para atrair esses consumidores-alvo, os empresários e os profissionais de marketing precisam que os valores atribuídos aos bens e serviços oferecidos sejam aderentes aos valores dos consumidores. Principais fatores psicológicos: no que se refere aos fatores psicológicos relacionados ao comportamento de consumo, pode-se buscar sua compreensão a partir do modelo de estímulo e resposta mostrado na Figura 10. Nesse aspecto, os estímulos ambientais e de marketing entram no consciente do comprador, e um conjunto de fatores psicológicos, combinado a certas características do consumidor, leva a processos de decisão e decisões de compra. Então, a tarefa do empresário é compreender o que se passa no consciente do comprador entre a chegada do estímulo externo e a decisão de compra. Quatro fatores psicológicos – motivação, percepção, aprendizagem e memória – influenciam a reação do consumidor aos diversos estímulos de marketing (LOKEN, 2006). 51 O modelo de cinco estágios para a decisão de compras Os processos psicológicos básicos examinados até aqui desempenham um papel relevante nas decisões de compra que os consumidores efetivamente tomam. O Quadro, baseada em Kotler e Keller (2012, p. 179) disponibiliza um questionário com as principais perguntas sobre comportamento de compra do consumidor, que devem ser feitas para saber: o que se refere a quem, o que, quando, onde, como e por que os consumidores compram. Figura 10 - Modelo do comportamento do consumidor Fonte: adaptado de (Loken, 2006) por Kotler e Keller
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