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Psicologia Organizacional e do Trabalho • Organização: se estruturar para atender às necessidades. • Trabalho: possibilita que cada indivíduo assuma um papel e uma identidade dentro do grupo. • As pessoas estão sempre ligadas às organizações, em todas as fases da vida: escolas, igrejas, condomínios, hospitais, lojas, fornecedoras etc. • Parte da nossa qualidade de vida e dos problemas que enfrentamos está relacionado à dinâmica que as organizações assumem na sociedade. • Não se pode separar o trabalho da vida pessoal - para entendermos o ser humano precisamos entender sua inserção no trabalho e nas relações. Papel do Psicólogo • O papel da psicologia nesse contexto é explorar, analisar, compreender como interagem as múltiplas dimensões que caracterizam a vida das pessoas, dos grupos e das organizações, construindo, a partir daí, estratégias e procedimentos que possam promover, preservar e restabelecer a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas, sem renunciar à produtividade da qual depende o atendimento das necessidades dos indivíduos e dos grupos sociais. Os 3 elementos da POT • As demandas sociais vindas das organizações e os desafios do mundo do trabalho e sua gestão. • O avanço do conhecimento científico geral, da psicologia como um todo e do campo de POT. • O resultado das interações que foram construídas com outros saberes e outros campos profissionais. → Demandas sociais foram moldando formas de estudar e intervir sobre os problemas humanos nas organizações de trabalho. As origens da POT • Houve a criação do laboratório para o estudo da fadiga e investigações de aspectos psicofisiológicos associados à fadiga e a cargas de trabalho. • Na França pesquisadores foram um dos primeiros a utilizar testes para seleção de trabalhadores para postos de trabalho decorrentes dos avanços da tecnologia. • Scottem, em 1913, publicou o “Psychology and Industrial Efficiency”, sobre o que viria a ser a função mais característica da psicologia organizacional: a seleção de pessoas e o uso de testes para maximizar o ajuste das pessoas aos cargos. → O livro tido como marco da psicologia industrial traz como preocupações centrais: o melhor homem possível para o trabalho (seleção de pessoas), o melhor trabalho possível (eficiência) e o melhor efeito possível (técnicas de venda, publicidade e marketing). → A obra traz um princípio ainda hoje apreciado pela área: a necessidade de que os trabalhadores atuem em cargos que se ajustem às suas habilidades emocionais e mentais, para que haja eficiência, produtividade e satisfação. → Ele desenvolveu pesquisas sobre várias ocupações. construindo testes e simulações para avaliar conhecimentos, competências e habilidades necessários para o trabalho em que estavam sendo aplicada. → Dos seus estudos surgiu a recomendação de reorganizar os locais de trabalho de forma a minimizar as oportunidades de que os trabalhadores conversassem entre si – fator que considerava diminuir a eficiência do trabalho. • Nesse mesmo período, Taylor, desenvolveu a “Administração científica”, estabelecendo princípios para orientar as práticas organizacionais e aumentar a produtividade. → Os 4 princípios de gestão que norteiam a proposta taylorista: 1) cada trabalho deve ser analisado e descrito detalhadamente para que o modo otimizado de executar as tarefas possa ser especificado; 2) os trabalhadores devem ser contratados de acordo com as características relacionadas ao desempenho do trabalho, e cabe aos gerentes avaliar os funcionários para identificar quais características pessoais são importantes; 3) os trabalhadores devem ser treinados para executar suas tarefas; 4) os trabalhadores devem ser recompensados por sua produtividade, para incentivar melhor desempenho. • Estudos de Elton Mayo, revelaram a importância de considerar os fatores sociais implicados em uma situação de trabalho. • As ciências do comportamento desde então alcançaram relevância no cenário organizacional. • O binômio avaliação psicológica e ajuste homem x máquina x trabalho constituiu o grande elemento definidor desse período inicial. • No segundo período, pós-guerra, os psicólogos se tornam consultores para uma gama de problemas organizacionais: desenho de postos de trabalho, seleção, treinamento, introdução de novas tecnologias e desenvolvimento organizacional. • A psicologia industrial foi então substituída pela organizacional que, mesmo mantendo a seleção como uma de suas principais funções, incorporou a atenção ao funcionamento organizacional com foco no comportamento gerencial. → Características que marcam a POT nesse período: as ações de treinamento, especialmente voltadas para os gestores, estimulando estilos menos autoritários, a mudança organizacional com modelos de grupos de trabalhos semiautônomos e o conceito de sistema sociotécnico e teorias de motivação. → As características que relacionam sistemicamente os indivíduos, grupos e a organização, sob o controle de fatores internos e externos ao sistema organizacional, passaram a ter relevância na interpretação do comportamento humano. • No campo da psicologia, cresceram as críticas ao modelo psicométrico de avaliação psicológica. • A POT se ampliou, buscando entender e lidar com questões que extrapolam o nível individual de análise, e surgiram experiências de humanização do trabalho em alguns países. • O foco das mudanças deixou de ser nos pequenos grupos, dando lugar a intervenções mais abrangentes; os modelos de gestão passaram a incorporar, em oposição à noção de controle, a noção de envolvimento e compromisso; cresceu a atenção às experiências de cogestão e ao formato das cooperativas. Período das mudanças contemporâneas marcam o fim do século XX e a primeira década do século XXI • A globalização e mudanças na demografia da força de trabalho, cresce a dependência de empregos temporários e de tempo parcial. • Avanços da tecnologia e seus impactos nos processos de trabalho que se tornaram cada vez mais acelerados, implicando novos formatos organizacionais e novos modelos de gestão. • O poder do capital, sempre em busca de lucros maiores e mais fáceis, tornou voláteis as economias nacionais. Desafios e oportunidades • Maior atenção às questões de saúde no trabalho. → Consolidação de outros tópicos de estudo: estresse, conflito trabalho, família e aposentadoria. Resultados aos desafios → Concepções tradicionais (estilos de liderança, racionalização e hierarquização) deram lugar a novos conceitos (gestão do conhecimento, ética empresarial, organizações virtuais etc.) → Houve fenômenos como a intensificação do estresse e do assédio moral ou violência psicológica → Crescimento do apelo por um equilíbrio entre vida profissional e familiar, estruturado sob ética, transparência e busca de justiça, de direito de expressão e de desenvolvimento. • Isso justifica o acentuado interesse pelas questões de saúde no trabalho, a perspectiva da área passou aos eventos em múltiplos níveis na organização, aumentando a atenção a tópicos não tradicionais, como estresse, conflito trabalho-família e aposentadoria. • Concepções administrativas tradicionais, como estilos de liderança, e hierarquização organizacional, deram lugar a novos conceitos, como capital intelectual, gestão do conhecimento, alianças estratégicas, ética empresarial, organizações virtuais. • Atividades clássicas e tradicionais são mantidas, dentro de um leque de atividades mais amplo, que dá́ um significado qualitativamente distinto ao antigo profissional da psicotécnica. • Por essa retrospectiva de constituição do campo da POT, conclui-se que ela se desenvolveu buscando darrespostas a desafios específicos postos pelos contextos sociais, econômicos, políticos e tecnológicos que marcaram o século XX, adentrando o século XXI. • A cada período, o conjunto de práticas profissionais vincula-se a bases sociais e culturais que não podem ser negligenciados, e seu desenvolvimento vem de tentativas de construir novos conceitos e técnicas para lidar com os novos desafios. No Brasil • Com o aumento do fluxo migratório foram implantadas as manufaturas e pequenos negócios, mas o modelo e os pressupostos dos processos laborais continuavam marcados pela hierarquia de controle e na exploração das relações de trabalho. • A psicologia aplicada ao trabalho surgiu no cenário brasileiro dessa época, na tentativa de controle dos processos produtivos (maior eficiência). • A psicotécnica foi acolhida como instrumento para a viabilização das propostas tayloristas e, assim, a psicologia passou a figurar entre as disciplinas que forneciam apoio e legitimidade aos métodos administrativos e suas correspondentes práticas. • Posteriormente, a área de gestão de recursos humanos teve um incremento das ações para além de recrutamento e seleção, incorporando de forma mais vigorosa as atividades de treinamento e desenvolvimento e de avaliação de desempenho. • O psicólogo organizacional foi um dos alvos mais criticados, senão o modelo mais criticado de atuação profissional da psicologia, sob o estigma de descomprometimento com as demandas sociais. • Havia uma necessidade de construção de um modelo de atuação que não se pautasse exclusivamente nas necessidades da empresa, mas também na gestão e na saúde do trabalhador. • O fazer humano no ambiente de trabalho não se restringe aquilo que pode ser observado diretamente, mas, inclui estados subjetivos, intenções, motivações, crenças e valores. → Esse fazer humano implica uma unidade complexa que articula, no plano pessoal, as dimensões cognitiva e afetiva, fatores individuais, sociais e culturais. As 3 vertentes que estruturaram o campo da POT • Psicologia do Trabalho: o interesse em compreender e lidar com as questões que relacionam o comportamento humano e o trabalho, que se preocupa em entender como o desempenho humano no trabalho é afetado por fatores pessoais, ambientais e pela forma como o trabalho está́ organizado; os impactos psicossociais da organização do trabalho, especialmente sobre a qualidade de vida e a saúde do trabalhador, tanto individual quanto coletivamente. → Vai além do trabalho em organizações ao tomar como foco de interesse, por exemplo, a questão do desemprego e seus impactos. • Psicologia organizacional: emerge das interações entre comportamento no trabalho e a organização. Seu interesse central é entender e lidar com os processos psicossociais que caracterizam as organizações de trabalho como conjuntos de pessoas cujas ações precisam ser coordenadas para atingir metas e objetivos que definem a missão de uma organização. A contribuição da psicologia para a compreensão dos fenômenos organizacionais envolve o exame de como atitudes, crenças, valores, percepções, construção de significados, emoções etc., se articulam apoiados na diversidade individual e de que modo, a partir dessa articulação, emergem estruturas, cultura, poder, políticas etc., que, por sua vez, constituem o contexto que configura, limita e afeta atitudes, crenças, valores etc. • Gestão de pessoas: surge da relação entre a ação humana e a organização enfocando o conjunto de políticas e práticas que revelam a estratégia utilizada para organizar a ação individual e a coletiva de forma congruente com seus objetivos e com sua missão. Há o domínio das práticas de GE, que, apoiadas em concepções e políticas gerais, definem as formas como a organização capta, integra, avalia, desenvolve e retem seus membros. Verifica-se, novamente, um amplo domínio de fenômenos ou processos cuja pesquisa e intervenção se associam na busca da construção de condições organizacionais propícias ao desenvolvimento integral, que potencializem as contribuições das pessoas, que maximizem seus ganhos (materiais e simbólicos) em função das suas contribuições e que, sobretudo, assegurem níveis adequados de qualidade de vida no trabalho.
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