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TTEECCNNOOLLOOGGIIAA 
DDEE CCAARRNNEE 
CENTRO TECNOLÓGICO DO SETOR ALIMENTÍCIO - CTSA 
 
“ALICE DE PODESTÁ NAVARRO VIEIRA” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Presidente da FIEMG 
Robson Braga de Andrade 
 
Gestor do SENAI 
Petrônio Machado Zica 
 
Diretor Regional do SENAI e 
Superintendente de Conhecimento e Tecnologia 
Lúcio José de Figueiredo Sampaio 
 
Gerente de Educação e Tecnologia 
Edmar Fernando de Alcântara 
 
 
 
 
 
 
Elaboração 
Karine Helena Theodoro 
 
Unidade Operacional 
Centro Tecnológico do Setor Alimentício - CTSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SSuummáárr iioo 
 
 
APRESENTAÇÃO ....................................... .......................................................................................6 
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................1 
2. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA.............................. .....................................................................2 
3. CARACTERIZAÇÃO DAS ESPÉCIES ANIMAIS PARA CORTE ..... .......................................3 
4. ESTRUTURA DO MÚSCULO............................... .....................................................................4 
4.1 TECIDO MUSCULAR ........................................................................................................4 
4.2 TECIDO CONECTIVO.......................................................................................................5 
4.3 TECIDO ADIPOSO ............................................................................................................5 
4.4 TECIDO ÓSSEO................................................................................................................6 
5. COMPOSIÇÃO DA CARNE ................................ ......................................................................6 
5.1 ÁGUA.................................................................................................................................6 
5.2 PROTEÍNAS ......................................................................................................................6 
5.3 GORDURA.........................................................................................................................7 
5.4 MINERAIS E VITAMINAS..................................................................................................7 
5.5 CARBOIDRATOS ..............................................................................................................7 
6. CONTRAÇÃO MUSCULAR ................................. .....................................................................8 
6.1 PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NA CONTRAÇÃO MUSCULAR ...........................................8 
6.2 MECANISMO DA CONTRAÇÃO MUSCULAR..................................................................9 
7. CONVERSÃO DO MÚSCULO EM CARNE ...................... ......................................................10 
7.1 FENÔMENOS PÓS-MORTE...........................................................................................10 
8. MATURAÇÃO DA CARNE................................. .....................................................................13 
9. PARÂMETROS DE QUALIDADE DA CARNE FRESCA ............ ...........................................14 
9.1 CAPACIDADE DE RETENÇÃO DE ÁGUA......................................................................14 
9.2 COR.................................................................................................................................15 
9.3 TEXTURA ........................................................................................................................16 
10. MICROBIOLOGIA DA CARNE ............................. ..............................................................17 
10.1 DETERIORAÇÃO EM CARNES FRESCAS....................................................................17 
11. CONSERVAÇÃO DA CARNE............................... ..............................................................18 
11.1 REFRIGERAÇÃO ............................................................................................................18 
11.2 CONGELAMENTO ..........................................................................................................18 
11.3 TRATAMENTO TÉRMICO...............................................................................................19 
 
 
 
11.4 DESIDRATAÇÃO ............................................................................................................19 
11.5 IRRADIAÇÃO ..................................................................................................................19 
12. TECNOLOGIA DE ABATE................................ ..................................................................20 
12.1 FLUXOGRAMA DE ABATE DE BOVINOS......................................................................20 
12.2 FLUXOGRAMA DE ABATE DE SUÍNOS.........................................................................24 
12.3 FLUXOGRAMA DE ABATE DE AVES.............................................................................26 
13. OPERAÇÕES PARA O PREPARO DE CARCAÇAS, VÍSCERAS E CO RTES 
COMERCIAIS DE ANIMAIS DE ABATE ..................... ....................................................................28 
13.1 PADRONIZAÇÃO DOS CORTES DE CARNE BOVINA..................................................28 
13.2 CORTES DE CARNE SUÍNA...........................................................................................32 
13.3 CORTES DE CARNE DE AVES ......................................................................................33 
13.4 TECNOLOGIA DE OBTENÇÃO DE MIÚDOS .................................................................35 
14. HIGIENE DOS ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS PARA O PRO CESSAMENTO DE 
CARNE 36 
14.1 HIGIENIZAÇÃO DE CURRAIS E ANEXOS .....................................................................36 
14.2 HIGIENIZAÇÃO DA SALA DE MATANÇA.......................................................................37 
15. ADITIVOS ............................................................................................................................39 
15.1 GRUPOS DE ADITIVOS MAIS UTILIZADOS NA ELABORAÇÃO DA MAIORIA DOS 
PRODUTOS CÁRNEOS...............................................................................................................39 
15.2 APLICAÇÕES DOS INGREDIENTES NÃO-CÁRNEOS .................................................42 
15.3 INGREDIENTES NÃO-CÁRNEOS IMPORTANTES NO PROCESSAMENTO DE 
CARNES E SUAS PROPRIEDADES ...........................................................................................43 
16. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO PROCESSAMENTO DE CARNES...... ..................................50 
16.1 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE CARNES........................50 
16.2 CORTE (REDUÇÃO DO TAMANHO DA CARNE)...........................................................60 
16.3 SALGA / CURA ................................................................................................................61 
16.4 DEFUMAÇÃO..................................................................................................................65 
16.5 EMULSÕES CÁRNEAS...................................................................................................67 
17. EMBUTIDOS........................................................................................................................72 
17.1 LINGUIÇAS......................................................................................................................72 
17.2 SALSICHA .......................................................................................................................79 
18. PRESUNTO .........................................................................................................................8419. PRODUTOS SALGADOS .................................. .................................................................87 
19.1 SALGA SECA ..................................................................................................................87 
19.2 SALGA ÚMIDA ................................................................................................................88 
19.3 SALGA MISTA .................................................................................................................89 
19.4 ADITIVOS E INGREDIENTES EMPREGADOS NA SALGA ...........................................89 
19.5 CHARQUE.......................................................................................................................90 
 
 
 
20. PRODUTOS DEFUMADOS ................................................................................................93 
20.1 ALGUNS PRODUTOS DEFUMADOS.............................................................................93 
20.2 BACON ............................................................................................................................94 
21. PRODUTOS MARINADOS................................. .................................................................97 
21.1 CORTES DE FRANGO MARINADO ...............................................................................97 
22. PRODUTOS FERMENTADOS............................................................................................99 
22.1 SALAME ..........................................................................................................................99 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................... .....................................................................102 
 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
Apresentação 
 
 
 
“Muda a forma de trabalhar, agir, sentir, pensar na chamada sociedade do 
conhecimento. “ 
Peter Drucker 
 
 
 
O ingresso na sociedade da informação exige mudanças profundas em todos os 
perfis profissionais, especialmente naqueles diretamente envolvidos na produção, 
coleta, disseminação e uso da informação. 
 
O SENAI, maior rede privada de educação profissional do país,sabe disso , e 
,consciente do seu papel formativo , educa o trabalhador sob a égide do conceito 
da competência:” formar o profissional com responsabilidade no pr ocesso 
produtivo, com iniciativa na resolução de problemas , com conhecimentos 
técnicos aprofundados, flexibilidade e criatividade , empreendedorismo e 
consciência da necessidade de educação continuada .” 
 
Vivemos numa sociedade da informação. O conhecimento , na sua área 
tecnológica, amplia-se e se multiplica a cada dia. Uma constante atualização se 
faz necessária. Para o SENAI, cuidar do seu acervo bibliográfico, da sua infovia, 
da conexão de suas escolas à rede mundial de informações – internet- é tão 
importante quanto zelar pela produção de material didático. 
 
Isto porque, nos embates diários,instrutores e alunos , nas diversas oficinas e 
laboratórios do SENAI, fazem com que as informações, contidas nos materiais 
didáticos, tomem sentido e se concretizem em múltiplos conhecimentos. 
 
O SENAI deseja , por meio dos diversos materiais didáticos, aguçar a sua 
curiosidade, responder às suas demandas de informações e construir links entre 
os diversos conhecimentos, tão importantes para sua formação continuada ! 
 
Gerência de Educação e Tecnologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
 
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1. INTRODUÇÃO 
 
De acordo com a legislação, são consideradas carnes “as massas 
musculares maturadas e demais tecidos que as acompanham, incluindo ou não a 
base óssea correspondente, procedentes de animais abatidos sob inspeção 
veterinária”. Para efeitos de industrialização, considera-se como carne os 
músculos junto ao esqueleto, os tendões, nervos e vasos sangüíneos. 
Desta forma, entende-se por carnes todas as partes comestíveis dos 
animais utilizados na alimentação humana. Isto inclui músculos, vísceras 
(miúdos), sangue, gorduras, cartilagens, ossos e produtos cárneos. 
Os produtos cárneos processados são aqueles em que as propriedades da 
carne fresca foram modificadas pelo uso de um ou mais procedimentos como 
moagem, adição de algum ingrediente ou aditivo, alteração da cor, aquecimento 
ou outro método. Exemplos comuns de carnes processadas são as lingüiças, 
salsichas, charque, salames, presuntos, bacon, dentre outros. 
Como existem centenas de diferentes produtos cárneos processados, é 
impossível discutir todos eles. Entretanto, a maioria é submetida a 
processamentos básicos comuns e nossa proposta é discutir estes procedimentos 
básicos. 
Para a compreensão dos fundamentos do processamento tecnológico da 
carne são necessários estudos preliminares da sua estrutura, seus constituintes 
básicos, a bioquímica do músculo e sua conversão em carne, além de suas 
características organolépticas e de seu valor nutritivo. Desta forma, o curso será 
iniciado com a abordagem destes fundamentos básicos da ciência da carne, 
seguindo posteriormente com o estudo de seu processamento. 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
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2. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA 
 
No Brasil, os sistemas agroindustriais de carnes vêm se apresentando 
como um dos mais relevantes para o setor agroindustrial do país. A produção de 
carnes apresentou um crescimento significativo, passando de 9,9 milhões de 
toneladas em 1994, para 18,9 milhões de toneladas em 2004, um acréscimo de 
90% para o período considerado. 
Entre as cadeias que compõem o complexo agroindustrial, as indústrias de 
carne têm papel importante e dinâmico no desenvolvimento econômico das 
regiões onde estão inseridas. Estas indústrias contribuem expressivamente na 
geração de renda, empregos e exportações e na geração de tributos federais, 
estaduais e municipais. Uma das grandes contribuições deste setor é o fato de 
agregar valor à produção primária, além de aquecer a economia dos municípios 
pelo efeito multiplicador das atividades ligadas indiretamente, bem como da 
prestação de serviços. Em Minas Gerais, dentre as cadeias agroindustriais de 
carne, a bovina é a mais importante, seguida da carne de aves e de suínos, nesta 
ordem. 
A competitividade e até mesmo a sobrevivência das indústrias de carne no 
mercado está intimamente associada a sua eficiência em gerenciar a qualidade, o 
que se traduz na segurança do cliente ao consumir os produtos, contribuindo para 
a satisfação de suas exigências e na redução de custos de perdas e refugos. 
Deve ser dada atenção sobre todas as etapas da cadeia de produção: matéria-
prima básica, processamento industrial e distribuição. Um descuido ou falta de 
atenção em qualquer dessas etapas pode comprometer seriamente a qualidade 
do produto final, o que pode por em risco a sobrevivência da empresa. 
Desta forma, é essencial a participação, na indústria, de profissionais 
habilitados que tenham o conhecimento e que façam bom uso das tecnologias 
empregadas no processamento e industrialização de carnes. 
 
 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
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3. CARACTERIZAÇÃO DAS ESPÉCIES ANIMAIS 
PARA CORTE 
 
Na produção de carne, alimento de elevado valor nutritivo, sem excesso de 
gordura, a escolha do tipo de animal e do momento ideal de abate são pontos 
fundamentais num sistema produtivo comprometido com eficiência e 
produtividade. Isto vale para a produção detoda espécie animal destinada ao 
abate. 
A composição da carcaça é geralmente a de maior interesse. Em relação 
aos componentes da carcaça bruta, as proporções de músculo, gordura e ossos 
são as de maior importância para a avaliação da produção. Quando a 
porcentagem de gordura na carcaça aumenta, a porcentagem de músculo e de 
ossos mais tendões diminui. Estas características da composição afetam o valor 
comercial da carcaça e são influenciadas por fatores genéticos e ambientais, 
durante o crescimento e o desenvolvimento do animal. 
Deve-se buscar animais com boa expressão das massas musculares, já 
que o objetivo e produzir carne e não gordura. O excesso de gordura reduz o 
valor comercial da carcaça na venda para os setores de processamento de 
subprodutos. A ausência de gordura na carcaça também é indesejável, pois uma 
quantidade mínima é importante para a boa palatabilidade da carne. Além disso, a 
gordura protege a carcaça durante o resfriamento e armazenamento, impedindo 
alterações indesejáveis provocadas pelo frio. 
A utilização da genética associada às técnicas de manejo, nutrição, 
reprodução, sanidade e processamento permitirão oferecer aos consumidores de 
carne um produto de melhor padrão e qualidade. 
 
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4. ESTRUTURA DO MÚSCULO 
 
As carnes são compostas por tecido muscular, tecido conectivo (ou 
conjuntivo), tecido adiposo e ossos. 
 
 
4.1 TECIDO MUSCULAR 
 
O tecido muscular é o mais importante, pois é o constituinte da carcaça a 
que chamamos de “carne”. Ele é formado basicamente por proteínas. 
Os músculos são compostos por células cilíndricas longas chamadas de 
fibras musculares, e que ficam paralelas umas às outras. As fibras musculares 
são envolvidas individualmente por tecido conectivo e estão agrupadas, formando 
feixes também envolvidos por tecido conectivo. Estes feixes de fibras musculares 
são, por sua vez, unidos por mais tecido conectivo. Em alguns músculos os feixes 
são facilmente identificados quando o músculo é cortado transversalmente. 
A proporção de tecido conectivo varia nos diversos músculos e é, em parte, 
responsável pela sua maior ou menor dureza. A maioria dos músculos une-se 
aos ossos através da confluência destes tecidos conectivos nas extremidades 
musculares, que são os tendões. 
 
 
Figura 1: Relação do músculo esquelético com os ossos e tecidos conjuntivos 
fibrosos dos tendões 
Fonte: www.curlygirl.no.sapo.pt/.../fibramuscular.jpg 
 
As fibras musculares são preenchidas por grande quantidade de filamentos 
protéicos de actina (filamentos finos) e miosina (filamentos grossos), que são 
responsáveis pela contração muscular. 
 
 
 
 
Tecnologia de Carne 
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4.2 TECIDO CONECTIVO 
 
O tecido conectivo tem a função de unir e sustentar os demais tecidos e é 
um dos responsáveis pela dureza da carne. Ele é formado principalmente por 
fibras de proteínas, especialmente as chamadas fibras de colágeno, constituídas 
pela proteína colágeno. Ele é flexível, macio e semitransparente. Quando 
aquecido em meio líquido por tempo suficiente, dissolve-se, formando a gelatina. 
A quantidade de tecido conectivo varia de acordo com a raça do animal, 
com o sexo (machos possuem mais tecido conectivo) e com as diferentes partes 
musculares. 
As cartilagens também são formadas por tecido conectivo e caracterizam-
se por serem um tecido mais duro e menos flexível. 
 
 
4.3 TECIDO ADIPOSO 
 
O tecido adiposo também é chamado de gordura. A gordura está 
depositada em quatro áreas distintas da carcaça. A primeira delas é a gordura 
que se encontra sob o couro, recobrindo a carcaça e que chamamos gordura 
subcutânea, gordura de cobertura ou ainda de acabamento. A segunda é a 
gordura interna depositada em torno das vísceras, que são as gorduras renal, 
pélvica e cardíaca. A terceira é a gordura intermuscular, que se localiza entre os 
músculos. A quarta é a gordura encontrada no interior dos músculos podendo ser 
chamada de intramuscular, marmorização ou marmoreio. 
Em geral, a gordura contribui para o sabor, a suculência e a maciez da 
carne. Sua cor varia de branca a amarela, dependendo da idade e alimentação do 
animal. Animais alimentados com vegetais verdes possuem a gordura mais 
amarelada, pois nela se acumulam os pigmentos carotenóides que possuem esta 
coloração. 
 
Figura 2: Gordura de cobertura e marmoreio, observadas em bife bovino. 
Fonte: 
 
GORDURA DE COBERTURA 
MARMOREIO GORDURA INTERMUSCULAR 
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4.4 TECIDO ÓSSEO 
 
Os ossos de animais adultos são brancos, duros e quebradiços, enquanto 
que não animais jovens, são rosados, maleáveis e pouco quebradiços. Os ossos 
longos localizados nas pernas possuem uma substância gelatinosa muito 
apreciada, o tutano, formado por proteínas, gorduras, minerais e vitaminas. 
 
 
 
5. COMPOSIÇÃO DA CARNE 
 
O valor nutritivo e a composição química da carne variam de acordo com a 
proporção entre os seus diferentes tecidos. A água é o maior constituinte e sua 
quantidade varia inversamente ao conteúdo de gordura. A carne é, ainda, um 
alimento rico em proteínas, gorduras, vitaminas e minerais e possui muito pouco 
carboidrato. 
 
 
5.1 ÁGUA 
 
A água é o maior constituinte da carne e sua proporção é inversamente 
proporcional ao conteúdo de gordura. O teor total de água é importante nos 
processamentos que a carne pode sofrer como, por exemplo, congelamento, 
resfriamento, salga, cura e enlatamento. 
 
 
5.2 PROTEÍNAS 
 
As proteínas são o segundo maior componente da carne, representando 20 
a 22% do seu peso. É o constituinte mais importante, pois além de estar presente 
em grande quantidade, possui elevado valor nutricional, contendo todos os 
aminoácidos essenciais. 
 Na industrialização, as proteínas assumem um papel fundamental, 
participando ativamente das mudanças pós-morte que levam o músculo a 
transformar-se em carne. Além disso, interferem na maioria dos processamentos 
através de propriedades funcionais como emulsificação, capacidade de retenção 
de água, gelificação e outros. 
 
 
 
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5.3 GORDURA 
 
O teor de gordura nos tecidos animais varia em relação ao corte cárneo, à 
composição e ao estado de nutrição dos animais, dentre outros fatores. 
A gordura assume importância nutricional, sendo responsável pela 
sensação de saciedade por longos períodos. Além disso, está diretamente 
relacionada ao sabor e aroma da carne. 
 
 
5.4 MINERAIS E VITAMINAS 
 
A quantidade total de minerais da carne situa-se ao redor de 1%. De 
maneira geral, os principais minerais encontrados na carne são: enxofre, potássio, 
fósforo, sódio, cloro, magnésio, cálcio, ferro e zinco. 
Os músculos e órgãos animais usados como alimento são considerados 
boas fontes de vitaminas, principalmente as do complexo B, além de conter 
quantidades razoáveis de vitaminas A e C. A carne de porco é particularmente 
rica em tiamina e o fígado é rico em vitaminas A, C, B6, B12, ácido nicotínico, 
ácido pantotênico e biotina. O processamento diminui o teor de vitamina das 
carnes. 
 
 
5.5 CARBOIDRATOS 
 
A carne possui muito pouco carboidrato, aproximadamente 1%, e esta 
quantidade diminui ainda mais com os processos bioquímicos que ocorrem no 
período pós-morte, quando a reserva de glicogênio do músculo é convertida em 
ácido lático. 
 
 
 
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6. CONTRAÇÃO MUSCULAR 
 
6.1 PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NA CONTRAÇÃO MUSCULAR 
 
As proteínas dos miofilamentos exercem papel fundamental na contração 
muscular. Dentre estas, as principais são a actina, miosina, troponina e 
tropomiosina. Destas, actina e miosina representam 75 a 80% do total de 
proteínas presentes nos miofilamentos. 
 As moléculas de actina são esféricas e associam-se como um duplo colar 
de pérolas, longitudinalmente, enrolado em uma espiral. Este arranjo filamentoso 
de actinas é chamado de F-actina. Para constituir o chamado filamento fino, essa 
estrutura recebe a contribuição de pelo menos duas proteínas diferentes: a 
troponina, de estrutura globular e a tropomiosina, de estrutura filamentosa. A 
intervalos regulares da estrutura do filamento existem duas moléculas de 
troponina e todo o conjunto é “amarrado” externamente por segmentos 
filamentosos de tropomiosina, como pode ser observado na figura 3. 
 
Figura 3: Estrutura de um filamento fino. Os filamentos de actina formam a 
estrutura básica dos filamentos finos. Os filamentos de actina são polímeros de 
moléculas globulares de actina que se enrolam formando uma hélice. A 
tropomiosina forma um cordão em torno do filamento de actina. A troponina liga-
se à tropomiosina. 
Fonte: Adaptado de RAWN (1989). 
 
 Além dos filamentos finos, para que ocorra a contração e relaxamento 
musculares, existe a necessidade de outro filamento – o de miosina. A miosina é 
a proteína predominante e representa 50 a 55% das proteínas fibrilares. A forma 
estrutural da miosina associa uma cabeça globular dupla, unida a uma cauda 
longa e filamentosa, assemelhando-se a um taco de golfe. 
 
 
 
Figura 4: Estrutura da molécula de miosina. 
Fonte: Adaptado de RAWN (1989). 
 
Troponina Tropomiosina Actina 
 Troponina 
 
 
CABEÇA 
CAUDA 
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No filamento de miosina, chamado de filamento grosso, as moléculas são 
aglomeradas longitudinalmente pelas caudas, sendo “amarradas” em forma de 
feixes. As cabeças ficam voltadas para ambas as extremidades. Observe a 
estrutura do filamento grosso na figura 5. 
 
 
Figura 5: Estrutura do feixe de miosinas no filamento grosso. 
Fonte: Adaptado de RAWN (1989). 
 
 
6.2 MECANISMO DA CONTRAÇÃO MUSCULAR 
 
 A contração muscular pode ser resumidamente definida como sendo a 
formação do complexo actomiosina. A contração do músculo esquelético envolve 
diretamente quatro proteínas miofibrilares: actina, miosina, tropomiosina e 
troponina. 
O modelo esquemático que explica a contração muscular é a Teoria do 
Deslizamento. De acordo com esta teoria, no músculo em repouso a maioria dos 
íons cálcio (Ca++) está ligada a proteínas. Quando o Ca++ é liberado destas 
proteínas e se torna livre na célula, o mecanismo da contração muscular é 
iniciado. 
 Para que ocorra a contração muscular, o Ca++ liga-se à troponina, que 
neste momento sofre uma rotação e expõe o lado livre da actina que é ligado à 
cabeça da miosina. Desta forma a cabeça da miosina une-se à actina, gerando 
uma tensão e o deslizamento dos filamentos finos sobre os filamentos grossos, 
gerando a contração muscular. Durante a contração, os filamentos finos ligam-se 
e desligam-se do filamento grosso alternadamente, sendo que cada ligação 
representa apenas uma pequena parte da contração total. 
Quando o Ca++ livre da célula retorna à sua ligação com as proteínas, 
ocorre o relaxamento do músculo. Para que o músculo permaneça em repouso, é 
necessário se manter uma concentração relativamente alta de ATP. A contração 
muscular requer uma quantidade adicional de energia, além da que é 
normalmente consumida pelo músculo em repouso. Esta energia é proveniente do 
ATP. A utilização do ATP é intensificada pela liberação de íons de cálcio na fibra 
muscular. 
 
 
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Figura 6: Mecanismo de deslizamento dos filamentos de actina sobre o filamento 
de miosina. Observe as várias posições assumidas pelas cabeças de miosina 
durante um ciclo. 
Fonte: www.bms.ed.ac.uk/.../smaciver/Myosin%20II.htm 
 
 
 
7. CONVERSÃO DO MÚSCULO EM CARNE 
 
 As funções vitais do músculo não param no momento da morte do animal. 
Uma série de modificações bioquímicas e estruturais ocorre após a morte do 
animal e é denominada “conversão do músculo em carne”. Muitas destas reações 
ocorrem como uma tentativa do músculo em manter suas condições normais de 
funcionamento. 
 
 
7.1 FENÔMENOS PÓS-MORTE 
 
Em vida, o músculo armazena boa parte do glicogênio do corpo. O 
glicogênio muscular é usado como fonte de energia para sustentar a contração 
quando a demanda por energia é maior do que a que pode ser oferecida pela 
glicose sangüínea. Estas reações ocorrem geralmente em aerobiose, ou seja, na 
presença de oxigênio. 
 A primeira etapa no abate convencional consiste na imobilização do animal, 
seguida imediatamente da sangria. A remoção do sangue marca uma série de 
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alterações pós-morte que irão culminar com a transformação do músculo em 
carne. 
 
7.1.1 Declínio do pH após a morte 
 
O animal recém abatido após um período de repouso, apresenta em seus 
músculos, ATP, e tem pH em torno de 6,9 a 7,2. Quando o suprimento de 
oxigênio é cortado através da sangria, o músculo torna-se anaeróbio. Em 
anaerobiose há formação de ácido lático e apenas 8% do ATP em relação ao ATP 
formado pelo metabolismo com presença de oxigênio. Portanto, as reservas 
energéticas se esgotam rapidamente. Como resultado, o ácido lático produzido 
durante a glicólise anaeróbica causa diminuição significativa do pH muscular. 
A queda do pH após a morte é causada pelo acúmulo de ácido lático e o 
pH final da carne está em torno de 5,5 (5,3 a 5,7 decorridas 24 horas do abate 
nos suínos e 5,5 a 5,5, 24 horas após o abate nos bovinos). 
 A queda do pH constitui um dos fatores mais marcantes na transformação 
do músculo em carne, sendo decisivo na futura qualidade da carne e dos 
produtos preparados a partir dela. 
Em suínos, quando o pH atinge níveis inferiores a 5,8 dentro de 45 minutos 
post-mortem tem-se o indício da presença de carne PSE ("pale, soft, exudative"). 
Esta glicólise extremamente rápida, que ocorre em suínos susceptíveis ao 
estresse, não é observada em bovinos. 
 
Figura 7: Curvas de queda do pH post-mortem. 
Fonte: FORREST et al. (1979). 
 
A queda prematura do pH ocorre devido à presença de ácido lático no 
músculo já no momento do abate. Se o animal é submetido a condições 
estressantes no manejo imediatamente antes do abate, ele gasta muita energia e 
necessita iniciar a glicólise anaeróbica, com produção de ácido lático, 
imediatamente antes de ser abatido. Desta forma o músculo já entra no pós-morte 
com uma concentração considerável de ácido lático e pH reduzido (ácido). Com 
as reações bioquímicas que ocorrem naturalmente após o abate, a acidificação é 
acentuada. 
Por outro lado, se devido a uma deficiência de glicogênio, o pH permanece 
após 24 horas acima de 6,2, tem-se o indício de uma carne DFD ("dark, firm, dry" 
ou "dark-cutting"). Esta condição ocorre em bovinos, suínos e ovinos, mas com 
pequena importância econômica para ovinos. 
A carne DFD é um problema causado pelo estresse crônico antes do 
abate, que esgota os níveis de glicogênio. Há evidências que o principal fator de 
indução do aparecimento do "dark cutting" seja o manejo inadequado antes do 
abate que conduz à exaustão física do animal.Tecnologia de Carne 
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Neste caso, o problema é que as reservas de glicogênio não podem ser 
repostas, já que os animais permanecem em jejum no frigorífico. Assim, como as 
reservas de glicogênio já foram gastas, não ocorre a produção de ácido lático no 
músculo, que permanece com pH elevado. 
 
7.1.2 Modificações estruturais 
 
 Uma das conseqüências imediatas da sangria é a interrupção do transporte 
de oxigênio para os músculos e, daí iniciando a glicólise anaeróbica. O teor de 
ATP produzido pela glicólise anaeróbica é pequeno e, ao cair os níveis de ATP, a 
actina e miosina unem-se irreversivelmente, fazendo surgir a inextensibilidade 
característica do músculo em rigor mortis. 
 
7.1.3 Modificações do aspecto físico 
 
Dentre as modificações do aspecto físico destacam-se as da cor, da 
firmeza e da capacidade de retenção de água. Com relação à cor, na ausência de 
oxigênio, ao invés de vermelho brilhante, o músculo apresenta um vermelho mais 
escuro ou púrpura. 
Durante o processo de maturação, devido à degradação enzimática por 
enzimas do próprio músculo e à desnaturação protéica, o músculo perde firmeza. 
A capacidade de retenção de água, em grau elevado no músculo em vida, 
é importante principalmente na fabricação de embutidos. À medida que o pH 
diminui, a capacidade de retenção de água também diminui. 
 
 
 
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8. MATURAÇÃO DA CARNE 
 
Pode-se definir maturação comercial como um processo ao qual a carne é 
submetida a condições controladas, embalada a vácuo e mantida em temperatura 
de -1ºC a 2ºC por 14 dias, aproximadamente. Porém, a maturação é um 
fenômeno complexo, que ocorre a partir da resolução do rigor-mortis, que se 
prolonga durante as estocagens refrigeradas, envolvendo atividade enzimática. 
A resolução do rigor-mortis é iniciada pela atividade de enzimas 
pertencentes ao próprio músculo. Estas enzimas quebram as proteínas 
musculares envolvidas no processo de contração, desfazendo este estado. 
Assim, a dureza observada durante a instalação do rigor mortis desfaz-se à 
medida que progride a maturação no estágio pós-rigor. 
Além de levar ao amaciamento da carne, a maturação tem ainda 
importante função nas propriedades organolépticas da carne, em especial, na 
textura e odor, influindo significativamente em sua palatabilidade. 
Para um melhor efeito do processo, é importante que ocorra acidificação 
adequada da carne, ou seja, o pH final deve estar entre 5,4 e 5,8. Durante a 
maturação há um aumento do pH, mas este valor não deve ser superior a 6,0 a 
fim de não ocorrer contaminação microbiana. 
Quanto mais alta a temperatura, mais rapidamente há manifestação dos 
efeitos da maturação sobre a carne, porém também é mais alto o risco de 
contaminação microbiológica, portanto maior a probabilidade de deterioração da 
carne. Uma alternativa utilizada para evitar esse fenômeno de contaminação é a 
utilização de embalagens a vácuo, ou atmosfera modificada com teores residuais 
de oxigênio baixo, que conservam a carne, possibilitando sua permanência em 
temperaturas mais elevadas. 
 
 
 
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9. PARÂMETROS DE QUALIDADE DA CARNE 
FRESCA 
 
 As propriedades da carne fresca determinam sua utilidade para o 
comerciante, a atração para o consumidor e a adequação para processamento 
posterior. São importantes suas características de retenção de água, cor, textura, 
sabor e aroma. 
 
 
9.1 CAPACIDADE DE RETENÇÃO DE ÁGUA 
 
Capacidade de retenção de água é definida como a capacidade da carne 
de reter sua umidade ou água durante a aplicação de forças externas, como 
corte, aquecimento, trituração e prensagem. 
A capacidade de retenção de água do tecido muscular tem grande 
importância durante o armazenamento. Quando os tecidos têm pouca capacidade 
de retenção de água, as perdas de umidade e conseqüentemente de peso 
durante o armazenamento são grandes. Esta perda ocorre geralmente nas 
superfícies musculares da carcaça exposta à atmosfera durante a estocagem. 
Uma vez realizado os cortes para a venda, existe uma maior oportunidade de 
perda de água em conseqüência do aumento de superfície muscular exposta à 
atmosfera. 
A formação de ácido lático e a conseqüente queda do pH pós-morte são 
responsáveis pela diminuição da capacidade de reter água da carne. Essas 
reações causam uma desnaturação e perda da solubilidade das proteínas 
musculares. Conseqüentemente, estes grupos não têm capacidade de atrair 
água. 
 
Figura 8: Efeito do pH na quantidade de água imobilizada da carne. 
Fonte: Roça (propriedades da carne) 
 
 
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9.2 COR 
 
A cor da carne é originada principalmente da proteína mioglobina. A grande 
variação de cor nas carnes ocorre porque a quantidade de mioglobina varia com a 
espécie, idade, sexo, músculo e atividade física. Estresse, queda do pH e pH final 
da carne também influenciam na sua coloração. 
A diferença entre a cor da carne proveniente de diferentes espécies é 
notada facilmente. Como exemplo, pode-se observar que o bovino adulto possui 
carne de cor vermelho-cereja brilhante, enquanto a carne ovina é vermelho-pálida 
a vermelho-ladrilho, a de eqüino é vermelho-escura, a de suíno, rosa acinzentada 
e a de aves, branco-cinza a vermelho-pálido. 
Animais mais novos possuem menos mioglobina no músculo e por isso 
apresentam carne mais pálida. Os machos, por sua vez, possuem mais 
mioglobina que as fêmeas. Devido a essa diferença no teor de mioglobina, a 
carne brilhante do peito das aves contrasta com a carne escura situada na coxa. 
Com relação ao exercício físico, este induz a formação de mais mioglobina, 
deixando a carne mais escura. 
 A reação dos pigmentos com outros compostos ou íons pode resultar na 
alteração da cor das carnes. Ao cortar a carne proveniente de um bovino recém 
abatido, observa-se a cor vermelho púrpura, devido principalmente à mioglobina. 
Quando a carne fica em contato com o ar, os pigmentos reagem com o oxigênio e 
formam um pigmento relativamente estável denominado oximioglobina. A 
oximioglobina se forma em 30-40 minutos de exposição ao ar e é responsável 
pela cor vermelha brilhante, que proporciona um aspecto atraente para o 
consumidor. 
A desoxigenação da oximioglobina forma a metamioglobina, de coloração 
marrom, indesejável. A formação desta cor constitui um sério problema para a 
venda da carne, porque a maioria dos consumidores a associa com um longo 
período de armazenamento, embora possa haver formação deste composto em 
poucos minutos. A formação de metamioglobina é favorecida por baixas pressões 
de oxigênio, altas temperaturas (ativa enzimas que utilizam o oxigênio), sal 
(oxidante) e bactérias aeróbias (reduzem a tensão de oxigênio). 
A redução da metamioglobina pode ocorrer por enzimas presentes no 
músculo. 
 
 
 
Figura 9: Formação de diferentes pigmentos da carne através da reação com 
oxigênio. 
Fonte: Roça 
 
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9.3 TEXTURA 
 
De todos os atributos da qualidade sensorial, a textura e a maciez são 
consideradas as mais importantes pela maioria dos consumidores. Os atributos 
que mais contribuem para a textura da carne são a maciez, suculência e 
mastigabilidade. 
O processode maciez envolve uma série de mudanças no metabolismo 
muscular imediatamente após o abate. Muitos fatores influenciam aa maciez da 
carne, incluindo idade, sexo, nutrição, exercício, estresse antes do abate, 
presença de tecido conjuntivo, estimulação elétrica da carcaça, rigor-mortis, 
esfriamento da carcaça, maturação, método e temperatura de cozimento, e pH 
final da carne. 
A suculência da carne cozida é a sensação de umidade observada nos 
primeiros movimentos de mastigação, devido à rápida liberação de líquido pela 
carne e, também, da sensação de suculência mantida, devido principalmente à 
gordura que estimula a salivação. A gordura intermuscular funciona como uma 
barreira contra a perda do suco muscular durante o cozimento, aumentando, 
portanto, a retenção de água pela carne e aumento da suculência. A gordura 
intramuscular aumenta a sensação de suculência na carne. A maturação da carne 
a 0ºC por 14 a 21 dias também aumenta a suculência da carne devido ao 
aumento da capacidade de retenção de água. A suculência da carne depende 
também da perda de água durante o cozimento. Temperaturas de 80ºC produzem 
maiores perdas no cozimento que temperaturas ao redor de 60ºC. 
A mastigabilidade é um atributo secundário da textura que é avaliado pelo 
número de mastigadas necessário para deixar a carne em condições e ser 
deglutida. Apresenta alta correlação positiva com a maciez. 
 
 
 
 
 
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10. MICROBIOLOGIA DA CARNE 
 
 Os microrganismos presentes na carne podem contaminá-la por infecção do 
animal vivo ou por contaminação pós-morte da carne e podem causar sua 
deterioração ou uma infecção ou intoxicação no consumidor. 
 A contaminação pode ocorrer durante todo o abate, armazenamento e 
distribuição dos produtos e são várias as fontes de infecção. 
 A maior contaminação ocorre na esfola e é proveniente da própria pele do 
animal, que é rica em microrganismos. Ao cortar a pele, a faca leva microrganismos 
para a superfície da carcaça. Além disso, a pele já removida pode encostar-se à 
carcaça, contaminando-a, ou a própria mão do manipulador pode ser a fonte de 
contaminação. 
 Bactérias presentes normalmente no interior do animal também podem 
contaminar a carcaça. As principais fontes deste tipo de microrganismo é o trato 
digestivo. Esta contaminação ocorre principalmente quando o conteúdo gástrico ou 
intestinal cai na carcaça, por descuido com a amarração do esôfago ou reto e por 
ruptura acidental destes órgãos durante as operações de abertura e evisceração da 
carcaça. 
 Vale lembrar, ainda, que o ar, água, utensílios, manipuladores e equipamentos 
são fontes de microrganismos. Desta forma, os cuidados com a higiene são 
fundamentais para assegurar a qualidade do produto final. A carne é um alimento 
altamente perecível e são necessários cuidados intensos com a higiene e o 
fornecimento de um ambiente adequado de preparo e armazenagem. 
 
 
10.1 DETERIORAÇÃO EM CARNES FRESCAS 
 
 Na deterioração da carne refrigerada as bactérias crescem apenas na 
superfície. As Pseudomonas predominam e quando chegam a uma população de 
107/g inicia-se o aparecimento de uma limosidade superficial que leva à alteração 
da aparência e do aroma. Nessas condições a amônia também pode ser 
detectada. 
 Outras bactérias que podem estar presentes são Achromobacter e 
Flavobacterium, que causam limosidade superficial, formação de pigmentos 
fluorescentes, esverdeamento da carne e aparecimentos de pontos brancos ou 
coloridos. 
 Lactobacillus, Microbacterium e Micrococcus causam limosidade superficial, 
acidificação e, num estágio mais avançado, putrefação. As carnes moídas ou 
muito fragmentadas favorecem o desenvolvimento das bactérias. 
 Bolores e leveduras também podem levar a alterações da carne. Entre eles, 
os mais importantes são Thamnidium, Mucor e Rhysopus, que produzem 
filamentos, Cladosporium, que produzem manchas negras, Penicillium, que levam 
ao aparecimento de placas verdes e Sporothricum, que produzem manchas 
brancas. As leveduras encontradas são do gênero Cândida, Torulopsis e 
Rhodotorula. 
 
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11. CONSERVAÇÃO DA CARNE 
 
 Os métodos de preservação da carne têm como princípio o emprego de 
condições ambientais que desencorajam o crescimento de microrganismos. Eles 
podem ser agrupados em três categorias, com base no controle pela temperatura, 
umidade e, de forma mais direta, por agentes letais (bactericidas, bacteriostáticos, 
fungicidas, fungistáticos). 
 
11.1 REFRIGERAÇÃO 
 
 É o principal método de conservação das carnes e consiste na estocagem 
acima do ponto de congelamento. A temperatura usada para a refrigeração varia 
entre -2ºC e 5ºC. 
 A refrigeração prolonga a vida de prateleira dos produtos e é utilizada em 
carnes in natura ou processadas. Para que a conservação seja eficiente deve-se 
formar a cadeia de frio desde o matadouro e indústria até o consumidor final. 
Qualquer quebra nesta cadeia é uma oportunidade que as bactérias encontram 
para se multiplicarem. 
 Os métodos empregados para a refrigeração de carnes são a câmara fria (-
4ºC a 0ºC), usada para bovinos, suínos e eqüinos; e o tanque de resfriamento 
e/ou câmara fria, para aves, coelhos e pescados. 
 Vários fatores interferem no resfriamento da carcaça, como: 
• Calor latente: quanto mais quente a carcaça chegar ao resfriamento, mais 
tempo levará para atingir a temperatura de refrigeração; 
• Tamanho da carcaça: carcaças maiores demoram mais para resfriar; 
• Quantidade de gordura de cobertura: a gordura é um isolante térmico e por 
isso reduz a velocidade de resfriamento do interior da carcaça; 
• Temperatura da câmara fria (velocidade do ar frio); 
• Quantidade e disposição das carcaças: número excessivo de carcaças e 
sua aglomeração dificultam o seu resfriament. 
 
11.2 CONGELAMENTO 
 
 O congelamento prolonga a vida de prateleira das carnes e é usado tanto 
para carne in natura como para os produtos processados. A temperatura de 
congelamento das carnes é de no máximo -2ºC. 
 Este método de conservação tem grandes vantagens pois mantém as 
características físicas, as características organolépticas e o valor nutritivo da 
carne. Entretanto, possui custo elevado, necessita de equipamentos especiais, 
dependendo do produto enfrenta a rejeição por parte dos consumidores e a perda 
de nutrientes no descongelamento. 
 Os métodos empregados no congelamento são o ar frio (-10º a -20ºC), que 
é o freezer caseiro; ar frio forçado ou ventilado (-10º a -30ºC), nos túneis de 
congelamento; placas de contato (-10º a -30ºC), no congelador de placas, 
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imersão em sprays líquidos, usado para aves e produtos processados; e aspersão 
de gases como o nitrogênio (-195ºC) ou dióxido de carbono (-98ºC). 
 
11.3 TRATAMENTO TÉRMICO 
 
 A carne enlatada e os produtos cárneos podem ser sujeitos ao calor em 
dois níveis – a pasteurização, que é destinada a parar o crescimento 
microbiológico, com o mínimo dano, e a esterilização, na qual quase todas as 
bactérias são eliminadas, porém com grau considerável de alteração na carne. 
 
11.4 DESIDRATAÇÃO 
 
 Neste método a conservação ocorre pela redução de água (Aa ) na carne, 
a níveis que dificultam o crescimento de bactérias. Normalmente é associado com 
acidificantes e aditivos. A carne-de-sol, o charque e os embutidos fermentados 
secos são exemplos de produtos desidratados. 
 Métodos de desidratação: 
 
 11.4.1 Secagem em estufas: reduz o teor de umidade para 
aproximadamente 8%. 
 
 11.4.2 Spray dryer:o teor de umidade é reduzido para próximo de 5%. É 
ideal para produtos líquidos. 
 
 11.4.3 Freezer drying: a umidade é reduzida para 2%. É usado para 
alimentos usados pelo exército, carne em pedaços, sopa, camarão. 
 
 11.4.4 Meio ambiente ou câmara de secagem: utiliza aditivo (sal, cura, 
fermento). Reduz a umidade para valores entre 35% e 50%. È usado para 
salame, carne-de-sol, charque. 
 
11.5 IRRADIAÇÃO 
 
 Existem dois tipos de irradiação: a ionizante e a não ionizante. Na ionizante 
são emitidos isótopos radioativos 60Co e 137Cs, produzindo íons com efeito 
bacteriostático e conservando o produto sem promover um aumento de 
temperatura. Também apresenta excelentes efeitos contra parasitas, mas não é 
permitido em todos os países, além de causar alterações no sabor e coloração e 
a rejeição por consumidores. 
 A irradiação não ionizante é realizada por microondas (fornos) ou por 
lâmpadas ultravioleta e infravermelha. São radiações de alta freqüência e 
algumas podem gerar calor. Também podem provocar alterações na cor e no 
flavor. 
 
 
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12. TECNOLOGIA DE ABATE 
 
12.1 FLUXOGRAMA DE ABATE DE BOVINOS 
 
1) Recepção e desembarque 
Ao chegarem ao frigorífico, os animais são recepcionados ainda no 
caminhão. Após exame da documentação, o desembarque é autorizado. 
Durante o desembarque devem ser tomados os devidos cuidados para 
evitar maus-tratos e agitação excessiva dos animais, que influenciam 
negativamente a qualidade da carne. 
Após o desembarque, o veículo de transporte deve ser lavado e 
desinfetado para prevenir a disseminação de doenças. 
 
2) Currais 
a) Curral de chegada e seleção: nestes currais os animais são separados por 
procedência, idade, sexo e categoria. 
Eles devem possuir iluminação adequada (mínimo de 5 watts/m2), 
pavimentação e uma pequena inclinação para facilitar a limpeza e o escoamento 
de dejetos. As cercas devem ter 2 m de altura e sem cantos vivos e 
proeminências que possam machucar os animais. Entre os currais as muretas 
separatórias de 30 cm de altura impedem a passagem de água e dejetos de um 
curral para o outro. Nestes currais existem, ainda, bebedouros com capacidade 
para que 20% dos animais bebam simultaneamente. 
A água para lavagem do piso deve percorrer um encanamento aéreo com 
pelo menos 3 atm de pressão. O piso é lavado logo após a retirada dos animais. 
 
b) Curral de observação: aí ficam os animais excluídos da matança por suspeita 
de doença. 
 
c) Curral de matança: os animais que ocupam o curral de chegada e seleção e 
que estão aparentemente sadios são levados a este curral. Além dos requisitos já 
citados (ver “curral de chegada e seleção”), deve ter área para a capacidade de 
matança diária. 
Aí os animais ficam em descanso, jejum e dieta hídrica por no mínimo 24 
horas. Isto é importante para garantir a qualidade da carne. 
 
3) Rampa de acesso à matança 
É um afunilamento dos currais. 
 
4) Chuveiro (banho coletivo) 
 Remove sujidades do pelo e pele e acalma os animais. 
 
5) Seringa 
É um corredor estreito onde os animais andam em fila indiana. 
 
6) Box de atordoamento 
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 Neste box entra um animal de cada vez. Possui uma abertura lateral 
(alçapão) e o piso é inclinável. Quando a porta abre (mecanicamente), o piso 
reclina e o animal cai na área de vômito. 
 
Figura 10: Box de atordoamento 
Fonte: www.msimsuzano.com.br 
 
7) Insensibilização 
Deve ser feita sem provocar a morte do animal. Podem ser utilizados: 
• Marreta: se for aplicado com muita força, provoca a morte do animal. 
Geralmente só é utilizada em caso de defeito no equipamento 
mecânico. O local exato a ser acertado é a interseção de duas linhas 
imaginárias que unem a base de cada chifre com a parte interna do olho 
do lado oposto. Esta é a região menos resistente da fronte do bovino. 
• Pistola de dardo cativo: possui um êmbolo que sai com pressão, perfura 
a fronte do bovino e volta. Usa o mesmo princípio da marreta, mas 
possui os inconvenientes de depreciar o cérebro como produto 
comercial, só é prático para animais mansos e tem alto custo. 
• Martelo pneumático: é uma pistola que dá pancada com força pré-
determinada. 
Após insensibilização os animais devem ser sangrados imediatamente, 
pois mesmo paralisados eles retomam a consciência em curto período de tempo. 
 
 
Figura 11: Martelo pneumático. 
Fonte: Pesce, 2008 
 
8) Área de vômito (pendura do animal) 
 Aí o animal é içado pela pata traseira esquerda por um trilho aéreo e 
assume posição vertical. 
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9) Sangria 
 O sangrador, assim como os demais, deve ter 
ao seu lado uma pia para lavagem das mãos e 
esterilizador para instrumentos, que devem ser 
usados após cada operação. 
A sangria é realizada por meio do corte da 
veia jugular, no pescoço. Com a remoção do sangue 
ocorre a morte do animal. O tempo mínimo para 
escoamento do sangue é de 3 minutos. É 
importante que o animal permaneça vivo neste 
momento porque o coração batendo auxilia no 
bombeamento do sangue para fora do animal. 
No caso do aproveitamento do sangue 
para alimentação, a coleta será feita com facas e 
recipientes especiais. 
Uma canaleta no piso, em continuação à 
canaleta de sangria acompanha toda a trilhagem 
aérea percorrida pelo animal, recolhendo o 
sangue que ainda escorre e os resíduos das operações seguintes. 
 
 
10) Serragem dos chifres e retirada dos mocotós dianteiros. 
Os pés são apresentados à inspeção. 
 
11) Início da esfola 
 A pele é cortada longitudinalmente do peito até o ânus 
 
12) Esfola da região do traseiro e da cauda 
 A pele é cortada nas patas traseiras até a região lombar. 
 
 Esfola da região do dianteiro 
 Das patas até a altura da cabeça. 
 
 Oclusão do reto 
 Impede a contaminação da carcaça pelas fezes. 
 
13) Esfola da região lateral da carcaça 
 Feita com uma faca pneumática. Nesta região a pele é muito aderida às 
costelas e esta faca evita a depreciação do couro. 
 
14) Transpasse e retirada dos mocotós traseiros 
 A carretilha é passada para a perna direita, já esfolada, liberando a perna 
esquerda para esfola. 
 
15) Esfola da região abdominal 
 
16) Roletamento do couro 
 Uma máquina especial puxa a pele da região da coluna, que é a única que 
permanece presa até agora. 
- - - - - - - - - - - - - LIMITE ENTRE ÁREA SUJA E ÁREA LIMPA - - - - - - - - - - - - - 
 
Figura 12: Pia e esterilizador 
para facas 
Fonte: www.msimsuzano.com.br 
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17) Serra de peito 
 
18) Desarticulação da cabeça e numeração (cabeça e carcaça) 
 A cabeça fica presa pelo músculo do pescoço (acém). 
 
 Oclusão do esôfago 
 
 Separação do esôfago e da traquéia 
 Feita com um equipamento chamado de “saca-rolhas”, para que o esôfago 
saia com o trato digestivo e a traquéia, com os pulmões. 
 
19) Retirada da cabeça 
 Após retirada, a cabeça é apresentada à inspeção. 
 
20) Abertura da cavidade abdominal 
 É realizada com uma faca que possui um capuz na ponta para não perfurar 
o sistema digestivo. 
 
Figura 13: Faca para abertura abdominal e torácica. 
Fonte: Fonte: MAPA - Portaria Nº 711 
 
21) Evisceração genital 
 
22) Retirada das vísceras abdominais 
 As vísceras são apresentadas à inspeção antes de irem para o 
processamento. 
 
23) Retirada das vísceras torácicas 
 As vísceras são apresentadas à inspeção antes de irem parao 
processamento. 
 
24) Serragem da carcaça 
 A carcaça é serrada e dividida em duas meias-carcaças, que são 
apresentadas à inspeção junto com os rins, que permanecem presos e a cauda. 
Se elas estiverem aptas para o consumo, serão carimbadas. 
 
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25) Toalete 
 Remoção dos pequenos restos de ossos que espirraram na serragem, 
gordura abdominal, áreas onde houve contusões (sangue), diafragma e a rabada. 
 
26) Pesagem 
 
27) Chuveiro da carcaça 
 
28) Câmara fria 
 A carcaça permanece aí por 24 horas, Á temperatura de -4 a 0ºC. A 
tendência é que ela atinja 10ºC em 24 horas e, caso permaneça por mais tempo, 
0 a 4ºC em 48 horas. 
 
 
12.2 FLUXOGRAMA DE ABATE DE SUÍNOS 
 
1) Rampa de desembarque 
 
2) Pocilgas 
a) Pocilga de chegada e seleção: devem ser bem iluminadas (5 watts/m2), com 
divisões internas de 1,10 m em alvenaria, cobertas e com pé direito de 4 m. 
Devem possuir bebedouros para os animais. 
 
b) Pocilga de seqüestro: para os animais suspeitos. 
 
c) Pocilga de matança: para os animais considerados sadios, aptos para serem 
abatidos. 
 
3) Chuveiro anterior à insensibilização 
 Além das vantagens já comentadas, ele umedece a pele, facilitando a 
condução do eletro choque. 
 
4) Atordoamento 
 Para suínos, o método de insensibilização mais empregado é o choque 
elétrico. Para uma sangria bem feita, o tempo máximo entre a insensibilização e a 
sangria deve ser de 2 minutos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 14: Equipamento utilizado para insensibilização por choque elétrico nos 
suínos. 
Fonte: MAPA - Portaria Nº 711 
 
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5) Sangria 
 
6) Chuveiro pós-sangria 
 Este chuveiro remove os restos de sangue ou 
sujidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 15: Chuveiro 
 Fonte: MAPA - Portaria Nº 711 
 
7) Escalda e depilação 
 A escalda é realizada para facilitar a remoção dos pêlos. Para a 
escaldagem é usado um tanque com água e vapor, a uma temperatura de 62 a 
65ºC, por dois minutos. Deve-se evitar o pré-cozimento da pele. A escalda 
também pode ser realizada em um túnel com aspersão de água quente e vapor a 
60ºC por 5 minutos. 
Após a depilação, os suínos são pendurados novamente. 
 
8) Toalete da depilação 
 Remoção das unhas e flambagem, para retirada dos pêlos remanescentes. 
Se necessário, completar a remoção dos pêlos com toalete manual, raspando-os 
com uma faca. 
 
9) Chuveiro da depilação 
 É obrigatório e retira as sujidades da depilação. 
 
10) Abertura abdominal torácica 
 Para isso é utilizada uma faca especial para evitar perfuração de vísceras. 
 
11) Corte da sínfise pubiana 
 
12) Oclusão do reto 
 
13) Abertura da papada 
 A cabeça e a papada são, então, apresentadas à inspeção. 
 
14) Mesa de evisceração 
 As vísceras são apresentadas à inspeção antes de irem para o 
processamento. 
 
15) Divisão longitudinal da carcaça e cabeça 
 
16) Retirada do unto (gordura que recobre algumas vísceras) 
 
17) Toalete das carcaças 
 
Tecnologia de Carne 
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18) Chuveiro para as carcaças 
19) Pesagem 
 
20) Câmaras frias 
 As carcaças são mantidas a 0ºC por 24 horas. As carcaças não devem 
encostar umas nas outras na câmara fria, pois irão “melar”, prejudicando a sua 
qualidade. 
 
 
12.3 FLUXOGRAMA DE ABATE DE AVES 
 
1) Insensibilização 
Podem ser utilizados: 
• Gás - alto custo 
• Eletronarcose: imersão em água ou salmoura, durante 1 a 2 segundos: 60V - 
frango; 70-80V - galinha; >120V - peru. Evitar a imersão além da cabeça para 
evitar problemas de sangria. Pode ser feito a seco com condutores metálicos. 
 
2) Sangria 
 A sangria é realizada em no máximo 3 minutos. 
 
3) Escalda 
Tem como objetivo uma lavagem prévia e afrouxamento das penas. No 
Brasil é mais comum a utilização de 52-54ºC - 90 segundos para o corpo e 70-
80ºC - 2 a 3 minutos para os pés. 
 
4) Depenagem 
Pode ser usada duas ou três depenadeiras posicionadas em alturas 
diferentes, com o objetivo de atingir todo o frango. Cada depenadeira tem em média 
700 dedos de borracha que promovem um atrito com a ave, removendo a pena e, 
preferencialmente, sem causar leões na pele. 
 
5) Evisceração 
As aves já depenadas são suspensas em linhas de evisceração, pela junta 
da coxa, na nória. Antes da evisceração as aves são lavadas em chuveiros de 
aspersão. 
 
Figura 16: Carcaças dependuradas, após depenagem. 
Fonte: SENAI (2001). 
 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
27 
Inicialmente é feito o corte da cloaca com uma lâmina rotatória. Em 
equipamento com vácuo é feita a evacuação do intestino grosso. Isto ajuda a 
evitar a contaminação fecal da carcaça. No método manual, o operador segura a 
cloaca entre os dedos indicador e polegar e faz cortes tranversais próximos a ela, 
de tal forma que o intestino possa ser retirado até 1/3 do comprimento do dorso 
A seguir é feita a abertura do abdome através de uma incisão próxima à 
cloaca. As vísceras são expostas, examinadas e separadas. Os pulmões são 
extraídos por pistola à vácuo. Procede-se uma lavagem interna. 
 
6) Pré-resfriamento 
Pode ser realizado por vários métodos: pulverização com água gelada, 
imersão em tanques e pré-resfriadores contínuos (“spin-chiller). 
O chiller pode funcionar em duas unidades: um pré-chiller com temperatura 
de 17ºC durante 12 minutos e um chiller com temperatura de 2ºC durante 17 
minutos. A temperatura final deve ser inferior a 8ºC, sendo ideal abaixo de 4ºC, 
medida no peito da ave. 
 
7) Gotejamento 
O máximo de água que pode ser absorvida é 8%. O tempo de gotejamento 
mínimo (SIF) é de 3 minutos, podendo chegar a 11 minutos. 
 
8) Resfriamernto 
É utilizada temperatura entre -1 e 1ºC. 
 
 
 
Tecnologia de Carne 
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13. OPERAÇÕES PARA O PREPARO DE 
CARCAÇAS, VÍSCERAS E CORTES 
COMERCIAIS DE ANIMAIS DE ABATE 
 
13.1 PADRONIZAÇÃO DOS CORTES DE CARNE BOVINA 
 
CARCAÇA: Entende-se por carcaça o bovino abatido, sangrado, esfolado, 
eviscerado, desprovido de cabeça, patas, rabada, glândula mamária (na fêmea), 
verga, exceto suas raízes, e testículos (no macho). Após a sua divisão em meias 
carcaças retiram-se ainda os rins, gordura perirrenal e inguinal, “ferida de 
sangria”, medula espinhal, diafragma e seus pilares. 
 
MEIA CARCAÇA: Resulta do corte longitudinal da carcaça, abrangendo a sínfise 
isquiopubiana, a coluna vertebral e esterno. 
 
QUARTO: Resulta da subdivisão da meia-carcaça em traseiro e dianteiro, por 
separação entre a quinta e a sexta costelas. A incisão deverá ser feita a igual 
distância das referidas costelas, alcançando as regiões esternal (peito) e da 
coluna vertebral, à altura do quinto espaço intervertebral. 
 
 
Figura 17: Local de divisão dos quartos. 
Fonte: MAPA (1990). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tecnologia de Carne 
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13.1.1 Subdivisão do quarto dianteiro: 
 
 
 
 PALETA DIANTEIRO SEM PALETA 
 
a) A paleta, por sua vez, é subdividida nos cortes: 
 
 
 PÁMÚSCULO DO DIANTEIRO 
 
• A pá pode ser subdividida em outros cortes, que são: 
 
 RAQUETE PEIXINHO CORAÇÃO DA PALETA 
b) O dianteiro-sem-paleta pode ser subdividido em outros cortes: 
 
 
 PESCOÇO ACÉM COSTELA DO PEITO CUPIM 
 DIANTEIRO 
Fonte: MAPA (1990) 
Tecnologia de Carne 
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13.1.2 Subdivisão do quarto traseiro: 
 
 
 TRASEIRO SERROTE PONTA DE AGULHA 
a) O traseiro-serrote é subdividido em grandes peças, tais como: 
 
 
 LOMBO ALCATRA COXÃO 
 
 
• O lombo é subdividido nos cortes: 
 
 
 CONTRAFILÉ CAPA-DE-FILÉ FILÉ MIGNON 
 
 
� Variantes do lombo: 
 
 
 BISTECA (CHULETA) TIBONE 
 
 
• O coxão subdivide-se em: 
 
 
 COXÃO-MOLE COXÃO-DURO LAGARTO PATINHO 
 
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 MÚSCULO-MOLE MÚSCULO-DURO 
 
 
b) A ponta-de-agulha pode ser subdividida nos cortes: 
 
 COSTELA-DO-TRASEIRO VAZIO 
 
 
• O vazio pode ser subdividido em: 
 
 
 bife-do-vazio fralda diafragma 
 
Tecnologia de Carne 
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Figura 18: Localização dos cortes primários e secundários. 
Fonte: Roça 
 
 
13.2 CORTES DE CARNE SUÍNA 
 
Nos suínos a carcaça pode ou não incluir o couro, cabeça e pés. 
Os cortes suínos que vigoram hoje em nossos mercados são: 
 
 
 
Fonte: www.frigorificomaisa.com.br/produtos.htm 
 
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• Pernil ou perna 
• Lombo 
• Filezinho 
• Ombro, pescoço, sobrepaleta 
ou nuca 
• Barriga 
• Costela 
• Carré (bisteca) 
• Suã 
• Alcatra 
• Lagarto 
• Coxão de dentro 
• Coxão de fora 
• Patinho 
• Paleta 
• Papada 
• Máscara, pés e mãos 
 
 
13.3 CORTES DE CARNE DE AVES 
 
 As carcaças de aves são comercializadas em cortes muito variados hoje em 
dia, seguindo as exigências do consumidor: 
 
• Frango inteiro com vísceras: consiste da carcaça intacta, incluindo todas as 
partes, com exceção da cabeça e dos pés. Inclui ainda moela, fígado, 
coração e pescoço. 
• Frango inteiro sem vísceras: consiste da carcaça intacta, incluindo todas as 
partes, com exceção da cabeça e dos pés. Não inclui vísceras. 
• Meia-carcaça (duas peças): a carcaça é separada em duas metades – 
direita e esquerda. Não inclui vísceras. 
• Quatro partes: a carcaça é dividida em quatro partes, sendo dois peitos com 
a asa e duas coxas com as sobre coxas. Não inclui vísceras. 
• Seis partes: dois peitos sem asas com as costelas, duas coxas e duas 
sobre coxas. Não inclui vísceras. 
• Oito partes: dois peitos com as costelas, duas asas, duas coxas e duas 
sobre coxas. Não inclui vísceras. 
• Dez partes: peitos cortados ao meio formando quatro partes, duas asas, 
duas coxas e duas sobre coxas. Não inclui vísceras. 
• Metade frontal com asas: peito inteiro com as asas. Não inclui vísceras. 
• Metade frontal sem asas: peito inteiro sem as asas. Não inclui vísceras. 
• Metade posterior: parte posterior unida às coxas e sobre coxas e gordura 
abdominal. 
• Metade posterior sem sambiqueira 
• Peito inteiro com costelas e filé: peito inteiro com as costelas e filezinho. 
• Peito inteiro com osso, costelas e asas: peito inteiro com as costelas, asas 
e filezinho. 
• Peito sem osso com filé: peito inteiro sem ossos, sem pele, sem filezinho. 
• Peito sem osso, com carne da costela: corte do peito inteiro com costelas e 
filezinho em duas partes iguais. 
• Peito sem osso, sem carne da costela: peito cortado ao meio, sem carnes 
da costela. O filezinho pode estar presente ou não. 
• Filé sem o tendão: filezinho aparado do tendão. 
• Coxa e sobre coxa. 
• Sobre coxa. 
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• Coxa. 
• Asa: asa inteira (três partes). 
• Asa – meio e ponta. 
• Coxinha da asa. 
• Tulipa: meio da asa. 
• Pescoço 
• Pés. 
• Miúdos: 
o Moela 
o Fígado 
o Coração 
 
 
Fonte: apcesiccarnes7.blogspot.com/2007_12_01_archiv... 
 
 
 
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35 
13.4 TECNOLOGIA DE OBTENÇÃO DE MIÚDOS 
 
 De acordo com o RIISPOA, miúdos são órgãos e vísceras dos animais de 
açougue usados na alimentação humana (miolos, língua, coração, fígado, rins, 
rúmen, retículo), além dos mocotós e rabada. 
 Os miúdos devem ser processados imediatamente após sua liberação da 
sala de matança. Sua toalete deve ser realizada com o máximo cuidado, 
excluindo-se a matéria-prima de qualidade inferior, como as glândulas salivares, 
amídalas, ovários, baço, glândulas endócrinas em geral, linfonodos e outros, não 
permitidos pela legislação. 
 A seguir, devem ser devidamente embalados e rotulados, constando todos 
os dados necessários, de acordo com a legislação. 
 
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14. HIGIENE DOS ESTABELECIMENTOS 
INDUSTRIAIS PARA O PROCESSAMENTO DE 
CARNE 
 
 A higiene dos estabelecimentos processadores de carne segue as mesmas 
bases dos outros setores envolvidos com alimentos. Entretanto, possui alguns 
pontos característicos. 
 Um importante aspecto é o desenho dos abatedouros. Em geral, tudo que 
contribui para um fluxo calmo de animais irá reduzir as fontes de contaminação. O 
excesso de animais nos currais é um fator importante, pois além de gerar 
problemas de estresse nestes animais, aumentará a carga bacteriana carreada 
para o interior da sala de abate. 
 A remoção adequada do sangue, do couro e do trato gastrintestinal também 
é especialmente importante. O resfriamento rápido e adequado das carcaças é 
fundamental. 
 Um dos primeiros programas a ser estabelecido na indústria de carne é a 
higienização - limpeza e desinfecção - em todas as fases de produção. 
Procedimentos de limpeza têm por objetivo eliminar diversos tipos de sujidade, 
e.g. incrustações, gorduras, proteínas, dos equipamentos e instalações. Já os 
procedimentos de sanificação visam à redução ou eliminação de microrganismos 
presentes nas superfícies. Importante verificar, antes da escolha dos produtos de 
limpeza, a boa qualidade da água, quanto aos seus aspectos físicos, químicos e 
microbiológicos, que, dependendo do uso, deve apresentar características, e.g. 
potabilidade, dureza e outros. 
 Materiais de revestimento de paredes, teto, piso e cuidados com o 
acabamento sanitário (cantos arredondados, impermeabilização, iluminação, 
ventilação) como partes da edificação, devem estar emconformidade com as 
normas técnicas e requisitos sanitários. 
 
 
14.1 HIGIENIZAÇÃO DE CURRAIS E ANEXOS 
 
Os cuidados com a higienização dos currais e anexos são muito 
importantes pois a falta deles pode levar ao carreamento pelos animais, para a 
sala de matança, de esterco e de lama que, pelo excesso, não podem ser 
convenientemente removidos pelo banho; exalação de mau cheiro, pela 
fermentação de urina e fezes, com repercussão negativa nas demais 
dependências do estabelecimento e na circunvizinhança. O acúmulo de fezes 
também constitui foco de proliferação de moscas. 
De um modo geral, a higienização dos currais, corredores, banheiro, rampa 
e seringa abrange a remoção dos escrementos e demais sujidades, lavagem e 
desinfecção. 
A remoção dos detritos é realizada por raspagem do piso, utilizando-se 
enxadas ou outro meio eficiente, com o recolhimento e transporte do material para 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
37 
locais adequados, situados à distância. A lavagem é executada com mangueira 
sob pressão, auxiliada por escovões. A desinfecção é conseguida pelo emprego 
de fórmulas aprovadas. Obriga-se a caiação periódica dos currais. 
Os currais de chegada e seleção serão higienizados sempre que 
necessário. Os de matança são lavados logo após a saída dos animais e 
desinfetados semanal ou mensalmente. A caiação é procedida com freqüência, 
de modo a permitir que os currais apresentem sempre bom aspecto higiênico. 
Os métodos e a freqüência da limpeza e desinfecção dos corredores, 
banheiro/ rampa e seringa são os mesmos empregados nos currais de matança. 
Os bebedouros precisam ser mantidos limpos e sua água diariamente trocado. Os 
currais só poderão receber novos lotes, após serem convenientemente 
higienizados. Os currais de observação são higienizados sempre que forem 
ocupados. 
Para a desinfecção dos veículos transportadores de gado vivo, os agentes 
empregados são aqueles indicados pelo Serviço de Defesa Sanitária Animal do 
Ministério da Agricultura. A pulverização é o meio mais indicado para a 
desinfecção rotineira. 
 
 
14.2 HIGIENIZAÇÃO DA SALA DE MATANÇA 
 
Para o trabalho de higiene na sala de abate é destacada uma equipe de 
profissionais, apropriadamente treinada, corretamente equipada (resguardando a 
integridade física) e uniformizada em cor diferente, que os identifique dos demais 
funcionários presentes na produção, a fim de que a higiene seja mantida no inicio 
das operações de abate, durante e ao fim das mesmas. 
A limpeza das instalações e equipamentos, após o abate, consiste 
inicialmente na remoção manual dos resíduos sólidos (remoção de sangue 
coagulado na canaleta de sangria usando rodos metálicos, escoando o sangue 
para o ralo duplo da própria canaleta) seguida da pré-lavagem de plataformas, 
pias, mesa de evisceração, serras, paredes, portas, deixando por último o piso; 
removendo assim, os resíduos solúveis em água e parte da carga microbiana 
auxiliada pela água de arrasto a temperatura de 45oC a 55oC. 
Seguindo com o procedimento, aplica-se detergente (neutro ou de baixa 
alcalinidade), deixando a espuma em contato com as superfícies por tempo 
suficiente, que permita umectar e emulsionar a sujidade. 
O enxágüe, preferencialmente realizado com água quente, temperatura de 
90oC, além de eliminar determinados microrganismos, facilita a secagem e 
intensifica a evaporação, este, realizado de forma análoga à seqüência da pré-
lavagem. 
Concluindo a limpeza do setor, abrir os ralos, limpar seus interiores e 
enxaguá-los, repondo a tampa no lugar. Nebulizar o setor com o auxílio de 
equipamentos de aspersão, usando sanificantes (compostos quaternários de 
amônia, compostos a base de cloro, iodo ou ácido peracético). 
A limpeza feita com gerador de espuma (alta ou baixa pressão), onde o jato 
de água age nas superfícies, substituindo a escovação manual e a diluição 
correta e turbulência geram as bolhas características da espuma pela mistura das 
soluções com água e ar comprimido, permite a dispersão da água da pré-
lavagem, enxágüe e aspersão das soluções detergentes e sanificantes. O que se 
Tecnologia de Carne 
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traduz em economia de tempo, água, produtos de limpeza, menor esforço e 
resultados reprodutíveis. 
Ações de monitoramento incluem a combinação de métodos químicos, 
microbiológicos e sensoriais. Encontrando-se disponíveis, sistema de 
bioluminescência, indicadores ácido-base (fenolftaleína); avaliação microbiologia 
de superfícies e observação criteriosa usando os sentidos. 
Tecnologia de Carne 
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15. AADDIITTIIVVOOSS 
 
São substâncias intencionalmente adicionadas aos alimentos com o 
objetivo de conservar, intensificar ou modificar suas propriedades, desde que não 
prejudiquem seu valor nutritivo. 
 
15.1 GRUPOS DE ADITIVOS MAIS UTILIZADOS NA 
ELABORAÇÃO DA MAIORIA DOS PRODUTOS CÁRNEOS 
 
15.1.1 Conservantes 
 
Os principais são os sais de nitrato e nitrito de sódio, também conhecidos 
como sais e que desempenham duas funções específicas no produto: ação 
conservante, especialmente sobre C. botulinum; e desenvolvimento de coloração 
característica (rosada) em produtos cárneos. 
 
b) Uso de conservantes na cura da carne 
O termo cura de carnes se refere à conservação de um produto por adição 
de sal, nitratos e/ou nitritos, açúcar e condimentos, onde também é obtida a 
melhoria das propriedades sensoriais. 
A cura de carnes é um procedimento que tem por finalidade conservar a 
carne por um período de tempo mais longo, além de conferir-lhe determinadas 
qualidades sensoriais, como sabor e aroma mais agradáveis e coloração 
vermelha ou rósea atraente. 
As finalidades da utilização de nitrato de sódio ou potássio e nitrito de sódio 
ou potássio são de desenvolver cor característica da carne curada e funcionar 
como bacteriostático em meio ácido. 
O nitrato é bastante empregado nas misturas de carnes, entretanto seu 
papel tanto na cura como na conservação ainda não está totalmente esclarecido. 
O nitrato atua como fonte de nitrito, que permite que a carne mantenha um nível 
de nitrito eficaz para a sua conservação. O nitrato é reduzido a nitrito mediante 
um processo bacteriano, mas para que a quantidade reduzida seja significativa é 
necessário um número de bactérias razoavelmente alto, que pode ser prejudicial 
aos produtos cárneos curados e dificilmente se sabe da quantidade de nitrito que 
pode se formar. A tolerância do nitrito varia amplamente entre diferentes grupos 
de bactérias. Existem diversas explicações das propriedades bacteriostáticas do 
nitrito. Nas fórmulas de cura, podem ser adicionado nitrito de sódio ou nitrito de 
potássio, embora raramente seja utilizado o nitrito de potássio. 
O nitrito inibe a germinação do Clostridium botulinum e previne a formação 
de toxinas nos produtos cárneos curados. Admite-se que a concentração mínima 
de nitrito necessária para inibir o Clostridium botulinum seja de 150 ppm. 
Investigações estão sendo realizadas para encontrar um substituto para o nitrito, 
porém ainda não foi encontrada nenhuma substância igual ou superior ao nitrito 
no desenvolvimento de cor e na ação antimicrobiana. 
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A aplicação desses sais acima do limite máximo estabelecido pela 
legislação vigente pode acarretar sérios riscos à saúde humana, pela 
possibilidade de manifestações de efeitos tóxicos agudos e crônicos. 
 
15.1.2 AntioxidantesEvitam ou retardam o processo de oxidação de gorduras, também 
apresentam a capacidade de otimizar a formação de cor característica (rosa), 
quando aplicado juntamente com o sal de cura, por isso também é conhecido 
como fixador de cor. Os principais agentes utilizados como antioxidantes em 
produtos cárneos são o eritorbato de sódio e o ácido ascórbico. 
 
15.1.3 Estabilizantes 
 
Melhoram a estabilidade da emulsão cárnea, aumentam a capacidade de 
retenção de água e, conseqüentemente, melhoram a maciez do produto. São 
utilizados como estabilizantes sais de fosfato e polifosfasto de sódio e derivações 
destes sais, e têm uso restrito para produtos cozidos. 
 
15.1.4 Extensores de massa 
 
São utilizadas principalmente proteínas vegetais, como de soja, e proteína 
animal – colágeno, leite integral e ovos. Estas proteínas de menor custo 
substituem parte das proteínas cárneas, mais caras, barateando o custo de 
produção. Os extensores são adicionados em quantidades relativamente grandes, 
aumentando o volume da massa, mas isso pode alterar a qualidade do produto. 
 
15.1.5 Enchedores 
 
São geralmente de origem vegetal, pobres em proteínas e ricos em 
carboidratos, como cereais, raízes, tubérculos e vegetais e alguns produtos 
refinados como amido e farinha. Também contribuem para o aumento do volume 
da massa, porém não são uma “extensão” da mistura de proteínas. Alguns deles, 
como amido e farinhas, além de aumentarem o volume da massa também têm a 
habilidade de absorver grande quantidade de água. 
 
Os extensores e enchedores não são ingredientes obrigatórios. De fato, 
produtos de alta qualidade são fabricados sem sua utilização. Entretanto, são 
úteis na redução de custos, mantendo o aspecto nutritivo do produto cárneo. 
 
15.1.6 Ligadores 
 
Os agentes ligadores são substâncias de origem animal ou vegetal com 
um teor significativo de proteínas que se ligam à água e à gordura. São exemplos 
de agentes ligadores a proteína da soja, do trigo e do leite, como a proteína 
isolada de soja, o glúten e proteínas do leite (caseinato). Eles não são extensores 
devido à baixa quantidade adicionada (cerca de 2%). Por outro lado, algumas 
substância pobres em proteínas, como amido e farinhas mencionados como 
enchedores, podem ligar água e gordura por meio de uma captura física em suas 
tramas e também podem ser considerados ligadores. 
 
Tecnologia de Carne 
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Desta forma, muitas substâncias usadas têm um efeito principal e outros 
“colaterais”, que dificultam sua classificação em um grupo funcional específico. As 
proteínas vegetais texturizadas são primariamente usadas como extensores mas 
possuem capacidade de ligar-se à água. Proteína isolada de soja e leite em pó,m 
que são usados como ligadores, também têm algum efeito de extensão, já que a 
quantidade adicionada (cerca de 2%) aumenta moderadamente o teor de 
proteínas da massa. A maioria das substâncias usadas possuem dois ou mais 
efeitos sobre o alimento. 
Entretanto, a fim de permitir uma visão geral das substâncias mais 
comumente usadas como ingredientes não-cárneos, elas estão listadas, a seguir, 
de acordo com sua origem, em de origem química, animal ou vegetal: 
 
a) Substâncias químicas usadas como ingredientes 
 
As principais são as seguintes: 
 
� Sal (sabor, ação nas proteínas do músculo, conservação) 
� Nitrito (cor de cura, flavour, conservação) 
� Ácido ascórbico (acelera a reação de cura) 
� Fosfatos (estabilidade das emulsões e ligação de água) 
� Conservantes 
� Antioxidantes (flavour e conservação) 
� Glutamato monossódico (Realce do sabor) 
� Corantes (origem sintética ou vegetal) 
 
Os aditivos químicos são usados em pequenas quantidades – abaixo de 1% (no 
caso do nitrato, cerca de 0,05%). Apenas o sal é usado na razão de 2% (até 4% 
em alguns produtos fermentados). 
 
b) Ingredientes não-cárneos de origem animal 
 
São usados principalmente para melhorar a capacidade de ligar água e para 
prevenir a separação da gordura durante o tratamento térmico do produto. Alguns 
também podem ser considerados extensores. 
 
� Caseinato (90% de proteína; usado em pequenas quantidades – cerca de 
2%; propriedades de ligação na água e na gordura) 
� Leite integral ou leite em pó desnatado (usados em alguns produtos 
como extensores) 
� Gelatina (agente ligador e extensor) 
� Plasma sanguíneo (propriedades predominantemente ligadoras) 
� Ovos (extensor e ligador) 
� Transglutaminase * (ligador) 
 
* Substância natural no organismo animal, mas que atualmente é produzida 
sinteticamente. 
 
c) Ingredientes de origem vegetal 
 
Os temperos possuem origem vegetal. São usados em pequenas 
quantidades para conferir flavour aos alimentos. 
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Outro grupo de ingredientes de origem vegetal são os ligadores, que 
aumentam a ligação de água e a retenção de gordura, principalmente em 
produtos que sofrem tratamento térmico intenso. Os mais comuns são: 
� Proteína isolada de soja (90% de proteína) 
� Glúten (80% de proteína) 
 
Um terceiro grupo de ingredientes de origem vegetal é usado como extensor 
(quando são ricos em proteínas) ou enchedor (quando são ricos em carboidratos). 
Sua função é substituir parte da carne por ingredientes vegetais, aumentando o 
volume e barateando os custos. 
 
Extensores: 
� Farinha de soja (50% de proteína) 
� Concentrado de soja (70% de proteína) 
 
Enchedores: ricos em carboidratos, geralmente são usados em pequenas 
quantidades (2-15%), alguns até 50%. Além de reduzir custos e aumentar o 
volume da massa, algumas farinhas e amidos agem como ligadores. Essa 
propriedade tem papel importante, como o aumento da água ligada, levando a 
maior suculência e ligação da gordura, que melhora a textura. 
� Farinhas de cereais (de trigo, arroz, milho) 
� Amido (de trigo, arroz, milho, batata, mandioca) 
� Farinha de pão 
� Pão torrado (derivado da massa de farinha de trigo assada) 
� Cereais adicionados sem moagem, como arroz e milho 
� Hortaliças e frutas como cebola, pimenta, cenoura, hortaliças verdes, 
banana 
� Polissacarídeos (hidrocolóides) 
� Carragenana (hidrocolóide, adicionado em quantidade máxima de 1% para 
melhorar a fatiabilidade e coesão; pode ser considerada ligador e 
enchedor). 
 
 
 
15.2 APLICAÇÕES DOS INGREDIENTES NÃO-CÁRNEOS 
 
Para a aplicação dos ingredientes listados anteriormente, vários métodos 
foram desenvolvidos, dependendo das propriedades do ingrediente e do produto 
cárneo. Uma distribuição uniforme é crucial para homogeneizar a intnsidade do 
flavour, cor, textura e qualquer outra característica gerada pelo produto. 
 
 
15.2.1 Métodos de aplicação 
 
a) Durante moagem 
 
Aditivos químicos e pequenas quantidades de outro ingrediente não-cárneo fino, 
grosseiro ou granulado são facilmente incorporados em produtos cárneos moídos 
por mistura com a carne crua anterior à moagem. Em operações de pequena 
Tecnologia de Carne 
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escala, a mitura de carne e ingredientes não cárneos é simplesmente passada 
pelo moedor. Mistura manual ou mecânica pode ser feita, se necessário. Em 
grandes operações industriais os ingredientes geralmente são combinados em um 
misturador. 
 
b) Durante o corte 
 
Em carnes finamente cominuídas ou cortada, os ingredientes não-cárneos podem 
ser facilmente dispersos pela mistura com o resto da massa em equipamentos 
como o cutter. Ingredientes não-cárneos como os ligadores (proteína isolada de 
soja, caseinato) são adicionados preferivelmente na forma de emulsão e 
enchedores finamente moídos (farinhas,amidos), na forma seca.Em produtos 
com alta quantidade de extensores e enchedores, como a salsicha, estes são 
incorporados durante o corte. 
 
c) Aplicação para carne não cominuída 
 
A adição de ingredientes não-cárneos em peças ou músculos inteiros é mais 
complexa. O método mais rápido e que permite boa distribuição é a injeção dos 
ingredientes como parte da salmoura de cura, se eles forem solúveis ou puderem 
ser dispersos em água (sal, nitrito, temperos, ascorbato, fosfatos, derivados da 
soja, carragenana). Outra forma de aplicação é a aplicação superficial das 
substâncias secas (como sal de cura e temperos) ou imersão da carne em sal ou 
sal de cura e soluçãoes flavorizantes; entretanto por esses métodos os 
ingredientes requerem dias ou semanas para se difundirem pelo tecido muscular. 
 
 
15.2.2 Tratamento anterior à aplicação 
 
Os enchedores de origem vegetal finamente moídos (farinhas, amido) são 
adicionados secos; os grosseiros como farelo de pão ou pão torrado e cereais 
geralmente são reidratados. Extensores granulados de origem vegetal também 
são reidratados antes de adicionados à mistura. Alguns ligadores (caseinato, 
proteína isolada de soja) podem ser adicionados secos ou como emulsão 
gordura/água/proteína e muitos fabricantes atribuem ao produto emulsionado 
melhores propriedades ligadoras. Entretanto, esse preparo da emulsão é 
trabalhoso e pode ser dispensado quando é utilizado um equipamento de 
cominuição eficiente. 
 
 
 
15.3 INGREDIENTES NÃO-CÁRNEOS IMPORTANTES NO 
PROCESSAMENTO DE CARNES E SUAS 
PROPRIEDADES 
 
15.3.1 Sal comum (cloreto de sódio) 
 
Teores usados: 1,5 – 3% 
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Nos produtos cárneos processados, varia entre 1,5 e 2,2%. O sal é o principal 
agente usado no processamento de carnes e contribui para características de 
sabor. Combinado com a água, também contribui com a solubilização das 
proteínas miofibrilares. A formação de gel pelo aquecimento dessas proteínas e o 
aprisionamento de umidade e gordura pela rede formada dão forma, estrutura e 
firmeza ao produto final. O sal também aumenta a capacidade de retenção de 
água da carne. 
 
 
15.3.2 Temperos 
 
Geralmente têm origem vegetal e são indispensáveis ao processamento da carne. 
Na tabela a seguir podemos observar os temperos comumente usados na 
indústria de processamento carnes, com a quantidade geralmente empregada. 
Tempero Uso (grama/kg de produto) 
Pimenta preta/branca 1,0 - 2,5 
Páprica (às vezes também é usada 
como corante) 
1,5 
Pimenta malagueta - 
Pimenta-da-jamaica 0,3 - 3,0 
Cravo-da-ìndia 0,3 – 0,5 
Gengibre 0,3 – 0,5 
Noz-moscada 0,3 – 1,0 
Canela 0,1 – 0,2 
 
Sementes aromáticas 
Cardamomo 0,3 – 5,0 
Aipo 0,3 – 2,0 
Coentro 0,3 – 1,0 
Cominho 0,2 – 0,3 
 
Ervas 
Manjerona 
Tomilho 
0,5 – 2,0 
 
Bulbos 
Cebola 2,0 – 10 
Alho 0,1 – 0,2 
 
 
15.3.3 Água 
 
A água é o principal componente da carne (até 80% de sua estrutura). 
Além da sua presença natural, a água ainda é usada como ingrediente em muitos 
produtos cárneos processados. Ela age junto ao sal e fosfato para solubilizar as 
proteínas musculares, criando uma forte rede de proteína, mantendo a união do 
produto após o tratamento térmico. 
No caso das massas cozidas, a água é adicionada para compensar a 
perda por cozimento, de aproximadamente 30%, para que o produto final não 
Tecnologia de Carne 
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fique muito seco. Deve-se tomar cuidado para não adicionar excesso de água, 
que pode resultar na separação da gordura no produto. 
A água também é necessária como substrato para as substâncias de cura 
ou outros ingredientes não-cárneos e para reidratação dos extensores. Para 
produtos curados cozidos, soluções de sal de cura, que também pode conter 
temperos, fosfatos e outros ingredientes, são injetados em grandes peças para 
distribuição rápida e homogênea. O volume desses produtos irá aumentar pela 
injeção da salmoura, mas reduzirá durante o cozimento subseqüente. O 
tambleamento, combinado com a adição de fosfatos e outras substâncias 
possibilita o aumento do rendimento. O ideal é que a água injetada seja 
equivalente à perda durante o cozimento. Entretanto, em alguns produtos mais 
baratos, como apresuntado, o tambleamento combinado com a adição de fosfatos 
e ligadores possibilitam a retenção de maiores quantidades de água no produto. 
 
 
15.3.4 Nitrito de sódio 
 
Quantidades usadas: 0,01 – 0,03% 
A adição de pequenas quantidades de nitrito de sódio desenvolve a 
coloração vermelha no produto processado. Sem nitrito o produto torna-se 
acinzentado quando aquecido. O nitrito é especialmente importante em produtos 
cárneos enlatados para inibir o crescimento microbiano. Além disso, ele retarda a 
rancidez oxidativa, estabilizando a gordura. Comercialmente, é encontrado na 
forma de sal de cura , uma mistura de 0,5 – 0,6% de nitrito e 99,4 – 99,5% de 
cloreto de sódio. 
 
 
15.3.5 Ácido ascórbico, ascorbato de sódio, eritorbato 
 
Quantidade usada: 0,03% 
Também chamados de aceleradores de cura , são usados no sal de cura 
por suas propriedades redutoras. Estas substâncias aceleram a reação do nitrito 
com a mioglobina, resultando na formação de cor vermelha. Ao ser tratado 
termicamente, o produto desenvolve instantaneamente a coloração desejada, que 
pode ser intensificada na presença dos aceleradores de cura. A reação também 
ocorre nos produtos curados não tratados termicamente, mas de forma 
consideravelmente mais lenta. 
Outro efeito dos aceleradores de cura é que a reação de cura ocorre de 
forma mais completa, reduzindo o nitrito residual no produto. 
A forma mais estável é o ascorbato de sódio, mas o eritorbato é mais 
barato. 
 
 
15.3.6 Fosfatos 
 
Quantidade usada: 0,05 – 0,5% 
O fosfato é bastante usado na indústria cárnea e melhora a ligação e a 
textura nos produtos cárneos processado. Ele aumenta a capacidade de ligação 
da água por aumentar o pH, separando as fibras musculares (ficam com cargas 
semelhantes) e aumentando a quantidade de água retida entre elas. Os fosfatos 
também estabilizam a textura do produto por aumentar a solubilidade das 
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proteínas junto com o sal, e reduz a oxidação lipídica e a rancificação e ainda 
contribui para a redução do crescimento microbiano. 
As formas mais comumente usadas são o trifosfato de sódio (pH 9,8) e o 
difosfato de sódio (pH 7,3). Em preparações como lingüiças, nas quais os fosfatos 
são adicionados como pó, é preferível o uso de fosfatos com efeito alcalino 
moderado, como o difosfato. A dose usual é 0,03%. O difosfato é mais eficiente 
para aumentar a capacidade de retenção de água, entretanto é pouco solúvel em 
água. Assim, para salmouras de cura contendo fosfato, pode-se utilizar os 
polifosfatos mais solúveis. 
 
 
15.3.7 Proteínas do leite 
 
Assim como a proteína isolada de soja, a proteína do leite (caseinato) 
interage com as proteínas da carneou complementa déficits de proteína, útil em 
massas extendidas. Como é usada em pequena quantidade (2%) e o preço é 
relativamente alto, ela não é usada como extensor de volume, e sim como um 
ligador, para aumentar a água ligada; e como ligante da gordura, para reduzir 
perdas no cozimento. Esta propriedade pode ser usada em todos os tipos de 
produtos tratados termicamente. 
O caseinato pode conceder uma coloração pálida e textura mole ao 
produto, que pode ser visto como desvantagem ao seu uso. Em produtos 
submetidos a tratamento térmico intenso, essa desvantagem é compensada pela 
boa propriedade de ligação e prevenção da separaçãoda gordura. 
A quantidade usada não deve exceder 2%. O caseinato é adicionado como 
pó ou como emulsão pré-preparada, geralmente composta por proteína do leite / 
gordura / água em proporção de 1:5:5 a 1:8:8. A emulsão pode ser preparada no 
cutter sob alta rotação, auxiliado pelo uso de água quente (80-100ºC). 
 
 
15.3.8 Gelatina 
 
A gelatina é uma substância gelatinosa comestível composta de colágeno 
(proteína) extraído de tecidos animais (principalmente pele e também ossos) 
através da fervura. Comercialmente é encontrada na forma de pó e, no momento 
do uso, deve ser primeiro dispersada em água quente e então completamente 
solubilizada em água a 50-60ºC. As moléculas protéicas da gelatina absorvem 
água e formam gel quando esfria. Quando as peças de carne são misturadas com 
a solução de gelatina, devido à propriedade de coesão, que é gradualmente 
aumentada com o abaixamento da temperatura, o resultado é um produto sólido, 
elástico e fatiável. 
Outra prática adotada é a mistura de pequena quantidade de gelatina em 
pó com a mistura cárnea úmida. A gelatina irá absorver o líquido que circunda as 
partículas de carne durante o aquecimento e solidifica durante o resfriamento, 
unificando o produto. 
Se a gelatina comercial não é usada, efeito similar pode ser obtido pelo 
uso de tecidos animais ricos em colágeno como parte da mistura cárnea, como 
pele suína, e outros tecidos como tendões, ligamentos, etc. 
 
 
 
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15.3.9 Proteínas do sangue 
 
Pode ser utilizado o sangue total ou o plasma, que é a parte líquida dos 
sangue, separada das células, e que possui entre 8 e 9% de proteína. Devido à 
sua perecibilidade, geralmente ele é congelado ou seco (pó). O mais indicado é o 
produto congelado, que substitui a água ou gelo, aumentando a capacidade de 
ligação de água, já que suas proteínas se ligam mais facilmente à água que as da 
carne, e seu pH é ligeiramente alcalino. 
 
 
15.3.10 Carragenana 
 
A carragenana é um hidrocolóide (goma) derivado de plantas aquáticas, 
encontrado como pó refinado, bastante solúvel em água e com forte capacidade 
de ligação à água. Com o resfriamento, ele forma um gel elástico que permanece 
estável durante a estocagem sob refrigeração. È necessário apenas uma 
pequena quantidade de carragenana – até 1% - e, adicionada como pó, aumenta 
o rendimento e promove melhor fatiabilidade e coesão. 
 Carragenana não só aumenta a retenção de água no produto cozido, mas 
também contribui com a estabilidade e suculência dos produtos com baixo teor de 
gordura. 
 
 
15.3.11 Transglutaminase 
 
A transglutaminase é uma enzima que tem capacidade de formar ligações 
entre proteínas da superfície das partículas de carne ou entre pedaços maiores 
de músculo. Este efeito é benéfico em produtos que necessitam de 
massageamento (tumbleamento) ou nos restruturados (apresuntado), criando 
uma rede de proteí nas. 
Com o uso da transglutaminase, o processo de tumbleamento pode ser 
reduzido e o uso dos fosfatos ou outros ligadores, reduzido ou eliminado. A 
transglutaminase causa uma forte coalisão entre as partículas de carne. 
 
 
15.3.12 Óleo vegetal 
 
O óleo vegetal pode ser usado como substituto da gordura animal, 
principalmente da gordura suína nos produtos Halal. É considerado um extensor, 
já que substitui parte de um tecido animal. Também assume a função da gordura 
animal para que a massa fique mais leve e suculenta após aquecimento. Ao 
adicionar o óleo, é importante que ele esteja frio (1ºC) para manter a temperatura 
da massa cárnea baixa. Caso o óleo adquira uma estrutura pastosa nesta 
temperatura, o resultado é melhor. 
 
 
15.3.13 Açúcar 
 
Quantidade usada: 0,5 – 4,0% 
Açúcares como sacarose, glicose e xarope de milho podem ser 
adicionados aos produtos cárneos para conferir flavour específico e 
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contrabalançar sabor, reduzir a atividade de água, importante para produtos 
secos e enlatados, e agir em fermentados como nutriente para microrganismos 
que convertem o açúcar em ácidos orgânicos (lático, acético), resultando em 
acidificação. 
 
 
15.3.14 Realçadores de sabor 
 
Estas substâncias, que não devem ser confundidos com temperos, são 
usadas para intensificar o flavour de produtos específicos. As proteínas de 
alimentos como a soja, leite ou sangue são parcialmente hidrolisadas, ou seja, 
quebradas em componentes mais simples, principalmente peptídeos, que podem 
ter flavour de carne ou reforçar este flavour. O realçador de sabor mais conhecido 
é o glutamato monossódico , geralmente usado na proporção de 0,5% ou mais. 
 
 
15.3.15 Corantes alimentícios 
 
O uso de corantes não é muito comum em produtos cárneos, cuja cor 
geralmente é conferida pela cura. Em algumas situações, geralmente em 
formulações com baixa quantidade de carne, consequentemente pouca 
mioglobina, e suplementados com extensores e ligadores de origem vegetal, são 
usados corantes para intensificar a cor do produto. As cores mais usadas são 
amarela e vermelha. 
 
 
15.3.16 Conservantes 
 
No processamento de carnes, os métodos de escolha para a conservação 
são as boas práticas no abate, manipulação e a manutenção da cadeia de frio. 
 Alguns aditivos usados para outros propósitos possuem moderado efeito 
antimicrobiano, em particular o nitrito e o fosfato . O sal comum também possui 
algum efeito antimicrobiano, interferindo na atividade de água. Ácidos orgânicos, 
como ácido lático, cítrico e acético e sais de sódio ajudam a preservar os produtos 
cárneos. 
 
 
15.3.17 Antioxidantes 
 
 Os produtos cárneos são susceptíveis à rancificação, que ocorre devido à 
oxidação da gordura. Alguns ingredientes comumente usados no processamento 
agem contra essa oxidação como, por exemplo, o nitrito, o ácido ascórbico, os 
fosfatos e alguns temperos. Normalmente a presença de um dos ingredientes 
acima (nitrito, ácido ascórbico e/ou fosfato) confere proteção suficiente para um 
curto período de tempo. Para longas estocagens, os produtos devem ser 
embalados a vácuo, mantidos ao abrigo da luz e mentidos sob refrigeração, 
medidas que o protegerão contra a oxidação. Na indústria, alguns antioxidantes 
adicionais podem ser usados, como o tocoferol (vitamina E), especialmente nos 
produtos com alto teor de gordura. 
 
 
Tecnologia de Carne 
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15.3.18 Vegetais 
 
Cereais, legumes, verduras, raízes e tubérculos podem ser usados como 
enchedores, aumentando o volume e reduzindo os custos. Eles são mais 
utilizados em preparações cárneas simples produzidas no meio rural ou em 
especialidades relativas a etnias específicas. Alguns exemplos destes 
ingredientes são milho, trigo, arroz, mandioca, batata doce, cebola e banana. 
Os vegetais são geralmente usados na forma refinada. O mais comum nos 
produtos cárneos é a soja, cuja proteína é usada, de formas variadas, como 
extensor. As formas mais comuns de uso da proteína de soja são: 
� Farinha de soja : contém 50% de proteína e é usada em massa cárneas 
finas ou picadas para manter a suculência do produto. A limitação de uso 
ocorre devido ao sabor e à textura do produto final. A quantidade 
adicionada varia, mas não deve exceder 5%. 
� Concentrado de soja : contém cerca de 70% de proteína. Pode ser usado 
como farinha ou grânulo para produtos finamente cominuídos. A forma 
granulada é chamada de proteína texturizada de soja . Essa forma 
interfere menos no sabor que a farinha de soja. A quantidade adicionada 
em produtos adicionados de grande quantidade de extensores pode chegar 
a 15% em hambúrgueres,por exemplo, e até 6% para produtos cozidos. 
Antes da adição é necessário a reidratação, na razão de 1:3. 
� Proteína isolada de soja : contém 90% de proteína. É o único produto da 
soja que funciona de maneira similar à carne no sentido de formar a rede 
de proteínas e manter a água e gordura ligadas à sua estrutura. É 
particularmente útil em formulações “pobres” onde a quantidade de 
proteínas cárneas é pequena. A quantidade usada normalmente é de cerca 
de 2%. Pra sua utilização pode ser preparado uma solução de 
gordura/água/proteína de soja. 
 
 
 
Tecnologia de Carne 
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1166.. PPRRIINNCCÍÍPPIIOOSS BBÁÁSSIICCOOSS DDOO 
PPRROOCCEESSSSAAMMEENNTTOO DDEE CCAARRNNEESS 
 
Existem vários tipos diferentes de produtos cárneos processados, incluindo 
variações locais e regionais, contribuído muito com a ingestão de proteína animal 
na dieta humana. Tecidos animais, principalmente músculo e gordura, são os 
ingredientes principais, além da utilização ocasional de outros tecidos, como 
vísceras, pele e sangue, além de ingredientes de origem vegetal. 
Todo produto cárneo processado sofre, de alguma maneira, tratamento 
físico e/ou químico. Normalmente é realizada uma combinação de métodos. As 
tecnologias de processamento de carnes incluem: 
• Corte / cominuição (redução do tamanho) 
• Mistura / massageamento 
• Salga / cura 
• Utilização de condimentos / aditivos não cárneos 
• Embutimento 
• Fermentação e secagem 
• Tratamento térmico 
• Defumação 
 
 
16.1 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSAMENTO DE 
CARNES 
 
Atualmente, a maioria das etapas do processamento pode ser mecanizada. 
Existem equipamentos destrinados a operaçãoes em larga, média e pequena 
escala. A seguir, serão listados alguns dos principais equipamentos usados com 
uma breve descrição do seu funcionamento. 
 
Moedor 
 
O moedor é uma máquina usada para pressionar a carne ou pedaços dela 
através de um sistema de rosca sem fim, através de um cilindro vertical. Ao final 
deste cilindro, há um sistema de cortes que consiste em facas rotativas em forma 
de estrela e, posteriormente, um disco estacionário com perfurações. As 
perfurações do disco podem variar de 1 a 13mm, 
de acordo com o tamanho final desejado para a 
carne. A carne é encaminhada pela rosca sem fim 
e empurrada através das facas, sendo espremida 
através dos furos do disco após ser cortada pelas 
facas em rotação (figura 18). 
Figura 18: Desenho esquemático de um moedor 
(Fonte: Heinz e Hautzinger, 2007). 
 
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Os equipamentos mais simples possuem apenas uma faca em forma de 
estrela e um prato, mas normalmente são usados equipamentos com uma série 
de pratos e facas rotativas. O grau de moagem é determinado pelo tamanho dos 
orifícios do último prato do equipamento. 
Para reduzir carne congelada ou carne rica em tecido conjuntivo em 
partículas pequenas, ela deve ser primeiramente passada por um disco mais 
grosseiro e depois, numa segunda operação, chegar ao tamanho desejado. 
Para a obtenção de partículas de cerca de 8mm, recomenda-se a seguinte 
seqüência no moedor: prato rim – faca – prato moedor. Para partículas menores 
que 8mm recomenda-se a seguinte seqüência: prato rim – faca – prato moedor 
(13mm) – faca – prato moedor (6 a 1mm) (figura 19b). 
Figura 19: (a) Desenho esquemático da rosca sem fim, pratos e facas usados nos 
moedores de carne; (b) Pratos com orifícios de diferentes tamanhos (Fonte: Heinz 
e Hautzinger, 2007). 
 
 (a) (b) 
 O menor tipo de moedor é o manual (figura 20a). Nestes moedores 
menores, o sistema de cortes baseia-se em uma faca e um prato. São máquinas 
muito comuns, mas que apresentam capacidade limitada devido ao pequeno 
tamanho e operação manual. 
Os moedores de tamanho intermediário possuem orifícios com até 98mm 
de diâmetro. Eles são elétricos e disponíveis nos modelos de mesa (figura 20b) 
ou chão (figura 20c). A carne é colocada em uma bandeja e, manualmente, 
alimenta continuamente um orifício cilíndrico vertical que leva à rosca sem fim. A 
carne e gordura são forçadas, por gravidade, ao cilindro contendo a rosca sem 
fim. Estes modelos são os mais usados em operações industrial de pequena 
escala. 
Moedores de carne industriais de larga escala possuem pratos com 
orifícios entre 114 - 400 mm de diâmetro e geralmente funcionam como moedores 
e misturadores automáticos. Eles possuem um grande depósito alimentador e a 
carne cai automaticamente na palheta misturadora e na rosca sem fim, que 
podem ser operados separadamente, com a rotação da palheta em ambas as 
direções, e a rosca sem fim, somente em direção às facas. A maior parte dos 
moedores industriais também são equipados com um dispositivo para separação 
de tendões, partículas ósseas e cartilagem. 
 
 
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Figura 20: (a) Moedor de carnes manual; (b) Moedor de carne, modelo de mesa; 
(c) Moedor de carne, modelo de chão (Fonte: Heinz e Hautzinger, 2007). 
 
 (a) (b) (c) 
 
Cutter 
 
O cutter é o equipamento comumente usado para corte da carne e gordura 
em partículas pequenas ou muito pequenas (finamente cominuído). O 
equipamento consiste em uma bacia que gira horizontalmente e um jogo de facas 
curvadas com rotação vertical a altas velocidades, até 5000 rpm (figura 21). 
Existem diferentes tipos e tamanhos de cutters, com bacias em volumes variando 
de 10 a 2000 litros. O tamanho mais usado para processamento em pequena ou 
média escala é de 20 a 60 litros. Nos modelos maiores as velocidades de rotação 
da bacia e das facas podem ser reguladas. A eficiência do cutter é determinada 
principalmente pelo número, formato, disposição e velocidade das facas. O 
equipamento ainda pode ser equipado com um termômetro que mede a 
temperatura da mistura no interior da bacia durante o processamento. 
Cutters de larga escala podem operar a vácuo (figura 22a), que ajuda a 
melhorar cor e textura dos produtos, impedindo a entrada de oxigênio na mistura 
e evitando bolsões de ar. As facas devem ser ajustadas para uma distância de 1-
2mm da bacia para otimizar o corte, como pode ser observado na figura 22b (as 
recomendações de cada modelo devem ser seguidas). A maioria dos cutters 
grandes e de alta velocidade possuem mecanismos de descarregadores, para 
esvaziamento da bacia. 
Figura 21: (a) Cutter com 20 litros de capacidade; (b) Cutter equipado com jogo 
de seis facas(Fonte: Heinz e Hautzinger, 2007). 
 
 
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Figura 22: (a) Cutter a vácuo, com tampa com fechamento hermético; (b) 
Desenho esquemático do cutter mostrando a distância entre a bacia e a faca; (c) 
Modelo que combina cutter (60 litros) e moedor (orifício de 114 mm de diâmetro). 
 
 (a) (b) 
 
Fonte: Heinz e Hautzinger (2007) 
 (c) 
 
 
 Embutideira 
 
 Usada para embutir todo tipo de massa cárnea em envoltórios como tripas, 
vidros, latas, etc. As mais comuns são de pequena ou média capacidade, que 
operam por meio de pistão. Um pistão se move no interior de um cilindro, 
forçando a massa cárnea através de um bocal, até o envoltório (figura 23a). A 
embutideira podeser acoplada à mesa – modelo manual (figura 23b) ou um 
modelo de chão (figura 23c) 
Figura 23: (a)Desenho esquemático de uma embutideira com pistão; (b) 
Embutideira manual (10 litros); (c) Embutideira de chão com funis em diferentes 
tamanhos (Fonte: Heinz e Hautzinger, 2007). 
 
 (a) (b) (c) 
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 As embutideiras modernas para larga escala são chamadas de 
embutideiras contínuas a vácuo (figura 24). Durante o enchimento uma parte 
importante do ar incorporado é removido, melhorando a cor e textura do produto 
final. Estes modelos normalmente são equipados com dosador e torcedeira 
automáticos e possuem um dispositivo que aperta o envoltório, franzindo-o e 
amarrando-o. 
Figura 24: Princípio de funcionamento da embutideira contínua, que pode também 
ser operada com vácuo. 
 
Fonte: Heinz e Hautzinger (2007). 
 
 
 Máquina seladora 
 
Esta máquina coloca um pequeno grampo de alumínio que sela o produto 
no final e substitui o amarrio manual. Também pode ser conectado à embutideira. 
A máquina permite o fechamento de produtos a determinadas distâncias, 
segmentando-o e porções, formando gomos em lingüiças, por exemplo. A 
seladora também pode fixar dois grampos próximos um ao outro, permitindo a 
separação das porções. Pode ser usado em envoltórios naturais ou artificiais. 
A maioria das seladoras funciona por meio de ar comprimido. Para 
operações de média escala o trabalho é feito manualmente. Na figura 25 
podemos observar uma seladora operada manualmente. 
Figura 25: Seladora manual. 
 Fonte: Heinz e Hautzinger (2007). 
 
 
a- Depósito alimentador 
(recipiente para a mistura 
cárnea) 
b- Seção de transporte 
rotativo para a mistura cárnea 
c- Bocal para enchimento. 
As setas mostram o fluxo de 
transporte. 
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Defumadores 
 
Em operações tradicionais e de pequena escala os métodos mais comuns 
de defumação incluem a queima de serragem de madeiras duras umedecidas, 
aquecimento de serragem seca ou de pedaços de toras. Entretanto, métodos 
usados na indústria moderna incluem os seguintes: 
Figura 26: (a) Desenhoesquemático do arranjo de lingüiças no interior do 
defumador; (b) Defumador de pequena escala (serragem é colocada na bandeja 
de combustão lenta). 
Fonte: Heinz e Hautzinger (2007). 
 
� Queima / combustão lenta de serragem 
Figura 27: Defumador com gerador de fumaça de serragem. 
 
Neste processo, a geração de fumaça ocorre 
fora da câmara (1), principalmente quando a 
geração ocorre por ignição elétrica ou a gás (4). 
Isso favorece o controle da quantidade e 
temperatura da fumaça produzida. A serragem 
ou maravalha (3) é movida até a região de 
queima (4) por um agitador (3). A ignição ocorre 
por chapa aquecida eletricamente ou por uma 
chama de gás. Um removedor de fumaça, 
geralmente um spray de água fria, localiza-se na parte inicial do tubo de fumaça, 
removendo substâncias indesejáveis. Fumaça com alto teor de componentes 
desejáveis pode ser obtida submetendo-se a serragem a faixa de temperatura 
entre 230ºC e 400ºC. A fumaça é conduzida diretamente do gerador para a 
câmara através de um tubo (2). A serragem queimada é coletada na superfície 
inferior do equipamento (5). 
 
� Geração de fumaça por fricção 
Figura 28: gerador de fumaça por fricção. 
 
Uma tora de madeira de lei (3) é pressionada (1) 
contra um cilindro de aço de rápida rotação (4), 
resultando na pirólise da madeira em faixa de 
temperatura favorável de 300ºC a 400ºC. A fumaça 
aromática, clara e densacontém grande quantidade de 
substâncias desejáveis e pouco alcatrão. A fumaça é 
conduzida (2) para a câmara. A formação da fumaça 
por este método pode ser completada em segundos. 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
56 
Esta operação geralmente é realizada de forma descontínua. A quantidade e 
qualidade da fumaça podem ser reguladas por alteração na velocidade e tempo 
de rotação. Neste processo, a fumaça é produzida a temperaturas relativamente 
baixas, e não leva grandes quantidades de substâncias perigosas como o 
benzopireno. 
 
� Geração de fumaça por vapor 
Figura 29: Unidade de geração de fumaça por vapor. 
 
Vapor superaquecido (3) a aproximadamente 
300ºC é injetado numa camada compacta de 
serragem (4), que causa destruição térmica da 
madeira, gerando fumaça. A temperatura de 
geração da fumaça pode ser controlada pela 
escolha adequada da temperatura do vapor. 
Impurezas na fumaça causadas por alcatrão ou 
cinzas são mínimas. A mistura vapor-fumaça 
condensa extremamente rápido e de forma 
intensa na superfície e interior do produto, gerando cor e flavour desejáveis de 
fumaça. Não é necessário conexão com chaminé, já que a fumaça que não entra 
no produto deposita-se no vapor condensado. A água condensada é conduzida 
ao sistema de efluente. Outros detalhes do sistema: depósito alimentador de 
serragem (1, 2), ducto que conduz a fumaça para a câmara (5), cinzas (6). 
 
� Equipamento combinado 
 
Facilidades modernas podem combinar operações de defumação, cozimento e 
resfriamento em um processo contínuo. Utilizando sistemas automáticos, 
parâmetros como geração de fumaça, temperatura (até 100ºC) e umidade relativa 
podem ser pré-ajustados, para operações de secagem, defumação ou cozimento. 
Com a instalação adicional de refrigeradores na câmara, também é possível usa-
la como câmara de fermentação/maturação. 
 
 Injetora de salmoura 
 
 Este equipamento é usado para injetar a salmoura na carne. Salmoura é 
água contendo, dissolvidos, sal e substâncias de cura (nitrito) assim como aditivos 
como fosfatos, temperos, açúcar, carragena e/ou proteínas da soja. A injeção é 
feita pela introdução de agulhas no músculo. 
Os injetores de salmoura são disponibilizados em diferentes tamanhos, desde 
injetores manuais com agulha única para pequena escala até injetores semi-
automáticos com até 32 agulhas ou mais. Em máquinas grandes a quantidade de 
salmoura injetada pode ser determinada por pré-ajuste de velocidade e pressão. 
 É muito importante que todas as partes do injetor sejam limpas após o 
trabalho e desinfetadas regularmente e as mangueiras e agulhas devem ser 
enxaguadas com água quente, pois partículas deixadas no sistema podem entupir 
as agulhas. Além disso, a limpeza é necessária, já que microrganismos presentes 
no sistema serão injetados no interior da carne durante a operação. Na figura 30 
pode-se observar exemplos de injetoras manuais e, na figura 31, injetoras 
automáticas. 
Tecnologia de Carne 
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Figura 30: Injetora manual de salmoura tipo bomba (esquerda) e seringa (direita). 
 
 
Figura 31: (A) injetora com múltiplas agulhas: a- tubo de abastecimento de 
salmoura, b- tubo de distribuição de salmoura, c- agulha de injeção, d- peça de 
carne onde a salmoura será injetada, e- suporte para as agulhas, f- coletor para 
excesso de salmoura. (B) Injetora semi-automática. 
 
(A) (B) 
 
 
Tumbler ou massageadora 
 
Figura 32: (A) Tumbler, esquema; (B) Tumbler com parede dupla para 
refrigeração e bomba de vácuo; (C) Interior do tumbler. 
 
 
 
 
 
 (A) (B) (C) 
 
Tecnologia de Carne 
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Tumblers são usados para o processamento de produtos como o presunto. 
Ele consiste em um cilindro rotativo com pás de aço no seu interior, que movem 
lentamente as peças de carne, causando um efeito de massageamento mecânico. 
Esse massageamento é auxiliado pela adição de sal e fosfatos e libera as 
proteínas do tecido muscular (extração de proteínas). As proteínas extraídas 
(substância semi-líquida) unem firmemente os pedaços de carne durante o 
tratamento térmico posterior. Por razões higiênicas é importante manter o tumbler 
a temperaturas abaixo de 10ºC para evitar excessivo crescimento microbiano 
durante tumbleamento prolongado (mais de 4 horas ou durante a noite). 
Temperaturas abaixo de -1ºC são melhores para extração máxima de proteínas 
solúveis. 
 
Máquinas de embalagem a vácuo 
 
Figura 33: máquina de embalagem a vácuo (modelo de mesa). 
 
Para embalar os produtos cárneos a vácuo é 
necessário colocá-lo em sacos plásticos próprios 
para vácuo (multi-camadas). O ar é removido do 
saco pela máquina e é então selado. Equipamentos 
especiais de empacotamento a vácuo podem operar 
com injeção de uma mistura de gases após 
remoção do ar. Esta atmosfera modificada inibe o 
crescimento bacteriano e estabiliza a cor da carne. 
A mistura de gases geralmente contém CO2 e N2. 
 
 Misturadores 
 
 São usados para misturar carnes e temperos, ou carnes grosseira e 
finamente cortadas. A máquina geralmente consiste de um recipiente com fundo 
retangular ou abaulado, onde trabalham duas hastes paralelas. Nestas hastes são 
fixadas várias pás que misturam a carne (figura 33A). O misturador é 
descarregado através de sua inclinação a 90ºC. Os misturadores a vácuo 
trabalham sob vácuo (exclusão de oxigênio), contribuindo para o desenvolvimento 
de cor e textura desejáveis ao produto final (figura 34B). 
Figura 34: (A) Esquema do misturador; (B) Misturador com tampa com 
fechamento hermético para tratamento a vácuo, pode ser inclinado para 
esvaziamento. 
 
(A) (B) 
Tecnologia de Carne 
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Emulsificador 
Figura 35: Esquema de um emulsificador. 
 
O emulsificador é usado no preparo de massas 
finas. Sua parte funcional é um prato perfurado, 
imóvel, com duas afiadas lâminas rotativas. Próximo 
às lâminas há uma bomba centrífuga que força a 
carne previamente moída a atravessar o prato 
perfurado. A maioria dos emulsificadores é vertical e, 
comparados ao cutter, operam em velocidades muito 
elevadas, produzindo uma massa semelhante a 
emulsão. Também é apropriado para preparar 
produtos semi-processados, como emulsões de pele 
suína. 
Figura 36: (A) Vista do topo de um emulsificador; (B) Prato e lâminas rotativas do 
emulsificador. 
 
 
 
 Produtora de gelo 
 
Figura 37: Produtora de gelo com compartimento de estocagem. 
 
 Nesta máquina, flocos de gelo são continuamente 
produzidos a partir de água potável. Água, adicionada na 
forma de gelo, é um importante ingrediente para 
aumentar a dissolução das proteínas e manter a 
temperatura da massa cárnea baixa. 
 
 
 
 Picadora para carne congelada 
 
 O objetivo de picar a carne congelada em pequenos pedaços é torná-la 
apropriada para cominuição imediata em moedores ou cutters sem necessidade 
de descongelamento prévio. Há dois tipos de picadoras, um que trabalha com as 
facas de corte na direção vertical (princípio da guilhotina) e outro que usa cilindros 
rotativos onde são fixadas facas afiadas. A primeira (tipo guilhotina) funciona 
hidraulicamente e é capaz de picar produtos muito duros em pequenos pedaços, 
como cubos ou tiras. A picadora rotatória opera de acordo com o princípio de 
Tecnologia de Carne 
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entalhe dos blocos de carne congelada e pode cortar desde pedaços maiores 
(tamanho de um punho) até pequenas lascas. 
Figura 38: Picadora para carne congelada com facas rotativas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16.2 CORTE (REDUÇÃO DO TAMANHO DA CARNE) 
Existem cinco métodos de corte mecânico das carnes: 
 
 
Moagem de carne e gordura animal 
 
 Pedaços grandes de tecido animal macio podem ter o tamanho reduzido 
pela sua passagem através de moedores de carne. Alguns moedores também 
podem cortar carne congelada, outros possuem artifícios para separar tecidos 
duros como tendões e ossos dos tecidos macios (pedaços de carne picados). 
 
 
Picagem de tecidos animais em cutter (processo descontínuo) 
 
 Cutters são usados para picar e misturar carne congelada, gordura (e/ou 
vísceras comestíveis, se necessário) junto com água (geralmente na forma de 
gelo), ingredientes funcionais (sal, agentes de cura, aditivos) e extensores 
(enchedores e/ou ligadores). 
 
 
Picagem de tecidos animais em emulsificantes 
 
Os tecidos animais que serão emulsificados devem ser pré-misturados com todos 
os outros ingredientes crus, ingredientes funcionais e temperos e pré-cortados 
usando moedores ou cutter. Então eles passam pelo emulsificador para formar 
uma emulsão cárnea. 
 
 
 
Tecnologia de Carne 
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Corte de carne congelada 
 
 Blocos de carne congelada desossada podem ser cortados em fatias, 
cubos ou lascas pela picadora para carne congelada. O corte da carne sem 
necessidade de descongelamento evita a perda de água, crescimento bacteriano 
e descoloração. Para pequenas operações, o corte da carne congelada é 
realizado por cutelo de açougueiro ou machadinha. 
 
 
Corte de gordura 
 
 A gordura é cortada em cubos de 2-4cm em máquinas especializadas para 
facilitar o corte subsequente em cutter ou emulsificador. Em operações de 
pequena escala este processo pode ser realizado manualmente. 
 
 
16.3 SALGA / CURA 
 
Salga 
 
 O sal (cloreto de sódio – NaCl) contribui para o sabor do produto final. O 
teor de sal em produtos como lingüiça, presunto, conservas e produtos similares 
geralmente é de 1,5 – 3%. O sal comum é usado sozinho quando o produto 
cozido deve apresentar coloração acinzentada a cinza-amarronzada, como bifes, 
almôndega ou lingüiça fresca sem cura. Para produtos com coloração 
avermelhada, usamos a cura. 
 
 Além de influencia o flavour, o sal também é um importante ingrediente 
funcional, que auxilia na extação das proteínas solúveis do músculo. Esta 
Aspectos quími cos da salga 
 
A capacidade de retenção de água da carne pode aumentar com adição de até 
5% de sal e, a partir dessa concentração, reduz progressivamente. A 11%, a 
capacidade de se ligar à água volta ao mesmo nível da carne fresca sem sal. 
 
O cloreto de sódio tem baixa capacidade de destruir microrganismos, quase 
sem efeito bactericida. Sua propriedade conservante é atribuída à capacidade 
de ligar água. A água ligada fracamente às proteínas e a água livre são 
atraídas pelos íons sódio e cloreto, reduzindo a atividade de água do produto. 
Isso significa que menos água estará disponível e o ambiente será menos 
favorável para o crescimento de microrganismos. As bactérias não crescem em 
atividade de água menos que 0,91, que corresponde a uma solução de 15g 
NaCl/100mL de água (cerca de 15% de sal no produto). Essa concentração de 
sal é muito alta, interferindo na palatabilidade, mas este método é muito usado 
na conservação de carnes. 
 
O tratamento térmico da carne tratada com NaCl resulta na conversão do 
pigmento vermelho da carne – mioglobina (Fe+2) à metamioblobina (Fe+3). 
Tecnologia de Carne 
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propriedade é usada para a ligação da água e formação de texturaem alguns 
produtos. 
 
 
Cura 
 
 Consumidores associam a maioria dos produtos processados como 
presunto, bacon, mortadela e lingüiça com a coloração rósea ou avermelhada 
após o tratamento térmico. Para adquirir tal coloração, a carne ou a mistura é 
salgada com sal comum (NaCl) contendo uma pequena quantidade do agente de 
cura nitrito de sódio (NaNO2). O nitrito de sódio reage com o pigmento vermelho 
da carne para formar a cor vermelha estável do produto curado. Para isso é 
necessário apenas uma pequena quantidade de nitrito. 
 O nitrito pode ser usado, de forma segura, em concentrações muito 
pequenas para conservação e coloração da carne. Traços de nitrito não são 
prejudiciais à saúde, sendo suficientes níveis de 150mg/kg (0,015%) no produto 
para o efeito desejado. 
 Para reduzir o risco de superdosagem de nitrito, este está disponível 
apenas em uma mistura homogênea com sal comum, geralmente na proporção 
de 0,5% de nitrito em 99,5%. Essa mistura é chamada sal de cura . Em uma 
dosagem comum de 1,5-3% de sal no produto cárneo, o flavour desejado é 
obtido, ao mesmo tempo em que pequena quantidade de nitrito necessária para a 
reação de cura é fornecido. Devido aos limites sensoriais de adição de sal 
(normalmente não se excede 4%), a quantidade de nitrito é mantida baixa. 
 
Aspectos químicos e toxicológicos da cura 
 
Na carne ou massa a ser curada o sal de cura tem que ser muito bem distribuído. 
Durante essa mistura o nitrito entra em contato com o tecido muscular e seu 
pigmento vermelho, a mioglobina. Devido à acidificação da carne após o abate, o 
pH da carne e menor que 7, ou seja, levemente ácido. A acidez pode ser 
aumentada por aceleradores da cura, como ácido ascórbico ou eritorbato. 
Nitrito (NaNO2) ou óxido nítrico (NO), que é formado a partir do nitrito em meio 
ácido, combina com a mioglobina para formar nitrosomioglobina , um composto 
de coloração vermelho brilhante. A nitrosomioglobina é estável ao calor, isto é, 
quando a carne é aquecida a cor vermelha brilhante permanece. A adição de 
cerca de 2% de sal de cura, que é a quantidade usual, gera um teor de nitrito de 
aproximadamente 150ppm (partes por milhão ou 150mg/kg) no produto. Este teor 
de nitrito não é tóxico para os consumidores. Após a reação com a mioglobina, 
haverá uma quantidade residual de nitrito de 50-100ppm no produto. O teor 
residual de nitrito não deve exceder 125ppm. A quantidade máxima de nitrito 
adicionada normalmente é de 200mg/kg de produto. 
 
As nitrosaminas são compostos formados pelo nitrito em certas condições, e que 
podem ter um efeito carcinogênico a longo prazo e, por este motivo, existe um 
grande debate a respeito deste perigo relativo aos produtos curados. Entretanto, 
as nitrosaminas são encontradas somente em produtos intensamente cozidos ou 
fritos que foram previamente curados com nitrito. Produtos frescos que são fritos 
para consumo geralmente não possuem nitrito, apenas sal. A formação de 
nitrosaminas seria um problema em produtos como lingüiça curada e bacon. 
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Mantendo o teor de nitrito residual baixo nesses produtos, o risco de formação de 
nitrosaminas é minimizado. 
 
Nitrato de sódio ou potássio (Na/KNO3) também pode ser usado para cura, mas 
seu uso é limitado para determinados produtos curados secos, como presuntos 
crus, que requerem longos períodos de cura e maturação. Bactérias converte 
nitrato em nitrito, que será convertido posteriormente em NO, que reagirá com a 
mioglobina. A transformação bacteriana é lenta e, visto que a maioria dos 
produtos requer um efeito de cura imediato, o nitrito é a substância de escolha na 
maioria dos casos e o uso do nitrato é restrito. 
 
 O nitrito possui propriedades benéficas multifuncionais: 
 
� Criação de coloração vermelha estável ao calor em uma reação com o 
pigmento do músculo, que torna o produto curado atraente para o 
consumidor. 
� Possui um certo efeito inibitório sobre o crescimento bacteriano. Este efeito 
é importante em produtos cárneos enlatados que geralmente são 
estocados em temperatura ambiente, onde um pequeno número de 
bactérias resistentes ao tratamento térmico (esporos) poderia se 
desenvolver sem o nitrito. 
� Atribuição de flavour específico ao produto curado. 
� O nitrito possui atividade antioxidante, ou seja, na presença de nitrito a 
gordura fica estável e a rancificação é retardada. 
Muitas pesquisas têm sido feitas na tentativa de substituir o nitrito por 
outras substâncias, com o mesmo efeito. Entretanto, até agora nenhuma 
substância alternativa foi encontrada. De acordo com a FAO (Food and 
Agriculture Organization of the United Nations), o uso de nitrito pode ser 
considerável seguro se as regras básicas de uso forem seguidas. 
 
 
Cura de misturas de carne picada 
 
 A cura é aplicada na maioria das misturas cárneas onde se deseja 
coloração avermelhada. O agente de cura - nitrito - é adicionado na forma seca 
como sal de cura. Durante a mistura para homogeneização o pigmento da carne 
entra em contato com o nitrito e a reação inicia-se imediatamente. Temperaturas 
altas durante o processamento (cura a 50ºC, cozimento a 70-80ºC) aceleram o 
processo. 
 Outra forma de acelerar a reação de cura é a adição de ácido ascórbico, 
que reduz ligeiramente o pH da mistura. Entretanto, a dosagem de ácido 
ascórbico deve ser baixa (0,05%), suficiente apenas para fornecer condição ideal 
de pH para a redução de NaNO3 a NO. A redução pronunciada do pH influi 
negativamente na capacidade de ligação de água do produto, que é indesejável. 
 
 
Cura de pedaços inteiros de carne 
 
 No caso da cura de pedaços inteiros, devido ao tamanho da peça a reação 
não ocorre de forma instantânea, como no caso das misturas cárneas. Por essa 
razão, várias técnicas de cura são aplicadas. 
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 O produto final geralmente é um produto fermentado curado cru ou um 
produto curado cozido. Há duas maneiras de curara pedaços de carne, a cura 
seca e a cura única e o sistema de cura usado depende da natureza do produto 
final (cozido ou não). 
 Na cura seca a mistura de cura é preparada com sal ou sal de cura, junto 
com temperos e outros aditivos. A mistura de cura é esfregada na peça de carne, 
que é colocada num tanque. A mistura de cura penetra gradualmente na carne, 
processo que pode se longo, desde alguns dias até várias semanas. 
Figura 39: (A) Aplicação de mistura para cura seca (sal de cura, aceleradores de 
cura, temperos) em presunto fresco (pernil suíno); (B) Presunto uniformemente 
coberto com a mistura para cura. 
 
 (A) (B) 
 
 
 Figura 40: cura úmida. 
O segundo método de cura de peças de carne 
é a cura úmida, que envolve a aplicação de salmoura 
à carne. Para preparar a salmoura, sal de cura, 
temperos e outros aditivos são dissolvidos em água. 
As peças de carne são colocadas em tanques e a 
salmoura é adicionada até todos os pedaços ficarem 
completamente cobertos (figura 40). A temperatura 
recomendada para a câmara de cura é de 8 a 10ºC, já 
que temperaturas mais baixas podem retardar a cura. 
Para que a salmoura penetre por igual na peça, é 
indicada a cura por um período de vários dias a duas 
semanas, dependendo do tamanho das peças e condições de cura. 
Uma forma alternativa de cura úmida é a cura por injeção, na qual a 
salmoura é injetada na peça através de agulhas. A injeção pode ser feita 
manualmente utilizando seringas (figura 41a) ou por injetora manual de salmoura 
(figura 41b). Na indústria utiliza-se injetoras de salmoura semi-automáticas com 
múltiplas agulhas (figura 42), que melhora a distribuição da salmoura na peça e 
reduzo período de cura a menos de 48 horas. 
Os produtos curados cozidos, como o presunto cozido, são submetidos 
posteriormente ao tumbler, que acelera a penetração da salmoura nas peças, 
tornando desnecessário o período de cura. 
 
 
 
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Figura 41: (A) Injeção manual de salmoura usando seringa; (B) Injeção de 
salmoura por meio de injetora manual. 
 
 (A) (B) 
 
 
Figura 42: Princípio da injeção de salmoura por múltiplas agulhas. 
 
 
 
 
16.4 DEFUMAÇÃO 
 
 A fumaça usada no tratamento da carne obtida da madeira em estado 
natural, gerada por meio da destruição térmica da lignina e celulose. Este 
processo libera mais de 1000 compostos desejáveis ou não, nos estados sólido, 
líquido ou gasoso. 
 
 Estes compostos contribuem para o desenvolvimento de efeitos desejáveis 
na carne: 
� Preservação da carne através de aldeídos, fenóis ou ácidos (efeito 
antimicrobiano); 
� Efeito anti-oxidante dos fenóis e aldeídos (retardam a oxidação da 
gordura); 
� Flavour, por meio de fenóis, carbonilas e outros compostos (sabor de 
fumaça); 
� Formação de cor devido às carbonilas e aldeídos (cor atrativa); 
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� Endurecimento da superfície dos produtos pelos aldeídos (principalmente a 
maior rigidez conferida aos envoltórios). 
O efeito indesejável mais conhecido da defumação é o risco de resíduos 
de benzopireno em defumados que podem ter efeito carcinogênico se ingerido em 
quantidade elevada durante longos períodos. Esse risco normalmente não é 
associado ao consumo moderado de defumados. 
Dependendo do produto, a fumaça pode ser aplicada a diferentes 
temperaturas. As duas técnicas principais são a defumação à temperatura baixa e 
a defumação quente. O princípio de ambos os métodos consiste na infiltração da 
fumaça nas camadas externas do produto com o objetivo de desenvolver flavour, 
cor e certo efeito conservante. 
 
Defumação a baixas temperaturas: Sua combinação com a cura seca pode ser 
aplicada a lingüiças fermentadas ou peças inteiras curadas ou salgadas. Além de 
conferir sabor, aroma e cor, este método previne a formação de fungos na 
superfície do produto. A temperatura ótima é de 15 a 18ºC (máximo 26ºC). A 
madeira deve ser queimada lentamente, somente com leve fumaça e o produto 
deve ser pendurado afastado da fonte de fumaça. É um processo longo, que pode 
durar vários dias e não é aplicado de forma contínua, mas durante poucas horas 
por dia. 
 
Defumação quente: Realizada a 60-80ºC. A queima da madeira usada para a 
produção de fumaça normalmente não é suficiente para produzir esta temperatura 
na câmara de defumação. Assim, um aquecimento adicional deve ser aplicado à 
câmara. A temperatura relativamente alta garante um rápido desenvolvimento de 
cor e flavour. O período de tratamento é relativamente curto para evitar o impacto 
excessivo da fumaça (cor e flavour excessivamente fortes), variando de pouco 
mais de 10 minutos a uma hora, dependendo do calibre do produto. 
 
 A defumação a baixas temperaturas geralmente é usada para produtos 
fermentados (presunto cru, lingüiça) e linguiças pré-cozidas. A defumação quente 
é usada para lingüiças fermentadas, bacon, presunto cozido. 
O tratamento por fumaça só pode ser aplicado quando o produto final é 
embutido em envoltório permeável à fumaça. Os envoltórios naturais são todos 
permeáveis, assim como aqueles feitos com celulose e colágeno. Caso o produto 
possua envoltório impermeável (poliamido, poliéster), uma pequena quantidade 
de sabor de fumaça (pó ou líquido) deve ser adicionado diretamente à massa 
durante o preparo. 
A defumação ainda pode ser realizada por meio de uma solução de 
fumaça líquida aplicada na superfície do produto. Isso pode ser feito por imersão, 
aspersão ou atomização. 
 
Produção de fumaça líquida 
 
A fumaça líquida pode ser usada sobre o produto (envoltório permeável) ou 
misturada à massa (envoltório impermeável). Ela é produzida a partir da fumaça 
natural gerada sob temperatura controlada pela entrada de ar. Há basicamente 
dois métodos de produção de fumaça líquida: 
� Condensação direta de fumaça natural em fumaça líquida; 
� penetração da fumaça em uma substância ligante em base aquosa ou oleosa 
usando o ligante como um ingrediente para o produto cárneo. 
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16.5 EMULSÕES CÁRNEAS 
 
 Os produtos cárneos emulsionados, como as salsichas e mortadelas , são 
bastante populares. Estima-se um consumo per capita de aproximadamente 5 kg 
de produtos cárneos emulsionados, mostrando ser parte integrante da nossa dieta 
e ter considerável importância econômica. 
 Na fabricação de salsichas e mortadelas, carnes e demais ingredientes são 
intensamente triturados, obtendo-se uma massa homogênea denominada 
emulsão , chamada popularmente, na indústria, de massa fina . 
 Emulsão é definida como sendo uma suspensão coloidal de dois líquidos 
não solúveis entre si (imiscíveis), mas que mantém-se harmoniosamente 
dispersos um no outro, pela ação de um agente emulsificante. Há dois tipos de 
emulsões: óleo em água (o/a) e água em óleo (a/o) e as mesmas são formadas 
por duas fases: fase dispersa , constituída por partículas em forma de gotículas e 
a fase contínua , onde as gotículas estão 
dispersas. Na emulsão tipo o/a, a fase 
dispersa é o óleo ou gordura e a fase contínua 
é o meio aquoso, conforme representado na 
figura 18. 
 
 
 
 
Figura 18: Desenho esquemático de um 
emulsão tipo o/a. 
 
 Fonte: Roça. 
 Para que ocorra a união entre o óleo e a água, há a necessidade da 
presença de um terceiro componente: a proteína , que é o agente denominado 
emulsificante ou estabilizante. A proteína, por possuir uma porção hidrofílica 
(solúvel em água) e outra hidrofóbica, atua na interface entre gordura e água, 
unindo-as e evitando a saída e coalescência da gordura. A água interage com a 
porção hidrofílica e a gordura com a porção hidrofóbica. 
 As emulsões cárneas são consideradas por muitos autores como sendo 
uma emulsão óleo em água. Porém, não são consideradas emulsões verdadeiras 
pelo tamanho de suas partículas. A fase dispersa é constituída por partículas de 
gordura, fibras musculares, aditivos, farináceos, etc. A fase contínua é constituída 
por água, sal, proteínas hidrossolúveis e outros elementos solúveis. Assim, muitos 
autores não consideram os embutidos finamente triturados como sendo 
emulsões, preferindo denomina-las simplesmente massa cárnea . Contudo, os 
termos emulsão cárnea e massa cárnea são sinônimos. 
 
 
16.5.1 Equipamentos utilizados 
 
No processamento destes produtos são usados equipamentos específicos 
como o cutter, moinhos coloidais ou emulsificadores contínuos, responsáveis pela 
cominutação e mistura das carnes, gorduras, água, sal e demais ingredientes, 
conferindo uniformidade ao produto em relação ao tamanho das partículas e a 
distribuição dos ingredientes. 
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Destes equipamentos, o cutter (figuras 19 e 20) é o tradicionalmente mais 
usado. Um conjunto de três ou de até 12 facas curvadas e rotativas, em posição 
vertical, atua em alta velocidade (acima de 3.000 rpm) sob a superfície de uma 
bacia curvada, que gira em baixa velocidade, no plano horizontal. As facas devem 
estarbem afiadas. As temperaturas ideais de processamento são 
aproximadamente -2ºC na fase inicial e 12ºC na fase final. Temperaturas mais 
frias podem causar danos às facas. A massa cárnea poderá ser mais ou menos 
refinada, dependendo do equipamento e do tipo ou da qualidade do produto 
desejado. Boa parte dos cutters fabricados atualmente são dotadas de 
carregadores, controle de temperatura e de velocidade, sistema de vácuo, 
dosagem automática de água e outras facilidades. 
Figura 19: Esquema mostrando o princípio de funcionamento do cutter. 
 
Fonte: www.fao.org/docrep/010/ai407e/AI407E06.htm 
Figura 20: Cutter. 
 
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16.5.2 Formação da massa (emulsificação) 
 
Com o rompimento da estrutura fibrosa dos músculos, aumenta a 
exposição das proteínas. Inicialmente, as proteínas miosina, actina ou 
actomiosina estão em estado insolúvel. Com a presença de sal, água e alguns 
aditivos, ocorre solubilização e conseqüente intumescimento das mesmas, pela 
absorção de água, produzindo uma matriz viscosa. As proteínas solubilizadas 
apresentam um maior número de resíduos de aminoácidos disponíveis para 
formarem ligações químicas hidrofílicas e hidrofóbicas e desta forma, aptas a 
agirem como agentes emulsificantes. 
 
16.5.3 Estabilidade da massa 
 
Como em toda emulsão, o principal fator de qualidade de uma massa 
cárnea é a sua estabilidade final. A estabilidade está relacionada com retenção de 
água e gordura e a obtenção da textura final desejada. Uma importante 
característica dos produtos cárneos é sua habilidade de ligar os vários 
componentes e proporcionar a coesão do produto, conferindo textura firme ao 
fatiamento e à mastigação. Um importante parâmetro econômico para a indústria 
processadora de carnes é a emulsão estável, da qual a gordura não se separa 
durante o cozimento. Na figura 21 observa-se um produto tipicamente instável, 
onde ocorreu separação de gordura e demais constituintes, durante o cozimento. 
Figura 21: Lingüiça com elevado teor de gordura. Devido à alta concentração de 
gordura, houve desestabilização durante o aquecimento, resultando em 
separação da gordura (à direita). 
 
Fonte: www.fao.org/docrep/010/ai407e/AI407E06.htm 
 
Dois principais modelos são propostos para explicar a estabilização da 
gordura e água em massas cárneas: teoria da emulsão e teoria do 
aprisionamento físico . 
A primeira teoria defende a formação de um Filme Protéico Interfacial (FPI) 
que circunda a gotícula de gordura com sua parte hidrofóbica. A face hidrofílica, 
orientada externamente à gotícula, segura água. 
A teoria do aprisionamento físico defende a hipótese de que as gotículas 
de gordura são fisicamente retidas por uma malha protéica (matriz protéica 
gelificada). Esse tipo de estabilização dá-se principalmente durante e após o 
cozimento. Com o tratamento térmico, ocorre a desnaturação controlada das 
proteínas que participam de interações proteína-proteína, formando uma malha 
gelificada mais ou menos firme que irá reter as partículas de gordura, água e 
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demais constituintes do sistema. A formação dessa malha rígida pode iniciar-se 
antes do cozimento, sob baixa temperatura, devido à prévia interação entre as 
proteínas. 
A questão de qual mecanismo é o mais importante ainda não é clara. 
Estudos demonstram que as duas teorias contribuem para a estabilidade, 
dependendo da massa e das condições de processamento. O produto na fase 
crua possui textura tipo pasta, que é transformada em uma matriz rígida, em 
forma de malha (gel) durante o cozimento. Assim, muitos autores admitem que na 
massa crua predomina a teoria da emulsão e no produto cozido, a teoria do 
aprisionamento físico. 
Independentemente das teorias discutidas, é necessário que haja 
disponibilidade de proteína solubilizada no sistema para que se obtenha um 
produto final estável e com boa textura. O sal (cloreto de sódio) tem importante 
função dentro deste aspecto, pois o mesmo é responsável pela solubilização das 
proteínas. Os íons cloro (Cl-) auymentam a carga negativa nas proteínas, com 
elevação do pH (saindo fora do pH próximo do ponto isoelétrico) e provocando 
repulsão da cadeia molecular, mudando a conformação do estado GEL (proteína 
“enovelada”) para o estado SOL (proteína solubilizada). 
Os polifosfatos, por elevarem o pH, têm ação sinérgica ao sal, 
potencializando a ação de solubilização das proteínas. No estado solúvel, as 
proteínas apresentam maior efeito de hidratação e maior capacidade de formação 
da malha protéica, com maior estabilização do sistema quando do cozimento. 
Uma melhor e maior solubilização protéica é conseguida principalmente quando o 
teor de sal está acima de 4%. Por esta razão, o sal da formulação deve ser 
colocado com a carne magra nos estágios iniciais do processo de emulsificação, 
ou seja, logo que as carnes tenham sido trituradas. O tempo e a temperatura de 
mistura também influenciam na solubilização das proteínas, que aumenta com o 
tempo de mistura e, principalmente, quando a temperatura está próxima de 7ºC. 
As principais proteínas solúveis da carne são oriundas do sarcoplasma e 
das miofibrilas (actina e miosina) e funcionam como agentes emulsificantes e 
gelificantes. As proteínas miofibrilares são solúveis somente em presença de sal e 
são considerados os agentes emulsificantes mais eficientes e principais 
responsáveis pela estabilidade da emulsão . As proteínas miofibrilares são 
responsáveis por 75% da capacidade de emulsificação, sendo que a miosina é 
considerada a principal delas. AS proteínas sarcoplasmáticas, apesar de não 
terem função estrutural no músculo vivo, podem agir sinergicamente, aumentando 
o poder de liga da miosina. 
A estabilidade dos embutidos de massa fina não depende apenas das 
características das proteínas cárneas, mas também da adição de ingredientes 
não cárneos. Assim, diferentes fontes protéicas de origem não-cárnea são 
largamente utilizados na elaboração de produtos emulsionados, com a finalidade 
dee melhorar as propriedades funcionais e a estabilidade, bem como aumentar a 
qualidade nutricional e minimizar os custos de produção. 
No Brasil, a proteína não-cárnea mais usada é a proteína de soja, por 
possuir boa funcionalidade, disponibilidade no mercado e custo relativamente 
baixo se comparado com outras fontes. Da mesma forma, diversos ingredientes 
não protéicos também são usados para auxilçiar na estabilidade desta classe de 
produtos. A maioria destes insumos é do grupo dos carboidratos, como os amidos 
e hidrocolóides. Estes carboidratos reagem com as proteínas cárneas e/ou não 
cárneas, auxiliando na estabilização do sistema. 
 
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16.5.4 Fatores que afetam a formação e estabilidade do embutido 
 
Diversos fatores podem influenciar a estabilidade da massa: tipo e 
condições do equipamento utilizado, temperatura durante o processo, tempo de 
emulsificação, tipo e tamanho das partículas de gordura, pH, momento de 
utilização do sal e a sua quantidade, tipo e percentagem de proteínas, 
viscosidade da massa, entre outros. 
Um dos principais fatores que irão determinar esta estabilidade é a 
temperatura no momento do processo de emulsificação. Durante o refinamento, a 
temperatura da massa aumenta devido à fricção no cutter ou moinho 
emulsificador. Nos pontos de fricção ocorre fusão da gordura e desnaturação 
protéica. O aquecimento próximo a 7ºC é benéfico, pois auxilia a solubilização das 
proteínas, aumentando viscosidade e, consequentemente, a fluidez da massa.No 
entanto, a elevação da temperatura nesta fase do processo pode levar a efeitos 
deletérios, que serão detectados, posteriormente, no momento do cozimento. 
Esses efeitos são caracterizados pela saída de gordura com sua conseqüente 
coalescência, perda da textura desejada ou até mesmo perda do lote. Como a 
fase dispersa (gordura) é menos densa que a fase aquosa contínua, aquela tende 
a ir para a superfície. 
A temperatura máxima no momento da formação da emulsão depende do 
ponto de fusão da gordura e do equipamento usado, sendo 10-12ºC para a 
gordura de frango, 15-18ºC para gordura suína e 21-22ºC para gordura bovina. 
Estas temperaturas podem ser alcançadas sem afetar a estabilidade quando são 
usados moinhos emulsionadores de alta velocidade. Quando são usados cutters 
de baixa velocidade, as temperaturas devem ser mantidas mais baixas. A 
temperatura pode ser controlada pela adição de gelo durante o refinamento. 
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1177.. EEMMBBUUTTIIDDOOSS 
Embutidos são todos os produtos feitos com carne picada, moída ou 
grosseiramente picada que são embutidos em algum invólucro animal, ou seja, 
em tripas, bexigas ou gargantas de animais. 
 
 
17.1 LINGUIÇAS 
 
É um produto curado cru . 
Entende-se por Lingüiça o produto cárneo industrializado, obtido de carnes 
de animais de açougue, adicionados ou não de tecidos adiposos, ingredientes, 
embutido em envoltório natural ou artificial, e submetido ao processo tecnológico 
adequado. 
A lingüiça é uma forma simples de processamento que contribui para a 
conservação da carne, e agrega a ela valor monetário. Trata-se de um produto 
fresco; seco; curado e/ou maturado ou então cozido. Os ingredientes usados 
dependem do tipo de lingüiça, mas é obrigatório o uso de carne das diferentes 
espécies de animais de açougue e sal. São ingredientes opcionais a gordura, 
água, proteína vegetal e/ou animal, açúcares, plasma, aditivos intencionais, 
aromas, especiarias e condimentos. Permite-se a adição de proteínas não 
cárnicas, no teor máximo de 2,5%, como proteína agregada, não sendo permitida 
a sua adição nas lingüiças toscana, calabresa, portuguesa, blumenau e colonial. 
O sucesso na fabricação desse produto depende de cuidados simples, 
porém rigorosos, que envolvem todas as etapas do preparo, tais como: escolha 
da matéria-prima e condimentos, moagem da carne, mistura dos condimentos à 
carne moída, escolha do envoltório e seu preparo, embutimento e armazenagem. 
Os diferentes tipos de lingüiças são resultados de pequenas modificações 
nos processos básicos, espécie e quantidade de carne, tamanho do corte ou 
diâmetro dos furos do disco de moagem, condimentos utilizados, tipo de 
envoltório, comprimento dos gomos, presença ou ausência de secagem, 
defumação, etc. 
Os detalhes de sabor, os quais garantem a boa aceitação no mercado, são 
resultados da adequação dos processos e do equilíbrio entre os condimentos 
utilizados, entre eles podemos citar a noz-moscada, canela, cravo-da-índia, 
gengibre, cominho, açafrão, erva-doce ou anis, salsa, tomilho, louro, pó-das-
quatro-especiarias e outras ervas finas como o cerofólio, agrião, cebolinho e 
estragão. 
Lingüiças de boa qualidade são obtidas a partir da escolha adequada da 
matéria-prima, higiene pessoal do manipulador e limpeza dos equipamentos 
usados nesse processo. A carne a ser utilizada deve ser proveniente de animais 
saudáveis e abatidos em condições rigorosas de higiene. 
A seguir, o fluxograma básico da fabricação de lingüiça frescal, seguida de 
sua descrição: 
 
 
 
 
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Fluxograma do processo de lingüiça frescal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17.1.1 Preparo da matéria-prima 
 
A carne a ser utilizada no preparo de lingüiças deve estar livre de 
aponeuroses (nervos), tecidos com hematomas (machucados), gânglios (ínguas), 
pequenos pedaços de ossos e objetos estranhos. Como matéria-prima podem ser 
utilizadas carnes oriundas de suínos, bovinos e aves, assim como retalhos de 
carne gorda ou magra e toucinho. O tipo de carne a ser empregado varia de 
acordo com a formulação escolhida. 
A maioria das linguiças é feita com carne grosseiramente picada. Por isso a 
carne deve ser livre de tendões ou tecido conjuntivo duro e somente gorduras 
firmes devem ser usadas (gordura corporal bovina, toucinho). O tecido conjuntivo 
mais duro deixará o produto pronto muito resistente à mastigação e a gordura 
tenra deixará o produto gorduroso. O teor de gordura não deve exceder 25%, 
caso contrário as perdas por fusão da gordura durante a fritura ou cozimento 
serão elevadas. 
 
 
17.1.2 Moagem 
 
A matéria-prima (carne, toucinho ou papada) deve ser reduzida a pedaços 
que possam entrar sem dificuldades pelo bocal do moedor. Dessa matéria-prima, 
as carnes duras devem ser finamente moídas, enquanto as carnes mais macias e 
as gorduras devem ser moídas em discos de maior calibre. A temperatura ideal 
da carne a ser moída deve ser de 0ºC a 4ºC, pois a moagem provoca um 
aquecimento indesejável da carne. 
As matérias-primas devem ser reduzidas a pedaços de tamanho 
padronizado de acordo com o tipo de lingüiça. 
Preparo da 
Matéria-prima 
Moagem 
Mistura **Adição de 
e condimentos 
Cura 
Armazenamento 
*Preparo de aditivos 
e condimentos 
Embutimento 
Embalagem 
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17.1.3 Condimentação 
 
Os temperos utilizados na formulação devem ser previamente separados e 
dissolvidos em água gelada. Após a moagem, os componentes da formulação 
(carne, toucinho, outros ingredientes e os temperos diluídos) devem ser 
transferidos a um recipiente próprio e misturados de forma homogênea para que 
essa massa obtenha uma boa liga. O uso da água gelada, além de facilitar a 
diluição dos condimentos e a homogeneização do tempero à massa, contribui 
para a redução da temperatura do material. A seguir, a massa pode descansar 
por algumas horas em geladeira. 
Em produções de média ou larga escala, a mistura pode ser realizada no 
cutter, se ele for usado na moagem ou em um misturador horizontal com braços 
helicoidais. Este misturador possui uma boa capacidade de homogeneização com 
pouco atrito e consequentemente baixo aquecimento do produto. É usado para 
produtos grosseiramente triturados. Além de misturar os ingredientes, o 
equipamento “massageia” a carne, o que provoca uma extração de proteínas. 
Estas proteínas é que dão “liga” à mistura, aumentando também a capacidade de 
retenção de água e a maciez do produto. 
O pó-das-quatro-especiarias corresponde à mistura dos seguintes 
condimentos: pimenta branca moída (125g), cravo-da-índia em pó (10g), gengibre 
(25g), noz-moscada em pó (25g) e canela (15g). 
As quantidades de sais de cura (presentes nos condimentos para lingüiça, 
lingüiça calabresa ou toscana, pó húngaro ou salitre) devem ser adicionados à 
massa conforme as recomendações do fabricante. Quantidades acima dessas 
medidas são prejudiciais à saúde. 
Após preparar a massa no misturador, esta deve ser acondicionada em 
caixa ou recipiente similar de plástico ou aço inox, coberta com filme plástico e 
armazenada em câmara frigorífica sob temperatura entre 4ºC e 6ºC durante 12 
horas. Durante este período sob refrigeração ocorre o desenvolvimento da 
coloração a partir de reações entre os sais de cura, os microorganismos 
intrínsecos da carne e a mioglobina (proteína responsável pela pigmentação da 
carne); o desenvolvimento do sabor e do odor, com a distribuição completa dos 
temperos e especiarias na massa; o desenvolvimento de textura,com a 
distribuição homogênea da fração de água na massa; e a solubilização completa 
das proteínas miofibrilares dando a característica de “liga” ao produto. A 
importância do controle do tempo e temperatura nesta etapa está associada à 
questão de padronização e qualidade de produto e processo, e à segurança 
alimentar. 
Notas : 
* A pesagem dos aditivos e condimentos do processo deve ser feita com auxílio 
de uma balança semi-analítica a fim de evitar erros que irão interferir na qualidade 
do produto final. 
** Deve-se adicionar, à massa, primeiro a fração de sal e sal de cura a fim de 
proporcionar a melhor solubilização de proteínas e em seguida os demais 
ingredientes. 
 
 
 
 
 
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17.1.4 Embutimento 
 
Acondicionamento da massa de lingüiça em um envoltório natural, tripa de 
suíno ou carneiro, ou artificial geralmente confeccionado em celulose ou 
colágeno, com calibre padronizado de acordo com o padrão do produto. 
A massa (carne, toucinho e condimentos previamente misturados) deve 
ser embutida como uma massa compacta, sem espaço de ar. As bolhas de ar 
podem causar oxidação (ranço) e escurecimento nas regiões circunvizinhas a 
elas, comprometendo a apresentação do produto final. Nessa operação, pode ser 
usada embutideira ou funil. 
 
 
17.1.5 Envoltório (tripa) 
 
Desde a antiguidade, os romanos e outros povos já utilizavam o estômago 
e intestinos dos animais domésticos como envoltórios no preparo de embutidos 
que serviam de alimento para os soldados durante as longas batalhas. Além das 
tecnologias que subsistiram ao longo dos séculos, a necessidade fez com que 
outras técnicas fossem desenvolvidas, visto que certos produtos cárneos, em 
determinada etapa da fabricação, precisam ser embutidos para tomar forma. 
Esses envoltórios podem ser comestíveis como as tripas naturais e as de 
colágeno reconstituído, ou não-comestíveis. 
Entre as não-comestíveis destaca-se a de celulose, empregada somente 
no preparo de produtos como a salsicha, sendo removida após o cozimento. As 
tripas de colágeno são fabricadas para serem comestíveis, no entanto, isso 
depende da espessura de extrusão. As mais finas podem ser mastigadas e se 
tornam comestíveis após o cozimento, porque suas moléculas são transformadas 
em produto solúvel; porém, as mais grossas são de difícil digestão. Esse tipo de 
envoltório pode ser considerado como uma transição entre as tripas naturais e 
artificiais, podendo ser utilizado na elaboração de todo tipo de produto embutido, 
sejam eles frescos, curados ou cozidos. 
Os fabricantes das tripas de colágeno reconstituído empregam como 
matéria-prima as aparas de peles bovina e suína. Entre as principais 
características desse produto, além do fato de ser comestível, estão a 
padronização no diâmetro e espessura das paredes que permite sua preparação. 
As tripas naturais, no entanto, não são fabricadas e fazem parte de uma 
série de subprodutos resultantes do abate de espécies de animais produtores de 
carne, sendo também utilizadas na elaboração de considerável variedade de 
embutidos. Contudo, pela sua própria natureza e pelo fato de manterem contato 
permanente com a microbiota do estômago e intestinos, que abrigam 
microrganismos, alguns deles patogênicos, é indispensável que ao serem 
removidas dos animais abatidos, as tripas naturais sejam motivo de precauções 
de ordem sanitária não apenas na evisceração, mas também no preparo, 
classificação, armazenagem, manipulação e utilização desse produto. 
Tratando-se de material orgânico, os intestinos dos animais são 
naturalmente frágeis e, por isso, exigem um processamento rápido depois da 
evisceração, pois a demora na sua limpeza faz com que a condição do produto 
resultante seja tecnicamente inferior. As tripas devem ser sempre objeto de 
rigoroso controle de qualidade, também no que diz respeito à escolha de partes 
padronizadas, visto que apresentam grande variedade de tamanho e formato, 
sendo a escolha por um ou outro calibre variável entre as diversas culturas. Um 
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mesmo segmento do trato intestinal pode ter aplicações diversas, dependendo do 
usuário. 
Quando bem preparados, os envoltórios comestíveis colaboram para 
melhorar a aparência e aceitabilidade dos produtos neles envasados. Sendo 
assim, tanto os manipuladores como consumidores devem estar familiarizados 
com o processo de fabricação ao utilizar tripa natural ou de colágeno, haja vista 
que o desempenho de ambos os tipos diferem da artificial no embutimento, 
amarração, cozimento, defumação, resfriamento e embalagem. 
Dos animais de açougue, são obtidas as partes do intestino delgado e 
grosso, esôfago e reto; ainda encontra aplicação a bexiga urinária. Além de 
utilizada na preparação de envoltórios para embutidos, a camada serosa do 
intestino dos ovinos e bovinos também é comercializada para a confecção de fios 
cirúrgicos (fio de sutura), cordoamento para instrumentos musicais e de raquetes 
de tênis. As partes remanescentes do trato intestinal, que não são aproveitadas 
para essas finalidades específicas, são convertidas em matéria-prima para ração, 
farinha de carne, sebo ou fertilizantes. Mas, sem dúvida, a maior aplicação 
desses produtos da triparia ainda é o preparo de envoltórios para embutidos. 
Contribuem para a valorização das tripas numerosos fatores como a idade 
dos animais, manejo, tipo de alimento consumido e outros mais relacionados com 
a raça e as condições em que foram criadas. Geralmente, elas são avaliadas de 
acordo com os seguintes parâmetros: 
• Aparência - as tripas devem estar limpas, sem manchas ou odores 
estranhos, livres de gorduras, ulcerações ou nódulos de parasitas e sem 
perfurações; 
• Resistência - as tripas devem ser fortes o suficiente para resistir à pressão 
durante o embutimento e demais etapas do processo. Apenas a camada 
serosa do intestino mostra suficiente resistência mecânica; 
• Comprimento - o comprimento dos maços de tripas de carneiro e suínos é 
padronizado para 91,4 metros (100 jardas). Os de bovinos são geralmente 
vendidos em porções de 18 metros. O número de unidades por maço 
depende do país de origem. O comprimento das outras partes do intestino 
também depende da procedência e o propósito a que se destina; 
• Diâmetro - o calibre desejado depende da procedência e do tipo de tripa, 
no entanto, constitui exigência normal uma boa padronização para 
desempenhar sua função adequadamente. As tripas de ovinos geralmente 
possuem 14 milímetros ou mais, porém as mais comuns medem entre 20 e 
24 milímetros. Para alguns produtos especiais, são utilizadas tripas com 
diâmetro de 16 milímetros ou ainda inferior. As tripas suínas de menor 
calibre podem substituir, em muitos casos, as ovinas de maior calibre. A 
maior demanda para tripa suína é de calibre igual a 35 milímetros ou 
superior. As tripas bovinas têm 35 milímetros ou mais, tendo a porção 
média do intestino 55 milímetros e acima, sendo esse calibre o mais 
procurado; 
• Conservação - as tripas geralmente são limpas, classificadas, salgadas e 
embaladas. Na salga, é usado o sal fino, sem ter sido reutilizado. Em 
algumas ocasiões, as tripas são comercializadas dessecadas, inclusive as 
bexigas, embora, nesses casos, elas percam a elasticidade, fator esse 
muito importante durante o embutimento. As serosas usadas na fabricação 
de fios de sutura cirúrgicas são transportadas congeladas e, em alguns 
casos, salgadas; 
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• Acondicionamento - atualmente, as tripas têm sido comercializadasem 
diversas embalagens, entre elas caixas plásticas ou de madeira, sacos 
plásticos ou outras modalidades de recipientes também plásticos. 
 
A raspagem da mucosa (lado interno do intestino) é feita com rasque de 
madeira. Uma vez terminado esse processo, as tripas devem ser lavadas com 
vinagre para eliminar o cheiro desagradável. A salga a seco é realizada 
esfregando-se o sal grosso moído diretamente nas tripas que foram previamente 
reunidas em maços. Essas peças devem ser colocadas sobre uma superfície 
inclinada por 24 horas. Após esse período, as tripas são esfregadas com sal 
refinado e podem então ser armazenadas até o momento do uso. 
As tripas naturais apresentam algumas vantagens em relação aos 
artificiais, como: a proteção ao sabor puro da lingüiça, pois mantêm a suculência 
e permitem o sabor característico da defumação nas porções interna desse 
produto. 
Atualmente existe no mercado tripas naturais processadas. Entretanto, 
para o emprego dessas tripas são necessários cuidados, tais como: retirada do 
excesso de sal com água corrente e hidratação das tripas por imersão em água 
fresca por 1 hora (tendo o cuidado de massagear e separar as mesmas para 
evitar possíveis manchas). 
No momento de embutir (aproximadamente meia hora antes), as tripas 
devem ser colocadas em água aquecida, pois este procedimento facilitará o 
embutimento e amoldamento da massa ao envoltório, após o recheio. Cuidado, 
porém, para não deixá-las demais na água, pois corre-se o risco de amolecerem 
muito, prejudicando o produto na hora de embutir, podendo estourar. 
As tripas de colágeno estão prontas para o embutimento após imersão em 
salmoura por 5 minutos. Por outro lado, as tripas de celulose, dependendo do 
tipo, podem dispensar a molhadura ou devem ser colocadas por 30 minutos em 
água à temperatura de 30°C. Em ambos os casos, o ma nipulador deve seguir as 
recomendações do fabricante. 
A tripa de carneiro se presta mais à confecção de salsicha, por ser mais 
fininhas. As bexigas e gargantas são usadas na fabricação de salame, paios e 
mortadelas. 
Como envoltório para as lingüiças frescais, podem ser usadas tripas 
artificiais ou naturais de suínos, bovinos ou ovinos, com calibre médio de 28mm a 
32mm, previamente umedecidas. 
Simultaneamente ao enchimento da tripa com a massa, são realizadas as 
torções na tripa para o posterior amarrio. Normalmente as torções são feitas a 
cada 10cm. No caso de envoltório natural, a pressão da massa não deve ser 
grande, pois esse tipo de envoltório pode encolher após o processo. 
 
 
17.1.6 Amarrio 
 
As extremidades dos envoltórios e regiões de torção devem ser amarradas com 
fio de algodão (barbante). Esse fio não deve ser muito fino e a pressão dos nós 
não deve ser excessiva para não causar corte na tripa e extravasamento da 
massa. Entretanto, em alguns tipos de lingüiças, os gomos podem ficar soltos, 
sem o amarrio. 
 
 
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17.1.7 Embalagem 
 
Utilizada embalagem plástica a vácuo como embalagem primária e caixa 
de papelão para embalagem secundária. 
 
 
17.1.8 Armazenamento 
 
Pode ser armazenado sob temperaturas de congelamento (-12ºC) ou 
resfriamento (6ºC), conforme padrão do fabricante e do produto. As lingüiças 
frescas processadas em boas condições de higiene, podem ser armazenadas em 
geladeira por até 15 dias e em freezer por até 6 meses. 
 
 
17.1.9 Classificação 
 
De acordo com a composição da matéria-prima e das técnicas de fabricação, as 
lingüiças podem ser classificadas em: 
Lingüiça Calabresa : É o produto obtido exclusivamente de carnes suína, curado, 
adicionado de ingredientes, devendo ter o sabor picante característico da pimenta 
calabresa submetidas ou não ao processo de estufagem ou similar para 
desidratação e ou cozimento, sendo o processo de defumação opcional. 
Lingüiça Portuguesa : É o produto obtido exclusivamente de carnes suína, 
curado, adicionado de ingredientes, submetido a ação do calor com defumação. A 
forma de apresentação consagrada do produto é a de uma "ferradura", e com 
sabor acentuado de alho. 
Lingüiça Toscana : É o produto cru e curado obtido exclusivamente de carnes 
suína, adicionada de gordura suína e ingredientes. 
Paio : É o produto obtido de carnes suína e bovina (máximo de 20%) embutida em 
tripas natural ou artificial comestível, curado e adicionado de ingredientes, 
submetida a ação do calor com defumação. 
Nas lingüiças denominadas Tipo Calabresa , Tipo Portuguesa e Paio , que são 
submetidas ao processo de cozimento, será permitido a utilização de até 20% de 
CMS (Carne Mecanicamente Separada), desde que seja declarado no rótulo de 
forma clara ao consumidor a expressão "carne mecanicamente separada de ...." 
(espécie animal), além da obrigatoriedade de constar na relação de ingredientes a 
expressão "contém..." ou "com CMS (espécie animal)". 
Nota: a CMS utilizada poderá ser substituída por carne de diferentes espécies de 
animais de açougue, até o limite máximo de 20 %. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Curso Técnico de Alimentos 
79 
17.1.10 Designação (Denominação de venda) 
 
O produto será designado de Lingüiça, seguido de denominação ou expressões 
que o caracterizem, de acordo com a sua apresentação para venda, tais como: 
• Lingüiça de Carne Bovina 
• Lingüiça de Carne Suína 
• Lingüiça de Lombo Suíno 
• Lingüiça de Lombo e Pernil Suíno 
• Lingüiça de Carne Suína Defumada 
• Lingüiça Calabresa 
• Lingüiça Portuguesa 
• Lingüiça Toscana 
• Lingüiça de Carne de Peru 
• Lingüiça de Carne de Frango 
• Lingüiça Mista 
• Lingüiça Tipo Calabresa 
• Lingüiça Tipo Portuguesa 
• Lingüiça Cozida de ... 
• Paio 
• Outros 
 
 
 
17.2 SALSICHA 
São produtos emulsionados que apresentam massa refinada e homogênea 
sem a presença aparente de pedaços de carne ou gordura. De acordo com o 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), “entende-se por 
salsicha o produto cárneo industrializado, obtido da emulsão de carne de uma ou 
mais espécies de animais de açougue, adicionados de ingredientes, embutido em 
envoltório natural, ou artificial ou por processo de extrusão, e submetido a um 
processo térmico adequado. As salsichas poderão ter como processo alternativo 
o tingimento, depelação, defumação e a utilização de recheios e molhos”. 
Trata-se de um produto cozido. De acordo com a composição da matéria-
prima e das técnicas de fabricação, a salsicha pode levar carnes de diferentes 
espécies de animais de açougue, carnes mecanicamente separadas até o limite 
máximo de 60%, miúdos comestíveis de diferentes espécies de animais de 
açougue (estômago, coração, língua, rins, miolos, fígado), tendões, pele e 
gorduras. 
O fluxograma básico da fabricação da salsicha envolve as etapas 
apresentadas e descritas a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tecnologia de Carne 
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____________________________________________________________ 
Curso Técnico de Alimentos 
80 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17.2.1 Preparo da matéria-prima 
 
De acordo com o MAPA, são ingredientes obrigatórios as carnes das 
diferentes espécies de animais de açougue, conforme designação do produto, 
observando definição estabelecida no Codex Alimentarius e sal. Os ingredientes 
opcionais são miúdos e vísceras comestíveis (coração, língua, rins, estômagos, 
pele, tendões, medula e miolos), com o emprego limitado no percentual de 10%, 
utilizados de forma isolada ou combinada, exceto nas Salsichas Viena e Frankfurt. 
Outros ingredientes opcionais são gordura animal ou vegetal, água, proteína 
vegetal e/ ou animal, agentes de liga, aditivos intencionais, açucares, aromas, 
especiarias e condimentos.Permite-se a adição de proteínas não cárnicas de 
4,0% (màximo), como proteína agregada. Não é permitida a adição de proteínas 
não cárnicas nas salsichas Viena e Frankfurt, exceto as proteínas lácteas. 
São ingredientes comuns nas formulações de salsicha: 
− Carne de frango, suína, bovina; 
− Miúdos; 
− Toucinho; 
Preparo da 
Matéria-prima 
Moagem 
Trituração em 
cutter 
**Adição de 
 e condimentos 
Embutimento 
Cozimento 
Resfriamento 
Embalagem 
Armazenamento 
Depelagem 
Tripa artificial 
 
*Preparo de aditivos 
e condimentos 
Tecnologia de Carne 
____________________________________________________________ 
 
____________________________________________________________ 
Curso Técnico de Alimentos 
81 
− Ingredientes secos: proteína texturizada de soja, proteína isolada de soja, 
fécula; 
− Aromatizantes: mistura de condimentos naturais, veiculada em sal, aroma 
em pó de cebola, aroma em pó de alho; 
− Aditivos: nitrito (conservante), polifosfato (emulsificante), eritorbato 
(antioxidante); 
− Material para embutir: tripa artificial/natural, embalagem plástica; 
− Outros ingredientes: glutamato monossódico, sal (NaCl), açúcar/glicose, 
água (gelo), lactato de sódio. 
 
A carne para desossa chega em caminhões frigoríficos. A temperatura da 
carne deve ser verificada, para evitar problemas de contaminação. É realizada 
então a retirada da embalagem, pesagem de formulação, toalete para início do 
processo. 
As carnes utilizadas na fabricação de salsicha devem estar congeladas, de 
forma a facilitar o controle da temperatura no cutter durante o processo de 
trituração. O bloco de carne congelada deve ser cortado com o uso de “quebrador 
de blocos” ou serra-fita, até se obter pedaços de carne adequados para serem 
moídos, normalmente em discos com furos de 12 mm; depois a carne é levada ao 
cutter. 
 
 
17.2.2 Moagem 
 
Além de triturar as carnes, tem como objetivo a extração das proteínas 
miofibrilares (actina e miosina), que possuem capacidade de estabilizar a 
emulsão. Para isto, deve ser seguida uma seqüência de adição de ingredientes 
no cutter: 
1º- Carnes magras e metade do sal de cura. No início da trituração adiciona-se sal 
à carne magra com o objetivo de extrair as proteínas solúveis em sal, 
aumentando a capacidade de retenção de água da mistura. 
2º- Metade do gelo; 
3º- Proteína de soja; 
4º- Gordura, restante do sal e outros ingredientes; 
5º- Restante do gelo (deve-se manter a temperatura abaixo de 16ºC); 
6º- fixador de cor. 
 Avaliar se a massa está fina como desejado. No preparo da emulsão 
cárnea, a carne deve ser finamente moída. Durante o preparo da emulsõ da 
salsicha, as proteínas solubilizadas e a água envolvem os glóbulos de gordura. 
Trata-se, portanto, de uma emulsão óleo em água com a gordura formando a fase 
dispersa, a água a contínua e as proteínas solubilizadas atuando como agentes 
emulsionantes. 
 Para formar a emulsão é imprescindível solubilizar as proteínas que irão 
atuar como agentes emulsionantes. Isto poderá ser feito de duas maneiras: (a) 
colocação de carne magra em salmoura diluída para solubilizar proteínas 
miofibrilares solúveis em sal (principalmente actina e miosina); e 
(b) pela ação das facas no cutter. 
 
 
 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
82 
Notas : 
* A pesagem dos aditivos e condimentos do processo deve ser feita com auxílio 
de uma balança semi-analítica a fim de evitar erros que irão interferir na qualidade 
do produto final. 
 
**Deve-se adicionar à massa primeiro a fração de sal e sal de cura e estabilizante 
(polifosfato) a fim de proporcionar a melhor solubilização de proteínas e, em 
seguida, os demais ingredientes. 
 
 
17.2.3 Embutimento 
 
Dá forma característica do produto. No caso de salsichas são utilizadas 
tripas naturais de carneiro ou artificiais de celulose, de calibre de 22mm. Deve ser 
realizada a remoção total do ar do produto, que favorece a formação de bolsas de 
gordura durante o cozimento, além de favorecer a oxidação do produto. Para isso, 
pode ser feito o embutimento a vácuo, além das tradicionais embutideiras a pistão 
(hidráulica ou mecânica) ou ar comprimido. 
 
 
17.2.4 Cozimento em estufa 
 
Etapa onde ocorre o desenvolvimento e estabilização de cor e textura 
característica do produto e o processo de pasteurização do produto. 
A textura firme do produto cozido é devido à coagulação das proteínas e à 
desidratação parcial do embutido. A fixação da cor ocorre pela desnaturação da 
mioglobina e formação de nitrosohemocromo. 
Quanto maior for a temperatura interna do produto durante o cozimento, 
melhor será o desenvolvimento e a estabilidade da cor de cura, além de aumentar 
também a sua vida-de-prateleira. Em salsichas onde a tripa é removida, a 
temperatura inicial de cozimento deverá ser baixa para não haver coagulação 
antes que uma quantidade suficiente de proteínas tenha migrado do interior à 
superfície do produto. Estas proteínas, quando coagulam, formam uma película 
abaixo da tripa, favorecendo a pelagem. A migração da proteína interna do 
produto à superfície ocorre pela evaporação da água superficial que causa o 
deslocamento da água interna. Esta água carrega as proteínas à superfície e, à 
medida em que ela evapora, aumenta a concentração de proteínas que, com o 
calor, coagulam, formando a película. 
 São indicadas as seguintes condições para o processo: 
− 20 minutos a 55ºC, calor seco e chaminé aberta, para ocorrer a formação 
de cor e facilitar a depelagem; 
− 30 minutos a 70ºC, calor seco e chaminé fechada; 
− 30 minutos a 80ºC, calor úmido e chaminé fechada, até atingir 71ºC no 
centro do produto. 
 
 
17.2.5 Resfriamento 
 
Realizado logo após o término do cozimento. Deve ser rápido para evitar 
multiplicação de microrganismos termotolerantes. Facilita o processo de 
depelagem de salsicha. 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
83 
Realizado através de chuveiros ou jatos de água em temperatura ambiente. 
 
 
17.2.6 Depelagem 
 
Caso sejam utilizadas tripas não comestíveis, estas devem ser retiradas 
antes da embalagem. 
 
 
17.2.7 Tingimento 
 
Após descascadas as salsichas são levadas a um banho spray quente e 
em seguida a um tanque de tingimento. O corante é o urucum. Após tingidas, as 
salsichas são impulsionadas a um outro tanque contendo solução de água, ácido 
fosfórico e sal para fixar a cor e aumentar a densidade para mantê-las na 
superfície, pois elas são retiradas manualmente. 
 
 
17.2.8 Embalagem 
 
É utilizado o vácuo como sistema de embalagem primária (PVCdC/náilon – 
polietileno) e caixas de papelão como embalagens secundárias. 
 
 
17.2.9 Armazenamento 
 
Para salsichas, pode-se utilizar temperaturas de refrigeração ou 
congelamento (-18ºC), conforme padrão do produto. 
 
 
 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
84 
1188.. PPRREESSUUNNTTOO 
Existem diversos tipos de presunto e conseqüentemente há alterações na 
forma de produzi-los, alterando também sua aparência e sabor. Alguns são 
defumados, outros curados (utilizando sal grosso sobre a carne, imergindo-a em 
uma solução salgada ou injetando-lhe uma solução salgada, ou uma combinação 
de alternativas), alguns apenas cozidos. 
O presunto cozido é um produto curado e cozido. Suas características 
sensoriais básicas são desenvolvidas a partir do mesmo processo de cura 
descrito anteriormente, porém o tratamento térmico associado a este processo 
desenvolve outras características muito peculiares ao produto final. 
 
Fluxograma de processo de presunto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Preparoda 
Matéria-prima 
Injeção de 
salmoura 
**Preparo da 
Cura 
Embalar/enformar 
Cozimento 
Desenformar 
Resfriament
o 
*Pesagem da 
salmoura 
Tumbleamento 
Armazenamento 
Embalar 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
85 
18.1 Preparo da matéria-prima 
 
Por determinação da legislação de referência, utiliza-se como matéria-
prima, exclusivamente, cortes inteiros (não moídos) do pernil suíno para 
confecção de presunto cozido. 
As carnes utilizadas na fabricação de presunto (pernil suíno) são 
preparadas, separando-se os músculos do pernil, retirando-se os tendões, nervos 
e excesso de gordura. 
 
18.2 Pesagem dos condimentos e aditivos 
 
Nesta fase, realiza-se a pesagem dos aditivos e condimentos que serão 
utilizados na elaboração da salmoura. A pesagem incorreta apresenta um perigo 
de contaminação química. As dosagens devem estar claramente especificadas na 
formulação e sua quantidade dentro do permitido pela legislação. 
Notas: 
* A pesagem dos aditivos e condimentos para produção da salmoura deve ser 
feita com auxílio de uma balança semi-analítica a fim de evitar erros que irão 
interferir na qualidade do produto final. 
** Deve-se adicionar primeiro à água para preparação da salmoura o polifosfato e 
em seguida o antioxidante, em função maior dificuldade de dissolução destes em 
água. Os demais ingredientes podem ser adicionados sem uma ordem específica, 
em função da solubilidade. Aconselha-se utilizar um liquidificador ou sistema 
semelhante para facilitar a solubilização de todos os ingredientes. 
 
18.3 Injeção de salmoura 
 
Após a salmoura estar preparada, ela é injetada com o equipamento 
“injetor de salmoura”, sendo pressurizada com ar comprimido e com o auxílio de 
agulhas de injeção, injetadas em diversos pontos da carne, até esta atingir um 
ganho de peso de 15 %. Posteriormente, as carnes são colocadas em recipientes 
e cobertas com salmoura, permanecendo em câmara frigorífica (câmara de cura) 
com temperatura entre 3 e 5 ºC, por 48 horas. 
 
18.4 Cura 
 
Da mesma forma como ocorre nos produtos crus curados, esta etapa é 
responsável pelo desenvolvimento das características sensoriais do produto final 
(cor, sabor, odor e textura), através da ação de aditivos, microorganismos 
intrínsecos da carne, condimentos e controle de temperatura aplicado no 
processo. Porém, no processo de fabricação de presunto é importante que as 
peças de carne injetadas passem pelo processo de cura imersas em solução de 
salmoura idêntica à que foi injetada, durante um período que pode variar de 12 
horas a 24 horas sob temperatura de refrigeração (4ºC a 6ºC). Este procedimento 
se faz necessário para que possibilite a distribuição homogênea da salmoura por 
toda a peça garantindo assim, padrão de cor, odor, sabor e textura em todo 
produto. 
 
18.5 Tumbleamento 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
86 
Após o período de cura em imersão, as peças de carne são colocadas em 
um equipamento chamado tumbler em que, a partir do processo de quedas 
repetidas dentro de um tambor promove-se o amaciamento da carne e a extração 
de proteínas solúveis que serão responsáveis por ligar os pedaços de carne após 
o cozimento. 
Também são usados, para esta função, equipamentos chamados 
“massageadores” ou até mesmo misturadeiras, mas com resultados menos 
eficientes. Este processo, normalmente, tem um tempo de tumbleamento seguido 
de descanso. 
 
18.6 Enformagem 
 
Na embalagem primária do presunto é utilizado um filme plástico termo- 
encolhível, podendo ser selado a vácuo e, em seguida, acondicionado em forma 
de aço inox e prensado para dar a forma desejada. 
 
18.7 Cozimento 
 
A massa enformada deve ser levada para o tacho de cozimento em banho-
maria, com água na temperatura inicial de 60ºC, elevando-a em seguida a 80ºC, 
permanecendo o tempo necessário para que a temperatura interna da carne 
chegue a 72ºC. Este processo faz-se necessário para garantir o desenvolvimento 
e estabilização da coloração e textura característica de presunto além de garantir 
a eliminação ou redução em níveis aceitáveis de microorganismos patogênicos. 
O produto pode também ser colocado em estufas, sendo que o tempo de 
permanência seja de 1 hora por quilo de carne a 72ºC. 
 
18.8 Resfriamento 
 
Após o cozimento, as fôrmas são retiradas do banho de água quente e 
resfriadas em temperatura ambiente, até atingir temperatura interna menor que 
40ºC. Este resfriamento é realizado em sistema de contrafluxo no tanque de 
cozimento (retirada da água quente pelo fundo e entrada de água fria por cima). 
Depois, as fôrmas são colocadas em câmaras frigoríficas, onde 
permanecem por aproximadamente 24 horas. 
 
18.9 Desenformagem 
 
Abre-se as formas, retira-se o filme plástico e acerta-se o formato das 
peças para a embalagem. 
 
18.10 Embalagem 
 
Embala-se em sacos plásticos a vácuo. Utiliza-se como embalagem 
secundária para presunto um filme plástico com as informações do produto e 
caixas de papelão com embalagem terciária. 
 
18.11 Armazenamento 
 
Feito sobre temperatura de refrigeração 4ºC a 6ºC. 
 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
87 
1199.. PPRROODDUUTTOOSS SSAALLGGAADDOOSS 
 
Estes produtos são obtidos a partir de processos muito semelhantes e têm 
com principal método de conservação a alta concentração de sal. Uma 
característica marcante dos produtos cárneos salgados está relacionada à textura 
em função da perda de peso em decorrência do aumento da concentração de sal. 
 
19.1 SALGA SECA 
 
A salga seca consiste na adição de sal e componentes da cura na carne. 
Quando os cristais de sal são aplicados à carne, dissolvem-se no líquido desta, 
próximo à superfície, penetrando lentamente na carne, até que a concentração de 
sal se torne aproximadamente igual em toda a substância. 
Devido à sua higroscopicidade, o sal atrai para a superfície parte do líquido 
da carne, no qual se dissolve, retirando dela, assim, certa porção de umidade. 
Conseqüentemente, ocorre redução da atividade da água da carne, dificultando o 
desenvolvimento de diversos microrganismos, em especial os causadores da 
putrefação. 
Os íons salinos e as proteínas competem entre si pela água, ocasionando 
a perda desta pelas moléculas protéicas e aumentando a atração mútua entre 
elas (forças eletrostáticas e não-polares). 
São componentes utilizados na salga seca: sal, NO3, NO2, açúcar, 
condimentos e aditivos. 
 
Processo: 
 
� esfrega-se a mistura de cura por toda a peça; 
� as peças são reamontoadas, viradas e ressalgadas uma vez por semana 
ou mais; 
� o tempo de cura depende do tamanho da peça, estimando-se em dois dias 
para cada quilograma de carne; 
� a temperatura da sala de cura deve situar-se entre 6ºC e 8ºC. 
 
Os recipientes em que são colocadas as peças devem ser de fácil higienização e 
possuir abertura ou ter um declive para a saída da salmoura expelida da carne. 
 
Exemplos: charque, carne-seca, pele suína, pés, orelha, rabo. 
 
 
 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
88 
19.2 SALGA ÚMIDA 
 
A salga úmida consiste na imersão da carne em solução salina saturada: 
inicialmente, o sal passa da salmoura para os fluidos da carne e, posteriormente, 
certa quantidade de água da salmoura também passa para seu interior. 
Durante a salga úmida, ocorre, portanto, um aumento gradual do peso da 
carne. Porém, durante o processo, há perdas de componentes solúveis, tais como 
proteínas, vitaminas e sais de fósforo epotássio: a perda é maior na salga úmida 
do que na salga a seco, e, em ambos os casos, a carne apresenta valor nutritivo 
ligeiramente inferior ao da carne fresca correspondente. 
Considerando que a carne salgada em salmoura concentrada contém mais 
água que a carne salgada a seco, sua conservação fica comprometida, 
requerendo, assim, consumo mais rápido. 
A baixa concentração de sal (baixa força iônica) aumenta a solubilidade: os 
íons salinos, nessa situação, tendem a se associar às proteínas, contribuindo 
para maior hidratação e/ou repulsão das moléculas destas. 
 
Em até 5% de sal nos produtos ocorre a absorção de água; quando a 
concentração salina aumenta, a água e o suco da carne são liberados. 
 
Componentes: 
 
• água; 
• sal; 
• NO3; 
• NO2; 
• açúcar; 
• condimentos; 
• aditivos; 
• salmoura. 
 
Processo: 
 
• as peças devem ser completamente cobertas por salmoura; 
• deve se evitar a incidência de luz e oxigênio; 
• as demais características de tempo e temperatura de cura são as mesmas da 
cura a seco. 
 
Recipientes utilizados: 
 
• tanques de alvenaria com revestimento de azulejos; 
• tanques de aço inoxidável; 
• tanques de plástico. 
 
Tecnologia de Carne 
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Na cura úmida por injeção, utilizam-se agulhas para injeção da salmoura no 
interior da carne. 
 
Processo: 
 
• a difusão dos ingredientes de cura na carne é acelerada através de agulha única 
ou múltiplas, sob pressão controlada (1,5 a 2atm), para evitar rompimento do 
músculo; 
• a salmoura distribui-se nos espaços entre as fibras musculares e, por difusão, 
ocorre a absorção; 
• absorção da salmoura no interior das peças é mais rápida e uniforme, evitando 
problemas de cura insuficiente. 
 
 
 
Processo: 
 
• a injeção é feita via arterial, que, por meio do sistema de circulação, distribui a 
salmoura por toda a peça: este método é muito eficiente, porém há que se cuidar 
para que as artérias não sejam rompidas. 
 
19.3 SALGA MISTA 
Ocorre quando se emprega mais de um processo de salga conjuntamente, isto é, 
seca/úmida: utiliza-se cura seca no período inicial e, depois, cura úmida, para 
completar o processo. 
Exemplo: charque. 
 
 
19.4 ADITIVOS E INGREDIENTES EMPREGADOS NA SALGA 
Os aditivos, segundo a FAO (Food Agriculture Organization, Organização das 
Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), são substâncias não-nutritivas, 
adicionadas intencionalmente ao alimento, geralmente em quantidades pequenas, para 
melhorar sua aparência, sabor, textura e propriedades. Para a utilização de aditivos na 
fabricação dos produtos cárneos, devem ser verificadas as dosagens recomendadas, 
principalmente as dos mais utilizados, como os conservantes, antioxidantes e 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
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estabilizantes, que, se usados em quantidade errada, podem causar risco de saúde para 
o consumidor, além de alterar as características do produto final. 
Para cada aditivo, encontram-se, no mercado, diversos nomes comerciais, 
conforme a empresa que os vendem. Os aditivos mais utilizados são os classificados 
como conservantes, antioxidantes e estabilizantes. 
 
Conservantes: possuem efeito conservante e dão coloração avermelhada ao 
produto cárneo. 
 
 
Antioxidantes : também conhecidos como fixadores de cor, além da função 
antioxidante, auxiliam no desenvolvimento da cor do produto. 
 
 
Estabilizantes : aumentam a capacidade de retenção de água no produto. 
 
 
 
 
 
19.5 CHARQUE 
 
Dentre os produtos salgados existentes no mercado, o mais conhecido do 
público é o charque (a carne-seca). 
O charque é fabricado a partir de carne bovina sem aplicação de 
conservante (nitrato e nitrito), tendo assim a alta concentração de sal e baixa 
atividade de água como principais métodos de conservação. 
 
 
 
 
 
 
Tecnologia de Carne 
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Fluxograma de processo de charque 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19.5.1 Preparo da matéria-prima 
 
Desossa dos cortes destinados à salga e remoção de tendões e 
fragmentos de ossos. Pode ser tanto carne de primeira (patinho, coxão mole) até 
carne de segunda (ponta de agulha, por exemplo). 
 
 
19.5.2 Manteamento 
 
Nesta etapa as peças de carne que serão utilizadas no processo são 
cortadas em “mantas” com a finalidade de padronizar o tamanho e principalmente 
a espessura. 
 
 
19.5.3 Salga 
 
A salga é feita com o auxílio das mãos, esfregando-se o sal grosso, fino, 
moído ou intermediário na carne de sol. Depois o produto é colocado em 
Preparo da 
Matéria-prima 
Manteamento 
**Aplicação do sal Salga 
Lavagem 
Secagem 
Armazenamento
o 
Embalagem 
*Pesagem do sal 
Escorrimento 
da salmoura salmoura (opcional) 
salmoura (opcionalk 
Tecnologia de Carne 
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recipientes chamados de “salgadeiras” ou é empilhado no piso para que a 
salmoura escoe. A quantidade de sal empregada varia de acordo com a região. 
 
 
19.5.4 Lavagem 
 
Tem por objetivo retirar o excesso de sal da superfície da carne, para 
evitar o desenvolvimento de bactérias halofílicas. 
 
 
19.5.5 Secagem 
 
O processo de secagem é realizado ao ar livre com as mantas penduradas 
em varais de aço para secar com ação do vento e calor, semelhante ao processo 
de secagem de roupa. O tempo de secagem varia de cinco dias a duas horas. 
 
 
19.5.6 Embalagem 
 
Utiliza-se como embalagem primária filme plástico, a vácuo ou não, e como 
embalagem secundária, caixas de papelão. 
 
 
19.5.7 Armazenamento 
 
Feito sob temperatura de refrigeração de 4ºC a 6ºC. 
 
Notas: 
* A pesagem do sal deve ser feita com auxílio de uma balança digital e, para o 
processo onde existe a aplicação de conservante, deve-se utilizar uma balança 
semi-analítica a fim de evitar erros que irão interferir na qualidade do produto final. 
** A quantidade de sal utilizada no processo corresponde a 30% do peso da 
matéria-prima; deve ser utilizado sal grosso e, no momento da aplicação, é 
importante que este seja distribuído por toda peça de carne. No caso de processo 
que utilize conservante, este deve ser veiculado na salmoura. 
Tecnologia de Carne 
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2200.. PPRROODDUUTTOOSS DDEEFFUUMMAADDOOSS 
 
A defumação é um dos mais antigos métodos de conservação de 
alimentos utilizados; a fumaça possui compostos com propriedades bactericida e 
antioxidante entre outras. Além da ação da fumaça, a secagem superficial é mais 
um fator que interfere favoravelmente para aço conservante. 
A aplicação de fumaça pode ser utilizada também para conferir sabor, odor 
e coloração característicos ao produto, fato que proporcionou o surgimento de 
produtos característicos como bacon, lingüiça calabresa e outros embutidos. 
A defumação pode ser aplicada em diversos cortes. Tradicionalmente, os 
cortes suínos são utilizados largamente. O pernil e o lombo defumado podem ser 
preparados de diversas formas e com diferentes condimentos, originando o pernil 
tender, lombo canadense, lombo com ervas, lombo com páprica, etc, bacon e 
costela defumada, copa ou codeguin e produtos como lingüiças defumadas e 
salames. Outras espécies como frango, ganso, peixes, coelhos, bovinos e ovinos 
também podem ser defumados. 
 
20.1 ALGUNS PRODUTOS DEFUMADOS 
Algumas lingüiças e outros tipos de produtos, como salame, são defumados 
após asua cura e maturação (no caso de salames). 
Bacon: obtido do corte da parede torácico-abdominal dos suínos, que vai do 
esterno ao púbis, com ou sem costela, com ou sem pele. Produto defumado, 
cozido ou não. O produto poderá ser obtido com os músculos adjacentes, sem 
osso, permitindo-se, neste caso, a expressão “Especial” ou “Extra” na sua 
designação de venda. 
Barriga Defumada: obtido da porção abdominal (parte ventral) dos suínos. 
Produto defumado, cozido ou não. 
Lombo: obtido do corte da região lombar dos suínos, ovinos e caprinos. 
Lombo tipo Canadense: obtido a partir do corte de carcaças de suínos 
denominado de lombo, em peça íntegra ou parcial, defumado ou não. 
Lombo Cozido: obtido a partir do corte de carcaças denominado de lombo, inteiro 
ou em pedaços, adequado cozimento, defumado ou não. 
Lombo Curado Dessecado: obtido a partir do corte de carcaças denominado de 
lombo, adicionado de sais de cura, defumado ou não. 
Carré Temperado (Kassler): obtido a partir do corte de carcaças denominado de 
lombo com osso, inteiro ou cortado em pedaços, defumado ou não. 
Copa: Corte íntegro da nuca ou sobrepaleta de suíno. Produto curado, maturado, 
dessecado, defumado ou não. Cor: de tonalidade avermelhada, com gordura 
esbranquiçada entremeada, podendo apresentar pontos de condimentos visíveis 
ao corte. 
Presunto tipo Parma: Pernil íntegro suíno sem pata. Produto salgado e dessecado 
por um período mínimo de 10 meses. 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
94 
Presunto cru: Pernil ou corte do pernil de suínos. Produto cru, curado ou não, 
maturado, defumado ou não e dessecado. 
Pernil defumado: Este produto é feito a partir da parte da perna que não é 
utilizada no fiambre ou no presunto. Sendo uma carne de alta qualidade, confere 
aos pratos um sabor acentuado. 
Pepperoni: Carnes suínas ou suínas (mín. 50%) e bovinas, toucinho. Produto 
apimentado curado, fermentado, maturado, defumado ou não e dessecado. 
Poderá sofrer processo de dessecação rápida em estufas apropriadas até que a 
temperatura no centro do mesmo atinja 62ºC, mantendo-se as características de 
um produto maturado e dessecado. Ingrediente obrigatório páprica (pimentão 
vermelho picante). Permite-se a adição de proteínas não cárneas no teor máximo 
de 2%, na forma de proteína agregada. 
Pode-se ainda defumar filés de peixe (principalmente salmão), queijos e língua de 
boi. 
 
20.2 BACON 
 
 Produto defumado obtido a partir da barriga suína sem osso e com pele, a 
partir da aplicação de aditivos e condimento inerentes ao processo (pimenta, noz 
moscada, etc.). Trata-se, sem dúvida, do produto defumado mais característico 
encontrado no mercado. 
 
Fluxograma do processo de bacon 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Preparo da 
Matéria-prima 
Injeção de salmoura **Preparo da 
 
Defumação e 
Embalagem 
Armazenamento 
*Pesagem da salmoura 
Resfriamento 
Cozimento 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
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20.2.1 Preparo da matéria-prima 
 
Desossa das barrigas destinadas ao processo e padronização dos tamanhos de 
peças. 
 
 
20.2.2 Injeção de salmoura 
 
Com auxílio de uma injetora, equipamento com sistema de agulhas, 
controle de pressão e vazão, é feita aplicação da salmoura no interior da barriga. 
Esta carne é levada para massageamento com a finalidade de auxiliar a 
absorção dos condimentos adicionados, melhorar a textura e o sabor. 
 
 
20.2.3 Cozimento e defumação 
 
A defumação é a etapa que caracteriza o produto, sendo responsável pelo 
desenvolvimento de coloração, aroma e odor característico de produtos 
defumados, além da função conservante exercida por compostos naturais da 
fumaça e do processo de desidratação superficial, que confere uma “capa” de 
proteção ao produto. O processo de defumação pode ser realizado de duas 
formas: 
� Queima de madeira: forma tradicional em que a geração de fumaça é a 
partir da madeira ou serragem, selecionada para este fim. 
� Fumaça líquida: aplicação de solução de fumaça na superfície do produto 
com auxílio de chuveiro ou por imersão. 
 
Comparando-se os dois métodos, as características gerais do produto final 
mostram-se muito semelhantes. A defumação ocorre juntamente com o processo 
de cozimento, que é realizado em estufa estática com controle de temperatura e 
umidade relativa. Este processo obedece a uma seqüência pré-estabelecida 
destes controles para facilitar a fixação da fumaça à superfície do produto e 
garantir que a temperatura no ponto mais frio do produto seja de 72ºC.Tal 
procedimento faz-se necessário para garantir o desenvolvimento e estabilização 
das características do produto, além de garantir a eliminação ou redução em 
níveis aceitáveis de microorganismos patogênicos. 
 
 
20.2.4 Resfriamento 
 
Realizado logo após o cozimento com aplicação de água sobre o produto, 
utilizando-se o chuveiro, com o objetivo de efetivar o processo de cozimento e 
reduzir perdas excessivas pelo resfriamento lento. 
 
 
20.2.5 Embalagem 
 
Utiliza-se como embalagem primária um filme plástico a vácuo, podendo ser 
termo-encolhível ou não e, como embalagem secundária, caixas de papelão. 
 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
96 
20.2.6 Armazenamento 
 
Deve ser armazenado sob temperatura de refrigeração (4ºC a 6ºC). 
 
 
Notas: 
* A pesagem dos aditivos e condimentos para produção da salmoura deve ser 
feita com auxílio de uma balança semi-analítica a fim de evitar erros que irão 
interferir na qualidade do produto final. 
** Deve-se adicionar primeiro à água, para preparação da salmoura, o polifosfato 
e em seguida o antioxidante, em função maior dificuldade de dissolução destes 
em água. Os demais ingredientes podem ser adicionados sem uma ordem 
específica, em função da solubilidade. Aconselha-se utilizar um liquidificador ou 
sistema semelhante para facilitar a solubilização de todos ingredientes. 
 
 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
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2211.. PPRROODDUUTTOOSS MMAARRIINNAADDOOSS 
 
 
O processo de marinação pode ser definido como a penetração ou difusão 
de solução aquosa na estrutura do músculo. Neste sentido, a distribuição 
homogênea desta solução no músculo é de grande importância para que o 
resultado final seja adequado. A utilização de uma solução deve promover, além 
de uma condimentação adequada, maciez e suculência ao produto final e também 
acontecer um ganho de rendimento devido à absorção de salmoura pelo músculo. 
 
 
 
21.1 CORTES DE FRANGO MARINADO 
 Os produtos marinados mais encontrados no mercado são derivados de 
aves, cortes ou caraças inteiras, e pescado. Este produto vem atender a uma 
demanda crescente que exige praticidade, facilidade e rapidez no preparo para 
consumo. 
 
Fluxograma de processo de cortes de aves marinados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21.1.1 Preparo de matéria-prima 
 
Selecionam-se os corte de aves a serem utilizados (coxa/sobre coxa, peito, filé de 
peito etc.); removem-se eventuais resíduos de penas e/ou fraturas. 
 
 
Preparo da 
Matéria-prima 
Marinação **Preparo da 
 
Congelamento 
Armazenamento 
*Pesagem da salmoura 
Embalagem 
Tecnologia de Carne 
____________________________________________________________ 
 
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Curso Técnico de Alimentos 
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21.1.2 Marinação 
 
Etapa que caracteriza o produto, em que deve ocorrer a distribuição homogênea 
de aditivos e condimentos no interior do músculo,com a finalidade de desenvolver 
as características sensórias desejadas e melhorar o rendimento do produto com o 
aumento do peso. Pode ser realizado de três formas: 
• Imersão - o corte é imerso em solução de salmoura por um período 
que pode variar de 12 a 24 horas. 
• Injeção - com auxílio de uma injetora, fazer a distribuição da 
salmoura no interior da peça. 
• Injeção/imersão - algumas injetoras, por limitação do equipamento, 
não fazem a distribuição homogênea da salmoura no interior das 
peças. É necessário um período de imersão de 4 a 6 horas para 
otimizar o processo. 
 
 
21.1.3 Congelamento 
 
Feito em túnel com ventilação força e temperatura em torno de –30ºC ou em 
equipamento de congelamento criogênico. É importante que a temperatura interna 
do produto ao fim do processo de congelamento seja de –18ºC. 
 
 
21.1.4 Embalagem 
 
Utiliza-se como embalagem primária filme plástico com aplicação de vácuo 
opcional. 
 
 
21.1.5 Armazenamento 
 
Em câmara frigorífica sob temperatura de –25ºC. 
 
 
 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
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2222.. PPRROODDUUTTOOSS FFEERRMMEENNTTAADDOOSS 
 
Atualmente, podem ser encontrados no mercado diversos alimentos 
fermentados, sendo a maior parte bebidas como vinho, cerveja e cachaça, além 
de diversos tipos de queijos e iogurtes. O produto fermentado derivado de carne 
mais conhecido certamente é o salame, embora alguns outros produtos como o 
presunto Parma e outros presuntos similares também se façam presentes, porém 
com menor destaque. 
O processo de fermentação industrial para produção de alimentos depende 
da atuação de uma cultura de microorganismos selecionados e adicionados à 
massa do produto que, em condições adequadas de temperatura e umidade, irão 
se multiplicar e desenvolver as características desejadas ao produto, além de 
contribuir para sua conservação. 
 
22.1 SALAME 
 
Pode-se definir salame como o produto cárneo industrializado obtido de 
carnes suínas ou suínas e bovinas, adicionado de toucinho, ingredientes; 
embutido em envoltórios naturais e/ou artificiais; curado; fermentado; maturado; 
defumado, ou não, e dessecado. 
 
Fluxograma do processo de salame 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Preparo da 
Matéria-prima 
Moagem 
Misturar 
Embutimento 
Embalagem 
**Adição de 
e condimentos 
*Preparo de aditivos 
e condimentos 
Maturação 
Defumação 
Armazenamento 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
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22.1.1 Preparo da matéria-prima 
Remoção de todos os tendões, fragmentos de osso e excesso de gordura 
(toalete) e pesagem da formação. 
 
22.1.2 Moagem 
 
Redução das peças de carne a tamanhos padronizados de carne e gordura, de 
acordo com produto que será elaborado. 
 
22.1.3 Mistura 
 
Com auxílio de um misturador automático, acrescenta-se à massa (carne e 
gordura) os condimentos e aditivos referentes ao processo de forma a facilitar a 
distribuição homogênea na massa. 
 
 
22.1.4 Embutimento 
 
Feito em tripas naturais bovinas ou suínas ou em tripas artificiais permeáveis de 
celulose com calibre variando entre 28mm a 42mm de diâmetro. 
 
 
22.1.5 Maturação 
 
Esta é a etapa onde ocorre a fermentação microbiana, que será 
responsável pelas alterações que caracterizam produto: perda de líquido, redução 
do pH e desenvolvimento de coloração, textura, sabor, odor. 
O processo ocorre com a aplicação de cultura microbiana previamente 
selecionada à massa para que, a partir da multiplicação desta cultura, ocorra a 
redução de pH e a redução da atividade de água pela perda de líquido e, 
paralelamente, o desenvolvimento de coloração por ação dos sais de cura com a 
mioglobina, textura, sabor e odor característicos ao produto por ação dos aditivos 
e condimentos adicionados à massa. 
Como as características do salame dependem da multiplicação da cultura 
microbiana aplicada, é importante exercer o controle. Três parâmetros são muito 
importantes para o processo: 
• tempo, 
• temperatura, 
• umidade relativa. 
Estes três parâmetros interferem diretamente na multiplicação da cultura 
microbiana aplicada. Assim, devem ser ajustados e acompanhados para que esta 
interferência seja sempre favorável ao processo. 
Em alguns casos, o processo de maturação pode ser acelerado com a 
adição de um aditivo em especial conhecido como GDL (Gluna-Delta-
Lactona).Trata-se de um aditivo classificado como acidulante, que acelera a 
redução do pH e reduz o tempo de processo. Este aditivo tem sido usado 
combinado à cultura microbiana ou isoladamente o processo. 
 
 
Tecnologia de Carne 
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22.1.6 Defumação 
 
Etapa opcional, ou seja, o produto pode ou não ser defumado. Os maiores 
controles nesta etapa referem-se à qualidade da madeira a ser utilizada para 
geração da fumaça e à temperatura do processo. Como o salame é um produto 
cru, não deve ser submetido a altas temperaturas. 
 
 
22.1.7 Embalagem 
 
Utiliza-se como embalagem primária o filme plástico a vácuo e, como embalagem 
secundária, caixa de papelão. 
 
 
22.1.8 Armazenamento 
 
Deve ser feito sob temperatura de refrigeração 4ºC a 6ºC ou em local fresco, seco 
e arejado, se assim for a orientação na embalagem. 
 
Notas : 
* A pesagem dos aditivos e condimentos e da cultura microbiana do processo 
deve ser feita com auxílio de uma balança semi-analítica a fim de evitar erros que 
irão interferir na qualidade do produto final. 
******** Deve-se adicionar à massa primeiro a fração de sal e sal de cura a fim de 
proporcionar a melhor solubilização de proteínas e em seguida os demais 
ingredientes. 
 
 
Tecnologia de Carne 
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Curso Técnico de Alimentos 
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