Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Autor: Prof. Gustavo Aparecido do Nascimento Colaboradoras: Profa. Ana Paula de Andrade Trubbianelli Profa. Christiane Mazur Doi Técnicas em Recrutamento e Seleção Professor conteudista: Gustavo Aparecido do Nascimento Possui graduação em Psicologia pela Universidade Paulista (UNIP, 1998). Pós-graduado em Administração de Recursos Humanos pela Faap (2000). Mestre pela Universidade São Marcos em Administração, Comunicação e Educação. Professor na UNIP, ministra aulas em educação a distância (UNIP EaD) em cursos tecnológicos, graduação e pós-graduação, bem como em aulas presencias em Administração e Contabilidade. Realiza trabalhos de consultoria na área de Recursos Humanos. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) N244t Nascimento, Gustavo Aparecido do. Técnicas em Recrutamento e Seleção / Gustavo Aparecido do Nascimento. – São Paulo: Editora Sol, 2022. 112 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Modelo. 2. Recrutamento. 3. Seleção. I. Título. CDU 658.311 U514.72 – 22 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Profa. Sandra Miessa Reitora em Exercício Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini Vice-Reitora de Administração Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia Vice-Reitor de Extensão Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades do Interior Unip Interativa Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Angélica L. Carlini Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. Deise Alcantara Carreiro Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Jaci Albuquerque de Paula Vitor Andrade Sumário Técnicas em Recrutamento e Seleção APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 MERCADO DE TRABALHO ...............................................................................................................................9 1.1 Mercado de trabalho na atualidade ................................................................................................9 1.1.1 Introdução às técnicas de recrutamento e seleção (R&S) ......................................................9 1.2 O mercado de recursos humanos .................................................................................................. 12 1.3 RH 4.0 ........................................................................................................................................................ 13 1.4 Objetivos do programa de recrutamento e seleção ............................................................... 14 1.5 Avaliação de potencial ...................................................................................................................... 16 2 FASES DO PROCESSO SELETIVO (DIAGNÓSTICO, LEVANTAMENTO DE PERFIL, PLANEJAMENTO DE PESSOAL, AÇÃO E MONITORAMENTO DE RESULTADOS) ............................ 19 2.1 Planejamento de pessoal................................................................................................................... 20 2.1.1 Modelo baseado na procura estimada do produto ou serviço ........................................... 24 2.1.2 Modelo baseado em segmentos de cargos ................................................................................. 24 2.1.3 Modelo de substituição de postos-chave .................................................................................... 25 2.1.4 Modelo baseado no fluxo de pessoal ............................................................................................ 26 2.1.5 Modelo de planejamento integrado .............................................................................................. 27 2.2 Levantamento de perfil ...................................................................................................................... 29 2.3 Competência ......................................................................................................................................... 31 2.3.1 Competências para uma nova era em R&S ................................................................................. 32 Unidade II 3 RECRUTAMENTO .............................................................................................................................................. 41 3.1 Estilos de recrutamento ..................................................................................................................... 45 3.2 Mídias sociais como forma de atração ........................................................................................ 46 3.3 Recrutamento e transmissão da cultura organizacional .................................................... 47 3.4 Definição de critérios de recrutamento ...................................................................................... 48 4 TIPOS DE RECRUTAMENTO .......................................................................................................................... 49 4.1 Recrutamento interno ...................................................................................................................... 49 4.1.1 Vantagens do recrutamento interno ............................................................................................. 54 4.1.2 Desvantagens do recrutamento interno ...................................................................................... 56 4.2 Recrutamento externo ...................................................................................................................... 57 4.2.1 Vantagens do recrutamento externo ............................................................................................ 61 4.2.2 Desvantagens do recrutamento externo ..................................................................................... 63 4.3 Tipos de vagas ........................................................................................................................................ 64 Unidade III 5 SELEÇÃO .............................................................................................................................................................. 73 5.1 Conceito de seleção de pessoal ...................................................................................................... 73 5.2 Técnicas seletivas .................................................................................................................................. 78 5.3 As bases do processo seletivo ........................................................................................................ 81 5.4 Seleção como um processo comparativo .................................................................................. 82 5.5 Comparação seletiva .......................................................................................................................... 83 5.6 Seleção como um processo decisório ......................................................................................... 84 6 PRINCIPAIS FERRAMENTAS DE SELEÇÃO .............................................................................................85 6.1 Análise do quadro funcional .......................................................................................................... 86 6.1.1 Preenchimento da requisição de pessoal .................................................................................... 87 6.1.2 Análise de currículos ............................................................................................................................ 87 6.1.3 Entrevista individual .............................................................................................................................. 87 6.1.4 Testes situacionais ................................................................................................................................. 88 6.2 Dinâmica de grupo ............................................................................................................................. 88 6.2.1 Testes práticos/testes específicos .................................................................................................... 88 6.2.2 Dinâmica de grupo e suas etapas ................................................................................................... 89 6.3 Tendências nos processos seletivos ............................................................................................... 90 6.4 Diversidade nas organizações ......................................................................................................... 91 Unidade IV 7 SISTEMA DE MANUTENÇÃO ........................................................................................................................ 96 7.1 Documentos para o processo de admissão .............................................................................. 96 7.2 Processo de admissão ......................................................................................................................100 7.2.1 Procedimentos para admissão .......................................................................................................100 8 JORNADA DE TRABALHO ............................................................................................................................101 8.1 Dos períodos de descanso .............................................................................................................103 8.2 Do trabalho noturno ........................................................................................................................105 8.3 Do quadro de horário ......................................................................................................................106 8.4 Das penalidades .................................................................................................................................106 7 APRESENTAÇÃO A proposta desta disciplina é oferecer aos alunos o conhecimento sobre a área de técnicas de recrutamento e seleção na empresa. Para muitos, esse processo é simples de elaborar, por pensarem que se trata apenas de admitir e demitir pessoas. Entretanto, por trás de toda essa movimentação, existem planos, estratégias e aspirações voltados às melhorias, bem como à competitividade, não só entre as empresas, mas também entre candidatos dentro delas. De uma forma geral, trata-se da vida e da duração da empresa no mercado, em que apenas os mais fortes sobrevivem. A atualização profissional será um tema muito discutido, proporcionando refletir sobre a carreira, as ferramentais atuais de mercado e quais os caminhos para se tornar competitivo num mercado tão dinâmico. No caminho dessa demonstração do que são as técnicas de recrutamento e seleção, o que poderá ser observado é que recrutar e selecionar não ocorre ao acaso, há um planejamento focado em uma estratégia, estipulada pela empresa para suprir sua necessidade de pessoas. Esse planejamento pode ser focado em crescimento, em satisfação temporária, em diminuir custos ou em aproveitar pessoas cujo potencial possa ser transformado em competência. O processo em si deve ser o mais claro possível e com o menor custo, em que o indivíduo seja aproveitado com seu máximo potencial, pois é capaz de transformar os rumos de processos e procedimentos que ocorrem internamente e projetar o nome da empresa e sua participatividade no mercado. Isso significa ser diferente, produzir mais, ter o nome no mercado, e o colaborador deve aproveitar a oportunidade para aprender um pouco mais sobre processos seletivos e o que se exige dos candidatos ao se participar de um. A disciplina descreve a forma como um indivíduo participa do recrutamento, passando pelo processo de seleção e ingresso. A integração será explicada detalhadamente, como um processo diferenciado de transmissão da cultura da empresa. O aluno, por meio do livro-texto, será capaz de identificar cada parte desse processo de recrutamento e seleção e o significado de cada teste ou entrevista, principalmente as técnicas atuais, como entrevista por competência, testes e inventários de personalidade utilizados atualmente. De maneira clara e objetiva, este livro-texto tem a missão de fazer com que os alunos sejam capazes de identificar todo o processo de recrutamento e seleção, enxergando as facilidades e as diferentes formas de otimizar a captação de pessoas para o processo produtivo nas empresas. Assim se tornarão gestores capazes de buscar pessoas com capital intelectual adequado, trazendo a concretização do que foi estabelecido estrategicamente pela empresa e utilizando o agente de transformação de processos e procedimentos da “produção” de pessoas. 8 INTRODUÇÃO Este livro-texto servirá de apoio ao estudo da disciplina Técnicas de Recrutamento e Seleção, que tem como objetivo discutir o assunto para além da noção de que a mão de obra é simplesmente contratada ou dispensada em algum momento. Para tal, considera termos e jargões geralmente usados por profissionais que atuam diretamente com recursos humanos e usuários de informações da área. As transformações ocorridas pela Quarta Revolução Industrial têm provocado diversos desafios para as organizações, sobretudo para a área de gestão de pessoas, o que tem impactado profundamente os processos e as ferramentas de recrutamento e seleção. A ascensão da inteligência artificial e das novas tecnologias digitais vem causando rupturas nas competências tradicionais. Após o processo de globalização, um incessante processo de mudança tem clamado na área de recursos humanos, solicitando preparo, dinamismo e sensibilidade para lidar com tamanhas mudanças. É importante salientar que, neste material, construiremos juntos o conhecimento relativo à importância e ao tratamento das técnicas de recrutamento e seleção. Nossa proposta, portanto, não é de somente transferir um conjunto predeterminado de saberes. As escolhas metodológicas e didáticas a partir das quais o livro-texto foi criado incluem o aperfeiçoamento do espírito crítico e o desenvolvimento das capacidades e habilidades de produção e geração de conhecimento. Dessa forma, você poderá notar que os conteúdos estão sempre entrelaçados às situações concretas das organizações, e tal estratégia permitirá que você desenvolva, com autonomia, o seu próprio saber em relação à importância do assunto para sua vida profissional, informando, atualizando e provocando para que seu conhecimento possa ser sempre atualizado. Cada unidade foi elaborada para atender a determinados objetivos. Entraremos em contato com as principais noções relativas às técnicas de recrutamento e seleção: seus conceitos, seu objeto, seus objetivos e seus principais instrumentos de organização e controle. Também estudaremos questões relacionadas a recrutamento, novas competências organizacionais, programa de benefícios, retenção de talentos e indústria RH 4.0. É esperado que você aprecie este livro-texto e que, a partir dele, possa conhecer e dominar os processos básicos da área e seus impactos nas organizações. 9 TÉCNICAS EM RECRUTAMENTOE SELEÇÃO Unidade I 1 MERCADO DE TRABALHO 1.1 Mercado de trabalho na atualidade 1.1.1 Introdução às técnicas de recrutamento e seleção (R&S) Recrutar e selecionar pessoas atualmente não é algo fácil. Você já deve ter pensado que com tantas pessoas no mercado de trabalho, num país com tanta instabilidade econômica como o Brasil, uma vaga deve ter milhares de candidatos. É verdade, tem mesmo. Programas trainees e estágios, por exemplo, muitos são mais concorridos que vagas para cursos como odontologia e medicina. Mas o que acontece então? As questões são diversas, podemos citar muitas, mas talvez a principal seja a qualificação profissional. Estatisticamente, você sabia que o Brasil é um dos países que pior domina o segundo idioma na América Latina? No caso o inglês. Em um mundo globalizado, falar inglês é fundamental! Temos outros fatores, como baixa qualificação acadêmica, técnica e outros fatores que influenciam na decisão dos selecionadores e gestores de uma empresa. Fatores comportamentais também são fundamentais para uma escolha. Inclusive, o capital intelectual será fundamental em um processo de seleção. Mas nem sempre foi assim. Se voltarmos um pouco no tempo, há 20, 30 anos, o processo de R&S era bastante diferente. Se você perguntar ao seu pai ou avô como ele entrou para o trabalho, talvez você até estranhe as terminologias utilizadas. Antes era o empregado na firma, com o passar dos anos foi o funcionário na empresa e hoje é o colaborador na organização. Será que foi somente uma mudança de nomes ou também de paradigmas? E como eram os processos de contratação e o plano de carreira nesse período? Bem mais simples. Era por indicação, apresentação para o “chefe” ou “dono” como conhecido de alguém, e imediatamente o profissional era contratado. E a carreira? Começava como assistente de algum cargo, e depois de 15, 20 anos você se tornaria chefe e depois gerente de sessão. E hoje, você esperaria 20 anos para se tornar gerente? Provavelmente não. Assim podemos ver como o mercado de R&S mudou. Mas o que aconteceu? O Brasil, acompanhando uma tendência mundial, sofreu um processo grande de globalização, e com ela o mercado de R&S também. Além de novas técnicas, ferramentas e tecnologia, as competências organizacionais foram inseridas. Em substituição ao tradicional modelo de indicação citado, agora, para se contratar um profissional, precisamos seguir modelos rigorosos de atributos e atribuições, relacionados a um saber técnico e comportamental, chamado competência. 10 Unidade I Saiba mais A respeito do assunto globalização, leia essa interessantíssima opinião: CIMINO, V. A nova globalização da pandemia. Folha de S.Paulo, 8 jun. 2021. Disponível em: https://bityli.com/UTuzg. Acesso em: 11 fev. 2022. Foi uma revolução na área de recursos humanos, esses novos modelos influenciam nas escolhas dos profissionais, em treinamentos, avaliações de desempenho e planos de carreira. A área de R&S passou a ser estratégica na organização. Todos os esforços devem ser concentrados para satisfazer as pessoas e suprir as necessidades da empresa. O planejamento para encontrar o profissional certo para o lugar certo atualmente tem que considerar, além das competências, a cultura da empresa. O mercado de trabalho apresenta dinamismo e agilidade antes nunca vistos, as empresas com o processo de globalização absolutamente em sua máxima potência, com tecnologia e comunicação alcançando tamanha fluidez, que qualquer movimento num determinado lugar do mundo reflete imediatamente em outro. Com isso empresas podem “dormir” nacionais e “acordarem” multinacionais, podem ser compradas ou vendidas a qualquer momento, ou ainda realizar fusão com outra. Isso reflete diretamente no que se refere ao preenchimento de vagas, não é adequado procurar qualquer pessoa, apenas aquelas que possam trazer valor competitivo com a atuação em seu novo emprego. Portanto, na nova vaga, esse diferencial é procurado pelas empresas, pois é o que as torna competitivas no mercado em relação aos seus concorrentes. A empresa é quem dá subsídios para a contratação e a pesquisa no mercado, e é ela quem mantém os salários dos novos colaboradores. Assim, para abastecê-la com novos talentos, deve ser observado o que ela precisa realmente no que se refere às pessoas e se estas contemplam aquilo que se entende por estratégia de melhorias ou crescimento. Quando falamos de técnicas de recrutamento e seleção, estamos nos referindo a fornecer pessoas ideais para o local exato, mas não somente isso, temos que considerar a cultura existente em cada organização. Esse procedimento beneficiará não somente a área de seleção, mas também outras ligadas diretamente, como integração, treinamento e desenvolvimento e plano de carreira. Exemplo de aplicação Um profissional que possui características que se assemelham à cultura da empresa, com valores próximos, não terá mais facilidade de se adequar ao dia a dia da organização? É provável que sua trajetória possa ser mais fácil do que alguém que não compartilhe dos mesmos valores. A área de recrutamento e seleção ganha a partir desse momento responsabilidades estratégicas na identificação dos melhores profissionais no mercado, para alocá-los, portanto, nas áreas certas e nos cargos certos, mas considerando muito a cultura de cada organização. 11 TÉCNICAS EM RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Essa tarefa é detalhada e árdua, pois embora exista uma extensa pesquisa sobre os recursos disponíveis no mercado, que possam vir a satisfazer a empresa, muitas vezes, esta possui poucas vagas e não encontra quem possa preenchê-las, pois as pessoas têm pouco conhecimento ou diferencial para agregar valor ao que a organização espera para aquele momento. Aqueles que se encontram no lugar certo, na hora certa, com a cultura e com a competência adequada são fundamentais para o crescimento da empresa e sua prosperidade, pois são os principais agentes que levam a organização a ter um desempenho melhor em suas tarefas e, portanto, a ter uma produção mais adequada e com qualidade. Os agentes de transformação em uma empresa são indivíduos qualificados, treinados, desenvolvidos, reconhecidos e valorizados, e produzem melhor aqueles que trabalham naquilo que gostam. O colaborador que coopera com essas melhorias terá reconhecimento dentro da empresa; por outro lado, o funcionário também é capaz de destruir a organização, quando não traz melhorias e não coopera para conseguir resultados e qualidade, ou seja, quando se torna um sujeito acomodado em sua função. Por esse motivo, ao recrutarmos indivíduos, mesmo que o foco seja na quantidade, o potencial que eles trazem consigo deve ser medido e aferido para que, realmente, o candidato que vier a trabalhar na empresa traga para ela um diferencial competitivo. Saiba mais Você pode se aprofundar no assunto de gestão de pessoas, seu conceito e histórico, seus modelos de gestão e sua estrutura de funcionamento com o livro: CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 1999. As mudanças no contexto organizacional não ficaram somente nas esferas políticas e econômicas, pelo contrário. As principais modificações acontecem no comportamento das pessoas, precisamos acompanhar a velocidade do mercado, com atualizações constantes, novas formas de recrutamento, tecnologias que ajudam a encontrar pessoas, novas formas de selecionar e testar candidatos. Há os termos em inglês utilizados no contexto organizacional, como “hard” e “soft skills”, que correspondem às competências técnicas (hard quer dizer “duras” no inglês, isto é, competências que consigo através de cursos e formações) e às principais soft skills (que na tradução significa habilidades interpessoais), e que estão relacionadas ao comportamento das pessoas nas empresas. Mais que saber sobre habilidades técnicas ou comportamentais, precisamos como profissionais de recursos humanos (RH) acompanhartendências e novidades do mercado, atualizando-nos constantemente. Assim, nesse contexto, progredir é agregar para si o conhecimento que será carregado para a vida toda. A empresa precisa de pessoas capazes de pensar, realizar, inovar e trazer melhorias constantes, não só para o profissional – ao conseguir uma promoção, um aumento ou ainda um reconhecimento –, mas 12 Unidade I também para a empresa, no que se refere a processos e procedimentos realizados. Esse fato é observado nas melhores empresas, tanto no Brasil quanto nos demais países. As empresas são dinâmicas e se encontram em constante mudança, e o papel da área de recursos humanos é providenciar pessoas que sejam capazes de satisfazer às necessidades da organização. 1.2 O mercado de recursos humanos O mercado de recursos humanos tem mudado constantemente. Se antes os esforços eram para garantir que todos produzissem para que no final do mês fossem recompensados com um salário, hoje, os profissionais esperam muito mais das organizações. A atuação do profissional de RH hoje vai muito além de simplesmente satisfazer esses conceitos básicos, as teorias motivacionais modernas dizem que os profissionais hoje querem um ambiente saudável, clima organizacional satisfatório, bons benefícios, acesso aos líderes e principalmente se sentirem importantes dentro do ambiente organizacional. O mercado de recursos humanos vem acompanhando toda movimentação descrita, com a necessidade de contratar pessoas considerando a cultura da empresa, o RH tem que ser estratégico; processos antigos, com técnicas ultrapassadas, irão certamente revelar uma empresa imatura e que não acompanhou as tendências e necessidades de mercado. Conforme Marras (2017a, p. 102) cita: Os modelos de gestão utilizados até praticamente o final do século passado priorizavam – pela ordem – os fluxos de trabalho, os processos produtivos e a tecnologia, sempre em busca do aprimoramento organizacional e dos respectivos resultados. Esgotadas essas técnicas e sentida ainda a necessidade de aumentar os resultados operacionais, os trabalhadores começam a ser vistos como a solução dos problemas organizacionais à busca incessante de maior produtividade e lucratividade. Assim, a necessidade extrema de competir estaria levando as organizações a buscar uma maior aproximação com seus trabalhadores. Assim a área de RH precisa de profissionais atualizados, com viés de acompanhar inovações, ferramentas e técnicas novas. Principalmente com o avanço da tecnologia nas empresas, as habilidades em lidar com pessoas é um diferencial competitivo, na criação de um ambiente saudável e produtivo. O profissional de RH é o responsável também pela cultura da empresa, transmitindo na sua essência a necessidade e o caminho que todos devem seguir para estabelecer metas para que a empresa possa alcançar seus objetivos. O mercado de trabalho necessitará cada vez mais de pessoas com formação adequada no setor. E pensando em contratar pessoas, a grande porta de entrada das organizações é a área de recrutamento e seleção, é através dela que os colaboradores adentraram na empresa, e realizar um processo assertivo é um grande diferencial, além de colocar as pessoas com as competências certas nas áreas, evitará turnover e despesa com novos processos seletivos. 13 TÉCNICAS EM RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Certamente é uma área em constante movimentação. E embora sofra com novas tecnologias nos processos seletivos (assunto para mais adiante), com etapas mais on-line do que anteriormente, não estamos nem perto de excluir pessoas dos processos, sempre pessoas avaliando pessoas; mesmo que dentro desse universo utilizemos ferramentas de tecnologia, o olhar humano não será descartado, sempre teremos pessoas, mesmo que manipulando sistemas, olhando para pessoas. Ainda, dentro desse modelo de constantes mudanças, o profissional de RH precisa desenvolver competências de gerir crises, visto que devido à instabilidade gerada no mercado, teremos em vista adequações e ajustes, buscando redução de custos, revendo processos constantemente, sem perder o olhar de trazer pessoas com alta performance nas empresas. Não temos mais tempo de buscar pessoas que não estejam aliadas com as metas, faz-se urgente ter resultados imediatos que gerem lucro e competividade, mantendo a empresa no mercado. Sem formar bons times de trabalho, nada disso faz sentido. E é nosso papel de recrutador ter esse olhar constante de agregar valor à organização. O mercado exige profissionais com olhar estratégico, que entenda do negócio, não somente da cultura, mas que conheça produtos, serviços e concorrentes. Que saiba fazer uma análise precisa do mercado que atua para, assim, contribuir com eficiência e eficácia em todos os subsistemas de RH, principalmente na área de recrutamento e seleção. Muitas serão as oportunidades no mercado, seja em recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento ou em áreas mais específicas, como remuneração; dependerá muito como cada profissional irá conceber sua carreira, olhando as mudanças, ou fazendo parte ativa delas. Assim a tarefa do profissional de recursos humanos foi atualizada, precisamos lidar com o desenvolvimento técnico e comportamental dos colaboradores, nos preocupar com seu estado emocional, assim como seu processo de carreira. Não basta mais dominar todas as técnicas e ferramentas e sua face comportamental, lidar com as emoções, suas e dos outros, será fundamental na construção de um profissional completo na área de RH. A inteligência emocional passou a ser de grande importância. O espaço para o mercado é amplo, por se tornar cada vez mais estratégico, a área de R&S proporciona boas oportunidades, com ferramentais se atualizando a cada instante. Aquele currículo impresso deixado na porta das empresas foi substituído por mídias sociais, blogs, inteligência artificial e robôs, que cruzam informações e buscam profissionais não somente pela sua qualificação técnica, mas também por características comportamentais e sociais. 1.3 RH 4.0 O RH 4.0 está ligado à Quarta Revolução Industrial: a da tecnologia. Assim como os demais setores, o RH também vive o seu momento 4.0. Nele, o foco é no uso inteligente das ferramentas tecnológicas, que impactam significativamente a vida das pessoas. Veja, não é somente um software que irá fazer uma busca mais específica no banco de dados da empresa, mas a mudança de um comportamento e de uma mentalidade em relação à maneira que nos relacionamos e convivemos no dia a dia das organizações. 14 Unidade I Não basta implementar mais uma vez, implementar um novo software, é necessária uma mudança na forma como processos e pensamentos são realizados, além do papel que os profissionais cumprem em relação à área de RH. A função estratégica da área será de fundamental importância para transmitir aos colaboradores suas novas atribuições e responsabilidades, não somente ações tradicionais como o pagamento de salários e benefícios. Com o uso de técnicas e do conhecimento adquirido, a tecnologia aperfeiçoa e facilita o trabalho, a resolução de problemas ou a execução de uma tarefa específica. Isso permite uma visão mais estratégica por parte do RH, que agora possui mais recursos para se posicionar estrategicamente e atender as necessidades desse consumidor da era 4.0, que exige toda a construção de uma experiência de sucesso. Por exemplo, já existem empresas que não usam o registro eletrônico de marcação de ponto, o próprio crachá carrega um chip que irá registrar as informações de chegada, almoço e saída do colaborador, monitorando com exatidão sua produtividade na empresa. Não se trata somente a mudança do cartão eletrônico, mas de uma mentalidade produtiva e envolvente que o RH precisa desenvolver nos colaboradores. O home office é uma realidade cada vez mais presente nas empresas, os líderes precisarão ser desenvolvidos para lidar com as novas formas de atuação, liderar a distância, gerir sem a presença física.Não é mais somente uma questão de tecnologia, mas de aperfeiçoamento do comportamento organizacional na utilização e produtividade que esse mundo 4.0 proporcionará. 1.4 Objetivos do programa de recrutamento e seleção Conforme Sobral e Peci (2013, p. 29), “as constantes mudanças no ambiente organizacional alteraram profundamente o trabalho. A informação e as ideias substituíram as máquinas e ativos físicos. A globalização ampliou o mercado e aumentou a concorrência”. Como profissionais de RH, precisamos compreender os cenários que a empresa está inserida, para que a eficiência do processo seletivo possa acontecer, quer dizer, ainda, que não podemos recrutar nem selecionar pessoas sem obedecer às estratégias da empresa, considerando o que ela tem como pessoal, seu objetivo, onde ela está, o que fará para chegar a algum lugar. Organizações não recrutam e selecionam pessoas ao acaso, podendo, no máximo, fazê-lo para criar um banco de dados destinado a futuras colocações dessas pessoas na empresa – mas isso também não é uma garantia de emprego para os candidatos. Logo, ao afirmar que é preciso obedecer às políticas da empresa, os autores estão sinalizando que os cargos são oferecidos aos indivíduos, mas estes devem ter o perfil que a empresa acredita ser adequado para que ocupem a vaga. As diretrizes estão ligadas a processos e procedimentos aos quais a vaga está amarrada, e também a ações como captar indivíduos e reconhecer quais são adequados para ocupar as vagas em aberto na empresa. Estabelecer critérios para o planejamento é fundamental para o sucesso tanto do recrutamento como da seleção; assim, quais serão as quantidades desejadas de pessoas que concorrerão às vagas? As vagas são definidas de acordo com o planejamento feito anteriormente pelos profissionais de RH em conjunto com os gestores de área, para que exista uma cota adequada de candidatos participantes 15 TÉCNICAS EM RECRUTAMENTO E SELEÇÃO do processo de recrutamento e para que haja, nesse grupo, candidatos suficientes no que concerne à qualificação para contemplarem a seleção e as vagas existentes na empresa. Quanto às competências e qualidades exigidas, estas são estipuladas pelas áreas que possuem as vagas em aberto e dependem da descrição do cargo e do que é exigido como competências. Também faz parte do processo o critério de transferências, promoções e reconhecimento de funcionários internos. Não se trata de uma tarefa fácil, mas ela deve ser bem-administrada, pois uma peça movida sem reflexão pode acarretar uma série de problemas no andamento geral da empresa. Isso, de acordo com Pontes (2008, p. 157), ocorre “porque as pessoas estão ligadas na dinâmica do funcionamento dos processos dentro da empresa, e umas dependem das outras para conseguirem o resultado final esperado por todos”. O objetivo principal é abastecer com pessoas as lacunas da empresa, e para isso a organização vai buscar o que existe de melhor no mercado de RH, seja dentro dela mesma ou externamente. Quadro 1 – Vagas futuras de uma unidade administrativa: quantidade e motivos de necessidades Cargos Ano 1 Ano 2 1° trim. 2° trim. 3° trim. 4° trim. 1° trim. 2° trim. 3° trim. 4° trim. Diretor administrativo/financeiro 1(1) Gerente de recursos humanos 1(2) Supervisor de administração de salários 1(3) Supervisor de telefonia 1(3) Supervisor de tesouraria 1(2) Os motivos da necessidade: (1) Aposentadoria ocupante (2) Promoção do atual componente (3) Criação de cargo (4) Outros motivos Fonte: Pontes (2008, p. 74). Como podemos observar, existe um planejamento por trás do processo de captação de pessoas. Às vezes, por algum motivo e para determinada finalidade, não são feitos recrutamento nem seleção para abastecer a empresa. Em relação a isso, surge uma pergunta: devemos sempre recrutar internamente para ter menos custos? A resposta para essa questão depende de qual é o objetivo da empresa e de quais são as pessoas com potencial para agregar valor ao cargo e trazer competências em remodelar os processos e procedimentos embutidos nas tarefas do trabalho. O barato pode sair caro nesse caso, porque quando recrutamos uma pessoa sem perspectivas de melhorias, apenas substituímos uma por outra, não agregando nada ao resultado que esperávamos. Não é uma tarefa fácil recrutar internamente, pois algumas empresas não possuem colaboradores capazes de suprir suas lacunas naquele momento específico. Além disso, existem custos para manter toda uma logística integrada, tanto interna como externamente, na busca pelo candidato adequado para a vaga em aberto. Essa preocupação é fundamental, pois uma vez que colocamos um indivíduo em 16 Unidade I uma posição na empresa, é preciso que ele venha a agregar valor ao processo com sua atuação, que seja responsável e capaz de trazer melhorias e criatividade em sua função, e que faça a empresa crescer e prosperar, alcançando progressos tanto para ele quanto para o setor e a empresa. O foco das empresas está ligado ao potencial que os candidatos têm em realizar as tarefas em menor tempo, com pouco custo e com qualidade diferenciada. Avaliar o potencial das pessoas é como verificar as realizações dos indivíduos nos seus âmbitos pessoal e profissional e projetá-las para a realização das tarefas na empresa, sempre considerando a cultura da empresa. Desse modo, foi ampliado o conceito de R&S, colocar as pessoas certas, nos cargos corretos de acordo com a cultura organizacional vigente. 1.5 Avaliação de potencial Como podemos mensurar o potencial de uma pessoa? Inicialmente, devemos entender que potencial se refere a tudo o que a pessoa já fez em sua vida. Isso inclui o conhecimento de todas as suas realizações, o que nos permite projetar o que é esperado no que se refere a sua competência e as suas ações. Em outras palavras, devemos ter em mente que tudo aquilo que a pessoa já realizou em sua vida pode nos dar pistas do que ela é capaz de fazer e de executar. Ainda mais importante, indica-nos quais oportunidades essa pessoa é capaz de aproveitar, o que inclui a sua competência para fazer algo de forma diferenciada e a competência para aproveitar as oportunidades de qualificação e de capacitação. As características que melhor revelam o potencial de uma pessoa são: • Rapidez para o aprendizado e para o desempenho de novas tarefas. Quanto mais rapidamente alguém for capaz de realizar seu trabalho e quanto mais rápida essa pessoa for na absorção de novos conhecimentos, maior será o valor que ela agregará no desempenho de sua função. Em outras palavras, essa é uma característica positiva e que tem relação direta com os benefícios que traz. • Interesse pelo desenvolvimento do trabalho. Quanto mais interessada a pessoa estiver no seu trabalho, maior será o seu grau de comprometimento e, consequentemente, melhores serão os resultados que ela poderá trazer à empresa e à equipe. • Capacidade de diagnóstico. É desejável que a pessoa seja capaz de identificar oportunidades e de traçar estratégias que lhe permitam atingir os objetivos propostos pela organização. • Capacidade de liderança. Essa parte não é tão fácil, pois a liderança varia de empresa para empresa, e os líderes precisam ter a capacidade de absorver como sua nova equipe trabalha e qual modelo de liderar será mais eficiente nesse novo processo. • Iniciativa. A iniciativa é um indício de que a pessoa tem interesse em fazer as tarefas, de que busca resultados e de que não é acomodada. Essa competência, que foca o potencial individual, é um dos principais requisitos observados pelos avaliadores em um processo de recrutamento e seleção. 17 TÉCNICAS EM RECRUTAMENTO E SELEÇÃO • Disposição para correr riscos. O ditado “quem não arrisca não petisca” é verdadeiro. Qualquer pessoa que precise fazer algo que não domina tem medo, criando barreiras e bloqueios em sua mente. Aquelas que possuem um potencial adequado para o cargo devem arriscar, mostrar o quesabem e o porquê de estarem ali para aquela vaga. • Aceitar desafios. Os desafios dentro das empresas são constantes, e o primeiro enfrentado pelos indivíduos que querem trabalhar é conseguir superar seus concorrentes em um processo de recrutamento e seleção. No recrutamento é necessário ter potencial para concorrer à vaga, e na seleção é preciso ser melhor que os outros candidatos. Já na empresa, trabalhando em seu setor, é necessário comprovar ser capaz, saber fazer o serviço e com qualidade, ou seja, com a competência de aperfeiçoar o que já está estipulado no processo, reinventando melhorias e absorvendo os desafios que a profissão impõe no dia a dia. • Capacidade de saber administrar o trinômio da competência. Saber, saber fazer e querer fazer. Muitos candidatos, ao se oferecerem para as vagas em agências, não sabem sequer o que vão fazer no seu emprego. Além de terem esse conhecimento prévio, os candidatos devem saber fazer seu trabalho e, principalmente, querer fazer esse trabalho, de forma que tragam benefícios e possam ser reconhecidos como bons profissionais. • Transformar conhecimento em ações. Muitas vezes, um candidato busca uma carreira em determinada empresa, mas não sabe em que ramo ela atua, não conhece suas políticas salariais nem sua política de RH e não verifica a visão, a missão e os valores da empresa. Esse candidato já está eliminado psicologicamente, pois não detém o conhecimento sobre seu objeto de desejo (a própria empresa), ou seja, ele idealiza (pensa), mas não age (realiza). O mesmo acontece com um indivíduo que acaba de conseguir um cargo e pensa que ficará lá para sempre. Não é bem assim, pois ele terá de produzir, de preferência, com desempenho e qualidade superiores aos que já existem na empresa. Portanto, na transformação do conhecimento em ações, aquilo que foi absorvido na vida pessoal e acadêmica é revertido em transformações dos processos e procedimentos no trabalho. • Interesse em aprender mais sobre o seu trabalho e o de outros. O interesse é um fator fundamental, pois faz que as pessoas estejam ali para realizar e aprender a fazer diferente. Em entrevistas, ter interesse é um diferencial em relação aos concorrentes, pois a pessoa se mostra predisposta a enfrentar o novo, o diferente, o incerto, e, por meio de sua competência, é capaz de agregar novos conhecimentos para si e, consequentemente, para a empresa. Nos setores, quando as pessoas demonstram interesse, os líderes criam um vínculo de confiabilidade e lhes delegam novas funções, pois sabem que aquele colaborador é capaz de realizar aquilo que é pedido e até pedem sugestões a eles, porque creem na sua capacidade de absorver os conceitos e então transformá-los em realidade. • Relacionar-se em grupo e interessar-se por pessoas: habilidade no trato com superiores e subordinados e formas de relacionamento. Quando falamos de equipes, estamos nos referindo à junção de pessoas cuja cooperação é feita em prol de um objetivo comum. A distinção entre equipe e grupo está na cooperação: enquanto nas equipes identificamos essa cooperação entre os 18 Unidade I pares, o respeito pelos indivíduos e a participação nas sugestões de melhorias para o todo, no grupo temos um aglomerado de pessoas com um mesmo objetivo global, mas que possuem interesses diferentes dentro do todo, muitas vezes desrespeitando os colegas, sendo egocêntricos e querendo impor sua vontade aos demais. Um exemplo de equipe são pessoas que trabalham em um projeto para criação de um produto ou serviço dentro de um mesmo setor. Um exemplo de grupo são os seguidores de uma determinada página de alguma rede social. • Poder de análise. Para poder analisar uma empresa, um cargo ou ainda uma proposta de emprego, é necessário ter conhecimento, ou seja, não podemos ter senso comum, mas senso crítico. Mas, afinal, o que são esses sensos? O senso comum é a fala popular, um conhecimento distorcido da realidade, sem embasamento teórico ou técnico sobre o assunto. Já o senso crítico é o conhecimento acumulado por uma pessoa sobre determinado assunto baseando-se em material comprovado. Por exemplo, em uma dissertação de mestrado ou de doutorado, vários autores falam sobre determinado assunto; logo, trata-se de algo que foi comprovado pela ciência. Para analisar um tema, o indivíduo precisa levantar dados, interpretá-los, tirar conclusões a partir deles e apresentá-las a seu público. No caso do emprego, considerando a melhoria dos processos, podemos utilizar o senso crítico para propor sugestões. Já em caso de recrutamento e seleção, é importante nunca mentir sobre os conhecimentos, e sim potencializá-los, para chamar a atenção do avaliador. • Inovação. Ser capaz de criar, reciclar velhos conceitos, montar novas ações de melhoria, procurar caminhos que tragam resultados significativos para você e para a empresa. Os indivíduos em um processo de recrutamento e seleção são analisados não apenas pelo que sabem fazer, mas principalmente pelo que podem trazer como diferencial ao setor. • Grau de escolaridade. Outro ponto analisado em recrutamento e seleção: a formação do indivíduo, o que ele aprendeu academicamente ou de forma técnica e que pode ser utilizado na prática, ou aquilo que já pratica em sua função. As perguntas na entrevista técnica são feitas pelo futuro gestor, e muitos candidatos são reprovados nessa etapa por não possuírem um conhecimento adequado sobre a área na qual pretendem atuar. • Interesse em treinamentos. O mundo em que vivemos está em constante transformação. Portanto, mais do que qualquer outra competência, o interesse do funcionário em reciclar-se, por iniciativa da empresa ou não, é fundamental para que ele possa continuar agregando valor ao seu trabalho. A reciclagem está relacionada à capacitação, ao acesso a informações relevantes para sua atividade profissional, à absorção de novas tecnologias e à habilidade de formular cenários de extrema complexidade. • Objetivos pessoais de curto, médio e longo prazo e interesse por quem os persegue. Quando enfrentamos um processo seletivo, é necessário demonstrar vontade para conquistar nossos objetivos, mas sempre com simplicidade, sem passar por cima dos outros. Com a competência do candidato, os objetivos de médio e longo prazo são consequência do sucesso ao alcançar os objetivos primários. Basta ter visão e foco em relação à meta desejada. Em contrapartida, 19 TÉCNICAS EM RECRUTAMENTO E SELEÇÃO existe a preocupação com a capacitação do profissional que irá atender os candidatos. Qual é o seu preparo? Como falamos da competência dos indivíduos, pode haver dúvidas a respeito da capacitação do profissional que recepciona os candidatos nas empresas para recrutá-los e selecioná-los. O indivíduo deve, no mínimo, ter uma boa formação na área em que atua – lembrando que os testes comportamentais são de direito e responsabilidade dos psicólogos, que fazem quase todo o processo de recrutamento e seleção, e que os gestores não podem aplicá-los. O psicólogo deve ser capaz de entender primeiro o que a empresa quer, depois de o gestor da área verificar o que o cargo exige. Deve analisar as condições psicológicas do candidato, traçar os dados e dar seu parecer ao gestor. Portanto, além de estar preparado academicamente, deve ser um profissional da área, para que possa interpretar todas as informações explanadas a ele. Como esse profissional será a porta de entrada do colaborador na empresa, deve ser sempre gentil e prestativo, dar informações aos colaboradores ou candidatos e, sempre que possível, oferecer feedback para os participantes do processo fase a fase, a fim de estimulá-los a continuar tentando uma vaga na empresa, caso sejam realmente bons. A forma de recrutamento varia de empresa para empresa. Algumas empresas utilizam várias ferramentas para conseguir atrair o público adequado e outras são mais seletivas, fazendo uso de apenas uma ferramenta especializada. Quanto aos critérios a seremutilizados, normalmente é feita a captação de indivíduos no recrutamento, e os melhores são “peneirados” em um processo de seleção, buscando o que existe de melhor no mercado: pessoas com capital intelectual, diferencial competitivo e vontade de crescer e cooperar com a empresa, trazendo, com isso, melhorias para todos. O preparo do entrevistador ou das pessoas que vão aplicar os testes depende muito de sua função no processo. Administradores e gestores, por exemplo, podem fazer uma entrevista técnica dentro da sua área de atuação, coletar dados ou fazer a integração com a empresa, mas os testes de cunho psicológico e comportamentais são de responsabilidade dos psicólogos, pois exigem formação na área de psicologia, pelo fato de tratarem diretamente do comportamento humano. Existem várias formas de um profissional recrutar um indivíduo para trabalhar em determinado cargo na empresa. Uma delas é analisar os candidatos a partir da competência que possuem em agregar valor ao que já existe no cargo. 2 FASES DO PROCESSO SELETIVO (DIAGNÓSTICO, LEVANTAMENTO DE PERFIL, PLANEJAMENTO DE PESSOAL, AÇÃO E MONITORAMENTO DE RESULTADOS) Selecionar é uma arte, mas para que isso aconteça, requer muito trabalho, direcionamento, utilização de ferramentas adequadas e, principalmente, compreender que encontrar pessoas requer técnica, somente assim teremos sucesso nos processos. As fases de um processo seletivo devem ser definidas conforme segue: 20 Unidade I Processo admissional Seleção Levantamento de perfil Planejamento de pessoal Recrutamento Figura 1 2.1 Planejamento de pessoal Antes de adentrar nas fases, precisamos falar de planejamento de pessoas. Conforme Marras (2017a, p. 124), “sem exceção, entendem que, fundamentalmente, a missão da administração de RH é atrair, desenvolver e reter talentos dentro da organização, pois dessa maneira ocorre a vantagem competitiva para a empresa”. Para que isso aconteça de forma estratégica na organização, precisamos compreender necessidades de cada empresa, nos tipos de serviço por áreas, em determinado tempo (dependendo da demanda de algum produto) ou no remanejamento de pessoas (de acordo com a capacidade de absorção da empresa). Muitas vezes temos a oportunidade de aproveitar alguém internamente, mas nem sempre é o mais fácil, precisamos nesse contexto compreender se o profissional que já atua na empresa trará novas ideias para o setor, ou se por já estar habituado ao ritmo da empresa não manterá simplesmente o que já se tem. Muitas vezes, porém, esse indivíduo não tem competência para realizar a tarefa de forma diferenciada, e a empresa procura pessoas que façam melhor e de forma mais competitiva, recebendo um salário mais baixo. Assim, a indicação é válida, mas vai depender muito daquilo que a empresa pretende para preencher determinada vaga, devendo ainda ser medido o impacto que a função tem em todos os segmentos da organização. Por exemplo, a contratação de um executivo de recursos humanos que seja capaz de ser gestor de todos os subsistemas de RH. Esse indivíduo vai trabalhar com pessoas e processos de produtividade, melhorando procedimentos nos cargos, verificando o potencial dos indivíduos internos e alinhando as pessoas às estratégias da empresa. Nesse caso, não basta indicar alguém: é preciso buscar uma pessoa que traga uma visão geral de todo o processo e que possa remodelar ou adequar as pessoas, gerando melhorias para toda a empresa. Outros exemplos acontecem quando temos uma promoção, uma ampliação de setor ou da empresa, ou quando esta trabalha com sazonalidade. Quando falamos de uma promoção, o planejamento de pessoas deve ser muito bem-elaborado, e algumas questões devem ser entendidas. Por exemplo, a substituição: se alguém vai ser promovido, logo sua vaga ou seu cargo ficará em aberto, e será necessário colocar outra pessoa no lugar. Como planejar isso? Como será a transição? Quem são as pessoas capazes de suprir a necessidade na empresa? Essas são questões que devem ser observadas para que a transição não seja desagradável nem para o indivíduo que foi promovido, nem para o novo ocupante da vaga. 21 TÉCNICAS EM RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Observação Planejar não é algo fácil. É um momento de decisão no qual pessoas de RH vão determinar quem, como e onde se agregará valor ao negócio na empresa. A sazonalidade e a ampliação de quadro da empresa referem-se a novas contratações de pessoal para um determinado período (no caso da sazonalidade) e por período indeterminado (no caso da ampliação de quadro da empresa). A sazonalidade ocorre em empresas que trabalham com produtos específicos para determinadas datas comemorativas, como os ovos de chocolate na Páscoa. Devemos entender que, embora as vendas do produto aumentem significativamente nessa data, a empresa o produz durante o ano todo. Nessa data, porém, o planejamento de pessoal deverá ser reestruturado pela demanda, e a empresa deverá contratar mão de obra temporária para suprir a necessidade de produção em massa. Podemos encarar a sazonalidade como uma necessidade de curto prazo para que os indivíduos possam realizar as tarefas e entregar os produtos de acordo com o tempo estipulado pela empresa. Em termos de estratégia, a sazonalidade está diretamente ligada às datas comemorativas do calendário. Por isso, no caso do suprimento de mão de obra, pode ser feita uma projeção de quantas pessoas são necessárias para produzir determinadas quantidades de um produto em um tempo preciso. Entretanto, para que isso seja feito, é preciso planejar onde buscar as pessoas, quais as alternativas de tornar a empresa um atrativo para elas e quais benefícios farão que elas se interessem por trabalhar durante determinado período na empresa. Uma pergunta frequente dos alunos refere-se à efetivação dos indivíduos, nos casos de vagas temporárias em um período de sazonalidade. Normalmente, os melhores indivíduos nesse universo de candidatos, que possuem maior competência, bem como facilidade de produzir (dependendo do ramo de atuação da empresa) e de comunicar-se (no caso de vendas diretas ao cliente), acabam sendo aproveitados, pois trazem um diferencial nas vendas, mesmo em épocas que não são ligadas às datas comemorativas. Carregam consigo o conhecimento e a habilidade, e esse tipo de qualidade é muito apreciado em todas as esferas das organizações. Portanto merecem participar do quadro funcional mesmo após o término da sazonalidade. Outra situação em que muitas pessoas são contratadas, mas não são necessariamente temporárias, ocorre quando a empresa amplia seu quadro funcional. Isso acontece, por exemplo, quando a organização lança uma nova linha de produtos, ampliando sua atuação no segmento. Um exemplo prático são empresas que trabalham com cosméticos, tendo em sua linha de produção produtos para banho, para o corpo e perfumes, e que decidem entrar no ramo de batons, sombras e outros produtos da linha de beleza. Deverá existir um novo setor que cuide dessa linha, bem como uma nova produção diferenciada para ela. 22 Unidade I O que acontece nesse caso é uma ampliação de atuação da empresa no ramo da cosmética. Muitas vezes, a ampliação de quadro também ocorre pelo acúmulo de funções em uma equipe, fazendo que os cargos se fragmentem e dando origem a outros de nomenclatura diferente, como assistentes, auxiliares e analistas, dividindo o todo e dando oportunidade para que outros entrantes venham a participar do quadro daquele setor. Os alunos podem perguntar de que forma se fragmentam as responsabilidades dentro de uma equipe. A resposta está no acúmulo das funções, na ampliação das responsabilidades, na perspectiva do setor e, principalmente, no crescimento dos negócios da empresa, incrementando a versatilidade dos setores em conseguir cumprir seus processos e procedimentos com qualidade para atender o público interno e reverter soluções para o público externo ou cliente final. Os colaboradores devem pensar,e não apenas executar as tarefas, bem como trabalhar com critérios de flexibilidade na busca de ações e caminhos diferenciados para obter resultados em suas funções. Todos esses exemplos estão ligados ao planejamento de pessoas no que se refere à quantidade e à qualidade de indivíduos, o que significa a alocação dos recursos (pessoas) no local correto para suprir as necessidades da empresa. Nesse planejamento existem objetivos específicos. Quando falamos de pessoas, logo somos levados às questões relativas ao ato de recrutá-las e selecioná-las. Vejamos alguns modelos de planejamento de pessoal a seguir. Quando falamos em planejamento, muitos gestores costumam fazer diversas perguntas, pois planejar é uma tarefa com uma complexidade extensa e constante, principalmente quando nos remetemos à movimentação de pessoas, pois elas serão pontos-chave e diferenciais para o sucesso da empresa. Para planejar, é preciso ter uma base, e para isso utilizamos referências de onde estamos e quais as ações que devermos tomar para chegar aos nossos objetivos. Mas quais são os objetivos da empresa? Observação Sempre que fazemos um planejamento de pessoas, devemos nos atentar àquilo que a empresa quer, para conseguir sanar suas necessidades de acordo com suas estratégias. Para programar as ações a fim de promover melhorias na empresa, os profissionais de RH terão de observar, principalmente, a necessidade do setor em termos de pessoal, suas atribuições nas funções e se o indivíduo que ocupará a vaga traz com ele diferencial na realização do trabalho. Assim, não basta saber fazer o trabalho, é importante também trazer melhorias nos processos e procedimentos. Quanto aos caminhos mais adequados para contemplar os programas de RH, é importante ter um planejamento de recrutamento e seleção eficiente, que traga pessoas com competências para suprir as necessidades do setor e da empresa. Trata-se de uma questão lógica a ser resolvida, em que há uma demanda específica por um profissional que consiga realizar determinada tarefa, e é preciso encontrá-lo no mercado de RH. Esse profissional pode fazer parte do quadro funcional da empresa, mas existem casos nos quais é necessário procurar o indivíduo no mercado, pois os talentos dos funcionários da empresa não são suficientemente maduros para conseguir realizar a tarefa ou a função exigida por determinado cargo. 23 TÉCNICAS EM RECRUTAMENTO E SELEÇÃO As mudanças que ocorrerão estão relacionadas a expansão, ajustamento de pessoal ou da empresa ao mercado, ou ainda a modificações relacionadas à inovação, criatividade ou redução dos custos com enxugamento de pessoal. Todos esses fatores são importantes quando recrutamos e selecionamos pessoal. A busca é por pessoas ágeis, que pensem e inovem, trazendo melhorias para a área, cuja inovação intelectual agregue valor ao que já temos na empresa. Essas são questões que devem ser levadas em conta no planejamento. Qualquer tipo de mudança no mercado, de caráter econômico, social ou político, afeta diretamente a empresa. Há ainda a globalização, que dita as regras no mercado internacional. Assim, as empresas e suas pessoas devem estar preparadas para a mudança no cenário, sendo capazes de produzir com qualidade, e a competitividade dos indivíduos deve servir não só para eles, mas também para que a empresa onde trabalham seja competitiva. Esse amadurecimento se faz presente nas pessoas, assim como nas empresas envolvidas nos processos de transformação aos quais estão expostas no mercado. Programas de recursos humanos Objetivos organizacionais Requisitos dos recursos humanos Missão da organização Expansão Ajustamento Mudança Enxugamento Novas admissões Adequação ao mercado Inovação e criatividade Redução de pessoal Figura 2 – Bases do planejamento de pessoal Fonte: Chiavenato (2008, p. 167). Essa figura ilustra como as empresas fazem o planejamento para a procura ideal das pessoas que irão ocupar as vagas existentes. O primeiro passo é observar qual é a missão da empresa, para que ela existe no mercado e qual é a fundamentação para sua existência. Quando a empresa procura pessoas, deve verificar se elas concordam com o perfil e se encaixam nele, para alcançar a satisfação dos clientes. O segundo passo é verificar se o perfil que o indivíduo possui em relação ao futuro está diretamente ligado aos objetivos da empresa. Isso pode ser feito por meio da missão e dos valores que a empresa acredita serem interessantes para os seus negócios em seu mercado de atuação. Logo, haverá indivíduos compatíveis ou não com aquilo que a empresa acredita ser adequado para manter-se ou crescer no seu ramo de atuação. Após a apuração, começa a ação dos recursos humanos, que verificará as características exigidas na descrição do cargo, a fim de procurar alguém compatível com elas no mercado. Para que tudo isso ocorra, porém, é necessária uma etapa anterior no processo. 24 Unidade I Para existir um pedido de funcionário novo para uma vaga, é preciso haver uma movimentação interna na empresa. Tal movimentação pode ser um desligamento (quando o indivíduo é demitido), uma promoção (quando o indivíduo sobe de cargo no mesmo setor ou vai para outro) ou um aumento de quadro (quando existe modificação nos cargos internos do setor e abrem-se outros, fragmentando as tarefas desse setor, ou ainda quando é criado um novo setor). Nesses casos, existe uma requisição de pessoal por parte do gestor de área; em seguida, o pedido será analisado pela direção, que dará seu aval para a continuação do processo. Caso isso ocorra, o gestor terá de passar as suas exigências a respeito do cargo para o RH, e a área de gestão de pessoal cruzará as informações passadas pelo gestor de área com a descrição do cargo existente em seu banco de dados, para verificar se aquilo que o gestor está pedindo é compatível com o que possuem. Após a validação, o RH montará o planejamento de captação de recursos (pessoas) no mercado e escolherá o tipo de recrutamento e seleção mais adequados ao momento, para que não seja necessário refazer o processo. Captando as pessoas por meio de recrutamentos interno, externo e misto em quantidades potenciais (pessoas que saibam fazer o serviço), começa o processo de seleção, que corresponde à escolha dos melhores candidatos para as vagas da empresa. Por fim, haverá a integração e a colocação da pessoa em seu cargo. Conforme Pontes (2008, p. 55), a “análise de cargos é um instrumento para programas da administração de recursos humanos: cargos e salários, carreiras, avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento, recrutamento e seleção e outros”. 2.1.1 Modelo baseado na procura estimada do produto ou serviço As necessidades de pessoal são aparentes nesse modelo, de acordo com a produtividade na demanda pelo produto ou serviço estipulado pela empresa. Quanto mais produtos e serviços a empresa vender, mais será necessário captar novos recursos para a mão de obra. Isso caracteriza bem a sazonalidade que acontece em algumas empresas no que se refere às datas comemorativas no país, como a Páscoa, o Natal e o Dia Internacional da Mulher. Conforme Chiavenato (2008, p. 167), “a estimativa de vendas aumenta nesses períodos. Logo, se faz necessária uma contratação contingencial maior, para atender a demanda de consumo dos clientes”. Quando falamos de contingente, estamos nos referindo a quantidades; quanto mais aquecido o mercado, maior a possibilidade de novas aberturas de postos de serviço, pois a tendência é que os clientes venham a consumir mais os produtos e serviços das empresas, que, por sua vez, precisarão de mais pessoas para abastecer seus setores e dar condições para o atendimento dos clientes finais, os consumidores. 2.1.2 Modelo baseado em segmentos de cargos Segmento de cargo é a estruturação por meio de nomenclatura dentro de uma área, onde existe uma hierarquia de tarefas, funções e obrigações a serem realizadas pelos indivíduos em sua equipe.Por exemplo: o auxiliar de RH, o assistente de RH e o analista de RH formam uma sequência de cargos com níveis diferentes dentro do setor, cujas tarefas e responsabilidades vêm de acordo com o seu grau 25 TÉCNICAS EM RECRUTAMENTO E SELEÇÃO de hierarquia dentro da estrutura. Focado no nível operacional da empresa, um exemplo que podemos dar é o da empresa Standard Oil – maior companhia de seu tempo, produzia, transportava e refinava petróleo –, que consistia em: • Escolher um fator estratégico (como nível de vendas, volume de produção e plano de expansão). Esses fatores afetam de alguma forma as necessidades referentes às pessoas na organização; portanto, compõem uma variável que deve ser considerada como fator-chave em termos de mobilidade de pessoas na empresa. Nesse contexto, o cargo tem uma importância fundamental, pois no processo produtivo, cada um tem sua gama de responsabilidades e possui procedimentos incutidos em suas funções que, ao se entrelaçarem, dão origem ao produto final – no caso, a demanda –, conforme citado anteriormente a respeito das vendas e da produtividade. • Estabelecer níveis históricos (passado e futuro). A nova demanda de pessoas vai depender das ações estratégicas a respeito de onde a empresa está e para onde ela quer ir. Todo cargo tem seu histórico, com uma evolução, adaptação ou melhoria nos processos e procedimentos naquilo que o indivíduo faz. Isso ocorre pela necessidade de melhorias contínuas por parte da empresa e também do seu colaborador. • Determinar os níveis históricos de mão de obra para cada área funcional. Cada área tem sua necessidade, de acordo com sua atuação na empresa. Por exemplo, na linha de produção, a demanda de pessoal será bem maior do que na área financeira. Alocar as pessoas adequadas nas posições hierárquicas corretas é necessário para que elas possam desenvolver um trabalho benfeito, de forma eficiente e eficaz, para que agreguem valor ao negócio de alguma maneira e para que os erros não sejam cometidos novamente. • Projetar as necessidades futuras de cada área de acordo com a demanda estipulada na estratégia da empresa, buscando sanar as lacunas abertas nos setores. Os cargos devem ser avaliados de acordo com sua responsabilidade no processo de comunicação da empresa. Para buscar resultados significativos, não adianta contratar pessoas sem ter um planejamento ou um projeto sobre o que elas farão na empresa. 2.1.3 Modelo de substituição de postos-chave Esse modelo, baseado na substituição de pessoas, fundamenta-se em duas variáveis: a do desempenho e a da promovabilidade. O desempenho refere-se à verificação de como o indivíduo se portou em suas últimas avaliações, bem como de sua inter-relação com os pares, os subordinados e a chefia. Já a promovabilidade é a validação do indivíduo para assumir determinadas tarefas futuras com sucesso. O que dará base para essas estimativas é o fluxo de informações contidas no banco de dados da empresa, que possui o histórico dos indivíduos e seu sucesso em sua carreira profissional, proporcionando uma substituição natural de quem está acima dele na hierarquia da empresa. Trata-se de uma sucessão natural a partir dos dados coletados, pela vivência do indivíduo na empresa e por sua credibilidade como bom funcionário para a corporação. 26 Unidade I Diretor-geral José Fagundes (58) A/1 Luís Bento (42) B/1 José Soares (43) A: pronto para promoção B: requer mais experiência C: não tem substituto 1: desempenho excepcional 2: desempenho satisfatório 3: desempenho regular 4: desempenho fraco Gerente de depto. Luís Bento (42) A/1 João Brito (36) B/1 Milton S Figura 3 – Modelo de substituição de postos-chave Fonte: Chiavenato (2008, p. 168). Aqui, estamos demonstrando dois fatores importantes: a promoção por competência e por desempenho. A competência gera o desempenho dos indivíduos, pois é a ação de se fazer algo de forma diferenciada, com menos custos, trazendo, com isso, melhores resultados no serviço. Na figura anterior, foi observado que a sucessão dos indivíduos depende das condições daqueles que estão abaixo do colaborador a ser substituído, sendo feita a verificação de como se saíram nos treinamentos e uma avaliação do desempenho e de outras referências históricas na empresa. Assim, aquele que tiver melhores condições assumirá a posição do outro. 2.1.4 Modelo baseado no fluxo de pessoal Esse modelo traz um histórico que nos dá referências sobre a movimentação das pessoas dentro, através e fora da empresa. Segundo Chiavenato (2008), por se tratar de um modelo conservador, é adequado às empresas que não têm grandes desafios e mobilidade de pessoal, portanto empresas estáveis. O modelo contribui para projeção em relação a promoções, aumento na rotatividade, ou ainda problemas em preencher lacunas na empresa, sendo fácil de ser entendido e administrado (CHIAVENATO, 2008, p. 167-168). Quadro 2 – Planejamento baseado no fluxo de pessoal Nível Número inicial Desligamentos (-) Transferências (-) Admissões (+) Promoções (+) Número final Diretoria 4 1 1 4 Gerência 12 2 1 11 Chefia 30 4 1 3 1 29 Operação 360 12 18 25 1 356 Fonte: Chiavenato (2008, p. 169). 27 TÉCNICAS EM RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Esse modelo é bem simplificado, e podemos notar as mudanças ocorridas no cenário a respeito da provisão de indivíduos dentro e fora da organização. Como estamos trabalhando com o que temos, o número de pessoas que precisamos é previsível, de acordo com as saídas ou transferências na empresa. É importante notar que, no quadro, há sempre uma promoção, e as quantidades finais são bem próximas das iniciais. Esse controle rígido é fácil de se fazer. A questão implícita nesse caso é o fato de a empresa trabalhar com aquilo que tem e da forma que deseja. Para manter seu quadro funcional no patamar em que está, não tem grandes aspirações, como uma projeção de incrementação nos negócios, a criação de um novo setor ou a atuação em um novo negócio. Limita-se a manter seu quadro funcional para que consiga realizar o que lhe compete no momento. Empresas instáveis no mercado não arriscam por terem medo de quebrar, e podem não ser ativas em relação a mudanças pelos altos gastos que provavelmente terão com as movimentações. Por esse motivo, trabalham com o que têm em termos de pessoas e suprem apenas aquilo que é conveniente no momento. 2.1.5 Modelo de planejamento integrado Abrange uma gama maior de informações da empresa: estratégia, produção, mudanças na tecnologia, comportamento do mercado e da clientela, promoções etc., ou seja, abrange todas as situações às quais a empresa está exposta, englobando tanto fatores internos como externos do mercado de RH. Lembrete Quando falamos em planejamento de previsão de pessoal para a empresa, devem ser levados em conta fatores que são determinantes para conseguirmos o resultado esperado. O foco deve sempre ser o plano organizacional da empresa, o que compõe seus planos estratégicos. Algumas das estratégias podem ser de crescimento, de rotatividade de indivíduos, agregar uma nova linha de produto ou ainda explorar novos mercados de sua competência. Os planos e orçamentos das unidades devem ser verificados, porque quando pretendemos contratar ou movimentar pessoal, é preciso um capital, uma receita para que o indivíduo seja pago. Logo, as provisões das finanças devem ser verificadas antes de a ação ser implementada. Sobre a previsão de vendas, dependendo do fluxo delas, são necessárias mais pessoas capacitadas, para que elas possam ser representantes ou ainda trabalhar na linha de produção, garantindo o fluxo de materiais e serviços e atendendo o cliente final com qualidade e dentro do prazo. Quanto às reorganizações internas, estas correspondem às movimentações das pessoas na empresa, como promoções, demissões, substituições, desligamentos ou ainda subdivisões dentro dos setores. Nesses casos, se faz necessária uma estratégia, para que as lacunas que estão abertassejam preenchidas por novos indivíduos internos. 28 Unidade I Outro aspecto importante quando falamos em colocação de pessoal são os fatores externos, como o cenário econômico. De acordo com a situação do país e do mundo em determinado momento, as empresas podem ter mais ou menos vagas, e as chances de ampliarem seus negócios dependem do aquecimento do mercado e da venda de produtos e serviços. Um exemplo prático e fácil de ser reconhecido é a globalização. A partir do final da década de 1980, o mundo passou por uma reestruturação na sua forma de comercializar os produtos. Estamos falando da globalização, ou seja, do comércio global de produtos e serviços estabelecido pelas empresas em todo o mundo. No governo de Fernando Collor de Mello, ocorreu a abertura ao comércio mundial, um fato que traria uma expansão na comercialização local e que, em princípio, seria muito bom para o Brasil no que se refere a exportações. A vantagem de se comercializar mundialmente é a possibilidade de ter produtos diferenciados, provindos de outras partes do mundo. Ao mesmo tempo, é possível comercializar nossos produtos para outros países que não tinham acesso a eles anteriormente. Para as empresas, essa mudança no cenário do comércio mundial era perfeita: elas teriam de contratar mais pessoas para produzir melhor, pois seus produtos precisavam ter qualidade equiparada à disponível no cenário mundial. Portanto, as pessoas deveriam ser preparadas e ter competência para fazer as coisas de forma diferente em relação aos seus concorrentes. A questão é o impacto da globalização, tanto no nosso modo de vida como na maneira de trabalhar, que gerou uma grande corrida por parte das empresas para capacitar seus indivíduos a enfrentar essa novidade no mercado. As organizações também começaram a exigir mais qualificações dos candidatos, por precisarem de mão de obra qualificada. Nas décadas de 1980 e 1990, houve um grande aumento na procura pelos cursos profissionalizantes, pois os indivíduos procuravam capacitar-se para concorrer às melhores vagas oferecidas no mercado. Um fator extremamente negativo para os colaboradores e para as próprias empresas é a alta competitividade que a globalização impôs no mundo, pois muitas das empresas preocupavam-se apenas em abastecer seus mercados regionais e no país de origem. A competitividade, que antes acontecia entre empresas regionais, passou a existir em padrões mundiais. Isso tornou os indivíduos da empresa, tanto interna quanto externamente, concorrentes diretos pelo capital intelectual que poderiam trazer para as corporações, já que elas próprias pagavam muito dinheiro para ter, em seu quadro funcional, pessoas que pudessem trazer diferencial competitivo. Observação Com a abertura dos mercados, o forte consumo fez as empresas se adequarem à realidade consumista, devido, inclusive, à alteração do comportamento do consumidor. Consequentemente, as pessoas começaram a se adequar a novos padrões de conhecimento e produtividade, procurando aperfeiçoar-se no que era solicitado pelo mercado, pois sabiam que, ao se qualificarem, poderiam se tornar concorrentes potenciais em um cenário que se transforma muito rapidamente, em razão da tendência globalizada mundial. Os funcionários tiveram de adequar-se às 29 TÉCNICAS EM RECRUTAMENTO E SELEÇÃO novas regras estipuladas pelo cenário mundial – que afetaram diretamente as empresas locais e também sua capacidade produtiva. Em consequência disso, embora quem contribuísse para essa produtividade fossem os funcionários, os quadros funcionais foram enxugados, e somente aqueles indivíduos que geravam melhor produtividade foram mantidos; logo, existiu um processo de avaliação produtiva. Conforme Pontes (2008, p. 17), “a globalização da economia impôs a busca da competitividade nas empresas, sob pena de não sobreviverem”, e ainda segundo o autor, a “busca incessante por competitividade impôs, além de reestruturação profunda, novos conceitos voltados à flexibilidade, quantidade, produtividade e superação e satisfação do cliente”. Existiu uma reorganização dos conceitos de trabalho e produtividade, e as empresas que não se adequaram a essa nova realidade quebraram e saíram do mercado (PONTES, 2008). Essa realidade assolou, por exemplo, um polo brasileiro focado em sapatos, pois a concorrência fez que os calçados vendidos aqui no Brasil, em sua maioria, viessem do oriente a um preço bem mais baixo e com uma qualidade excelente. As empresas nacionais, por cobrarem mais pelo seu produto, foram aos poucos perdendo seu mercado e, consequentemente, começaram a demitir seus funcionários. Poucas empresas sobreviveram no mercado, mas, aos poucos, reergueram a economia local, com produtos de ótima qualidade e baixo custo, fazendo-os voltar a ser competitivos tanto no mercado interno quanto no externo. As empresas aprenderam que a melhor forma de ganhar campo no mercado é descentralizar as funções e formar equipes de alta performance produtiva, sobrevivendo, assim, ao mercado globalizado. Ainda de acordo com uma previsão de pessoal, temos os aspectos legais, relacionados ao tipo de contrato do indivíduo, que pode ser de vários tipos: registrado em carteira com benefícios, comissionado, contratado por tempo determinado etc. Já a rotação de pessoal abrange diversas formas que podemos destacar como importantes na movimentação de pessoas na empresa, por exemplo: • aposentadoria; • pedidos de demissão; • promoções; • transferências. Todos os elementos embutidos nos processos de movimentação devem ser observados em um plano integrado, pois fazem parte do todo. Por essa razão, não podem ser desprezados quando é tratada a integração das ações a fim de trazer pessoas qualificadas para a empresa ou aproveitar as que existem no quadro funcional. 2.2 Levantamento de perfil Após compreender a necessidade de ter uma vaga, seguimos para o levantamento de perfil, fase esta que é de fundamental importância. 30 Unidade I Processo admissional Seleção Levantamento de perfil Planejamento de pessoal Recrutamento Figura 4 O que é um levantamento de perfil, afinal? É o momento que iremos atuar diretamente com o gestor da vaga para compreender na totalidade as necessidades da vaga. Temos a partir desse momento que estabelecemos três momentos: • perfil técnico; • competências da empresa; • competências do cargo. Vamos por partes, primeiro o perfil técnico; ele pode ser definido como um conjunto de informações importantes para a vaga como: • nomenclatura do cargo; • formação acadêmica; • cursos; • informática: • idiomas; • tipo de vaga (efetiva, temporária, estágio etc.); • experiência profissional; • local de trabalho; • horário de trabalho; • salário; • benefícios. 31 TÉCNICAS EM RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Vejam que são informações importantes que precisam constar nessa parte, dados básicos que irão direcionar a busca por parte do recrutador. Por exemplo, se buscamos um cargo de analista financeiro sênior, provavelmente na formação acadêmica deve ser alguém que tenha cursado ou esteja cursando administração, economia, ciências contábeis etc. Temos a verificação do idioma, se é necessário ou não, o tipo de vaga, a experiência em sistemas específicos ou não, e quais áreas o profissional deve conhecer. 2.3 Competência A competência diz respeito a atuar de forma diferenciada, buscando agregar valor, melhorar o que já está sendo feito, adaptar e inovar, tendo sempre em vista a melhoria dos processos de trabalho. É claro que o avaliador também deve ser competente quando envolvido no trabalho de mensurar as competências dos colaboradores da empresa. São inúmeras as competências que podem ser medidas, da mesma forma que são inúmeros os instrumentos de mensuração disponíveis. Importante ressaltar que cada competência precisa necessariamente estar alinhada à cultura da empresa, mesmo que seja um termo comum no mercado, como “comunicação”, é sempre importante compreender
Compartilhar