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Princípios e manejos de infecções odontogênicas Infecções odontogênicas Tem duas origens principais Periapical: em consequência de necrose pulpar e invasão bacteriana subsequente do tecido periapical (tipo mais comum). Periodontal: resultando de uma bolsa periodontal profunda, que possibilita a inoculação das bactérias nos tecidos subjacentes. A infecção mais comum é o abscesso vestibular, onde pode gerar uma fistula crônica que drena para a cavidade oral Processo infeccioso odontogênico Vias de propagação Continuidade: cárie – polpa – periápice – espaços faciais Sanguínea: venosa – trombose do seio cavernoso (via veia oftálmica inferior) e arterial – Bacteremia – endocardite Infecções odontogênicas Caract. Edema (inoculação) Celulite Abscesso Duração 0 a 3 dias 1 a 5 dias 4 a 10 dias Dor, bordas Média, difusa Difusa Localizada Tamanho Variável Grande Pequena Cor Normal Vermelho Centro brilhante Consistência Gelatinosa Pastosa a endurecida Flutuante/ Centro amolecido Progressão Crescente Crescente Decrescente Presença de pus e gravidade (grau) Não; Baixa Não: alta Sim; muito baixa Bactérias Aeróbicas Mista/ mais aeróbicas Anaeróbicas Após a inoculação inicial dos tecidos mais profundos, os microorganismos mais invasivos e de maior virulência (Streptococcus spp. Aeróbicos) dão início ao processo infeccioso do tipo celulite. Posteriormente, as bactérias anaeróbicas crescem e tornam-se mais proeminentes. À medida que a infecção atinge uma fase mais crônica instala-se o estágio de abscesso, as bactérias anaeróbicas irão predominar e, eventualmente, vão se tornar os únicos microrganismos causadores do processo infeccioso. Espaços Faciais Características Limitados por fáscias musculares Virtuais Preenchidos por gordura e tecido conjuntivo frouxo Pouco vascularizados Fácil propagação Tratamento mais complexo Espaços faciais primários Maxila: bucal, canino e infratemporal Mandíbula: bucal, espaços perimandibulares (submentual, submandibular e sublingual) Espaços faciais secundários Mastigador: temporal superficial, temporal profundo, submassetérico e pterigomandibular Infecções dos espaços faciais profundos associados a qualquer dente Vestibular Bucal Subcutâneo Infecções dos espaços fasciais profundos associados aos dentes superiores Infraorbitário (relacionado ao canino superior; esmaecimento do sulco nasolabial; drenagem espontânea para o canto medial ou lateral do olho) Espaço canino/infraorbitário (localizado entre o m. elevador do ângulo da boca e o lábio superior; causa aumento do volume na região anterior da face, apagando o sulco nasolabial) Bucal (relacionado aos dentes posteriores; aumento de volume abaixo do arco zigomático e acima do bordo inferior da mandíbula) Infratemporal (relacionado ao 3º molar; raramente infectado, e geralmente a causa é o 3º molar superior; infecção entre o m. pterigoideo lateral e m. temporal; é limitado medialmente pela lamina do processo pterigoideo e superiormente pela base do crânio) Seios maxilares e outros seios paranasais (a infecção pode perdurar o assoalho do seio maxilar, gerando sinusites; pode causar infecções orbitárias e periobitárias secundarias, apresentando tipicamente eritema, edema das pálpebras, envolvimento de componentes vasculares e neurais da órbita) Trombose do seio cavernoso (relacionado com a perfuração da veia infraorbitária, espaço infraorbitário, ou veia inferior, através dos seios) Processo infecioso odontogênico Dente Cortical Músculo Relação Local IC Vestibular Orbicular da boca Abaixo Vestíbulo IL Vest./Palat. Orbicular da boca/- Abaixo/- Vestíbulo/ Palato Canino Vestibular Elevador do ângulo da boca Abaixo e Acima Vestíbulo/ Espaço canino Pré- mol. Vestibular Bucinador Abaixo Vestíbulo Molares Vest./Palat. Bucinador/- Abaixo/ Acima Espaço bucal/ Palato Infecções dos espaços fasciais profundos associados aos dentes inferiores Espaço do corpo da mandíbula (A infecção perfura a cortical vestibular, mas não perfura o periósteo; clinicamente, resulta em um aumento de volume que assume a mesma forma da mandíbula) Submandibular (Envolvimento com a perfuração lingual da infecção a partir de molares inferiores; a infecção penetra abaixo da linha milohioidea; aumento de volume similar a um triangulo invertido) Sublingual (Envolvimento com a perfuração lingual da infecção a partir de molares inferiores; a infecção penetra acima da linha milohioidea; clinicamente, há pouco ou nenhum aumento extraoral, porém, há grande aumento intraoral do assoalho bucal) Submentoniamo (Relacionado com infecção de incisivos inferiores; mais comum ocorrer da disseminação de uma infecção do espaço submandibular) Submassetérico (Envolvido, geralmente, pela disseminação do espaço bucal ou dos tecidos moles adjacentes ao 3ºmolar, pericoronarite, e fratura de ângulo de mandíbula; clinicamente, ocorre aumento de volume extraoral, músculo masseter também fica edemaciado, trismo) Pterigomandibular (Relacionado com infecção no 3ºmola; clinicamente, ocorre pouco ou nenhum aumento de volume facial, contudo, quase sempre apresenta trismo, há edema e eritema no pilar tonsilar; na TC, a coleção purulenta está entre o m. pterigoideo medial e a mandíbula; via aérea pode ser comprometida e desviada pelo edema) Temporal superficial Temporal profundo Espaços mandibulares Espaço bucal Extensão de uma infecção dos dentes inferiores Aumenta o volume de bochecha Espaço sublingual Comumente causada por infecções de molares inferiores, quando a raiz fica acima da linha milo-hiódea O espaço fica entre o soalho da boca o m. hilo-hióideo Espaço submandibular Abaixo do m. hilo-hióideo Mais comum em 3º molar inferior Raiz do dente abaixo da linha milo- hiódea Espaço submentual Ao lado do espaço submandibular (ambos os lados) O espaço fica entre a borda inferior da mandíbula e osso hioíde OBS: Quando há envolvimento bilateral dos espaços submandibular, sublingual e submentual na forma de celulite de evolução rápida, caracteriza-se a Angina de Ludwig. Espaço Causas prováveis Espaços vizinhos Abordagem para incisão e drenagem Bucal Pré- molares sup. e inferior, e molares sup. Infraorbital, pterigomandibular e infratemporal Intraoral (pequeno) extraoral (extensa) Temporal profundo e infratemporal Molares superiores Bucal, temporal superficial e seio petroso inferior Intraoral e extraoral Sublingual Pré- molares e molares inf. E trauma direto Submandibular, faríngeo lateral e visceral Intraoral e extraoral Submandibular Molares inferiores Sublingual, submentoniano, faríngeo lateral e bucal Extraoral Submentual Anteriores inferiores e fratura de sínfise Submandibular Extraoral Infecções odontogênicas complexas Infecção de espaços faciais Seio maxilar Trombose do seio cavernoso Celulite periorbital Escore de severidade das infecções dos espaços fasciais, esse escore é dado baseado nos espaços envolvidos pela celulite ou abscesso, avaliando-se os exames clínicos e radiografias Escore de severidade Espaço anatômico Severidade 1: baixo risco para as vias aéreas ou estruturas vitais Vestibular, subperiosteal, espaço do corpo da mandíbula, infra-orbital, bucal Severidade 2: risco moderado para as vias áreas ou estruturas Submandibular, sublingual, submentual, pterigomandibular, submassetérico, temporal superficial, temporal profundo (infratemporal) Severidade 3: alto risco para as vias aéreasou estruturas vitais Faríngeo lateral, retrofaríngeo, pré-traqueal Severidade 4: extremo risco para as vias áreas ou estruturas Espaço perigoso, mediastino, infecção intracraniana Princípios de tratamento das infecções odontogênicas Determinar a severidade da infecção Nos primeiros minutos: Anamnese cuidadosa Exame físico curto e abrangente Determinar a localização anatômica Determinar a taxa de progressão da infecção Exames clínico e físico Avaliar sinais e sintomas: edema, dor, trismo e comprometimento das vias aéreas 3 fatores principais devem ser considerados Localização anatômica Taxa de progressão Comprometimento das vias aéreas Taxas de progressão Exames clínicos e físicos Avaliar sinais e sintomas (edema, dor, trismo e comprometimento das vias aéreas) Comprometimento das vias aéreas Causa mais comum dos óbitos relatados por infecção odontogênicas é a obstrução das vias aéreas Tentativas de entubação endotraqueal devem ser feitas, com abordagem cirúrgica direta Cricotiroidotomia: manobra de emergência. Entre 24 e 72 horas deve ser convertida em traqueostomia. Traqueostomia: é um procedimento cirúrgico frequentemente realizado em pacientes necessitando de ventilação mecânica prolongada. A incisão é feita entre o 2° e 3° anel traqueal. O objetivo é não prejudicar as cordas vocais do paciente ao passar o tubo de ar. Avaliação das defesas do hospedeiro Comprometimento do sistema imune Fatores associados como diabetes, terapia com esteróides, transplantes de órgão, malignidade, quimioterapia, doença renal crônica, subnutrição, alcoolismo, AIDS em estágio terminal Decidir sobre o ambiente de tratamento Avaliação clínica Temperatura > 38,3°C Desidratação Ameaça as vias respiratórias Infecção de espaços anatômicos com severidade moderada a alta Necessidade de anestesia geral Necessidade de controle hospitalar de doenças sistêmicas. Tratar cirurgicamente Manutenção das vias aéreas: Quando ir para a sala de operação? Para estabelecer a manutenção das vias aéreas Severidades anatômicas de moderada a alta Envolvimento de múltiplos es paços faciais Infecção de progressão rápida Necessidade de anestesia geral Drenagem cirúrgica Anestesia efetiva Conhecimento abrangente dos espaços faciais Incisão efetiva Uso de hemostatos (extensos e curvos) – nunca deve ser fechado quando inserido na ferida cirúrgica Importante dissecar em uma trajetória para o dreno, que inclua localizações onde existe maior probabilidade de pus. Tipos de dreno: Penrose Dispositivo de látex Funcionamento por capilares Permite o escoamento de secreções Indicações: monitoramento de sangramento pós- cirúrgico e drenagem de abcesso Jackson Pratt (hemovac) Dispositivo de compressão Rígido, drenagem continua Indicações: drenagem de fluidos. Quanto tempo após a instalação os drenos devem ser retirados? Até 72 horas Normalmente o exsudato purulento para de fluir entre 24 e 72 horas depois de instalados Drenagem cessando, deve ser retirado para evitar reação de corpo estranho ou granuloma inespecífico Teste de cultura e sensibilidade Quando realizar? Infecções em espaços faciais de severidade moderada ou maior Infecções que não foram debeladas com terapia Infecções incomuns que gerem comprometimento medico e imune do paciente Indicações: Baixa progressão da infecção Terapia antibiótica múltipla anterior Infecção não responsiva (após mais de 48 horas) Infecção recorrente Comprometimento das defesas do hospedeiro Incisão e drenagem Passo a passo Anestesia local terminal infiltrativa Avaliação do ponto de flutuação Divulsão tecidual Inserção de dreno Dreno suturado Passo a passo Indicações para o uso de antibióticos: tumefação estendida além dos processos alveolares, celulite, trismo, linfadenopatia, febre alta, pericoronarite grave e osteomielite.
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