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33 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar Unidade II 3 ASPECTOS GERAIS E REGULAMENTÁRIOS DA LEI DOS PLANOS DE SAÚDE Antes de aprofundarmos nosso estudo sobre a ANS, é importante destacar que esse órgão possui a função de controlar, normatizar e fiscalizar os planos de saúde. Lembrete A Lei nº 9.961, de 28 de janeiro de 2000, foi a responsável por criar a ANS. Contudo, antes da criação da ANS, foi decretada a Lei nº 9.656, em 3 de junho de 1998, que dispõe sobre a regulamentação dos planos e seguros privados de assistência à saúde, com a finalidade de estabelecer a cobertura obrigatória de todas as doenças listadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da OMS. Antes da Lei dos Planos de Saúde, os usuários dos planos contavam apenas com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), criado pela Lei nº 8.078/90. De uma maneira geral, em relação à Lei dos Planos de Saúde, a legislação permite que o consumidor contrate o plano de referência com a cobertura, seja de maneira integral (de referência), seja segmentada. O plano com cobertura segmentada pode ser dividido do seguinte modo: • ambulatorial; • hospitalar; • hospitalar com obstetrícia; • odontológico; Em 2001, por meio da medida provisória nº 2.177‑44, estabelece‑se o seguinte: Art. 1º. Submetem‑se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de direito privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotando‑se, para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes definições: 34 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II I – Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós‑estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou referenciada, visando à assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada, mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e ordem do consumidor; II – Operadora de Plano de Assistência à Saúde: pessoa jurídica constituída sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa, ou entidade de autogestão, que opere produto, serviço ou contrato de que trata o inciso I deste artigo; III – Carteira: o conjunto de contratos de cobertura de custos assistenciais ou de serviços de assistência à saúde em qualquer das modalidades de que tratam o inciso I e o § 1º deste artigo, com todos os direitos e obrigações nele contidos. § 1o. Está subordinada às normas e à fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS qualquer modalidade de produto, serviço e contrato que apresente, além da garantia de cobertura financeira de riscos de assistência médica, hospitalar e odontológica, outras características que o diferenciem de atividade exclusivamente financeira, tais como: a) custeio de despesas; b) oferecimento de rede credenciada ou referenciada; c) reembolso de despesas; d) mecanismos de regulação; e) qualquer restrição contratual, técnica ou operacional para a cobertura de procedimentos solicitados por prestador escolhido pelo consumidor; e f) vinculação de cobertura financeira à aplicação de conceitos ou critérios médico‑assistenciais. § 2º. Incluem‑se na abrangência desta Lei as cooperativas que operem os produtos de que tratam o inciso I e o § 1º deste artigo, bem assim as entidades ou empresas que mantêm sistemas de assistência à saúde, pela modalidade de autogestão ou de administração. 35 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar § 3º. As pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior podem constituir ou participar do capital, ou do aumento do capital, de pessoas jurídicas de direito privado constituídas sob as leis brasileiras para operar planos privados de assistência à saúde. § 4º. É vedada às pessoas físicas a operação dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1º deste artigo (BRASIL, 2001). Com a regulamentação do setor por meio da Lei nº 9.656/98 e a criação da ANS, houve a fusão e ampliação da cobertura assistencial dos contratos de planos de saúde, como a proibição da limitação do número de consultas, de cobertura para exames e de prazo para internações, mesmo em leitos de alta tecnologia. Como benefício, proporcionou o princípio da não discriminação dos consumidores, por conta da essencialidade do serviço, atendendo ao princípio da dignidade da pessoa humana, fundamento da Constituição. A Lei nº 9.656/98, em seu artigo 11, dispõe a respeito da vedação da exclusão de cobertura para doença e lesão preexistente (DLP) após o cumprimento do prazo de 24 meses da data de contratação dos produtos (tipos de planos oferecidos pelas operadoras), seguindo assim o princípio da dignidade da pessoa humana. Destaca que, para qualquer DLP após o cumprimento do prazo estabelecido, esta deverá ser coberta pela operadora sem qualquer tipo de cobrança ao beneficiário. 3.1 Aspectos gerais da lei de criação da ANS A ANS é a agência reguladora do Governo Federal e também é vinculada ao Ministério da Saúde. Atua em todo o território nacional e tem como objetivo a normatização, a regulamentação, o controle e a fiscalização do setor de planos de saúde no Brasil. Nesse contexto, o termo suplementar representa que o cidadão, além de utilizar o sistema público como seu direito à saúde, ainda contrata serviços privados como opção ao tratamento médico, serviços estes que são fornecidos por planos de saúde. A ANS é criada em 2000, por meio da Lei nº 9.961, e sua finalidade institucional é a de promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais e contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no País. Art. 1º. É criada a Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS, autarquia sob o regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde, com sede e foro na cidade do Rio de Janeiro – RJ, prazo de duração indeterminado e atuação em todo o território nacional, como órgão de regulação, normatização, controle e fiscalização das atividades que garantam a assistência suplementar à saúde. Parágrafo único. A natureza de autarquia especial conferida à ANS é caracterizada por autonomia administrativa, financeira, patrimonial e 36 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II de gestão de recursos humanos, autonomia nas suas decisões técnicas e mandato fixo de seus dirigentes. Art. 2º. Caberá ao Poder Executivo instalar a ANS, devendo o seu regulamento, aprovado por decreto do Presidente da República, fixar‑lhe a estrutura organizacional básica. Parágrafo único. Constituída a ANS, com a publicação de seu regimento interno, pela diretoria colegiada, ficará a autarquia, automaticamente, investida no exercício de suas atribuições. Art. 3º. A ANS terá por finalidade institucional promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no País (BRASIL, 2000). Deacordo com a ANS, implantou‑se a primeira Agenda Regulatória em 2011. Neste documento, ratifica‑se o compromisso da ANS com a sociedade, assegurando a qualidade e a transparência da sua atuação. Permite, ainda, que: • a sociedade opine sobre os assuntos tratados pela Agência e como estes devem ser encaminhados; • o cidadão acompanhe a evolução das propostas preestabelecidas; • as ações da ANS sejam cada vez mais claras; • a elaboração das normas do setor fique aberta à participação da sociedade, por meio de representação em câmaras técnicas e participação em consultas públicas. Saiba mais Para saber mais a respeito da ANS, acesse: <www.ans.gov.br>. 3.2 Taxa de saúde Com o exercício de poder de fiscalização da Lei nº 9.961/2000, ficou instituída a taxa de saúde suplementar, como disposto nos artigos seguintes: Art. 18. É instituída a Taxa de Saúde Suplementar, cujo fato gerador é o exercício pela ANS do poder de polícia que lhe é legalmente atribuído. 37 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar Art. 19. São sujeitos passivos da Taxa de Saúde Suplementar as pessoas jurídicas, condomínios ou consórcios constituídos sob a modalidade de sociedade civil ou comercial, cooperativa ou entidade de autogestão, que operem produto, serviço ou contrato com a finalidade de garantir a assistência à saúde, visando à assistência médica, hospitalar ou odontológica. Art. 20. A Taxa de Saúde Suplementar será devida: I – por plano de assistência à saúde, o seu valor será o produto da multiplicação de R$ 2,00 (dois reais) pelo número médio de usuários de cada plano privado de assistência à saúde, deduzido o percentual total de descontos apurado em cada plano, de acordo com as Tabelas I e II do Anexo II desta Lei; II – por registro de produto, registro de operadora, alteração de dados referente ao produto, alteração de dados referente à operadora, pedido de reajuste de contraprestação pecuniária, conforme os valores constantes da Tabela que constitui o Anexo III desta Lei. § 1. Para fins do cálculo do número médio de usuários de cada plano privado de assistência à saúde, previsto no inciso I deste artigo, não serão incluídos os maiores de sessenta anos. § 2. Para fins do inciso I deste artigo, a Taxa de Saúde Suplementar será devida anualmente e recolhida até o último dia útil do primeiro decêndio dos meses de março, junho, setembro e dezembro e de acordo com o disposto no regulamento da ANS. § 3. Para fins do inciso II deste artigo, a Taxa de Saúde Suplementar será devida quando da protocolização do requerimento e de acordo com o regulamento da ANS. § 4. Para fins do inciso II deste artigo, os casos de alteração de dados referentes ao produto ou à operadora que não produzam consequências para o consumidor ou o mercado de saúde suplementar, conforme disposto em resolução da Diretoria Colegiada da ANS, poderão fazer jus a isenção ou redução da respectiva Taxa de Saúde Suplementar. § 5. Até 31 de dezembro de 2000, os valores estabelecidos no Anexo III desta Lei sofrerão um desconto de 50% (cinquenta por cento). § 6. As operadoras de planos privados de assistência à saúde que se enquadram nos segmentos de autogestão por departamento de recursos humanos, ou de filantropia, ou que tenham número de usuários inferior 38 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II a vinte mil, ou que despendem, em sua rede própria, mais de sessenta por cento do custo assistencial relativo aos gastos em serviços hospitalares referentes a seus Planos Privados de Assistência à Saúde e que prestam ao menos trinta por cento de sua atividade ao Sistema Único de Saúde – SUS, farão jus a um desconto de trinta por cento sobre o montante calculado na forma do inciso I deste artigo, conforme dispuser a ANS. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177‑44, de 2001) § 7. As operadoras de planos privados de assistência à saúde que comercializam exclusivamente planos odontológicos farão jus a um desconto de cinquenta por cento sobre o montante calculado na forma do inciso I deste artigo, conforme dispuser a ANS. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177‑44, de 2001) § 8. As operadoras com número de usuários inferior a vinte mil poderão optar pelo recolhimento em parcela única no mês de março, fazendo jus a um desconto de cinco por cento sobre o montante calculado na forma do inciso I deste artigo, além dos descontos previstos nos §§ 6º e 7º, conforme dispuser a ANS. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177‑44, de 2001) § 9. Os valores constantes do Anexo III desta Lei ficam reduzidos em cinquenta por cento, no caso das empresas com número de usuários inferior a vinte mil. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177‑44, de 2001) § 10. Para fins do disposto no inciso II deste artigo, os casos de alteração de dados referentes a produtos ou a operadoras, até edição da norma correspondente aos seus registros definitivos, conforme o disposto na Lei nº 9.656, de 1998, ficam isentos da respectiva Taxa de Saúde Suplementar. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177‑44, de 2001) § 11. Para fins do disposto no inciso I deste artigo, nos casos de alienação compulsória de carteira, as operadoras de planos privados de assistência à saúde adquirentes ficam isentas de pagamento da respectiva Taxa de Saúde Suplementar, relativa aos beneficiários integrantes daquela carteira, pelo prazo de cinco anos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177‑44, de 2001) Art. 21. A Taxa de Saúde Suplementar não recolhida nos prazos fixados será cobrada com os seguintes acréscimos: I – juros de mora, na via administrativa ou judicial, contados do mês seguinte ao do vencimento, à razão de 1% a.m. (um por cento ao mês) ou fração de mês; II – multa de mora de 10% (dez por cento). 39 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar § 1. Os débitos relativos à Taxa de Saúde Suplementar poderão ser parcelados, a juízo da ANS, de acordo com os critérios fixados na legislação tributária. (Renumerado pela Medida Provisória nº 2.177‑44, de 2001) § 2. Além dos acréscimos previstos nos incisos I e II deste artigo, o não recolhimento da Taxa de Saúde Suplementar implicará a perda dos descontos previstos nesta Lei. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.177‑44, de 2001) Art. 22. A Taxa de Saúde Suplementar será devida a partir de 1º de janeiro de 2000. Art. 23. A Taxa de Saúde Suplementar será recolhida em conta vinculada à ANS. Art. 24. Os valores cuja cobrança seja atribuída por lei à ANS e apurados administrativamente, não recolhidos no prazo estipulado, serão inscritos em dívida ativa da própria ANS e servirão de título executivo para cobrança judicial na forma da lei. Art. 25. A execução fiscal da dívida ativa será promovida pela Procuradoria da ANS (BRASIL, 2000). Saiba mais Para saber mais a respeito da taxa de saúde, leia: MATTFELDT, R. K. A taxa de saúde suplementar e sua compatibilidade com o Sistema Tributário Nacional. Jus Navigandi, Teresina, mar. 2000. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/1430/a‑taxa‑de‑saude‑supleme ntar‑e‑sua‑compatibilidade‑com‑o‑sistema‑tributario‑nacional#ixzz3i3g OZLlJ>. Acesso em: 7 dez. 2015. 3.2.1 Taxa de saúde suplementar por beneficiário A taxa de saúde suplementar por beneficiário é uma das maneiras de arrecadação da ANS. Para tal, todas as operadoras devem fazer seu recolhimento trimestral – essa taxa é calculada de acordo com o número de beneficiários. Caso a operadora queira, ela pode fazer jus a descontos de acordo coma legislação vigente, desde que respeite os prazos estipulados. O recolhimento das demais taxas deve ser realizado quando ocorrido o fato gerador. 40 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II A figura a seguir apresenta o passo a passo de forma clara: 1 • Informar seu CNPJ (apenas os 8 primeiros digitos), a senha de acesso e clicar OK. 2 • Selecionar o trimestre no qual deseja lançar as informações e clicar em “Enviar Consulta“. • O número de beneficiários informados deverá ser o total do último dia de cada mês. 3 • Os beneficiários que completarem 60 anos no trimestre considerado deverão ser informados no campo “Faixa Etária“ como maior ou igual a 60 anos. 4 • As informações enviadas para o Sistema de Arrecadação devem estar de acordo com as informações prestadas ao SIB, tanto em quantidade e faixa etária dos benficiários quanto em relação à abrangência geográfica e à cobertura de seus planos. 5 • A operadora que solicitar o cancelamento de autorização de funcionamento deverá informar o quantitativo do beneficiário até o deferimento e a conclusão da solicitação, mesmo que ele seja zero. 6 Os dados deverão ser lançados de acordo com as seguintes orientações: • No campo “Abrangência“, deve‑se escolher a abrangência geográfica referente aos planos do quantitativo de beneficiários a serem lançados. • No campo “Faixa Etária“, deve‑se escolher a faixa etária relacionada às informações anteriormente lançadas. • No campo dos meses, devem‑se lançar os quantitavos de beneficiários relacionados às três informações anteriores. 7 • Lançadas todas as informações, clicar em “Gravar/Calcular“ e, no fim, clicar em “Emitir GRU“. Figura 11 – Passo a passo para realizar o recolhimento da taxa de saúde suplementar por beneficiário 3.3 Operadoras e seguradoras de plano de saúde O setor de saúde suplementar é composto por operadoras de planos privados de assistência à saúde, por uma rede de prestadores de serviços (como hospitais, clínicas, laboratórios e consultórios) e pelos beneficiários de planos de saúde. Em junho de 2012, envolviam aproximadamente 1.571 operadoras de planos de saúde – que atendiam a cerca de 48,7 milhões de beneficiários em planos de assistência médica – e 17,6 milhões em planos exclusivamente odontológicos, totalizando um mercado com receita de cerca de 84,5 bilhões de reais no ano de 2011. Os tipos de convênio referem‑se à forma de remuneração de um determinado atendimento ou serviço prestado pela unidade de saúde. Esses convênios podem ser: • SUS; • particulares; 41 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar • planos de saúde públicos; • planos de saúde privados. De acordo com a ANS (2014a), desde sua criação, o número de operadoras em atividade apresentou uma redução gradativa. O gráfico a seguir destaca que o número de operadoras médico‑hospitalares em execução foi reduzido à metade. 670 719 717 658 625 600 585 577 551 491 477 433 425 416 392 364 346343359365366391403408413415 449469481505480441 1.390 2.400 2.000 1.600 1.200 800 400 0 dez/00Até dez/99 dez/01 dez/02 dez/03 dez/04 dez/05 dez/06 dez/07 dez/08 dez/09 dez/10 dez/11 dez/12 dez/13 dez/14 1.969 1.992 1.749 1.649 1.576 1.524 1.468 1.377 1.269 1.216 1.183 1.173 1.119 1.074 1.041 2.004 1.458 1.456 1.381 1.345 1.302 1.242 1.197 1.168 1.118 1.068 1.044 1.005 960 912 673 Médico‑hospitalares Exclusivamente odontológica Médico‑hospitalares em atividade Exclusivamente odontológica em atividade Figura 12 – Gráfico ilustrando as operadoras de planos privados de saúde em atividade Ainda de acordo com o Caderno de Informação da Saúde Suplementar (2014a), de janeiro a dezembro de 2014, houve 43 registros de operadoras e 84 operadoras tiveram seus registros cancelados. Tabela 1 – Resumo do registro de operadoras (Brasil – dezembro/2014) Registro Total Operadoras médico-hospitalares Operadoras exclusivamente odontológicas Registros novos (1) 43 31 12 Registros cancelados (1) 84 64 20 Operadoras em atividades 1.425 1.041 384 Operadoras com beneficiários 1.219 873 346 Fonte: ANS (2014a, p. 14). 3.4 Cadastro de beneficiário O beneficiário é a pessoa física, titular ou dependente, que possui direitos e deveres definidos em legislação e em contrato assinado com a operadora de plano privado de saúde para garantia da assistência médico‑hospitalar e/ou odontológica. 42 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II Esse termo se refere ao vínculo de uma pessoa com um plano de saúde de uma determinada operadora. Como um mesmo indivíduo pode possuir mais de um plano de saúde – mais de um vínculo –, o número de beneficiários cadastrados acaba sendo superior ao número de indivíduos que possuem planos privados de assistência à saúde. O número de beneficiários ativos é calculado utilizando as datas de adesão (contratação) e cancelamento (rescisão) do plano de saúde atual do beneficiário, informadas ao Sistema de Informações de Beneficiários (SIB). Esse procedimento garante que todo beneficiário será computado, independentemente do momento em que a operadora envia o cadastro à ANS. Em contrapartida, faz que a informação seja atualizada de forma contínua, tornando‑a sempre provisória. 3.4.1 Consultas médicas por beneficiário Mede‑se o número de consultas médicas por qualquer especialidade em relação ao total de beneficiários. Cálculo: número de consultas no ano/número médio de beneficiários de planos privados ambulatoriais no ano. Em dezembro de 2014, o cadastro da ANS registrou 50,8 milhões de vínculos a planos privados de assistência médica. Os planos exclusivamente odontológicos, por sua vez, 21,4 milhões de vínculos de beneficiários. Tabela 2 – Beneficiários de planos privados de saúde por cobertura assistencial do plano (Brasil – 2000‑2014) Data Assistência médica com ou sem odontologia Exclusivamente odontológico dez/00 31.161.481 2.603.001 dez/01 31.727.080 3.062.681 dez/02 31.513.309 3.677.782 dez/03 32.074.667 4.325.568 dez/04 33.840.716 5.312.915 dez/05 35.441.349 6.204.404 dez/06 37.248.388 7.349.643 dez/07 39.316.313 9.164.386 dez/08 41.468.019 11.061.362 dez/09 42.561.398 13.253.744 dez/10 44.921.064 14.507.721 dez/11 46.145.515 16.931.998 dez/12 47.894.565 19.016.669 dez/13 49.545.919 20.275.966 set/14 50.809.249 21.410.359 Fonte: ANS (2014a, p. 9) 43 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 (M ilh õe s) 10,0 0,0 dez/00 2,6 3,1 3,7 4,3 5,3 6,2 7,3 9,2 11,1 13,3 14,5 16,9 19,0 20,3 21,4 50,849,547,946,144,942,641,6 38,337,235,433,832,131,531,731,2 dez/02 dez/04 dez/06 dez/08 dez/10 dez/12dez/01 dez/03 Assistência médica com ou sem odontologia Exclusivamente odontológico dez/05 dez/07 dez/09 dez/11 dez/13 dez/14 Figura 13 – Gráfico dos beneficiários de planos privados de saúde por cobertura assistencial do plano (Brasil – 2000‑2014) 3.5 Documento de Informações Periódicas (Diops) O Diops/ANS foi estabelecido a fim de reunir informações cadastrais e financeiras para o acompanhamento das operadoras em relação à saúde econômico‑financeira e a manutenção dos dados cadastrais. As operadoras devem enviar o Diops periodicamente à ANS. Esse documento é composto de quadros cadastrais, gerenciais, demonstrativos e de informações gerais. Esse registro objetiva fornecer condições para que a Diretoriade Normas e Habilitação das Operadoras (Diope) possa efetuar o controle, o monitoramento e o acompanhamento das operadoras. De acordo com a ANS, algumas das principais atribuições da Diope são: • Orientar as operadoras de planos de saúde sobre: — constituição, organização e funcionamento; — observar qualificação, contabilidade, estatística e dados atuariais sobre reservas e provisões; — analisar critérios de constituição de garantias econômico‑financeiras, bem como parâmetros de capital e patrimônio líquido; — analisar a criação de fundo, contratação de seguro garantidor ou outros, recuperação financeira, regimes especiais de direção fiscal e liquidação extrajudicial. • conceder e cancelar o registro e a autorização de funcionamento • autorizar cisão, fusão, incorporação, alteração ou transferência do controle societário • planejar e coordenar qualificação e acreditação das operadoras de planos de saúde, bem como inabilitar o exercício de cargos diretivos • aprovar as propostas de saneamento na direção fiscal 44 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II 4 SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE PRODUTOS (SIP) O SIP foi instituído pela Resolução RDC nº 85 da ANS. Esse sistema tem como finalidade monitorar a qualidade da assistência prestada aos consumidores de planos de saúde, em complementação ao Diops. Trata‑se de um sistema composto de planilhas, e estas devem ser preenchidas com a mesma periodicidade do Diops, de acordo com a quantidade de beneficiários da operadora e por grupo de beneficiários. É obrigatório para todas as operadoras de planos de saúde com registro ativo na ANS, excetuando‑se aquelas classificadas como administradoras de benefícios. De acordo com a ANS, as informações em saúde são essenciais para a otimização da gestão em saúde. Contudo, para que possibilitem um adequado planejamento, implementação e avaliação dos resultados esperados, elas precisam ser sistematizadas e analisadas, subsidiando, quando necessário, o ajuste das estratégias programadas. A informação pode ser utilizada em cada etapa da elaboração do programa, e algumas possibilidades de uso desses dados podem ser exemplificadas para gerar conhecimento e subsidiar a tomada de decisão. A ANS disponibiliza algumas etapas de como obter essas informações: Figura 14 – Etapas para obter a informação em saúde Em relação à saúde suplementar, há variedades e quantidades de dados disponíveis, e estes podem fornecer informações relevantes para a gestão do programa. Essas informações assistenciais do SIP, os dados cadastrais do SIB e os registros econômico‑financeiros do Diops poderão ser utilizados pelas operadoras para planejar, implementar e avaliar os programas. 45 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar Lembrete O SUS foi criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira com o objetivo de garantir acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. 4.1 Princípios do SUS O SUS é formado pelo conjunto das ações e dos serviços de saúde sob gestão pública. Dessa maneira, é organizado em redes regionalizadas e hierarquizadas. Atua em todo o território nacional, com direção única em cada esfera de governo. A Lei nº 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde) regulamenta as ações e os serviços da saúde em todo o território nacional, estabelecendo, entre diversos fatores, os princípios, as diretrizes e os objetivos do SUS. Essa lei dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. Em seu Capítulo I, artigo 5º, cita os objetivos do SUS: Art. 5º. São objetivos do Sistema Único de Saúde (SUS): I – a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; II – a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei; III – a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas (BRASIL, 1990). Saiba mais Para conhecer o campo de atuação do SUS, leia: BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L8080.htm>. Acesso em: 9 dez. 2015. 46 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II Para entender as ações de representantes do governo no SUS, é importante definir quais os gestores do SUS e suas funções. Estes profissionais são designados para o desenvolvimento das funções do Executivo na saúde: no âmbito nacional, o Ministro da Saúde; no âmbito estadual, o Secretário de Estado da Saúde; no municipal, o Secretário Municipal de Saúde. De acordo com Souza (2002), é possível destacar quatro grandes grupos de funções (macrofunções) gestoras na saúde: • formulação de políticas/planejamento; • estão incluídas as atividades de diagnóstico da necessidade de saúde, a identificação das prioridades e a programação de ações; • financiamento; • coordenação, regulação, controle e avaliação (do sistema/das redes e dos prestadores públicos ou privados); • prestação direta de serviços de saúde. No artigo 7º, a Lei Orgânica da Saúde destaca os princípios e diretrizes do SUS: Art. 7º. As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: I – universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; II – integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; III – preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral; IV – igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; V – direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde; VI – divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário; 47 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar VII – utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática; VIII – participação da comunidade; IX – descentralização político‑administrativa, com direção única em cada esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; X – integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico; XI – conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; XII – capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e XIII – organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos (BRASIL, 1990). Integralidade Equidade Universalidade Princípios doutrinários Figura 15 – Princípiosdoutrinários do SUS A doutrina do SUS compreende os seguintes aspectos: • universalidade: todos os cidadãos brasileiros, sem qualquer tipo de discriminação, possuem direito ao acesso às ações e serviços de saúde; • equidade: possui relação direta com os conceitos de igualdade e de justiça, e todo cidadão será atendido conforme suas necessidades – até o esgotamento dos recursos que o sistema disponibilizar; 48 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II • integralidade: este princípio considera as pessoas integralmente, atendendo a todas as suas necessidades, por isso a importância das integração de ações, que incluem a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Observação O Sistema Único de Saúde possui Princípios Doutrinários e Princípios Organizativos, os quais são importantes para o entendimento do SUS. Participação da população Regionalização e hierarquização Descentralização Princípios organizacionais Figura 16 – Princípios organizacionais do SUS Dentre os princípios organizacionais do SUS, destacamos: • regionalização e hierarquização: a disposição dos serviços deve ser realizada por meio de níveis crescentes de complexidade. Estes devem ser planejados a partir de critérios epidemiológicos e com definição e conhecimento da população em questão. — a regionalização é um processo de articulação entre os serviços existentes visando ao seu comando unificado. — a hierarquização deve proceder à divisão de níveis de atenção, garantindo formas de acesso a serviços que façam parte da complexidade requerida pelo caso, nos limites dos recursos disponíveis em determinada região. • descentralização: descentralizar é redistribuir poder e responsabilidade entre os três níveis de governo. Tem como objetivo prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. A responsabilidade no SUS pela saúde deve ser descentralizada até o município, de maneira que devem ser fornecidas ao município condições gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para exercer essa função. • participação popular: a sociedade deve participar do dia a dia do sistema, e isso se efetiva com a criação dos Conselhos e das Conferências de Saúde, que objetivam formular estratégias, assim como controlar e avaliar a execução da política de saúde. 49 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar O SUS possui um sistema de planejamento, que corresponde à atuação contínua, articulada, integrada e solidária do planejamento das três esferas de gestão do SUS, e pressupõe que cada esfera de governo realize o seu planejamento, articulando‑se a fim de fortalecer e consolidar os objetivos e as diretrizes do SUS, contemplando as peculiaridades, as necessidades e as realidades de saúde locorregionais. Esse sistema almeja compactar as bases funcionais do planejamento, de monitoramento e da avaliação, bem como promover a participação social e a integração intra e intersetorial, considerando os determinantes e os condicionantes de saúde. Apresentamos os objetivos do sistema de planejamento do SUS: • pactuar diretrizes gerais para o processo de planejamento no âmbito do SUS e os instrumentos a serem adotados pelas três esferas de gestão; • formular metodologias e modelos básicos dos instrumentos de planejamento, monitoramento e avaliação que traduzam as diretrizes do SUS, com capacidade de adaptação às particularidades de cada esfera administrativa; • implementar e difundir uma cultura de planejamento que integre e qualifique as ações do SUS entre as três esferas de governo, bem como subsidiar a tomada de decisão por parte de seus gestores; • desenvolver e definir uma rede de cooperação entre os três Entes Federados, permitindo um amplo compartilhamento de informações e experiências; • apoiar e participar da avaliação periódica relativa à situação de saúde da população e ao funcionamento do SUS, provendo os gestores de informações que promovam o seu aperfeiçoamento e/ou redirecionamento; • impulsionar a capacitação contínua dos profissionais que atuam no contexto do planejamento do SUS; • monitorar e avaliar o processo de planejamento, as ações estabelecidas e os resultados alcançados, a fim de fortalecer o Sistema e de contribuir para a transparência do processo de gestão do SUS. Lembrete A Lei nº 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde) regulamenta as ações e os serviços da saúde em todo o território nacional. 50 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II 4.2 Ressarcimento ao SUS O ressarcimento ao SUS foi criado pelo artigo 32 da Lei nº 9.656/98. Regulamentado pelas normas da ANS, dispõe que as operadoras de planos privados de assistência à saúde são obrigadas por lei a restituir as despesas do SUS no eventual atendimento de seus beneficiários que estejam cobertos pelos respectivos planos. O procedimento de ressarcimento ao SUS representa a instituição de um processo administrativo que visa restituir aos cofres públicos os recursos financeiros despendidos nos atendimentos realizados no âmbito do SUS aos beneficiários de operadoras de planos privados de assistência à saúde. A ANS disponibiliza um esquema para o ressarcimento, como ilustrado na figura a seguir: 1 Atendimento Os beneficiários do plano de saúde são atendidos pelo SUS. 2 Identificação A ANS cruza os dados dos sistemas de informações do SUS com o SIB para identificar os atendimentos a beneficiários de planos de saúde, excluindo aqueles sem cobertura contratual. 3 Notificação A ANS notifica a operadora a respeito dos atendimentos identificados. 4 Impugnação e recurso A operadora pode contestar a identificação em duas instâncias administrativas. Caso comprove que os serviços prestados no atendimento identificado não têm cobertura contratual, a identificação é anulada. Se ficar demonstrado que o contrato cobre apenas parte do atendimento, a identificação é retificada. 5 Cobrança e recolhimento Precluída a faculdade de impugnar ou recorrer, ou decidida em última instância administrativa, e mantida a identificação integralmente ou parcialmente, a ANS encaminha para a operadora notificação de cobrança dos valores devidos, e o prazo para pagamento ou parcelamento é de 15 dias. 6 Inadimplência Caso os valores devidos não sejam pagos ou parcelados no prazo, a operadora fica sujeita à inscrição no Cadastro Informativo (Cadin) dos créditos de órgãos e entidades federais não quitados, à inscrição em dívida ativa da ANS e à execução judicial. 7 Repasse Os valores recolhidos a título de ressarcimento ao SUS são repassados pela ANS para o Fundo Nacional de Saúde. Figura 17 – Roteiro para o ressarcimento 51 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar 4.3 Rol de procedimentos Em 2011, o presidente da ANS, Mauricio Ceschin, relatou que o rol de procedimentos e eventos em saúde é classificado em quatro grandes capítulos (figura a seguir). Há mais de 3 mil procedimentos dispostos de acordo com a segmentação dos planos ambulatorial, hospitalar ou hospitalar com obstetrícia. Procedimentos gerais Ro l d e Pr oc ed im en to s Procedimentos clínicos, ambulatorias e hospitalares Procedimentos cirúrgicos e invasivos Procedimentos diagnósticos e terapêuticos Figura 18 – Classificação dos procedimentos A revisão periódica do rol ocorre a cada dois anos e é da responsabilidade da Gerênciade Assistência à Saúde (Geas), da Gerência‑Geral de Regulação Assistencial, da Diretoria de Normas e Habilitação de Produtos. Esse processo de revisão é auxiliado pelo grupo técnico, que é formado por representantes de entidades de defesa do consumidor, de operadoras de planos de saúde e de profissionais de saúde que atuam nos planos de saúde. Esse grupo tem como objetivo construir uma proposta de atualização do rol de procedimentos e eventos em saúde da ANS, de maneira a qualificar, democratizar e tornar transparente esse processo. Observação Os procedimentos descritos constituem a referência básica de cobertura obrigatória nos planos privados de assistência à saúde, respeitando‑se a segmentação contratada e as exclusões previstas pelo artigo 10 da Lei nº 9.656/98. O quadro a seguir destaca a classificação dos procedimentos existentes: Quadro 2 – Classificação OD Odontológico AMB Ambulatorial HCO Hospitalar com Obstetrícia HSO Hospitalar sem Obstetrícia 52 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II PAC Procedimentos de alta complexidade DUT Diretriz de utilização • Procedimentos gerais Os procedimentos gerais são aqueles básicos, como as consultas iniciais em médicos e dentistas, bem como visitas ao hospital e acompanhamentos. Quadro 3 – Descrição do rol de procedimentos e eventos em saúde Procedimentos gerais Procedimentos Segmentação PAC D. Ut. Consultas, visitas hospitalares ou acompanhamento de pacientes Aconselhamento genético AMB HCO HSO Atendimento/acompanhamento em hospital‑dia psiquiátrico (com diretriz de utilização) HCO HSO DUT Atendimento integral ao recém‑nascido (sala de parto, berçário e UTI) HCO Atendimento médico do intensivista em UTI geral ou pediátrica HCO HSO Atendimento pediátrico a gestantes (3º trimestre) AMB HCO Atividade educacional para planejamento familiar AMB Atividade educativa em saúde bucal OD Condicionamento em odontologia (com diretriz de utilização) OD DUT Consulta de aconselhamento para planejamento familiar AMB Consulta com fisioterapeuta (com diretriz de utilização) AMB DUT Consulta médica AMB Consulta odontológica inicial OD Consulta/sessão com psicólogo (com diretriz de utilização) AMB DUT Consulta/sessão com psicólogo e/ou terapeuta ocupacional (com diretriz de utilização) AMB DUT Consulta/sessão com fonoaudiólogo (com diretriz de utilização) AMB DUT Consulta com nutricionista (com diretriz de utilização) AMB DUT Consulta/sessão com terapeuta ocupacional (com diretriz de utilização) AMB DUT Transporte extra‑hospitalar de pacientes graves com acompanhamento médico, do estabelecimento hospitalar de origem para outro estabelecimento de saúde HCO HSO Visita hospitalar HCO HSO Fonte: ANS (2014a). • Procedimentos clínicos, ambulatoriais e hospitalares Esses procedimentos dividem‑se em tópicos, os quais possuem diversos tipos de procedimentos, que podem ser realizados em âmbito clínico e hospitalar. Exemplos: desde um acompanhamento clínico laboratorial, monitorização ambulatorial da pressão arterial, crioterapia, até terapia oncológica. 53 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar Procedimentos clínicos, ambulatoriais e hospitalares Avaliações/acompanhamentos Monitorizações Reabilitação Terapêutica Figura 19 – Classificação dos tópicos para os procedimentos clínicos, ambulatoriais e hospitalares • Procedimentos cirúrgicos e invasivos Tais procedimentos dividem‑se em inúmeros tópicos, com diversos tipos de procedimentos. Compreendem desde biópsias e cauterização química, podendo ser realizadas em âmbitos ambulatorial ou hospitalares, até um tratamento ocular quimioterápico – classificado como procedimento de alta complexidade. Procedimentos cirúrgicos e invasivos Pele e tecido subcutâneo/mucosas e anexos Olhos Nariz e seios paranasais Sistema musculoesquelético e articulações Sistema cardiocirculatório Sistema urinário Sistema genital e reprodutor feminino Transplantes de órgãos ou tecidos Cabeça e pescoço Orelha Parede torácica Sistema respiratório e mediastino Sistema digestivo e anexos Sistema genital e reprodutor masculino Sistema nervoso ‑ Central e periférico Outros procedimentos invasivos Figura 20 – Classificação dos tópicos para os procedimentos cirúrgicos e invasivos 54 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II • Procedimentos diagnósticos e terapêuticos Esses procedimentos são empregados com o objetivo de auxiliar o diagnóstico, promovendo a terapêutica correta. Também se dividem em tópicos, cada um com diversos procedimentos. Exemplos: eletrocardiograma, audiometria, enteroscopia e exames de imagem como a ressonância magnética. Procedimentos diagnósticos e terapêuticos Eletrofisiológicos/mecânicos e funcionais Laboratoriais Genética Medicina nuclear Radioterapia Endoscópicos Medicina transfusional Anatomia patológica e citopatologia Métodos diagnósticos por imagem Exames específicos Figura 21 – Classificação dos tópicos para os procedimentos diagnósticos e terapêuticos Saiba mais Para ter acesso a todo o Rol de Procedimentos da ANS, leia: AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS). Resolução Normativa nº 338, de 21 de outubro de 2013 e anexos. Rol de procedimentos e eventos em saúde, 2014. Ministério da Saúde: 25 fev. 2014. Disponível em: <http://www.ans.gov.br/images/stories/Materiais_para_pesquisa/ Materiais_por_assunto/ProdEditorialANS_Rol_de_Procedimentos_e_ eventos_em_saude_2014.pdf>. Acesso em: 6 dez. 2015. 4.4 Troca de Informações em Saúde Suplementar (Tiss) A Tiss foi determinada como um padrão obrigatório para as trocas eletrônicas de dados de atenção à saúde dos beneficiários de planos entre os agentes da saúde suplementar. Seu objetivo é estabelecer os padrões das ações administrativas e auxiliar nas ações de avaliação e acompanhamento econômico, financeiro e assistencial das operadoras de planos privados de assistência à saúde, bem como formar o registro eletrônico de saúde. 55 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar O padrão Tiss tem por diretriz a interoperabilidade dos sistemas de informação em saúde preconizados pela ANS e pelo Ministério da Saúde, e ainda busca a redução da assimetria de informações para os beneficiários de planos privados de assistência à saúde. O padrão Tiss é organizado em cinco componentes: • organizacional: estabelece o conjunto de regras operacionais; • conteúdo e estrutura: define a arquitetura dos dados utilizados nas mensagens eletrônicas e no plano de contingência, com o objetivo de coletar e disponibilizar os dados de atenção à saúde; • representação de conceitos em saúde: responsável pelos termos para mostrar os eventos e itens assistenciais na saúde suplementar consolidados na Terminologia Unificada da Saúde Suplementar (Tuss); • segurança e privacidade: designar requisitos de proteção, assegurando o direito individual ao sigilo, à privacidade e à confidencialidade dos dados de atenção à saúde, seguindo a legislação e baseando‑se no sigilo profissional de informações; • comunicação: estipula os meios e os métodos de comunicação das mensagens eletrônicas definidas no componente de conteúdo e estrutura, e adota a linguagem de marcação de dados Extensible Markup Language (XML). É válido ressaltar o radar Tiss, dispositivo pesquisado para acompanhar a implantação do padrão Tisspor meio das operadoras de planos privados de assistência à saúde e pelos prestadores de serviços de saúde. Essa pesquisa possui como objetivo central orientar novos estudos e planos de ação da ANS e do Comitê de Padronização de Informações em Saúde Suplementar (Copiss). O Copiss é considerado um grupo de trabalho feito para propor à ANS a melhora do padrão Tiss. Para tal, propõe que isso deve ser feito por meio das seguintes ações: • revisão dos termos integrantes do componente de representação de conceitos em saúde; • análise das solicitações de inclusões na Tuss; • promoção da divulgação e acompanhamento da adoção do padrão Tiss; • avaliação dos sistemas de informação da saúde suplementar coordenados pela ANS, visando à adequação do padrão Tiss; • desenvolvimento e recomendação de estudos relativos à tecnologia de informação e comunicação em saúde. 56 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II Resumo Nesta unidade foram abordados os tópicos referentes à lei dos planos de saúde (Lei nº 9.656/98) e o sistema de informações de produtos. Com a criação da ANS em 2000, a referida lei auxiliou a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais e contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde em todo o território nacional. As ações da ANS incluem a criação da taxa de saúde e da taxa de saúde suplementar por beneficiário, presidindo e adequando os serviços de saúde. Em relação às operadoras e seguradoras de plano de saúde, estudamos que a ANS é responsável por fiscalizá‑las e adequá‑las, por isso, desde sua criação, o número de unidades em atividade apresentou uma redução gradativa. Outro destaque dessa unidade foi o Documento de Informações Periódicas das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde (Diops), que foi estabelecido com a finalidade de reunir informações cadastrais e financeiras para o acompanhamento das operadoras em relação à saúde econômico‑financeira e a manutenção dos dados cadastrais. Compreendemos que o Diops possui um importante papel: orientar as seguradoras de saúde. Para monitorar a qualidade da assistência prestada aos consumidores de planos de saúde, foi criado o Sistema de Informações de Produtos (SIP), instrumento que a ANS normatizou para o envio de informações. Outro tópico relevante destacado nesta unidade é o SUS. Vimos seus princípios, que podem ser doutrinários (equidade, universalidade, integralidade) e organizativos (regionalização e hierarquização, descentralização, participação da população). O rol de procedimentos estipulados pela ANS é classificado de maneira a facilitar sua identificação. São divididos em quatro grandes grupos: procedimentos gerais; clínicos, ambulatoriais e hospitalares; cirúrgicos e invasivos; e diagnósticos e terapêuticos. Enfim, analisamos a Troca de Informações na Saúde Suplementar (TISS), que define padrões das ações administrativas e é obrigatória para as trocas eletrônicas de dados de atenção à saúde dos beneficiários de planos entre os agentes da saúde suplementar. 57 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Gestão de plano de saúde e auditoria hospitalar Exercícios Questão 1. A observância dos princípios fundamentais de contabilidade do CFC é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade. A norma contábil que determina a inclusão das receitas e despesas na apuração do resultado do período a que pertencerem, quando se correlacionarem de forma simultânea, independentemente de ter havido recebimento no caso de receita, ou pagamento, no caso de despesa, está contida no princípio fundamental de contabilidade da: A) Competência. B) Continuidade. C) Oportunidade. D) Tempestividade. E) Uniformidade. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: o sincronismo entre os períodos de ocorrências de receitas e de despesas é tratado pelo princípio da competência. B) Alternativa incorreta. Justificativa: o princípio da continuidade estabelece que a empresa tem duração ilimitada, independentemente de seus sócios ou acionistas. C) Alternativa incorreta. Justificativa: o princípio da oportunidade considera que os valores devem ser contabilizados nos momentos em que ocorrem os eventos ou fatos econômicos. D) Alternativa incorreta. Justificativa: o princípio da tempestividade refere‑se ao processo de imediato reconhecimento dos ativos e dos passivos contábeis. 58 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 4/ 12 /1 5 Unidade II E) Alternativa incorreta. Justificativa: o princípio da uniformidade considera a manutenção de determinado critério ou princípio nos processos executados em vários períodos, permitindo a comparação entre valores e resultados. Questão 2. O departamento responsável pelo controle de tributos da Seguradora Nacional Saúde, ao final do último exercício, elaborou um relatório contendo os seguintes dados: Contas Valores Capital social R$ 100.000,00 Reserva de reavaliação R$ 50.000,00 Reserva especial artigo 460 RIR R$ 10.000,00 Lucros acumulados até 2004 R$ 22.000,00 Lucro líquido do ano de 2005 (ajustado para cálculo do limite) R$ 13.000,00 TJLP no ano 5% Com base nas informações, considerando que não será efetuado nenhum ajuste no lucro real, qual é o valor máximo permitido pela legislação do imposto de renda a ser pago ou creditado a título de juros sobre o capital próprio, dedutíveis na base do lucro real da empresa? A) R$ 11.000,00. B) R$ 9.100,00. C) R$ 7.250,00. D) R$ 6.750,00. E) R$ 6.500,00. Resolução desta questão na plataforma.
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