Alessandra Azevedo - jurisdição constitucional

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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS 
 
 
 
 
Alessandra Soares de Azevedo 
 
 
 
 
 
 
 
Análise jurídica do filme “Marshall – igualdade e justiça” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador – BA 
2022 
Análise jurídica do filme “Marshall – igualdade e justiça” 
1 - Aspectos gerais acerca do filme 
O filme “Marshal – igualdade e justiça” é uma obra que conta a história do 
primeiro juiz afrodescendente da Corte Suprema American Thutgood Marshall, 
especificamente a jornada do jurista quando advogava defendendo pessoas pretas 
inocentes que forma acusadas de crimes simplesmente por causa do seu tom de sua pele. 
A obra baseada em fatos reais recebeu indicações para premiações no cinema na 
NAACP Image Award de Melhor Ator no Cinema e MAIS e teve como data de 
lançamento no Brasil em 28 de fevereiro de 2019. O filme foi roteirizada por Jacob 
Koskoff e Michael Koskoff, produzida Reginald Hudlin, Paula Wagner e Jonathan 
Sanger, com a trilha sonora dirigida por Marcus Miller e sob a direção de Reginald 
Hudlin. 
2 - Resumo do filme 
A referida obra ambientada no ano de 1941 mostra a vida do, ainda advogado 
Thurgood Marshall, quando atuava em casos para Nation Association for the 
Advancement of Colored People (NAACP) defendendo pessoas falsamente acusadas de 
crimes somente por serem de cor. 
O caso estado de Conectcut vs. Jhosep Spell foco do drama, é de um homem de 
cor que foi acusado de estuprar sua patroa branca, Eleanor Strubing. Aos olhos daquela 
sociedade racista era inconcebível afirmar Spell um simples motorista negro e de passado 
duvidoso era inocente de estuprar Eleanor Strubing - uma jovem mulher branca e muto 
bonita que acabara de se mudar para a cidade com o marido. 
O protagonista Marshall que inicialmente era o único advogado do caso foi 
impedido pelo juiz Foster de advogar em Nova Iorque como também foi impelido de 
proferir qualquer palavra no tribunal. E assim que, de última hora, o advogado judeu Sam 
Friedman juntou-se ao caso contra a sua vontade. 
Durante todo o longa podemos observar como Friedman, que até então era 
indiferente a causas sociais, deixou de ser um advogado comum e passou a atuar em favor 
dos direitos civis. O filme demonstra também o quanto Marshal renunciava à sua vida e 
a companhia de sua família em nome de sua missão – libertar pessoas de cor de acusações 
de crime injustamente realizadas. 
A visão distorcida que a sociedade daquela época tinha sobre o caso, muito em 
razão do jornalismo racista que prejulgou Spell como culpado, refletiu-se em um 
comportamento violento tido por cidadãos comuns contra os advogados do caso, seja no 
ambiente social de Friedman na sinagoga através de represálias sociais, como também a 
agressão física que Friedman sofreu na porta de sua própria casa. Marshal sofreu inúmeras 
tentativas de violência física e foi constantemente perseguido enquanto esteve na cidade. 
No fim, foi comprovado que Jhosep Spell e Eleanor Strubing tiveram um caso 
extraconjugal após Eleanor ter ficado emocionalmente carente por ter sofrido violência 
doméstica do seu marido. Após o ato carnal ser consumado, pesou o remorso sobre 
Eleanor por ter traído o seu marido e forjou um suposto estupro para se livrar da traição 
que cometeu. Joseph Spell, a despeito das dificuldades processuais e julgamentos 
precintados, foi inocentado. 
No decorrer do filme vemos como o racismo estrutural dificultou a vida acadêmica 
de Marshall, que foi rejeitado pela faculdade de direito de Marand localizada bem 
próximo à sua residência, sendo obrigado a ir para Havard que estava a 1 hora e 30 
minutos de distância de seu endereço. Após concluído o curso, Marshall levou até a 
Suprema Corte dos Estados Unidos o que sofreu na faculdade de direito em Marand e 
venceu. 
3 - Direitos fundamentais contidos no livro e as decisões dos tribunais brasileiros 
sobre esses direitos 
3.1 – O direito à educação e o racismo 
A nossa Carta Magna assegura como um direito fundamental a educação como 
um dever Estatal e familiar a garantido, devendo fornecer uma educação de qualidade e 
gratuita. No artigo 205 da CF/88 é disposto que: 
“Art.205 A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho”. 
 
É sabido que na prática o acesso à um ensino de qualidade no Brasil em muitos 
aspectos é inferior ao que deveria ser, porém, para pessoas de cor, o acesso é muito mais 
restrito. Para Barbosa (2005), é necessário que existam políticas sociais afirmativas 
orientadas para a raça na seara educacional, inclusive fazendo ser essencial unir o tema 
do racismo e a educação nas Ciências Sociais Brasileiras. 
Com os avanços no acesso à educação para pessoas de cor, tendo em vista os casos 
como o de Marshall que sofreu dificuldades e foi rejeitado na faculdade de direito de 
Marand simplesmente pela cor de sua pele, hoje o nosso ordenamento jurídico tenta sanar 
esta falta criando um sistema de cotas na lei de nº 12.711/2012 para o acesso de pessoas 
negras ao ensino. 
Mesmo com a criação de cotas raciais, é possível denotar grandes dificuldades no 
acesso à educação através das cotas, que em muitas vezes é falho e não abrange a todos. 
Na decisão a seguir, veremos a concessão de uma vaga por meio de uma cota racial à um 
estudante que foi impedido de obter o seu direito: 
 
ADMINISTRATIVO. ENSINO SUPERIOR. AÇÃO AFIRMATIVA. COTA 
RACIAL. 1. Embora o enquadramento ou não na cota racial seja questão a ser 
resolvida, em princípio, pela comissão própria da universidade, a análise 
administrativa não pode ser feita de forma discricionária ou arbitrária. 2. 
Hipótese em que não se pode negar o enquadramento da autora na condição de 
cotista, o que está evidente no próprio processo administrativo. 3. Apelação 
provida. (TRF-4 - AC: 50019346520204047110 RS 5001934-
65.2020.4.04.7110, Relator: CÂNDIDO ALFREDO SILVA LEAL JUNIOR, 
Data de Julgamento: 18/02/2021, QUARTA TURMA) (grifado) 
As cotas raciais é o meio utilizado para dar o fim nas disparidades econômicas, 
sociais e educacionais causadas pelo racismo estrutural. Este é um avanço que deve ser 
defendido pois é um instrumento que possibilitou que situações semelhantes ao ocorrido 
com Marshall não existam mais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 
Link: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-243766/ data: 27.04.2022 
Link: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/o-direito-a-
educacao-e-suas-perspectivas-de-efetividade/ data: 27.04.2022 
BARBOSA, Rui; O nascimento de uma doutrina, 1ª Edição. 2005 
 
https://www.adorocinema.com/filmes/filme-243766/
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/o-direito-a-educacao-e-suas-perspectivas-de-efetividade/
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/o-direito-a-educacao-e-suas-perspectivas-de-efetividade/