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MÉTODOS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA O PRÉ-BENEFICIAMENTO DO LEITE O leite chega na indústria e o beneficiamento é o momento que eu aplico tratamento térmico para tornar esse leite inócuo e próprio para consumo, que é no mínimo a pasteurização. Segundo o regulamento de inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal (RIISPOA): Art. 251. O processamento do leite após a seleção e a recepção em qualquer estabelecimento compreende, entre outros processos aprovados pelo Departamento de Inspeção de Produção de Origem Animal, as seguintes operações: I - Pré-beneficiamento do leite, compreende, de forma isolada ou combinada, as etapas de filtração sob pressão, clarificação, bactofugação, microfiltração, padronização do teor de gordura, termização (pré-aquecimento), homogeneização e refrigeração; II - Beneficiamento do leite: além do disposto no inicio, inclui os tratamentos térmicos de pasteurização, ultra-alta temperatura (UHT) ou esterilização e etapa de envase. Logo teremos as fases de: ⇨Pré-beneficiamento, ⇨ Beneficiamento e envase. No momento da recepção realizamos todas as análises físico-químicas, fazendo a seleção de acordo com essas análises. Estando de acordo com os parâmetros exigidos pela legislação, o leite está permitido para entrar para a indústria. O pré beneficiamento compreende as etapas de: filtração sob pressão que quando o leite é descarregado do tanque ele passa por um filtro, clarificação é a limpeza do leite onde é aplicada uma força centrífuga que eliminam sujidades finas que acabaram passando pelo filtro, bactofugação e microfiltração estão relacionados a esporos, onde será aplicado uma força centrífuga maior para separar e remover os esporos presentes no leite (pois o processo UHT por mais que esterilize o leite eliminando bactérias patogênicas, mas os esporos não são eliminados na sua totalidade pois a esporulação é uma forma que a bactéria tem para se proteger, muitas vezes não sendo eliminada), padronização do teor de gordura quando o leite chega toda sua gordura é retirada e colocada na quantidade desejada, por exemplo, se for leite integral será 3% de gordura, se for leite semidesnatado será de 0,6 a 2,9% e se eu quero um leite desnatado será até 0,5% de gordura, ou seja, sempre é retirada toda a gordura e adicionada conforme os produtos e os teores de gordura para cada, por meio da padronização do teor de gordura. A termização (pré aquecimento) mas isso torna o leite próprio para consumo, ele só reduz um pouco a carga microbiana como se fosse um “susto” nesses microrganismos, e também acaba inativando a lipase endógena. A homogeneização pois existem glóbulos de gordura maiores que acabaram subindo, com a homogeneização ocorre a diminuição do tamanho dos glóbulos tornando eles em vários glóbulos pequenos de gordura reduzindo a forma ascensional (de subida). A refrigeração até ele ser beneficiado. O que é o beneficiamento? São os tratamentos térmicos: pasteurização, UHT ou esterilização. E depois disso acontece o envase. É permitido o congelamento do leite? Segundo o RIISPOA é permitido o congelamento do leite para aquelas espécies em que o procedimento seja tecnologicamente justificado, desde que estabelecidos em regulamento técnico específico. Leite de vaca não pode congelar nem o leite cru nem o beneficiado, pois sofrem alterações principalmente no que se refere a gordura, que são irreversíveis, já o leite de cabra pode ser congelado tanto em natura com o leite cru, como o leite beneficiado também, inclusive podemos encontrar no mercado leite congelado pasteurizado, como o produtor pode na propriedade congelar o leite para depois enviar para a indústria, mas quando este leite chegar na indústria tem que estar completamente fluido e líquido. O leite de ovelha não possui legislação, mas pode ser congelado pois em estudos não mostrou alterações. FILTRAÇÃO E RESFRIAMENTO Processos que se iniciam lá na propriedade, lá no sistema de ordenha da propriedade já sofre o primeiro processo de filtração. E com a chegada do leite na indústria no momento de descarregar, sofre essa filtração sob pressão. Quando o caminhão chega no estabelecimento, é recolhida uma amostra que será enviada ao laboratório, onde serão feitas todas as análises físico-químicas. Estando nos padrões corretos, o leite pode descarregar e nesse momento o leite passa por filtros que irão remover sujidades mais grosseiras, e com isso o leite vai para um silo ao qual mantém a temperatura de refrigeração até entrar para a indústria para o beneficiamento, mas o ideal é beneficiar o mais rápido possível. . Art. 27. O tempo transcorrido entre as coletas de leite nas propriedades rurais não deve ser superior a 48 horas. Então se faz a ordenha e em até 48 horas o leite já tem que estar beneficiado. Logo, ou se coleta todos os dias o leite da propriedade ou dia sim e dia não. A imagem mostra os caminhões com 3 tanques, onde deve ser coletado amostras por cada tanque, levando elas ao laboratório para as análises e se tudo estiver de acordo se descarrega esse leite, quando descarrega passa por filtros. Depois que os caminhões descarregam devem ser higienizados. Quando entram no laticínio precisam ser higienizados por fora e depois higienização por fora quando descarrega. E depois disso o leite irá para silos, que ficam na parte externa com comunicação com a área interna na indústria, como na segunda imagem, onde o leite sofre agitação para ficar conservando a temperatura de refrigerado até o momento de ser beneficiado. Resfriamento RIISPOA: Limites máximos de temperatura ● Posto de refrigeração: 4ºC ● Conservação na indústria antes da pasteurização: 4ºC Após a pasteurização: 4°C - ponto importante, após a pasteurização obrigatoriamente o leite tem que chegar a 4ºC. Faz parte do processo de pasteurização, que o leite vai até 72-75°C por 15 a 20 segundos e a refrigeração a 4°C faz parte do fluxograma de produção, após isso o leite é embalado, será estocado na indústria também a 4°C, tem que ser transportado para a indústria em câmara fria, e a entrega para consumo é no máximo a 7°C. Já no estabelecimento o que acontece dependerá do que consta no rótulo da embalagem de cada produto, pois é a indústria que determina a temperatura máxima que tem que ficar aquele produto. E o que consta no rótulo tem que ser seguido pelo estabelecimento, se o produto tem que estar no máximo a 7°C o estabelecimento tem que deixar neste ambiente conforme rótulo. ⇨ Estocagem do leite pasteurizado: 4°C ⇨ Entrega ao consumo do leite pasteurizado: 7°C ⇨ Estocagem/entrega UHT: Temperatura ambiente, no leite UHT se eleva a temperatura a 130-150°C e depois se reduz a 32°C e posteriormente conservado à temperatura ambiente. No mercado podemos encontrar leite UHT refrigerado, mas isso é mais para facilitar a vida do consumidor que pode estar querendo um leite já gelado pronto para tomar, mas ele pode ficar à temperatura ambiente tranquilamente. PRÉ-AQUECIMENTO Termização - É aquele “susto” no leite por um pré aquecimento, ela não é obrigatória e não torna o leite adequado para consumo, serve para diminuir a carga microbiana, por exemplo se aconteceu algum problema na indústria e não vou poder beneficiar o leite logo, então para não deixar o leite ali com a carga bacteriana que ele naturalmente tem, é feito o processo de termização para reduzir a carga microbiana, principalmente reduzir/eliminar microrganismos psicrotróficos (termolábeis, mas suas enzimas são termoresistentes) responsáveis por produzir enzimas termoresistentes que afetam os processos tecnológicos, logo é necessário eliminar esses psicrotróficos para eliminar o problema da produção de suas enzimas. E também irá inativar a lipase endógena que é termolábel a protease endógena do leite é termoestável (e as lipases e proteases bacterianas são termoestáveis). Essa termização é feita de60-65ºC por 10 a 20 segundos e após algumas horas que a profe não soube dizer quantas, tem que ser processado o leite pela pasteurização. Mas geralmente já é feito a pasteurização, é só usado a termização se ocorrer algum problema que impeça de processar o leite. ● Fluxo contínuo - pasteurização rápida ● Imediatamente refrigerado após aquecimento (?) E como não torna o leite próprio para o consumo, haverá as mesmas reações enzimáticas do que o leite cru, sendo elas: peroxidase e fosfatase são enzimas ativas no leite cru (fosfatase positiva e peroxidase positiva), e estarão ativas no leite termizado também pois não se encontra próprio ao consumo, já que a fosfatase será inativada na pasteurização, e como esse leite ainda não passou pela pasteurização, não ocorreu a eliminação de bactérias patogênicas. Já na pasteurização ocorre a inativação da enzima fosfatase, mas se houve a termização preciso fazer o teste das enzimas e as duas darem positivas. Art. 254. Para os fins deste Decreto, entende-se por termização ou pré-aquecimento a aplicação de calor ao leite em aparelhagem própria com a finalidade de reduzir sua carga microbiana, sem alteração das características do leite cru. O leite termizado deve ser refrigerado imediatamente após o aquecimento e deve manter o perfil enzimático do leite cru. DESNATE, PADRONIZAÇÃO E CLARIFICAÇÃO ⇨ É proibida a realização de desnate na propriedade rural (RIISPOA 2017) Não é permitido tirar nada e nem botar nada no leite, pois é considerado fraude, nesta lógica, não é permitido tirar a gordura. O desnate só será feito na indústria, se algum produtor fizer isto na propriedade antes de ir para a indústria, é considerado fraude. O processo de clarificação que é a limpeza do leite, pode ser feita junto com o desnate, pois ambos os processos têm o mesmo princípio que é a aplicação de força centrífuga, onde o leite será centrifugado e por diferença de densidade vou ter a separação dos componentes. Qual a diferença da clarificação para o desnate? Está relacionado com o equipamento, se for feito apenas a clarificação que é a limpeza do leite, os discos em forma de cone como na figura, ficam um sobre o outro e depois eles giram exatamente como uma centrífuga. Mas a clarificadora não tem esses furos da foto, são discos lisos, ao qual é aplicada a força centrífuga, onde o leite irá subir e a sujeita irá precipitar formando um “lodo” que será removido. Para a desnatadeira, os discos seguem a mesma lógica, mas agora com os furos como na imagem, pois quando é aplicada a força centrífuga, a suijidade da clarificação de qualquer forma irá descer (por isso é usado o mesmo equipamento para essas duas funções), o leite agora limpo está girando. O que é mais pesado, o leite desnatado ou a gordura? O leite desnatado possui densidade maior, logo é o mais pesado. A gordura tem densidade menor, por isso é mais leve. Logo, quando é aplicada a força centrífuga em uma desnatadeira, a sujidade irá descer formando o lodo da clarificação, a gordura que é mais leve irá subir e a medida em que ela sobe, entra nesses buracos e saíra por uma tubulação diferente. Já o leite desnatado, que é mais pesado, irá descer e sair por outra tubulação. E por conta dessa diferença de densidade, será possível separar a gordura do leite desnatado. O ideal é que o desnate seja feito entre 30 - 50ºC, a temperatura mínima para o desnate é 30ºC porque se houver gordura no estado sólido em temperatura de refrigeração por exemplo, onde o leite estará mais viscoso dificultando a movimentação na desnatadeira, tornando-se difícil a subida e saída da gordura com essa menor movimentação, por isso a temperatura mínima ideal para ser realizado o desnate é de 30ºC. Lembrando que os equipamentos podem ser apenas clarificadora ou apenas desnatadeira, ou o processo combinado em um mesmo equipamento. Quando há um equipamento apenas para desnatadeira, como as desnatadeiras abertas sendo as mais caseiras, onde é adicionado o leite por cima, irá fazer o movimento de centrífuga, havendo duas tubulações onde um irá passar o creme e de outro passará o leite desnatado. Já a desnatadeira fechada, chamada de desnatadeira padronizadora onde haverá a separação de gordura e leite desnatado, e depois será misturando de acordo com a quantidade desejada. Logo como na imagem, em um orifício sairá a gordura (em amarelo), e pelo outro orifício sairá o leite desnatado. Neste modelo é tudo informatizado. Se a indústria desejar um leite integral, primeiramente sempre será feito todo o desnate retirando toda a gordura pela força centrífuga da desnatadeira, e depois adicionado conforme a quantidade para determinado tipo de leite, neste caso o leite integral será adicionado 3% de gordura, sendo que por ser tudo automatizado será adicionado em proporções corretas, o excedente dessa gordura que não foi utilizada, segue a tubulação em amarelo para ser usada em outros produtos. E isso se repete conforme o tipo de leite, se for semidesnatado ou desnatado. ● Integral ⇨ Mínimo 3% (teor original) ● Semidesnatado ⇨ 0,6 - 2,9% ● Desnatado ⇨máximo 0,5% ● Padronizado ⇨ 3% HOMOGENEIZAÇÃO A homogeneização do leite é feita em alta pressão com uso de pistões que irão dar uma “porrada” no leite, obrigando ele a entrar em orifícios menores, fazendo com que haja a quebra do glóbulo de gordura formando glóbulos menores. Logo o objetivo da homogeneização é reduzir o glóbulo de gordura, assim reduzindo a força para fazer a subida do leite (força ascensional) - isso porque as aglutininas ou crioglobulinas iram se grudar na superfície da membrana do glóbulo de gordura funcionando como imãs juntando um glóbulo de gordura no outro, quanto mais glóbulos juntos, mais tem força para subir, quando é realizado a homogeneização teremos glóbulos menores aumentando a área de superfície, ou seja, será preciso de muito mais proteína para conseguir juntar esses glóbulos menores para fazerem subir. O leite UHT como tem longa vida de prateleira, obrigatoriamente tem que sofrer o processo de homogeneização é algo que está incluso no fluxograma de produção, já o leite pasteurizado não é obrigatório, e se for feita a homogeneização tem que constar no rótulo, e por isso pode acontecer do leite que não passou a homogeneização de subir a gordura. Entretanto para o leite pasteurizado tipo A é um leite de melhor qualidade podendo durar mais na prateleira, por isso é obrigatório realizar a homogeneização do leite pasteurizado do tipo A, integral e semidesnatado, pois eles têm maior teor de gordura, já o pasteurizado e o desnatado terão no máximo 0,5% de gordura. Mas o leite pasteurizado não sendo do tipo A, não é obrigatório, e se for realizado tem que estar declarado no rótulo. . A homogeneização é feita por alta pressão, onde haverá um pistão que irá dar uma “porrada” neste leite forçando ele contra uma parede, tendo que sair por orifícios menores fazendo com que os glóbulos sejam quebrados em glóbulos menores. Na indústria geralmente a homogeneização é de duas fases: depois que o pistão bate este leite que passa por orifícios menores, ainda passará em outro orifício mais estreito ainda, por isso de duas fases. Vantagens da homogeneização ⇨ Glóbulos menores, impedindo a coalescência (para não subir) - o que é interessante em produtos que ficam longos tempos na prateleira mantendo a qualidade por mais tempo já que não haverá a separação de fases ; ⇨ Coloração mais branca - pois pelo maior número de glóbulos de gordura menores aumenta a reflexão da luz ⇨ Melhor digestibilidade; ⇨ Textura mais suave; Desvantagens ⇨ Ineficácia no desnate; ⇨ Enfraquecimento do coágulo - produção de queijos Por que não podemos desnatar um leite homogeneizado? Porque na homogeneização teremos vários glóbulos pequenos, e se submetermos a força centrífuga do desnate não haverá tempo de todos aqueles glóbulos subirem e penetraremnaqueles buracos do equipamento, resultando em uma perda de gordura do leite desnatado. Ocorrendo com que muitos glóbulos pequenos ficaram misturados com o leite desnatado, havendo a perda de gordura que sai com o leite desnatado. Por isso não se faz o desnate do leite desnatado. Por conta disso que se deve fazer antes o processo de padronização do leite para posteriormente passar para a homogeneização. A temperatura na homogeneização (semelhantes com a temperatura para pasteurização em torno de 50 - 70ºC), também tem que estar controlada pois não deve-se fazer em temperaturas de refrigeração, pois da mesma forma é preciso ter uma movimentação do leite, se meus glóbulos de gordura estiverem sólidos ou com cristais dentro dificultando a quebra em glóbulos menores. Não é possível fazer queijos com o leite homogeneizado: pois o queijo é um concentrado proteico gorduroso, um queijo de coagulação enzimática é quando adicionamos a enzima atuando na porção C-terminal da kapa caseína que irá abrir e abraçar a gordura, se haver neste leite glóbulos pequenos de gordura, neste “abraço” iriam escapar havendo perda de gordura no soro.
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